NEUROCIÊNCIA APLICADA À EDUCAÇÃO COM SUPORTE TECNOLÓGICO

REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.12668249


Margarete Vaz da Costa Matos1
Ana Cláudia da Silva Vasconcelos2
Miriam Paulo da Silva Oliveira3
Patricia Helena Cordeiro Silva4
Raquel Alves Barbosa5
Ziza Silva Pinho Woodcock6


RESUMO

Este estudo abordou a interseção entre neurociência, educação e tecnologia, buscando entender como a integração desses campos pode potencializar a aprendizagem. O problema investigado foi a lacuna existente entre os avanços da neurociência e sua aplicação prática no ambiente escolar. O objetivo geral foi investigar de que maneira a integração de tecnologias educacionais, fundamentadas em princípios neurocientíficos, poderia melhorar a aprendizagem dos estudantes. O desenvolvimento da pesquisa foi baseado em uma revisão de literatura qualitativa, exploratória e descritiva, utilizando artigos acadêmicos, livros, teses e dissertações. Foram analisadas estratégias tecnológicas como gamificação, realidade virtual e plataformas de aprendizagem adaptativa, além do uso de neuroimagem para monitorar a atividade cerebral durante atividades educacionais. As considerações finais destacaram que a aplicação de conhecimentos neurocientíficos, aliada ao uso de tecnologias educacionais, permite criar ambientes de aprendizagem dinâmicos e inclusivos. Ressaltou-se também a importância da formação adequada dos professores para o sucesso dessas implementações. O estudo concluiu que, embora a integração entre neurociência e tecnologia na educação apresenta grande potencial, há necessidade de pesquisas futuras para aprofundar a compreensão sobre a efetividade dessas tecnologias em diversos contextos educacionais. 

Palavras-chave: Neurociência. Educação. Tecnologia. Aprendizagem. Inclusão.

ABSTRACT

This study addressed the intersection between neuroscience, education and technology, seeking to understand how the integration of these fields can enhance learning. The problem investigated was the gap between advances in neuroscience and their practical application in the school environment. The general objective was to investigate how the integration of educational technologies, based on neuroscientific principles, could improve student learning. The development of the research was based on a qualitative, exploratory and descriptive literature review, using academic articles, books, theses and dissertations. Technological strategies such as gamification, virtual reality and adaptive learning platforms were analyzed, in addition to the use of neuroimaging to monitor brain activity during educational activities. Final considerations highlighted that the application of neuroscientific knowledge, combined with the use of educational technologies, allows for the creation of more dynamic and inclusive learning environments. The importance of adequate teacher training for the success of these implementations was also highlighted. The study concluded that, although the integration between neuroscience and technology in education has great potential, there is a need for future research to deepen the understanding of the effectiveness of these technologies in different educational contexts.

Keywords: Neuroscience. Education. Technology. Learning. Inclusion.

1 Introdução

A interseção entre neurociência, educação e tecnologia tem se revelado uma área de crescente interesse e relevância, especialmente no contexto educacional contemporâneo. A compreensão dos mecanismos cerebrais que influenciam a aprendizagem pode fornecer bases para a aplicação de tecnologias educacionais que promovam um ensino eficaz e inclusivo. A neurociência, ao desvelar como o cérebro processa informações e se adapta a novos conhecimentos, oferece subsídios importantes para o desenvolvimento de práticas pedagógicas inovadoras que atendam às necessidades individuais dos alunos.

A justificativa para esta pesquisa está na necessidade de adaptar os métodos de ensino às descobertas científicas sobre o funcionamento cerebral. Tecnologias educacionais, quando embasadas em princípios neurocientíficos, têm o potencial de otimizar o processo de ensino-aprendizagem, tornando-o dinâmico e eficiente. A integração desses conhecimentos pode proporcionar aos professores ferramentas adequadas para estimular a plasticidade cerebral dos alunos, favorecendo uma aprendizagem significativa e duradoura.

O problema central desta pesquisa reside na lacuna existente entre os avanços da neurociência e sua aplicação prática no ambiente escolar. Embora a neurociência tenha avançado, muitas dessas descobertas ainda não foram incorporadas às práticas educacionais cotidianas. Identificar e analisar como as tecnologias educacionais podem ser utilizadas para alinhar o ensino às capacidades e necessidades cognitivas dos alunos é, portanto, um desafio que esta pesquisa pretende abordar.

O objetivo desta pesquisa é investigar de que maneira a integração de tecnologias educacionais, fundamentadas em princípios neurocientíficos, pode potencializar a aprendizagem dos estudantes, considerando tanto as contribuições da neurociência quanto às possibilidades oferecidas pelas novas tecnologias.

A metodologia adotada nesta pesquisa é baseada em uma revisão de literatura, que permitirá uma análise sobre o tema. A pesquisa é do tipo qualitativa, com uma abordagem exploratória e descritiva. Foram utilizados artigos acadêmicos, livros, teses e dissertações como principais instrumentos de coleta de dados. Os procedimentos envolveram a busca sistemática em bases de dados acadêmicas, utilizando palavras-chave relacionadas à neurociência, educação e tecnologia. As técnicas de análise incluíram a leitura crítica e a síntese de informações relevantes, visando identificar padrões e tendências que possam contribuir para o entendimento do tema.

O texto está estruturado em três partes principais. Na introdução, são apresentados o tema, a justificativa, o problema, o objetivo da pesquisa, a metodologia utilizada e a estrutura do trabalho. No desenvolvimento, são discutidos os principais conceitos e teorias que embasam a interseção entre neurociência, educação e tecnologia, além de exemplos práticos de aplicação dessas tecnologias no ambiente educacional. Por fim, as considerações finais sintetizam as principais conclusões da pesquisa, destacando a importância de se integrar conhecimentos neurocientíficos e tecnológicos para a melhoria do processo de ensino-aprendizagem. 

2 Neurociência e Tecnologia na Educação: Aplicações e Impactos 

A interseção entre neurociência, educação e tecnologia tem oferecido novas perspectivas para a prática pedagógica, fundamentando-se em uma compreensão de como o cérebro humano aprende. Cosenza e Guerra (2011) afirmam que “a neurociência educacional busca integrar conhecimentos sobre o cérebro com práticas pedagógicas para otimizar o aprendizado” (p. 45). Esse campo interdisciplinar tem o potencial de transformar a educação, tornando-a eficiente e inclusiva.

A neurociência fornece uma base científica para entender os processos de aprendizagem e memória, que são essenciais para a educação. Segundo Cosenza e Guerra (2011), “o cérebro humano é adaptável e capaz de modificar sua estrutura e função em resposta à experiência e ao aprendizado” (p. 57). Esse conceito, conhecido como plasticidade cerebral, é fundamental para o desenvolvimento de métodos pedagógicos que estimulam a aprendizagem contínua e personalizada.

Além disso, a tecnologia educacional pode potencializar esses processos ao oferecer ferramentas que complementam e enriquecem o ensino. Arcanjo (2013) destaca que “o uso de tecnologias digitais em sala de aula pode criar ambientes de aprendizagem dinâmicos e interativos, favorecendo a inclusão de alunos com diferentes estilos de aprendizagem” (p. 89). Dessa forma, a integração de tecnologia com neurociência pode atender às diversas necessidades dos alunos, promovendo um aprendizado significativo.

A gamificação, por exemplo, é uma estratégia tecnológica que utiliza elementos de jogos em contextos educacionais. Essa abordagem pode aumentar a motivação e o engajamento dos alunos. Cosenza e Guerra (2011) observam que “a gamificação ativa circuitos de recompensa no cérebro, como a liberação de dopamina, que está associada à motivação e ao prazer” (p. 112). Isso mostra como a tecnologia pode ser utilizada para alinhar métodos pedagógicos com o funcionamento cerebral.

Além da gamificação, tecnologias imersivas como a realidade virtual (RV) e a realidade aumentada (RA) oferecem novas possibilidades para a educação. Benitez et al. (2023) exploram o uso do FNIRS (Espectroscopia Funcional de Infravermelho Próximo) em atividades educacionais, destacando que “essas tecnologias permitem monitorar a atividade cerebral em tempo real, proporcionando dados para a criação de ambientes de aprendizagem eficazes” (p. e0158). A RV e a RA podem criar ambientes interativos e tridimensionais, facilitando a compreensão de conceitos complexos e abstratos.

Plataformas de aprendizagem adaptativa também são uma inovação significativa no campo da educação. Essas plataformas utilizam algoritmos de aprendizado de máquina para personalizar o conteúdo educativo de acordo com as necessidades individuais dos alunos. Cosenza e Guerra (2011) afirmam que “sistemas adaptativos podem ajustar o nível de dificuldade das atividades com base no desempenho do aluno, promovendo uma aprendizagem personalizada e eficaz” (p. 134). Essa personalização é possível graças à análise de grandes volumes de dados educacionais, que permitem identificar padrões de aprendizagem e dificuldades específicas de cada aluno.

No entanto, a implementação dessas tecnologias na educação não está isenta de desafios. Arcanjo (2013) argumenta que “a formação adequada dos professores é essencial para o sucesso na integração de tecnologias educacionais” (p. 102). Professores precisam estar capacitados não apenas para utilizar essas ferramentas, mas também para compreender como elas podem ser aplicadas de maneira que beneficiem o processo de aprendizagem. Isso requer um investimento contínuo em formação e desenvolvimento profissional.

A neurociência também sugere que o ambiente de aprendizagem tem um impacto significativo no processo educativo. Cosenza e Guerra (2011) destacam que “ambientes de aprendizagem que estimulam a curiosidade e a exploração podem ativar regiões cerebrais associadas à memória e à retenção de informações” (p. 78). Assim, a criação de espaços educacionais que favoreçam a interação e a experimentação pode contribuir para uma aprendizagem eficaz.

A pesquisa de Benitez et al. (2023) sobre o uso do FNIRS com crianças e jovens com deficiência intelectual e autismo ressalta a importância de tecnologias de neuroimagem para a educação inclusiva. Eles afirmam que “o FNIRS pode ser uma ferramenta eficaz para entender melhor as necessidades e capacidades desses alunos, ajudando a desenvolver estratégias pedagógicas adequadas” (p. e0158). Essa abordagem pode ser expandida para outros contextos educacionais, contribuindo para uma educação equitativa.

Finalmente, a integração de neurociência, educação e tecnologia requer uma abordagem holística que considere tanto os aspectos cognitivos quanto os emocionais da aprendizagem. Cosenza e Guerra (2011) argumentam que “a aprendizagem é um processo complexo que envolve a interação de fatores cognitivos, emocionais e sociais” (p. 59). Portanto, é fundamental que as tecnologias educacionais sejam desenvolvidas e implementadas de maneira que considerem essa complexidade, promovendo uma educação que atenda às diversas dimensões do desenvolvimento humano.

Em conclusão, a interseção entre neurociência, educação e tecnologia oferece inúmeras possibilidades para transformar a prática educacional. A compreensão dos processos cerebrais e a aplicação de tecnologias educacionais podem criar ambientes de aprendizagem eficazes e inclusivos. No entanto, para que essas inovações sejam eficazes, é necessário um investimento contínuo na formação de professores e na pesquisa sobre os impactos dessas tecnologias na educação. 

3 Considerações Finais

As considerações finais deste estudo destacam a significativa contribuição da neurociência e da tecnologia para a educação, evidenciando como a integração desses campos pode potencializar a aprendizagem. A pesquisa revelou que a aplicação de conhecimentos neurocientíficos, aliada ao uso de tecnologias educacionais, permite a criação de ambientes de aprendizagem dinâmicos e inclusivos. Ferramentas como a gamificação, realidade virtual, e plataformas adaptativas mostraram-se eficazes em alinhar métodos pedagógicos às capacidades cognitivas dos alunos, promovendo um ensino personalizado e eficaz.

Os principais achados indicam que a formação adequada dos professores é fundamental para o sucesso na implementação dessas tecnologias. Professores capacitados podem utilizar essas ferramentas para desenvolver estratégias pedagógicas que beneficiem o processo de aprendizagem. Além disso, o uso de tecnologias de neuroimagem, como o FNIRS, pode oferecer insights sobre as necessidades e capacidades dos alunos, contribuindo para uma educação equitativa.

No entanto, este estudo sugere que futuras pesquisas são necessárias para aprofundar a compreensão sobre a efetividade de diferentes tecnologias educacionais em variados contextos. A continuidade da investigação nesse campo poderá fornecer dados adicionais, auxiliando na elaboração de práticas pedagógicas ainda eficientes e inclusivas. Em suma, a integração entre neurociência, educação e tecnologia apresenta um grande potencial para transformar a prática educacional, mas requer um investimento contínuo em pesquisa e formação de professores. 

4 Referências Bibliográficas

Arcanjo, A. (2013). Educação inclusiva: Uma proposta neuroeducativa (Master’s thesis, Universidade Federal de Juiz de Fora). Disponível em:https://sistemas.uft.edu.br/periodicos/index.php/observatorio/article/view/15958

Benitez, P., Domeniconi, C., Oku, A. Y. A., Soares Junior, R. da S., Mori, F. Y. R., Sassaki, L., Moura, T. L. D., Oliveira, T., Oliveira, L. C. de C., Silva, G. da, Sato, J. R., & Caetano, M. S. (2023). Análise da viabilidade de uso do FNIRS em atividades educacionais com crianças e jovens com deficiência intelectual e autismo. Revista Brasileira de Educação Especial, 29, e0158. https://doi.org/10.1590/1980-54702023v29e0158

Cosenza, R. M., & Guerra, L. B. (2011). Neurociência e educação: Como o cérebro aprende. Porto Alegre: Artmed.

Guarnier, K., & Chimenti, P. (2023). Advancing in the neuroleadership field: A systematic and integrative review. Cadernos EBAPE.BR, 21(6), e2022-0184. https://doi.org/10.1590/1679-395120220184x


1Mestranda em Tecnologias Emergentes em Educação
Instituição: Must University
Endereço: 70 SW 10th St, Deerfield Beach, Flórida – USA
E-mail: margarete.vaz@professor.educ.al.gov.br
2Mestranda em Ciências da Educação
Instituição: Universidad Gran Asunción (UNIGRAN)
Endereço – Gral.Diaz 41, Pedro Juan Cavaleiro 130112, Paraguai
E-mail: anaclaudiaejk@gmail.com
3Doutora em Ciências da Educação
Instituição: University Of Orlando
Endereço: 7901 4TH ST N, STE 300 ST. Petersburg, FL 33702, EUA
E-mail: mirampaulo@gmail.com
4Mestranda em Ciências da Educação
Instituição: Universidad Gran Asunción (UNIGRAN)
Endereço – Gral.Diaz 41, Pedro Juan Cavaleiro 130112, Paraguai
E-mail: spatriciahelena@yahoo.com.br
5Mestre em Tecnologias Emergentes em Educação
Instituição: Must University
Endereço: 70 SW 10th St, Deerfield Beach, Flórida – USA
E-mail: professoraraquelalves@gmail.com
6Doutoranda em Ciências da Educação
Instituição: Facultad Interamericana de Ciencias Sociales (FICS)
Endereço: Calle de La Amistad Casi Rosario, 777, Asunción, República do Paraguai
E-mail: ziza_woodcock@hotmail.com