MODELO DE MATURIDADE DA GESTÃO DO TRANSPORTE INTRA-HOSPITALAR DE PACIENTES

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ar10202503281545


Edson de Oliveira Matos
Eduardo Alves Portela Santos
José Eduardo Pécora Júnior


RESUMO

O transporte intra-hospitalar de pacientes é um processo logístico crítico que impacta diretamente a segurança do paciente, a eficiência operacional e os custos institucionais, mas frequentemente é negligenciado na gestão hospitalar. Este estudo teve como objetivo geral desenvolver e aplicar um Modelo de Maturidade para a Gestão do Transporte Intra-Hospitalar de Pacientes (MMGTIHP), visando proporcionar uma ferramenta estratégica para avaliar e aprimorar as práticas de transporte em instituições de saúde. A pesquisa foi conduzida em dois hospitais de grande porte na cidade de Curitiba: um de gestão privada (Hospital A) e outro filantrópico (Hospital B). A metodologia baseou-se em uma revisão sistemática da literatura para construir uma matriz de avaliação estruturada em cinco dimensões: sistema logístico, protocolos e segurança, qualidade do atendimento, gestão e organização, e inovação e melhoria contínua. A coleta de dados incluiu entrevistas estruturadas com gestores e profissionais operacionais do transporte intra-hospitalar, além da observação direta das práticas adotadas em cada instituição. Os resultados indicaram que o Hospital A apresentou maior maturidade em 75% das dimensões avaliadas, destacando-se em áreas como inovação tecnológica e protocolos de segurança. Em contrapartida, o Hospital B, com 30% de suas práticas classificadas como maduras, demonstrou desafios significativos em comunicação, gestão da informação e integração dos processos. O MMGTIHP não se limita a ser uma ferramenta avaliativa, mas se posiciona como um guia estratégico que orienta gestores a identificar áreas críticas e implementar melhorias direcionadas. Sua aplicabilidade prática foi corroborada pelos dados coletados, que destacaram como a implementação de melhores práticas e inovações pode contribuir para reduzir atrasos em cirurgias, mitigar a superlotação e aumentar a eficiência operacional. As implicações do modelo são substanciais, oferecendo aos gestores hospitalares uma base estruturada para a tomada de decisões informadas e para a melhoria contínua dos processos de transporte intra-hospitalar.

Palavras-chave: Maturidade da Gestão; Logística Hospitalar; Transporte Intra-hospitalar de Pacientes.

ABSTRACT

Intra-hospital patient transport is a critical logistical process that directly impacts patient safety, operational efficiency, and institutional costs, but is often neglected in hospital management. This study aimed to develop and apply a Maturity Model for Intra-Hospital Patient Transport Management (MMGTIHP), aiming to provide a strategic tool to evaluate and improve transport practices in health institutions. The research was conducted in two large hospitals in the city of Curitiba: one privately managed (Hospital A) and the other philanthropic (Hospital B). The methodology was based on a systematic review of the literature to build an evaluation matrix structured in five dimensions: logistics system, protocols and safety, quality of care, management and organization, and innovation and continuous improvement. Data collection included structured interviews with managers and operational professionals of intra-hospital transport, in addition to direct observation of the practices adopted in each institution. The results indicated that Hospital A presented greater maturity in 75% of the dimensions evaluated, standing out in areas such as technological innovation and safety protocols. In contrast, Hospital B, with 30% of its practices classified as mature, demonstrated significant challenges in communication, information management and process integration. The MMGTIHP is not limited to being an evaluation tool, but rather positions itself as a strategic guide that guides managers to identify critical areas and implement targeted improvements. Its practical applicability was corroborated by the data collected, which highlighted how the implementation of best practices and innovations can contribute to reducing delays in surgeries, mitigating overcrowding and increasing operational efficiency. The implications of the model are substantial, offering hospital managers a structured basis for making informed decisions and for the continuous improvement of intra-hospital transport processes.

Keywords: Maturity Management; Hospital Logistics; Intra-hospital Transport of Patients.

1 INTRODUÇÃO

O ambiente hospitalar está em constante transformação para atender às crescentes demandas por qualidade, segurança e aprimoramento dos serviços de saúde. Esse processo busca alinhar estruturas e operações às exigências de um cenário dinâmico e complexo, no qual as instituições precisam assegurar a eficiência de suas práticas em meio a recursos limitados e demandas em expansão (Maka et al., 2022). Dentre os diversos aspectos que compõem o cotidiano hospitalar, destaca-se o transporte intra-hospitalar de pacientes (TIH), um componente crítico que conecta diferentes etapas do cuidado, como exames diagnósticos, intervenções terapêuticas e processos de reabilitação.

Apesar de sua relevância, conforme apontado por Jain (2022), o transporte intra-hospitalar frequentemente carece de protocolos padronizados e estratégias logísticas estruturadas, sendo muitas vezes realizado de forma empírica. Essa deficiência contrasta com a complexidade da operação, que exige planejamento detalhado, integração entre equipes e treinamento contínuo. Ton (2023) ressalta que o TIH é fundamental para garantir a realização de exames e tratamentos que não podem ser feitos à beira do leito, porém a ausência de metodologias avançadas compromete a eficiência operacional e aumenta riscos associados, como atrasos, falhas de comunicação e complicações clínicas. Veiga (2019) relata, por exemplo, que 7,5% dos transportes de pacientes críticos resultam em eventos graves, enquanto 8% apresentam problemas relacionados à comunicação e ao uso inadequado de equipamentos, impactando diretamente a morbimortalidade hospitalar e a percepção da qualidade dos serviços.

Além disso, a ineficiência no TIH provoca repercussões estruturais e financeiras significativas, como prolongamento das internações, aumento dos custos operacionais e interrupções em fluxos essenciais, incluindo cancelamentos de cirurgias e subutilização de recursos hospitalares (Majeed et al., 2023). Um fator que intensifica esses desafios é a ausência de ferramentas específicas para avaliar e medir a maturidade da gestão do transporte intra-hospitalar. Enquanto os Modelos de Maturidade (MM) são amplamente utilizados em outros setores para otimizar processos e promover melhorias contínuas, os hospitais ainda negligenciam essa abordagem, dificultando a identificação de fragilidades e a implementação de intervenções estratégicas. Segundo Ongena e Ravesteyn (2019), os MM oferecem uma estrutura robusta para avaliação e aprimoramento organizacional, alinhando operações às demandas internas e externas. No contexto hospitalar, a ausência de um modelo adaptado para o TIH restringe a capacidade dos gestores em tomar decisões baseadas em dados concretos, perpetuando ineficiências e comprometendo a segurança do paciente.

Diante desse cenário, este estudo propõe o desenvolvimento de um Modelo de Maturidade da Gestão do Transporte Intra-Hospitalar de Pacientes (MMGTIHP), com o objetivo de oferecer uma ferramenta sistemática e científica capaz de avaliar os processos logísticos relacionados ao TIH. O modelo foi projetado para diagnosticar deficiências, identificar áreas prioritárias para intervenções e orientar a implementação de estratégias voltadas à segurança, eficiência e qualidade do transporte intra-hospitalar. Além disso, o MMGTIHP busca alinhar a gestão hospitalar às melhores práticas globais, combinando conceitos interdisciplinares de logística, gestão de processos e segurança do paciente.

Neste contexto, o estudo responde às seguintes questões de pesquisa: Como a maturidade da gestão do transporte intra-hospitalar de pacientes pode ser mensurada por meio de um modelo específico? Quais são os níveis de maturidade das práticas de transporte intra-hospitalar em hospitais de grande porte localizados na cidade de Curitiba e região metropolitana? Quais lacunas e boas práticas podem ser identificadas ao aplicar a Matriz de Avaliação da Maturidade em diferentes contextos hospitalares? E, por fim, como os resultados obtidos com a aplicação da matriz corroboram a eficácia e aplicabilidade do modelo desenvolvido?

O objetivo principal deste estudo é desenvolver um Modelo de Maturidade da Gestão do Transporte Intra-Hospitalar de Pacientes e determinar o nível de maturidade do serviço prestado em hospitais de grande porte na cidade de Curitiba e região metropolitana. Especificamente, busca-se elaborar um modelo do estado da arte da maturidade da gestão do transporte intra-hospitalar, desenvolver uma matriz de avaliação (MAMGTIHP), aplicá-la em instituições hospitalares selecionadas e, a partir dos resultados, propor um plano de ação com oportunidades de melhoria que sirva como suporte para a tomada de decisão dos gestores.

Ao aplicar o modelo proposto, espera-se fornecer uma contribuição significativa para a gestão hospitalar, identificando fragilidades e promovendo a transformação do transporte intra-hospitalar em um processo estruturado, eficiente e seguro. O estudo busca, assim, oferecer uma solução prática e escalável que responda às necessidades operacionais e estratégicas das instituições de saúde, alinhando-se às melhores práticas globais.

2 REVISÃO DE LITERATURA

A revisão de literatura nos permite encontrar teorias, conceitos e estado atual da arte, onde poderão ser reconhecidas as lacunas e oportunidades para surgimento de novas pesquisas sobre temas relevantes para a construção do conhecimento científico (BOTELHO; CUNHA; MACEDO, 2011).

Nesta seção serão abordados os principais conceitos que envolvem o tema da pesquisa, de maneira a facilitar o entendimento da realidade exposta neste trabalho.

2.1 ESTRUTURA DA REVISÃO DA LITERATURA

Pretende-se estruturar o trabalho em capítulos, incluindo a:

  • Modelos de Maturidade da Gestão;
  • O Transporte Intra-Hospitalar de Pacientes;
  • A Logística do Transporte Intra-Hospitalar de Pacientes;
  • Processo do Transporte Intra-Hospitalar de Pacientes;
  • Segurança no Transporte Intra-Hospitalar de Pacientes;
  • Riscos ao Paciente Durante o Transporte Intra-Hospitalar de Pacientes;

2.2 MODELOS DE MATURIDADE DA GESTÃO

Os sistemas de saúde são estruturas complexas e caras que enfrentam desafios e devem se adaptar às crescentes tecnologias e às mudanças ambientais (GOMES et al., 2017). Esses sistemas incluem o atendimento a pacientes individuais, populações específicas e diversas equipes profissionais em um único ambiente.

Muitas vezes faltam recursos financeiros e a necessidade de fornecer serviços de boa qualidade atrelada aos ambientes sobrecarregados, resultam em restrições ao sistema (ZHANG et al., 2015).

Segundo Ongena e Ravesteyn (2019), é ampla a literatura existente sobre modelos de maturidade em gerenciamento de processos, já que este é reconhecido mundialmente como sendo uma abordagem para aumentar a eficiência, eficácia e a flexibilidade dos processos organizacionais. Ainda, segundo esses autores, a eficiência do processo pode ser alcançada através da redução dos custos de inventário, aumentando a produtividade e reduzindo os custos de mão de obra, a eficácia do processo pode ser adquirida pelo aprimoramento do foco no cliente e por uma melhor qualidade e satisfação dos funcionários, e a flexibilidade dos processos está relacionada a capacidade organizacional adaptar-se às mudanças e a inovação.

Dentro da eficiência de processos, têm-se o conceito de maturidade. A aplicação de modelos de maturidade para melhorar a eficiência dos processos organizacionais sugere que organizações maduras operam de forma previsível e eficiente, minimizando o uso de recursos e controlando os desvios de metas. Esses modelos ajudam a mitigar desafios como a falta de leitos, filas de espera e o aumento de custos nos hospitais, proporcionando um método estruturado para avaliar e aprimorar continuamente os processos internos (SAAVEDRA et al., 2021).

As primeiras abordagens sobre maturidade surgiram no campo da gestão da qualidade, com o Capability Maturity Model Integration (CMMI) o qual, apresentava cinco níveis de maturidade, que vão desde o inicial até o otimizado. Este modelo, que foi desenvolvido originalmente para a avaliação da capacidade de processos de desenvolvimento de software, evoluiu ao longo dos anos e influenciou o desenvolvimento de outros modelos de maturidade em diferentes setores. A versão mais atualizada, o Capability Maturity Model Integration (CMMI), foi revisada em 2023, refletindo as necessidades contemporâneas de integração e otimização de processos em organizações (SCHRIEK, 2023).

Grant Thornton (2023), argumenta que as organizações que conseguem alinhar pessoas, processos e tecnologia de maneira coesa são mais eficazes em identificar oportunidades de melhoria, implementar mudanças e, consequentemente, alcançar melhores resultados operacionais e financeiros.

Crosby (1979), Kucińska-Landwójtowicz et al. (2023), sugerem que a maturidade se refere ao processo de desenvolvimento e crescimento dentro de uma organização, passando de um estado inicial para um mais avançado. Esses modelos de maturidade, como discutido por Kucińska-Landwójtowicz et al. (2023), não apenas indicam um avanço técnico, mas também um amadurecimento na capacidade da organização de operar de forma eficiente e previsível.

Wettstein e Kueng (2002) propõem um modelo de maturidade para os Sistemas de Medição de Desempenho (SMD’s) a partir da inspiração dos modelos de Gibson e Nolan (1974) e CMM criado pela Software Engineering Institute (SEI). Os autores consideraram quatro estágios: Ad-hoc, Adolescente, Crescido e Maduro.

QUADRO 1 – Modelo de Maturidade para os Sistemas de Medição de Desempenho.

 Nível 1 ad-hocNível 2 AdolescenteNível 3 CrescidoNível 4  Maduro
Escopo de  MediçãoSomente indicadores financeiros são considerados.Indicadores de desempenho financeiro são mensurados. Complementando verifica-se poucas medidas não- financeiras no escopo.Indicadores financeiros e não-financeiros encontram-se no escopo. Medição de desempenho está presente em diferentes níveis organizacionais.Indicadores financeiros e não-financeiros são mensurados numa regularidade. Os indicadores refletem os interesses de todos stakeholders. Os processos-chave são medidos numa forma integral.
Coleta de DadosMaior parte dos dados de desempenho são coletados manualmente.Dados do desempenho financeiro são coletados dos sistemas de informação. No entanto, alguma intervenção manual ainda é requisitada.Coleta dos dados de desempenho financeiro é totalmente automatizada. Porém, informações para os indicadores não- financeiros necessita de alguma intervenção manual.Fontes de dados internas e externas são exploradas. Os vários sistemas de informação são integrados, não necessitando de intervenção manual para coleta de informações.
Armazenagem    de DadosDados de desempenho são armazenados de diversas formas (bases de dados, planilhas etc.).Os dados de desempenho financeiros são armazenados em uma base central. Os não- financeiros são dispersos armazenados de diversas formas.Os dados relevantes de desempenho são armazenados em uma base central, porém em diversos formatos.Todos dados de desempenho são armazenados em um sistema de informação integrado.
Comunicação dos Resultados do DesempenhoOs resultados de desempenho são disseminados de uma forma ad-hoc.Resultados de desempenho são disseminados periodicamente para alta e média gerência.Estruturas claras de comunicação são estabelecidas. Quadros de medidas não- financeiras são parte dos relatórios de rotina. Maior parte dos resultados são comunicados de uma forma ativa.Indicadores financeiros e não-financeiros são transmitidos para os stakeholders eletronicamente de uma forma ativa. Adicionalmente as informações também podem ser acessadas eletronicamente (passiva) em diferentes níveis de agregação.
Uso das Medidas de DesempenhoO uso dos resultados de desempenho não é algo definido.Os indicadores de desempenho são usados primeiramente no ambiente interno.Os indicadores de desempenho são usados primeiramente para propostas de análises e para comunicar a estratégia e metas aos colaboradores.O uso dos indicadores de desempenho é mais amplo servindo como um instrumento para gestão e planejamento, apoio para a companhia nas suas relações com stakeholders e para manter os colaboradores envolvidos e motivados.
Qualidade dos Processos de Medição de DesempenhoOs processos de medição não são definidos. O sucesso depende de esforços individuais.Um certo nível de disciplina para o processo de medição existe. Os sucessos dos processos de medição são mais rotineiros.Os processos de medição são documentados e padronizados. A execução dos processos é compatível com a sua descrição.Metas quantitativas para o processo de medição são estabelecidas. Melhoria contínua dos processos de medição é verificada. Novas tecnologias e práticas para este processo são identificadas
Fonte: Wettstein e Kueng (2002), p.8


Os modelos de maturidade de processos baseiam-se em organizações maduras e proporcionam aos gestores uma metodologia que permite “avaliar o estágio de maturidade da gestão de processos da organização, definir prioridades e definir objetivos realistas, planejar e monitorizar o progresso da melhoria contínua do desempenho dos processos críticos” (KUCIŃSKA-LANDWÓJTOWICZ et al., 2023).

Esses modelos estruturam as atividades organizacionais em etapas ou níveis de desenvolvimento claramente definidos, que são gerenciados e controlados ao longo do tempo. Eles modelos guiam as organizações na evolução de práticas inconsistentes e não padronizadas para processos padronizados, previsíveis e continuamente otimizados, garantindo que a organização alcance um desempenho superior à medida que amadurece (BOGODISTOV ET AL., 2022; DIJKMAN ET AL., 2015).

2.3 O TRANSPORTE INTRA-HOSPITALAR DE PACIENTES

Apesar dos avanços tecnológicos na medicina, nem todos os diagnósticos podem ser realizados à beira do leito do paciente, frequentemente, as equipes de profissionais de saúde utilizam-se do TIH para encaminhar os pacientes para realizá-los (MECKLENBURG, 2023). Esse meio de transporte temporário ou definitivo, é utilizado para procedimentos terapêuticos, estudos diagnósticos (tomografia computadorizada, ressonância magnética nuclear, angiogramas e outros), internação ou transferência entre unidades de terapia intensiva (UTI) e unidades de terapia semi-intensiva (ZERMAN & EVRAN, 2023).

FIGURA 1 – Interfaces Setoriais do Transporte Intra-Hospitalar de Pacientes.

Fonte: O Autor, 2024.

O transporte, como atividade rotineira da assistência ao paciente, deve ser seguro e eficiente, sem expor o paciente a riscos desnecessários, evitando, assim, agravar seu estado clínico e prezando para que este seja deixado na unidade de destino em condições semelhantes ou melhores do que aquelas apresentadas antes do deslocamento (BOMFATI et al., 2019).

Conforme Juneja & Nasa, (2023), além da análise em relação a real necessidade do transporte, cabe avaliar o risco de instabilidade durante o procedimento e, ao mesmo tempo, é muito importante o planejamento desse transporte de forma consistente, com recursos humanos preparados (médico, enfermeiro, técnico de enfermagem, fisioterapeuta e maqueiro/transportador) e esclarecidos sobre a situação do paciente, bem como a inclusão dos equipamentos regulados e testados.

Os profissionais que transportam o paciente devem ser capazes de se antecipar e solucionar todo tipo de evento adverso durante o transporte, por isso, uma equipe experiente e treinada é primordial para assegurar um transporte seguro e tranquilo (GRAÇA, 2017; SETHI, SUBRAMANIAN, 2014). Além disso, suas ações devem estar descritas em documentos, normas e rotinas fundamentadas tecnicamente na prevenção de novos agravos à saúde (BOMFATI et al., 2019).

Warren et al., (2023), citam que uma das principais dificuldades para a realização adequada do procedimento está relacionada a falta de comunicação prévia entre a equipe que transporta o paciente e aquela que irá recepcioná-lo, de forma que não seja comprometida sua segurança e a continuidade dos cuidados de saúde seja reforçada.

Problemas de comunicação podem desencadear dificuldades e eventos adversos nos ambientes hospitalares e, na realização de transporte intra-hospitalar, estes podem acarretar também atrasos no encaminhamento dos pacientes, ou na entrada destes na sala de exames, deixando-os mais expostos (WARREN et al, 2023).

2.4 A LOGÍSTICA DO TRANSPORTE INTRA-HOSPITALAR DE PACIENTES

O fluxo contínuo dos serviços de saúde em qualquer hospital depende de funções logísticas com regras e complexidades próprias, em principal, o fluxo de pacientes, seja dentro de um hospital ou estabelecimento de saúde específico ou transporte de um hospital para outro, é um dos fluxos logísticos mais importantes na assistência à saúde (MAKA, 2022).

Quando falamos de transporte intra-hospitalar, estamos diante de uma entre as três etapas que fazem parte da logística hospitalar. Afinal, a armazenagem logística e a distribuição de equipamentos e demais materiais hospitalares também depende de um bom gerenciamento a fim de prestar um atendimento eficiente ao público.

A coordenação eficaz entre o agendamento de tratamentos e a disponibilidade de maqueiros para o transporte intra-hospitalar de pacientes é um desafio reconhecido na gestão hospitalar. Estudos recentes destacam que a principal dificuldade reside em sincronizar precisamente o início dos tratamentos com a disponibilidade dos maqueiros, visando minimizar o desconforto dos pacientes, reduzir o tempo ocioso nos quartos e evitar deslocamentos desnecessários dos maqueiros (GOV.BR, 2021; GOV.BR, 2022).

Por exemplo, o Hospital das Forças Armadas (HFA) em Brasília implementou uma Central de Maqueiros que realiza aproximadamente 1.500 ações mensais, incluindo o deslocamento de pacientes e o manuseio de materiais de pronto atendimento. Essa iniciativa visa agilizar o transporte interno e melhorar a eficiência operacional (GOV.BR, 2021).

Além disso, o Hospital Universitário Alcides Carneiro (HUAC) da Universidade Federal de Campina Grande estabeleceu procedimentos operacionais padrão para o serviço de maqueiros, detalhando etapas como o processamento e atendimento de chamados, com prazos específicos para apresentação e conclusão dos atendimentos. Essas medidas buscam otimizar o transporte de pacientes e garantir a segurança e a qualidade do atendimento (GOV.BR, 2022).

Esse processo exige uma abordagem integrada de planejamento para equilibrar as necessidades do hospital com a conveniência e segurança dos pacientes, levando em consideração a capacidade dos veículos, o tempo de espera e as restrições operacionais dos maqueiros (CHIKHI & DJEHICHE, 2024).

Kriegel et al. (2016) propuseram o uso de métricas que combinam indicadores qualitativos e quantitativos, permitindo uma análise detalhada do tempo de espera dos pacientes, do desempenho conceitual e da gestão da qualidade. Com essa abordagem, é possível monitorar o volume de pacientes ao longo do tempo (mês/ano), visualizar as entradas e saídas nas unidades de produção e calcular os custos associados. Além disso, Kriegel et al. (2016) sugeriram a utilização do diagrama de Ishikawa como uma ferramenta fundamental para orientar a discussão e o desenvolvimento de soluções adequadas, facilitando a identificação das causas raiz dos problemas e promovendo melhorias contínuas.

Conforme Maka (2022), cada unidade hospitalar deve mapear o fluxo de Gestão de THI para compreender melhor a logística de trabalho, auxiliar na tomada de decisão dos seus colaboradores e aperfeiçoar constantemente seus serviços.

2.5 PROCESSO DO TRANSPORTE INTRA-HOSPITALAR DE PACIENTES

De acordo com Pires (2015), o transporte intra-hospitalar pode ser dividido em diferentes tipos, como a transferência de pacientes entre departamentos, que inclui o retorno a um departamento de internação, e a alta do paciente, que se refere ao deslocamento do paciente para locais não relacionados ao tratamento médico, como pontos de embarque e desembarque.

FIGURA 2 – Fluxograma do Transporte Intra-Hospitalar de Pacientes – Sistema Logístico Manual

Fonte: O autor, 2024.

O acionamento de chamado do transporte intra-hospitalar de pacientes pode ser realizado de forma manual ou através de uma central de chamadas/transportes, utilizando ferramentas como rádios comunicadores, bip’s, sistemas informatizados ou até mesmo radiofrequências de localização (SMITH ET AL., 2022; JOHNSON & MILLER, 2021).

Em hospitais onde o processo de acionamento é manual, o setor demandante da transferência realiza uma ligação telefônica ou chamado através de bip/rádio. O maqueiro transportador recebe o chamado e agenda o transporte conforme o grau de urgência ou disponibilidade de horários (Jones et al., 2023). A equipe de transferência recebe informações sobre as instalações de partida e chegada (WHITE & MARTIN, 2022).

Nas instituições que possuem uma central de transportes, uma equipe treinada recebe os chamados dos serviços, faz a triagem do tipo de chamado e nível de urgência, e em seguida, envia os maqueiros transportadores/técnicos de enfermagem para realizar as remoções, seguindo anotações que elencam as prioridades de remoção (SMITH & JOHNSON, 2022; YANG ET AL., 2017).

FIGURA 3 – Fluxograma do Transporte Intra-Hospitalar de Pacientes – Sistema Logístico Tecnológico

Fonte: o Autor, 2024.

É relevante citar que o sucesso no transporte intra-hospitalar depende diretamente dos processos previamente definidos, assim como a disponibilidade dos equipamentos, seja maca, cadeira ou cilindro de oxigênio, equipe assistencial e profissionais especializados.

Outro aspecto importante no transporte do paciente é a comunicação prévia das informações necessárias entre a equipe que transporta o paciente e aquela que irá recepcioná-lo, de forma que não seja comprometida sua segurança e a continuidade dos cuidados de saúde seja reforçada (GRACA et al., 2017; PIRES et al., 2015).

Pires (2015), afirma ainda que o processo de transporte intra-hospitalar é composto por três fases, sendo que a primeira, a preparatória ou pré-transporte, consiste na classificação de risco e avaliação do quadro clínico do paciente, onde o planejamento deve ocorrer através da seleção dos equipamentos necessários, definição e preparação da equipe multidisciplinar, comunicação eficaz entre as equipes participantes e a escolha do melhor trajeto, levando em consideração o tempo para o transporte. A segunda fase é a de transferência, que ocorre durante o próprio transporte e tem como foco a manutenção do monitoramento adequado do paciente para que ele permaneça hemodinamicamente estável, bem como, o encaminhamento dos documentos e demais materiais necessários (medicamentos, prontuários e materiais). Por fim, a fase de estabilização pós-transporte, onde deve ser restabelecida à assistência anteriormente oferecida, verificados os dispositivos invasivos, registrado o encaminhamento no prontuário e mantido o acompanhamento do paciente por ao menos uma hora após o transporte, visto que este intervalo é considerado extensão da evolução do transporte intra-hospitalar (PIRES, 2015).

2.6 SEGURANÇA NO TRANSPORTE INTRA-HOSPITALAR

A segurança do paciente pode ser definida como a ausência de danos possíveis ou desnecessários ao paciente em relação à assistência à saúde e a adaptabilidade das instituições de saúde em relação aos riscos humanos e operacionais incluídos no processo de trabalho (CESTARI et al., 2017).

WHO (2021), afirma que a segurança do paciente é um “conjunto de atividades organizadas para evitar, prevenir e reduzir resultados adversos ocorridos a partir do cuidado à saúde”.

Souza (2019), compara várias operações e suas complexidades. Segundo o autor, andar de avião em vias aéreas comerciais é hoje considerado muito seguro.  Estima-se que um passageiro morra a cada 10 milhões de decolagens. O nível de segurança é conhecido na indústria como sigma 7. Atividades regulamentadas, como o tráfego rodoviário, são muito menos seguras com um nível de risco de sigma 4, enquanto outras, como o alpinismo, apresentam um risco de classe 1 por mil! Em hospitais de todo o mundo, o risco de morte por erro, ocorrido durante o internamento/internação, é de uma em 300 admissões/internações, e o risco de qualquer tipo de evento adverso é de aproximadamente dez em cada cem.

Deste ponto de vista, transportar pacientes é um trabalho com potencial de riscos no âmbito dos hospi­tais, desde a admissão e tratamento até a alta. O transporte intra-hospi­talar torna-se fundamental na percepção de qualidade dos serviços de saúde e antes de tudo para a segurança durante o tratamento (RAMIREZ ITURRA; FEBRÉ, 2018; VIEIRA et al., 2015).

A Portaria 1071, de 04 de julho de 2005, que dispõe sobre a Política Nacional de Atenção ao Paciente Crítico, aponta para a obrigatoriedade das instituições hospitalares em implantarem e implementarem o plano hospitalar de atenção, que envolve também o planejamento do transporte.

O Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), em sua Resolução 376, de 2011, também estabelece a função da equipe de enfermagem no que se refere ao preparo, acompanhamento e retorno dos pacientes, apontando diversas observações e procedimentos que devem ser seguidos para assegurar um transporte seguro.

A definição de itens de segurança é considerada parte essencial do processo e, dessa forma, devem ser observados e respeitados, sendo: equipe do transporte; cumprimento das etapas de transporte; materiais, equipamentos e medicações; infraestrutura adequada (RESOLUÇÃO 376, de 2011).

FIGURA 4 – Modelo Lógico para o Transporte Intra-Hospitalar Seguro

Fonte: Adaptado de Silva (2015).

2.7 RISCOS AO PACIENTE DURANTE O TRANSPORTE INTRA-HOSPITALAR

A incidência de eventos adversos durante o TIH está relacionada a erros no planejamento, sendo associados a problemas com equipamentos e falta de organização (CARNEIRO TA, et al., 2017), e ao tempo de duração do transporte superiores a 30 minutos, em pacientes sedados e que necessitam de monitoramento complexo devido a seu estado clínico (NESPEREIRA GARCÍA et al., 2020).

Os principais desafios enfrentados durante o transporte intra-hospitalar incluem a falta de conhecimento dos profissionais, falhas de comunicação entre as equipes de origem e destino, e falhas nos equipamentos utilizados, o que pode comprometer a segurança do paciente. A criação de equipes especializadas e a implementação de protocolos padronizados são estratégias recomendadas para mitigar esses riscos e melhorar a segurança durante o transporte (JUNEJA & NASA, 2023).

Um estudo realizado por Carneiro TA et al. (2017) identificou que nem sempre a equipe multiprofissional estava completa durante o transporte, necessitando de maior participação da equipe médica. Evidenciou também que a estrutura física é um fator relevante para o surgimento de eventos adversos, como por exemplo, ao apresentar portas ou camas incompatíveis com os setores de destino.

Outra pesquisa em que os equipamentos estavam funcionando corretamente e as equipes eram compostas por médico, enfermeiro e técnico de enfermagem, evidenciou-se que os eventos adversos durante o transporte ocorreram devido as alterações clínicas dos pacientes (MENEGUIN S, et al., 2014).

Pode-se observar comparando os dois estudos citados acima que quando o transporte é realizado com a participação da equipe multiprofissional, com a realização do planejamento adequado, avaliando o perfeito funcionamento dos equipamentos, os índices de intercorrências são minimizados.

Para prevenir os riscos associados à TIH, a implementação de protocolos e a utilização de checklists devem ser consideradas para melhorar a segurança do paciente, criando de forma simples um conhecimento mais eficiente, efetivo e prático. Estudos mostram que após a implementação deste tipo de estratégia, o número de eventos adversos devido ao transporte diminuiu (BÉRUBÉ et al., 2013; GELDENHUYS et al., 2020; NESPEREIRA GARCÍA et al., 2020).

Para realizar o processo de TIH é necessário estratégias que consistam em coordenação pré-transporte, comunicação e estabilização, monitoramento e documentação (JONES et al., 2016). Patient Safety Authority, (2023); Juneja & Nasa, (2023), evidenciam a necessidade de capacitações para equipe, devido à falta de registros de enfermagem antes e após o transporte e a dificuldade na comunicação entre as equipes.

Outro ponto importante está relacionado com a comunicação com o paciente, a fim de prepará-lo para eventos relacionados ao transporte, como solavancos e curvas no caminho, e sobre o que eles podem esperar durante o transporte (BERGMAN et al., 2020b).

Sousa et al. (2020), afirma que para obter sucesso no TIH, é de extrema importância o trabalho em equipe e principalmente a participação da gestão atuando com competência e liderança, a fim de garantir a funcionalidade da assistência prestada com qualidade, eficiência e eficácia tendo planejamento de fluxos e sua equipe como principal aliada.

Identificar os fatores que interferem no transporte intra-hospitalar do paciente crítico, traz informações para elaboração de intervenções que diminuem a ocorrência de eventos adversos, não prejudicando o paciente e desgastando menos a equipe que realiza o procedimento (SILVA R e AMANTE LN, 2015).

3 METODOLOGIA

3.1 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Essa pesquisa possui natureza aplicada, pois concentra-se em torno dos problemas presentes nas atividades das instituições, organizações, grupos ou atores sociais. Está empenhada na elaboração de diagnósticos, identificação de problemas e busca de soluções. De acordo com Thiollent (2009, p.36), esse tipo de pesquisa responde a uma demanda formulada por “clientes, atores sociais ou instituições”.

A abordagem foi do tipo qualitativa, pois, segundo Liebscher (1998), essa abordagem é viável quando o fenômeno em estudo é complexo, de natureza social e de difícil quantificação.

Em relação aos objetivos, com base em Silva (2004), o estudo apresentou um delineamento descritivo e exploratório. Os estudos descritivos, trabalham com dados da própria realidade e fornecem uma pesquisa ampla e completa (CERVO E BERVIAN, 2006).

TABELA 1 – Classificação Resumo da Pesquisa

Fonte: O Autor (2024)

O capítulo a seguir oferece uma análise minuciosa da metodologia aplicada nesta pesquisa, dividida em três etapas: Exploração, Elaboração e Comparação.

3.2 EXPLORAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DO MODELO DE MATURIDADE DA GESTÃO DO TRANSPORTE INTRA-HOSPITALAR DE PACIENTES

O modelo de maturidade é uma ferramenta estruturada que avalia o grau de desenvolvimento ou sofisticação de processos em uma organização, permitindo identificar níveis progressivos de capacidade, eficiência e qualidade. Esses modelos fornecem uma abordagem sistemática para diagnosticar o estado atual de um processo, identificar lacunas e orientar melhorias contínuas.

No contexto deste estudo, o Modelo de Maturidade da Gestão do Transporte Intra-Hospitalar de Pacientes (MMGTIHP) foi desenvolvido para analisar e classificar a gestão desse processo em diferentes dimensões.

3.2.1 Estratégia de Pesquisa

A metodologia deste estudo foi estruturada para garantir uma análise abrangente e sistemática da literatura relevante sobre o transporte intra-hospitalar de pacientes e modelos de maturidade na gestão hospitalar. A pesquisa exploratória baseou-se em uma Revisão Sistemática da Literatura (RSL), conforme descrito por Gil (1999a), que define a pesquisa exploratória como uma abordagem essencial para oferecer uma visão geral e aproximada de fenômenos pouco estudados, permitindo a identificação de deficiências e a formulação de hipóteses mais precisas.

3.2.2 Base de Dados e Aplicação da String de Busca

A primeira etapa foi a realização de uma Revisão Sistemática da Literatura (RSL), que seguiu os princípios do método PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses).

3.2.3 Bases de Dados e String de Busca

Para garantir que os artigos e trabalhos selecionados estivessem alinhados aos objetivos do estudo, a delimitação da string de busca foi realizada com estratégias que refinaram os termos e filtros aplicados. Inicialmente, utilizamos quatro bases de dados: PubMed, Scielo, Science Direct e Web of Science, reconhecidas por sua reputação e abrangência na área da saúde. A pesquisa focou em artigos revisados por pares, dissertações e teses publicadas entre 2013 e 2023.

A construção da string baseou-se em descritores padronizados, conforme a plataforma DeCS (Descritores em Ciências da Saúde), utilizando termos em português, inglês e espanhol. Para limitar os resultados e garantir maior relevância, aplicaram-se operadores booleanos AND e OR, além de estratégias complementares de refinamento. A string foi ajustada para incluir termos diretamente relacionados ao transporte intra-hospitalar e à gestão de maturidade, utilizando combinações que priorizassem aspectos como eficiência, segurança do paciente, protocolos e tecnologias aplicadas.

3.2.4 String Refinada Utilizada

  • Português: “Gestão de Maturidade” AND (“Logística Hospitalar” OR “Transporte Intra-hospitalar de Pacientes”) AND (“Eficiência” OR “Segurança do Paciente” OR “Protocolo”).
  • Inglês: “Maturity Management” AND (“Logistic Hospital” OR “Intra-hospital patient transfer”) AND (“Efficiency” OR “Patient Safety” OR “Protocol”).
  • Espanhol: “Gestión de Madurez” AND (“Logística Hospitalaria” OR “Traslado intrahospitalario de pacientes”) AND (“Eficiencia” OR “Seguridad del Paciente” OR “Protocolo”).

Além disso, restringimos a busca a campos específicos das bases de dados, como título, resumo e palavras-chave. Essa abordagem evitou a inclusão de trabalhos com menções superficiais ou irrelevantes. Para maior precisão, foram aplicados filtros avançados, restringindo o tipo de publicação a artigos revisados por pares e estudos empíricos nas áreas de “Saúde”, “Administração Hospitalar” e “Logística”. O idioma foi limitado a português, inglês e espanhol, garantindo a abrangência regional e global da pesquisa.

Essas estratégias garantiram uma seleção focada e alinhada aos objetivos do estudo, permitindo identificar trabalhos relevantes para a construção do modelo de maturidade e a matriz de avaliação aplicados nesta pesquisa.

3.2.5 Processo de Seleção e Critérios de Inclusão

Utilizando o método PRISMA, seguimos um fluxo rigoroso para identificar, filtrar e selecionar os estudos. Inicialmente, foram encontrados 190 registros. Após a remoção de duplicatas (19 documentos) e exclusões baseadas na análise de títulos incompatíveis (154 documentos), foram avaliados 17 resumos. Destes, 6 foram descartados por não conterem texto integral disponível ou por inadequação ao tema. Por fim, 11 artigos foram submetidos à leitura integral, resultando em 7 trabalhos incluídos na análise final.

FIGURA 5 – PRISMA adaptado do proposto pelo The Joanna Briggs Institute.

Fonte: o Autor, 2024.

3.2.6 Justificativa das Dimensões do Modelo

Os artigos selecionados após a revisão, serviram de base para o desenvolvimento do modelo de maturidade específico para o transporte intra-hospitalar de pacientes. As dimensões do modelo de maturidade descrevem as competências que as organizações devem desenvolver e dominar, objetivando alcançar melhores resultados.

As cinco dimensões do Modelo de Maturidade da Gestão do Transporte Intra-Hospitalar de Pacientes (MMGTIHP) foram desenvolvidas com base em uma análise aprofundada da literatura. A escolha de cada dimensão é fundamentada em estudos pré-existentes e na aplicabilidade direta ao ambiente hospitalar:

FIGURA 6 – As cinco dimensões do Modelo de Maturidade da Gestão do Transporte Intra-Hospitalar de Pacientes (MMGTIHP)

ConceitoBase TeóricaJustificativa
Sistema LogísticoInspirado em autores como Teles (2018) e Yang et al. (2017), que destacam a importância de processos eficientes e seguros no transporte hospitalar.Inclui infraestrutura, como macas, elevadores e rotas, garantindo transporte seguro e pontual, reduzindo interrupções no atendimento.
Protocolos e SegurançaProtocolos padronizados reduzem eventos adversos e complicações durante o transporte.Garante que cada transporte siga padrões rigorosos para minimizar riscos clínicos e não clínicos.
Qualidade do AtendimentoAtendimento humanizado e comunicação clara aumentam a satisfação dos pacientes e familiares. Derivada da literatura sobre satisfação do paciente e experiências no transporte intra-hospitalar (Jones et al., 2021).Foca no conforto e na percepção de qualidade pelos pacientes, promovendo confiança e humanização.
Gestão e OrganizaçãoComunicação eficaz e processos organizados melhoram o desempenho operacional. Fundamenta-se na relevância de processos organizacionais bem definidos para a eficiência operacional (Majeed et al., 2023).Inclui gestão de equipes e fluxos, garantindo continuidade no atendimento e redução de atrasos.  
Inovação e Melhoria ContínuaUso de tecnologias modernas aumenta a eficiência e minimiza erros no transporte. Destaca a importância de tecnologias emergentes e análise contínua de dados para melhorias (Ongena & Ravesteyn, 2019).Permite a adoção de sistemas avançados, como rastreamento de pacientes e indicadores de desempenho.
Fonte: O autor, 2024.


Este modelo foi desenvolvido com base em conceitos que permitem estruturar e compreender os diferentes níveis de maturidade da gestão em hospitais. Cada componente do modelo desempenha um papel essencial ao fornecer uma base teórica sólida que embasa a análise crítica e a tomada de decisão pelos gestores. Embora o modelo não execute diretamente a medição, ele oferece um panorama detalhado e sistemático que pode orientar melhorias contínuas, promovendo processos mais eficientes e seguros no transporte intra-hospitalar de pacientes.

3.2.7 Escolha dos Níveis de Maturidade

A escolha de cinco níveis de maturidade foi deliberada para equilibrar a simplicidade operacional com a profundidade analítica. A opção por cinco níveis em vez de três ou sete foi baseada nas seguintes considerações:

  • Três Níveis: Embora mais simples, não fornecem granularidade suficiente para capturar nuances entre estágios intermediários de evolução.
  • Cinco áreas: Proporciona abrangência suficiente para capturar os elementos essenciais, mantendo a operacionalização prática.
  • Sete Níveis: Embora mais detalhados, podem tornar o modelo excessivamente complexo, dificultando sua aplicação prática em ambientes hospitalares com recursos limitados.

A escolha desses níveis foi fundamentada nos modelos de Frederico (2012) e Frega (2021), que apresentam frameworks escaláveis aplicáveis a diferentes contextos organizacionais.

Os níveis da maturidade são classificados da seguinte forma:

Nível 1 – Iniciante

  • As atividades de transporte são realizadas de maneira ad hoc, sem um processo padronizado definido.
  • Dependência significativa da experiência individual dos profissionais de transporte.
  • Indicadores:
    • Alta variabilidade nos tempos de transporte.
    • Falta de registros sistemáticos de eventos adversos durante o transporte.

Nível 2 – Repetível

  • Processos de transporte definidos e repetíveis, mas não necessariamente padronizados.
  • Início da documentação e monitoramento de atividades de transporte.
  • Indicadores:
    • Registros de transporte começando a ser coletados e analisados.
    • Treinamento básico para maqueiro.

Nível 3 – Definido

  • Processos padronizados e documentados.
  • Utilização de protocolos e checklists para o transporte de pacientes.
  • Indicadores:
    • Redução na variabilidade dos tempos de transporte.
    • Monitoramento regular e sistemático de eventos adversos.

Nível 4 – Gerenciado

  • Monitoramento contínuo e análise de dados de transporte para melhoria contínua.
  • Gestão baseada em indicadores de desempenho:
    • Uso de KPIs (Indicadores-Chave de Desempenho) para monitorar e melhorar a eficiência do transporte.
    • Feedback regular dos pacientes e profissionais envolvidos.

Nível 5 – Otimizado

  • Processos de transporte continuamente melhorados com base em análises de desempenho e inovação.
  • Integração completa com outros sistemas hospitalares para uma logística eficiente.
  • Indicadores:
    • Implementação de tecnologias avançadas (ex. RFID, sistemas de rastreamento).
    • Transporte altamente eficiente com mínimas incidências de eventos adversos.

3.3 ELABORAÇÃO DA MATRIZ DE AVALIAÇÃO DA MATURIDADE DA GESTÃO DO TRANSPORTE INTRA-HOSPITALAR DE PACIENTES

Nesta etapa, foi realizada a concepção da matriz de avaliação da maturidade da gestão do transporte intra-hospitalar de pacientes. A matriz foi desenvolvida com base nos cinco níveis de maturidade definidos previamente e nas dimensões estabelecidas pelo modelo. O questionário utilizado foi estruturado com perguntas fechadas, organizadas em escalas de 1 a 5, visando mensurar o desempenho em cada uma das dimensões. A seguir, são apresentados os principais elementos envolvidos nesse processo.

FIGURA 7 – Fluxograma de Elaboração da Matriz de Avaliação da Maturidade da Gestão do Transporte Intra-Hospitalar de Pacientes

Fonte: o Autor, 2024.

3.3.1 ESTRUTURA DA MATRIZ DE AVALIAÇÃO

O processo de elaboração da matriz seguiu uma metodologia sistemática, partindo da segmentação do conteúdo em unidades de registro (como palavras, frases e parágrafos), conforme descrito no modelo de análise textual proposto por Bardin (2016). Esses fragmentos foram organizados em macro categorias, categorias e subcategorias, com base em elementos comuns encontrados na literatura. Durante essa etapa, para validar a seleção das categorias, foi utilizada a técnica de análise textual por meio de uma nuvem de palavras (Figura 3), extraída da Scoping Review. Essa abordagem visual permitiu identificar termos recorrentes e relevantes, revelando os principais temas e conceitos associados à gestão do transporte intra-hospitalar de pacientes.

FIGURA 8 – Nuvem de Palavras – Transporte de Pacientes

Fonte: o Autor, 2024.

Além disso, os resultados da análise textual consolidaram a escolha de quinze categorias, nomeadas na matriz de avaliação como “assertivas”, detalhadas abaixo, com suas respectivas áreas de impacto e fundamentação teórica:

Quadro 2 – Embasamento da Escolha das Categorias/Assertivas

ConceitoCategoria/AssertivaBase Teórica
Sistema LogísticoInfraestrutura: Conservação e manutenção de equipamentos (macas, cadeiras de rodas) e adequação das rotas internas do hospital.Yang et al. (2017) destacam que falhas estruturais podem comprometer a segurança e a eficiência no transporte de pacientes críticos.
Tecnologia: Uso de sistemas eletrônicos (painéis, mensageria digital) para coordenação de transportes.Maka et al. (2022) apontam que a digitalização reduz erros e otimiza processos logísticos.
Coordenação e Planejamento: Centralização dos processos para otimização de horários e rotas.Bergman et al. (2020) destacam a importância de uma coordenação eficiente para minimizar atrasos.
Protocolos e SegurançaProtocolos de Transporte: Padronização de procedimentos revisados periodicamente.Jain (2022) afirma que protocolos estruturados mitigam riscos operacionais.
Segurança do Paciente: Uso de dispositivos de segurança e relatórios de incidentes.Veiga (2019) reporta que a falta de segurança contribui para eventos adversos durante o transporte.
Conformidade e Normas: Auditorias regulares para assegurar aderência às regulamentações.Blondiau (2023) sugere que auditorias são essenciais para a melhoria contínua dos processos.
Qualidade do AtendimentoSatisfação do Cliente: Medição da experiência de pacientes e familiares.Ton (2023) ressalta a importância da satisfação do cliente como indicador de qualidade.
Gestão e OrganizaçãoGestão de Recursos Humanos: Dimensionamento adequado das equipes de transporte.Ongena & Ravesteyn (2019) indicam que equipes bem dimensionadas melhoram o desempenho organizacional.
Gestão de Recursos Financeiros: Disponibilidade de orçamento para manutenção e melhorias.Majeed et al. (2023) apontam que a alocação eficiente de recursos financeiros promove sustentabilidade.
Gestão da Informação: Registro e análise de dados operacionais.Blondiau (2023) sugere que sistemas robustos de informação suportam decisões mais eficazes.
Comunicação e Integração: Relatórios de encaminhamento e comunicação com familiares.Maka et al. (2022) reforçam que a comunicação transparente aumenta a confiança dos stakeholders.
Relacionamento com Familiares: Comunicação clara e antecipada sobre o transporte de pacientes em casos especiais ou críticos.Veiga (2019) destaca que a participação ativa e informada dos familiares contribui para a redução de conflitos e eleva a percepção de qualidade no atendimento. Além disso, Maka et al. (2022) indicam que manter os familiares informados promove maior confiança e satisfação com os serviços prestados.
Inovação e Melhoria ContínuaInovação Tecnológica: Adoção de novas ferramentas para monitoramento e execução do transporte.Bergman et al. (2020) enfatizam o impacto positivo da tecnologia na redução de erros.
 Melhoria Contínua: Monitoramento de indicadores de desempenho.Blondiau (2023) sugere que a análise contínua de dados suporta decisões estratégicas.
 Capacitação e Desenvolvimento: Treinamento das equipes para resolução de problemas.Veiga (2019) argumenta que equipes bem treinadas reduzem eventos adversos.
Fonte: o Autor, 2024.


3.3.2 ESTRUTURA DA MATRIZ DE AVALIAÇÃO

A matriz de avaliação foi estruturada com perguntas fechadas no formato de respostas escalares ou ordinais, classificadas em uma escala de 1 a 5, permitindo capturar diferentes níveis de intensidade ou acordo dos respondentes com uma determinada afirmação ou pergunta.

Possui uma configuração no software Excel@ que ao preencher a escolha dos níveis de maturidade, automaticamente calcula o nível de maturidade da gestão do transporte da empresa. Além disso, um gráfico de radar, apresenta ao gestor quais áreas necessitam de aprimoramento e, como ferramenta complementar, foi elaborado um plano de ação sugestivo para cada oportunidade de melhoria.

3.3.3 PRÉ-TESTES E VALIDAÇÃO

Posteriormente, validamos e aprimoramos a matriz de avaliação através de testes e consultas realizadas com quatro profissionais da área da saúde, todos atuantes em contextos hospitalares e com contato frequente com o transporte de pacientes. Esses profissionais não participaram da pesquisa principal, mas contribuíram de forma independente, testando a matriz e fornecendo feedback crítico sobre sua clareza, relevância e aplicabilidade.

A primeira participante foi uma doutora em fisioterapia, com sólida formação acadêmica e experiência prática em reabilitação hospitalar. Sua atuação destaca-se na capacitação de equipes, especialmente em treinamentos voltados para transferências seguras de pacientes, como as técnicas para passagem de camas para cadeiras de rodas, trazendo contribuições valiosas relacionadas à ergonomia e segurança no transporte. Apontou melhorias relacionadas à segurança do paciente e adequação ergonômica das práticas de transporte, além de reforçar a importância da capacitação contínua das equipes e da infraestrutura dos equipamentos.

O segundo colaborador foi um gestor de enfermagem com vasta experiência em unidades de internação. Sua atuação inclui a administração de fluxos de transporte, gestão de equipes multidisciplinares e planejamento operacional. Ele contribuiu com recomendações voltadas para o aprimoramento de indicadores de desempenho e para a implementação de protocolos claros e auditáveis.

A terceira avaliadora foi uma enfermeira consultora em saúde, especializada na gestão de processos de cuidado em ambientes hospitalares. Com uma visão estratégica voltada para melhorias organizacionais, ela sugeriu ajustes importantes na matriz, incluindo diretrizes para auditorias e monitoramento, com ênfase na comunicação efetiva entre equipes e no relacionamento com familiares.

Por fim, a quarta participante foi uma enfermeira assistencial, com atuação direta em unidades de internação. Seu trabalho diário envolve o acompanhamento do transporte de pacientes em situações críticas e rotineiras, o que permitiu identificar pontos operacionais a serem refinados na matriz, de forma a contemplar diferentes níveis de complexidade e contextos clínicos.

Esses profissionais responderam ao questionário da matriz de avaliação, identificando eventuais dificuldades de compreensão nas questões e propondo alterações. Sugestões coincidentes feitas por pelo menos dois avaliadores foram incorporadas na versão final do instrumento (ANEXO 2).

O feedback detalhado desses stakeholders foi essencial para garantir a relevância, aplicabilidade prática e precisão da matriz. Por meio dessa abordagem colaborativa e multidisciplinar, a matriz foi refinada para melhor atender às demandas reais dos hospitais, contribuindo para uma análise abrangente e aprofundada do transporte intra-hospitalar, bem como para o avanço do conhecimento na gestão logística hospitalar de pacientes.

3.4 COMPARAÇÃO DO MODELO DE MATURIDADE NAS INSTITUIÇÕES SELECIONADAS

Após a aprovação do projeto no Comitê de Ética em Pesquisa, por meio do Certificado de Apresentação de Apreciação Ética (CAAE): 75930823.6.0000.5226 e pelo parecer 6.538.985 (ANEXO 1), a MAVGTIHP foi aplicada e comparada com o modelo em duas instituições hospitalares localizadas na cidade de Curitiba e região metropolitana. Esses hospitais, identificados como Hospital A (privado) e Hospital B (filantrópico), foram selecionados devido à sua relevância no cenário regional e ao volume significativo de transporte intra-hospitalar em suas operações.

3.5 LOCAL E PERÍODO DO ESTUDO

O acesso aos documentos e a realização das entrevistas ocorreram no período de julho a agosto de 2024.

O campo deste estudo foi constituído por dois hospitais de grande porte (acima de 151 leitos), sendo um deles gerido pela iniciativa privada, chamado a partir deste momento de Hospital A e outro pela iniciativa pública ou filantrópica, nomeado Hospital B, localizados na Cidade de Curitiba e região metropolitana, estado do Paraná.

Os hospitais possuem características similares, pois são gerais e atendem tanto crianças quanto adultos. O Hospital A, uma instituição privada de grande porte, possui 42 anos de fundação, conta com mais de 2000 colaboradores, cerca de 460 leitos, incluindo 107 leitos de UTI, e 12 salas cirúrgicas, realiza 25500 cirurgias e 914.000 procedimentos por ano. O Hospital B, por sua vez, é uma instituição filantrópica de grande porte, possui 43 anos de fundação, conta com 1.682 colaboradores, aproximadamente 236 leitos, incluindo 28 leitos de UTI, e 10 salas cirúrgicas, realiza 881 cirurgias e 74.405 atendimentos.

Foram realizadas entrevistas com 8 profissionais, sendo 4 de cada instituição: 2 maqueiros, 1 supervisor e 1 gestor por hospital. Os maqueiros de ambas as instituições possuem perfis similares, com ensino médio completo, aproximadamente 2 anos de experiência na função e são os responsáveis diretos pela movimentação de pacientes entre setores hospitalares, como transferências para exames, cirurgias e internações. Por estarem na linha de frente do transporte, eles ofereceram uma visão prática e detalhada das operações diárias, incluindo desafios relacionados à infraestrutura, recursos disponíveis e protocolos seguidos.

Os supervisores são ambos enfermeiros com ensino superior completo. No Hospital A (privado), o supervisor atua especificamente na coordenação logística do transporte intra-hospitalar, gerenciando os recursos humanos e materiais relacionados às transferências de pacientes. No Hospital B (filantrópico), o supervisor é um gestor de enfermagem responsável não apenas pelo transporte de pacientes, mas também pela gestão de unidades de internação.

Os gestores apresentaram perfis distintos: no Hospital A (privado), o gestor possui formação em gestão e atua diretamente na supervisão das atividades logísticas do hospital, enquanto no Hospital B (filantrópico), o gestor é um enfermeiro com experiência na administração geral de resultados hospitalares, incluindo transporte. Ambos possuem ensino superior completo e ampla experiência em suas áreas, contribuindo com uma visão estratégica para a avaliação.

A escolha de 2 maqueiros, 1 supervisor e 1 gestor por instituição permitiu uma visão abrangente e equilibrada, cobrindo tanto os aspectos operacionais quanto os estratégicos do transporte intra-hospitalar. Essa composição enriqueceu a avaliação, permitindo identificar deficiências e boas práticas em realidades distintas, fortalecendo a aplicabilidade prática da matriz de maturidade para diferentes contextos organizacionais.

4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

4.1 APRESENTAÇÃO DO MODELO DE MATURIDADE DA GESTÃO DO TRANSPORTE INTRA-HOSPITALAR DE PACIENTES

O modelo de maturidade para a gestão do transporte intra-hospitalar de pacientes, apresentado no Quadro 3, foi desenvolvido com o objetivo de proporcionar uma ferramenta de apoio para os gestores hospitalares. Este modelo, fundamentado em uma extensa revisão da literatura e ancorado em referenciais teóricos e empíricos consolidados, vai além de uma simples avaliação dos processos. Ele também se posiciona como um material de consulta e suporte para orientar gestores sobre o “estado da arte” ideal apontado pela literatura, trazendo as melhores práticas globais em logística hospitalar.

As proposições teóricas que sustentam o modelo foram elaboradas com base em uma análise crítica e sistemática dos achados da pesquisa, permitindo não apenas identificar o nível de maturidade dos processos de transporte intra-hospitalar, mas também guiar os gestores na implementação de melhorias contínuas. O modelo oferece uma base estruturada para otimizar a segurança, eficiência e qualidade no transporte de pacientes, contribuindo diretamente para a transformação das práticas hospitalares.

QUADRO 3 – Modelo da Gestão de Maturidade do Transporte Intra-Hospitalar de Pacientes (continua)

QUADRO 3 – Modelo da Gestão de Maturidade do Transporte Intra-Hospitalar de Pacientes (continuação)

QUADRO 3 – Modelo da Gestão de Maturidade do Transporte Intra-Hospitalar de Pacientes (conclusão)

Fonte: O autor, 2024.

4.1.1 APLICABILIDADE E USABILIDADE DO MODELO

O modelo de maturidade foi projetado para ser mais do que um instrumento de avaliação; ele serve como um guia estratégico para os gestores hospitalares, permitindo a análise de múltiplas dimensões críticas do transporte intra-hospitalar. As cinco dimensões definidas no modelo abrangem os principais aspectos que compõem um sistema eficiente e seguro, proporcionando aos gestores um entendimento claro do que é considerado ideal no contexto da literatura:

  1. Sistema Logístico: Oferece uma visão abrangente sobre a infraestrutura, tecnologia e coordenação necessárias para garantir um transporte eficiente e seguro.
  2. Protocolos e Segurança: Enfatiza a necessidade de padrões claros e práticas de segurança rigorosas durante o transporte.
  3. Qualidade do Atendimento: Aponta para a importância do conforto e satisfação dos pacientes como elementos centrais no processo.
  4. Gestão e Organização: Destaca a relevância da alocação eficiente de recursos humanos, financeiros e informacionais.
  5. Inovação e Melhoria Contínua: Proporciona uma abordagem focada em aprendizado constante e adaptação a novas demandas e tecnologias.

Essas dimensões, além de permitirem uma avaliação detalhada dos processos atuais, servem como um guia para que os gestores possam alinhar suas práticas com os padrões globais e buscar melhorias contínuas.

Embora o modelo seja robusto, sua aplicação em ambientes de alta complexidade exige tempo e recursos. Simplificar algumas etapas e fornecer ferramentas práticas, como checklists e dashboards interativos, poderia facilitar sua adoção e aumentar sua eficácia.

4.1.2 FERRAMENTA DE CONSULTA E MATERIAL DE APOIO

A principal contribuição do modelo está em servir como um referencial de boas práticas, oferecendo aos gestores hospitalares uma visão clara do que a literatura identifica como ideal para cada dimensão, possibilitando o direcionamento de esforços para atingir níveis mais altos de eficiência e segurança.

Por exemplo:

  • Sistema Logístico: Inclui orientações sobre a importância da manutenção periódica de equipamentos e a integração de tecnologias para otimização das rotas de transporte.
  • Protocolos e Segurança: Fornece subsídios para a implementação de protocolos padronizados e revisões periódicas que minimizem riscos aos pacientes.
  • Inovação e Melhoria Contínua: Incentiva o uso de indicadores de desempenho e a adoção de novas tecnologias que promovam avanços na logística hospitalar.

4.1.3 MARCO PARA A GESTÃO E A LITERATURA

Este modelo de maturidade preenche uma lacuna importante na gestão hospitalar e na literatura científica, ao integrar aspectos teóricos e práticos em uma única ferramenta. Sua aplicação não apenas orienta os gestores na implementação de práticas mais eficientes, mas também estimula a discussão sobre a importância da logística no transporte de pacientes, um tema frequentemente negligenciado.

Ao incorporar dimensões como inovação, melhoria contínua e qualidade do atendimento, o modelo se alinha às tendências globais em gestão hospitalar, oferecendo um framework robusto para a transformação organizacional. Ele não apenas auxilia na resolução de desafios práticos, como filas, atrasos e riscos de segurança, mas também promove uma cultura de excelência e aprendizado contínuo nas instituições de saúde.

4.1.4 OPORTUNIDADES DE APERFEIÇOAMENTO DO MODELO

Embora o modelo apresente um framework abrangente e inovador, sua aplicação prática revelou áreas para melhoria e ajustes. Ele cobre de maneira satisfatória as expectativas da literatura, mas há espaço para evoluir, especialmente na personalização para diferentes contextos hospitalares e na incorporação de tecnologias avançadas e práticas sustentáveis, como por exemplo:

  • Customização para Diferentes Contextos: O modelo foi desenvolvido com base em hospitais de grande porte, mas sua aplicabilidade em instituições de médio ou pequeno porte ainda precisa ser testada. Adaptações podem ser necessárias para garantir que ele atenda às realidades estruturais e operacionais desses cenários.
  • Integração com Sistemas Hospitalares: A literatura destaca a necessidade de integrar o transporte intra-hospitalar com sistemas de gestão hospitalar, como prontuários eletrônicos e agendamento automatizado. O modelo pode ser ampliado para incluir recomendações práticas sobre como realizar essa integração de forma eficiente.
  • Inclusão de Indicadores Preditivos: Incorporar métricas preditivas baseadas em análise de dados para prever falhas no transporte, sobrecarga de demanda e riscos de segurança poderia fortalecer o modelo, tornando-o mais proativo.
  • Feedback Estruturado: O modelo atualmente considera a satisfação dos pacientes, mas poderia ser expandido para incluir feedback estruturado dos colaboradores envolvidos no transporte, como maqueiros e supervisores, além de resultados qualitativos das famílias dos pacientes.
  • Abordagem Multidisciplinar: Promover maior envolvimento de equipes multidisciplinares no desenvolvimento contínuo do modelo, incorporando insights de outras áreas, como engenharia hospitalar e psicologia organizacional.

Além do que, propositalmente para não deixar uma ferramenta complexa e de difícil uso, algumas questões e áreas para aprofundamento ficaram de fora e poderiam ser incluídas em uma próxima versão, tais como:

  • Foco nos Indicadores de Performance: A literatura enfatiza a importância de indicadores operacionais e assistenciais, como tempos de transporte e impacto clínico direto. Apesar de abordar indicadores de desempenho, o modelo poderia incluir métricas mais específicas e padronizadas que permitissem comparações entre instituições.
  • Experiência do Paciente e do Colaborador: A dimensão de qualidade do atendimento está presente, mas a literatura também discute o impacto da experiência do colaborador no desempenho do transporte e na satisfação do paciente. Esse aspecto poderia ser mais detalhado, especialmente no que diz respeito ao treinamento e bem-estar da equipe.
  • Sustentabilidade e Gestão Ambiental: A literatura recente aponta para a crescente relevância da sustentabilidade na gestão hospitalar, incluindo o transporte intra-hospitalar. O modelo não inclui diretamente práticas sustentáveis, como redução de resíduos ou eficiência energética, o que poderia ser uma dimensão futura.
  • Integração de Dados e Tecnologia Avançada: Embora a dimensão de inovação tecnológica tenha sido incorporada, tecnologias emergentes como inteligência artificial e big data para previsão de demandas e otimização logística poderiam ser exploradas em maior profundidade.

4.2 APRESENTAÇÃO DA MATRIZ DE AVALIAÇÃO DE MATURIDADE DA GESTÃO DO TRANSPORTE INTRA-HOSPITALAR DE PACIENTES

A pesquisa aplicada foi conduzida com base em um modelo previamente elaborado, que serviu como fundamento para o desenvolvimento da MAMGTIHP (Quadro 4). Essa matriz foi concebida para operacionalizar a avaliação do nível de maturidade gerencial no transporte intra-hospitalar, transformando os conceitos teóricos do modelo em um instrumento analítico prático e aplicável.

4.2.1 OBJETIVO E ESTRUTURA DA MATRIZ

A matriz tem como objetivo fornecer uma estrutura sistemática para a coleta e análise de dados, permitindo:

  • Mensuração do Nível de Maturidade: Avaliação detalhada das práticas gerenciais relacionadas ao transporte intra-hospitalar.
  • Identificação de Áreas Críticas: Reconhecimento de pontos de melhoria para fomentar a evolução organizacional e a eficiência operacional.
  • Apoio à Tomada de Decisão: Provisão de informações quantitativas e qualitativas para gestores hospitalares, auxiliando na priorização de ações estratégicas.

4.2.2 COMPONENTES DA MATRIZ

A matriz foi organizada em torno de linhas de atenção, com subdivisões por áreas de impacto, permitindo uma análise abrangente e integrada. As categorias são avaliadas em uma escala de 1 a 5.

Cada nível representa diferentes estágios de maturidade, indicando o grau de desenvolvimento em dimensões-chave, como infraestrutura, segurança, qualidade e inovação.

4.2.3 FUNCIONAMENTO

Após o preenchimento, as respostas são automaticamente processadas pela planilha em Excel, que utiliza fórmulas pré-definidas para calcular a pontuação final.

O sistema gera um índice numérico que reflete o nível geral de maturidade com base nas dimensões avaliadas. Além disso, os resultados são apresentados de forma visual, com gráficos de radar que destacam os pontos fortes e as áreas que necessitam de melhorias, permitindo uma interpretação rápida e objetiva. Esse formato torna a matriz uma ferramenta prática e eficiente para diagnóstico e tomada de decisão.

4.2.4 USABILIDADE

A matriz é uma ferramenta prática e acessível, destinada tanto a gestores hospitalares quanto a equipes operacionais, sendo aplicável em diversos tipos de instituições de saúde. Além de avaliar o estado atual da gestão de transporte intra-hospitalar, ela oferece subsídios para a elaboração de planos de ação que promovam a melhoria contínua dos processos.

Essa estrutura não apenas facilita a identificação de oportunidades, mas também promove a transformação do transporte intra-hospitalar em um processo alinhado às melhores práticas globais, maximizando a segurança do paciente, a eficiência operacional e a qualidade do atendimento.

QUADRO 4 – Matriz de Avaliação da Maturidade da Gestão do Transporte Intra-Hospitalar de Pacientes

Fonte: O Autor, 2024

4.3 SUGESTÃO DE PLANO DE AÇÃO ESTRATÉGICO PARA INTERVENÇÃO E MELHORIAS NO TRANSPORTE INTRA-HOSPITALAR DE PACIENTES

Com base nos resultados obtidos pela aplicação da MAMGTIHP, foi desenvolvido um Plano de Ação Estratégico (Quadro 5) com o objetivo de oferecer suporte prático aos gestores para abordar pontos de atenção e priorizar melhorias nos processos de transporte intra-hospitalar. Este plano foi elaborado a partir da experiência prática do autor na área assistencial e de logística hospitalar, das análises realizadas nas instituições pesquisadas e fundamentado em diretrizes teóricas consolidadas na literatura científica, como as de Bardin (2016), Ongena e Ravesteyn (2019) e Jain (2022).

O plano de ação busca fornecer recomendações estruturadas para os gestores, ajudando-os a propor soluções práticas e aplicáveis conforme diagnóstico definido. Ele está fundamentado nas categorias principais da matriz de maturidade, pois cada uma dessas dimensões foi trabalhada para propor intervenções específicas que alinhem a prática hospitalar às melhores recomendações globais.

Para o sistema logístico, o plano sugere a implementação de sistemas eletrônicos para gerenciar rotas e chamadas, bem como a manutenção preventiva de equipamentos de transporte, uma necessidade destacada por Yang et al. (2017) e confirmada pelos feedbacks dos entrevistados. No que diz respeito a protocolos e segurança, recomenda-se o uso de checklists padronizados e a realização de treinamentos regulares para prevenir eventos adversos, garantindo a conformidade com as normas regulatórias, em linha com as diretrizes de Veiga (2019).

Em relação à qualidade do atendimento, o plano enfatiza a importância de medir a satisfação dos pacientes e familiares, utilizando questionários e indicadores de desempenho para monitorar melhorias, conforme destacado por Ton (2023). Para a dimensão de gestão e organização, o foco está na alocação eficiente de recursos humanos e financeiros, na elaboração de relatórios regulares de desempenho e na criação de estratégias de comunicação integradas, todas respaldadas por Blondiau (2023) e corroboradas pelas observações dos gestores entrevistados.

A dimensão de inovação e melhoria contínua propõe a adoção de tecnologias avançadas, como sistemas de rastreamento e automação, bem como o desenvolvimento de uma cultura de aprendizado organizacional com capacitações regulares. Essas orientações são fundamentadas nos trabalhos de Ongena e Ravesteyn (2019) e alinhadas às tendências de inovação tecnológica no setor hospitalar.

O Plano de Ação Estratégico, como instrumento analítico, oferece um guia estruturado para que os gestores priorizem e implementem melhorias de maneira eficiente. Ele está ancorado em evidências práticas e na literatura, proporcionando uma visão holística e aplicável ao cenário hospitalar. Ao alinhar-se às melhores práticas, o plano serve como um ponto de partida para uma gestão mais eficaz e sustentável do transporte intra-hospitalar, garantindo que as áreas críticas sejam devidamente abordadas e promovendo o aprimoramento contínuo dos processos.

QUADRO 5 – Proposta de Plano de Ação para Melhorias no Transporte Intra-Hospitalar de Pacientes (Continua)

Fonte: O Autor, 2024.

QUADRO 5 – Proposta de Plano de Ação para Melhorias no Transporte Intra-Hospitalar de Pacientes (Continua)

Fonte: O Autor, 2024.

QUADRO 5 – Proposta de Plano de Ação para Melhorias no Transporte Intra-Hospitalar de Pacientes (Continuação)

Fonte: O Autor, 2024.

QUADRO 5 – Proposta de Plano de Ação para Melhorias no Transporte Intra-Hospitalar de Pacientes (Conclusão)

Fonte: O Autor, 2024.

4.4 APLICAÇÃO E COMPARAÇÃO DO MODELO DE MATURIDADE NAS INSTITUIÇÕES SELECIONADAS

Em continuidade, são apresentados os resultados da pesquisa realizada nos hospitais elegíveis, com o objetivo de avaliar a maturidade da gestão do transporte intra-hospitalar de pacientes e mapear as áreas críticas que necessitam de aprimoramento. Para essa análise, foi utilizada a Matriz de Avaliação de Maturidade como principal instrumento.

Os dados coletados nas avaliações realizadas nos Hospitais A e B proporcionam uma visão abrangente sobre a maturidade da gestão do transporte intra-hospitalar, abordando questões essenciais para o bom funcionamento das atividades de transporte de pacientes e, além disso, corroboram a aplicabilidade do Modelo e da Matriz de Avaliação da Gestão da Maturidade do Transporte Intra-Hospitalar de Pacientes.

TABELA 2 – Resultados Gerais da Avaliação do Nível de Maturidade nas Instituições Pesquisadas por Entrevistado

Fonte: O Autor, 2024.

O Hospital A apresentou consistentemente pontuações mais altas em todas as dimensões, com valores que variam de aproximadamente 3,0 a 4,5. As maiores pontuações foram observadas em “Infraestrutura” (4,0), “Tecnologia” (4,0), “Inovação Tecnológica” (4,0), e “Capacitação e Desenvolvimento” (4,5). Isso sugere que o Hospital A possui uma estrutura sólida e bem desenvolvida para gerenciar o transporte de pacientes, com forte ênfase em tecnologia e inovação. Apresentou um baixo desvio padrão, sugerindo consistência nas práticas de gestão em todas as dimensões.

O Hospital B, por outro lado, exibiu uma variabilidade significativa nas pontuações, com valores que variam de 1,0 a 3,5. As dimensões com as menores pontuações incluem “Comunicação e Integração” (1,0), “Gestão da Informação” (1,0) e “Capacitação e Desenvolvimento” (1,5). As pontuações mais altas foram observadas em “Infraestrutura” (3,5) e “Tecnologia” (3,0), embora ainda sejam inferiores às do Hospital A. Esses resultados indicam que o Hospital B enfrenta desafios substanciais na gestão do transporte, particularmente em áreas como comunicação e gestão da informação. Observa-se um alto desvio padrão, indicando grande variabilidade nas práticas de gestão entre as diferentes dimensões, o que sugere uma abordagem menos uniforme e possivelmente menos eficaz.

GRÁFICO 1 – Média do Nível de Maturidade da Gestão do Transporte Intra-Hospitalar de Pacientes por Entrevistado

Fonte: O Autor, 2024.

Os resultados abaixo indicam uma média do nível de maturidade maior na gestão do transporte intra-hospitalar no Hospital A, nível de 4,15 em comparação com o Hospital B, nível de 2,19. Essa disparidade pode estar relacionada a vários fatores, incluindo diferenças na alocação de recursos, nível de treinamento dos profissionais, e a eficiência dos protocolos implementados.

GRÁFICO 2 – Avaliação da Maturidade da Gestão do Transporte Intra-Hospitalar de Pacientes – Médias Gerais

Fonte: O Autor, 2024.

O Hospital A (linha azul) apresenta uma maturidade consistentemente elevada em quase todas as dimensões, com médias próximas ou superiores a 4.0 em Infraestrutura, Tecnologia, Segurança do Paciente, Gestão de Recursos Humanos, e outros.

A única dimensão onde o desempenho foi um pouco inferior (em torno de 3.5) é em “Satisfação do Cliente”, o que pode sugerir uma área de melhoria potencial.

Este desempenho uniforme sugere que o Hospital A possui uma gestão madura e bem estruturada em várias áreas críticas para o transporte intra-hospitalar.

Enquanto isso, o Hospital B (linha vermelha), apresenta uma variabilidade significativa entre as diferentes dimensões avaliadas. Em áreas como “Coordenação e Planejamento”, “Gestão de Recursos Financeiros” e “Inovação Tecnológica”, o desempenho foi notavelmente inferior (próximo de 1.0 a 2.0).

O Hospital B mostra um desempenho comparativamente melhor em “Segurança do Paciente” e “Capacitação e Desenvolvimento”, mas ainda assim, abaixo do Hospital A.

Essas discrepâncias indicam áreas de grande potencial de melhoria e sugerem a necessidade de uma revisão mais aprofundada das práticas e processos gerenciais.

A seguir, apresentaremos uma análise detalhada dos resultados, enfatizando as particularidades de cada hospital em relação às dimensões avaliadas por áreas de impactos e suas respectivas subcategorias. Essas informações fornecem uma base sólida para futuras intervenções e melhorias nos processos do transporte intra-hospitalar.

GRÁFICO 3 – Avaliação da Maturidade da Gestão do Transporte Intra-Hospitalar de Pacientes por Áreas de Impacto

Fonte: O Autor, 2024.
  • Sistema Logístico: O Hospital A apresentou uma maturidade mais elevada, com médias próximas de 4.00 em todas as avaliações, sugerindo uma estrutura logística bem desenvolvida.

Um sistema logístico eficiente é essencial para garantir que os recursos necessários estejam disponíveis no momento certo e no local certo, o que é especialmente importante em um ambiente hospitalar, onde atrasos podem comprometer a qualidade do atendimento e a segurança do paciente (SMITH & JONES, 2021).

O hospital A utiliza uma central de internamentos para admissões e altas hospitalares, assim como, utiliza o sistema de Gestão Hospitalar Tasy@ para agendamentos de consultas, exames e cirurgias, o que facilita a dinâmica de acionamentos da necessidade de transportes.

Por outro lado, o Hospital B apresentou variabilidade maior, com médias entre 2.33 e 2.80, indicando possíveis áreas de melhoria. Essa disparidade pode estar relacionada a uma falta de integração ou falhas na coordenação logística, fatores que têm sido associados a uma menor eficiência operacional e a um aumento dos riscos operacionais (JOHNSON et al., 2020). Além disso, o hospital B não possui central de agendamentos/internações e mesmo utilizando o mesmo software de Gestão Hospitalar Tasy@ para oregistro de informações de prontuário eletrônico, implementaram a agenda de procedimentos e exames, mas sem uso da função de painel de chamados para os transportes.

  • Infraestrutura e Tecnologia: Ambas as instituições apresentaram resultados sólidos, especialmente o Hospital A, que consistentemente atingiu médias próximas a 4.00. Isso sugere que a infraestrutura física e os sistemas tecnológicos utilizados são adequados e suportam bem as operações diárias. A infraestrutura robusta e a tecnologia bem integrada no Hospital A, como indicam as médias elevadas, destacam a importância desses elementos para a eficiência e segurança no transporte intra-hospitalar.

Estudos recentes indicam que hospitais com infraestrutura avançada tendem a apresentar menores taxas de incidentes e melhor satisfação do paciente (SMITH et al., 2022).

  • Coordenação e Planejamento: Esta dimensão apresentou variações significativas entre os entrevistados, principalmente no Hospital B, onde algumas avaliações mostraram valores baixos (em torno de 1.00), sugerindo fragilidades na coordenação das atividades. A baixa maturidade em coordenação e planejamento no Hospital B sugere a necessidade de intervenções específicas.

De acordo com a literatura, a falta de uma coordenação eficaz pode resultar em atrasos e falhas na comunicação, impactando diretamente a segurança do paciente (JONES et al., 2023).

  • Protocolos e Segurança: Embora o Hospital A tenha mantido uma avaliação constante e relativamente alta, o Hospital B mostrou variações, especialmente nos itens relacionados à segurança do paciente, com notas oscilando entre 1.00 e 3.67. Os dados indicam que o Hospital B precisa investir mais em protocolos de segurança, uma vez que resultados baixos foram observados nessa área.

A segurança do paciente é um componente crítico e deve ser priorizada em todos os níveis, como enfatizado por estudos que relacionam práticas de segurança robustas com a redução de erros médicos (MILLER & THOMPSON, 2023).

  • Qualidade do Atendimento e Satisfação do Cliente: A qualidade do atendimento no Hospital A foi bem avaliada (em torno de 4.00), enquanto o Hospital B apresentou um desempenho mais fraco, com médias de 1.00 a 2.00, o que pode refletir insatisfação dos usuários ou defasagens no atendimento. O contraste entre as avaliações de qualidade do atendimento nos dois hospitais sugere uma diferença significativa na experiência do paciente.

A literatura recente destaca que a qualidade percebida no atendimento é crucial para a satisfação do paciente e está fortemente associada à eficiência dos processos e à comunicação clara entre a equipe médica e os pacientes (WHITE & MARTIN, 2022).

  • Gestão e Organização: A gestão eficaz e a organização são fundamentais para o funcionamento harmonioso de qualquer instituição de saúde. O Hospital A novamente demonstra maturidade elevada nesta dimensão, com uma pontuação consistente em torno de 4.0, enquanto o Hospital B apresenta maior variabilidade e resultados mais baixos, variando de 2.3 a 3.7.

A disparidade entre os dois hospitais pode refletir diferenças na qualidade da liderança, na clareza das responsabilidades organizacionais e na eficácia dos processos de comunicação interna. Estudos mostram que uma gestão organizacional sólida está correlacionada com melhores resultados clínicos, maior satisfação dos funcionários e maior segurança do paciente (JOHNSON et al., 2023).

O Hospital B, com suas pontuações mais baixas, pode estar enfrentando desafios na implementação de uma estrutura organizacional clara e eficiente. Estes desafios podem incluir a falta de treinamento adequado para líderes e gestores, processos de tomada de decisão ineficazes, ou mesmo uma cultura organizacional que não promove a colaboração e a responsabilidade compartilhada. Melhorar a gestão e organização é essencial para assegurar que todos os processos hospitalares funcionem de maneira coesa e que os objetivos estratégicos sejam alcançados (SMITH & JONES, 2022).

  • Inovação e Melhoria Contínua: A inovação e a melhoria contínua são pilares essenciais para a adaptação e evolução dos serviços hospitalares em resposta às crescentes demandas do setor de saúde. O gráfico mostra que o Hospital A apresenta uma maturidade considerável nesta dimensão, com pontuações próximas a 4.0, enquanto o Hospital B apresenta um desempenho significativamente inferior, com pontuações variando entre 1.0 e 2.0.

A baixa pontuação do Hospital B pode indicar uma falta de cultura de inovação e uma possível resistência à mudança. A literatura recente enfatiza que a melhoria contínua depende não apenas da introdução de novas tecnologias, mas também da implementação de processos sistemáticos para identificar e corrigir falhas, além de promover a inovação em todos os níveis organizacionais (MILLER & THOMPSON, 2023). Sem um compromisso com a melhoria contínua, o Hospital B corre o risco de estagnação, o que pode comprometer a qualidade do atendimento e a segurança do paciente.

Por outro lado, o desempenho superior do Hospital A sugere uma abordagem proativa na identificação de oportunidades para inovação e na aplicação de práticas de melhoria contínua. Isso pode incluir a utilização de metodologias como Lean Healthcare e Six Sigma, que são amplamente reconhecidas por sua eficácia na otimização de processos hospitalares e na redução de desperdícios (WHITE & MARTIN, 2022).

A seguir, o gráfico em barras representa os resultados do nível de maturidade da gestão do transporte intra-hospitalar de pacientes no Hospital A, divididos por entrevistado.

GRÁFICO 4 – Resultados do Nível de Maturidade da Gestão do Transporte Intra-Hospitalar de Pacientes por Entrevistado – Hospital A

Fonte: O Autor, 2024.
  • Sistema Logístico: A avaliação para o sistema logístico foi consistente entre os entrevistados, com pontuações variando de 4.00 a 4.47. Essa uniformidade sugere que o Hospital A possui um sistema logístico robusto, bem percebido por todos os entrevistados. Um sistema logístico bem estruturado é essencial para a eficiência das operações hospitalares, garantindo que todos os recursos necessários estejam disponíveis no momento e local certos, minimizando atrasos e erros operacionais (SMITH et al., 2022).
  • Protocolos e Segurança: As avaliações para protocolos e segurança também foram elevadas, com pontuações entre 4.00 e 4.33. A ligeira variação entre os entrevistados pode refletir diferentes percepções ou experiências com a implementação dos protocolos de segurança. Altos níveis de maturidade indicam que o hospital está alinhado com as melhores práticas para minimizar riscos (WHITE & MARTIN, 2022).
  • Qualidade do Atendimento: A qualidade do atendimento foi uniformemente avaliada com uma pontuação de 4.00 por todos os entrevistados. Essa uniformidade sugere que, independentemente de sua posição ou experiência específica, todos os entrevistados consideram a qualidade do atendimento consistente e de alto nível. A consistência na qualidade do atendimento é essencial para a satisfação do paciente e para a reputação do hospital (JOHNSON ET AL., 2023).
  • Gestão e Organização: Na dimensão de gestão e organização, as pontuações variaram de 4.00 a 4.40. A maior pontuação de 4.40 sugere que alguns entrevistados percebem uma gestão organizacional um pouco mais eficaz, talvez relacionada a um melhor gerenciamento de recursos humanos ou processos administrativos mais claros. A gestão e organização são primordiais para o bom funcionamento hospitalar, afetando diretamente a capacidade de resposta e a qualidade dos serviços prestados (MILLER & THOMPSON, 2023).
  • Inovação e Melhoria Contínua: A inovação e melhoria contínua receberam as avaliações mais altas, com uma pontuação máxima de 4.83. Essa alta avaliação indica um compromisso do Hospital A em não apenas manter, mas melhorar continuamente seus processos e serviços. A inovação é vital no ambiente hospitalar para a introdução de novas tecnologias e processos que possam melhorar a eficiência e a segurança dos pacientes (SMITH & JONES, 2022).

O gráfico 5 mostra a avaliação de maturidade da gestão do transporte intra-hospitalar de pacientes no Hospital B.

GRÁFICO 5 – Resultados do Nível de Maturidade da Gestão do Transporte Intra-Hospitalar de Pacientes por Entrevistado – Hospital B

Fonte: O Autor, 2024.

Cada dimensão foi avaliada por quatro entrevistados, e as pontuações variam significativamente, refletindo percepções diversas sobre a maturidade em cada área.

  • Sistema Logístico: As pontuações para o sistema logístico variam entre 1,67 e 2,87. Essa variação significativa sugere uma inconsistência na percepção sobre a eficácia do sistema logístico. A baixa média geral indica que o Hospital B enfrenta desafios consideráveis na logística, o que pode impactar a eficiência do transporte intra-hospitalar e, potencialmente, comprometer a segurança e a satisfação dos pacientes (SMITH & JONES, 2022).
  • Protocolos e Segurança: Esta dimensão apresentou uma das maiores variações, com pontuações entre 1,33 e 3,67. A ampla diferença nas avaliações pode refletir uma falta de padronização nos protocolos de segurança, ou uma implementação inconsistente das práticas de segurança. Essa inconsistência é preocupante, pois a segurança do paciente depende de protocolos rigorosos e aplicados de forma uniforme em todas as operações hospitalares (WHITE & MARTIN, 2022).
  • Qualidade do Atendimento: A qualidade do atendimento recebeu avaliações extremamente baixas, variando de 1,00 a 2,00. Esses resultados sugerem um nível de insatisfação significativo entre os entrevistados, indicando que o Hospital B pode estar enfrentando dificuldades substanciais em manter padrões adequados de atendimento ao paciente. Problemas nessa área são críticos, pois afetam diretamente a percepção dos pacientes e a qualidade dos cuidados recebidos (JOHNSON et al., 2023).
  • Gestão e Organização: As pontuações para gestão e organização variam de 2,30 a 3,70, indicando uma melhor percepção nesta dimensão em comparação com as outras. No entanto, a variabilidade nas pontuações sugere que, embora alguns aspectos da gestão sejam eficazes, há áreas que ainda necessitam de melhorias. Uma gestão eficaz é vital para a coordenação adequada dos recursos e para garantir que todos os processos operacionais funcionem de maneira integrada (MILLER & THOMPSON, 2023).
  • Inovação e Melhoria Contínua: A avaliação nesta dimensão foi a mais baixa de todas, com pontuações que variam de 1,00 a 2,83. Esses resultados indicam que o Hospital B tem uma abordagem muito limitada em termos de inovação e melhoria contínua, o que pode resultar em estagnação e dificuldades para acompanhar as melhores práticas e novas tecnologias. A falta de inovação é uma barreira significativa para a melhoria da eficiência e da qualidade dos serviços de saúde (SMITH & JONES, 2022).

Outro ponto a ser destacado é que, ao compararmos os gráficos 4 e 5, notamos que as respostas estão mais alinhadas no hospital A. Isso indica uma maior consistência na percepção dos profissionais em relação ao transporte intra-hospitalar nesse hospital, o que pode refletir uma padronização mais consolidada das práticas e protocolos. Em contrapartida, o hospital B pode apresentar maior variabilidade nas respostas, indicando possíveis diferenças nos processos ou na aplicação das diretrizes organizacionais.

5 DISCUSSÃO

Os resultados obtidos neste estudo reforçam a relevância da gestão do transporte intra-hospitalar como uma dimensão essencial para a segurança do paciente, a eficiência operacional e a qualidade dos serviços de saúde. O modelo de maturidade proposto e a matriz de avaliação desenvolvida destacam-se como ferramentas inovadoras para auxiliar os gestores na identificação de desafios e no direcionamento de estratégias para o aprimoramento contínuo.

Ao comparar as práticas e os níveis de maturidade entre as instituições avaliadas, observou-se que os desafios variam significativamente conforme o contexto organizacional e a estrutura de gestão. Por exemplo, o Hospital A, uma instituição privada, apresentou maior maturidade em áreas relacionadas à infraestrutura e tecnologia, corroborando estudos que apontam para a influência positiva de investimentos robustos e autonomia gerencial em processos críticos de transporte (Smith et al., 2023). Por outro lado, o Hospital B, uma instituição pública, revelou limitações em múltiplas dimensões, destacando a importância de superação de barreiras administrativas e financeiras para alcançar níveis mais elevados de eficiência e segurança (Juneja e Nasa, 2023).

As dimensões avaliadas — sistema logístico, protocolos e segurança, qualidade do atendimento, gestão e organização, inovação e melhoria contínua — fornecem uma visão abrangente das competências necessárias para um transporte intra-hospitalar eficaz. No entanto, os resultados revelaram que a variabilidade na aplicação de protocolos e a ausência de monitoramento sistemático dos indicadores de desempenho são desafios recorrentes, especialmente em ambientes com restrições orçamentárias. Essa lacuna reflete a necessidade de investimentos em treinamento e na padronização de práticas, como sugerido por Graça et al. (2017), para reduzir eventos adversos e melhorar os resultados clínicos.

Outro ponto de destaque foi a percepção dos gestores sobre a aplicabilidade prática do modelo. Embora a matriz tenha sistematizado insights já identificados empiricamente pelos entrevistados, sua utilização promoveu uma estrutura analítica mais clara e direcionada, permitindo decisões baseadas em dados concretos e ampliando a capacidade de planejamento estratégico. Essa abordagem está alinhada à literatura, que ressalta o papel das ferramentas de gestão na redução da subjetividade e na otimização de processos hospitalares (Miller & Thompson, 2023).

No entanto, alguns desafios foram identificados. Apesar de sua eficácia na avaliação de aspectos operacionais e estratégicos, o modelo poderia ser aprimorado com a inclusão de dimensões relacionadas à cultura organizacional e à percepção dos pacientes, aspectos que influenciam diretamente a experiência do cuidado. Além disso, a necessidade de validações adicionais em contextos variados ressalta a importância de adaptar o modelo a diferentes realidades institucionais.

Em síntese, este estudo apresenta uma contribuição relevante para a gestão hospitalar, ao propor um modelo que transcende a mera avaliação de processos, servindo como um guia prático e estratégico para gestores. Os resultados obtidos não apenas corroboram a aplicabilidade do modelo, mas também apontam caminhos para futuros aperfeiçoamentos, com o objetivo de fortalecer ainda mais sua utilidade como ferramenta de gestão em saúde.

6 CONCLUSÃO

O transporte intra-hospitalar de pacientes é um componente crítico na gestão hospitalar, com implicações diretas na segurança do paciente, na eficiência operacional e na qualidade do atendimento. Este estudo propôs e desenvolveu um Modelo de Maturidade da Gestão do Transporte Intra-Hospitalar de Pacientes (MMGTIHP), estruturado em dimensões abrangentes, como sistema logístico, protocolos e segurança, qualidade do atendimento, gestão e organização, além de inovação e melhoria contínua. Fundamentado em uma revisão sistemática da literatura e validado em hospitais representativos, o modelo permite identificar níveis de maturidade e áreas prioritárias para intervenções estratégicas.

O modelo apresentado não é apenas uma ferramenta avaliativa, mas um material estratégico que orienta os gestores a enxergarem além das limitações operacionais imediatas e tomarem decisões embasadas em evidências. Sua estrutura modular facilita a aplicação em diferentes contextos hospitalares, enquanto as dimensões bem definidas permitem uma análise abrangente das práticas logísticas. A aplicação prática do modelo corroborou sua relevância, destacando que, embora a literatura apresente diretrizes ideais, a prática hospitalar ainda enfrenta fragilidades significativas, especialmente em instituições públicas ou filantrópicas, que enfrentam restrições orçamentárias e estruturais. Em contrapartida, hospitais com maior autonomia de gestão, como o Hospital A, demonstraram alinhamento mais próximo às melhores práticas descritas no modelo.

Ainda que o modelo tenha demonstrado aplicabilidade prática e potencial impacto, desafios podem surgir, como a necessidade de familiarização inicial dos gestores e a dependência de dados confiáveis para sua implementação. No entanto, ele se posiciona como um marco na gestão hospitalar, contribuindo para a melhoria contínua dos processos, para a eficiência operacional e, sobretudo, para a segurança dos pacientes. O plano de ação estratégico sugerido com base nos resultados da matriz reforça essa proposta, fornecendo diretrizes práticas para superar os desafios identificados, promovendo maior eficiência e qualidade no transporte intra-hospitalar.

Apesar da robustez do modelo, algumas limitações foram identificadas, como a necessidade de ajustes para contextos hospitalares específicos e a inclusão de tecnologias emergentes. Esses pontos de abrem possibilidades para futuras pesquisas, como a aplicação do modelo em hospitais de diferentes portes, a incorporação de feedbacks estruturados de pacientes e colaboradores, além da expansão do modelo para incluir setores hospitalares específicos, como o Centro Cirúrgico ou a Unidade de Terapia Intensiva. A elaboração de modelos e matrizes de avaliação direcionados a esses setores específicos pode oferecer uma visão ainda mais aprofundada das necessidades e desafios do transporte intra-hospitalar, ampliando a aplicabilidade e a relevância do MMGTIHP.

Conclui-se que o MMGTIHP e a Matriz de Avaliação representam uma contribuição significativa para a gestão hospitalar, oferecendo uma base teórica e prática para a transformação do transporte intra-hospitalar em um processo altamente estruturado, eficiente e seguro. A implementação dessas ferramentas pode potencialmente reduzir custos, mitigar riscos e melhorar os desfechos clínicos, posicionando-se como instrumentos indispensáveis para a excelência e sustentabilidade dos sistemas de saúde.

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