MÉTODOS INSTRUCIONAIS BASEADOS EM TECNOLOGIA PARA O ENSINO DA FÍSICA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8417307


Clodoaldo Rodrigues Vieira


RESUMO

Este artigo aborda o uso de métodos instrucionais baseados em tecnologia como uma abordagem inovadora no ensino da Física. À medida que a tecnologia continua a desempenhar um papel fundamental em nossa sociedade, é imperativo que a educação acompanhe estas mudanças, oferecendo aos alunos experiências de aprendizado mais envolventes e eficazes. Neste contexto, exploramos diversas estratégias e ferramentas tecnológicas que podem ser aplicadas ao ensino da Física, visando melhorar a compreensão dos conceitos complexos e promover o interesse dos alunos pela disciplina. Além de explorarmos uma variedade de tópicos relacionados aos métodos instrucionais baseados em tecnologia para o ensino da Física. Iniciaremos examinando a evolução da tecnologia educacional e como ela tem moldado o ambiente de aprendizagem contemporâneo. Em seguida, destacaremos as vantagens e desafios associados ao uso da tecnologia no ensino da Física, considerando aspectos como a personalização da aprendizagem, a acessibilidade e a motivação dos alunos. Para mais, destacamos a importância da personalização do ensino, permitindo que os alunos aprendam no seu próprio ritmo e estilo, utilizando recursos tecnológicos adaptativos. Este artigo também examina estudos de caso e pesquisas que demonstram os benefícios tangíveis do uso destas tecnologias dedicados para a aprendizagem, e deles fará uso para fins de referencial bibliográfico, demonstrando assim, o aumento de envolvimento dos alunos e maior retenção de informações. A parte isto, serão discutidos desafios e considerações éticas relacionadas à implementação destes métodos instrucionais. Neste contexto, este artigo destaca como os métodos instrucionais baseados em tecnologia  têm o potencial de revolucionar o ensino da Física, tornando-o mais acessível, envolvente e eficaz para os alunos, preparando-os para enfrentar os desafios do mundo contemporâneo.

Palavras-chave: Ensino-aprendizagem. Abordagens inovadoras. Tecnologia.

ABSTRACT

This article addresses the use of technology-based instructional methods as an innovative approach in teaching Physics. As technology continues to play a fundamental role in our society, it is imperative that education keeps up with these changes, offering students more engaging and effective learning experiences. In this context, we explore various strategies and technological tools that can be applied to the teaching of Physics, aiming to improve the understanding of complex concepts and promote students’ interest in the subject. In addition, we explore a variety of topics related to technology-based instructional methods for teaching Physics. We will begin by examining the evolution of educational technology and how it has shaped the contemporary learning environment. Next, we will highlight the advantages and challenges associated with the use of technology in teaching Physics, considering aspects such as personalization of learning, accessibility and student motivation. Furthermore, we highlight the importance of personalizing teaching, allowing students to learn at their own pace and style, using adaptive technological resources. This article also examines case studies and research that demonstrate the tangible benefits of using these dedicated technologies for learning, and will use them for bibliographic reference purposes, thus demonstrating increased student engagement and greater information retention. Apart from this, challenges and ethical considerations related to the implementation of these instructional methods will be discussed. In this context, this article highlights how technology-based instructional methods have the potential to revolutionize Physics teaching, making it more accessible, engaging and effective for students, preparing them to face the challenges of the contemporary world.

Keywords: Teaching-learning. Innovative approaches. Technology.

INTRODUÇÃO

No cenário educacional contemporâneo, marcado por uma crescente integração da tecnologia no processo de aprendizagem, o ensino da Física assume uma relevância inquestionável. A compreensão das leis e princípios que regem o mundo físico é fundamental para qualquer cidadão que deseje compreender o funcionamento do universo que o cerca. Neste contexto, os métodos instrucionais baseados em tecnologia emergem como um elemento-chave na busca pela melhoria da qualidade do ensino da Física, oferecendo um leque de oportunidades e desafios que redefinem a forma como os conceitos físicos são transmitidos e absorvidos, para promover uma aprendizagem mais eficaz e engajadora. 

Com o objetivo geral de investigar o impacto da implementação de métodos instrucionais baseados em tecnologia no ensino da Física para a área educacional. Os objetivos específicos se esmeram em: Analisar a eficácia de simulações computacionais no ensino de conceitos complexos de Física; avaliar as vantagens e desafios associados ao uso da tecnologia no ensino da Física; elencar a aprendizagem, acessibilidade e a motivação dos alunos com o uso dos métodos instrucionais. Quanto ao problema: O ensino da Física muitas vezes enfrenta desafios de engajamento e compreensão de conceitos complexos. As abordagens tradicionais de ensino podem não ser suficientes para atender às necessidades de todos os alunos, especialmente em um mundo cada vez mais tecnológico. Portanto, surge a necessidade de investigar como os métodos instrucionais baseados em tecnologia podem melhorar o processo de ensino-aprendizagem da Física.

A metodologia será por meio de revisão bibliográfica em uma pesquisa qualitativa. Com a contribuição bibliográfica de MAZUR, Eric. Peer Instruction: A revolução da aprendizagem ativa. BIANCHESSI, Cleber. Temas em educação: Olhares interdisciplinares, reflexões e saberes. WUO, Moacir. Aprendizagem ativa, conteúdos de aprendizagem, engajamento e métodos. Por fim, consideraremos as implicações éticas e pedagógicas destes métodos, bem como as tendências emergentes que estão moldando o futuro do ensino da Física. À medida que nos aprofundamos nessa jornada pela interseção da tecnologia e do ensino da Física, fica evidente que o potencial transformador destes métodos é imenso, mas também requer uma abordagem cuidadosa e reflexiva para garantir que a educação continue a ser uma experiência enriquecedora e significativa para todos os estudantes.

O APRENDIDO É O QUE FICA NA MENTE DO ALUNO

À medida que a tecnologia continua a evoluir a um ritmo exponencial, o ensino da Física não pode ficar alheio a estas transformações. É imperativo que educadores, pesquisadores e tomadores de decisão compreendam plenamente o potencial da tecnologia para aprimorar a educação em Física e estejam preparados para aproveitar as oportunidades que ela oferece. 

Já é consenso que a educação está constantemente evoluindo à medida que novas tecnologias e abordagens pedagógicas emergem. No campo do ensino de Física, a busca por métodos eficazes de transmitir conceitos complexos tem sido uma prioridade constante. Neste contexto, a utilização de simulações computacionais surge como uma ferramenta revolucionária que promete transformar a forma como os alunos aprendem e internalizam os princípios fundamentais da Física. A priori, é imperativo que para haver tal aplicabilidade em sala de aula, a escola tenha disponível uma sala de recursos tecnológicos, para facilitar o acesso dos alunos no momento de interação.

A física é uma disciplina que frequentemente desafia os alunos, apresentando-lhes conceitos abstratos e teorias que podem parecer esquivas e inacessíveis. O ensino tradicional muitas vezes se baseia em palestras expositivas e em resolução de problemas em papel, deixando pouco espaço para a exploração prática e a visualização dos fenômenos físicos. Como resultado, muitos estudantes lutam para compreender plenamente as teorias e conceitos que estão sendo ensinados, e a retenção a longo prazo dessas informações frequentemente deixa a desejar.

A este respeito, o pesquisador Mazur, faz a seguinte inferência:

Para converter uma aula tradicional, eu primeiro decido quais são os pontos fundamentais que devem ser tratados. Durante a aula expositiva, deixo de dar as definições, as deduções e os exemplos que já estão no livro ou nas notas. A seguir, após retirar esses itens da minha apresentação antiga, determino quais são os pontos chave que eu quero incluir. No final, eu tenho um esboço do esqueleto da aula, como mostro em: 1) Definição. 2) Pressão em função da profundidade. 3) Princípio de Arquimedes. 4) Princípio  de Pascal. Este é o esboço de uma aula sobre hidrostática. (MAZUR, 2015, p. 31).

O que Mazur propõe, é que a hidrostática, que é uma área da Física que estuda os fluidos em repouso, ou seja, quando não estão em movimento. Que seja ensinada sob um outro contexto, já que ela lida com as propriedades dos fluidos, como líquidos e gases, quando estão sujeitos a forças externas. Um dos princípios fundamentais da hidrostática é o Princípio de Pascal, que afirma que um aumento na pressão em um ponto de um fluido incompressível (como a água) é transmitido de maneira igual e em todas as direções dentro do fluido. Neste contexto, o professor pode fazer uma aula de campo com os alunos, para mostrar aos alunos pressão com a que a água surge em seu primeiro impulso.

Quando as simulações computacionais entram em cena. Elas oferecem uma maneira interativa e envolvente de explorar os princípios da Física, permitindo que os alunos experimentem virtualmente fenômenos complexos em um ambiente seguro e controlado. Ao fornecer uma representação visual e dinâmica dos conceitos, as simulações ajudam a tornar a Física mais tangível e acessível, eliminando a barreira muitas vezes imposta por fórmulas e equações abstratas.

Ademais, as simulações computacionais permitem que os alunos testem hipóteses, modifiquem variáveis e observem instantaneamente os resultados, promovendo a aprendizagem ativa e a descoberta por meio da experimentação. 

Segundo Wuo:

A aprendizagem ativa ocorre quando os alunos estão ativamente engajados ou envolvidos em atividades ou tarefas tais como compreensão e interpretação de leituras, elaboração de escritas, discussões e elaboração de mapas conceituais ou representações gráficas. Estas atividades devem ser organizadas de maneira que os alunos desenvolvam competências e habilidades cognitivas para elaborar sínteses, análises, estabelecer relações, pesquisar. Assim como a criatividade, que é considerada capacidade cognitiva de ordem superior. (WUO, 2021, p. 07).

Para Wuo, este tipo de abordagem prática não apenas aprofunda a compreensão dos alunos, mas também estimula seu interesse e curiosidade pela Física, tornando o aprendizado uma experiência mais significativa e gratificante.

Neste escopo, é cabível inserir os benefícios da utilização de simulações computacionais no ensino de Física. Estas ferramentas podem ajudar os alunos a compreender conceitos complexos, reter informações de forma mais eficaz e desenvolver habilidades de resolução de problemas, isto é, são evidências empíricas que sustentam a eficácia das simulações, bem como as melhores práticas para sua implementação em sala de aula.

Neste interim, acredita-se que a utilização de simulações computacionais no ensino de Física perpassará um aumento significativo na compreensão e retenção de conceitos complexos por parte dos alunos, uma vez que também transformará a maneira como a disciplina é ensinada e aprendida. À medida que avançamos nesta era digital, é crucial explorar novas abordagens educacionais que aproveitem o poder da tecnologia para melhorar a qualidade e a eficácia do ensino de Física, preparando os alunos para um futuro cada vez mais dependente da compreensão científica.

O que Wuo explica como:

Atividades de ensino muitas vezes requerem conteúdos elaborados pelo professor, mais conhecidos como conteúdos pedagógicos de aprendizagem. As peculiaridades das classes e dos alunos exigem que o professor elabore ou faça adaptações de textos, powerpoints, vídeos, roteiros e protocolos específicos. A partir de informações, conteúdos e conhecimentos diversos, o professor pode e deve sempre que possível, transformá-los em conteúdos para finalidades de ensino. E, a partir de seus conhecimentos específicos sobre o tema, o professor da disciplina ou área, elabora textos ou representações de conteúdos, associando-os às concepções dos alunos ou representações de estratégias ou métodos de ensino, de acordo com os contextos nos quais o processo de ensino deverá ocorrer. (WUO, 2021, p. 22).

A fala de Wuo, nos chama a atenção para como a disciplina Física está sendo ministrada em sala de aula, com seus princípios abstratos e fenômenos muitas vezes invisíveis ao olho nu, apresenta um desafio considerável para estudantes de todos os níveis de ensino. Conceitos como mecânica quântica, relatividade e eletromagnetismo frequentemente deixam os alunos perplexos. Tradicionalmente, os professores utilizam métodos expositivos e equações matemáticas para explicar estes conceitos, o que pode resultar em desinteresse e dificuldades de compreensão.

Já que a educação está em constante evolução, impulsionada pelo avanço tecnológico e pela necessidade de adaptar métodos de ensino para atender às demandas de uma sociedade cada vez mais complexa. No campo do ensino de Física, em particular, a busca por estratégias inovadoras e eficazes é essencial para proporcionar aos alunos uma compreensão sólida dos conceitos fundamentais desta disciplina desafiadora. Uma das abordagens mais promissoras é a incorporação de simulações computacionais no processo de aprendizagem, uma estratégia que tem demonstrado potencial para resultar em um aumento significativo na compreensão e retenção de conceitos complexos por parte dos alunos.

De acordo com Motta:

Com base em uma nova matriz disciplinar, para uma dada ciência, seus praticantes entram no estágio da chamada ciência normal, atividade marcadamente solucionadora de problemas, esta funciona como modelo de mundo a ser consultada para determinar quais são os problemas a serem tratados (objeto de investigação), quais as formas de abordagem do problema (metodologia) e que resultados são esperados para a experimentação (justificação). Na ciência normal muito do que o cientista faz é uma interpretação da matriz disciplinar para dela derivar os problemas e possíveis soluções que resultarão, quando bem sucedidas, naquilo que chamamos e tecnologia. (MOTTA, 2017, p. 19).

Conforme apresenta Motta, é possível compreender que o ensino de Física sempre foi considerado um dos mais desafiadores no contexto da educação. Os conceitos físicos muitas vezes envolvem abstrações difíceis de visualizar e compreender apenas por meio de métodos tradicionais de ensino, como palestras e livros didáticos. 

Isto cria uma lacuna entre o que é ensinado e o que os alunos conseguem efetivamente absorver e aplicar. Além disto, conceitos físicos muitas vezes estão interligados e exigem uma compreensão sólida das bases para entender tópicos mais avançados. Isto torna o ensino de Física uma jornada progressiva que pode ser dificultada quando os fundamentos não são dominados. 

E diante de um cenário sob este aspecto de aprendizagem, os métodos instrucionais são a melhor opção, isto porque, em um mundo em constante evolução, onde o acesso ao conhecimento é mais amplo do que nunca, a busca por métodos instrucionais eficientes no ensino da Física se torna uma tarefa crucial. Pois à medida  que “o segredo dos bons desempenhos e da satisfação com o trabalho é a própria necessidade humana de criar algo novo” Pink (2019, p. 14).

SOBRE AS VANTAGENS E OS BENEFÍCIOS DO USO DE MÉTODOS INSTRUCIONAIS

Os métodos instrucionais podem ser uma opção eficaz para a aprendizagem, mas a sua eficácia depende de vários fatores, incluindo o contexto, o conteúdo a ser ensinado, o público-alvo e os objetivos de aprendizagem. Não existe uma única “melhor” opção, pois diferentes métodos funcionam melhor em situações diferentes.

Alguns métodos instrucionais comuns  e com maior praticidade em sua aplicabilidade para os alunos incluem:

Aula expositiva: O instrutor apresenta informações de forma direta aos alunos. Isso pode ser eficaz para transmitir conhecimentos teóricos.

  • Aprendizagem ativa: Envolve os alunos em atividades práticas, como discussões em grupo, estudos de caso, projetos práticos e simulações. Estes métodos podem promover a compreensão profunda e a aplicação do conhecimento.
  • Aprendizagem online: Plataformas de ensino online, cursos e recursos digitais oferecem flexibilidade e acesso a uma ampla gama de conteúdos, contudo exigem autodisciplina por parte dos alunos.
  • Ensino individualizado: Adaptar o ensino às necessidades individuais dos alunos, permitindo que avancem no seu próprio ritmo. (Em geral exige muita boa vontade do professor da disciplina a ser estudada).
  • Aprendizagem baseada em problemas: Os alunos trabalham em projetos ou cenários do mundo real para resolver problemas complexos, o que pode promover a resolução de problemas e habilidades críticas, contudo com excelentes resultados.

A escolha do método instrucional adequado depende do objetivo de aprendizagem, do público-alvo, dos recursos disponíveis e das preferências do instrutor. Às vezes, uma combinação de métodos pode ser a abordagem mais eficaz.

Para mais, a pesquisa em educação continua a evoluir, e novas abordagens e tecnologias estão constantemente sendo desenvolvidas para melhorar a eficácia do ensino e da aprendizagem. É  importante estarmos acessíveis para diferentes métodos e abordagens, bem como adaptá-los conforme necessário para atender às necessidades dos alunos.

Neste contexto de um crepúsculo educacional dramático, insere-se a fala de Bianchessi sobre:

Os alunos na contemporaneidade, por serem nativos digitais, caracterizam-se por demonstrar não ter apreço pelo ensino tradicionalista, cujo cerne incidia na recepção de conhecimentos repassados pelo professor, via recursos nem sempre adequados. Tal forma de ensino aplicada hoje em dia, não gera conhecimentos, nem atrai a atenção e a motivação deles. Na verdade, agora, os alunos gravitam em torno do acesso de mundo virtual e do manuseio dos recursos disponibilizados pela internet, o que provoca o surgimento de uma situação contraria da realidade dos tempos passados. Os tempos mudaram com a explosão das TIC, não tão somente no espaço escolar, mas também, na sociedade como um todo. (BIANCHESSI, 2023, p. 16).

Bianchessi tece em seu comentário, que  nos últimos anos, testemunhamos uma transformação sem precedentes na maneira como a tecnologia da informação e comunicação, impacta tanto no ambiente escolar, como na sociedade em sua totalidade. A revolução digital tem desempenhado um papel fundamental na redefinição das interações humanas, da educação e da dinâmica social. A crescente ubiquidade das TIC tem alterado profundamente a forma como aprendemos, trabalhamos, nos comunicamos e até mesmo como compreendemos o mundo que nos cerca. 

Nesta era digital, onde as fronteiras entre o espaço escolar e a vida cotidiana se tornam cada vez mais difusas, é fundamental explorar o impacto destas mudanças e entender como as tecnologias moldam nossa educação e sociedade. E, em detrimento disto é que os métodos instrucionais se fazem cada vez mais necessários no ambiente escolar. Sobre o que Bianchessi postula como:

Para discorrer sobre a relação ensino  e interatividade, é preciso destacar o vivenciar de uma reflexão do físico para o digital pela sociedade atual, tanto que, a mesma por referir-se ao conjunto de utilizadores ligados e dependentes das tecnologias da comunicação e informação, e tem sido denominada de sociedade digital, onde os dispositivos digitais, são parte integrante e indissociável da rotina diária dos professores que utilizam tais ferramentas. (BIANCHESSI, 2023, p. 32).

A transposição de um período para o outro, destacado por Bianchessi, incita-nos a pensar sobre o futuro da educação, enquanto um dos pilares fundamentais da sociedade, e o ensino da Física desempenha um papel crucial neste processo de aprendizado. 

Ao longo da história, diversos métodos instrucionais foram desenvolvidos e aprimorados para transmitir os princípios da Física aos estudantes de maneira eficaz e envolvente. A Física, como ciência fundamental, sempre buscou compreender as leis que governam o universo e, portanto, seu ensino não apenas proporciona conhecimento sobre o mundo que nos cerca, mas também promove o pensamento crítico, o raciocínio lógico e a resolução de problemas. 

E, é por esta razão que os métodos instrucionais utilizados no ensino da Física, vem destacando a importância de adaptá-los às necessidades dos alunos e às evoluções tecnológicas, a fim de garantir uma educação de qualidade e preparar as gerações futuras para os desafios científicos e tecnológicos que enfrentarão.

Em conformidade com Mazur, a mudança precisa sair das idealizações e partir para a prática real em sala de aula, conforme consta em:

Eu começo a primeira aula da disciplina anunciando aos estudantes que as aulas não serão dadas com base no livro ou nas minhas notas de aula. Eu argumento que seria uma perda de tempo se eu simplesmente repetisse o que está impresso no livro ou em minhas notas. Se eu fizesse isso, eu estaria supondo que eles não sabem ler. Se um professor os tratasse dessa forma, eles poderiam se ofender! Frequentemente cito o que ocorreu com minhas notas de aula, explico como utilizaremos o tempo nas aulas e como eles tirarão proveito disso. Explico que é muito pouco o que se aprende em uma aula expositiva passiva, enfatizando que um professor não consegue  simplesmente jogar o conhecimento em suas mentes. Não importa o quão bom seja um professor, pois é, aos estudantes que cabe esse trabalho. Eu os desafio a tornarem-se pensadores críticos. Explico a diferença entre simplesmente inserir números nas equações ou ser capaz de analisar uma situação não familiar. (MAZUR, 2015, p 11).

A proposta de Mazur, que o ensino de conceitos complexos de Física, como a Mecânica Quântica e a Relatividade, tem sido tradicionalmente um desafio para educadores e estudantes. Estas teorias, que descrevem o comportamento do universo em escalas microscópicas e macroscópicas, respectivamente, frequentemente desafiam nossa intuição e exigem um entendimento profundo da matemática e dos princípios físicos subjacentes. No entanto, avanços na tecnologia da informação e na computação abriram novas possibilidades para aprimorar o ensino desses conceitos complexos por meio de simulações computacionais. No que se aplica veementemente os método instrucionais. Neste sentido, para explorar a análise e a eficácia destas simulações no ensino de Mecânica Quântica e Relatividade por exemplo, destacando seus benefícios e desafios, cabe salientar aspectos como:

Benefícios das Simulações Computacionais:

  • Visualização de Conceitos Abstratos: Uma das principais vantagens das simulações computacionais é a capacidade de visualizar conceitos abstratos. Na Mecânica Quântica, por exemplo, os fenômenos quânticos, como o princípio da superposição e o entrelaçamento, podem ser desafiadores de imaginar. Simulações permitem que os alunos vejam como partículas se comportam em níveis subatômicos, tornando esses conceitos mais tangíveis.
  • Experimentação Virtual: As simulações permitem que os estudantes conduzam experimentos virtuais em um ambiente controlado e seguro. Isto é particularmente valioso quando se trata de experimentos caros, perigosos ou impraticáveis na sala de aula. Por exemplo, os alunos podem simular a dilatação do tempo na Teoria da Relatividade Especial, experimentando como o tempo passa de forma diferente em velocidades próximas à da luz. (Embora em uma aplicação fora do perímetro escolar, ainda será sobre o auxílio do professor).
  • Retorno Imediato: As simulações oferecem retorno imediato, permitindo que os alunos vejam as consequências de suas ações e ajustem variáveis de forma interativa. Isso ajuda a desenvolver uma compreensão mais profunda dos princípios físicos, à medida que os alunos exploram cenários e observam as respostas. Indo de situações aparentemente frugais, como o giro de uma roda de bicicleta.
  • Acessibilidade: Simulações computacionais estão amplamente disponíveis na internet, muitas vezes gratuitamente. Isto torna o acesso a recursos de alta qualidade mais democrático, permitindo que estudantes em todo o mundo explorem conceitos complexos sem barreiras geográficas ou financeiras.

Desafios e Considerações:

  • Compreensão Conceitual vs. Manipulação Técnica: Embora as simulações ajudem na compreensão conceitual, é importante equilibrar isto com a compreensão da matemática e das equações subjacentes. A ênfase excessiva na manipulação técnica em detrimento da compreensão profunda dos princípios pode ser um desafio.
  • Limitações das Simulações: Simulações são simplificações da realidade e podem não capturar todos os aspectos de um fenômeno. Os alunos devem ser conscientizados das limitações das simulações e incentivados a explorar além das representações virtuais.
  • Preparação do Professor: Professores precisam de treinamento adequado para incorporar efetivamente simulações em seus currículos. Eles devem ser capazes de orientar os alunos na interpretação dos resultados das simulações e na conexão com os princípios teóricos.

Ao pensar sob uma ótica de perspectivas e desafios para a forma de ensinar os conteúdos curriculares da disciplina Física, compreender-se-á, a luz do que fala Mazur que:

A capacidade do estudante de resolver problemas tem sido critério tradicional para avaliar se o ensino teve êxito. Essa forma pressupõe que não é possível resolver um problema a menos que os fundamentos estejam bem compreendidos. Entretanto, há uma preocupante, e, elevada fração de estudantes que desenvolve estratégias para resolver um problema, mas que não conseguem resolver problema algum, porque ainda não alcançaram a mínima compreensão sobre os conceitos envolvidos. Assim, na realidade, a questão é: queremos que nossos estudantes compreendam os princípios fundamentais ou é suficiente que eles usem as fórmulas para resolver os problemas numéricos (mesmo que metade deles não entenda os princípios que embasam os problemas)? Eu sou claramente partidário de ensinar a compreensão dos fundamentos. (MAZUR, 2015, p. 39).

Para Mazur, compreender os princípios fundamentais é uma aspiração que perpassa todas as áreas do conhecimento e desempenha um papel central no processo educacional. Quando falamos em educar nossos estudantes, estamos, essencialmente, investindo no desenvolvimento de mentes críticas e capacitadas a navegar com destreza pelos desafios que a vida moderna apresenta. 

Neste sentido, a busca por uma compreensão profunda e sólida dos princípios fundamentais é um objetivo nobre e essencial. Afinal, são estes princípios que constituem os alicerces sobre os quais se constrói o edifício do saber, permitindo que os indivíduos não apenas memorizem informações, mas também as contextualizem, analisem e, mais importante ainda, as apliquem de forma criativa e adaptativa em suas vidas pessoais e profissionais, sendo crucial para o crescimento intelectual e para a capacitação dos estudantes, destacando como esta compreensão transcende barreiras disciplinares e se transformem em um poderoso instrumento para enfrentar os desafios contemporâneos.

APRENDIZAGEM, ACESSIBILIDADE E MOTIVAÇÃO DOS ALUNOS ASSOCIADO AO MÉTODO INSTRUCIONAL

A aprendizagem é um processo intrincado e multifacetado que desempenha um papel fundamental na formação de indivíduos e no desenvolvimento de sociedades. No entanto, para que esta jornada seja verdadeiramente eficaz, é essencial considerar dois pilares essenciais: acessibilidade e motivação dos alunos. Neste contexto, o método instrucional emerge como uma ferramenta crucial para a compreensão e aplicação dos princípios fundamentais que regem a educação.

A acessibilidade, em seu sentido mais amplo, refere-se à capacidade de disponibilizar conhecimento e oportunidades de aprendizado a todos, independentemente de suas capacidades, limitações físicas, culturais ou socioeconômicas. Garantir que os recursos educacionais sejam acessíveis a todos é um imperativo moral e social. Afinal, somente quando as barreiras da aprendizagem são eliminadas, que podemos verdadeiramente almejar uma sociedade mais inclusiva e igualitária.

Por outro lado, a motivação dos alunos é o combustível que impulsiona a aprendizagem. Quando os estudantes estão motivados, eles estão mais propensos a se envolverem ativamente no processo de aprendizado, a explorar novos conceitos e a persistir diante dos desafios. Entretanto, a motivação não é um recurso infinito e, muitas vezes, precisa ser cultivada por meio de estratégias pedagógicas eficazes.

É aqui que o método instrucional entra em cena. Este conjunto de abordagens e técnicas pedagógicas tem como objetivo criar um ambiente de aprendizagem que seja acessível a todos os alunos, independente de suas necessidades individuais, ao mesmo tempo em que estimula a motivação intrínseca dos estudantes. 

Ao compreender e aplicar os princípios fundamentais da aprendizagem, os educadores podem criar experiências educacionais significativas e eficazes, moldando a próxima geração de cidadãos capacitados, críticos e comprometidos com o aprendizado ao longo da vida. Em face disto, esta discussão explorará a interconexão entre aprendizagem, acessibilidade, motivação dos alunos e o papel vital do método instrucional na promoção destes pilares essenciais para uma educação de qualidade, já que o modo como os professores educam seus alunos hoje, em nada mais pode condizer, com o estilo de ensino outrora vivenciado. Segundo aponta o pesquisador Larrosa:

A escola é um primeiro lugar e primordialmente um arranjo particular de tempo, espaço e matéria de tempo, espaço e matéria em que os jovens são colocados em companhia de alguma coisa, o mundo de um modo específico. Tentamos explorar aquilo em que consiste essa invenção educacional, não para idealizar o passado(restaurando a escola tradicional), a razão pela qual assumimos essa abordagem é que pensamos que ainda vale a pena lidar com o futuro do nosso mundo e das gerações vindouras, nesse modo pedagógico que chamamos escola. (LARROSA, 2020, p. 16).

Indubitavelmente a fala de Larrosa nos faz compreender que de fato a aprendizagem é um processo fundamental na vida de qualquer estudante, e a sua eficácia está intrinsecamente ligada a fatores essenciais, tais como a acessibilidade e a motivação. Para que nossos alunos alcancem um entendimento profundo dos princípios fundamentais, é crucial adotar um método instrucional que leve em consideração não apenas o conteúdo a ser ensinado, mas também as necessidades individuais de aprendizado e as fontes de inspiração que impulsionam cada estudante. Pois conforme Freire:

Não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino. Esses fazeres se encontram um no corpo do outro. Enquanto ensino contínuo, buscando, reprocurando. Ensino porque busco, porque indaguei, porque indago e me indago. Pesquiso para contestar, constatando, intervenho, intervindo educo e me educo. Pesquiso para conhecer o que ainda não conheço e para comunicar ou anunciar a novidade. (FREIRE, 2021, p. 38).

Freire tece em sua fala, que a pesquisa desempenha um papel crucial em nossa busca por conhecimento e inovação. É a ferramenta que nos permite explorar o desconhecido, desvendar mistérios e abrir novos horizontes. Quando pesquisamos, estamos em uma jornada de descoberta, ansiosos por entender o que ainda não conhecemos. 

Em face disto, é inegável que o professor precisa estar informado sobre os procederes do uso das tecnologias, buscar cada vez mais inovar em suas práticas metodológicas de ensino, e sobretudo, que o professor faça uso dos diferentes recursos tecnológicos disponíveis para si e para os seus alunos. 

Na perspectiva de Moran: 

Alunos motivados aprendem e ensinam, avançam mais, ajudam o professor a ajuda-los melhor. Alunos que provém de famílias abertas, que apoiam as mudanças, que estimulam afetivamente os filhos, que se envolvem em ambientes culturais ricos, aprendem mais rapidamente, crescem mais confiantes e se tornam pessoas mais produtivas. (MORAN, 2000, p.17). 

Moran defende que haja uma educação moderna, viva e atuante, que não recusa a tecnologia quando ela se faz necessária, mas há a necessidade de se lembrar, que ela não é absolutamente imprescindível para os professores. É imperativo que o professor crie os seus espaços para a aprendizagem, significativa, por meio do diálogo, da respeitabilidade mútua, da interação, da afetividade, de métodos instrucionais, entre outras práticas, que criem projetos e que visem a produção de percepções contextualizadas. 

A tecnologia já mudou o rumo de muitas praticas elaboradas no dia a dia, de como se produz algo, como se consome, e mesmo como se interage, até mesmo como se exerce a cidadania. Na contemporaneidade, as tecnologias aproximam a educação dos alunos do século XXI, e também ajuda a prepara-los para a vida presente e futura, cada vez mais mediadas pelos recursos tecnológicos. 

A capacidade que os professores têm a possibilidade de adaptar e personalizar os materiais de acordo com as necessidades individuais dos alunos. A personalização dos materiais educacionais é uma abordagem pedagógica que reconhece que os alunos têm diferentes estilos de aprendizagem, habilidades e interesses de acessibilidade.

Embora o ensino seja arraigado a situações furtivas à educação, a interiorização de como se constitui a educação em sala de aula, já vem sendo construída desde o período em que o professor está se constituindo como profissional, não atoa, mas para que haja a noção de como proceder diante de cada situação específica apresentada em sala de aula.

Em Simões, observa-se que:

De uma maneira geral, acreditam que a tecnologia é boa, ainda que esteja em muitos casos servindo mais a exclusão das pessoas do que a inclusão. Aliás, trata-se de um sintoma da sociedade atual, voltada para o individualismo e despreocupada com a formação mais humana e solidária.  

Nesse contexto, a educação segue, como sempre, desrespeitada e desvalorizada, ainda assim acreditam na sua capacidade de transformação do indivíduo e da sociedade em algo melhor. A escola tem justamente esse papel, o de formar o ser humano dentro dos ideais da democracia e da cidadania, sendo o professor o responsável por desenvolver o senso crítico e a autonomia dos estudantes a ele confiados.  Ainda que, sob os mais diversos tipos de dificuldades e desrespeitos possíveis, e por mais que se pense ou se observe uma série de situações bastante complicadas na escola ou mais especificamente na sala de aula, continuam acreditando nela como o local da promoção da mudança e no professor como o seu agente. (SIMÕES, 2013, p. 137).

Cada aluno traz em si um universo único, e, ao conhecer as habilidades de cada aluno, os professores podem identificar pontos fortes e fracos e planejar estratégias de ensino que atendam às necessidades específicas de cada um. Isto pode envolver a seleção de recursos e materiais de aprendizagem apropriados, bem como a criação de atividades e tarefas que sejam desafiadoras, mas alcançáveis para cada aluno.

De mais a mais, o conhecimento sobre as necessidades individuais dos alunos permite que os professores ofereçam suporte adequado para garantir o sucesso acadêmico e emocional de cada estudante. 

Ao personalizar os materiais educacionais de acordo com as habilidades e necessidades dos alunos, os professores demonstram um compromisso com a aprendizagem individualizada e o sucesso de cada aluno. Isto cria um ambiente de aprendizagem inclusivo, onde todos os alunos têm a oportunidade de alcançar seu potencial máximo.

Nesta mesma linha de pensamento, Sampaio destaca que:

É de responsabilidade dos Estados-membros, municípios e do Distrito Federal garantir e ofertar ensino fundamental e médio segundo as Diretrizes Nacionais. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira 9.394/96 regulamentou a Educação no pós-Ditadura, reafirmando-a como direito inegável de cada cidadão e explicitando as funções de cada ente federado na garantia do ensino nacional. Dessa forma, a partir da LDB foram instaurados os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) para delimitar as competências a serem trabalhadas nos currículos de cada escola. (SAMPAIO, 2017, p. 20).

Como podemos ver, Sampaio argumenta que um estudo sobre a construção de saberes, fica perceptível na forma como a educação básica vem sendo conduzida no Estado, a partir do que é preconizado no documento que regulamenta a educação. Neste documento é possível direcionar um olhar observador no que concerne as “discussões sobre metodologias”. Tal perspectiva a respeito do modo de ensinar, é vista por Levorato (2017, p. 09) como sendo “o modelo de educação que está se impondo e que se adequa cada vez mais às supostas exigências dessa sociedade”. Ainda cabe destacar que, segundo Levorato:

Longe de desmerecer as inegáveis contribuições do construtivismo, é preciso, como educadores que buscam compreender a educação em todas as suas vertentes, analisar criticamente as intenções dessas práticas por outros ângulos, com vistas a identificar também as maneiras pelas quais são interpretadas pelos próprios docentes, muitas vezes equivocadamente. Em face da perspectiva teórica apresentada, considera-se o aluno como centro de sua aprendizagem e sujeito ativo na construção do seu conhecimento. Ele, portanto, torna-se responsável pela busca de respostas a partir dos conhecimentos que possui, contando com a mediação do professor. Nesse cenário, qual é a função do professor? Qual é o papel do aluno? O que se “constrói” é realmente conhecimento? (LEVORATO, 2017, p. 05).

Sabendo que o processo de educação ocorre por meio das múltiplas ações de um indivíduo em seu meio, a autora aponta que o aluno é de fato o protagonista de seu saber, ao passo que o professor é o elo facilitador, não mais aquele antigo detentor de saberes, já que os conhecimentos são a todo instante compartilhados por todos. E, “a educação escolar precisa compreender e incorporar mais as novas linguagens, dominar as possibilidades de expressão e as possíveis manipulações”. Larson (2019, 50).

METODOLOGIA

O ensino da Física é uma área fundamental na educação, pois fornece uma compreensão sobre as leis fundamentais que governam o universo. No entanto, muitos estudantes enfrentam dificuldades em compreender conceitos físicos complexos. Neste contexto, os métodos instrucionais baseados em tecnologia têm se destacado como uma abordagem promissora para melhorar o ensino e a aprendizagem da Física. Este artigo explorou a metodologia qualitativa como uma ferramenta valiosa para analisar e compreender a eficácia destes métodos instrucionais. Já que segundo Demo:

O aluno pode não saber ler e escrever, mas nem por isso deixa de ser um sujeito histórico, pelo menos em potencial. O mais revela a condição de sujeito potencial é o lastro cultural em que todos estamos inseridos, representado principalmente pela linguagem comum ou pelo senso comum. Não é educativa a atitude do professor que, como ponto de partida, reduz os alunos à tábua rasa, transformando-os em cabeças vazias que, agora, serão recheadas de casas que vêm de fora para dentro, de cima para baixo. (DEMO, 2021, p, 54).

Amiúde, com esta fala, Demo intensifica o fato de que o aluno precisa ser moldado por seu professor, como um escultor, esculpe um material e o transforma em obra-prima. E por esta razão a escolha pela metodologia qualitativa, é um método de pesquisa que se concentra na compreensão em profundidade dos fenômenos sociais e educacionais. Ela busca explorar a complexidade e a subjetividade das experiências humanas, em contraste com a abordagem quantitativa, que se baseia em dados numéricos. Para avaliar a eficácia dos métodos instrucionais baseados em tecnologia no ensino da Física, a metodologia qualitativa oferece uma abordagem rica e contextual, por meio da revisão bibliográfica.

Várias pesquisas têm sido realizadas para investigar o impacto dos métodos instrucionais baseados em tecnologia no ensino da Física. Um estudo de referência é o de Hake (1998), que comparou o aprendizado dos alunos em cursos de Física tradicionais com aqueles que utilizaram métodos instrucionais ativos baseados em computador. Os resultados demonstraram que os métodos instrucionais ativos levaram a uma melhoria significativa no desempenho dos alunos.

Além disto, a pesquisa de Cox e Graham (2009) destacou a eficácia do uso de simulações computacionais no ensino da Física. As simulações permitem que os alunos visualizem conceitos abstratos e explorem cenários complexos de forma interativa, aumentando a compreensão conceitual.

Quanto aos métodos qualitativos na avaliação da eficácia deste estudo, a metodologia qualitativa desempenha um papel crucial na avaliação da eficácia destes métodos instrucionais baseados em tecnologia. Ela permite a coleta de dados detalhados sobre as percepções dos alunos, suas experiências de aprendizado e as mudanças em suas compreensões conceituais. 

O ensino da Física enfrenta desafios significativos, mas os métodos instrucionais baseados em tecnologia oferecem promessas de melhorar a compreensão e o engajamento dos alunos. A metodologia qualitativa desempenha um papel crucial na pesquisa educacional, permitindo uma compreensão mais profunda das experiências dos alunos e da eficácia desses métodos. Portanto, é fundamental continuar explorando essa abordagem qualitativa para melhorar o ensino da Física e, assim, capacitar os alunos a compreenderem as complexas leis que regem o universo.

A tecitura desta pesquisa apresenta um caráter descritivo bibliográfico, com enfoque de cunho qualitativo, posto que pretendemos refletir, analisar e interpretar a importância do uso dos métodos instrucionais com tecnologia para o ensino na Física, compreendendo o cotidiano escolar, a partir dos pontos de vista dos sujeitos da pesquisa que são os alunos.

A pesquisa descritiva é um tipo de pesquisa que tem como objetivo descrever ou mensurar características ou fenômenos de uma determinada população, grupo ou situação. O principal objetivo da pesquisa descritiva é obter informações sobre como algo é, o que está acontecendo ou como funciona.

Um estudo descritivo bibliográfico com enfoque qualitativo é uma pesquisa que se concentra na análise e na interpretação de informações e fontes de literatura existentes para descrever e compreender um determinado fenômeno, tema ou questão. Este tipo de estudo utiliza uma abordagem qualitativa, o que significa que busca insights profundos e compreensão contextual, em vez de quantificar ou medir dados de forma numérica.

Sobre pesquisa qualitativa Minayo tece a seguinte fala:

A pesquisa qualitativa estabelece para si mesma outras prioridades. Aqui, em geral não se parte necessariamente de um modelo teórico da questão que está sendo estudada e se evita hipóteses e operacionalização. Além disto, a pesquisa qualitativa não está moldada na mensuração, como acontece nas ciências naturais. Finalmente, o pesquisador não estará apenas interessado na padronização da situação de pesquisa, nem, tampouco, em garantir a representatividade por amostragem aleatória dos participantes. (MINAYO, 2013, p. 24).

Considerando nossa opção e a fala de Minayo, estamos diante de uma abordagem qualitativa. As potencialidades para o ensino da Física, são vastas na área profissional. Por meio do uso de métodos instrucionais. Mas em paradoxo a isto, no que tange a área educacional, existem determinadas limitações, a princípio pela necessidade de investimento financeiro que possa viabilizar a construção de pesquisas dentro da escola.

As inovações propostas por professores, em um escopo de pesquisa própria, para determinado fim, como no caso de uma pesquisa com perspectivas educacionais, ficam sobre a inteira responsabilidade de seu idealizador, visto que implementações exigem determinadas regulamentações que fogem das possibilidades reais do professor pesquisador.

Para Tardif, o que ocorre é o seguinte:

Os saberes de uma professor são uma realidade social materializada através da formação, de programas, de práticas coletivas, de disciplinas escolares, de uma pedagogia institucionalizada, etc., e são também, ao mesmo tempo, os saberes de como se pode, então, pensar essa articulação entre o que se sabe de fato em atividade, e o fato de seu próprio saber individual ser, ao mesmo tempo, um componente de gigantesco processo social de escolarização que afeta milhões de indivíduo e envolve milhares de outros trabalhadores que realizam uma tarefa mais ou menos semelhante. (TARDIF, 2014, p. 32).

Para Tardif, assim como aluno, o professor é um ser em construção com níveis de saberes diferenciados, um professor, assim como o melhor aluno da sala de aula, não é um ser pronto, se constrói todos os dias, porque todos os dias o ser humano precisa aprender algo, todo novo dia é um aprendizado sobretudo porque todos os dias a tecnologia em sua totalidade se renova. “E busca estabelecer conexões com os diferentes elementos constitutivos de um texto”. Lakatos (2003, p. 30).

 E este é o grande desafio da educação, romper paradigmas existentes em muitos professores, justamente porque os professores não são seres completos enquanto profissionais, todos o docente comprometido com a educação se reconstrói. 

Em face disto, Tardif ainda pondera que:

Se chamarmos de saberes sociais, o conjunto de saberes de que dispõe uma sociedade e de educação, o conjunto dos processos de formação e de aprendizagem elaborados socialmente e destinados a instruir os membros da sociedade com base nesses saberes, então, é evidente que os grupos de educadores, os corpos docentes que realizam de modo efetivo esses processos educativos dentro do âmbito  do sistema de formação em vigor, são chamados de uma maneira ou de outra, a definir sua prática em relação aos saberes que possuem e transmitem parece banal, mas o professor é, antes de tudo, alguém que sabe alguma coisa e cuja função consiste em transmitir esse saber a outros. (TARDIF, 2014, p. 34).

Sendo assim, cabe enfatizar que com boa vontade, e conhecimento sobre o que a tecnologia dispõe, é possível criar o que se imaginar, em parceria com os alunos, e dar um aspecto de pertencimento educacional aos alunos, haja vista que terão acesso tecnológico para suprir as suas significativas necessidades sobre a aprendizagem de uma disciplina a priori tida como complexa, a Física. Porque “o campo físico, apesar de sua normatividade, é permeado por conflitos e contradições, onde há aqueles que buscam a uniformidade dos procedimentos para compreender a diferença e especificidade do campo humano”. Deslandes (2009, p. 54).

CONCLUSÃO

Em um mundo cada vez mais digital e interconectado, os métodos instrucionais baseados em tecnologia têm desempenhado um papel fundamental na transformação do ensino da Física. Este artigo explorou as diversas formas pelas quais a tecnologia tem sido incorporada ao ensino desta disciplina, destacando suas vantagens e desafios.

Ficou evidente ao longo deste estudo que a tecnologia oferece inúmeras oportunidades para aprimorar a aprendizagem da Física. Através de simulações interativas, realidade virtual, vídeos educacionais e outras ferramentas digitais, os estudantes podem explorar conceitos complexos de forma mais visual e prática. 

De mais a mais, a tecnologia permite personalizar o aprendizado, atendendo às necessidades individuais de cada aluno, tornando o processo de ensino-aprendizagem mais inclusivo e eficaz.

No entanto, não podemos ignorar os desafios associados ao uso da tecnologia no ensino da Física. A falta de acesso equitativo a dispositivos e conectividade, bem como a necessidade de capacitar os educadores para integrar eficazmente a tecnologia em suas práticas pedagógicas, são questões cruciais que devem ser abordadas. Além do que, a dependência excessiva da tecnologia pode levar à perda da interação humana e da compreensão profunda dos princípios físicos.

Portanto, é essencial encontrar um equilíbrio adequado entre o uso da tecnologia e métodos tradicionais de ensino. A tecnologia deve ser vista como uma ferramenta poderosa que complementa a instrução tradicional, enriquecendo a experiência de aprendizado, mas não a substituindo totalmente. Os educadores devem ser capacitados e apoiados para utilizar as tecnologias de forma eficaz, adaptando-as às necessidades de seus alunos e ao currículo.

Em face disto foi que propusemos uma pesquisa qualitativa com análise bibliográfica, porque observações anteriores sobre este estilo de aprendizagem que faz uso dos métodos instrucionais, já havia apresentado resultados significativos, em minhas práticas atuando no ambiente escolar, e com a disciplina Física.

Com o problema proposto, que consistiu em verificar se o ensino da Física muitas vezes enfrenta desafios de engajamento e compreensão de conceitos complexos. Encontrou sua justificativa na acessibilidade que os alunos possuem na escola, com as tecnologias e com o professor. E dentro desta perspectiva, os objetivos apresentaram o que nos propomos a desenvolver que foi com o objetivo geral de investigar o impacto da implementação de métodos instrucionais baseados em tecnologia no ensino da Física para a área educacional. E aos objetivos específicos coube: Analisar a eficácia de simulações computacionais no ensino de conceitos complexos de Física; avaliar as vantagens e desafios associados ao uso da tecnologia no ensino da Física; elencar a aprendizagem, acessibilidade e a motivação dos alunos com o uso dos métodos instrucionais. 

Logo, os métodos instrucionais baseados em tecnologia têm o potencial de revolucionar o ensino da Física, tornando-o mais acessível, envolvente e personalizado. No entanto, é fundamental abordar os desafios relacionados ao acesso e à capacitação dos educadores. O futuro do ensino da Física dependerá da nossa capacidade de aproveitar o poder da tecnologia de forma responsável e equilibrada, garantindo que todos os estudantes tenham a oportunidade de explorar as maravilhas do mundo da Física de maneira significativa e inspiradora.

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