O DESIGN INSTRUCIONAL EDUCACIONAL: ESTRATÉGIAS MOTIVADORAS NO ENSINO E NA APRENDIZAGEM

REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.11080385


Gabriella Victoria de Oliveira Alves; Luciana Maria Schiavinato Von Zuben; Vânia Castelo Costa Dornelles; José Marinaldo Freitas Brito; Helenize dos Santos Lima; Ana Maria Mariano Borges; Julio Cesar Borges de Lima; Ueudison Alves Guimarães


RESUMO

Este paper tem como objetivo refletir sobre as práticas do Design Instrucional (DI) no contexto educacional, destacando suas vantagens, desvantagens e o papel do profissional de DI. O DI refere-se ao processo de planejar, desenvolver e implementar materiais e estratégias instrucionais com o objetivo de facilitar a aprendizagem dos alunos. Este estudo foi conduzido por meio de uma pesquisa bibliográfica, utilizando plataformas como o Google Acadêmico para identificar artigos relevantes sobre o tema. Autores como Filatro (2020) e Studart (2022) foram relevantes no desenvolvimento deste estudo, o qual trouxe um exemplo de desenvolvimento de design instrucional na educação a partir da Gamificação. Ao longo do paper, são discutidas as principais atividades realizadas pelo profissional de DI, incluindo análise de necessidades, seleção e organização de conteúdo, desenvolvimento de materiais educacionais e avaliação da eficácia instrucional. No contexto educacional, o DI desempenha um papel fundamental na criação de experiências de aprendizagem significativas e eficazes. Ele permite que os educadores adaptem o ensino às necessidades individuais dos alunos, incorporando elementos de multimídia, interatividade e gamificação para tornar o processo de aprendizagem mais envolvente e relevante. Como resultado da pesquisa, destaca-se a importância crescente do profissional de DI no campo educacional. A integração eficaz do DI pode levar a melhorias significativas na qualidade da educação, promovendo a igualdade de acesso ao conhecimento e preparando os alunos para os desafios do século XXI.

Palavras-chave:  Design Instrucional.Educação. Tecnologia digital.

ABSTRACT

This paper aims to reflect on Instructional Design (ID) practices in the educational context, highlighting its advantages, disadvantages and the role of the ID professional. ID refers to the process of planning, developing, and implementing instructional materials and strategies with the goal of facilitating student learning. This study was conducted through a bibliographical search, using platforms such as Google Scholar to identify relevant articles on the topic. Authors such as Filatro (2020) and Studart (2022) were relevant in the development of this study, which provided an example of the development of instructional design in education based on Gamification. Throughout the paper, the main activities carried out by the ID professional are discussed, including needs analysis, content selection and organization, development of educational materials and evaluation of instructional effectiveness. In the educational context, ID plays a fundamental role in creating meaningful and effective learning experiences. It allows educators to adapt teaching to students’ individual needs, incorporating elements of multimedia, interactivity and gamification to make the learning process more engaging and relevant. As a result of the research, the growing importance of the ID professional in the educational field stands out. Effective integration of ID can lead to significant improvements in the quality of education, promoting equal access to knowledge and preparing students for the challenges of the 21st century.

Keywords: Instructional Design. Education. Digital technology.

INTRODUÇÃO

Os reordenamentos da educação contemporânea não cessam nesse ou naquele método. A cada reflexão positivo, novos acenos são ventilados ao encontro de meios que desaguem no conhecimento e na aprendizagem. Posto isso, surge com igual relevância, o Design Instrucional (DI) no contexto educacional contemporâneo, enfatizando-se que ele não apenas molda a forma como ensinamos e aprendemos, mas também revigora os processos de ensino e aprendizagem.

Para Filatro (2020), o DI é visto como uma ferramenta para resolver problemas específicos no campo educacional, cuja essência reside na cuidadosa concepção, desenvolvimento e implementação de estratégias educacionais específicas para promover a eficácia do processo de aprendizagem. Esse enfoque envolve uma variedade de elementos, incluindo métodos, técnicas, atividades, materiais, eventos e produtos educacionais. A abordagem holística do DI reconhece a complexidade do processo educacional, considerando diversos fatores que influenciam a experiência do aluno.

O destaque dado ao DI coloca no cerne de uma abordagem estruturada e organizada e tem em sua característica fundamental garantir a eficácia do processo educacional. O planejamento detalhado abrange desde a análise inicial das necessidades educacionais até a implementação prática em situações específicas de ensino. Essa abordagem visa criar uma sinergia entre os elementos selecionados, o que contribui para facilitar a aprendizagem humana. Em outras palavras, ao planejar cuidadosamente cada etapa do processo educacional, o DI busca otimizar a experiência de aprendizagem, garantindo que os recursos e estratégias educacionais sejam adequados às necessidades dos alunos e aos objetivos de ensino. (Barreiro, 2021).

Neste contexto, o Design Instrucional (DI) emerge como uma nova área de atuação relacionada à Educação, especialmente voltada para a produção de materiais didáticos. Trata-se de uma metodologia que se desenvolveu em consonância com as novas práticas pedagógicas, colocando o aluno como protagonista no processo de ensino e aprendizagem. Assim, “essa evolução fez com que novas maneiras de oferta de conteúdos instrucionais fossem repensadas, trazendo experiências inovadoras de aprendizagem para o perfil de educandos que surgiram a partir do aprimoramento das tecnologias da informação e comunicação” (Barreiro, 2021, p.04).

Este estudo visa proporcionar uma compreensão mais profunda do Design Instrucional, abordando suas complexidades, obstáculos e potenciais. Para alcançar esse objetivo, sua metodologia foi delineada com base na pesquisa em repositórios acadêmicos como o Google Acadêmico e o Scielo, priorizando a utilização de fontes confiáveis já publicadas sobre o assunto para embasar as discussões com o referencial teórico. A abordagem metodológica, predominantemente bibliográfica, adotada neste estudo é definida por Minayo (2018) como aquela que se refere ao processo de buscar e compilar referências bibliográficas relacionadas já publicadas.

O estudo trouxe um exemplo de aplicação de DI utilizando a gamificação no contexto educacional, o qual foi guiado pelo método ARCS (atenção, relevância, confiança e satisfação) no desenvolvimento a seguir, bem como as reflexões e teorias que sustentam as investigações propostas desta pesquisa.

METODOLOGIA

O estudo em questão foi embasado em uma abordagem metodológica exploratória de caráter qualitativo, recorrendo à revisão de literatura e à análise de documentos, bem como à investigação do marco jurídico-legal pertinente às tecnologias estudadas.

Gil (2019, p. 7) ressalta que a revisão de literatura é primordial para o avanço de projetos de pesquisa, ao permitir que o estudo seja contextualizado com base em trabalhos anteriores, criando assim um alicerce robusto para sua condução.

A construção dos alicerces teóricos e conceituais, através da revisão bibliográfica e da análise documental, habilitou a execução de avaliações críticas e fundamentadas dos estudos preexistentes.

REFERENCIAL TEÓRICO

O design instrucional como método de ensino e aprendizagem: caminho eficaz

O ser humano aprende de modo muito específico e até genuíno, no decorrer das suas vivências, sejam elas positivas ou negativas, filtrando, absorvendo, acumulando e, posteriormente, desenvolvendo o que for melhor para si. Na educação, os esforços e reinvenções metodológicas caminham na direção desse desenvolvimento, cabendo às novas engrenagens impulsionarem a aprendizagem e o conhecimento.

Ao falar de artefatos educacionais dinamizadores, Filatro (2008), vai dizer que não existe distinção significativa entre as ferramentas utilizadas na sala de aula, como livros didáticos, vídeos, computadores, réguas e outros recursos. O aspecto crucial é a maneira como são empregadas, alinhadas com o modelo de aprendizado estabelecido. O que verdadeiramente importa são as estratégias concebidas e implementadas para aproveitar as diversas tecnologias digitais disponíveis.

Na concepção de Filatro e Piconi (2004, n.p.) “o design instrucional é compreendido como o planejamento do ensino-aprendizagem, incluindo atividades, estratégias, sistemas de avaliação, métodos e materiais instrucionais”. Dada tal definição, entre tantas outras existentes, ao analisarmos a importância do DI para a educação é preciso levar em consideração que a atuação do profissional no campo educacional é profundamente influenciada por uma série de elementos interligados. A utilização eficaz de recursos tecnológicos, incluindo ferramentas digitais e plataformas educacionais, desempenha um papel crucial na facilitação do processo de ensino-aprendizagem. Da mesma forma, a presença de recursos humanos qualificados, como professores, tutores e especialistas em educação, é essencial para criar um ambiente educativo produtivo.

Além disso, a comunicação eficaz entre todos os envolvidos – professores, alunos, pais e colegas de trabalho – é fundamental para garantir uma troca de informações clara e construtiva. O engajamento da equipe educacional e o apoio institucional também são determinantes, pois demonstram um compromisso compartilhado com os objetivos educacionais e podem contribuir significativamente para a eficácia do processo educativo.

Eleva-se, portanto, as habilidades interpessoais do profissional, como empatia, comunicação eficaz e trabalho em equipe, desempenham um papel crucial na construção de relacionamentos positivos com os alunos e na promoção de um ambiente de aprendizado acolhedor e inclusivo. Além disso, a compreensão e aplicação dos princípios de Design Instrucional são fundamentais para criar experiências de aprendizagem significativas e engajadoras que atinjam seu pleno potencial educacional. Potencial esse que, segundo Filatro (2008, p.09), teve seu ápice graças à

[…] necessidade de incorporar tecnologias de informação e comunicação às ações educacionais. Isso porque, no aprendizado eletrônico, a qualidade das ações educacionais, em geral, não é assegurada pela pessoa que tradicionalmente é responsável por essa tarefa no ensino convencional: o educador […].

Campos (2022) vai dizer que vale ressaltar que o profissional de DI surge com uma tarefa muito importante quando o tema é a educação, pois é ele que imagina, planeja, elabora materiais didáticos, coordena projetos e articula as aulas em ambientes diversificados como empresas, universidades e estabelecimentos de ensino. Sendo assim o seu papel na educação tem como finalidade maior otimizar a aprendizagem, e isso perpassa pelo caminho da comunicação entre todos envolvidos na construção do conhecimento ao longo de cursos, treinamentos. Logo, a atuação de um design instrucional vai muito além dos conhecimentos técnicos. É ele que proporciona uma melhor experiência de estudos aos alunos de forma direcionada e eficiente, para que haja a completa absorção do conteúdo, engajamento e sucesso nos resultados esperados.

Na Educação a Distância, o Design Instrucional e sua engenhosidade, desenvolve programas de forma eficaz, visando otimizar o tempo e evitar desperdícios, sempre levando em consideração o perfil do público-alvo e acrescenta a essa modalidade de ensino e aprendizagem a percepção de que o “design instrucional surge para oferecer aos alunos a melhor experiência com o conteúdo e com o ambiente de aprendizagem”. (Lima, Merino & Triska, 2020, p.95). As aulas são realizadas no formato síncrono, através de chats e webconferências com uma vantagem interessante, onde todos os alunos podem estar conectados ao mesmo tempo, com acesso direto ao professor, como se estivesse em uma sala de aula, sendo que alguns podem estar até do outro lado do mundo. Já no formato assíncrono, a vantagem é que o aluno pode acessar a plataforma a qualquer hora, fazendo o seu próprio horário de estudo.

O DI, no contexto educacional, tem sua função multifacetada e vai além da simples criação de materiais educacionais ou do planejamento de aulas. Ao destacar a educação como campo de desenvolvimento do DI, Burak, Camargo, Paulo e Pereira (2004) ressaltam a necessidade de compreender o DI como uma integração eficaz entre forma e função, com o objetivo de assegurar a qualidade do ensino. Essa perspectiva enfatiza que o designer instrucional desempenha um papel crucial na realização dos objetivos educacionais estabelecidos pelo professor.

Os autores supracitados destacam ainda a importância de não apenas criar produtos educacionais, mas também de garantir que esses produtos atendam aos objetivos de ensino e promovam uma aprendizagem eficaz. Essa abordagem sugere que o DI não é apenas uma questão de design estético, mas sim uma combinação cuidadosa de elementos visuais, estruturais e pedagógicos para maximizar a eficácia do ensino.

Para Burak et al. (2004) na integração de diferentes elementos, como métodos de ensino, materiais, tecnologia e estratégias de avaliação, os autores reconhecem a complexidade envolvida no processo de design instrucional. Essa complexidade é evidenciada pela variedade de considerações que precisam ser feitas para garantir que o produto educacional atenda às necessidades dos alunos e dos objetivos de ensino.

Na referência dos modelos de DI existentes, o modelo de ADDIE: Analysis (Análise), Development (Desenvolvimento), Implementation (Implantação), Evaluation (Avaliação) segue as seguintes fases de desenvolvimento, em que:

Na fase de análise, o problema instrucional é esclarecido, destacando-se o perfil do público-alvo do material, além disso, as metas e os objetivos instrucionais são estabelecidos;

A fase de desenvolvimento é onde os desenvolvedores passam a criar e montar os ativos de conteúdo que foram idealizados na fase de projeto;

Durante a fase de implantação, um procedimento para a formação dos facilitadores e dos alunos é desenvolvido. A fase de avaliação consiste em duas partes: formativa e somativa. A avaliação formativa está presente em cada etapa desse processo, onde a avaliação somativa consiste em testes destinados a itens de critério de domínio específico, referenciados e capazes de oferecer oportunidades de feedback dos usuários. (Dias, Rodrigues & Rodrigues, 2014, p.06).

De acordo com a proposta deste estudo, a fase a seguir trouxe um estudo destacando a elaboração do DI, na perspectiva da Gamificação utilizada na educação. Nelson Studart (2022, p.07) aborda essa representação a partir da elaboração dos passos: 1. Destacar: objeto (sequência didática, curso, ambiente virtual de aprendizagem, outros) audiência, tópico, conteúdo e relações do conteúdo com o currículo; 2. Definir: Indicadores e metas de aprendizagem; e 3. Conceber o design segundo diretrizes gerais da gamificação.

Importa lembrar que o exemplo é uma instrução do autor daquilo que compete ao DI, enquanto desenvolvedor da aprendizagem guiada pela motivação dos alunos. Por essa razão este estudo não adotou um local específico de vivência dos alunos, mas sim instruções de como a gamificação pode ter seu framework instrucional elaborado em prol da educação. Sendo assim, conforme vimos nas explicações de Filatro, em outro momento deste estudo, o DI, ao pensar na proposta educacional, deve aplicar, analisar dados, avaliar as sequências de ensino e aprendizagem. Studart (2022) diz que chamar a atenção dos alunos é imprescindível e aponta o modelo ARCS (atenção, relevância, confiança e satisfação) de Jonh Keller, como um dos mais didáticos e conhecidos no DI. (Figura 01)

Figura 01 – Modelo ARCS

Fonte: Studart (2022)

Atrair a Atenção do aluno e despertar seu interesse pelo conteúdo implica em utilizar métodos e recursos que despertem o interesse dos alunos desde o início da aula ou atividade, como introduções envolventes, exemplos práticos, histórias relevantes, vídeos ou imagens impactantes, ao passo que enfatizar a relevância do conteúdo visa mostrar aos alunos a importância do que estão aprendendo, relacionando-o com seus interesses pessoais, objetivos futuros e experiências prévias. Isso pode ser feito através da contextualização do conteúdo, mostrando como ele se aplica na vida real ou como está conectado com outras áreas de conhecimento.

Nos estudos de Studart (2022) no fator de estímulo, o modelo ARCS dá ênfase à criação de um ambiente de aprendizagem que promova a confiança dos alunos em suas próprias habilidades para alcançar os objetivos de aprendizagem estabelecidos. Isso pode envolver fornecer feedback construtivo, definir metas alcançáveis, oferecer apoio individualizado e criar oportunidades para o sucesso dos alunos. no quarto elemento, satisfação, revela que a aprendizagem é valorosa e vale a pena esforços constantes, entre eles, reforçar o valor da aprendizagem aos alunos.

Para Studart (2022, p. 04):

Situando o conceito de gamificação frente aos games sérios, a gamificação trata do uso do design, ao invés da tecnologia baseada em games, dos elementos característicos de games, ao invés de um game completo, a ser aplicado em contextos de não-game

Nesse sentido, tem relevância extrema a aplicação do DI em educação, exemplificado na gamificação instrucional com foco na motivação, já que essa é um estímulo condicionado. Sendo assim, essas estratégias visam criar um ambiente de aprendizagem positivo e motivador, onde os alunos se sintam engajados, confiantes e valorizados em seu processo de aprendizagem.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pesquisa em questão procurou investigar a relevância da aplicação do design instrucional (DI) na educação, explorando o papel desse campo, suas práticas e o profissional de DI dentro do contexto educacional. O estudo buscou não apenas examinar as práticas existentes de design instrucional, mas também destacar a importância desse campo como um avanço nos processos de ensino e aprendizagem.

Sendo assim, os resultados desta pesquisa revelaram que o DI desempenha um papel fundamental na criação de ambientes de aprendizagem eficazes, indo além da simples elaboração de estratégias de ensino. O DI emergiu como uma disciplina que integra teorias de aprendizagem, princípios de design e tecnologia educacional para desenvolver experiências de aprendizagem que são eficientes, significativas e engajadoras para os alunos.

Consequentemente, o estudo demonstrou que o profissional de DI desempenha um papel multifacetado dentro do contexto educacional, atuando como um facilitador de aprendizagem, um designer de experiências educacionais e um colaborador na implementação de tecnologias educacionais inovadoras. Dito de outro modo, a pesquisa evidenciou a suma importância do DI como um avanço nos processos de ensino e aprendizagem, destacando sua capacidade de melhorar a qualidade da educação ao promover abordagens de ensino mais eficazes e centradas no aluno. Essa abordagem foi trazida a partir da representação da gamificação no DI, em que foi dado detalhes dos passos para a aplicação da proposta utilizando essa metodologia ativa de aprendizagem e ensino.

A autora deste estudo sugere-se que estudos futuros continuem a explorar e aprofundar a compreensão do papel do DI na educação, investigando questões como a eficácia de diferentes abordagens de design instrucional, o impacto do DI na motivação e no engajamento dos alunos, e a integração de tecnologias emergentes no processo de design instrucional. Esses esforços de pesquisa contínuos são essenciais para informar práticas educacionais mais eficazes e para promover avanços significativos no campo do design instrucional.

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