MOTIVAÇÃO NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM NO ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cl10202505071353


Adevail Santos Rocha


RESUMO

O presente estudo tem como foco a análise da motivação no processo de ensino-aprendizagem no Ensino Fundamental e Médio, compreendendo sua relevância para o desempenho acadêmico, o engajamento escolar e o desenvolvimento pessoal dos estudantes. A pesquisa teve como objetivo geral refletir sobre a importância da motivação nesse contexto educacional, além de, especificamente, analisar teorias contemporâneas relacionadas à motivação escolar, identificar fatores que a influenciam e apresentar práticas pedagógicas eficazes para seu estímulo. Para alcançar tais fins, utilizou-se uma metodologia de revisão bibliográfica com abordagem qualitativa, baseada em obras e publicações científicas recentes, produzidas entre os anos de 2015 e 2025, selecionadas por sua pertinência à psicologia educacional e às ciências da educação. Conclui-se, portanto, que a construção de um ambiente pedagógico acolhedor, aliado à formação contínua dos docentes e ao uso de práticas avaliativas formativas, é determinante para promover uma educação transformadora, que respeite as singularidades dos estudantes e potencialize seu desenvolvimento integral.

Palavras Chave: Motivação; Ensino-Aprendizagem; Fundamental.

ABSTRACT

This study focuses on analyzing motivation in the teaching-learning process in elementary and high school, understanding its relevance for academic performance, school engagement, and students’ personal development. The research’s general objective was to reflect on the importance of motivation in this educational context, in addition to specifically analyzing contemporary theories related to school motivation, identifying factors that influence it, and presenting effective pedagogical practices for its stimulation. To achieve these goals, a bibliographic review methodology with a qualitative approach was used, based on recent scientific works and publications, produced between 2015 and 2025, selected for their relevance to educational psychology and educational sciences. Therefore, it is concluded that the construction of a welcoming pedagogical environment, combined with ongoing teacher training and the use of formative assessment practices, is crucial to promoting transformative education that respects students’ singularities and enhances their integral development.

Keywords: Motivation; Teaching-Learning; Elementary.

1. INTRODUÇÃO

O processo educacional é uma construção dinâmica que envolve múltiplos fatores, dentre os quais a motivação se destaca como elemento essencial para a aprendizagem significativa. No contexto da educação básica, especialmente nos níveis do Ensino Fundamental e Ensino Médio, a motivação assume papel crucial, pois influencia diretamente o engajamento, o desempenho acadêmico e o desenvolvimento pessoal dos estudantes (Silva; Lima, 2019). Motivar o aluno a aprender não significa apenas manter sua atenção em sala de aula, mas também proporcionar um ambiente que valorize seus interesses, emoções e habilidades cognitivas, contribuindo para a formação integral do sujeito.

A motivação pode ser compreendida como um conjunto de forças internas e externas que orientam, sustentam e direcionam o comportamento do indivíduo em direção a um objetivo (Deci; Ryan, 2017). No campo educacional, ela se manifesta na disposição dos alunos em participar ativamente das atividades escolares, persistir diante de dificuldades e buscar o conhecimento como ferramenta de transformação. Diversos estudos têm demonstrado que alunos motivados apresentam maior rendimento escolar, menor evasão e maior senso de pertencimento à escola (Morgan; Skarns, 2020).

Diante disso, é urgente que educadores, gestores e formuladores de políticas públicas reflitam sobre como criar contextos escolares que favoreçam a motivação dos alunos, considerando as especificidades de cada fase da vida escolar. No Ensino Fundamental, os estudantes estão em processo de formação das bases cognitivas e afetivas; já no Ensino Médio, enfrentam desafios próprios da adolescência, como a construção da identidade, a preparação para o mercado de trabalho e o ingresso no ensino superior. Tais características exigem abordagens pedagógicas diferenciadas, capazes de fomentar o interesse e a participação ativa dos discentes.

Este trabalho tem como objetivo geral refletir sobre a importância da motivação no processo de ensino-aprendizagem nos níveis Fundamental e Médio, buscando compreender como ela influencia o rendimento escolar e quais estratégias podem ser utilizadas para promovê-la. Como objetivos específicos, pretende-se: a) analisar teorias contemporâneas sobre motivação escolar; b) identificar fatores que impactam a motivação de estudantes nesses níveis; c) apresentar práticas pedagógicas que estimulem o engajamento e o interesse pela aprendizagem.

Quanto à metodologia, este estudo caracteriza-se como uma pesquisa de revisão bibliográfica, com abordagem qualitativa, baseada em artigos científicos, livros e publicações acadêmicas produzidas entre os anos de 2015 e 2025. Foram utilizados como critérios de seleção fontes atualizadas e relevantes para o campo da psicologia educacional e das ciências da educação. A escolha por essa metodologia se justifica pela necessidade de compreender os aspectos teóricos e práticos que envolvem a motivação, bem como pelas contribuições que a literatura científica pode oferecer à prática pedagógica.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 MOTIVAÇÃO

A motivação é um conceito central na psicologia e na educação, sendo entendida como um conjunto de processos internos e externos que orientam, sustentam e direcionam o comportamento humano para a realização de objetivos. No contexto escolar, a motivação está diretamente ligada à disposição dos estudantes em se engajar nas atividades pedagógicas, à persistência diante de desafios e ao interesse em aprender. Para Martins e Silva (2021), a motivação é o combustível que impulsiona a ação, sendo essencial para transformar o potencial dos alunos em desempenho real.

No ambiente educacional, a motivação pode ser percebida como fator determinante para o sucesso acadêmico, influenciando tanto o comportamento quanto os resultados dos estudantes. Segundo Santos e Rocha (2022), alunos motivados participam mais ativamente das aulas, demonstram maior iniciativa na resolução de problemas e estabelecem metas claras de aprendizagem. A motivação, portanto, deve ser promovida não apenas como uma ferramenta de rendimento escolar, mas como elemento constitutivo de uma educação significativa, crítica e transformadora.

Abraham Maslow propôs uma hierarquia de necessidades humanas organizadas em cinco níveis: fisiológicas, segurança, sociais, estima e autorrealização. De acordo com Maslow, as necessidades básicas devem ser atendidas antes que as superiores possam emergir como fontes de motivação. No contexto educacional, isso significa que um aluno com fome, inseguro ou socialmente excluído dificilmente se engajará na aprendizagem (Martins; Silva, 2021). A escola, portanto, deve ser um ambiente acolhedor e seguro, capaz de satisfazer necessidades emocionais e sociais, promovendo o bem-estar dos estudantes como condição para o aprendizado.

A teoria da autodeterminação, desenvolvida por Deci e Ryan (2017), argumenta que a motivação humana é sustentada por três necessidades psicológicas básicas: autonomia, competência e pertencimento. Quando essas necessidades são atendidas no ambiente escolar, os alunos tendem a apresentar uma motivação intrínseca mais elevada. Essa teoria é particularmente útil na construção de práticas pedagógicas que valorizam o protagonismo estudantil, o uso de metodologias ativas e o fortalecimento dos vínculos afetivos entre professores e alunos. Como apontam Santos e Rocha (2022), alunos que se sentem autônomos e capazes tendem a desenvolver atitudes mais positivas em relação à aprendizagem.

A teoria do reforço, derivada do behaviorismo de B.F. Skinner, sustenta que os comportamentos podem ser moldados por meio de recompensas e punições. No ambiente escolar, reforços positivos — como elogios, boas notas ou reconhecimento — podem incentivar a repetição de comportamentos desejáveis (Martins; Oliveira, 2019). Contudo, essa abordagem tem sido criticada por promover uma motivação extrínseca limitada, dependente de estímulos externos. Ainda assim, o reforço continua sendo uma ferramenta útil, especialmente em fases iniciais da escolarização, quando o senso de responsabilidade e autonomia dos alunos ainda está em formação.

2.2 A MOTIVAÇÃO NO ENSINO-APRENDIZAGEM

A motivação exerce influência direta sobre o desempenho escolar dos alunos, pois determina o nível de envolvimento, esforço e persistência em tarefas de aprendizagem. Segundo Almeida e Gomes (2020), estudantes motivados demonstram maior capacidade de concentração, superam mais facilmente os obstáculos e apresentam melhor desempenho acadêmico. A motivação está fortemente relacionada à aprendizagem significativa, conceito desenvolvido por Ausubel, que se refere à capacidade de relacionar o novo conhecimento ao que já se sabe de forma estruturada e pessoalmente relevante.

Quando a motivação é trabalhada de forma contínua e contextualizada, os alunos não apenas aprendem melhor, mas também desenvolvem competências socioemocionais fundamentais para a vida, como empatia, resiliência, cooperação e autorregulação emocional. Essas competências são essenciais para a formação de sujeitos críticos e autônomos, capazes de lidar com os desafios do mundo contemporâneo de forma ética e responsável (Moreira; Souza, 2021). Um ambiente escolar que favorece a motivação deve acolher as singularidades dos estudantes, respeitar seus tempos de aprendizagem e estimular sua participação ativa, criando situações que despertem o interesse genuíno pelo conhecimento. 

Conforme aponta Vieira (2023), o ambiente escolar motivador é aquele que desafia os estudantes sem intimidá-los, que reconhece seus esforços e estimula a construção de metas pessoais, permitindo que cada aluno compreenda seu progresso e se sinta protagonista de sua trajetória. A escola, nesse sentido, precisa deixar de ser um espaço de reprodução de conteúdo e se tornar um ambiente vivo de interação e descoberta, no qual o erro seja entendido como parte do processo e o diálogo ocupe lugar central nas relações pedagógicas. Essa transformação exige um compromisso coletivo da comunidade escolar com práticas pedagógicas que valorizem o engajamento, o afeto e a construção compartilhada do saber.

A motivação intrínseca refere-se àquela que surge do interesse próprio do aluno, da curiosidade, da vontade de aprender pelo prazer do conhecimento. Ela está associada ao senso de autonomia, competência e propósito pessoal (Deci; Ryan, 2017). Alunos motivados intrinsecamente tendem a ser mais criativos, a persistir diante de dificuldades e a buscar soluções inovadoras. Essa forma de motivação é mais duradoura e estável, pois está ancorada em valores internos e não em recompensas externas.

Já a motivação extrínseca está relacionada a fatores externos, como notas, recompensas, punições ou reconhecimento social. Embora seja frequentemente utilizada no ambiente escolar como forma de controle do comportamento, a motivação extrínseca pode ser útil em determinadas situações, principalmente com alunos que ainda não desenvolveram autonomia suficiente (Silva; Lima, 2019). O desafio, no entanto, é transformar essa motivação intrínseca ao longo do tempo, por meio de práticas pedagógicas que valorizem o protagonismo estudantil.

Conforme destacado por Moreira e Souza (2021), é importante que os professores compreendam as diferenças entre os tipos de motivação — intrínseca e extrínseca — e saibam identificar qual prevalece em cada estudante, adaptando suas estratégias didáticas de acordo com as necessidades específicas da turma. Essa sensibilidade pedagógica é fundamental para promover intervenções mais eficazes, que respeitem as individualidades e os ritmos de aprendizagem dos alunos. 

A motivação intrínseca, por estar relacionada ao interesse pessoal e ao prazer em aprender, requer estímulos que favoreçam a autonomia, o senso de competência e a relevância dos conteúdos. Já a motivação extrínseca, embora mais limitada, pode ser útil em momentos estratégicos, especialmente quando se deseja despertar o engajamento inicial de estudantes menos envolvidos, por meio de recompensas simbólicas ou reconhecimento social. 

A prática pedagógica consciente dessas distinções contribui para a construção de ambientes educativos mais responsivos, capazes de oferecer suporte emocional e intelectual aos alunos, criando oportunidades para que a motivação extrínseca se transforme, progressivamente, em intrínseca (Almeida; Gomes, 2020). Assim, o papel do educador ultrapassa a mera transmissão de conteúdo e se consolida como mediador do desenvolvimento integral dos estudantes, promovendo práticas que incentivam a autorregulação e o prazer genuíno pela aprendizagem.

O aluno do Ensino Fundamental passa por intensas transformações cognitivas e emocionais que influenciam diretamente sua motivação e desempenho escolar. De acordo com a psicologia do desenvolvimento, essa fase é marcada pelo avanço nas habilidades cognitivas, como pensamento lógico, resolução de problemas e compreensão de regras sociais (Maldonado, 2020). No entanto, o aspecto emocional ainda é frágil e demanda atenção. A construção da autoestima, o reconhecimento pelo adulto e o sentimento de pertencimento são essenciais para despertar e manter a motivação no ambiente escolar.

A ludicidade e o afeto, nesse contexto, tornam-se ferramentas pedagógicas fundamentais para fomentar a motivação no ambiente escolar. Atividades como jogos, contação de histórias, dinâmicas colaborativas e práticas experimentais estimulam não apenas a cognição, mas também a afetividade, criando um espaço onde o aluno se sente acolhido, valorizado e incentivado a participar ativamente do processo de aprendizagem. 

Esses recursos despertam a curiosidade, promovem o prazer pelo saber e favorecem a construção de significados, tornando a experiência educacional mais prazerosa e envolvente. Contribuem para a socialização dos estudantes, fortalecendo laços interpessoais e o senso de pertencimento ao grupo escolar. O vínculo afetivo entre professor e aluno, por sua vez, potencializa esse processo, ao garantir segurança emocional e suporte necessário para enfrentar os desafios escolares. Conforme destacado por Souza e Carvalho (2019), o afeto no processo educativo é um elemento motivador que estimula a participação ativa do estudante, melhora o rendimento acadêmico e reduz significativamente os índices de evasão escolar.

Dentre as estratégias motivacionais eficazes no Ensino Fundamental, destaca-se a aprendizagem baseada em projetos, metodologia que propicia o protagonismo infantil, a colaboração entre pares e a resolução de situações-problema ancoradas na realidade dos estudantes. Essa abordagem permite que os conteúdos escolares sejam trabalhados de forma interdisciplinar e contextualizada, promovendo um aprendizado ativo, significativo e voltado para o desenvolvimento de competências e habilidades (Moreira; Souza, 2019). 

Ao serem desafiados a investigar, criar e apresentar soluções para questões concretas, os alunos sentem-se valorizados como sujeitos do processo educativo, o que fortalece sua autonomia e senso de responsabilidade. O envolvimento em projetos desperta o interesse pelo conhecimento e contribui para o desenvolvimento de atitudes investigativas, pensamento crítico e criatividade, aspectos fundamentais para a formação cidadã. 

O trabalho em equipe estimula a cooperação, a escuta e o respeito à diversidade de ideias, favorecendo a construção de um ambiente escolar mais democrático e inclusivo. Segundo Libâneo (2018), ao propor projetos interdisciplinares, os professores promovem uma aprendizagem mais significativa e aumentam o engajamento dos alunos, pois os conteúdos passam a ter aplicação prática no cotidiano.

A gamificação também tem ganhado espaço como ferramenta para motivar os estudantes. Trata-se da aplicação de elementos dos jogos, como pontuações, desafios e recompensas, no contexto educacional. Pesquisas apontam que o uso de recursos lúdicos digitais contribui para manter o interesse dos alunos e melhorar a retenção do conteúdo (Ferreira; Oliveira, 2021).

Por fim, o relacionamento professor-aluno é um dos principais fatores motivacionais. Professores que estabelecem uma comunicação empática, demonstram interesse genuíno pelos alunos e incentivam a autonomia tendem a obter maior engajamento em sala de aula. De acordo com Lima e Rocha (2022), o professor motivador é aquele que reconhece as necessidades emocionais e cognitivas do estudante, sendo um mediador do processo de ensino-aprendizagem.

2.3 PAPEL DO PROFESSOR NA MOTIVAÇÃO DOS ALUNOS

A motivação escolar é um fenômeno complexo que está intrinsecamente relacionado à postura e à formação do professor. Docentes bem preparados e com competências socioemocionais desenvolvidas tendem a exercer maior influência positiva sobre os estudantes. Nesse sentido, a relação afetiva e empática com os alunos é um fator determinante para criar um ambiente seguro e propício à aprendizagem. Segundo Oliveira e Ramos (2021), professores que demonstram empatia, escuta ativa e valorização das experiências dos estudantes contribuem significativamente para o aumento da motivação intrínseca.

A escuta ativa, aliada à flexibilidade pedagógica, permite que o professor adapte o processo de ensino às necessidades individuais de cada aluno. A valorização das diferentes formas de aprender e a abertura para o diálogo estabelecem uma relação de confiança, fortalecendo o vínculo entre educador e educando. Como destacam Lima e Machado (2019), o professor que está disposto a compreender o contexto do aluno e ajustar suas práticas potencializa o engajamento e a autonomia discente.

A formação docente continuada também é essencial nesse processo. É por meio dela que os professores se apropriam de conhecimentos atualizados, metodologias inovadoras e reflexões críticas sobre sua prática. A educação emocional, por exemplo, vem sendo incorporada em programas de formação justamente por seu impacto na criação de vínculos afetivos com os estudantes (Almeida; Costa, 2020).

Práticas pedagógicas inovadoras, centradas no aluno, têm se mostrado eficazes para promover o interesse e a motivação no ambiente escolar, pois deslocam o foco do ensino tradicional — baseado na transmissão unilateral de conteúdos — para uma perspectiva mais dinâmica, interativa e participativa (Lima; Machado, 2019). As metodologias ativas, como a sala de aula invertida, a aprendizagem baseada em projetos e o ensino híbrido, favorecem a construção da autonomia intelectual, o protagonismo estudantil e o desenvolvimento de competências cognitivas e socioemocionais. 

Essas práticas estimulam a curiosidade, a investigação e a tomada de decisões, permitindo que o aluno tenha papel ativo na construção do próprio conhecimento, de forma contextualizada e significativa. Propiciam maior vínculo com a realidade do estudante, ao integrar temas do cotidiano e propor desafios reais que exigem raciocínio crítico e colaborativo. Segundo Franco e Reis (2022), ao tornarem os alunos agentes do próprio aprendizado, essas abordagens despertam o senso de responsabilidade e o prazer pelo saber, fortalecendo a motivação intrínseca e contribuindo para uma experiência educacional mais envolvente, transformadora e conectada com os desafios do século XXI.

A avaliação formativa, por sua vez, representa uma mudança de paradigma em relação às práticas avaliativas tradicionais. Em vez de se limitar à verificação de conteúdo, essa modalidade de avaliação acompanha o desenvolvimento do aluno ao longo do processo, fornecendo feedbacks constantes e construtivos. Conforme Pereira e Barbosa (2021), o feedback bem estruturado e respeitoso contribui para o crescimento do estudante, pois valoriza suas conquistas e oferece subsídios para superar desafios sem desmotivá-lo.

A combinação de metodologias ativas com avaliações formativas reforça a percepção do aluno de que a escola é um espaço de aprendizagem contínua, flexível e acolhedora, contribuindo para o fortalecimento do vínculo entre o estudante e o processo educativo. Enquanto as metodologias ativas promovem a participação ativa, a resolução de problemas reais e o protagonismo discente, a avaliação formativa atua como instrumento de acompanhamento e orientação, oferecendo devolutivas constantes que ajudam o aluno a reconhecer seus avanços, identificar suas dificuldades e construir estratégias para superá-las. 

Esse modelo avaliativo valoriza o percurso do estudante ao invés de limitar-se ao resultado final, promovendo uma cultura de aprendizado baseada no progresso, na reflexão e na autoavaliação. Para Franco e Reis (2022), ao estabelecer um diálogo permanente entre professor e aluno, a avaliação formativa reduz a ansiedade gerada pelas provas tradicionais e contribui para um ambiente emocionalmente seguro, no qual o erro é compreendido como parte natural da aprendizagem. Dessa forma, a articulação entre ensino ativo e avaliação construtiva estimula a motivação intrínseca, fortalece a autonomia e transforma a experiência escolar em um processo mais humanizado, dialógico e significativo.

3. CONCLUSÃO

A motivação no processo de ensino-aprendizagem revela-se como fator determinante para o sucesso educacional dos alunos nos níveis Fundamental e Médio, atuando como propulsora do interesse, da persistência e da participação ativa nas atividades escolares. Observa-se que a construção de ambientes pedagógicos que favoreçam o desenvolvimento da autonomia, do sentimento de pertencimento e da autoestima é imprescindível para o estímulo da motivação intrínseca, mais duradoura e significativa no percurso educacional. Estratégias como o uso da ludicidade, a implementação de metodologias ativas e a valorização da relação afetiva entre professores e alunos mostram-se eficazes na promoção de uma aprendizagem mais envolvente e transformadora.

A figura do professor é central nesse processo, visto que sua postura empática, seu preparo pedagógico e sua capacidade de escuta ativa influenciam diretamente o clima escolar e o engajamento discente. A formação docente contínua, aliada à adoção de práticas inovadoras e avaliações formativas, fortalece o vínculo educador-educando e promove um ambiente de aprendizagem mais humanizado. 

A compreensão das diferentes formas de motivação — intrínseca e extrínseca — permite ao professor adaptar suas estratégias, respeitando as individualidades dos estudantes e favorecendo a construção de trajetórias escolares mais exitosas.

Nesse sentido, é fundamental que a escola assume seu papel como espaço de acolhimento e desenvolvimento integral, atuando não apenas como transmissora de conteúdos, mas como promotora de experiências significativas que despertem o desejo pelo conhecimento. O reconhecimento das necessidades emocionais e sociais dos estudantes, especialmente nas fases de maior vulnerabilidade como a infância e a adolescência, contribui para a construção de uma cultura escolar baseada no respeito, na valorização pessoal e na cooperação mútua.

Pode-se concluir que, a motivação deve ser compreendida como elemento estruturante da prática pedagógica, sendo imprescindível que os profissionais da educação estejam atentos às dinâmicas emocionais e cognitivas dos alunos, promovendo intervenções que fortaleçam a autonomia, a criatividade e o protagonismo juvenil. Somente assim será possível alcançar uma educação verdadeiramente transformadora, que respeite as singularidades dos estudantes e prepare-os de forma crítica e sensível para os desafios do mundo contemporâneo.

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