THE BRETON HORSE: TRADITION QND INNOVATION IN AGRICULTURAL ACTIVITIES
EM CABELO BRETÓN: TRADICIÓN E INNOVACIÓN EM LAS ACTIVIDADES AAGRÍCOLAS
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/pa10202409151914
Lenir Virginia Dos Santos Vieira1; João Victor Freire De Souza2; Karina Abrahamsen De Aguiar Amorim3; João Gabriel De Souza Santos4; José Guilherme Gomes De Oliveira5; Júlia Lapagesse Marques Carriço6; Alana Camargo Poncio7
RESUMO:
O presente artigo teve por objetivo pesquisar e analisar a origem do cavalo na agricultura assim como o processo de domesticação, o papel que desempenha no agronegócio, características do cavalo Bretão e sua contribuição ao longo da história até a atualidade na modernização agrícola. De origem francesa o cavalo Bretão é reconhecido como um cavalo de tração de temperamento dócil e fácil manejo. Muito utilizado por pequenos e médios agricultores devido sua força e criação simples. A inserção do cavalo nas conquistas humanas trouxe grandes avanços no setor econômico e social e ainda hoje contribui para atividades voltadas tanto a esportes quanto ao trabalho no agronegócio. O serviço de atrelagem realizado pela raça ainda é mantido em regiões agrícolas que necessitam de tração animal para a realização de suas funções. Com sua alta capacidade e resistência o Bretão bem treinado e alimentado é capaz de transportar quatro vezes o seu próprio peso. Mesmo diante da modernização e implementos de máquinas agrícolas o Bretão ainda apresenta papel relevante para a agricultura familiar, regiões montanhosas e florestais.
PALAVRAS-CHAVE: Agronegócio, Bretão, Modernização agrícola, Atrelagem
ABSTRACT:
This article aimed to research and analyze the origin of the horse in agriculture as well as the domestication process, the role it plays in agribusiness, characteristics of the Breton horse and its contribution throughout history to the present in agricultural modernization. Of French origin, the Breton horse is recognized as a draft horse with a docile temperament and easy handling. Widely used by small and medium-sized farmers due to its strength and simple creation. The inclusion of the horse in human achievements brought great advances in the economic and social sector and still contributes to activities related to both sports and work in agribusiness. The harnessing service performed by the breed is still maintained in agricultural regions that require animal traction to carry out their functions. With its high capacity and resistance, the well-trained and fed Breton is capable of carrying four times its own weight. Even in the face of modernization and implements of agricultural machinery, Breton still plays a relevant role for family farming, mountainous and forestry regions.
KEYWORDS: Agribusiness, Breton, agricultural modernization agricultural, Coupling
RESUMEN:
Este artículo tuvo como objetivo investigar y analizar el origen del caballo en la agricultura así como el proceso de domesticación, el papel que juega en la agroindustria, las características del caballo bretón y su contribución a lo largo de la historia hasta el presente en la modernización agrícola. De origen francés, el caballo bretón es reconocido como un caballo de tiro de temperamento dócil y fácil manejo. Muy utilizado por pequeños y medianos agricultores debido a su resistencia y sencillez de creación. La inclusión del caballo en las realizaciones humanas trajo grandes avances en el sector económico y social y aún contribuye a actividades relacionadas tanto con el deporte como con el trabajo en la agroindustria. El servicio de arneses que realiza la raza aún se mantiene en regiones agrícolas que requieren de tracción animal para realizar sus funciones. Gracias a su gran capacidad y resistencia, el bretón bien entrenado y alimentado es capaz de transportar cuatro veces su propio peso. Incluso frente a la modernización y a la implantación de maquinaria agrícola, el bretón sigue desempeñando un papel relevante en la agricultura familiar, en las regiones montañosas y forestales.
PALABRAS CLAVE: Agronegocios, Bretón, Modernización agrícola, Abandono
1. Introdução
A relação estabelecida entre homens e cavalos não é de hoje e essa parceria foi fundamental para o desenvolvimento da civilização e da agricultura. A história dos cavalos começou à aproximadamente 50 milhões de anos e destacou – se o aspecto selvagem e a utilização como fonte alimentar do homem primitivo. Contudo, ao longo dos tempos se tornou indispensável na construção econômica, social e política da humanidade (NASCIMETO; JUNIOR, 2021).
Os cavalos da raça Bretão, são originários da região noroeste da França entre os séculos XII e XIII por meio dos Celtas que levaram os equinos Bidets para a Bretanha. Estes animais foram submetidos ao cruzamento com outras raça dando origem as características distintas da raça Bretão. No século XVIII foram estabelecidas os haras nacionais, época em que Napoleão exigiu a melhoria dos cavalos de origem francesa. Deste modo, estes animais ganharam reconhecimento como cavalo de tração e definidos como Bridet Breton passando por vários cruzamentos até alcançarem garanhões ingleses da raça Suffolk, resultando no Trait Postier Breton, um cavalo alto, mais energético, consolidando a reputação do Bretões como excelentes cavalos de tração (ABCCB, 2020).
A utilização dos equinos no trabalho agrícola proporcionou um cenário muito importante durante a história e se prolongou até hoje nos trabalhos agrícolas, onde a tração animal desempenha um papel relevante principalmente em propriedades pequenas e médias além de áreas de difícil acesso (NASCIMENTO; JUNIOR, 2021). Entretanto, Cintra (2018) enfatiza que entre as várias espécies o Bretão é o preferido entre os pequenos produtores devido sua força, resistência e temperamento dócil ajudando a garantir a sustentabilidade e eficiência das práticas rurais.
Diante disto, torna – se relevante mostrar a história do cavalo da raça Bretão, sua introdução na agricultura e a importante participação em diferentes momentos durante os anos, destacando os impasses enfrentados devido a mecanização agrícola que estremeceu seu valor e funcionalidade. Além de sua evolução genética, domesticação e contribuição na área rural devido sua resistência e porte robusto.
O objetivo desta revisão literária é investigar a origem do cavalo na agricultura, sua transição, principais características e o lugar que ocupa no agronegócio brasileiro. Esclarecer como um cavalo de temperamento dócil utilizado em modalidades de exposição e lazer consegue exercer funções relacionados ao trabalho dos pequenos e médios agricultores.
2. Referencial Teórico
2.1 – A origem do cavalo no Trabalho Agrícola
A história mais remota dos equinos surgiu à aproximadamente 50.000.000 A.C e os períodos iniciais o retrataram como um animal selvagem e fonte de alimento para o homem primitivo. Contudo, ao longo da história representou importante papel na construção econômica, política e social ao ponto da civilização está fortemente entrelaçada ao avanço da modalidade equestre. O processo de domesticação possibilitou o homem a utilização deste animal como fonte de trabalho e lazer, o que permitiu avanços na agricultura (NASCIMENTO; JUNIOR, 2021).
Com a necessidade de evolução e conquistas o homem encontrou no cavalo um recurso significativo para o seu desenvolvimento. Deste modo, a domesticação de equinos representou um marco na história da humanidade. (CINTRA, 2018). Conforme salienta o mesmo autor, estes animais passaram pelo processo de amestração por volta dos anos 4.500 e 2.500 A.C entre a China e Mesopotâmia e se difundiu na Ásia, Europa, e norte da África.
Para Cintra (2018) a descoberta das potencialidades do cavalo pelo homem variou de transporte de carga, batalhas, diversão à competições esportivas. As atividades que o equino desenvolvia era e é superior ao esforço físico humano. Na história de conquistas da humanidade os cavalos se fizeram presentes e proporcionaram a certeza de conquistas devido sua agilidade, força e nobreza.
Todavia, Nascimento; Junior (2021) afirmam que a domesticação de cavalos foi muito importante para o crescimento das civilizações asiáticas e europeias pois, atingiu tanto a área sócio – cultural como a econômica, uma vez que o animal alcançou a posição de figura central nas atividades compatíveis às artes, guerra, transporte, lazer e esporte.
Desde os primórdios até a atualidade os cavalos são utilizados como ferramentas para realização de atividades agrícolas. No Brasil sua inserção ocorreu com a chegada do sistema de capitanias hereditárias de Martim Afonso da Souza em 1534, não existindo antes disso nenhuma espécie de equideo no território brasileiro que hoje é reconhecido como uma potência mundial no agronegócio que fornece insumos, produtos e serviços para criação (NASCIMENTO;JUNIOR, 2021).
A presença do equino na tração animal é de grande relevância por inúmeros motivos, entre eles a escala de muitas propriedades e a declividade de algumas áreas. O Censo Agropecuário de 2006 demonstrou que cerca de 25% da força total, animal e mecânica, é utilizada nas propriedades rurais, mais de 55,11% dos estabelecimentos usam algum tipo de tração e nas pequenas propriedades 50% de tração era exclusivamente animal. Há cerca de 3,9 milhões de equinos em atividades de lida, contudo o Brasil ainda possui um baixo número de montaria por peão, no entanto, existe um forte crescimento na equinocultura (MAPA 2016).
2.2 – O papel do cavalo na agricultura
O cavalo sempre teve notória importância em toda história das civilizações, desde fonte alimentar à atividades de tração nas fazendas e cidades. No Brasil especificamente, existe a formação de rebanhos equinos que estão fortemente ligados às atividades de produção. A pesar do surgimento de novas modalidades a cultura da tração animal e criação persiste no agronegócio (CARVALHO, 2020).
Carvalho (2020) esclarece que a utilização de animais como meio de tração existe desde a pré – história, além de ser um caminho mais viável para pequenos produtores por auxiliar o movimento de máquinas estacionárias, fracionar implementos, montaria e transporte de mercadorias. A utilização de cavalos representa um triunfo das atividades efetuadas nas fazendas de pecuária de corte e leite disperso por todo território. Corresponde por inúmeros serviços na lida devido sua agilidade, resistência e conforto.
Meireles e Fernandes (2020) assegura que desde o surgimento da raça humana o indivíduo sempre esteve entrelaçado as práticas que envolvessem o cultivo da terra. O agronegócio não se limita a conceitos básicos como agricultura e pecuária mas envolve um complexo de tudo que é relativo a produção rural e interfere diretamente no progresso do país. Neste cenário o cavalo é peça crucial no desenvolvimento de pequenas e grandes propriedades.
A equideocultura é regulada no ordenamento jurídico brasileiro por meio da lei, contudo, não atende os anseios dos profissionais da área do cavalo no Brasil, o que levanta uma discussão que justifique uma nova legislação que esteja de acordo com a contemporaneidade do agronegócio do cavalo brasileiro. Porém o cenário de produção de cavalos se expandiu e modernizou, o que fez com que outras modalidades ganhassem força e se difundissem pelo país necessitando de atenção, estudo, pesquisas e regulamentação jurídica constitucional uma vez que o agronegócio e a equideocultura é de alta relevância para o país (MEIRELES E FERNANDES 2020).
2.3 – Características do cavalo Bretão
De origem francesa o cavalo Bretão teve início em 1930 na região da Bretanha (noroeste francês). Sua raça é constituída da junção de Suffolk (inglês), Ardennes e Percheron (francesa) que foram sendo cruzados com éguas nativas de médio e grande porte que após anos de cruzamento foi adquirido o padrão que se divide em: Trair, Postier e Pitit Breton (CINTRA 2018).
A chegada do Bretão ao Brasil se deu através do exército que necessitava de um animal para puxar os equipamentos de artilharia, ocorrendo as primeiras importações em 1927 pelo estado de São Paulo e posteriormente mais cem reprodutores para Coudilarias de Tindiqüera (PR), Alepe (MG) e Campo Grande (MS). Com a chegada da mecanização o rebanho foi reduzido e vendidos em leilões, contudo, algumas dezenas de criadores paranaenses cuidaram da sua preservação (CINTRA, 2018).
Com a tentativa de manutenção da raça outras importações foram sendo realizadas e hoje o Brasil apresenta o segundo maior plantel perdendo somente para a França. CINTRA (2018) afirma que o cavalo Bretão é uma das raças preferidas por pequenos e médios criadores sendo muito utilizado para puxar carroças e implementos agrícolas.
No que diz respeito às suas características físicas o Bretão é considerado um cavalo de porte médio, brevilíneo com temperamento dócil e de fácil manejo. Sua pelagem é marcada pela cor alazã e castanho com variações como apresenta a figura 1. Também é incluso o tordilho porém não sendo admitida tortilha, pampa e albino. Sua altura corresponde nos machos à no mínimo 1,52 metros enquanto as fêmeas o mínimo é de 1,47 metros, mas ambos podem chegar a 1,70 metros. O peso do macho tem uma média de 850 Kg, fêmea 650 Kg podendo chegar a 1.100 Kg ( CINTRA 2018).
Figura 1: Exemplar da raça Bretão
FONTE: CINTRA, André Galvão de Campos (2018, p.132)
2.4 – A importância do cavalo Bretão no trabalho agrícola
A contribuição no setor agrícola é de grande relevância uma vez que suas principais funções configura – se em puxar carroças e tracionar sob rodas. O cavalo Bretão bem treinado e alimentado é capaz de transportar até quatro vezes mais do que seu próprio peso. Além de sua criação ser simples podendo se desenvolver no campo e se alimentar de capim com complementação de sal mineral sendo acrescida de pequena quantidade de ração granulada em menor quantidade que outras raças. As fêmeas são ótimas produtoras de leite com até 32 litros diários. Tais animais tem como função principal no Brasil a atrelagem, volteio, sela, trabalho florestal, ama de leite e receptoras de embrião (CINTRA 2018).
A associação brasileira de criadores do cavalo Bretão cita como principais contribuições o lazer, esporte e trabalho. E descreve a importância que esses animais exercem nas regiões agrícolas que necessitam de tração animal, além de trazer benefícios econômicos em fazendas e propriedades de reflorestamento ou agricultura orgânica.
De acordo com a associação antes mencionada, a atrelagem animal representa hoje uma das maiores funções vinculadas a tração. Os implementos do trabalho agrícola mais utilizadas são carroções, arados e grades onde se orienta o uso de coalheira visando o equilíbrio da força empregada e o deslocamento sem gerar danos ao animal, uma vez que garantir o bem estar do equino é um dos pilares que sustentam um trabalho mais assertivo e respeitoso.
Atualmente a equinocultura vivencia momentos importantes no Brasil devido o crescimento em todos os segmentos de insumo, valorização dos animais e eventos realizados. Na área de trabalho as éguas vem ganhando destaque pois são elementos fundamentais no desenvolvimento da criação. Visto que são amas de leite para cavalos de hipismo dentre outros. Além da produção média de leite superar outras raças e ter excepcional habilidade materna (CAMPELO, 2008).
5. Conclusão
O Cavalo Bretão proporcionou grandes avanços para a economia ao longo dos anos e mesmo diante do desenvolvimento do maquinário que modificou o sistema agropecuário este animal ainda apresenta notória relevância para a equideocultura e outras modalidades da espécie que se estendeu ao longo do tempo. Gerando na atualidade crescimento e mudanças no setor econômico e social de pequenas e médias propriedades.
Referências
ABCCB, Associação Brasileira dos criadores de cavalo Bretão. Funcoes da Raça. Amparo, São Paulo. Disponível em:<https://www.cavalo- bretao.com.br/funes-da-raa> Acesso em: 10 de set. 2024.
CARVALHO, Ricardo Bastos. Características e importância econômica de algumas raças equinos criadas no Brasil. Universidade de Brasília, Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, Brasília – DF, 2020.
CAMPELO, José Arnodson Coelho de Souza. Perfil bioquímico sérico de éguas gestantes e não gestantes das raças brasileiro de Hipismo e Bretão. Universidade Estadual Paulista, Campus de Jaboticabal, Faculdade de Ciências agrárias e veterinárias, Jaboticabal, São Paulo, 2008.
CINTRA, André Galvão de Campos. O Cavalo: características, manejo e alimentação. São Paulo, Roça, 2018.
MAPA [Ministério de agricultura, pecuária e Abastecimento]. Revisão do Estudo do complexo do Agronegócio do cavalo. Secretaria de mobilidade social, do produtor rural e do cooperativismo, Comissão técnica permanente de bem – estar animal, Câmara setorial de Equideocultura, Brasília, 2016.
MEIRELES, Laura Cristina da Silva; FERNANDES, Itamar José. Equideocultura legal e regulamentação jurídica do agronegócio do cavalo: Projeto de lei n° 254/2014 – avanços e retrocessos. Centro Universitário de Patos de Minas, Revista Jurisvoxm n 21,dez,2020: 130 – 151 – ISSN 2526 – 2114.
1Acadêmica De Medicina Veterinária Faculdade De Vassouras Saquarema, Rio De Janeiro, Brasil
2Acadêmico De Medicina Veterinária Faculdade De Vassouras Saquarema, Rio De Janeiro, Brasil
3Acadêmica De Medicina Veterinária Faculdade De Vassouras Saquarema, Rio De Janeiro, Brasil
4Acadêmico De Medicina Veterinária Faculdade De Vassouras Saquarema, Rio De Janeiro, Brasil
5Acadêmico De Medicina Veterinária Faculdade De Vassouras Saquarema, Rio De Janeiro, Brasil
6Acadêmica De Medicina Veterinária Faculdade De Vassouras Saquarema Rio De Janeiro, Brasil
7Mestre Em Ciências Veterinárias Universidade Federal Do Espírito Santo Mimoso Do Sul, Es, Brasil Alanacp@id.uff.br