O ENCONTRO DO RASQUEADO PANTANEIRO COM A FILOSOFIA DAS HISTORIOGRAFICAS E O ATUALISMO

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10612117


Henrique Rodrigues Jabur Maluf1


Resumo

Este ensaio tem a meta realizar uma reflexão teórico-prática a partir das ideias e conceitos desenvolvidos na disciplina Tendências Historiográficas, estabelecendo um diálogo com a pesquisa2 frente ao Rasqueado de Fronteira, na fronteira oeste do Brasil, mais precisamente, produzidos por compositores da cidade de Cáceres. Para tal, usaremos os conceitos apresentados Berber Bevernage e Valdei Araujo/Mateus Pereira em paralelo com os autores que alicerçam a supracitada pesquisa, numa análise que, espera-se, sobretudo, compilar informações culturais da trajetória musical e histórica do gênero musical.

Palavras-chave: Rasqueado pantaneiro. Filosofia das historicidades. Atualismo.

Introdução

O atravessamento desse momento cultural de rupturas influenciadas pelas novas tendências midiáticas e a ausência de fronteiras no mundo

globalizado pode provocar um apagamento das raízes que estruturam as práticas e fazeres culturais ligados as antigas tradições, como o caso do gênero musical Rasqueado3 nos dias atuais. Este ensaio tem como propósito investigar o Rasqueado de Fronteira4, na fronteira oeste mato-grossense – precisamente na cidade de Cáceres –. Para o entendimento das poéticas que formam o nosso objeto em sua totalidade – não apenas sua prática artística – devemos estar atentos ao modo contínuo da produção dos saberes.

Partindo de um ponto pacífico quanto à constituição da musicalidade do rasqueado de fronteira, um diagnóstico sobre suas tendências contemporâneas e a sua vinculação com o passar da história cultural deve ser realizado. É o que pretendemos. Aqui neste ensaio, especialmente, levando em consideração os apontamentos e preceitos de dois autores.

Berber Bevernage é pesquisador, atua na Universidade de Gante na Bélgica e participa do grupo TAPAS – Thinking about the past (pensando no passado, em tradução livre), localizado na mesma universidade. O autor tem demonstrado ao longo de suas pesquisas que a teoria da história é um campo que pode oferecer contribuições e relevância ao identificar e criticar as noções sobre tempo histórico e historicidade, bem como as concepções sobre (in)justiça histórica e ética da história. E é nessa perspectiva que o autor apresenta a obra “Caminhos para a teoria da história: filosofia das historicidades e a questão da justiça histórica”, o terceiro volume da Coleção Fronteiras da Teoria, publicado em 2020 pela editora Milfontes.

A segunda obra que nos basearemos recebe o título de “Atualismo 1.0 Como a ideia de atualização mudou o século XXI”, escrita por Dr. Valdei Araujo, – professor adjunto da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) com pesquisas em história da historiografia, história dos conceitos, Brasil império, história política e teoria da história – em coautoria com Dr. Mateus Pereira, também professor UFOP – onde leciona, na graduação, disciplinas sobre História do Brasil República. É membro do Núcleo de Estudos em História da Historiografia e Modernidade (NEHM) – publicado pela Editora SBTHH, no ano de 2018.

Ambas obras carregam entre si ares de atualidade no campo teórico da historiografia, Bevernage com apontamentos sobre noções de historicidade e tempo histórico e concepções sobre (in)justiça histórica e ética da história, o “Atualismo 1.0” de Araujo/Pereira com uma nova proposta para a Teoria da História, um debate que converge de imediato aos historiadores ocupados com a História do tempo presente, uma obra que contem inúmeros QR Codes, além de nomes comuns aos mais atualizados como Apps, Softwares e Update.

Frente a essa gama de atualidades da teoria da história que dialogaremos com nosso objeto de estudo, alocado no campo da história cultural. Novos procedimentos metodológicos e abordagens que o campo da História passa a “oferecer” aos estudos músicas “argumentos” antes não utilizados, assim este ensaio pretende se arrolar.

Refletindo os estudos em música e história da pesquisadora Ana Cláudia de Assis, o historiador e filósofo José Carlos Reis, aponta que

A história tende a abandonar as suas pretensões científicas e a tornar-se um ramo da estética. Ela se aproxima da arte: da literatura, da poesia, do cinema, da fotografia, da escultura, da música… Isso quer dizer que a forma da história não é exterior ao seu conteúdo e indiferente à sua época. O discurso histórico não é só uma exposição analítica, conceitual e quantificada de uma documentação objetivamente elaborada. A história se apropria e ressignifica diversas linguagens. A sua forma, a sua linguagem, é a sua mensagem. (REIS, apud ASSIS et al., 2009, p. 12)

E é o que pretendemos realizar à medida que objetivamos analisar, compreender e dialogar com os diagnósticos possivelmente realizados do rasqueado pantaneiro na fronteira oeste. Procuramos referências transdisciplinares que possam nos munir de argumentos teóricos que possibilitem uma compreensão menos segmentada e dividida em determinado nicho epistemológico.

Desenvolvimento

A historicidade não deve delinear apenas as condições de possibilidade de histórias em si, mas também o lugar que a pesquisa histórica ocupa nisso. Ela livra o historiador da acusação de uma suposta subjetividade, da qual ele nunca escaparia, já que “a história” ultrapassa constantemente tanto ó historiador quanto a ciência da história. Aqui, a chamada transcendência da história refere-se àquele processo de ultrapassagem que força o historiador a reescrever a história continuamente. (KOSELLECK, 2014, p. 279)

Essa transcendência da história, que Koselleck se refere, ultrapassa o campo teórico da história, e nesse processo de reescrever a história continuamente, aduz que para um entendimento mais amplo do nosso objeto de pesquisa, que tem como marco temporal a divisão do estado de Mato Grosso5, se faz necessária uma investigação além dos parâmetros da musicologia – que aborda os aspectos estruturais da música (ritmo, melodia, harmonia, timbres), assim como os gêneros literários nos estudo das canções (letra da música) –, tanto quanto o da história. O historiador Marcos Napolitano nos aponta que o estudo da canção como documento e recurso didático é uma imensa fonte de pesquisa, visto que

Nos últimos anos tem sido bastante comum a utilização da canção, seja como fonte para a pesquisa histórica, seja como recurso didático para o ensino de humanidades em geral (história, sociologia, línguas etc.). […] a canção ocupa um lugar muito especial na produção cultural. Em seus diversos matizes, ela tem sido termômetro, caleidoscópio e espelho não só das mudanças sociais, mas sobretudo das nossas sociabilidades e sensibilidades coletivas mais profundas. (NAPOLITANO, 2002, p. 53)

Ao buscar novas abordagens e fontes para pesquisar o Rasqueado de Fronteira, denota-se a importância de aprofundarmo-nos nos conceitos que envolvem “Hibridações Culturais”6, “Identidade”7e “Fronteira”, essa última não entendida apenas pela sua condição limítrofe, mas como um espaço que

comtempla um leque de temporalidades, ambientes, culturas, etnias, gerações e estilos de vidas múltiplos, é também um lugar de comunicação, de passagem […] Nesse percurso de sentidos, compreender o ‘estar na fronteira’ significa colocar-se nas teias do discurso para (res)significar o espaço onde se produz as identidades. (MALUF, 2018, p. 22)

Uma perspectiva transdisciplinar se mostra imprescindível a modo que seja possível compreender as relações simbólicas das transculturações ocorridas nessas fronteiras. Silva afirma que é “extremamente relevante captar quais práticas e variações étnicas estão sendo conformadas nessas identidades sociais de fronteira” (SILVA, 2017).

Partindo desse entendimento que para a pesquisa em História Cultural é necessário se amparar em outros campos do conhecimento, entendamos também, que para essa pesquisa, que nos propomos, é necessário que busquemos autores que estudem profundamente a diversidade cultural e que se desloquem das produções eurocentradas. Nesse sentido estabelecemos nosso primeiro diálogo com os autores escolhidos para este ensaio. Berver Bevernage, aponta que essas indagações a respeito da diversidade cultural já haviam sido levantadas por historiadores “subalternos” tais como Ashis Nandy, Dipesh Chakrabarty e Sanjay Seth, a saber: “em que medida a historiografia acadêmica pode reivindicar a universalidade, e em que medida essa universalidade é um construção ocidental com seus aspectos e interesses particularistas?” (BEVERNAGE, 2020, p. 21), assim como questionado no livro “Atualismo 1.0”:

Em que pese o eurocentrismo do termo história para designar a experiência pretérita, ainda sobrevive certa crença de que a história (vivida e pensada) designa processos verdadeiros e reais?” (PEREIRA, ARAUJO, 2018, p. 184) Ainda sobre a pesquisa em música e história, a músico/historiadora Dorit Kolling Kolling aponta pesquisadores brasileiros que, vão de encontro as produções decolonialistas, e aponta que nesse sentido, “cabe citar Marcos Napolitano, José Miguel Wisnik, Arnaldo Contier e José Geraldo Vinci, dentre outros, como autores que buscam pesquisar e trabalhar com a associação entre História e Música.” (KOLLING, 2016, p. 31)

Nesse sentido o pesquisador Evandro Higa é um importante nome na pesquisa acadêmica em torno da influência da música paraguaia8 no Brasil. Acerca da “introdução de estruturas musicais paraguaias” e suas práticas, aponta um problema para a pesquisa: a “inexistência de pesquisas acadêmicas”:

Não há estudos específicos que abordem a introdução e difusão da música fronteiriça […] no âmbito da música brasileira […] seja como gêneros de origem paraguaia (polca paraguaia, guarânia e, indiretamente, o chamamé), seja como os gêneros híbridos denominados rasqueado e moda campera. (HIGA, 2006, p. 21)

Esse afastamento da música popular, de uma forma geral, das produções acadêmicas, nos põe a refletir sobre o pensamento de Bevernage nas suas primeiras apontamentos do que ele vai chamar de “Filosofia das Historicidades”:

Bevernage argumenta que para a teoria da história manter-se como um campo de pesquisa relevante não só para historiografia acadêmica, mas para a sociedade como um todo, ela deve se transformar em uma ampla “filosofia das historicidades”, isto é, ela deve concentrar-se em investigar as variedades de formas acadêmicas e não acadêmicas de lidar com passado. (BEVERNAGE, 2020, p. 11)

A premissa básica é de que entendamos a “filosofia das historicidades” é reconhecer que a historiografia acadêmica

[…] não se desenvolve e nem funciona em um vácuo intelectual, mas está intimamente relacionada com uma serie de premissas e crenças sociais, culturais e politicas especificas sobre tempo e historicidade, das quais ela é parcialmente dependente, mas que ela também pode reforçar ou contradizer. (BEVERNAGE, 2020, p. 20)

Para o desenvolvimento da escrita do projeto final do nosso objeto, adotaremos o estudo de caso, por meio da observação assistemática e de entrevistas semi-estruturadas com compositores e músicos que estejam ou estiveram ativos na produção do Rasqueado de Fronteira em Cáceres, onde podemos notar outra ligação com Bevernage – a respeito da ética na história –

uma filosofia da história terá que abordar se ela quiser se transformar em uma filosofia das historicidades e manter-se relevante para os historiadores e para a sociedade – o qual gira em torno da ética da história. Uma vez que se dá mais atenção às diferentes funções e à performatividade da historiografia, logo fica claro que o discurso histórico possui fortes implicações éticas. (BEVERNAGE, 2020, p. 24)

Ao discutir o planejamento das entrevistas e rumos da pesquisa/objeto, nos deparamos com a recente informação de que para realizar entrevistas para trabalhos acadêmicos, faz-se necessário submeter ao comitê de ética em história oral. Cabe ao historiador cumprir seu ofício seguindo as tendências e atualizações do campo teórico. “Nossa demarcação de fronteiras separa os tempos históricos e os tempos de narrativas não históricas. Todo historiador é obrigado a zelar por essa fronteira”. (KOSELLECK, 2014, p. 268)

Um grupo de compositores são estudados na pesquisa, afim de apresentar a produção do Rasqueado de Fronteira desde seus primeiros registros até os dias atuais, para com isso apontar as semelhanças e diferenças nas canções desses compositores. O resultado que esperamos alcançar é o de tornar visível a “evolução” que esse gênero veio tendo nos últimos anos. As canções mais recentes, não se parecem muito com as mais antigas, seja nas formas da musicologia (ritmo, melodia, harmonia, timbres) quanto ao gênero literário (letras da canções), ou seja, uma atualização do gênero musical. Abordaremos alguns conceitos da teoria dos pesquisadores Valdei Araujo e Mateus Pereira, tendo em vista que a obra “Atualismo 1.0” trata de uma nova categoria para a teoria da história.

O sujeito-objeto da atualização são os conhecimentos e as informações. Poderíamos nos atualizar com os pensamentos e a disposição de alguém ou atualizar “as energias latentes no ser” ou nossas energias astrais. Atualizar-se para acompanhar o ritmo das mudanças, bem como a maneira de agir. Por fim, poderíamos nos atualizar sobre alguma coisa acompanhando as notícias. (PEREIRA, ARAUJO, 2018, p. 157)

O atualismo coloca em voga não apenas as demandas historicistas, mas os “dissabores da inadequação geracional às formas atuais de gerir o mundo da vida”. (Ibid., p. 22). A análise do atualismo nos termos propostos nos conduz, por meio de um diálogo com Lyotard, Gumbrecht, Hartog, Heidegger,

Chateaubriand entre outros. A primeira constatação é que

[…] esse universo pode ser dividido entre coisas que atualizam e coisas que precisam se atualizar, mesmo que algumas vezes essas fronteiras se cruzem, como no exemplo do computador, que surge como a maior ferramenta para “atualizar”, mas que precisa ele mesmo ser a todo momento atualizado, até que, talvez, a atualização se torne automática. Podemos perceber a sensação de que esse intervalo entre o atual e o inatual precisava encurtar a ponto de não haver mais distância entre esses estados, ou seja, uma realidade com índice zero de inatualidade. Talvez seja esta uma formulação possível de certo aspecto de uma utopia, ou ilusão, atualista. Outro aspecto é a existência de dois grandes campos semânticos na palavra, atualizar como efetivar algo que está dormente, como a realização de um potencial, e atualizar como corresponder ao atual, ao mais moderno e desenvolvido. […] Podemos dizer que o atualismo depende dessa fusão, de modo que o real, o efetivo, confunda-se com o mais atual, o mais recente. Assim, do ponto de vista individual, seja na ginástica (ioga), na psicoterapia, nas formas de comportamento, no aprendizado ou na moda, realizar todo o seu potencial significa estar por dentro, ter acesso a todas as informações, apostar em processos que tornem transparentes e disponíveis nós mesmos e os outros da forma mais veloz possível, no limite, imediata. (PEREIRA, ARAUJO, 2018, p. 158-159)

Pensar nesses aspectos da teoria “atualista” para a realidade do nosso objeto é um tanto quanto desafiador, não pela forma que como os autores arrolam os mecanismos de operar a historiografia, mas pelo caráter subjetivo que se posta frente a estudos culturais. Aqui alguns trechos das palavras finais do livro:

Esperamos ter demonstrado que nosso presente não precisa ser pensado apenas como presente alargado, ou como um presente sem futuro, mas como uma forma de temporalização assentada em um modo específico do presente articular futuro e passado que estamos chamando provisoriamente de atualismo. […] O que esse movimento pode trazer de novo ao argumento presentista é esclarecer que não se trata substancialmente de uma ampliação (ou encurtamento) do presente, mas mesmo da ampliação de referências ao passado e ao futuro, porém em modo atualista. (PEREIRA, ARAUJO, 2018, p. 220-221).

Considerações finais

Bevernage tem demonstrado ao longo de suas pesquisas que a teoria da história é um campo que pode oferecer contribuições e relevância ao identificar e criticar as noções sobre tempo histórico e historicidade, bem como as concepções sobre (in)justiça histórica e ética da história, sua obra “Filosofia das historicidade e a questão da justiça histórica”, nos convida a atravessar as fronteiras estabelecidas pela academia e constatar que o caminho da historicidade está intrinsecamente ligada ao que acontece no tecido social, cultural e político.

A obra “Atualismo 1.0 – Como a ideia de atualização mudou o século XXI” dos autores Michel Pereira e Valdei Araujo provoca um amplo debate sobre o destino das humanidades em que a História é desafiada a se adequar aos novos tempos, as novas linguagens, métodos, que parecem emergir a cada atualização de um software. A teoria da história não abdica de seu rigor, mas passa a perceber as novas demandas por memória, bem como de que forma pode-se-ir saná-las – dentro do ambiente acadêmico – que, ademais, depende dessa adequação para sua própria manutenção.

A música brasileira é um campo de pesquisa muito vasto com incontáveis e incontestáveis pesquisas, os estudos culturais do campo da historiografia carrega uma grande parcela dessa mérito. O historiador que se envereda pela pesquisa em cultura há de estar atento à produção do conhecimento, as obras escolhidas para esse ensaio – somada ao referencial bibliográfico da disciplina tendências historiográficas – possibilitou a imersão no que há de atual na teoria da história, apesar da dificuldade em relacionar o nossa pesquisa com as obras, visto o nicho epistemológico em que o objeto se encontra – rasqueado pantaneiro da fronteira oeste mato-grossense-.

Pra finalizar o ensaio, trazemos Marcos Napolitano, uma das maiores referencias nos estudos em música e história. Assim ele inicia as considerações finais da sua obra História & música – história cultural da música popular:

A música brasileira forma um enorme e rico patrimônio histórico e cultural, uma das nossas grandes contribuições para a cultura da humanidade. Antes de inventarem a palavra “globalização”, nossa música já era globalizada. Antes de inventarem o termo “multiculturalismo”, nossas canções já falavam de todas as culturas, todos os mundos que formam os brasis. Antes de existir o “primeiro mundo”, já éramos musicalmente modernos. Além disso, nossa música foi o território de encontros e fusões entre o local, o nacional e o cosmopolita; entre a diversão, a política e a arte; entre o batuque mais ancestral e a poesia mais culta. Por tudo isso, a música no Brasil é coisa para ser levada muito a sério. Apesar disso, apenas recentemente (leia-se nos últimos vinte anos) as ciências humanas têm se debruçado de forma mais sistemática sobre este tema. (NAPOLITANO, 2002, p. 75)

Napolitano aponta que “além disso, possui uma importância cultural e política que tem muito pouco paralelo em outros países, mesmos entre os chamados “países desenvolvidos””. (Ibid., p. 76). A pesquisa musical matogrossense ainda é tímida e caminha fora das universidades, aqui podemos vitalizar a memória e tradições do nosso Rasqueado de Fronteira.


²O Rasqueado Pantaneiro na fronteira oeste: hibridações poéticas e as novas práticas na contemporaneidade – Projeto de Pesquisa em andamento – Mestrado em História pelo Programa de Pós-Graduação em História – Linha de Pesquisa: Fronteiras, Identidades e Culturas – 2021 PPGHIS/UFMT. Orientadora: Thais Leão Vieira.
³O gênero foi criado entre os anos 1930 e 1940, por músicos do interior paulista, como Raul Torres, Capitão Furtado, Mário Zan e Nhô Pai e Nhô Fio. O rasqueado não passa de uma adaptação da polca paraguaia e da guarânia. O objetivo deste grupo era buscar na música tradicional paraguaia uma nova roupagem para a música sertaneja que imperava no Brasil e que tinha pouca influência dos gêneros musicais praticados na fronteira do país. (GONÇALVES, 2014, p. 41)
4FERRARI (2014) define o Rasqueado de Fronteira como um estilo musical nascido nas regiões de fronteira entre o Brasil, Bolívia e Paraguai, por volta de 1942.
5No dia 11 de outubro de 1977, o presidente da República Federativa do Brasil, Ernesto Geisel, assinou a Lei Complementar nº 31, desmembrado de área do estado de Mato Grosso, criando o estado de Mato Grosso do Sul, com a capital em Campo Grande (FERRARI, 2014, p. 58).
6Segundo o antropólogo Nestor Garcia Canclini, em “Culturas Hibridas”. (CANCLINI, 2003)
7De acordo com o sociólogo Stuart Hall, a sua obra “A Identidade Cultural na Pós-Modernidade”. (HALL, 2009)
8Polcas Paraguaias, Guarânias e Chamamés;

Referências

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HALL, Stuart. Da diáspora: identidades e mediações culturais. Liv Sovik (org.). Tradução de Adelaine La Guardia Resende. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2009.

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KOLLING, Dorit. GRUPO MUSICAL SARÃ: a música como documento histórico (1971 – 2001); Dissertação (mestrado em história) -, Instituto de Ciências Humanas e Sociais, Programa de Pós-Graduação em História, Universidade Federal de Mato Grosso Cuiabá, 2016.

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MALUF, Henrique Rodrigues Jabur. Música Pantaneira Cacerense: o novo Rasqueado de Fronteira; Trabalho de Conclusão de Curso (graduação em Licenciatura em Música) – Universidade Federal de Mato Grosso; Orientadora: Ms. Dorit Kolling de Oliveira. 2018

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PEREIRA, Mateus; ARAUJO, Valdei. Atualismo 1.0 – Como a ideia de atualização mudou o século XXI. 1. ed. Ouro Preto: SBTHH, 2018.

SILVA, Tânia Paula da. Identidades, multiculturalismo e bases comunitárias para vivências solidárias nos territórios de fronteira Brasil-Bolívia. In. Ciência Geográfica – Bauru – XXI – Vol. XXI – (1): Janeiro/Dezembro – 2017.


¹Licenciado em Música pela Universidade Federal de Mato Grosso. Mestrando em História pelo
Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Mato Grosso – PPGHIS/UFMT.
E-mail: herojama@gmail.com – Disciplina: Tendências historiográficas. Docente: Osvaldo Rodrigues
Junior.