O ENSINO DE CIÊNCIAS BASEADO EM PROJETOS NA REGIÃO NORTE: UMA REVISÃO DE LITERATURA

PROJECT-BASED SCIENCE EDUCATION IN THE NORTHERN REGION: A LITERATURE REVIEW

LA ENSEÑANZA DE CIENCIAS BASADA EN PROYECTOS EN LA REGIÓN NORTE: UNA REVISIÓN DE LITERATURA

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cl10202503311558


Átila de Souza1
Francisca Martins dos Santos2
Isis da Silva Sousa3
Sandra Barbosa de Sousa4
Sandra de Oliveira Botelho5
Sandra Mara de Almeida Lorenzoni6


Resumo

O Ensino Baseado em Projetos (EBP) tem se mostrado uma metodologia eficaz para o ensino de Ciências, especialmente na Região Norte do Brasil, onde as especificidades ambientais, culturais e socioeconômicas apresentam desafios únicos para a educação. O objetivo deste estudo foi analisar a aplicação do EBP no contexto educacional da região, identificando os benefícios, desafios e as metodologias adotadas. A pesquisa adotou a metodologia de revisão de literatura, com a seleção de artigos e estudos que abordam o uso do EBP no ensino de Ciências, focando nas características da Região Norte. A análise revelou que o EBP contribui para o desenvolvimento de habilidades científicas, críticas e sociais nos alunos, promovendo uma aprendizagem ativa e contextualizada. Entre os resultados observados, destaca-se o aumento do engajamento dos estudantes e a integração de temas como sustentabilidade e biodiversidade nos projetos. No entanto, os desafios estruturais, como a infraestrutura escolar deficiente e a falta de capacitação docente, comprometem a implementação eficaz do EBP. A pesquisa também destacou a necessidade de adaptação da metodologia às especificidades culturais e territoriais da região, como a valorização dos saberes tradicionais locais. Conclui-se que o EBP tem um grande potencial para transformar o ensino de Ciências na Região Norte, mas que é fundamental superar os desafios estruturais e promover a capacitação contínua de professores. Recomenda-se a realização de estudos longitudinais para avaliar o impacto do EBP no longo prazo e mais pesquisas sobre a integração de saberes locais nos projetos pedagógicos.

Palavras-chave: Ensino Baseado em Projetos, Ciências, Região Norte, Sustentabilidade, Educação Ambiental.

Abstract

Project-Based Learning (PBL) has proven to be an effective methodology for teaching Science, particularly in the Northern Region of Brazil, where environmental, cultural, and socio-economic specificities present unique challenges to education. The aim of this study was to analyze the application of PBL in the educational context of the region, identifying the benefits, challenges, and methodologies adopted. The research employed a literature review methodology, selecting articles and studies that address the use of PBL in Science education, focusing on the characteristics of the Northern Region. The analysis revealed that PBL contributes to the development of scientific, critical, and social skills in students, promoting active and contextualized learning. Among the observed results, an increase in student engagement and the integration of themes such as sustainability and biodiversity in the projects were highlighted. However, structural challenges, such as inadequate school infrastructure and a lack of teacher training, hinder the effective implementation of PBL. The research also emphasized the need to adapt the methodology to the cultural and territorial specificities of the region, such as the valorization of local traditional knowledge. It is concluded that PBL has great potential to transform Science education in the Northern Region, but overcoming structural challenges and promoting ongoing teacher training are essential. Longitudinal studies are recommended to assess the long-term impact of PBL and further research on the integration of local knowledge into pedagogical projects.

Keywords: Project-Based Learning, Science, Northern Region, Sustainability, Environmental Education.

Resumen

La Enseñanza Basada en Proyectos (EBP) ha demostrado ser una metodología eficaz para la enseñanza de Ciencias, especialmente en la Región Norte de Brasil, donde las especificidades ambientales, culturales y socioeconómicas presentan desafíos únicos para la educación. El objetivo de este estudio fue analizar la aplicación de la EBP en el contexto educativo de la región, identificando los beneficios, desafíos y metodologías adoptadas. La investigación adoptó la metodología de revisión de literatura, seleccionando artículos y estudios que abordan el uso de la EBP en la enseñanza de Ciencias, con enfoque en las características de la Región Norte. El análisis reveló que la EBP contribuye al desarrollo de habilidades científicas, críticas y sociales en los estudiantes, promoviendo un aprendizaje activo y contextualizado. Entre los resultados observados, se destaca el aumento del compromiso de los estudiantes y la integración de temas como la sostenibilidad y la biodiversidad en los proyectos. Sin embargo, los desafíos estructurales, como la deficiente infraestructura escolar y la falta de formación docente, afectan la implementación efectiva de la EBP. La investigación también subrayó la necesidad de adaptar la metodología a las especificidades culturales y territoriales de la región, como la valorización de los saberes tradicionales locales. Se concluye que la EBP tiene un gran potencial para transformar la enseñanza de Ciencias en la Región Norte, pero es fundamental superar los desafíos estructurales y promover la capacitación continua de los docentes. Se recomienda realizar estudios longitudinales para evaluar el impacto de la EBP a largo plazo y más investigaciones sobre la integración de los saberes locales en los proyectos pedagógicos.

Palabras-clave: Enseñanza Basada en Proyectos, Ciencias, Región Norte, Sostenibilidad, Educación Ambiental.

Introdução

O ensino de Ciências no Brasil enfrenta desafios históricos relacionados à formação docente, à infraestrutura escolar e à fragmentação curricular. Esses obstáculos são ainda mais evidentes na Região Norte, marcada por sua vasta diversidade sociocultural e pelos desafios logísticos decorrentes da extensão territorial e do acesso limitado a recursos educacionais. Nesse contexto, torna-se essencial buscar abordagens pedagógicas que transcendam a mera transmissão de conteúdos e promovam uma aprendizagem significativa e crítica.

O Ensino Baseado em Projetos (EBP) desponta como uma metodologia inovadora capaz de integrar teoria e prática, estimulando a autonomia dos estudantes e favorecendo a construção ativa do conhecimento científico. Ao explorar problemas reais e contextualizados, o EBP contribui para o desenvolvimento de habilidades científicas, pensamento crítico e resolução de problemas complexos. Na Região Norte, essa abordagem se mostra especialmente promissora, pois permite conectar os conteúdos científicos à realidade dos estudantes, valorizando saberes tradicionais e conhecimentos locais, além de abordar questões ecológicas, sociais e culturais próprias da Amazônia.

A escolha pelo enfoque no EBP se justifica, portanto, pela capacidade dessa metodologia de engajar os alunos em um processo investigativo que respeite e integre suas vivências cotidianas, promovendo uma aprendizagem mais significativa e próxima de sua realidade sociocultural. Ademais, compreender como o EBP tem sido implementado na Região Norte permite identificar práticas bem-sucedidas, dificuldades enfrentadas e potencialidades, contribuindo para o aprimoramento das práticas pedagógicas na área de Ciências.

Com base nisso, a presente revisão de literatura busca analisar como o EBP tem sido aplicado no ensino de Ciências na Região Norte, explorando seus impactos, desafios e possibilidades no fortalecimento do pensamento crítico e do engajamento científico dos estudantes.

Metodologia

Este estudo caracteriza-se como uma revisão de literatura com o objetivo de analisar a aplicação do Ensino Baseado em Projetos (EBP) no ensino de Ciências na Região Norte do Brasil. A revisão busca sintetizar pesquisas anteriores, identificar lacunas no conhecimento e destacar práticas pedagógicas exitosas, considerando os desafios e as especificidades socioculturais da região.

Para garantir a qualidade e a relevância das fontes, foram selecionados estudos publicados nos últimos dez anos (2015-2022), considerando artigos científicos, dissertações, teses e capítulos de livros acadêmicos. A busca foi realizada em bases de dados de referência, como Scielo, Google Acadêmico, CAPES e ERIC, utilizando palavras-chave como “Ensino de Ciências”, “Ensino Baseado em Projetos”, “Metodologias Ativas”, “Região Norte do Brasil” e “Educação Científica”. Foram aceitos textos em português, inglês e espanhol, excluindo-se materiais sem revisão por pares ou de caráter meramente opinativo.

O processo de análise dos materiais seguiu três etapas principais. Inicialmente, foi realizada uma leitura exploratória dos títulos e resumos para identificar os estudos mais pertinentes ao tema proposto. Em seguida, procedeu-se à leitura analítica dos textos selecionados, com atenção aos objetivos, metodologias, resultados e conclusões apresentados. Por fim, adotou-se um processo de codificação temática para identificar temas recorrentes, como impactos do EBP no desenvolvimento de habilidades científicas, desafios de implementação na Região Norte e práticas pedagógicas inovadoras. A síntese crítica das informações considerou convergências, divergências e lacunas no conhecimento, permitindo uma compreensão ampla sobre a aplicação do EBP na região.

Essa abordagem metodológica possibilitou uma análise aprofundada do uso do Ensino Baseado em Projetos no ensino de Ciências na Região Norte, destacando tanto os desafios enfrentados quanto as potencialidades dessa metodologia para promover o desenvolvimento de habilidades científicas, pensamento crítico e maior conexão entre a ciência escolar e a realidade sociocultural dos estudantes.

Contextualização do Ensino de Ciências na Região Norte: Características Socioeconômicas e Educacionais

O ensino de Ciências na Região Norte do Brasil ocorre em um contexto marcado pela complexidade socioeconômica e pela rica diversidade cultural. Segundo Silva e Souza (2021), a região abriga uma vasta diversidade de povos indígenas, ribeirinhos, quilombolas e comunidades urbanas, cujos saberes tradicionais oferecem um repertório valioso que pode enriquecer o ensino formal de Ciências. No entanto, Pereira e Costa (2019) alertam que a articulação entre o conhecimento científico escolar e os saberes locais ainda é insuficiente, muitas vezes limitada a práticas pontuais sem continuidade ou aprofundamento crítico.

Do ponto de vista socioeconômico, a Região Norte enfrenta desafios significativos. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2022) apontam altos índices de pobreza e desigualdade social, que impactam negativamente a qualidade da educação. Santos et al. (2020) destacam que a infraestrutura escolar em áreas ribeirinhas e comunidades isoladas é precária, caracterizada pela falta de laboratórios de Ciências, equipamentos tecnológicos e materiais didáticos atualizados. A dificuldade de acesso à internet é um obstáculo recorrente, limitando a aplicação de metodologias ativas, como o Ensino Baseado em Projetos (EBP), que requerem maior interação digital e recursos tecnológicos.

Outro aspecto relevante é a formação docente. De acordo com Oliveira e Martins (2022), muitos professores que atuam no ensino de Ciências não possuem formação específica na área, o que leva a práticas pedagógicas centradas na memorização de conteúdos e na reprodução de informações descontextualizadas. Essa abordagem tradicional prejudica o desenvolvimento do pensamento crítico e investigativo dos estudantes, dificultando a construção de uma alfabetização científica sólida. Nesse sentido, a falta de oportunidades para formação continuada agrava o problema, perpetuando um ensino de Ciências distanciado das vivências e realidades dos alunos.

Apesar dos desafios, a Região Norte apresenta potencialidades significativas para o ensino de Ciências contextualizado. A rica biodiversidade amazônica e a relação cotidiana das comunidades tradicionais com o meio ambiente oferecem possibilidades únicas para explorar conceitos científicos de maneira prática e contextualizada (PEREIRA; COSTA, 2019). Abordar questões como desmatamento, conservação ambiental e mudanças climáticas a partir da realidade local pode tornar o ensino de Ciências mais significativo e relevante para os estudantes. Para Oliveira e Martins (2022), integrar saberes tradicionais e conhecimentos científicos não apenas valoriza a cultura local, mas também promove um aprendizado crítico e emancipador.

Dessa forma, compreender as características socioeconômicas e educacionais da Região Norte é fundamental para o desenvolvimento de estratégias pedagógicas que respeitem a realidade sociocultural dos estudantes, valorizem os saberes tradicionais e promovam uma educação científica crítica, contextualizada e transformadora.

Desafios Estruturais no Ensino de Ciências na Região Norte

A Região Norte do Brasil enfrenta uma série de desafios estruturais que dificultam o desenvolvimento de práticas pedagógicas efetivas no ensino de Ciências. A infraestrutura escolar precária é um dos principais obstáculos para a implementação de metodologias mais dinâmicas e inovadoras. Segundo Santos et al. (2020), muitas escolas situadas em áreas remotas e ribeirinhas carecem de recursos básicos, como laboratórios de Ciências, bibliotecas adequadas e até mesmo materiais didáticos atualizados. Essas limitações comprometem a realização de atividades experimentais, essenciais para o aprendizado prático e investigativo da Ciência.

Em consonância com esse diagnóstico, Silva e Almeida (2021) destacam que a falta de acesso a tecnologias digitais é outro fator crucial que restringe o desenvolvimento de metodologias ativas, como o Ensino Baseado em Projetos (EBP). A escassez de internet e a limitada oferta de equipamentos como computadores e tablets nas escolas dificultam a aplicação de abordagens mais interativas e que exigem recursos tecnológicos. Esses autores afirmam que, embora a tecnologia tenha o potencial de enriquecer o ensino de Ciências e aproximar os alunos da realidade científica contemporânea, a falta de infraestrutura impede sua plena utilização na Região Norte.

Além disso, a logística de transporte e a distância geográfica entre as escolas e os centros urbanos representam desafios adicionais. Pereira e Costa (2019) enfatizam que a região possui uma grande extensão territorial, com muitas comunidades de difícil acesso, o que impede a circulação de materiais e dificulta a realização de formações continuadas para professores. Essa realidade contribui para a manutenção de práticas pedagógicas tradicionais, distantes da inovação e do desenvolvimento de habilidades científicas mais profundas nos alunos.

A formação docente, que também está atrelada à infraestrutura escolar, é outro desafio identificado por Oliveira e Martins (2022). Para esses autores, muitos professores da Região Norte não têm acesso a programas de capacitação contínua e, quando têm, esses programas muitas vezes são superficiais e não atendem às especificidades da região. A falta de especialização em Ciências é um reflexo dessa carência, que limita a capacidade dos professores de implementar metodologias mais eficazes e de atuar de maneira crítica e reflexiva em relação aos saberes científicos.

Portanto, os desafios estruturais no ensino de Ciências na Região Norte são múltiplos e interligados. A infraestrutura escolar deficiente, a falta de acesso a recursos tecnológicos e a logística dificultosa para transporte de materiais e formação docente criam um ambiente educacional que limita as oportunidades de aprendizagem de Ciências. Para superar esses obstáculos, é essencial que políticas públicas invistam em melhorias na infraestrutura escolar, no acesso a tecnologias e na formação contínua de professores, visando a uma educação científica mais inclusiva e de qualidade.

Potencialidades Locais no Ensino de Ciências na Região Norte

A Região Norte do Brasil, com sua vasta biodiversidade e rica diversidade cultural, oferece um cenário único para o ensino de Ciências, tornando-o mais contextualizado e relevante. A interação das comunidades locais com o ambiente natural e os saberes tradicionais proporcionam uma base sólida para a construção de uma educação científica significativa.

Biodiversidade Amazônica como Recurso Educacional

A Floresta Amazônica, com sua rica biodiversidade, é um dos maiores patrimônios naturais do planeta, e oferece diversas oportunidades para o ensino de Ciências. Pereira e Costa (2019) destacam que a biodiversidade local pode ser utilizada como um recurso didático que aproxima os alunos dos fenômenos ecológicos, como os ciclos naturais, que são frequentemente estudados no currículo de Ciências. Além disso, Santos et al. (2020) ressalta que a compreensão da relação das comunidades locais com o ambiente pode transformar o aprendizado em uma experiência prática, conectando os alunos aos seus próprios contextos.

Oliveira e Martins (2022) defendem que trabalhar a biodiversidade amazônica em sala de aula possibilita aos estudantes observar diretamente os fenômenos naturais, como a polinização e a cadeia alimentar, proporcionando um aprendizado mais imersivo e significativo. Silva e Almeida (2021) complementam ao afirmar que os alunos da região, ao vivenciarem esses conceitos em seu próprio ambiente, desenvolvem uma compreensão mais profunda dos processos ecológicos e da importância da conservação ambiental, um tópico crucial para a sustentabilidade da Amazônia.

Cultura Regional e Saberes Tradicionais

A cultura regional da Região Norte, caracterizada pela presença de povos indígenas, quilombolas e ribeirinhos, é outro aspecto que enriquece o ensino de Ciências. Segundo Silva e Souza (2020), a valorização dos saberes tradicionais no currículo de Ciências promove uma educação mais inclusiva e sensível às realidades dos alunos. Esses conhecimentos, que envolvem práticas sustentáveis e uma relação harmônica com a natureza, podem ser utilizados para ensinar conceitos científicos de maneira prática e contextualizada.

Pereira e Costa (2019) defendem que os saberes indígenas sobre plantas medicinais ou a gestão de recursos naturais podem ser integrados ao currículo, permitindo que os alunos compreendam a Ciência de maneira mais holística. Santos et al. (2020) corroboram essa visão, afirmando que a integração dos saberes indígenas no ensino de Ciências possibilita um aprendizado mais reflexivo, no qual os alunos não apenas compreendem conceitos científicos, mas também reconhecem a importância de práticas culturais sustentáveis.

De acordo com Oliveira e Martins (2022), essa integração ajuda a fortalecer a identidade local dos alunos, ao mesmo tempo em que promove um respeito mútuo entre diferentes formas de conhecimento. Silva e Almeida (2021) complementam ao afirmar que essa abordagem também contribui para a construção de uma consciência crítica entre os alunos, tornando-os mais conscientes das questões ambientais e culturais que afetam a sua região.

Potencial para Inovações Educacionais

As potencialidades da biodiversidade e dos saberes culturais na Região Norte são recursos poderosos para a criação de inovações educacionais. Pereira e Costa (2019) destacam que, ao utilizar a região como um “laboratório vivo”, os professores podem desenvolver projetos que envolvem os alunos de maneira prática, estimulando o pensamento científico através da observação direta e da pesquisa. Santos et al. (2020) reforçam essa ideia, sugerindo que a exploração dos ecossistemas amazônicos e dos saberes tradicionais pode ser um ponto de partida para o desenvolvimento de soluções criativas e sustentáveis, alinhando o ensino de Ciências às necessidades da região.

Oliveira e Martins (2022) apontam que a integração da biodiversidade local e dos saberes tradicionais aos currículos escolares pode tornar as aulas mais envolventes, motivando os alunos a se aprofundarem em temas como a preservação ambiental e a sustentabilidade. Silva e Almeida (2021) concluem que, ao aplicar metodologias de ensino que conectam a teoria científica com as práticas cotidianas dos alunos, é possível não apenas melhorar a aprendizagem de Ciências, mas também fomentar a formação de cidadãos críticos e comprometidos com a preservação da natureza e da cultura regional.

Ensino Baseado em Projetos: Fundamentos Teóricos

O Ensino Baseado em Projetos (EBP) é uma metodologia pedagógica que coloca os alunos como protagonistas do seu processo de aprendizagem, estimulando a investigação, a exploração e a resolução de problemas reais e complexos por meio de projetos. Segundo Cunha e Lima (2016), o EBP permite que os alunos se envolvam ativamente no processo educativo, tornando-se responsáveis por sua aprendizagem ao desenvolverem soluções para desafios concretos. A proposta é que o conhecimento seja construído de forma colaborativa, por meio da interação entre os alunos e do trabalho em equipe, promovendo a interdisciplinaridade e o aprendizado significativo.

De acordo com Lima (2019), o EBP propõe uma mudança na perspectiva tradicional de ensino, na qual o aluno é passivo. O modelo tradicional de sala de aula é substituído por uma abordagem ativa, onde o professor orienta, mas o aluno é o principal agente da aprendizagem. Essa metodologia busca criar uma experiência de aprendizagem mais envolvente e aplicada ao contexto do aluno.

Princípios do Ensino Baseado em Projetos

O EBP é fundamentado por uma série de princípios que buscam transformar a prática pedagógica, com foco no desenvolvimento integral dos alunos. Esses princípios garantem que a metodologia seja eficaz na promoção de uma aprendizagem profunda e contextualizada.

Aprendizagem Ativa e Participativa

O primeiro princípio do EBP é a aprendizagem ativa, onde os alunos estão diretamente envolvidos na resolução de problemas e na realização de tarefas desafiadoras. Segundo Barreto (2015), a aprendizagem ativa ocorre quando os alunos não apenas recebem conhecimento, mas também participam ativamente de seu processo de construção. Ao se envolverem com questões reais, os alunos são incentivados a refletir criticamente e a buscar soluções para problemas do cotidiano.

Resolução de Problemas Reais e Contextualizados

O EBP propõe que os alunos resolvam problemas reais, que tenham relevância para sua vida e para sua comunidade. De acordo com Martins (2018), isso torna o aprendizado mais significativo, pois os estudantes conseguem perceber a aplicabilidade dos conceitos científicos e teóricos no mundo real. Essa abordagem contextualizada torna a aprendizagem mais engajante e os alunos se sentem mais motivados a explorar e aplicar o conhecimento adquirido.

Interdisciplinaridade

Outro princípio fundamental do EBP é a interdisciplinaridade. Para Costa e Almeida (2017), o ensino baseado em projetos é uma excelente oportunidade para integrar diferentes áreas do conhecimento, permitindo que os alunos façam conexões entre conteúdos de diversas disciplinas, como Ciências, Matemática, Língua Portuguesa e História. Essa abordagem integra os saberes e proporciona uma visão mais ampla e contextualizada do mundo.

Colaboração e Trabalho em Grupo

A colaboração é um princípio essencial do EBP. A aprendizagem cooperativa favorece o desenvolvimento de habilidades sociais e cognitivas dos alunos, como a capacidade de trabalhar em equipe, negociar ideias e respeitar as opiniões dos colegas. Segundo Silva e Oliveira (2020), o trabalho em grupo é uma estratégia importante para o desenvolvimento de competências sociais e emocionais, como a comunicação, o respeito à diversidade e o trabalho coletivo.

Avaliação Contínua e Reflexiva

A avaliação no EBP é contínua e voltada para o processo de aprendizagem, e não apenas para o produto final. De acordo com Almeida (2016), a avaliação deve ser reflexiva, permitindo que os alunos identifiquem seus avanços e desafios ao longo do desenvolvimento do projeto. Além disso, essa avaliação é utilizada como uma ferramenta para ajustar e melhorar os processos de ensino e aprendizagem, promovendo uma aprendizagem mais autêntica e orientada para o desenvolvimento de habilidades e competências.

Desenvolvimento de Habilidades e Competências

Por fim, o EBP busca o desenvolvimento de habilidades e competências essenciais para o século XXI, como o pensamento crítico, a criatividade, a resolução de problemas e a comunicação eficaz. Segundo Oliveira e Pereira (2019), o EBP favorece o desenvolvimento de habilidades que são fundamentais não apenas para o sucesso acadêmico, mas também para a vida pessoal e profissional dos alunos. Essas habilidades são trabalhadas de forma prática e aplicada, preparando os alunos para os desafios do mundo contemporâneo.

Relação com Teorias de Aprendizagem:

O Ensino Baseado em Projetos (EBP) está profundamente relacionado a diversas teorias de aprendizagem, que fundamentam suas práticas pedagógicas e seus princípios. Entre as principais teorias que sustentam o EBP, destacam-se o Construtivismo e a Aprendizagem Significativa, que oferecem um suporte teórico robusto para a abordagem de aprendizagem ativa e contextualizada promovida pelos projetos.

Construtivismo

O Construtivismo, especialmente na concepção de Piaget (1976) e Vygotsky (1984), é uma das teorias que mais influenciam o Ensino Baseado em Projetos. Para Piaget, a aprendizagem é um processo ativo e dinâmico, no qual o aluno constrói seu conhecimento a partir da interação com o ambiente e com outros indivíduos. No contexto do EBP, essa interação é facilitada pelo envolvimento dos alunos em atividades práticas e na resolução de problemas reais, que permitem a construção de novos saberes por meio da experiência direta. Segundo Piaget (1976), os alunos, ao resolverem problemas e explorarem contextos reais, passam por estágios de adaptação cognitiva, desenvolvendo, assim, uma compreensão mais profunda dos conceitos envolvidos.

Vygotsky (1984) amplia essa perspectiva ao enfatizar a importância da interação social no processo de aprendizagem. No EBP, a colaboração entre os alunos em projetos coletivos promove a troca de ideias e o desenvolvimento de novas compreensões, em um contexto de aprendizagem mediada pelo diálogo e pelo apoio mútuo. O trabalho em grupo e a construção conjunta de soluções são, portanto, práticas que estão em consonância com as ideias de Vygotsky sobre a aprendizagem como um processo social e colaborativo. Além disso, Vygotsky também discute a Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP), que se refere ao espaço entre o que o aluno consegue fazer sozinho e o que consegue fazer com o auxílio de um mediador. No EBP, o professor atua como mediador, oferecendo suporte no momento em que os alunos enfrentam desafios mais complexos, ajudando-os a avançar em seu desenvolvimento cognitivo.

Aprendizagem Significativa

Outra teoria essencial para o EBP é a Aprendizagem Significativa, proposta por Ausubel (2003). Esta teoria destaca que o aprendizado ocorre de maneira eficaz quando os novos conteúdos são conectados de forma significativa ao conhecimento prévio dos alunos. Ao promover a resolução de problemas reais e a exploração de temas relevantes e contextuais, o EBP facilita a construção de novas aprendizagens baseadas nas experiências e nos saberes anteriores dos alunos, tornando o aprendizado mais significativo e duradouro.

Segundo Ausubel (2003), a aprendizagem significativa ocorre quando o aluno é capaz de relacionar novos conhecimentos com aqueles já existentes em sua estrutura cognitiva. No contexto do EBP, os projetos são frequentemente concebidos de forma que desafiem os alunos a integrar novos conceitos com aqueles que já conhecem, criando uma rede de significados que favorece a retenção e a compreensão profunda. Essa conexão com o mundo real e a experiência prática de um projeto tornam o aprendizado mais relevante e ligado à realidade dos alunos, o que, por sua vez, promove uma maior motivação e engajamento.

Teoria da Aprendizagem Experiencial

Outra teoria que dialoga diretamente com o EBP é a Teoria da Aprendizagem Experiencial de Kolb (1984), que propõe que o aprendizado é um processo contínuo, no qual o aluno constrói seu conhecimento a partir da experiência direta e da reflexão sobre ela. No modelo de Kolb, a aprendizagem é cíclica e envolve quatro etapas: a experiência concreta, a reflexão sobre a experiência, a formação de conceitos abstratos e a experimentação ativa. O EBP incorpora essa teoria ao permitir que os alunos vivenciem a experiência do projeto, reflitam sobre o que aprenderam, conectem os novos conhecimentos a conceitos anteriores e, por fim, apliquem as novas descobertas em novas situações ou projetos.

Ao integrar essa teoria, o EBP oferece aos alunos a oportunidade de aprender de forma ativa, realizando tarefas que envolvem a experimentação, a análise e a reflexão, permitindo que eles desenvolvam habilidades críticas e criativas. A prática de projetar e executar um projeto permite que os alunos vivenciem o processo de aprendizagem de forma completa, da coleta de dados à solução de problemas, experimentando de maneira prática os conceitos discutidos.

Teoria Sociocultural de Aprendizagem

Além das teorias mencionadas, o EBP também se relaciona com a Teoria Sociocultural de Aprendizagem de Vygotsky (1984), que enfatiza a importância da interação social e cultural na construção do conhecimento. No EBP, o aprendizado é entendido como um processo social e colaborativo, em que os alunos trabalham em conjunto para investigar e solucionar problemas, aprendendo não apenas com o professor, mas também com seus colegas. A interação constante entre os alunos e a troca de ideias favorece a construção coletiva do conhecimento, característica central do EBP.

Benefícios do Ensino Baseado em Projetos (EBP) para o Ensino de Ciências

O Ensino Baseado em Projetos (EBP) oferece uma série de benefícios para o ensino de Ciências, impactando positivamente tanto o desenvolvimento cognitivo quanto a formação de competências críticas nos alunos. Ao colocar os estudantes como protagonistas do seu aprendizado, o EBP favorece a construção de conhecimentos de maneira mais significativa e engajante, conectando teoria e prática. A seguir, destacam-se alguns dos principais benefícios do EBP para o ensino de Ciências:

Aprendizagem Ativa e Engajante

Um dos maiores benefícios do EBP é a promoção da aprendizagem ativa. Ao contrário do modelo tradicional de ensino, no qual o aluno é um receptor passivo de informações, o EBP exige que os alunos se envolvam diretamente com o conteúdo. No contexto do ensino de Ciências, isso se traduz em uma exploração prática de conceitos e teorias, onde os alunos realizam experimentos, investigam fenômenos naturais e resolvem problemas reais. Segundo Martins (2018), a aprendizagem ativa proporciona uma compreensão mais profunda e duradoura dos conteúdos, já que os alunos aplicam os conhecimentos de maneira concreta, em vez de apenas memorizá-los.

Além disso, como o EBP é baseado em temas e questões reais, ele desperta o interesse e a curiosidade dos alunos, tornando o aprendizado mais envolvente. Ao trabalhar com projetos relacionados ao cotidiano, como questões ambientais ou de saúde, os alunos conseguem perceber a relevância do que estão aprendendo, o que aumenta sua motivação e engajamento (Silva, 2019).

Desenvolvimento de Habilidades de Resolução de Problemas

O ensino de Ciências no modelo EBP se destaca pela ênfase na resolução de problemas complexos e multidisciplinares. De acordo com Cunha e Lima (2016), ao desenvolver um projeto, os alunos são desafiados a utilizar a metodologia científica para investigar questões, formular hipóteses, coletar dados e testar suas ideias. Esse processo não só fortalece o entendimento dos conceitos científicos, como também aprimora habilidades de pensamento crítico, análise e avaliação, essenciais para a formação de cidadãos capazes de enfrentar desafios complexos na vida cotidiana.

Além disso, a resolução de problemas no contexto do EBP prepara os alunos para o mundo profissional e acadêmico, onde a capacidade de resolver problemas práticos é altamente valorizada. A experiência de trabalhar em equipe para buscar soluções para questões reais promove o desenvolvimento de competências colaborativas e comunicativas, fundamentais no século XXI (Barreto, 2017).

Promoção da Interdisciplinaridade

O EBP no ensino de Ciências permite a integração de diferentes áreas do conhecimento, como Matemática, Geografia, História e Língua Portuguesa. Segundo Costa e Almeida (2017), a interdisciplinaridade no EBP ajuda os alunos a compreenderem como o conhecimento é conectado e como diferentes disciplinas podem ser aplicadas para resolver problemas complexos. Por exemplo, ao estudar o impacto ambiental de uma atividade humana, os alunos podem integrar conhecimentos de Biologia, Química, Geografia e até mesmo Sociologia, ampliando sua visão sobre o tema.

Essa abordagem contribui para uma compreensão mais holística dos fenômenos naturais e sociais, além de ajudar os alunos a perceberem a relevância das Ciências no mundo real, em situações que envolvem múltiplas áreas do saber.

Desenvolvimento de Competências Sociais e Emocionais

O trabalho colaborativo nos projetos favorece o desenvolvimento de competências sociais e emocionais, como empatia, liderança, colaboração e respeito à diversidade de opiniões. Ao trabalhar em equipe, os alunos aprendem a negociar ideias, compartilhar responsabilidades e solucionar conflitos. Segundo Silva e Oliveira (2020), essa prática no EBP não só contribui para o sucesso acadêmico, mas também prepara os alunos para o mercado de trabalho, onde as habilidades de trabalho em grupo e comunicação eficaz são essenciais.

Além disso, a autonomia e a responsabilidade pelo próprio aprendizado são incentivadas, permitindo que os alunos desenvolvam uma maior autoconfiança e capacidade de tomada de decisões (Almeida, 2016).

Conexão com o Mundo Real e Contextualização do Conhecimento

O EBP no ensino de Ciências tem como princípio fundamental a contextualização dos conhecimentos, ou seja, a aplicação de conceitos científicos em situações reais e próximas da realidade dos alunos. De acordo com Lima (2019), essa abordagem permite que os alunos vejam o conhecimento de forma mais prática e útil, o que fortalece a percepção de relevância do que estão aprendendo. No ensino de Ciências, isso é particularmente importante, pois permite que os alunos compreendam como os princípios científicos se aplicam a problemas sociais, ambientais e tecnológicos do cotidiano.

Ao investigar problemas reais, como a poluição, o uso de recursos naturais ou o impacto das mudanças climáticas, os alunos não só aprendem sobre os conceitos científicos, mas também se tornam mais conscientes de seu papel como cidadãos e responsáveis por seu meio ambiente (Martins, 2018).

Melhoria no Desempenho Acadêmico

Estudos indicam que o Ensino Baseado em Projetos pode contribuir para o aumento do desempenho acadêmico dos alunos. Barreto (2015) afirma que, ao trabalhar de forma mais prática e investigativa, os alunos tendem a se envolver mais profundamente com o conteúdo, o que leva a uma maior compreensão e retenção do conhecimento. O fato de os alunos aplicarem os conhecimentos em situações reais e de os projetos estimularem o pensamento crítico contribui para uma aprendizagem mais sólida e eficiente, refletindo positivamente nas avaliações e no desempenho acadêmico.

Análise dos Estudos Encontrados

A análise dos estudos encontrados sobre o Ensino Baseado em Projetos (EBP) no ensino de Ciências, especialmente na região Norte do Brasil, revela diversos temas, metodologias e resultados que enriquecem a compreensão sobre a eficácia dessa abordagem pedagógica. A seguir, apresentam-se as principais tendências observadas nos estudos, organizadas em tópicos relevantes: temas frequentes, metodologias de ensino aplicadas, resultados e impactos no aprendizado dos estudantes, e desafios enfrentados na implementação do EBP na região.

Temas Frequentes nos Estudos

Nos estudos sobre o Ensino Baseado em Projetos no contexto do ensino de Ciências, temas como sustentabilidade, biodiversidade e educação ambiental são frequentemente abordados. Isso ocorre devido à relevância desses temas na região Norte, que abriga uma vasta biodiversidade e enfrenta desafios ambientais significativos, como o desmatamento e a degradação ambiental.

Sustentabilidade é um tema que permeia muitos projetos de ensino de Ciências, considerando as questões ambientais globais e locais. Estudos de Lima (2020) e Santos (2019) indicam que os projetos que abordam a sustentabilidade no ensino de Ciências promovem a conscientização ambiental dos alunos e os engajam em práticas de preservação, como o manejo sustentável dos recursos naturais e o combate à poluição.

A biodiversidade também é um tema recorrente, especialmente considerando que a região Norte é lar da Amazônia, um dos maiores biomas do mundo. Estudos como os de Costa e Silva (2018) mostram que o EBP proporciona aos alunos uma abordagem mais imersiva para o estudo da biodiversidade, incentivando-os a explorar a flora e fauna locais e a entender os impactos das ações humanas sobre os ecossistemas.

A educação ambiental é outro tema amplamente presente nos projetos, com foco na formação de cidadãos conscientes e críticos em relação aos desafios ambientais enfrentados pela região. Os estudos de Almeida e Oliveira (2021) destacam que o EBP é uma ferramenta eficaz para promover a educação ambiental, pois envolve os alunos em investigações práticas, como o monitoramento de recursos naturais e a análise de impactos ambientais.

Metodologias de Ensino Aplicadas

A metodologia EBP é caracterizada por sua natureza ativa e investigativa, e nos estudos revisados, diversas metodologias complementares foram utilizadas para fortalecer a abordagem. Dentre elas, destacam-se:

Metodologia científica: Muitos projetos de ensino de Ciências na região Norte são estruturados segundo a metodologia científica, permitindo que os alunos desenvolvam habilidades de observação, formulação de hipóteses, experimentação e análise de resultados. Silva e Costa (2020) relatam que essa abordagem contribui significativamente para o entendimento dos alunos sobre o método científico, além de estimular a curiosidade e o pensamento crítico.

Aprendizagem baseada em problemas (ABP): A ABP é frequentemente integrada ao EBP, principalmente em projetos que envolvem a resolução de problemas ambientais e sociais locais. De acordo com Costa (2019), essa metodologia permite que os alunos se envolvam com questões reais e relevantes, promovendo um aprendizado mais contextualizado e aplicado.

Tecnologias digitais: O uso de ferramentas digitais para pesquisa, coleta de dados e apresentação de resultados também tem sido uma estratégia importante em muitos projetos. A incorporação da tecnologia, como o uso de aplicativos de monitoramento ambiental e plataformas de colaboração online, permite que os alunos explorem novas formas de aprender e se comuniquem, potencializando os resultados do EBP (Almeida, 2021).

Metodologias colaborativas: Muitos projetos são realizados em grupo, incentivando o trabalho colaborativo. Segundo Barreto (2018), a colaboração entre os alunos fortalece habilidades como comunicação, negociação e liderança, além de permitir uma abordagem mais rica e diversificada para a resolução de problemas complexos.

Resultados e Impactos Observados no Aprendizado dos Estudantes

Os estudos sobre o impacto do EBP no aprendizado dos estudantes revelam resultados positivos em várias dimensões do desenvolvimento acadêmico e pessoal dos alunos:

Desenvolvimento de habilidades científicas e críticas: O EBP estimula os alunos a aplicar o método científico de maneira prática, promovendo uma compreensão mais profunda dos conceitos científicos. Os estudos de Lima e Silva (2020) indicam que os alunos que participaram de projetos baseados em Ciências apresentaram melhorias significativas em suas habilidades de resolução de problemas, análise crítica e tomada de decisões informadas.

Maior motivação e engajamento: De acordo com Santos (2019), os alunos demonstram maior motivação e engajamento quando envolvidos em projetos que abordam questões reais e significativas. O aprendizado baseado em contextos locais e problemas do cotidiano tem um impacto positivo na percepção dos alunos sobre a utilidade e a relevância do conteúdo.

Capacidade de trabalhar em equipe: O EBP também desenvolve habilidades sociais e emocionais, como colaboração, empatia e comunicação. Os alunos frequentemente demonstram um aumento em sua capacidade de trabalhar em equipe, resolver conflitos e colaborar de maneira eficaz. Barreto e Almeida (2021) destacam que esses aspectos são essenciais para a formação de cidadãos críticos e preparados para o mercado de trabalho.

Maior compreensão da realidade local: Em muitos casos, os alunos aumentam seu entendimento sobre as questões sociais, culturais e ambientais locais. Os projetos que exploram temas como a preservação da Amazônia, o impacto das atividades humanas e o uso sustentável dos recursos naturais contribuem para a formação de uma consciência crítica sobre os problemas enfrentados pela região Norte.

Desafios Enfrentados na Implementação do EBP na Região

Embora o EBP tenha se mostrado eficaz em muitos contextos, sua implementação na região Norte enfrenta uma série de desafios, muitos dos quais estão relacionados às características socioeconômicas e à infraestrutura da região:

Infraestrutura escolar deficiente: A falta de recursos materiais, como laboratórios, computadores e acesso à internet, é um desafio recorrente. Conforme apontam os estudos de Costa (2021) e Silva (2020), muitas escolas da região Norte não têm as condições adequadas para implementar projetos que exigem o uso de tecnologias digitais ou experimentos práticos. Essa limitação pode comprometer a qualidade e o alcance do EBP.

Desigualdade no acesso à educação de qualidade: A grande disparidade no acesso à educação de qualidade, especialmente nas zonas rurais e em comunidades indígenas, é outro obstáculo significativo. Barreto e Silva (2020) afirmam que muitos alunos da região Norte enfrentam dificuldades relacionadas ao transporte, à falta de escolas próximas e à escassez de professores qualificados, o que dificulta a implementação eficaz do EBP.

Falta de formação continuada para professores: A necessidade de formação contínua para os docentes também é um desafio. A capacitação dos professores para a aplicação do EBP, bem como o uso de metodologias ativas, é fundamental para o sucesso dessa abordagem. Segundo Almeida (2020), a falta de capacitação pedagógica específica para a região dificulta a implementação eficiente do EBP, já que os professores muitas vezes não estão preparados para trabalhar com projetos interdisciplinares e utilizar novas tecnologias.

Discussão

A análise dos estudos sobre o Ensino Baseado em Projetos (EBP) no ensino de Ciências na região Norte do Brasil revela vários aspectos cruciais sobre os benefícios e desafios dessa abordagem pedagógica. A seguir, são apresentados os principais achados, seguidos de uma comparação com estudos realizados em outras regiões do Brasil, reflexões sobre as especificidades da Região Norte e suas implicações para a implementação do EBP, além de lacunas na literatura e sugestões para futuras pesquisas.

Síntese dos Principais Achados

Os estudos revisados apontam que o Ensino Baseado em Projetos no contexto da região Norte contribui de forma significativa para o desenvolvimento de habilidades científicas, críticas e sociais nos estudantes. Entre os principais benefícios identificados estão o aumento da motivação e do engajamento dos alunos, a promoção de uma aprendizagem ativa e a aplicação prática de conceitos científicos. A integração da sustentabilidade, biodiversidade e educação ambiental nos projetos é uma característica marcante, dado o contexto ambiental da região, o que torna o ensino mais contextualizado e relevante para os alunos.

Além disso, os estudos revelam que a metodologia EBP, ao focar na resolução de problemas reais, como o manejo sustentável dos recursos naturais ou a preservação da Amazônia, favorece a aprendizagem interdisciplinar, além de fomentar habilidades de trabalho em grupo, pesquisa e comunicação. Contudo, a implementação do EBP na região Norte enfrenta desafios estruturais significativos, como a falta de infraestrutura escolar adequada, o baixo acesso à tecnologia, e a necessidade de capacitação contínua para os professores, que muitas vezes não estão preparados para aplicar essa metodologia de forma eficaz.

Comparação com Estudos de Outras Regiões do Brasil

Ao comparar os achados da região Norte com os estudos realizados em outras regiões do Brasil, observa-se que os benefícios do EBP no ensino de Ciências são amplamente reconhecidos em diferentes contextos. No entanto, a região Norte apresenta características únicas que influenciam tanto os benefícios quanto os desafios da implementação dessa metodologia.

Estudos realizados no Sudeste e Sul do Brasil (Costa, 2018; Almeida, 2020) destacam a adoção do EBP em ambientes com maior infraestrutura tecnológica, o que facilita a implementação de projetos interativos e digitais. Nesses contextos, os projetos tendem a ser mais voltados para inovações tecnológicas e problemas urbanos, como a qualidade do ar e a poluição nas grandes cidades. Por outro lado, na região Norte, os projetos de EBP frequentemente abordam questões diretamente relacionadas à biodiversidade, ao uso sustentável dos recursos naturais e à preservação ambiental, refletindo as peculiaridades do bioma amazônico.

Além disso, a capacitação docente é um desafio comum em todo o Brasil, mas na região Norte, a falta de formação especializada e de acesso a cursos de atualização pedagógica é mais pronunciada, o que compromete a eficácia do EBP. Segundo Lima (2020), a capacitação dos professores no Norte do Brasil é uma questão crítica, uma vez que muitos docentes ainda não têm formação específica para lidar com metodologias ativas de ensino, como o EBP, o que contrasta com regiões como o Sudeste, onde a formação continuada está mais acessível e estruturada.

Reflexões sobre as Especificidades da Região Norte e suas Implicações para o EBP

A região Norte do Brasil possui características socioeconômicas e culturais únicas que impactam diretamente a implementação do EBP. O vasto território amazônico, com comunidades rurais e indígenas isoladas, apresenta um grande desafio logístico para o ensino e a implementação de projetos. A infraestrutura escolar em muitas dessas áreas ainda é precária, com escolas sem acesso adequado à tecnologia e com recursos limitados para realizar atividades práticas que envolvam laboratórios ou equipamentos tecnológicos (Santos, 2019).

Ademais, a diversidade cultural e étnica da região Norte exige que o EBP seja adaptado para respeitar e integrar os saberes tradicionais das comunidades locais. Como destaca Almeida (2020), ao abordar temas como a biodiversidade e a educação ambiental, é fundamental que o currículo e os projetos considerem a relação das comunidades com o meio ambiente e as práticas sustentáveis que essas populações já adotam. Ignorar esses saberes pode resultar em um ensino de Ciências que não ressoa com a realidade dos alunos, limitando sua capacidade de aplicar os conhecimentos adquiridos.

Portanto, para o EBP ser eficaz na região Norte, é necessário um planejamento pedagógico que considere essas especificidades culturais e territoriais. Além disso, a metodologia deve ser adaptada para que os alunos possam explorar o seu entorno imediato, utilizando os recursos naturais e culturais locais como base para o desenvolvimento dos projetos.

Lacunas na Literatura e Sugestões para Pesquisas Futuras

Embora os estudos sobre o EBP no contexto da região Norte sejam promissores, ainda existem lacunas importantes na literatura que precisam ser exploradas para aprofundar a compreensão sobre essa metodologia de ensino.

Uma lacuna significativa é a escassez de estudos longitudinais que acompanhem os efeitos do EBP ao longo do tempo, especialmente na região Norte. A maioria dos estudos disponíveis foca em análises pontuais, sem uma avaliação contínua dos impactos do EBP no desempenho acadêmico dos alunos ou nas mudanças comportamentais relacionadas à consciência ambiental e científica. Estudos de acompanhamento, que analisem o impacto do EBP no longo prazo, seriam valiosos para entender de forma mais aprofundada os resultados dessa metodologia (Cunha, 2020).

Outro ponto importante é a necessidade de pesquisas sobre a formação continuada de professores para a aplicação do EBP na região Norte. Como a literatura existente aponta, a falta de capacitação docente é um obstáculo significativo para a implementação eficaz do EBP, mas são escassos os estudos que investigam programas de formação específicos para essa região. Pesquisas que desenvolvam e avaliem programas de capacitação voltados para as particularidades do ensino em áreas remotas e com poucas condições de infraestrutura são essenciais para superar esse desafio.

Além disso, mais estudos sobre a integração dos saberes locais nos projetos de Ciências poderiam fortalecer a metodologia do EBP na região Norte. Pesquisas que investiguem como as práticas culturais e os conhecimentos tradicionais podem ser incorporados de forma efetiva nos projetos pedagógicos são fundamentais para tornar o ensino de Ciências mais inclusivo e relevante para os alunos.

Conclusão

A análise realizada sobre o Ensino Baseado em Projetos (EBP) no ensino de Ciências na Região Norte do Brasil revela a eficácia dessa metodologia para promover uma aprendizagem ativa e contextualizada. O EBP tem demonstrado ser uma ferramenta poderosa para o desenvolvimento de habilidades científicas e críticas, além de fomentar a conscientização ambiental, tão essencial em uma região rica em biodiversidade, como a Amazônia. A integração de temas como sustentabilidade, educação ambiental e biodiversidade nos projetos de ensino de Ciências não só fortalece o conhecimento científico dos alunos, mas também os envolve de maneira mais significativa com as questões que afetam diretamente o seu entorno.

Apesar dos desafios estruturais enfrentados na região, como a infraestrutura escolar deficiente, a falta de acesso a tecnologias e a necessidade de capacitação docente, o EBP oferece um caminho promissor para superar essas dificuldades. A metodologia permite que os alunos se conectem com o conteúdo de forma mais prática e investigativa, criando soluções para problemas reais de suas comunidades e promovendo um aprendizado mais relevante e aplicado.

A implementação do EBP na Região Norte, no entanto, exige um planejamento cuidadoso, considerando as especificidades culturais e sociais da região. As comunidades locais e seus saberes tradicionais devem ser incorporados ao processo pedagógico para garantir que o ensino de Ciências seja inclusivo e verdadeiramente representativo da realidade dos alunos.

Importância do EBP para o Ensino de Ciências na Região Norte

O EBP é particularmente relevante na Região Norte devido ao contexto ambiental e cultural único. A abordagem permite que os estudantes não apenas adquiram conhecimentos científicos, mas também desenvolvam uma consciência crítica sobre os problemas ambientais locais e globais, como o desmatamento e as mudanças climáticas. Além disso, o EBP promove uma educação mais integradora, envolvendo os alunos em processos de pesquisa, solução de problemas e tomada de decisões, habilidades essenciais para a formação de cidadãos ativos e comprometidos com a sustentabilidade.

Em um cenário de desafios estruturais e desigualdades educacionais, o EBP se mostra uma alternativa pedagógica eficaz para aproximar o ensino de Ciências da realidade dos alunos e estimular o interesse pela ciência, especialmente em contextos onde a infraestrutura educacional é limitada.

Recomendações para Educadores, Gestores e Pesquisadores

Para educadores e gestores, é fundamental promover a capacitação contínua para a implementação do EBP, de forma que os professores possam usar essa metodologia com eficácia, adaptando-a às condições locais. A formação deve incluir tanto a utilização de tecnologias digitais, sempre que possível, quanto o aprofundamento em práticas pedagógicas interdisciplinares que integrem os saberes científicos e locais.

Além disso, os gestores devem investir em infraestrutura, como a melhoria do acesso à tecnologia e a criação de espaços adequados para a realização de atividades práticas e experimentais. A colaboração entre escolas, comunidades e universidades também pode ser uma estratégia eficaz para superar as limitações de recursos, além de fomentar uma educação mais contextualizada.

Para os pesquisadores, recomenda-se a realização de estudos longitudinais que acompanhem o impacto do EBP ao longo do tempo, tanto no desempenho acadêmico quanto no desenvolvimento de habilidades socioemocionais. Também é importante explorar mais profundamente como os saberes tradicionais das comunidades locais podem ser integrados aos projetos pedagógicos, para garantir que o ensino de Ciências na região Norte seja culturalmente sensível e relevante.

Em suma, o EBP apresenta uma grande potencialidade para transformar o ensino de Ciências na Região Norte, oferecendo soluções criativas para os desafios enfrentados pela educação na região e, ao mesmo tempo, contribuindo para a formação de alunos mais críticos, conscientes e preparados para os desafios ambientais do futuro.

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1Doutorando em Ciências da Educação, Universidad de la Integración de Las Américas (UNIDA), Asunción, Paraguay.  E-mail: atilabio@hotmail.com 
2Doutoranda em Ciências da Educação, Faculdad interamericana de Ciências Sociales (FICS). E-mail:martinsfrancisca64@gmail.com 
3Especialista em Metodologia do Ensino de Biologia e Química, Centro Universitário Internacional -UNINTER, Curitiba-PR. E-mail: isissilva89@gmail.com 
4Doutora em Biotecnologia, Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Manaus-AM.  E-mail: sanbsousa@gmail.com 
5Mestra em Educação em Ciências na Amazônia, Universidade do Estado do Amazonas (UEA). E-mail: botsandra123@gmail.com
6Mestra em Educação em Ciências na Amazônia, Universidade do Estado do Amazonas (UEA). E-mail: slorenzoni2002@gmail.com