O BULLYING NO CONTEXTO EDUCACIONAL

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cs10202506112108


Charleny Freitas Toledo Sanches1
Cláudia Lafaiete de Brito Freitas2
Izabella de Jesus Silva3
Marcelo Borges Clemente4
Mariza Silveira Neto5
Roseli Soares de Sá6


RESUMO: As provocações nas instituições de ensino é uma prática antiga chamada de “brincadeiras de mal gosto”, na qual estudantes competem pela liderança, movidos por preconceito e desejo de poder sobre os mais fracos em seu grupo social, resultando em perseguição e intimidação daqueles que se destacam de alguma forma. Atualmente, é um tema relevante e amplamente discutido, devido à frequente ocorrência de violência psicológica contra crianças e adolescentes, deixando marcas profundas e visíveis no ambiente escolar. Esse assunto tem ganhado visibilidade na mídia, na academia e no âmbito educacional. Este texto se justifica pela relevância do bullying como um fenômeno mundial em crescimento, caracterizado por atos maliciosos que objetivam humilhar o próximo. Tal prática tem se disseminado cada vez mais nas escolas, impulsionada pelo desrespeito e pelo preconceito, resultando em prejuízos significativos no processo de educação dos estudantes, Esse artigo tem como objetivo geral compreender as formas que ocorre o bullying no ambiente escolar, como também analisar o que seja bullying escolar, comentar sobre as consequências e o combate ao bullying, identificar a identidade do agressor e compreender a solução. Portanto, é fundamental promover a discussão e o entendimento do conceito de bullying, além de analisar cenários em que esse tipo de violência acontece com o objetivo de diminuir sua incidência nas escolas, apresentar leis existentes contra esse tipo de agressão, identificar suas origens e impactos, e realizar uma avaliação das medidas que as instituições de ensino podem adotar diante de comportamentos agressivos.

Palavras-chave: Agressão. Escola. Preconceito, Racismo.

ABSTRACT: Bullying in educational institutions is an ancient practice called “bad jokes”, in which students compete for leadership, driven by prejudice and desire for power over those weaker in their social group, resulting in persecution and intimidation of those who stand out in some way. Currently, it is a relevant and widely discussed topic, due to the frequent occurrence of psychological violence against children and adolescents, leaving deep and visible marks in the school environment. This issue has gained visibility in the media, academia and education. This text is justified by the relevance of bullying as a growing global phenomenon, characterized by malicious acts that aim to humiliate others. This practice has become increasingly widespread in schools, driven by disrespect and prejudice, resulting in significant losses in the students’ education process. This article’s general objective is to understand the ways in which bullying occurs in the school environment, as well as to analyze what is school bullying, comment on the consequences and combating bullying, identify the identity of the aggressor and understand the solution. Therefore, it is essential to promote discussion and understanding of the concept of bullying, in addition to analyzing scenarios in which this type of violence occurs with the aim of reducing its incidence in schools, presenting existing laws against this type of aggression, identifying its origins and impacts , and carry out an assessment of the measures that educational institutions can adopt in the face of aggressive behavior.

Keywords: Aggression. School. Prejudice, Racism.

1. INTRODUÇÃO 

O constante avanço da sociedade tem proporcionado uma mudança significativa em diversos aspectos do dia a dia. Santaella (2008) mostra que, essas mudanças incluem desde a substituição do despertador manual pela programação de horários nos celulares, até o desenvolvimento de carros autônomos que se deslocam de um lugar para outro sem a necessidade de um motorista, apenas comandados por satélites.

Esse progresso tem gerado transformações em diversas esferas da comunidade, como a política, a social, a familiar, a educacional, a cultural, a religiosa, entre diversas outras. Entretanto, essas mudanças não geram apenas consequências positivas. Entre os aspectos negativos associados ao progresso da comunidade, é possível citar a questão da violência.

Conforme ressalta Fante (2005), a violência se manifesta quando um ato específico resulta no constrangimento físico ou moral de outra pessoa, estando presente em diversos setores da sociedade, inclusive nas escolas.

Conforme mencionado por Fante (2005), a ocorrência de violência tem se intensificado nas diversas etapas de ensino ao longo dos últimos anos, sendo perceptível através de atitudes agressivas manifestadas pelos alunos, tais como agressões verbais e físicas. Atitudes agressivas dentro das escolas têm despertado interesse em estudos recentes, os quais têm investigado academicamente esse fenômeno conhecido como bullying.

Com esse objetivo em mente, optou-se por, primeiramente, promover um debate sobre o assédio moral como uma questão persistente nas instituições de ensino, e com impactos sérios, tanto para os que sofrem, quanto para os perpetradores, para tal, serão considerados estudos reconhecidos nas áreas de psicologia e educação como fonte de informações confiáveis.

Nos dias atuais, o bullying é encarado como um fenômeno capaz de acarretar repercussões psicológicas e pedagógicas tanto para jovens e crianças quanto para seus entes próximos, e isso tem provocado alterações significativas de conduta. Distúrbios emocionais, desempenho acadêmico deficiente e até mesmo o desenvolvimento de adultos hostis e intolerantes são algumas das consequências observadas.

O assédio moral tem sido alvo de estudos por parte de especialistas da área da educação e psicologia, buscando formas de impedir essa forma de agressão, tanto nas ruas, em casa, na escola e na comunidade como um todo. Uma das estratégias para combater esse problema é promover campanhas de conscientização na comunidade e nas escolas, além disso, é essencial manter o diálogo entre os membros da família; os pais devem ensinar desde cedo seus filhos a se protegerem desse tipo de violência, que vem se tornando cada vez mais comum nas escolas.

Desta forma, o assunto do bullying tem ganhado destaque na sociedade, especialmente no ambiente escolar. Por essa razão, decidimos nos aprofundarmos nesse tema, buscando novas abordagens para combater essas formas de constrangimento e para conscientizar as pessoas de que o bullying não é uma simples brincadeira, mas sim um ato de crueldade e violência. 

A escolha de abordar esse artigo foi motivada pela necessidade evidente que enfrentamos em sala de aula, com conflitos frequentes entre as crianças que sofrem com esse tipo de situação no ambiente escolar, o que impacta diretamente na aprendizagem.

Nesse sentido, esse artigo tem como objetivo geral compreender as formas que ocorre o bullying no ambiente escolar, como também analisar o que seja bullying escolar, comentar sobre as consequências e o combate ao bullying, identificar a identidade do agressor e compreender a solução.

2. BULLYING ESCOLAR

A expressão bullying tem sua origem na língua inglesa, sendo uma adaptação do vocábulo bully que se refere a uma pessoa que pratica atos de intimidação com o intuito de prejudicar emocionalmente outra pessoa (FANTE,2005).

Segundo Avilés Martínez (2006, p. 82), o conceito de bullying se refere à ação frequente e prolongada de intimidar e maltratar colegas na escola, visando humilhar e subjugar de maneira abusiva uma vítima indefesa, muitas vezes sem a presença de supervisão de adultos.

Adicionalmente, o comportamento de intimidação resulta em angústia mental, redução da autoconfiança, solidão, impactos negativos na educação e no rendimento escolar (MOURA; CRUZ; QUEVEDO, 2011). Vitimização, comportamento agressivo, interações violentas e atos intimidatórios são maneiras de descrever o bullying.

Analisando minuciosamente os motivos que levam ao bullying nas instituições de ensino, Trevisol e Campos (2016) ressalta alguns elementos essenciais para a manifestação dessas situações, incluindo a relação no ambiente familiar do aluno.

No que diz respeito à convivência familiar, é fundamental destacar que as relações afetivas e sociais dos indivíduos estão em evolução contínua à medida que interagem juntos. Com isso em mente, é possível afirmar que a família desempenha um papel crucial na formação completa do ser humano, influenciando diretamente no modo como ele se comporta ao interagir com seus círculos sociais.

Conforme Castro (2000, p. 205), a família é considerada a base fundamental da sociedade, exercendo influência significativa no crescimento e formação tanto física quanto psicossocial dos indivíduos.

No que se refere à família e à educação do indivíduo dentro do ambiente familiar, segundo Ariés (1981), foi apenas a partir do século XVIII que a criança começou a ser reconhecida na sociedade como um ser único, cuja identidade deveria ser valorizada e que, todo seu crescimento nessa etapa da vida teria influência direta sobre a pessoa que se tornaria no futuro.

Conforme Ariès (1981, p.160), é possível observar uma mudança significativa na estrutura familiar, onde a centralidade passa a ser a criança, resultando em relações cada vez mais afetivas entre pais e filhos.

Deste modo, a família adquire relevância afetiva no desenvolvimento do indivíduo, especialmente da criança, destacando a educação como um elemento fundamental nas interações estabelecidas, considerando que, anteriormente, a escola não existia e os pequenos eram instruídos cientificamente por seus parentes.

Adicionalmente, vale ressaltar que, de acordo com a legislação, embora o papel da instituição escolar esteja bem estabelecido, a família tem um papel crucial no desenvolvimento social do indivíduo, visto que é a família a principal responsável por transmitir os princípios e valores que irão guiar o comportamento desse indivíduo tanto no agora quanto no porvir.

Além da interação familiar, a discriminação e o julgamento do indivíduo que se destaca na turma, conforme Trevisol e Campos (2016), são aspectos que contribuem para a prática do bullying, bem como a ausência de comunicação entre os colegas.

O conceito de preconceito, segundo Avilés Martínez (2006), refere-se à formação de opiniões sobre indivíduos sem um conhecimento profundo sobre eles. É caracterizado como um julgamento precipitado, superficial e perigoso, uma vez que pode resultar em situações problemáticas e até mesmo violentas, ao invés de contribuir para o bem-estar da sociedade.

Conforme o escritor mencionado anteriormente, os principais preconceitos presentes na escola, principalmente no âmbito da Educação Básica, são o racismo e a intolerância.

O preconceito racial ocorre quando alguém sustenta a ideia de que algumas raças são superiores a outras, com base em características físicas dos indivíduos, como tonalidade da pele, formato do nariz, textura do cabelo, grupo sanguíneo, cor e formato dos olhos, volume dos lábios, entre outras características (TREVISOL; CAMPOS, 2016).

A exclusão, conforme os autores Trevisol e Campos (2016), reflete a incapacidade de certas pessoas em aceitar e lidar com as diversidades, levando-as a agirem de forma preconceituosa e desrespeitosa com aqueles que consideram diferentes. Esse comportamento pode ser resultado de inseguranças e medos, levando tais indivíduos a projetarem em outros a ideia de inferioridade e negando a eles os mesmos direitos.

Além disso, estudos apontam para outros elementos que podem influenciar no comportamento de praticar bullying, tais como: consumo de substâncias ilícitas e dependência de outras substâncias; influência negativa dos meios de comunicação; o histórico de violência vivenciado pelo estudante, seja no ambiente familiar ou entre os colegas; e a vulnerabilidade emocional, que pode ser um fator determinante para a prática do bullying (GIULIATO,2020).

A falta de tolerância e o egoísmo, a influência negativa dos colegas e a comunicação falha entre a família e a escola são considerados elementos que contribuem para a prática do bullying nas escolas (GIULIATO,2020).

Em relação à instituição escolar, é importante destacar que a comunidade escolar é formada por diversos profissionais: educadores, alunos, familiares, especialistas em educação, supervisores, diretores, orientadores, psicólogos, inspetores, funcionários administrativos, entre outros. Portanto, uma administração escolar coesa e dedicada ao processo de ensino e aprendizagem é essencial para o bom funcionamento da escola e, no que diz respeito ao bullying, todos esses profissionais devem participar das ações preventivas (GIULIATO,2020).

3. AS CONSEQUÊNCIAS E O COMBATE AO BULLYING

Em 6 de novembro de 2016, no Brasil, a ex-presidente Dilma Rousseff sancionou a Lei nº 13.185, que criou o projeto de Combate ao Bullying.

Esse regulamento, formado por alguns artigos, transformou a batalha contra o assédio escolar em uma política educacional pública e, também introduziu uma série de medidas direcionadas para sua eliminação, por meio de campanhas de conscientização, treinamento dos educadores, para capacitá-los a lidar com situações de bullying, e estabelecimento de uma comunicação mais estreita entre a escola e a família.

Conforme a com legislação mencionada, o bullying é considerado um ato de intimidação.

Qualquer tipo de agressão física ou emocional intencional e reincidente, que aconteça sem motivo aparente, realizado por uma pessoa ou grupo, contra uma ou mais vítimas, com o propósito de amedrontá-las ou feri-las, causando sofrimento e aflição ao indivíduo atingido, em uma situação de desigualdade de poder entre os envolvidos (VILLELA,2016).

Para enfrentar o bullying, é necessário que as escolas promovam ações de formação para educadores e demais envolvidos na educação, juntamente com a comunidade em geral, segundo a Lei 13.185/2015. Ademais, é significante realizar campanhas educativas para capacitar todas as pessoas a lidar com casos de agressão dessa natureza.

O assédio moral é visto como uma questão que tem sua origem nas escolas, porém, ele também está ligado à violência doméstica que a criança testemunha e muitas vezes também sofre, sendo assim está conectado tanto aos alunos de escolas públicas quanto privadas, onde a vulnerabilidade evidente de alguns estudantes serve como motivo para agressão de outros, seja ela física ou verbal (SILVA, et al. 2018).

As origens do bullying podem variar desde a ausência de valores no seio familiar, a carência de limites e normas de convívio social, o tipo de educação que é transmitido, até a dificuldade do estudante em lidar com consequências a partir de métodos violentos e ameaças bem como em aprender a solucionar conflitos por meio da violência (SILVA, et al. 2018).

Conforme Oliveira e Antonio (2006), percebe-se que o bullying surge a partir de atos discriminatórios e prática recorrente de violência na escola, abordando a exclusão social intimidatória, opressiva que prejudica sem ter sido devidamente reconhecida.

Frequentemente, as pessoas que sofrem abusos optam por não se manifestar por vergonha ou por receio das consequências dos agressores, o que as leva a se tornarem prisioneiras de sentimentos perturbadores, como medo, insegurança, raiva, desejo de vingança e pensamentos auto destrutivos. Esses sentimentos também podem desencadear fobias sociais e outras reações que prejudicam seu progresso educacional (FANTE, 2005, p.16).

Diversas escolas acabam confundindo o bullying com atos de indisciplina, sem perceber que esses comportamentos estão relacionados a vários aspectos, como questões econômicas, sociais, culturais, familiares, influências dos amigos e da escola

O comportamento agressivo de bullying traz graves consequências para as vítimas e suas famílias, tais como depressão, falta de confiança, sofrimento, solidão, abandono da escola, automutilação, algumas desenvolvem atitudes violentas, dificuldade de concentração, prejuízos na aprendizagem e, em situações extremas, até mesmo o suicídio. Já os agressores podem se tornar criminosos, alvos de violência e adotar posturas de perigo. (LOPES NETO, 2005).

Existe uma grande inquietação quanto à conexão entre o bullying e as questões físicas e mentais, as quais podem afetar tanto as vítimas quanto os agressores com uma frequência maior. Um dos principais pontos de preocupação e foco de várias pesquisas em todo o mundo é a associação com pensamentos suicidas e casos de suicídio entre adolescentes (LOPES NETO, 2005, p. 26).

É possível observar que as repercussões do bullying ultrapassam o local onde acontecem. As pessoas que sofrem com isso podem ser dominadas por sentimentos de raiva e vingança, afetando até mesmo indivíduos que não estão envolvidos diretamente na situação. Essas emoções podem levar essas pessoas a se tornarem criminosas, podendo até mesmo cometer homicídio, um dos crimes mais graves previstos pela lei (SILVA, et al. 2018). Uma vez que as vítimas mais frequentes do bullying são pessoas que possuem limitações ou particularidades diferentes, a prática desse ato violento apenas agrava a situação já existente.

Os perpetradores tendem a se afastar das aulas, enxergando a agressividade como uma forma superior de ganhar respeito e autoridade, aumentando as chances de se tornarem delinquentes com comportamento violento quando adultos. Enquanto isso, indivíduos expostos a um ambiente tão hostil vivenciam predominantemente o medo, a insegurança e o estresse, prejudicando seu desempenho socioeducativo (SILVA, et al. 2018).

4. IDENTIDADE DO AGRESSOR

São muitos os elementos que influenciam uma criança a fazer o bullying, como a dificuldade de se relacionar com os colegas, a vontade de se destacar e ser respeitado, o prazer em sentir poder, o desejo de ter tudo que quer, os abusos familiares, entre outros, conforme defendido por Capucho e Marinho (2008).

Indica que comumente os indivíduos responsáveis pelas agressões provêm de famílias sem estrutura, onde os laços afetivos entre os membros são frágeis. Ademais, é frequente a utilização da violência para resolver os conflitos do dia a dia pelos pais ou tutores, tidos como modelo (CAPUCHO E MARINHO,2008).

Por sua vez, as pessoas que sofrem violência também têm características próprias. Geralmente, são indivíduos tímidos, quietos, pouco sociáveis e com baixa autoestima. Muitas vezes, têm dificuldades em revidar as agressões, apresentam baixo desempenho escolar e resistência em ir para a escola. Frequentemente buscam mudar de instituição, sem que haja um padrão pré-definido para identificar quem pode se tornar vítima desse tipo de violência. Qualquer um está sujeito, se apresentar alguma dificuldade ou característica que o diferencie dos demais (SILVA, et al. 2018).

Portanto, é fundamental ter em mente que ninguém deve se sentir culpado por ser alvo de práticas de intimidação, uma vez que cada pessoa é única e suas diferenças devem ser reconhecidas e respeitadas.

Capucho e Marinho (2008) destacam alguns sinais que são característicos das vítimas de intimidação, como, por exemplo: o desinteresse em ir à escola, mostrar relutância em sair de casa, solicitar transferência de instituição, queda no desempenho acadêmico, voltar para casa com machucados sem explicação, adotar um comportamento mais reservado ou agressivo sem motivo aparente, ter seus pertences danificados ou perdidos com frequência, e em situações mais graves, tentar ou até mesmo cometer o suicídio.

Muitas vezes, as pessoas que testemunham atos de violência optam por não agir, principalmente por receio de sofrer retaliações e acabarem se tornando alvos também. Além disso, elas se sentem desconfortáveis com a atmosfera agressiva que se instaura.

5. SOLUÇÃO

A questão do bullying está em crescimento significativo, gerando preocupação entre as autoridades sobre suas causas. Diante dessa situação, foi implementada a Lei 18.185 em 6 de novembro de 2015, com o intuito de combater esse fenômeno, criando o Programa de Prevenção e Combate ao Bullying (SILVA, et al. 2018).

O objetivo deste programa é combater eficazmente a prática do bullying em nossa sociedade, capacitando professores e equipes pedagógicas para lidar com esse problema. Também cogita promover campanhas educativas e informativas, estabelecer diretrizes para os pais e responsáveis agirem diante de casos de bullying, oferecer apoio psicológico, social e jurídico às vítimas e agressores, e integrar os meios de comunicação, escolas e comunidade para conscientizar sobre o problema e preveni-lo. Além disso, visa fomentar a cidadania, empatia e respeito ao próximo, em uma cultura de paz e tolerância mútua. Prioriza-se a busca por soluções pacíficas e de responsabilização dos agressores, visando uma mudança de comportamento. Também são promovidas medidas de conscientização, prevenção e combate a todos os tipos de violência, com especial atenção ao bullying e outras formas de intimidação, como agressões físicas e psicológicas, praticadas por estudantes, educadores e demais profissionais da comunidade escolar (SILVA, et al. 2018).

O Código Civil de 2002 ampara as pessoas vítima de bullying no que se refere ao direito de receber compensação de quem, ao praticar alguma ação, causar danos físicos em outra pessoa, resultantes de conduta ilegal, como, por exemplo, brigas entre estudantes na escola.

Conforme mencionado por Rodrigues (2002), a responsabilidade civil refere-se à obrigação de reparar danos causados a terceiros, sendo essa responsabilidade atribuída a alguém em decorrência de danos causados por uma conduta ilícita realizada por si, ou por eventos envolvendo outras pessoas, ou objetos ligados a elas.

Não há como negar que quem causa prejuízo a alguém deve ser responsabilizado por isso, ao cometer algo que vai contra a lei. O artigo 927 do Código Civil determina que aquele que, deliberadamente ou por descuido, desrespeitar o direito de outra pessoa e causar dano, mesmo que seja apenas moral, está cometendo um ato ilícito e deve repará-lo (SILVA, et al. 2018).

Segundo Diniz (2003), a responsabilidade civil consiste em tomar medidas coercitivas para que aquele que causou danos repare os prejuízos, sejam eles de ordem moral ou material, ao terceiro prejudicado. Isso pode ser feito por meio de ações realizadas pelo próprio indivíduo responsável ou por alguém que esteja sob sua guarda, seja em relação a um objeto que lhe pertença ou por exigência legal.

A finalidade da responsabilidade civil é assegurar a efetivação das ações realizadas por indivíduos que agem de maneira adequada e legal, evitando a violação da legislação em vigor e, assim, responsabilizando qualquer um que cometa um comportamento prejudicial, pois todos são responsáveis por suas ações (SILVA, et al. 2018).

Assim, a responsabilidade civil surge quando uma pessoa não cumpre sua obrigação principal de fornecer, realizar ou se abster e age de maneira oposta, protegendo, consequentemente, aqueles que agem de maneira desejável para uma convivência social digna e justa, tendo o respeito como base fundamental para uma boa convivência (SILVA, et al. 2018).

Adicionalmente, a Carta Magna de 1988, em seu quinto artigo, assegura os direitos e garantias essenciais do cidadão, incluindo saúde, educação, segurança, entre outros, reiterando, desse modo, a ilegalidade do bullying. Assim, é perceptível que o país conta com normas legais adequadas para combater o bullying, sendo necessário apenas que as autoridades políticas e públicas as coloquem em prática efetivamente (SILVA, et al. 2018).

6. METODOLOGIA

A elaboração deste texto seguiu uma abordagem de pesquisa qualitativa baseada em revisão de literatura, buscando assegurar a robustez das análises realizadas e das discussões que delas decorreram.

Conforme mencionado por Gil (2008, p.44), a análise bibliográfica é realizada com a utilização de fontes pré-existentes, como livros e artigos científicos. Neste contexto, serão consideradas pesquisas acadêmicas ligadas ao assunto discutido neste texto.

De acordo com o escritor, muitas pesquisas requerem algum tipo de esforço nesse sentido, como por exemplo estudos baseados unicamente em fontes bibliográficas, sendo que a maioria das pesquisas exploratórias podem ser consideradas como pesquisas de cunho bibliográfico.

Conforme Gil (2008), a investigação é caracterizada como um método lógico e organizado que busca fornecer soluções para os questionamentos apresentados. Torna-se imprescindível quando não há dados suficientes para solucionar o problema ou quando os dados existentes estão desorganizados, tornando difícil sua relação com a questão em análise.

CONCLUSÃO 

Não há dúvidas de que o bullying tem se expandido alarmantemente nos últimos tempos e está aumentando em alcance ao redor do mundo, acarretando impactos em toda a comunidade. A instituição de ensino tem demonstrado ser incapaz de lidar adequadamente com os comportamentos antissociais que ocorrem dentro de suas dependências.

No ambiente escolar, tem sido evidente, diferentes manifestações de violência, sendo o bullying uma das mais preocupantes. O bullying se caracteriza por ser uma forma de violência velada, cujo impacto pode resultar em consequências extremamente negativas para as pessoas afetadas, resultando em prejuízos emocionais e educacionais difíceis de serem reparados.

A falta de conhecimento sobre o assunto por parte da família e dos educadores é o maior desafio a ser enfrentado e aponta para a urgência de um debate mais amplo e ações relacionadas ao tema para promover a conscientização sobre sua extrema importância. Enquanto a sociedade ignorar ou minimizar essa questão, a educação seguirá perpetuando esse tipo de violência.

Considerando que as consequências do bullying afetam a qualidade da educação, o que acaba negando as garantias constitucionais de uma educação que promova o pleno desenvolvimento das habilidades individuais e ofereça as condições para o exercício da cidadania, é fundamental que o Estado, juntamente com as escolas e as famílias, desenvolvam políticas públicas direcionadas para a prevenção do bullying no ambiente escolar.

A construção de um ambiente de paz e felicidade depende da colaboração constante e integrada da família, da escola e dos profissionais de saúde. Esta parceria é fundamental para o bem-estar de cada pessoa.

A evolução de uma comunidade mais justa está ligada a vários elementos que em muitas ocasiões estão além do alcance da educação, porém a instituição de ensino tem uma função crucial nesse cenário, ao resgatar princípios e valores como a consideração, a paciência, o carinho, a cooperação para assim, fortalecer os vínculos estabelecidos entre as pessoas, que estão se tornando cada vez mais fracos.

A escola, a família e a sociedade precisam lidar com o bullying de forma séria, ao revelar a desigualdade e injustiça social, além de provocar pressões psicológicas e físicas por parte do agressor. Esse comportamento desrespeita e humilha as distinções, gerando consequências a curto e longo prazo, que podem resultar em problemas acadêmicos, sociais, emocionais e legais.

É essencial serem estabelecidas estratégias para combater e coibir as atitudes do agressor, reduzindo os impactos para as vítimas. É fundamental que a família e os educadores estejam atentos a sinais de comportamento agressivo, pois não existem critérios definitivos para identificar o bullying. Nesse sentido, é importante monitorar de perto as crianças com maior propensão a comportamentos antissociais, a fim de prevenir qualquer manifestação de bullying. A educação para a formação de cidadãos íntegros é essencial para a construção de um mundo mais justo e solidário.

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1Licenciada em Pedagogia (Faculdades Cathedral). Especialista em Psicopedagogia Clínica e Institucional numa Ação Transdisciplinar. UNIVAR. E-mail: charlenyfts@hotmail.com
  2Licenciada em Pedagogia (UEG).  Especialista em Docência Multidisciplinar em Educação Infantil e Anos Iniciais (Faculdades Cathedral), Especialista em Educação Infantil (UFMT). E-mail: claudialafaiete@gmail.com
3Licenciada em Pedagogia e Educação Profissional e Tecnológica UAB – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Goiano (IFGoiano). E-mail: izabelladejesus8@gmail.com
4Licenciatura e Bacharel em Educação Física. Especialista em Atividade Física e Fisiologia do Exercício (UNOPAR). E-mail: mbc1901@hotmail.com
5Licenciada em Pedagogia (UNIVAR). Especialista em Psicopedagogia (UNIVAR). E-mail: marizasilveira@hotmail.com
6Licenciada em Pedagogia (UNIVAR).  Especialista em Metodologia na Educação Infantil e Anos Iniciais (Faculdades Cathedral). E-mail: roselisoares413@gmail.com