AUTISM IN EDUCATION AND ITS CHALLENGES
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7699645
Cristiane Ferreira de Oliveira
Daiana Batista dos Santos
Elessandra Alves do Prado Da Silva
Lucimar Mota Moreira
Sonia Maria de Carvalho
RESUMO
O artigo traz as discussões sobre o Autismo e a falta de conhecimentos dos profissionais da educação, bem como a importância da inclusão nas escolas. Diariamente o termo inclusão social, é tratado em redes sociais e todos outros meios de comunicação, porém é preciso compreender que na prática não é tão simples. A inclusão social deve ser vista como opção para ambos os lados, seja ele para com os alunos especiais bem como os alunos regulares, uma vez que a interação entre os dois mundo é de suma importância para todos e diretamente beneficia a sociedade em geral, pois cada um tem algo para oferecer, sendo obrigação do professor identificar a potencialidade de cada um e buscar trabalhar no coletivo, sempre respeitando a individualidade de cada um, bem como suas necessidades e demandas, sejam elas, físicas ou psicológicas. Por esses motivos, esse trabalho é de muita relevância para os profissionais envolvidos no processo de ensino, pois coloca em discussão um assunto que precisa ser trabalhado para que novas políticas públicas e um planejamento que efetive o autismo no âmbito escolar.
PALAVRAS-CHAVE: Autismo; Sociedade, Inclusão; Deficiência.
ABSTRACT
The article brings discussions about Autism and the lack of knowledge of education professionals, as well as the importance of inclusion in schools. The term social inclusion is treated daily in social networks and all other means of communication, but it is necessary to understand that in practice it is not so simple. Social inclusion should be seen as an option for both sides, be it for special students as well as regular students, since the interaction between the two worlds is of paramount importance for everyone and directly benefits society in general, as each one has something to offer, and it is the teacher’s obligation to identify the potential of each one and seek to work collectively, always respecting the individuality of each one, as well as their needs and demands, whether physical or psychological. For these reasons, this work is very relevant for the professionals involved in the teaching process, as it brings up a subject that needs to be worked on so that new public policies and planning that make autism effective in the school environment.
KEYWORDS: Autism; Society, Inclusion; Deficiency..
INTRODUÇÃO
Com a tecnologia em alta e tantos outros assuntos voltados à educação inclusiva em todos os meios de comunicação é imprescindível que os profissionais da educação entendam o que é o Autismo e como lidar com essa criança em uma escola de ensino regular.
O conceito sobre o Transtorno do Espectro Autista surgiu no ano de 1943, mas ainda nos dias atuais é estudado, uma vez que o diagnóstico é complexo por ser identificado a partir de sinais de dificuldade de comportamento. Porém ainda sendo mais difícil confirmar o diagnóstico por resistência dos pais ou por compreender que alguns sinais quando mais leves podem ser considerados desvio de comportamento sendo corrigidos com aplicação de disciplina.
O artigo abordará três vertentes, iniciando com o conceito do autismo, causas e tratamento, em seguida, a inclusão social para o autismo e por fim, pontuar a o envolvimento de políticas públicas que proporcione ao leitor a importância que discutir sobre o assunto e compreender os benefícios de uma educação inclusiva.
Para enriquecer o conteúdo proposto, a pesquisa parte-se da busca por respostas do seguinte questionamento: O quanto a sociedade conhece das necessidades e direitos do Autista na sociedade?
Assim como em todos os tipos de deficiência, seja ela física ou psicológica, o autismo ainda é visto somente como uma condição que limita as possibilidades de uma vida normal, e com isso reforça-se a importância deste trabalho para toda a sociedade, principalmente a sociedade acadêmica. O presente artigo objetiva analisar o objeto na linha da descrição e interpretação, tornando, assim, improvável uma postura neutra diante da problematização que encontramos acerca da inclusão.
Segundo Rodrigues:
A Educação Inclusiva é comumente apresentada como uma evolução da escola integrativa. Na verdade, ela não é uma evolução, mas uma ruptura, um corte, com os valores da educação tradicional. A Educação Inclusiva assume-se como respeitadora das culturas, das capacidades e das possibilidades de evolução de todos os alunos. A 8 | RE, Vol. XVI, nº 1, 2008 Educação Inclusiva aposta na escola como comunidade educativa, defende um ambiente de aprendizagem diferenciado e de qualidade para todos os alunos. É uma escola que reconhece as diferenças, trabalha com elas para o desenvolvimento e dá-lhe um sentido, uma dignidade e uma funcionalidade (p. 10).
No CID – 10 (2000), este tipo de transtorno é o que se manifesta ou se mostra alterado antes da idade de 3 anos, apresentando perturbação de funcionamento dos três domínios: interação social, comunicação e comportamento focalizado e repetitivo.
O AUTISMO NA EDUCAÇÃO E SEUS DESAFIOS
Na infância, os primeiros anos de vida são fundamentais para o desenvolvimento, pois é nesse período que eles começam a se identificar como seres humanos, desenvolvendo suas habilidades e formando sua personalidade comportamental. Sendo que, quando apresentam dificuldades de integração e na capacidade de se tornar sociável, abre-se a possibilidade de se diagnosticar o autismo. Na neurociência classifica o autismo como patologia neurológica e usa o termo “transtorno do espectro autista”.
Consenza e Guerra (2011), confirma ao falar que:
Autismo: É um transtorno neurobiológico do desenvolvimento que tem uma origem genética poligênica que pode afetar muitos órgãos, mas com predomínio da alteração do funcionamento do sistema nervoso central, especialmente, estruturas como o córtex cerebral, o cerebelo e áreas do sistema límbico. […] é caracterizado por anormalidades no comportamento, envolvendo a interação social, a linguagem e a cognição, com retardo mental em 70% dos casos e convulsões em 30% deles. O diagnóstico é clínico, feito pela observação do comportamento (CONSENZA; GUERRA, 2011, p. 133).
O Transtorno do Espectro Autista –TEA é uma síndrome que acomete crianças nos primeiros anos de vida e se mantém na vida adulta, tendo sua parte cognitiva afetada. O diagnóstico parte-se de dificuldades de socialização e déficits na comunicação a partir dos 3 anos de idade. (KANNER,1943).
Antes de ter um nome e um diagnóstico oficial, o autismo foi tratado de diversas maneiras, sendo confundido por outras síndromes, que consequentemente por ser um tratamento não adequado não funcionavam. Gatilho despertou a curiosidade de Hans Asperger, que passou a fazer experimentos com diversas crianças avaliando sempre seu comportamento e habilidades. Essas crianças tinham dificuldades em se relacionar, fazer amizade, tinham obsessividade por horários e organizações específicas.
De acordo com Orrú:
Até 1989, dizia-se, estatisticamente, que a síndrome acomete crianças com idade a cada dez mil nascidas. Manifestava-se, majoritariamente, em indivíduos do sexo masculino, sendo a cada quatro casos confirmados três do sexo masculino e um caso para o feminino (ORRÚ, 2012, p.23).
Ainda que numa escala crescente autismo não tem ainda uma causa pontuais, porém apontam-se indícios de predisposição genética para ele. Por outro lado, também se estuda a possibilidade de que as causas se partam de infecções durante a gravidez.
Quanto aos sintomas, os mais comuns aos distanciamentos sociais, através da negação em se ter contato visual, não responderem a chamado, resistência em mudar de rotina, ansiedade, fala repetitiva, choro contínuo, irritabilidade e apatia e inquietação. (SILVA et al, 2012, p.6).
O neuropediatra é um profissional de suma importância para o diagnóstico do TEA, pois a partir do acompanhamento com este profissional pode-se fechar o diagnóstico e ainda irá determinar quais profissionais irão ser necessários para o desenvolvimento desta criança. Sendo de grande importância levar em consideração se foi diagnóstico de nível leve, moderado ou grave.
Teles, lista vários outros sinais e sintomas que faz do TEA uma síndrome:
Dificuldade no contato visual;
Dificuldade em imitar caretas e expressões faciais;
Parecem surdas, algumas apresentam surdez;
Não atendem quando são chamados pelo nome;
Não respondem a sorrisos;
Não se sentem à vontade com abraços e beijos e toques
Não balbuciam, apresentam ecolalia;
Não apontam para chamar atenção das pessoas;
Mostram reações de agressividades parecendo birras quando sua rotina sofre alterações;
Apresentam dificuldades de compreender metáforas e ironias;
Não mudam o comportamento na presença de outra pessoa;
Não fazem brincadeira de faz de conta;
Batem palmas, balançam o tronco como pêndulo;
Substituir o pronome eu por ele;
Não fazem amigos;
Brincam de forma diferente com objetos, seus interesses são apenas por parte do objeto ficando horas observando os movimentos circulares, empilham brinquedos, alinham carrinhos e organizam por cores;
Parecem ser resistentes a dor;
Algumas crianças podem ter: a visão, audição, tato, olfato, ou paladar excessivamente sensíveis (aumentado ou diminuído);
Mostra falta de empatia;
Não se assusta com sons altos;
Necessidades intensa de repetição;
Perda de habilidades sociais e de comunicação em qualquer idade;
Não pronunciam frases composta de pelo menos duas palavras aos 24 meses
Não balbuciam aos 12 meses;
Não gesticulam aos 12 meses.
(TELES, 2015)
O tratamento do TEA envolve muita perseverança, levando em consideração que o diagnóstico precoce pode ser um ponto positivo, uma vez que se ganha mais tempo no estímulo das crianças para que elas possam ter uma vida o mais próximo do normal possível. Com isso as terapias ocupacionais são importantes para estimular os pontos estabelecidos pela equipe multidisciplinar sendo necessário que elas sejam contínuas e permanentes.
Ainda que em meio a dificuldades e limitações, pode-se identificar uma inteligência acima da média, sendo que as crianças autistas podem desenvolver uma habilidade de forma extraordinária.
Uma forma de estimular crianças portadoras de TEA é através da inclusão educacional sendo que esta é uma garantia do direito estabelecido na constituição que favorece todo o cidadão, que é o acesso à educação.
De acordo com a atual Lei 13.146/2015:
A educação constitui direito da pessoa com deficiência, assegurados sistemas educacionais inclusivos em todos os níveis e aprendizado ao longo de toda a vida, de forma a alcançar o máximo desenvolvimento possível de seus talentos e habilidades físicas, sensoriais, intelectuais e sociais, segundo suas características, interesses e necessidades de aprendizagem (BRASIL, 2015, Art.27).
Ainda que não pareça, existe um preconceito que envolve o diagnóstico e por não ser descoberta por um exame, mas por uma análise comportamental. Uma das maiores dificuldades no diagnóstico do autismo é a aceitação por parte da família. Acontece com muita frequência famílias que vêem os sinais do autismo como problemas de comportamento e muitas vezes com uma forma disciplinar acabam interferindo de forma negativa no processo de estímulo.
As crianças são consideradas mimadas e desobedientes e como forma de correção são colocadas de castigo e o pior ainda, são forçadas a fazer aquilo que não querem, pois, como desfazer alguma coisa que foi organizado por ela, sair em público e com isso retarda o desenvolvimento e causa traumas.
O autismo na sociedade ainda é uma incógnita, e muitos ainda lutam com a desinformação e acabam praticando o pré-julgamento e vendo como uma síndrome limitante. É necessário que esse pré julgamento seja substituído por uma dose de conhecimento capaz de apresentar o autista como alguém que possui assim como todo e qualquer ser humano, uma personalidade individual que vem carregada de medos, anseios, fragilidades, ansiedades, bem como potencialidades.
Em 1994, foi criado pela Associação Americana de Psiquiatria, o DSM IV- Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais, que deu algumas descrições mais formais sobre o autismo:
[…] a presença de um desenvolvimento acentuadamente anormal ou prejudicado na interação social e comunicação e um repertório marcantemente restrito de atividades e interesses. As manifestações do transtorno variam imensamente, dependendo do nível de desenvolvimento e idade cronológica do indivíduo. […] O prejuízo na interação social recíproca é amplo e persistente […] Uma falta de reciprocidade social ou emocional pode estar presente (por ex., não participa ativamente de jogos ou brincadeiras sociais simples, preferindo atividades solitárias, ou envolve os outros em atividades apenas como instrumentos ou auxílios “mecânicos”). Freqüentemente[sic], a conscientização da existência dos outros pelo indivíduo encontra-se bastante prejudicada. Os indivíduos com este transtorno podem ignorar as outras crianças (incluindo os irmãos), podem não ter ideia [sic] das necessidades dos outros, ou não perceber o sofrimento de outra pessoa. O prejuízo na comunicação também é marcante e persistente, afetando as habilidades tanto verbais quanto não-verbais. Pode haver atraso ou falta total de desenvolvimento da linguagem falada. Em indivíduos que chegam a falar, pode existir um acentuado prejuízo na capacidade de iniciar ou manter uma conversação, um uso estereotipado e repetitivo da linguagem ou uma linguagem idiossincrática. Além disso, podem estar ausentes os jogos variados e espontâneos de faz-de-conta ou de imitação social apropriados ao nível de desenvolvimento […] têm padrões restritos, repetitivos e estereotipados de comportamento, interesses e atividades. (APA 8, 1996, apud SUPLINO, 2007, p.28).
A inclusão do autismo na sociedade, principalmente na educação regular já vem acontecendo embora que em ritmo pouco acelerado e este acontecimento deve-se a necessidade de um acompanhamento de um auxiliar para acompanhar o aluno de forma individual, e também pela precariedade de projetos de políticas públicas voltadas ao público autista.
Hattge e Klaus expõe a ideia de que:
A escola tem um compromisso com o desenvolvimento dos sujeitos. Nos processos inclusivos vinculados a esses princípios, reside uma grande preocupação com a construção de materiais e a implementação de metodologias de ensino que venham a produzir uma aprendizagem individualizada, levando em consideração as necessidades específicas dos sujeitos, suas potencialidades e desafios. Porém, grande parte das discussões realizadas é centrada nas metodologias de ensino. A inclusão é tomada como algo natural, como se ela estivesse, desde sempre, aí no mundo (HATTGE; KLAUS, 2014, p. 329).
No cenário escolar o autismo também está presente, ainda que teoricamente preparados para atuarem com situações adversas, professores sentem dificuldade de incluir este aluno em sala ou ainda conseguir acompanhá-lo respeitando suas limitações. Mesmo com as dificuldades ou até mesmo a falta de recursos pedagógicos para a inclusão, é necessário e importante o Transtorno do Espectro Autista seja conhecido pela sociedade como algo que não torna uma pessoa incapaz de desenvolver suas potencialidades. Verdade se reforça na afirmação de Lopes quando ele diz que:
[…] todos são capazes de aprender e criar outras condições e vida para si, a partir do momento que seus interesses são mobilizados, e de que podem se sair melhor a partir da inclusão, gera frentes de ações estatais e não estatais que elevam a inclusão a um imperativo de Estado (LOPES et al., 2010)
O autismo não tem cura, porém é possível dar melhores condições de vida e isso é possível através de uma equipe multidisciplinar que irá acompanhá-lo, como psicólogo, fonoaudiologia, natação, equoterapia, entre outras terapias que estimulam positivamente e auxiliam nas crises e fortalece a capacidade de socialização e integração com o mundo. Entretanto em alguns casos a falta de recurso por parte da família pode dificultar que as crianças tenham acesso a essas terapias e neste caso cabe aos pais terem a curiosidade de entender sobre o autismo e buscar estimular através de atividades diárias, como através das músicas, jogos, envolvendo sempre a ludicidade.
CONCLUSÃO
Durante a leitura do material bibliográfico utilizado para esta pesquisa, foi possível compreender a urgência em colocar o tema em discussão, visando beneficiar possivelmente, famílias que convivem com o autismo, entretanto não aceitam ou até mesmo não sabem como lidar quando recebem um diagnóstico que não tem cura e que pode comprometer a capacidade intelectual de uma criança.
Foi possível entender que existem níveis de autismo, o número de diagnósticos sobre o transtorno do espectro autista, carece de maneira significativa o que se acredita que se deu pela influência da escola, levando em consideração que quando uma criança apresenta algum comportamento diferente na escola professores encaminham para uma avaliação psicológica.
Um ponto de grande relevância para esta acadêmica, foi identificar que a negação sobre os diagnósticos é um dos principais gatilhos em crises, uma vez que interpretam o comportamento do autista como falta de disciplina e aplicando castigos físicos e psicológicos o que obviamente causam agravamento do quadro das crises.
O desenvolvimento deste trabalho possibilitou um entendimento de grande valia, por se tratar de uma assunto que ainda tem muito a ser compreendido pela sociedade, e por deixar claro a necessidade de que, as políticas públicas voltadas a educação devem priorizar a formação continuada e incluir qualificações específicas ao educadores e auxiliares para lidar com alunos portadores não só do autismo mas também de outros transtornos, os quais são possíveis incluir no ensino regular, quando em quadro leves ou até mesmo moderados.
Por fim é válido e importante lembrar que ao falarmos de inclusão isso não está ligado somente a incluir o portador de algum transtorno ou limitação. Trabalho informativos como o aqui apresentado permite que nós voltamos a necessidade da inclusão de todos, afinal também somos um desafio, pois em algum lugar alguém também irá nos ver de uma forma diferente de seus valores, princípios ou tradição. Com isso precisamos estar sempre de mente aberta para respeitarmos principalmente as emoções do outro e permitir que este outro nos apresente quais são seus pontos fortes e fracos.
REFERÊNCIAS
BOCK, G. L. K.; GESSER, M.; NUERNBERG, A. H. Desenho Universal para a Aprendizagem: a produção científica no período de 2011 a 2016. Rev. Bras. Educ. Espec., Bauru, v. 24, n. 1, p. 143-160.
Consenza, R. M. & Guerra, L. B., (2011). Neurociência e Educação: Como o Cérebro Aprende. 1ª Edição Porto Alegre, Artmed.
CAPOVILLA, Alessandra G. S.; CAPOVILLA, Fernando C. Etiologia, avaliação e intervenção em dislexia do desenvolvimento. In: CAPOVILLA, Fernando C. (org.). Neuropsicológica e aprendizagem: uma abordagem multidisciplinar. 2. ed. São Paulo: Memnon, 2004. p. 46-73.
FONSECA, Vitor. Introdução às dificuldades de aprendizagem. 2. ed. rev. e aum. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995
CONSEZA, R. M.; GUERRA, L. B. Neurociência e Educação: como o cérebro aprende. Porto Alegre-RS: Artmed, 2011.
Rodrigues, D. (2000). O paradigma da educação inclusiva: reflexões sobre uma agenda possível. Inclusão, 1, 7-13.