O CONSUMO DE FIBRAS NA PREVENÇÃO DA OBESIDADE NA INFÂNCIA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8009997


Eliane Freitas Ximendes Araújo dos Santos
Profª Karen Celiane das Chagas Cardoso.


RESUMO

Introdução: A obesidade infantil configura-se como um dos principais problemas de saúde pública a nível mundial. Objetivo: Analisar a influência do consumo de fibras na prevenção da obesidade na infância. Metodologia: Trata-se de um estudo descritivo do tipo Revisão de Literatura Integrativa que corresponde às análises de pesquisas importantes que darão suporte aos profissionais de nutrição quanto da tomada de decisão, melhorando a prática clínica, sintetizando o estado do conhecimento e identificando possíveis ausências no conhecimento que merecem a realização de novos estudos no que se refere ao consumo de fibras alimentares e sua relação com a prevenção da obesidade na infância. Resultados e discussão: A alimentação adequada e rica em fibras solúveis e insolúveis é fundamental no desenvolvimento da criança e na prevenção da obesidade, contribuindo na formação do ser integral e harmônico do indivíduo, além da formação dos bons hábitos, práticas e comportamentos. É destacado que as necessidades de preparar pais e mães para repassar uma educação alimentar digna para seus filhos, assim como alertá-los de que práticas de restrição alimentar ou o uso da alimentação como forma de controle podem resultar em diversos prejuízos ao desenvolvimento das crianças. Conclusão: A partir do desenvolvimento desse estudo, foi possível compreender que a obesidade na infância é um problema de saúde pública que afeta não apenas o crescimento e o desenvolvimento físico. Interfere também em questões sociais, emocionais e em vivências de situações estigmatizantes.

Palavras-chave: Infância, obesidade, fibras na dieta, dieta saudável.

ABSTRACT

Introduction: Childhood obesity is one of the main public health problems worldwide. Objective: To analyze the influence of fiber consumption on the prevention of childhood obesity. Methodology: This is a descriptive study of the Integrative Literature Review type that corresponds to the analyzes of important research that will support nutrition professionals in decision making, improving clinical practice, synthesizing the state of knowledge and identifying possible absences in the knowledge that deserve further studies regarding the consumption of dietary fiber and its relationship with the prevention of obesity in childhood. Results and discussion: Adequate food rich in soluble and insoluble fibers is fundamental in the development of the child and in the prevention of obesity, contributing to the formation of an integral and harmonious being of the individual, in addition to the formation of good habits, practices and behaviors. It is highlighted the need to prepare fathers and mothers to pass on a dignified food education to their children, as well as to alert them that practices of food restriction or the use of food as a form of control can result in several damages to the development of children. Conclusion: From the development of this study, it was possible to understand that obesity in childhood is a public health problem that affects not only growth and physical development. It also interferes with social and emotional issues and experiences of stigmatizing situations.

Keywords: Childhood, obesity, dietary fiber, healthy diet.

1 INTRODUÇÃO

A obesidade infantil configura-se como um dos principais problemas de saúde pública a nível mundial. Essa doença é crônica e multifatorial, caracterizada pelo acúmulo de gordura corporal, onde a criança encontra-se com o peso acima de 30% em relação ao peso ideal para a sua idade, gerando como consequência, complicações que se estenderam para a vida adulta se não controladas ainda na infância (WHO, 2017).

No Brasil, os estudos apresentados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam que esta patologia atinge 9,4% das meninas, e 12,4% dos meninos (WHO, 2017). Em relação à faixa etária, o excesso de peso acomete 15% dos infantes com idade inferior a dois anos, 12% com idade entre dois a cinco anos, e 25% de cinco a dez anos (UNIFESP, 2021).

A nutrição adequada nos primeiros anos de vida da criança é primordial para o seu desenvolvimento saudável, porém quando inadequada, pode trazer danos à saúde, como a carência de nutrientes, o desenvolvimento precoce de sobrepeso e obesidade e doenças crônicas associadas (HONICKY; KUHL; MELHEM, 2017).

De acordo com Paiva et al. (2018), a alimentação é a base biológica para a vida, essencial aos seres humanos principalmente para garantia de um desenvolvimento e crescimento adequados. A partir do momento em que essa se dá de forma bem-sucedida, durante a infância, a criança apresentará crescimento apropriado e, por consequência, terá um fortalecimento de relações entre pais e filhos (PAIVA, et al. 2018).

Sendo assim, é evidenciado que a alimentação saudável, além de proporcionar prazer, fornece energia e outros nutrientes que o corpo precisa para crescer, desenvolver e manter a saúde. A alimentação deve ser a mais variada possível para que o organismo receba os nutrientes essenciais para seu desenvolvimento pleno e manutenção do estado de saúde (BARBOSA et al., 2021).

Segundo Santos et al. (2017), a qualidade e a quantidade de alimentos consumidos pela criança são aspectos críticos e têm repercussões ao longo de toda a vida, associando-se ao perfil de saúde e nutrição, já que a infância é um dos estágios da vida biologicamente mais vulnerável às deficiências e aos distúrbios nutricionais.

Diante disso, as fibras fazem parte da categoria de alimentos funcionais, uma vez que a Paiva et al. (2018), apresenta a seguinte alegação para fibras alimentares: “as fibras alimentares auxiliam no funcionamento do intestino, seu consumo deve estar associado a uma dieta equilibrada de hábitos de vida saudáveis”.

O papel da alimentação equilibrada na manutenção da saúde é de grande interesse da comunidade científica, que tem produzido inúmeros estudos com o intuito de comprovar a atuação de certos alimentos na prevenção de doenças, tendo em vista que o aumento da obesidade em crianças e adolescentes é particularmente preocupante, uma vez que a obesidade, principalmente na adolescência, é fator de risco para a obesidade na vida adulta (BARBOSA et al., 2022).

O principal motivo que conduziu a escolha dessa temática para elaboração deste projeto foi a crescente preocupação observada atualmente no que diz respeito à criação de hábitos alimentares que sejam capazes de suprir a demanda do público infantil, que, por se encontrar em fase de crescimento, requer uma alimentação com valores nutricionais adequados (MANTOVANI, et al. 2021). Levantando-se a partir disso o seguinte questionamento: Qual a relevância do consumo de fibras alimentares para a prevenção e controle da obesidade na infância?

Nesse sentido, o objetivo geral desse estudo é analisar a influência do consumo de fibras na prevenção da obesidade na infância. E os específicos: conhecer os aspectos alimentares na infância; compreender o processo de formação do comportamento alimentar infantil; identificas os aspectos que cercam a obesidade na infância.

2. REFERÊNCIAL TEÓRICO

2.1 Alimentação na infância

As preferencias alimentares de bebês são influenciadas por odores dos alimentos que suas mães ingeriram durante a gravidez e a amamentação, repassados pelo líquido amniótico e leite materno, respectivamente. Como possível consequência, transmite aos seus filhos experiências sensoriais precoces de alimentos viciantes, se houver esse consumo por suas mães (MAXIMINO et al., 2016).

Diversos estudos mostram que as crianças que realizam desjejum, tem uma maior qualidade nutricional, maior consumo de micronutrientes, consumo de alimentos variados, minimizando o consumo de comidas menos nutritivas, podendo contribuir no controle do peso corpóreo, comparado às crianças que não o realizam (GERMANO et al., 2022).

A alimentação complementar é compreendida como a introdução de qualquer alimento líquido ou sólido além do leite materno, ofertado durante o período de aleitamento materno, no primeiro ano de vida. Geralmente é recomendada em torno dos 6 meses, pois o leite materno é suficiente para suprir as necessidades do bebê até nesta idade (GEDDES et al., 2017).

A alimentação saudável, além de proporcionar prazer, fornece energia e outros nutrientes que o corpo precisa para crescer, desenvolver e manter a saúde. A alimentação deve ser a mais variada possível para que o organismo receba todos os tipos de nutrientes (JOHNSON et al., 2016).

O conhecimento de diferentes alimentos é essencial para a aquisição de uma alimentação variada, o que constitui uma das premissas fundamentais para uma alimentação saudável. A oferta de vegetais (verduras, folhosas e legumes) e frutas é determinante não só do consumo, mas também da preferência por este tipo de alimentos (NIEUWENHUIS et al., 2016).

Outro fator a ser considerado é a adequação dos alimentos, variedades, consistências, texturas bem com o uso de copo e colher, respeitar o desenvolvimento da criança. É importante estimula a partir de certa idade a se alimentar com as próprias mãos (BATHORY; TOMOPOULOS, 2017).

Do ponto de vista da composição nutricional, não é recomendada a introdução de alimentos com altos teores de sal e açúcar refinado e excesso de gorduras saturadas, além dos industrializados, sobretudo os ultra – processados e os considerados supérfluos, o que inclui os doces e as guloseimas. É consensual que a introdução de frutas, legumes e verduras no primeiro ano de vida contribui para a instalação de hábitos alimentares saudáveis (CALDER et al., 2020).

A boa prática alimentar promove a saúde do indivíduo, prevenindo-o contra doenças como obesidade, anemias, diabetes tipo II, cardiopatias, síndromes metabólicas e outras morbidades associadas aos altos e crescentes índices de obesidade observados nas crianças (JOHNSON et al., 2016).

Quadro 1 – Possíveis causas de problemas alimentares na infância

Causas Orgânicas Infecções (especialmente problemas respiratórios).  Desordens na motilidade intestinal (vômitos, diarreia, refluxo, intolerância e alergias).  Parasitoses intestinais.  Transtornos do sistema nervoso central.  Transtornos metabólicos congênitos.  Carências vitamínicas e/ou deficiências minerais.  Desnutrição.
Causas Comportamentais Psíquicas Distúrbios da dinâmica familiar (alteração no vínculo mãe-filho, tensão familiar, dificuldade dos pais em estabelecer limites, mudanças na rotina, separação dos pais, falecimento na família, nascimento de um irmão).  Distúrbios emocionais da criança (problemas de ajustamento, negativismo, busca de atenção, satisfação de desejos).  Desmame e/ou introdução alimentar inadequados.  Falta de conhecimento dos pais a respeito do desenvolvimento do comportamento alimentar da criança.
Causas Comportamentais Dietéticas Monotonia alimentar.  Papas liquidificadas.  Peculiaridades desagradáveis quanto ao sabor, à aparência, ao odor e à temperatura da comida.
Outras Causas Condições ambientais físicas desagradáveis.  Desacerto entre horários de sono e/ou escolares e horário de alimentação.  Ausência de maturação dos movimentos da língua / medo de engasgar.  Excessiva dependência dos pais

Fonte: CARTER et al., (2016).

2.2 Processo de formação do comportamento alimentar infantil

A formação do comportamento alimentar tem início na infância, nos primeiros meses de vida e, com o tempo, se configura como o resultado da interação entre fatores genéticos e ambientais. A alimentação saudável pode garantir saúde, bom crescimento e desenvolvimento das crianças, além de prevenir doenças e evitar deficiências nutricionais, a exemplo da anemia. Crianças que nos primeiros meses de vida deixam de ser amamentadas e recebem alimentos não saudáveis ao invés de alimentos caseiros e regionais, têm maiores possibilidades de adquirirem, ainda na infância, doenças como obesidade, pressão alta e diabetes. Os primeiros anos de vida de uma criança são caracterizados por rápida velocidade de crescimento e desenvolvimento digestório e neuropsicomotor, incluindo habilidades tais como: receber, mastigar e digerir outros alimentos além do leite materno (SBP, 2017).

Segundo Aparício et al. (2016) este período é crucial, uma vez que é através da ingestão repetida e variada que a criança conhece novos sabores, exercita o seu paladar e aprende a gostar e a associar sabores com reações ou sensações de satisfação. De acordo com o Manual de orientação do departamento de nutrologia seguindo o modelo tradicional de alimentação complementar após os 6 meses a alimentação deve ser espessa e oferecida com colher, iniciando com uma consistência pastosa e progredindo gradativamente a consistência até chegar à alimentação da família (SBP, 2017).

Contrapondo o modelo tradicional, em 2008 surgiu uma nova abordagem sobre introdução alimentar, desenvolvida pela enfermeira britânica Gill Rapley. Trata-se do Baby-Led Weaning (BLW) ou desmame guiado pelo bebê, considerado um método alternativo que promove a auto alimentação a partir dos seis meses, no qual os alimentos, consumidos preferencialmente pela família, são oferecidos em pedaços em forma de bastões e tiras, permitindo que a criança se alimente sozinha, propiciando independência e uma intensa exploração sensorial, diferentemente do método tradicional, no qual os pais alimentam os filhos (parent-led) com o uso de colher, por meio de papas e com a adaptação da textura da alimentação de forma gradual (SBP, 2017).

Esse método vem ganhando popularidade entre os pais, principalmente no Reino Unido e na Nova Zelândia, cujos departamentos de saúde recomendam os alimentos oferecidos em pedaços desde o início da introdução alimentar e aos sete meses, respectivamente (BROWN et al., 2017).

A abordagem propõe diversos benefícios, como prevenção da obesidade devido à autorregulação respeitada, maior consumo de frutas e legumes, melhor desenvolvimento de habilidades motoras e efeitos positivos no comportamento dos pais. A criança é estimulada a participar das refeições em família, sem pressões quanto ao tempo e à quantidade para se alimentar e é estimulada a interagir com os alimentos, explorando amplamente aspectos sensoriais, por meio de diferentes texturas, e consequentemente criando uma melhor relação com a comida (RAPLEY; MURKETT, 2017).

O ensino da nutrição à criança está muito relacionado também com a disponibilidade do alimento na residência e o ensinamento da importância de consumir alimentos saudáveis. A oferta de frutas e legumes diariamente, faz criar na criança o hábito alimentar saudável. Uma prática de ensino de nutrição é envolver a criança na escolha e no preparo da alimentação, incentivando-a a escolher e experimentar novos alimentos, porém monitorando quanto ao consumo de alimentos menos saudáveis (TAVARES, et al. 2016).

É importante analisar o contexto em que é realizada a alimentação da criança, de modo a propiciar um ambiente prazeroso. Portanto é primordial fazer com que a criança desenvolva interesse e prazer em se alimentar, sentir‐se confortável, não haver distração, refeição em local adequado, alimento saudável e com boa apresentação, de forma que a criança consiga distinguir diferentes sabores e texturas (SILVA et al.,2016).

Assim, a alimentação da criança deve ser entendida como um fenômeno sociocultural e econômico, pois, para escolher os alimentos e o momento em que serão oferecidos, os pais ou responsáveis consideram as experiências já vividas, o valor comercial dos alimentos, alimentos disponíveis no mercado e outros fatores sociais e culturais (MELO, 2021).

2.3 Obesidade: Definição e Causalidades

A obesidade pode ser explicada, de forma simples, como um depósito de gordura corpo que está relacionada a riscos para a saúde, por ter uma relação com muitas complicações metabólicas. Nas últimas décadas a obesidade teve um aumento principalmente nos países em desenvolvimento. Sua causa está relacionada a diversos fatores genéticos, metabólicos, sociais, comportamentais e culturais. Além de ser destacada como um problema de saúde pública trazendo diversas consequências para a saúde afetando diretamente a qualidade de vida (TAVARES, et al. 2016).

A doença atrelada a má ingestão calórica que leva ao aumento de peso corporal. Porém, a obesidade se destaca com o aumento de peso excessivo. No entanto, temos como parâmetro para medir os níveis de obesidade na população e na prática clínica o Índice Massa Corporal (IMC), que é realizado através da relação entre o peso e estatura (ANJOS, 2016).

O que pode trazer riscos para saúde além do excesso de peso, a formar que esta gordura está distribuída no corpo, na maioria das vezes se localizando na região abdominal, podendo trazer maiores riscos para a saúde. Desta forma, entre o grupo das doenças e agravos não transmissíveis (DANT) está obesidade (OMS, 2021).

A obesidade é ocasionada pelo consumo exagerado de alimentos como; gordura, carboidratos e proteínas, assim, trazendo o aumento de gordura no organismo, por meio de alimentos que não são usados pelo organismo como fonte de energia. A obesidade é causada pelo consumo exagerado de alimento e menor gasto energético, sendo que para uma pessoa obesa o consumo de 9,3 Kcal é transformado em 1g de gordura, por isso para uma pessoa se manter obesa só precisa ter um consumo igual ao gasto energético (MAGALHÃES et al., 2016).

Adicionalmente, Prestes et al. (2016) salienta que algumas pessoas têm maior facilidade para acumular gordura, e dificuldade para gastar energia, por causa do seu metabolismo. Portanto, o aumento de peso e por meio do maior consumo de calorias e menor nível de atividade física.

Por fim, Silva (2021), ressaltam um dos três fatores que causam a obesidade e a genética e os outros dois são: a diminuição do gasto energético e o aumento do consumo calórico. Outro fator do aumento da obesidade são as causas ambientais. Que se refere ao aumento do número de pessoas em uma família, a classe social, a falta de apoio dos pais e outros que podem atuar bastante nos hábitos alimentares e na atividade física.

É citado por Sousa et al., (2018), que o sobrepeso e obesidade estão ligados ao progresso de doenças, como: diabetes melitos tipo 2, dislipidemia, doenças cardiovasculares, doenças do aparelho respiratório, doenças do aparelho locomotor e doenças da hipertensão arterial.

3. METODOLOGIA

Trata-se de um estudo descritivo do tipo Revisão de Literatura Integrativa que corresponde às análises de pesquisas importantes que darão suporte aos profissionais de nutrição quanto da tomada de decisão, melhorando a prática clínica, sintetizando o estado do conhecimento e identificando possíveis ausências no conhecimento que merecem a realização de novos estudos no que se refere ao consumo de fibras alimentares e sua relação com a prevenção da obesidade na infância (SOUSA, OLIVEIRA, ALVES, 2021).

A elaboração deste estudo seguiu as seis etapas de uma revisão integrativa, sendo: identificação do tema e seleção da hipótese ou questão de pesquisa para a elaboração da revisão integrativa; estabelecimento de critérios para inclusão e exclusão de estudos; definição das informações a serem extraídas dos estudos selecionados/ categorização dos estudos; avaliação dos estudos incluídos na revisão integrativa; interpretação dos resultados; apresentação da revisão/síntese do conhecimento (SOUSA, OLIVEIRA, ALVES, 2021).

Tal revisão parte da coleta de dados realizada a partir de fontes secundárias, por meio de levantamento bibliográfico, tendo a finalidade de reunir e sintetizar conhecimentos recentes pertinentes ao consumo de fibras alimentares e sua relação com a prevenção da obesidade na infância.

Para o levantamento dos artigos na literatura, realizou-se uma busca nas seguintes bases de dados: Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Scientific Electronic Library Online (SciELO), e MEDlars online (MEDLINE), no período de 2018 à 2022.

Foram utilizados, para busca dos artigos, os seguintes descritores e suas combinações nas línguas portuguesa e inglesa: Infância, obesidade, fibras na dieta, dieta saudável. Estes descritores foram extraídos dos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS).

Os critérios de inclusão definidos para a seleção dos artigos foram: artigos publicados em português e inglês; artigos disponíveis na íntegra; artigos que retratam a temática abordada e que, portanto, atendessem aos objetivos desta revisão; presentes nas bases de dados selecionadas.

Entre os critérios de exclusão foi considerado os artigos com data de produção e publicação fora do período estabelecido nos últimos 5 anos. Após a busca dos artigos e a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, estes foram selecionados, precedendo-se à leitura em aprofundamento afim de extrair as informações necessárias à composição dos resultados e discussão desta revisão.

Através do cruzamento dos descritores “Infância” AND “obesidade” AND “dieta saudável” foram encontrados 2 estudos na base de dados SCIELO, 13 estudos na base de dados LILACS, e 81 na MEDLINE.

Através do cruzamento dos descritores “Infância” AND “obesidade” AND ”fibras na dieta” foram encontrados 1 estudos na base de dados SCIELO, 3 estudos na base de dados LILACS, e 22 estudos na MEDLINE.

Através do cruzamento dos descritores “obesidade” AND “dieta saudável” AND “fibras na dieta” foram encontrados 1 estudos na base de dados SCIELO, 6 estudos na base de dados LILACS, e 25 estudos na MEDLINE.

No total, foram identificados 154 estudos, sendo excluídos 29 artigos por duplicidade e 37 artigos por não estar relacionado à temática. Posteriormente, realizou-se a leitura na íntegra dos artigos e aplicação dos critérios de seleção, nos quais foram excluídas 78 publicações, resultando na composição de 10 estudos primários na síntese final (Figura 1).

Figura 1- fluxograma de representação com as fases de identificação, seleção, elegibilidade, inclusão de artigos.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Durante o período da infância pode-se observar um aumento significativo tanto da massa magra, quando de gordura corporal. Devido a este fato, podemos monitorizar estas variáveis e assim, identificarmos possíveis problemas de saúde que podem ser apontados por estes índices através do aumento de gordura corporal, tal como, índices significativos de baixo peso durante este período da vida (SILVA, 2021).

Segundo a OMS (2021), a obesidade é definida como um acúmulo anormal ou excessivo de gordura corporal que pode atingir graus capazes de afetar a saúde. A obesidade se faz presente desde a época paleolítica, sabe- se através de estudos, da existência de indivíduos obesos há mais de 25.000 anos atrás, no entanto, nunca atingiu proporções alarmantes como as atuais.

Consideram-se como as principais causas da obesidade o sedentarismo, o alto consumo de alimentos não saudáveis, como fast food e consumo de alimentos industrializados. Dados divulgados pelo IBGE em parceria com o Ministério da Saúde colocam em evidencia que 1 em cada 3 crianças de 5 a 9 anos está acima do peso recomendado pela OMS, dentre os meninos 16,6% são obesos, enquanto nas meninas 11,8%. Nota-se que comparado com pesquisas realizadas em 1974, o excesso de peso entre as crianças mais do que triplicou (OMS, 2021).

Muitas atividades, hábitos e práticas envolvem fatores de risco. As práticas de hábito de vida e comportamentos podem ter efeitos negativos e positivos na saúde. As práticas com efeitos potenciais negativos são fatores de risco; as mesmas incluem hábitos de vida sedentários, nutrição deficiente ou excesso de alimentação, descanso e sono insuficiente e higiene pessoal insatisfatória (GERMANO et al., 2022).

A definição da obesidade leva a crer que esta trata-se de um distúrbio nutricional e metabólico de origem multifatorial, um estado em que o percentual de gordura corporal no indivíduo se encontra elevado por causa de um desequilíbrio entre a ingesta e o gasto de energia. Fatores genéticos, emocionais e estilos de vida estão intimamente relacionados à sua gênese ou manutenção (CALDER et al., 2020).

A obesidade na infância pode sobrevir tanto da genética como da ingestão de grande quantidade de gordura e de calorias. Além disso, a falta de atividades físicas e muito tempo despendido nas redes sociais, em jogos interativos e em frente à televisão podem contribuir para o acirramento do problema. As crianças que convivem com a obesidade tendem a se tornar adultos obesos e a apresentar complicações clínicas provenientes do sobrepeso, assim como ter sua expectativa de vida diminuída (SILVA, 2021).

Diante disso, é de suma importância que os indivíduos na fase da infância sejam estimulados a terem uma rotina com hábitos alimentares saudáveis que contribuam para o seu crescimento e desenvolvimento, realizando alimentações que contemplem fibras e nutrientes que sejam necessários para repor as energias diárias, sem causar danos e desenvolver doenças como a obesidade (CAPISTRANO et al., 2022).

A alimentação que é rica em fibras solúveis e insolúveis é tida como fundamental para que o indivíduo na fase da infância desenvolva-se e que previna doenças crônicas e maléficas como a obesidade, a qual pode ser apenas o inicia de uma vida cheia de limitações e de baixa qualidade (PIASETZKI; BOFF, 2018).

Sabe-se que uma alimentação baseada em itens industrializados elevam a chance de desenvolver doenças cardíacas, gastrointestinais, respiratórias, além de dislipidemias, infartos e até óbito, sendo importante para sua prevenção de acordo com Mota et al., (2021) a adoção de um estilo de vida saudável, com a inclusão de alimentos saudáveis, a prática de exercícios físicos, além do estímulo familiar.

É importante evidenciar que o nutricionista é muito importante na orientação e acompanhamento dos hábitos alimentares, pois este atua diretamente no processo de desenvolvimento e de hábitos alimentares na infância, sendo assim, o principal mediador da prevenção de doenças proveniente de maus hábitos alimentares (LIMA et al., 2021).

5. CONCLUSÃO

A partir do desenvolvimento desse estudo, foi possível compreender que a obesidade na infância é um problema de saúde pública que afeta não apenas o crescimento e o desenvolvimento físico. Interfere também em questões sociais, emocionais e em vivências de situações estigmatizantes.

Esse estudo mostrou que a obesidade na infância está associada a fatores pré-existentes que colaboram para o surgimento do aumento de peso, sendo eles principalmente biológicos, sociais e nutricionais. Em geral, cada um deles tem um impacto diferenciado de acordo com as circunstâncias, mas atuam de forma inter-relacionada e complexa. Daí a dificuldade de isolar apenas um fator associado.

Nesse viés, o consumo de fibras e uma alimentação saudável são consideradas essenciais na prevenção da obesidade na infância, tendo em vista que uma má alimentação compromete todo o organismo da criança. Por isso, hábitos alimentares saudáveis são essenciais para evitar doenças e impedir o desenvolvimento da criança.

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