REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8075870
Helleflan Almeida Machado1
Wilson Vieira Oliveira2
Fabiana Silva de Sousa3
Laizy das Chagas Pereira4
Edinaldo Serra Pereira5
RESUMO
Este artigo tem como objetivo demonstrar a importância do estudo da História e Cultura Africana na prática docente, uma vez que faz-se necessário conhecer as raízes da cultura brasileira, para que esta possa ser entendida de fato. Também constitui-se objeto deste trabalho, demonstrar formas de abordagem deste conteúdo, isto é, metodologias que minimizem este processo, tornando-o lúdico onde os alunos possam ser participantes ativos na construção do conhecimento. Para realização deste trabalho, a pesquisa de campo e bibliográfica fizeram-se necessárias, bem como o estudo da Lei nº 10.639/2003, que rege sobre a inserção deste conteúdo nas escolas brasileiras. A pesquisa de campo realizada na 8ª série da Unidade Escolar Joaquim Sousândrade, povoado Boa Esperança em Santa Luzia-MA, foi o ponto de partida. As sugestões apresentadas neste compêndio têm como foco o desenvolvimento de diversas habilidades, como leitura, escrita, interpretação, desenvolvimento oral, entre outros. E tudo isso à luz de temas pertinentes à História e Cultura Africana, assuntos estes carregados de possibilidades de abordagem de temas transversais como o preconceito e a intolerância racial. Procurou-se desenvolver cada conteúdo de forma interdisciplinar para que as áreas de conhecimento sugeridas pela citada Lei, isto é, Literatura (Língua Portuguesa), Artes e História, fossem abrangidas.
Palavras-chaves: História e Cultura Africana. Metodologias. Preconceito. Lei nº 10.639/2003.
ABSTRACT
This article has a purpose to demonstrate the importance of the study of African History and Culture in educational practice, once it is understood it is necessary to know the roots of Brazilian culture, so that this can be understood actually. To demonstrate forms of approach of this content or methodologies that dynamic this process, becoming ludic, so the students can be active participants in the construction of knowledge constitute the object of this work. The carrying out this project, the field and bibliographic research were necessary, as well the study of the law 10.639/2003 that rule the insertion of this content at the Brazilian schools. The field research carried out in 8th grade of Joaquim Sousândrade School, in Boa Esperança District in Santa Luzia, Maranhão, it went the starting point of the present proposal. The suggestions presented in this summarize has as focus, the development of several abilities, as reading, writing, interpretation, oral development and others. All this study under pertinent themes to African History and Culture, These subjects load possibilities of approach of transversal themes as the prejudice and the racial intolerance. It tried to develop each content of form intersubject so that the knowledge areas suggested by the mentioned Law, so Literature (Portuguese Language), Arts and History, were included.
Key-words: African History and Culture. Methodologies. Prejudice. Law no.10.639/2003.
1 INTRODUÇÃO
Sabe-se da estreita ligação do nosso país com outros países e outros continentes. Somos conhecedores de que o Brasil é formado por povos de raças distintas, e consequentemente nossos costumes, crenças, valores e nossa própria cultura de maneira geral, são reflexos de heranças deixadas por indígenas, europeus, asiáticos, africanos entre outros. Estes últimos são grandes responsáveis pelo desenvolvimento cultural do nosso país.
Nossa culinária, literatura, e até nossa própria língua recebeu influência de africanos, por isso acredita-se que explorar a História e Cultura Africana é dar atenção às nossas raízes e o estudo desta, faz-se necessário para compreender de fato a cultura brasileira. Sobre isso, a Base Nacional Comum Curricular/BNCC (2018) aponta para a necessidade de resgatar a contribuição desses povos na formação da sociedade brasileira em seus aspectos sociais, culturais, políticos e econômicos.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a saber, LDBEN, em seu artigo 26-A alterado pela Lei nº 10.639/2003 trata da obrigatoriedade desse conteúdo nas escolas brasileiras. Contudo, apesar da previsão de abordagem deste conteúdo nas escolas, ainda observa-se a pouca atenção dada ao assunto. Nos livros didáticos o tema é pouco abordado e quando é passado despercebido por professores e alunos pela ínfima ocupação de espaço nos mesmos, dessa forma, percebe-se a falta de propagação do tema em estudo.
Mesmo após 20 anos de existência da Lei nº 10.639/2003, o ensino da História e Cultura Africana precisa se consolidar. Por não existir uma disciplina específica, normalmente fica a critério das escolas aplicarem o estudo da História e Cultura Africana nas disciplinas de Arte, História e Literatura, através da vivência escolar de datas comemorativas, caracterizando assim o devido assunto apenas como um tema transversal, quando na verdade não é. Acrescenta-se ainda, que para o profissional instruir seus alunos no sentido de reconhecimento e respeito das influências do povo africano na cultura brasileira, faz-se necessário que o mesmo seja consciente de que, o que difere um ser humano do outro, não é a pigmentação da derme e sim os juízos de valores que os mesmos trazem consigo, pois sabemos que o Brasil é um país poroso[1] em relação a sua diversidade cultural, e isto também se dá, por possuir em grande parte de seu índice populacional a composição de afrodescendentes, daí então, a inevitável influência da cultura africana na cultura brasileira, um dos principais objetos da presente proposta.
No entanto, no Brasil percebe-se uma forte raiz do preconceito. Percebe-se então a necessidade de se trabalhar a consciência de reconhecimento e respeito em nossas escolas, a partir de pesquisas e estudos do tema em questão.
No momento em que dermos a relevância necessária para o cumprimento da lei de nº 10.639/2003, muitas questões culturais e até mesmo raciais estarão resolvidas. E ainda, acrescenta-se que embora a formação cidadã não seja papel exclusivo da escola, o ambiente escolar é fator determinante para tal formação. Por isso, a escola deve adotar meios para lidar com problemas tão gritantes como a intolerância racial e a própria falta de conhecimento cultural do nosso país.
Dessa forma, as escolas deveriam abordar, com maior afinco em seus currículos de disciplinas a serem estudadas, a História e Cultura Africana. Devem capacitar seus professores para lecionarem tal conteúdo, para daí então traçar o plano de formação de alunos, conscientes e respeitadores das contribuições africanas na formação cultural do povo brasileiro.
Diante dos desafios que são impostos à educação de maneira geral neste século, faz-se necessária a intervenção na prática docente visando o alcance dos objetivos traçados para os alunos. Sendo assim, esta pesquisa sugere a utilização de diversas metodologias de ensino, para facilitar a abordagem dos professores no ensino deste conteúdo e assim proporcionar uma melhor compreensão e conscientização por parte de seu aluno.
O questionário aplicado na 8ª série da Unidade Escolar Joaquim Sousândrade, escola localizada no povoado Boa Esperança zona rural de Santa Luzia – MA, foi o ponto de partida para realização deste trabalho. Enfatiza-se ainda, que as formas de abordagem desses conteúdos também são alvo de nossas pesquisas, pois acreditamos que a metodologia adotada pelo professor pode dar significado ou não para tal objeto de estudo, por isso o presente trabalho apresenta uma série de sugestões metodológicas de abordagem ao tema em questão, para que o conteúdo possa tornar-se significativo aos educandos.
É pertinente lembrar que o enfoque desta temática, também pode elevar a autoestima dos alunos afrodescendentes das escolas, pois se sabe que ainda há vítimas de preconceito e de toda forma de bullying, por tanto, é preciso inibir e refutar toda e qualquer tipo de discriminação.
1.1 A importância da lei nº 10.639/2003 no contexto escolar
Como resultado de lutas e protestos do movimento negro no Brasil, a Lei nº 10.639/03 entra em vigor em 09 de janeiro de 2003, alterando as disposições da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, obrigando o ensino da História e Cultura Africana nos estabelecimentos de educação básica públicos e privados.
Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino médio, públicos e privados, torna-se obrigatório o estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena.
§ 1º O conteúdo programático a que se refere este artigo incluirá diversos aspectos da história e da cultura que caracterizam a formação da população brasileira, a partir desses dois grupos étnicos, tais como o estudo da história da África e dos africanos, a luta dos negros e dos povos indígenas no Brasil, a cultura negra e indígena brasileira e o negro e o índio na formação da sociedade nacional, resgatando as suas contribuições nas áreas social, econômica e política, pertinentes à história do Brasil.
§ 2º Os conteúdos referentes à história e cultura afro-brasileira e dos povos indígenas brasileiros serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de educação artística e de literatura e história brasileiras. (BRASIL, 2010, p.24)
Essa Lei veio com a intenção de amenizar as lacunas deixadas pela ausência do estudo e valorização da História e Cultura Africana nas escolas brasileiras. Uma vez sendo reconhecida sua relevância no currículo nacional, sentese a necessidade de conhecer as raízes da cultura brasileira, que sem dúvida bebem de fonte africana, para solidificar crenças, costumes e tradições herdadas de nossos irmãos negros.
Entende-se ainda, que a inserção da mesma, pode-se considerar um avanço para educação de nosso país no âmbito da luta contra o preconceito, racismo, e até mesmo questões de desigualdades sociais como afirma Rocha (2006):
O racismo, como o conhecemos nos dias de hoje, é um fenômeno criado a partir do interesse de dominação e expansão do capitalismo mundial. Por fim, a convicção de que a luta para a superação do atual modo de organização social deve trazer no seu bojo a luta contra as desigualdades raciais, sendo este um fenômeno social concreto, presente na sociedade. Do mesmo modo, a luta contra o racismo deve aliar a questão de raça à questão de classe, o específico ao universal. Esta proposição política nos parece ser importante para todos aqueles que estão preocupados com a transformação da ordem econômica, social, política vigente. Uma transformação na perspectiva de construção de novas relações sociais onde o ser humano seja o centro. (ROCHA, 2006, p.3)
Grandes contribuições esta Lei trouxe para as escolas brasileiras. Sobre a lei, Benedito (2018, p.13) diz que “Ela é uma forma de entender que nós (negros) temos uma trajetória rica, cultural e milenar e que também faz parte da cultura brasileira e, portanto, fundamental de estar no currículo do ensino básico”. Por tanto, a escola é o principal local onde ela deve ser validada e onde deve haver de fato o trabalho contínuo de conscientização por parte de professores e alunos na valorização da cultura dos povos africanos, pois além do resgate às raízes culturais brasileiras, a inserção desses estudos no currículo nacional promove a elevação da autoestima do alunado negro, como afirma Iris Maria da Costa Amâncio em seu artigo “Lei 10.639/03, cotidiano escolar e literaturas de matrizes africanas: da ação afirmativa ao ritual de passagem”:
Por isso, o diálogo escola/afro-brasilidade – ação exigida pela lei 10.639/2003 em seu potencial de interatividade – além de alterar o lugar tradicionalmente conferido á matriz cultural africana, resgata e eleva a autoestima do alunado negro, de forma a abrir-lhe espaço para uma vivência escolar que o respeite como sujeito de uma história de valor, que é também a do povo brasileiro. Portanto, a implantação desta Lei corresponde a uma ação afirmativa, que visa uma revisão da qualidade das relações étnico-raciais no Brasil, as quais são produzidas e reproduzidas predominantemente na/pela escola. (AMÂNCIO, 2008, p. 37)
E ainda afirma Abdias do Nascimento (1950 apud AMÂNCIO; GOMES; JORGE, 2008, p.31):
…busca de meios que acelerem o processo de integração de brancos e negros no Brasil, assegurando assim […], armas mais efetivas e poderosas na luta pela conquista desse padrão de existência ideal que libere os brasileiros de cor de complexos, tensões emocionais e das atuais desvantagens sócio-econômicas.
O professor doutor em História da África Henrique Cunha (1997 apud ROCHA, 2006, p.76), nos mostra a principal contribuição da referida lei quando afirma não ser possível conhecer a História do Brasil sem o conhecimento da história dos povos que deram origem à nação brasileira.
O argumento principal para o ensino da História Africana está no fato da impossibilidade de uma boa compreensão da história brasileira sem o conhecimento das histórias dos atores africanos, indígenas e europeus. As relações de trabalho – capital realizada no escravismo brasileiro são, antes de tudo, relações entre africanos e europeus. A exclusão da História Africana é uma dentre as várias demonstrações do racismo brasileiro.
Assim sendo, compartilhamos de ambos os pensamentos, e reafirmamos que a escola é a grande protagonista no fator de propagação e conscientização da importância da valorização, reconhecimento e respeito às contribuições da História e Cultura Africana em nosso país.
2 A LITERATURA COMO MEIO DE VALORIZAÇÃO DA HISTÓRIA E CULTURA AFRICANA
A Literatura Africana de Expressão Portuguesa nasce de uma situação
histórica originada no século XV, época em que os portugueses iniciaram a rota da África, dessa forma inicia-se o processo de colonização, fator condicionante para o aparecimento de uma nova forma de literatura, a literatura colonial. A Literatura Africana, de acordo com Manuel Ferreira (1977), está subdividida em Literatura Colonial e Literatura de Expressão Portuguesa.
A Literatura africana colonial é marcada por apresentar o homem europeu como o centro do universo, dessa forma menosprezando o homem africano. Na verdade, esta literatura caracteriza-se por desqualificar o homem da África que quando aparece nas letras, é ridicularizado, animalizado, enquanto o homem branco é elevado a título de herói, desbravador em terras alheias e portador de uma cultura elevada como afirma Trigo (1987):
A literatura colonial pretende ser, fundamentalmente, um hino de louvor à civilização colonizadora, à metrópole e à nação do colono, cujos actos de heroicidade e de aventureirismo, de humanidade e de estoicismo são, quase sempre, enquadrados por uma visão maniqueísta da vida e do mundo envolvente. (TRIGO,1987, p.145)
Por outro lado a Literatura Africana de Expressão Portuguesa, não apresenta o africano dessa forma, esta rejeita a exaltação do homem branco, e tende a apreciar o sentimentalismo, o patriotismo, a recordação familiar, entre outros aspectos que a diferenciam da literatura colonial principalmente por não impor a cultura europeia sobre a africana, dessa forma, descartando a superioridade do branco sobre o negro.
O contexto em que esta literatura encontra-se inserida é tão relevante quanto às outras literaturas, pois a mesma ressalta a importância de um povo do qual herdamos, não somente valores, crenças, e costumes, mas o próprio sangue que corre em nossas veias, como afirma Raeders, (1997 apud BONZATTO; 2011 p. 248)
“Já não existe nenhuma família brasileira que não tenha sangue negro e índio nas veias […]”.
De acordo com Jorge e Amâncio (2008, p. 108):
O trabalho com literatura ocupa um espaço privilegiado no atendimento dos objetivos da lei 10.639/03, uma vez que a literatura cria oportunidades diversas para discutir aspectos culturais e históricos do continente africano e do Brasil, bem como fomentar o pensamento crítico acerca de realidades diversas.
A expansão do ensino da Literatura Africana possibilita o conhecimento e valorização dos autores africanos, os quais são imprescindíveis na história dessa geração, pois em suas obras, artigos e poemas estão registrados, de uma forma simples de ser interpretada, a desvalorização da cultura, a escravidão, os costumes e as lutas pelo reconhecimento de seus valores dentre outros aspectos como menciona Rolon (2011):
As pesquisas sobre as literaturas africanas de língua portuguesa abordam a linguagem tecida pelos fios da imaginação de autores que, no plano ficcional, discutem e reescrevem a história de seu país. Nesse contexto, ao promover o contato com autores africanos de expressão portuguesa, a escola média estabelece diálogos entre literatura brasileira e outras literaturas, entre culturas, promovendo a quebra de preconceitos e paradigmas. Na leitura desses autores, tem-se então uma literatura que transcende fronteiras geográficas e linguísticas. (ROLON, 2011, p.1)
A difusão do trabalho de autores da África é um dos meios de combater o preconceito que ainda existe em nosso meio. Em suas abordagens percebe-se a riqueza, pois expressam valores, cultura, costumes do povo africano, denunciando os anseios e as marcas de um povo que lutou para conquistar a liberdade, como nos mostra o moçambicano José Craveirinha em seu tão conhecido poema “O grito negro[2]“:
A formação de leitores é um dos papéis da escola, e colocar ao alcance dos alunos exemplares de matrizes africanas, é estabelecer o diálogo necessário entre Brasil e África como afirma Cunha, (2009, p.86): “são territórios marcados por uma profunda e complexa tensão entre elementos genuínos e elementos impostos pela colonização”, fato este que obriga ainda mais à abordagem literária como um estímulo não somente à leitura, mas também como forma de valorizar as matrizes da cultura brasileira. O poema “Você: Brasil[3]” de Jorge Barbosa nos mostra o diálogo estabelecido entre esses países:
Sobre literatura, Candido (1995) afirma ser direito de todos e fator de humanização:
Entendo aqui por humanização o processo que confirma no homem aqueles traços que reputamos essenciais, como o exercício da reflexão, a aquisição do saber, a boa disposição para com o próximo, o afinamento das emoções, a capacidade de penetrar nos problemas da vida, o senso de beleza, a percepção da complexidade do mundo e dos seres, o cultivo do humor. A literatura desenvolve em nós uma quota de humanidade na medida em que nos torna mais compreensivos e abertos para a natureza, a sociedade, o semelhante. (CANDIDO, 1995, p. 249).
Moisés (2006, p.28), nos mostra que “o ensino da literatura, de qualquer nacionalidade, não é elitista, mas democratizante”, e ainda “liberta o leitor do seu contexto estreito desenvolvendo nele a capacidade de imaginar, que é um motor de transformação histórica”.
Em face ao exposto, deve-se propiciar nas salas de aula, leituras de diversos autores africanos e afro-brasileiros, na tentativa de disseminar a riqueza da citada literatura no contexto escolar, propiciando a democracia através do pensamento crítico e do afloramento da imaginação. Nesse âmbito destacam-se alguns autores como Adão Ventura, Miriam Alves, José Craveirinha, Mia Couto, Pepetela, Ondjaki, Agostinho Neto, Alda Lara, Luandino Vieira, Caetano de Costa Alegre, Ovídio Martins, Onésimo da Silveira, Cordeiro da Mata, Noémia de Sousa e tantos outros que carregam o nome desta literatura e nos agraciam com seus escritos e nos mostrando múltiplas formas de interpretação e compreensão do mundo africano visto sob diversas óticas.
3 A CONTRIBUIÇÃO AFRICANA PARA A FORMAÇÃO CULTURAL BRASILEIRA
A cultura de um país está intimamente ligada a diversos fatores. Bosi (1996, p. 342) define o termo cultura como “modos de viver: o alimento, o vestuário, a relação homem-mulher, habitação, os hábitos de limpeza, as práticas de cura, as crenças, os cantos, as danças, os jogos, a caça, a pesca, o fumo […]” Sendo assim, a cultura brasileira é resultado de manifestações culturais de diversos povos, entre eles os africanos, indígenas e portugueses.
Os negros trazidos da África povoavam as mais diversas regiões do continente africano, dessa forma a diversidade cultural de todo um continente foi imersa em um país já rico em influência indígena e portuguesa. Temos contribuições africanas nas mais diversas esferas da cultura brasileira, na língua, na música e dança, na culinária, na religião, entre outras, tornando a cultura brasileira mais diversificada (heterogênea) e ao mesmo tempo homogênea pela porosidade quase imperceptível.
A ginga, o molejo e o rebolado afro dão ao povo brasileiro características únicas, o que confirma a professora Marina de Mello e Souza[4]:
[…] esses negros deram origem à mestiçagem que amorenou a nossa pele, alongou a nossa silhueta, encrespou nossos cabelos e nos conferiu a originalidade de gestos macios e andar requebrado. Ao incorporarem elementos africanos ao seu dia a dia nas lavouras, nos engenhos de açúcar, nas minas e nas cidades, construíram uma nova identidade e nos legaram o que hoje chamamos de cultura afro-brasileira. (SOUZA, 2008, p.7)
Dessa forma, percebemos a miscigenação presente na formação cultural de nosso país, um dos fatores que mais enriquece essa diversidade e pluralidade cultural que privilegia o nosso povo. Fato confirmado em Souza (2008, p. 128):
Uma das características mais marcantes da sociedade brasileira é o fato de ela ser resultado da mistura dos povos e das culturas que vieram para cá. Somos um povo mestiço, de cultura mestiça, o que quer dizer que somos o produto de várias misturas, que resultam em coisas diferentes daquelas que lhes deram origem.
É válido ressaltar que de todas as migrações vindas para o Brasil, a migração de negros africanos, trazidos à força, é a que teve mais resistência social no reconhecimento de suas contribuições para formação cultural da sociedade brasileira. É nítida a discriminação sofrida por esse povo, antes de maneira mais brutal, agora de forma mais superficial e camuflada.
Notamos, mesmo que timidamente, a valorização das influências africanas, como parte inerente a nossa cultura, como o samba, o carnaval e as mulatas, hoje símbolos de representatividade cultural da nação brasileira.
Vejamos algumas contribuições do legado africano ao povo brasileiro:
A língua
O Brasil é a nação que tem a segunda maior população negra do planeta. País multicultural traz a marca indelével dos africanos e de seus descendentes em sua formação. Em nosso vocabulário, muitas das palavras usadas no dia a dia têm origem nos falares herdados da mãe-África, procedentes de diferentes grupos étnico-linguísticos, como os iorubás e, especialmente, os povos bantos. Pois não existe apenas uma, mas várias Áfricas, espalhadas num vasto continente, composto, hoje, de 53 países. […]Basta, portanto, ter ouvidos e sensibilidade para perceber essas influências. Algumas palavras conservam seu sentido original, e muitas outras, dependendo da região e das comunidades, ganharam novos significados. Como a língua é uma expressão viva de cultura, ela é dinâmica. E outros vocábulos poderão surgir. (BRANDÃO, 2006, p. 6)
A contribuição africana para a formação do vocabulário da língua
portuguesa é imensa, é só observarmos no nosso cotidiano o quanto nos deparamos e usamos palavras de origem africana, sem às vezes nem perceber que são palavras trazidas pelos negros vindos da África. Palavras estas como neném, dengo, cafuné, bunda, cachaça, samba, axé, moleque, mungunzá, cafundó, fuxico, despacho, mulambo, cafofo, fungar, mandinga, candomblé, sinhá, ginga e entre outras. Os negros também tinham o hábito de encurtar nomes criando assim, os conhecidos apelidos, no caso Francisco> Chico> Chiquinho, Sebastião> Tião, Antonia> Tonha> Tontonha, e assim por diante, amaciando as palavras com suas manhas e impregnando seu modo de falar ao falar brasileiro, tornando o falar português do Brasil um dos mais ricos, por suas inúmeras influências.
Podemos encontrar elementos africanos na base da maioria das nossas manifestações culturais populares, e na fala, não é diferente, como afirma a professora Marina de Mello e Souza:
A maneira de falar português do brasileiro foi transformada pelas pronúncias e gramáticas africanas, as vogais ficaram mais abertas, as formas de fazer plural foram alteradas, os “erres” finais dos verbos muitas vezes deixaram de ser ditos e muitas palavras foram incorporadas ao vocábulo. (SOUZA, 2008, p.129)
A culinária
A culinária brasileira recebeu fortes influências africanas, alguns pratos foram trazidos da África e outros foram apenas adaptados, no caso da feijoada, pelo fato dos negros se alimentarem apenas do que restava da mesa dos seus senhores, eles incrementavam as sobras das partes do porco como a fuçura, os pés, as orelhas, montando assim um dos pratos mais tradicionais do cardápio brasileiro.
Trouxeram o dendê que é um tipo de óleo que compõe boa parte dos pratos típicos da culinária do Brasil, como o vatapá, acarajé, caruru, aberém, abará, acaçá, também trouxeram o cuscuz e a canjica. Faziam o aluá, uma bebida feita de milho, casca de arroz, ou casca de abacaxi fermentado com açúcar ou raspas de rapadura, uma bebida tradicionalmente oferecida em rituais religiosos às suas divindades.
A música e a dança
A música e a dança brasileira são as mais diversificadas possíveis, com suas letras e ritmos variados, diversificação esta advinda em sua grande totalidade da população negra que povoou o nosso país, como afirma Loureiro (2003):
A música brasileira sofreu ainda influência dos negros. Chegando ao Brasil como escravos, os negros trouxeram consigo instrumentos de percussão como o ganzá, a cuíca, o atabaque, porém cantavam e dançavam embebidos pelos sons e ritmos de sua pátria distante. (LOUREIRO, 2003, p. 46)
Por isso, a música e a dança de origem ou de influência africana têm características bem peculiares como, o axé, o samba, o reggae, bossa-nova, o jazz, o pagode e a capoeira. Esta última utiliza-se de vários instrumentos também de origem africana, como o berimbau, o tambor, o agogô, o reco-reco e alguns outros.
A capoeira também é vista como um esporte que visa o exercício físico, podendo ser usada como luta em circunstâncias de autodefesa.
Hoje a capoeira é uma luta dançada que mostra grande habilidade e força física, é uma das manifestações da cultura afro-brasileira mais difundida entre todas as classes sociais e também no exterior, onde disputa com o samba e o carnaval o lugar de símbolo do Brasil. (SOUZA, 2008, p.131)
A religião
As manifestações religiosas no Brasil são de grande expressividade, pois
em todas as esferas da nossa sociedade o homem necessita por em prática o seu credo religioso, e podemos perceber essa expressividade nos rituais religiosos de origem africana. Para a realização de cultos a seus santos e orixás a utilização de danças e instrumentos musicais são indispensáveis.
Além dos traços físicos, talvez seja na música e na religiosidade que a presença africana esteja mais evidente entre nós […] No Brasil as religiões africanas foram transformadas, ritos e crenças de alguns povos se misturaram com os de outro, e com os dos portugueses, mas nesse processo muitas características africanas foram mantidas. (SOUZA, 2008, p.132)
As religiões trazidas pelos africanos são inúmeras, crenças essas que fazem parte da diversidade religiosa do povo brasileiro. Os negros mantiveram firmes e intactos muitos dos seus rituais religiosos através do sincretismo religioso[5], pois muitas vezes eram colocados em senzalas os africanos de diversas regiões, aglomerando os vários rituais religiosos e isto se deu até mesmo com a religião católica que era imposta pelos portugueses.
Os escravos eram proibidos de realizar seus rituais porque eram vistos como demoníacos, por isso eles enfeitavam seus altares com imagens de santos católicos para disfarçar os cultos aos seus santos e orixás. Essa diversidade religiosa abrange várias religiões cultuadas em todo Brasil como a Macumba, o Xangô, o Candomblé, a Umbanda, entre outras. Ressalta-se que no Brasil o estado da Bahia é o berço dessa enorme manifestação cultural religiosa, com suas divindades, como, santos e orixás, sendo eles, Xangô, Oxum, Oxumaré, Iemanjá entre outros.
4 METODOLOGIAS DE ENSINO PARA VALORIZAÇÃO DA HISTÓRIA E CULTURA AFRICANA
Diante dos novos e velhos desafios que vem surgindo nos bastidores da educação e de posse na ideia da precisa intervenção diante do fracasso escolar, a busca constante por metodologias que proporcionem melhores enfoques aos conteúdos, faz-se necessário por todo profissional educador comprometido com a qualidade do seu trabalho e muito mais com os resultados individuais obtidos com cada aluno. Dessa forma, no atual cenário da educação nacional, buscar melhores meios para a abordagem da História e Cultura Africana em nossas escolas, é uma real necessidade em face das contribuições que este enfoque pode proporcionar.
Miriam Celí Pimentel Porto Foresti[6], em seu artigo “Sobre a prática pedagógica, planejamento e metodologia de ensino: a articulação necessária”, nos mostra a necessidade do planejamento e metodologias na prática docente. Para a autora a metodologia está intimamente ligada à concepção pedagógica, e à visão de homem e sociedade constituída ao longo da formação profissional. A autora ainda compartilha sua visão de metodologias:
Revendo o sentido etimológico da palavra método – caminho para se chegar ao fim (methodus: meta-fim+ hodus – caminho), percebemos que a questão metodológica, no trabalho pedagógico, não se restringe a como conduzirmos a nossa prática, exigindo a definição dos fins que pretendemos alcançar; articulados às nossas concepções de educação, de homem e de sociedade. (FORESTI, 2008, p.03)
Dessa forma, compartilhamos com a autora, a visão de metodologias como “caminho para se chegar ao fim”, e acrescentamos que a mesma está intimamente ligada ao alcance dos resultados (objetivos), pois ela define os passos a serem dados, como refere Gandin (2001 apud FORESTI, 2008, p.03) “para quem sabe aonde vai, os caminhos são vários”.
Existem múltiplas formas de abordagem de um mesmo conteúdo, porém o professor deve adotar a maneira que julgar melhor didaticamente, isto é, a maneira que acreditar mais apreensível dentre as outras, a maneira na qual a exemplificação ficará clara, e em síntese a maneira a qual acredita que satisfará a necessidade do professor de transmitir/trocar informações, de forma eficaz, e em consequência satisfaça a necessidade do aluno em adquirir conhecimento.
Salienta-se que, a metodologia escolhida pelo professor está intimamente ligada aos recursos metodológicos, pois se o professor utilizar o procedimento metodológico: aula expositiva, certamente necessitará de recursos, como o quadro, giz ou outros, da mesma forma o professor não pode utilizar vídeos em sua aula sem um aparelho que reproduza esse conteúdo. Em suma, as metodologias estão à mercê dos recursos disponíveis.
Segue algumas sugestões metodológicas baseadas no construtivismo, onde há a interação do sujeito com o ambiente, e onde o aluno é protagonista do processo educacional, e não um mero expectador:
Apresentação de seminários
A opção por essa forma de abordagem de conteúdos torna-se bastante relevante tendo em vista as contribuições que esse método pode proporcionar ao educando. A divisão de conteúdos para apresentação de seminários levará o aluno à busca do conhecimento, e à pesquisa que é tão difundida e valorizada no meio acadêmico e ao mesmo tempo tão necessária para os estudantes autônomos que precisamos formar. Além disso, essa dinâmica de apresentação desenvolve a oralidade dos alunos, na fase de timidez e descobertas dos adolescentes. De posse do conhecimento de que a oralidade é uma habilidade de notória influência na conquista de empregos, cargos e situações diversas, a adoção dessa metodologia deve ser incentivada.
Uso de jogos e dinâmicas
O professor Celso Antunes (2003) em seu livro Jogos para estimulação das múltiplas inteligências sugere 368 jogos que servem de estímulo à inteligência dos educandos. Nesse livro, o professor defende os jogos como uma das ferramentas mais importantes para estimular as inteligências e para compreensão de relações entre significados e significantes, entretanto deve ser usado pedagogicamente sob um rigoroso planejamento, prevendo assim as etapas de progresso entre os alunos.
Em conformidade com esse pensamento, a ludicidade propiciada pelo uso de dinâmicas e jogos em sala de aula é um elemento que pode e deve ser usado como aliado do professor. O fator lúdico capaz de proporcionar o “aprender brincando”, é sem dúvida uma ferramenta indispensável em tempos de avanços tecnológicos que tomam a atenção dos alunos, e os fazem dispersos em sala de aula.
Ao usar uma dinâmica para introduzir um assunto ou mesmo exemplificar determinado conteúdo ou tema transversal, o educador prende a atenção do educando para determinado universo no qual o professor pode fazer as inferências cabíveis a cada situação. Existem dinâmicas que se encaixam perfeitamente para exemplificar determinado conteúdo, e existem outras que abordam com clareza os temas transversais, neste último caso servindo como acolhida, isto é, introduzindo a aula e preparando/relaxando o aluno para compartilhar as informações do dia.
Apresentações teatrais
O universo teatral é uma área que precisa ser mais bem valorizada dentro das instituições escolares, pois a abrangência a qual pode ser contextualizada dentro dessa área é sem dúvida de significativa influência para aprendizagem dos educandos. Diversas habilidades podem ser enfatizadas com o desenvolvimento de atividades teatrais, a própria leitura e a oralidade são as principais. A Língua Portuguesa, a Arte, a História e tantas outras disciplinas podem se valer dessa metodologia, pois muitos conteúdos podem ser abordados pelos próprios alunos em forma de encenação, e dessa maneira a aprendizagem torna-se mais prazerosa e significativa.
No livro O brincar e suas teorias, sob organização de Kishimoto (2002, p.101), Maria Nazaré Amaral sintetiza a concepção de Dewey acerca da aplicabilidade dos jogos ou representações teatrais na educação:
[…] as possibilidades oferecidas pelos jogos ou representações teatrais são infindáveis, pois para o autor [Dewey] é sempre possível encontrar um assunto que oferecerá às crianças oportunidade de desenvolver muito melhor o aprendizado da leitura, escrita, História, Literatura, Geografia do que através da rotina dos livros didáticos […]
Dessa forma, acredita-se que o universo teatral deve ser explorado ainda mais dentro das salas de aula, propondo a interação da leitura com o leitor através da representação do texto, isto constitui uma importante ferramenta metodológica.
Exploração da competição
Diante das dificuldades que encontramos no cotidiano das escolas, as crianças, os jovens e os adolescentes, precisam ser motivados constantemente nesse universo educacional, e esse também é papel da escola e do professor. Há um espírito competitivo nas pessoas e em especial no público jovem de nossas escolas, por isso, o trabalho com divisão de equipes deve ser explorado. Dessa forma, os alunos sentem-se motivados a mostrar os resultados e confrontá-los com os obtidos por outras equipes.
Ressalta-se que o interesse vindo do aluno é sem dúvidas objeto de desejo do bom educador, por isso ele precisa usar de diversas estratégias para chegar a esse fim. Ressalta-se ainda, que no caso da competição entre equipes, o estímulo, isto é, o feed back do professor é esperado pelo aluno após a socialização dos trabalhos. Sabendo disso, deve partir do professor essa apreciação dos trabalhos, com os elogios e as ressalvas cabíveis em cada apresentação.
Trabalho com pintura
O universo artístico é um mundo cheio de possibilidades que devem ser exploradas dentro das salas de aula. Para tanto, a BNCC (2018) está recheada de objetivos envolvendo a pintura desde a educação infantil. Dessa forma, a pintura deve fazer parte das atividades escolares, e essa prática de forma interdisciplinar e contextualizada deve ser ainda mais valorizada.
Confecção de murais
A confecção de murais trata-se de uma atividade de cunho artístico onde objetiva-se além do suporte pedagógico que este recurso pode oferecer, o afloramento artístico individual, esperado pelo contato com a produção artística. Nesta atividade propicia-se ainda o trabalho em equipe, de forma que cada aluno sinta-se útil para coletividade.
Sarau de poesias
O trabalho com poesia pode trazer inúmeros benefícios para os educandos. De longe destaca-se o ato de ler, que por si só carrega uma infinidade de possibilidades na vida escolar do aluno. Além disso, o enriquecimento proporcionado através da interpretação de textos poéticos, o enriquecimento cultural e o próprio deleite proporcionado por este tipo de leitura devem ser foco em nossas salas de aula, Gilmar Leite Ferreira[7] nos adverte sobre a poesia no contexto escolar:
De mãos dadas, educação e poesia nos levam a uma jornada de prazer e alegria, de descobertas e de revelações a todos os instantes, de desconstrução e reconstrução a cada momento. Ambas buscam novos horizontes para a eclosão da expressão, da comunicação, da sedução da inteligência criativa e das maneiras espontâneas e prazerosas na produção do conhecimento. (FERREIRA, 2011, p.164)
Uso de recursos audiovisuais
A dinamicidade da aula está estreitamente ligada à escolha das metodologias e dos recursos utilizados pelo professor, os vídeos e áudios podem trazer a tona essa dinamicidade desejada por professores e alunos, isto pela clareza nos exemplos e até mesmo pela leveza e descontração proporcionada pelo simples fato do uso desses recursos.
Em Moran, (2000, p. 57), percebe-se a confirmação da eficácia dos recursos de áudio e vídeo: “a linguagem audiovisual dos meios eletrônicos oferece poder de sedução maior para jovens, em relação à linguagem escrita, pois os meios eletrônicos respondem à sensibilidade e seduzem pela mistura de linguagem”, dessa forma o professor deve se valer desse recurso trazendo dinamicidade para sua sala de aula.
Dentre outros temas que podem ser abordados com o uso do recurso televisivo, a temática da desigualdade e do preconceito deve ser uma prioridade, pois o uso do recurso torna o aprendizado mais dinâmico e interativo. Além disso a temática da desigualdade e do preconceito infelizmente continua atual como afirma ALKMIM; SOUZA e LOPES (2022):
A desigualdade social entre brancos e negros é nítida na sociedade brasileira. Além do aspecto econômico, a maioria da população negra vive situações de maior vulnerabilidade, com evidências explícitas na área da educação, saúde, moradia, dentre outros, sendo essa desigualdade uma violação de direitos da população negra no Brasil. (ALKMIM; SOUZA E LOPES, 2022, p.05)
O uso de recortes da série “Todo mundo odeia o Chris” propicia aos alunos um ambiente familiar, uma vez que o público já conhece a série, como revela o percentual de 95% dos alunos entrevistados, dessa forma, havendo a necessidade apenas de releituras dos filmes para uma abordagem das desigualdades sociais e do preconceito racial, temas recorrentes na trama. Sobre isso Moran (1993, p.36) revela “… tudo que passa na televisão é educativo, basta o professor fazer as intervenções certas e proporcionar momentos de reflexão”.
Análises de vídeos e músicas
Muitas vezes, os professores limitam-se em sugerir análises apenas de textos escritos, esquecendo-se de que vídeos e filmes em geral também são riquíssimos textos que podem ser analisados, assim também como a música que pode ser uma grande aliada pela relação que pode ser feita com determinados conteúdos.
A música como qualquer outra arte acompanha historicamente o desenvolvimento da humanidade e pode se observar ao analisar as épocas da história, pois em cada uma, ela está sempre presente. Na vida do ser humano a música é tão importante e concreta, por ser um elemento que auxilia no bem estar das pessoas. No contexto escolar a música tem a finalidade de ampliar e facilitar a aprendizagem do educando. […] A música é universal e a facilidade que ela tem de penetrar na mente do homem é formidável. Ela age na sociedade de forma indutiva, julgando, alertando, esclarecendo e principalmente educando (CASTRO; NASCIMENTO; GUERRA, 2011, p.114).
E ainda a LDB em seu artigo 26 parágrafo 6º nos fala sobre o uso da música “… a música deverá ser conteúdo obrigatório […]”, este fato embasa muito mais o uso desse recurso metodológico e confirma a veracidade dos argumentos anteriores.
Júri Simulado
Esta atividade viabiliza o desenvolvimento de habilidades como leitura, oralidade, organização entre outras. Trata-se de uma metodologia de cunho teatral, pois os alunos se organizam para encenar advogados de defesa, de acusação, júri entre outros elementos que compõe um tribunal.
A abordagem de determinados assuntos feita sobre essa ótica, pode trazer benefícios para o educando, como a pesquisa e desenvolvimento da arguição. Nesta atividade destaca-se ainda a imitação da realidade, pois a escola deve trazer para o aluno, não apenas o fantástico e a imaginação, mas também os fatos que nos cercam.
5 METODOLOGIA DA PESQUISA
Esta pesquisa teve como objetivo apresentar metodologias para valorização da História e Cultura Africana. Optou-se pela pesquisa bibliográfica que segundo Lakatos e Marconi (2001) consiste no levantamento de toda bibliografia sobre o assunto em análise. Além disso, utilizou-se o estudo de caso que, de acordo com Yin (2005, p. 32), “[…] é um estudo empírico que investiga um fenômeno atual dentro do seu contexto de realidade, quando as fronteiras entre o fenômeno e o contexto não são claramente definidas e no qual são utilizadas várias fontes de evidência”. A abordagem utilizada foi qualitativa e quantitativa, pois conforme Minayo (2002,) o conjunto de dados qualitativos e quantitativos não se põe , mas se complementam. Para tanto, a aplicação de dois questionários foi realizada na 8ª série da Unidade Escolar Joaquim Sousândrade, escola localizada na zona rural do município de Santa Luzia- MA.
5.1 Levantamento e análise de dados
O trabalho de pesquisa realizado na Unidade Escolar Joaquim Sousândrade, iniciou-se em fevereiro de 2013, e teve duração de 06 meses, iniciando com aplicação de dois questionários.
O primeiro questionário, continha 10 perguntas direcionadas para os 23 alunos da 8ª série. E o segundo continha 08 questões para os professores de Língua Portuguesa, Arte e História. Após a aplicação dos questionários, análise dos dados coletados e a constatação de nossos anseios, continuou-se a pesquisa bibliográfica, pesquisa esta necessária tanto para dar suporte de conteúdos em aulas posteriores, quanto para solidificar o presente trabalho.
Todas as perguntas do referido questionário, foram referentes à temática do projeto, para que pudéssemos saber de forma geral o conhecimento de mundo dos alunos sobre essa temática e o grau de abordagem desses conteúdos pelos professores.
5.1.1 Visão dos alunos
1) Você já ouviu falar em História e Cultura Africana?
Fonte: Pesquisa de campo, 2013.
Na primeira pergunta para os alunos tínhamos o interesse apenas de sondar de forma global a ideia dos mesmos a respeito da História e Cultura Africana, sendo assim 73% dos alunos responderam já ter ouvido algo a esse respeito, um número expressivo, mas que constatamos a superficialidade em contatos posteriores com os alunos.
2) Sabe algo a respeito das contribuições da África para a formação do povo brasileiro?
Fonte: Pesquisa de campo, 2013.
A segunda pergunta, direcionada para os alunos apenas confirmou nossas expectativas a respeito do desconhecimento das contribuições africanas para a formação cultural do Brasil, pois grande parte dos alunos afirmou não saber sobre as origens da cultura brasileira, e a estreita ligação estabelecida entre o Brasil e África, da qual herdamos características em diversas áreas, como danças, costumes, culinária entre outras contribuições alvo desta proposta.
Dessa forma percebe-se que a escola precisa abordar conteúdos que propiciem o contato entre o Brasil e a África, a fim de que os alunos possam reconhecer as contribuições do continente africano para a formação cultural brasileira.
3) Já ouviu algo a respeito da Literatura Africana?
Fonte: Pesquisa de campo, 2013.
Na terceira questão, onde procuramos saber sobre o conhecimento dos alunos a respeito da Literatura Africana, 73% reafirmaram a necessidade de abordagem da literatura africana no contexto escolar, pois acreditamos que este enfoque literário, é uma das formas de valorizar a cultura africana tão presente em nosso país.
4) Seus professores trabalham essa temática com frequência?
Fonte: Pesquisa de campo, 2013.
A efetiva abordagem do referido conteúdo nas escolas perpassa largamente pela responsabilidade do professor, e este alega alguns fatores para justificar o mínimo enfoque dado ao tema, como falta de capacitação, falta de material didático entre outros. Na quarta pergunta 86% dos alunos responderam que seus professores não trabalham essa temática em sala.
Este resultado trata-se de uma denúncia de que de fato não há o enfoque da citada temática nessa escola, por isso também é foco desse trabalho, demonstrar as possibilidades de abordagem deste conteúdo, assim refutando algumas justificativas que julgamos irrelevantes.
5) Você compreende a importância do estudo da História e Cultura Africana e consequentemente o estudo da referida literatura?
Fonte: Pesquisa de campo, 2013.
Na quinta questão, acreditamos que de forma instintiva, boa parte dos alunos afirmou compreender a importância do enfoque da citada temática. Contudo, constatamos ao longo de nossa pesquisa, uma real necessidade de aproximar ainda mais os saberes dos educandos às situações reais, deixando de lado o empirismo e resguardando-os no cientificismo.
06) Conhece algum autor dessa Literatura?
Fonte: Pesquisa de campo, 2013.
A sexta questão revelou de forma unânime que os alunos não conhecem nenhum autor de literatura africana, fato que apenas realça a necessidade de aplicação desta proposta, e consequentemente a necessidade de abordagem da própria literatura como forma de valorizar a História e Cultura Africana.
07) Você conhece a série “Todo mundo odeia o Chris”?
Fonte: Pesquisa de campo, 2013.
Na sétima questão, 95% dos alunos afirmaram conhecer a série de televisão “Todo mundo odeia o Chris”. Este fato torna-se muito importante haja vista utilização do seriado como recurso metodológico. Acreditamos que a exibição de recortes desta série, pode trazer diversas reflexões para sala de aula.
08) Você já sofreu algum tipo de preconceito?
Fonte: Pesquisa de campo, 2013
Nesta questão, 36% dos alunos afirmaram já ter sofrido algum tipo de preconceito, dessa forma demonstrando ainda mais a necessidade de prevenção e combate a essa prática.
09) Você já discriminou alguém?
Fonte: Pesquisa de campo, 2013
Mais da metade da turma assumiu já ter cometido algum tipo de discriminação, 55% dos alunos entrevistados na turma da 8ª série da Unidade Escolar Joaquim Sousândrade admitiu esse tipo de comportamento. Este é um percentual bastante relevante, de maneira que a escola deve buscar formas para refutar esse tipo de sentimento, pois ela deve apoiar jovens que priorizem o pensamento crítico e prezem pelo intelecto do ser humano, dessa forma evidenciando o verdadeiro enfoque que deve ser dado a discriminação.
10) Você já discriminou alguém intencionalmente?
Fonte: Pesquisa de campo, 2013.
O 10º gráfico apresenta um percentual elevado, pois 42% dos alunos afirmaram ter cometido ato de discriminação intencionalmente.
Este percentual deve ser inadmissível em nossas escolas, ficando evidente a necessidade de busca de meios para resolver essa problemática, pois até mesmo a evasão, o baixo rendimento e o fracasso escolar podem estar ligados à temática em análise e nesse âmbito a escola deve ser protagonista no combate ao preconceito e qualquer tipo de intolerância racial.
5.1.2 Visão dos professores
Para conhecer a realidade da turma, também se fez necessário um questionário para professores, através do qual pudemos além de nos respaldar sobre a necessidade da pesquisa, priorizar as intervenções necessárias para um melhor resultado. As questões que foram dirigidas aos professores de Língua Portuguesa, Arte e História da série em questão, evidenciaram a abordagem do ensino de História e Cultura Africana, a Literatura Africana, o grau de abordagem de temáticas raciais entre outros.
As questões 01 e 02 se limitavam às perguntas sobre a formação acadêmica dos mesmos, dos quais 02 professores são formados em Pedagogia, e 01 possui apenas o magistério. A terceira pergunta, foi sobre o enfoque da literatura africana dentro de sua sala de aula, onde unanimemente eles responderam não abordar de forma alguma essa temática.
Na quarta questão foi perguntado a respeito dos últimos meses, se haviam trabalhado algum conteúdo sobre a questão da negritude, e mais uma vez todos responderam não ter trabalhado esse tema. Na quinta questão, perguntamos o principal motivo para não abordagem desse conteúdo de maneira que a falta de capacitação foi apontada como o principal fator.
Na sexta questão, perguntamos se eles já haviam presenciado algum tipo de preconceito dentro da escola, 02 professores responderam que sim, e 01 professor afirmou que não.
A sétima questão fez referência à frequência com que a escola aborda a temática do preconceito, todos responderam “às vezes”. A oitava questão quis saber de que forma a escola aborda a temática do preconceito, nessa pergunta todos responderam que essa tarefa fica a cargo apenas das disciplinas, fato em que se observa certa omissão dos deveres da escola.
Diante da análise dos questionários para professores e alunos, observamos a real precisão de intervenção na prática docente, visando o alcance de melhores resultados na abordagem de conteúdos necessários para efetivação das incumbências preconizadas pelo cumprimento da Lei nº 10.639/2003, as quais contribuem significativamente em diversos segmentos para a educação nas escolas brasileiras.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao passo da longa trajetória da história da humanidade, é preciso conhecer a história dos nossos ancestrais para solidificar raízes e assim nos reconhecer como povo brasileiro, e para tal cabe-nos um olhar mais compreensivo e pátrio para o real cumprimento da Lei nº 10.639/2003, que por sua vez nos ensina sobre a valorização da História e Cultura Africana como parte inerente da história do nosso povo.
É mais que perceptível que somos um povo mestiço, fruto de misturas que nos tornam únicos num universo de grandes diversidades. E misturas essas advindas também dos negros africanos trazidos à força de seu continente de origem, os quais contribuíram com sua mão de obra para ascensão deste país, e ainda deixaram um grande legado que nos enriqueceu, nos modificou e transformou o nosso modo de falar, vestir, viver e até o nosso olhar sobre a vida. Em face ao exposto, solidificar ações que promovam a reflexão dessas contribuições é dever indiscutivelmente da escola.
A temática do preconceito como alvo de discussões dentro de nossas salas de aula devem ser entendidas como fator de promoção de igualdade, pois a reflexão sobre a ação é sempre o primeiro passo de grandes ideias e preciosas mudanças.
Constatam-se os passos lentos de reconhecimento e prestígio aos afrodescendentes e afro-brasileiros em nosso país. A criação da Lei nº 10.639/2003 representa o principal deles por entender que a educação nacional deve atentar para esse tema. Contudo, apenas a real efetivação dessa Lei dentro de nossas escolas será capaz de estabelecer o pensamento crítico reflexivo e o conhecimento de mundo a respeito das contribuições da mãe África para a composição não somente dos aspectos culturais do povo brasileiro, mas para a composição do próprio povo que é híbrido, heterogêneo e sinônimo de beleza pela mestiçagem também herdada de nossos irmãos africanos.
A pesquisa desenvolvida na Unidade Escolar Joaquim Sousândrade, demonstrou resultados satisfatórios. Em face aos resultados obtidos, espera-se que essa pesquisa possa servir de base a pesquisas futuras, e novas aplicações em campos escolares distintos.
REFERÊNCIAS
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[1] Diz-se que é híbrido tão homogêneo que impossível de distinguir as origens.
[2] In: Mário de Andrade, org. Antologia temática de poesia africana.3.ed. Lisboa: Instituto Cabo-verdiano do livro,1980, p.180
[3] Disponível em http://www.antoniomiranda.com.br/poesiaafricana/caboverde/jorgebarbosa.html acesso em: 25/03/2023
[4] Professora de História da África da Universidade de São Paulo e especialista na área de cultura africana e afro-brasileira.
[5] Fusão de doutrinas de diversas origens.
[6] Professora aposentada da UNESP. Docente voluntária do instituto de Biociências. UNESP campus de Botucatu. Doutora em educação pela FEUSP.[7] Doutorando em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Departamento de Educação Física.
1Pós-graduado em Gestão, Supervisão e Orientação Escolar. Bacharel em Administração Pública pela Universidade Estadual do Maranhão-UEMA. Graduado em Letras pela Universidade Estadual do Maranhão-UEMA.
2Pós-graduado em Gestão, Supervisão e Orientação Escolar. Graduado em Letras pela Universidade
Estadual do Maranhão-UEMA
3Graduada em Letras pela Universidade Estadual do Maranhão-UEMA
4Pós-graduada em Ensino da Língua Inglesa. Graduada em Letras pela Universidade Estadual do Maranhão-UEMA
5Pós-graduado em Educação e Gestão Ambiental. Graduado em Geografia pela Universidade Estadual do Maranhão-UEMA