METODOLOGIAS ATIVAS NO PERÍODO DE ENSINO REMOTO: CONTRIBUIÇÕES E DESAFIOS NO ENSINO FUNDAMENTAL

ACTIVE METHODOLOGIES IN THE REMOTE LEARNING PERIOD: CONTRIBUTIONS AND CHALLENGES IN ELEMENTARY EDUCATION

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th10248191434


Edvânia Maria Machado Oliveira1
Cleide Sandra Tavares Araújo2
Pedro Oliveira Paulo3
Wilton de Araújo Medeiros4
Eneida Aparecida Machado Monteiro5


Resumo: A partir de uma revisão bibliográfica de autores brasileiros sobre o ensino remoto durante a pandemia da Covid-19 para o ensino fundamental, concluiu-se que as metodologias ativas são fundamentais nesse contexto. A adaptação dessas metodologias para o formato online tem sido um desafio para muitos professores, mas é cada vez mais necessário para garantir a qualidade do ensino. Entre as metodologias ativas mais utilizadas estão a aprendizagem baseada em projetos, a gamificação, a sala de aula invertida, o peer instruction e o uso de jogos educativos. Cada uma delas apresenta pontos positivos e negativos e sua eficácia depende da adequação ao contexto e às necessidades dos alunos. A revisão também identificou limitações, como a falta de infraestrutura e o desinteresse dos alunos. Isso reforça a importância de investimentos em tecnologia e capacitação dos professores para garantir o sucesso dessas metodologias no ensino remoto. Em resumo, as metodologias ativas são um caminho promissor para o ensino remoto, desde que aplicadas adequadamente e levando em conta as particularidades dos alunos e o acesso à tecnologia e infraestrutura. A revisão é relevante para o meio acadêmico, pois contribui para a compreensão dos desafios e possibilidades do ensino remoto, incentivando a busca por práticas pedagógicas inovadoras e adaptáveis às novas realidades do ensino.

Palavras-chave: Ensino remoto. Metodologias ativas. Tecnologia educacional.

Abstract: From a literature review of Brazilian authors on remote education during the Covid-19 pandemic for elementary education, it was concluded that active methodologies are fundamental in this context. Adapting these methodologies to the online format has been a challenge for many teachers, but it is increasingly necessary to ensure the quality of education. Among the most used active methodologies are project-based learning, gamification, flipped classroom, peer instruction, and the use of educational games. Each of these presents positive and negative points and their effectiveness depends on the adaptation to the context and the needs of the students. The review also identified limitations, such as lack of infrastructure and disinterest from students. This reinforces the importance of investments in technology and teacher training to ensure the success of these methodologies in remote education. In summary, active methodologies are a promising path for remote education, provided they are applied appropriately and taking into account the particularities of students and access to technology and infrastructure. The review is relevant to the academic environment, as it contributes to the understanding of the challenges and possibilities of remote education, encouraging the search for innovative and adaptable pedagogical practices to the new realities of education.

Keywords: Active methodologies. Educational technology. Remote teaching.

1. INTRODUÇÃO

Nos últimos anos, as metodologias ativas têm ganhado destaque no meio educacional, e com a pandemia da Covid-19, elas se tornaram ainda mais relevantes. Com a necessidade do distanciamento social, o ensino remoto se tornou uma realidade para milhões de estudantes em todo o mundo, incluindo o ensino fundamental. Nesse contexto, o uso de metodologias ativas pode ser uma solução eficaz para manter a qualidade do ensino e a motivação dos alunos.

Neste artigo, além de abordar as contribuições e desafios das metodologias ativas no período de ensino remoto, especialmente no ensino fundamental, também será levantado quais as metodologias ativas mais utilizadas nesse período. A partir de pesquisas e experiências práticas, pretendemos apresentar soluções e estratégias que possam ser úteis aos professores que desejam implementar essas metodologias em suas aulas.

No entanto, é importante ressaltar que a implementação de metodologias ativas no ensino remoto apresenta desafios. Como adaptar atividades presenciais para o ambiente virtual? Como garantir a interação e o engajamento dos alunos? Como avaliar o aprendizado de forma adequada?

Michael Fullan em seu livro “Deep Learning: engage the world change the world” (FULLAN, 2017) enfatiza a importância da aprendizagem profunda como uma forma de garantir que os alunos possam aplicar o que aprendem na vida real. Ele argumenta que as metodologias ativas são uma das melhores formas de alcançar esse tipo de aprendizagem. Fullan defende que, no ensino remoto, os professores precisam adotar abordagens mais colaborativas e personalizadas para o aprendizado, dando mais autonomia e responsabilidade para os alunos.

Bacich e Moran, 2017, destacam a importância das metodologias ativas na educação contemporânea e apresentam diversas estratégias e ferramentas que podem ser utilizadas pelos professores para engajar os alunos em atividades mais relevantes e significativas. Entre as metodologias ativas abordadas, destacam-se a aprendizagem baseada em projetos, a gamificação e a sala de aula invertida. Os autores argumentam que essas metodologias ativas podem ser adaptadas para o ambiente virtual, permitindo que os professores criem um ambiente de aprendizagem mais dinâmico e interativo no ensino remoto.

Além disso, os autores ressaltam a importância da tecnologia na educação e apresenta diversas formas de integrá-la ao processo de ensino e aprendizagem, como a utilização de plataformas virtuais, jogos educacionais, redes sociais e dispositivos móveis. Os autores também abordam a questão da formação docente para o uso das tecnologias educacionais, destacando a necessidade de um constante processo de atualização e formação continuada dos professores.

Outro ponto relevante é a defesa das metodologias ativas como um caminho para o desenvolvimento de habilidades socioemocionais dos alunos, como a colaboração, a comunicação, a resolução de problemas e o pensamento crítico. Os autores argumentam que as metodologias ativas permitem que os alunos sejam os protagonistas de sua própria aprendizagem, favorecendo o desenvolvimento de competências fundamentais para a vida em sociedade.

José Moran e colaboradores em sua obra “Novas Tecnologias e Mediação Pedagógica” (MORAN et al., 2000), destacam a importância do uso das tecnologias no ensino remoto, a qual se tornou uma realidade com a pandemia da COVID-19. Argumentam que as metodologias ativas são fundamentais para a promoção de uma aprendizagem mais significativa e colaborativa, e que podem ser combinadas com as tecnologias para criar experiências de aprendizagem mais ricas e diversificadas. Os autores defendem ainda que os professores precisam repensar seus papéis e adotar abordagens mais flexíveis para o ensino remoto, que permitam uma maior interação e colaboração entre alunos e professores.

Com relação às metodologias ativas, existem diversas opções que podem ser utilizadas no ensino remoto, como o ensino por projetos, o flipped classroom, o gamification, entre outras, que serão apresentadas ao longo deste artigo. Cada uma dessas metodologias apresenta vantagens e desafios específicos, e cabe aos professores escolher aquela que melhor se adequa ao seu contexto e objetivos de ensino. Espera-se que este trabalho possa contribuir para o desenvolvimento de práticas pedagógicas mais efetivas e inovadoras nesse contexto desafiador.

2. METODOLOGIA

Para realizar a discussão sobre a abordagem das metodologias ativas utilizadas no ensino fundamental no período da pandemia do Covid-19, foi realizada uma revisão sistemática da literatura. Para isso, foi selecionada a base de dados Periódicos Capes, que contém publicações de alta qualidade na área de Metodologias Ativas. A busca bibliográfica seguiu os critérios de pesquisa que incluem artigos publicados entre março de 2020 e dezembro de 2022 em contexto mundial e brasileiro, e com classificação Qualis Capes A1, A2, B1 e B2.

Os descritores utilizados foram: Metodologias de ensino, Metodologias Ativas, Ensino Remoto, Metodologias Ativas no Ensino Remoto, Metodologias Ativas e Covid-19, Ensino Remoto no Ensino Fundamental, de forma individual ou combinada. No entanto, como essa base não contempla todos os artigos científicos associados ao Ensino de Ciências, outro buscador auxiliar foi utilizado como Scielo e repositórios de artigos científicos das Instituições de Ensino Superior (IES) nacionais.

Os artigos selecionados foram divididos em duas linhas distintas. A linha 1 contempla pesquisas que tratam de metodologias ativas, mas que não estão diretamente associadas ao Ensino Remoto. Na linha 2, foram selecionados somente os artigos que possuem conexão exclusiva com o Ensino Remoto.

A escolha da metodologia de revisão sistemática da literatura permite a seleção de um grande número de estudos relevantes sobre o tema, possibilitando uma análise mais ampla e consistente das produções acadêmicas recentes no Brasil e no mundo sobre o assunto. A análise desses artigos permite a identificação de tendências e lacunas na abordagem dos temas de metodologias ativas no Ensino Remoto, e fornecerá subsídios para a construção de práticas pedagógicas mais inclusivas e conscientes nessa área.

2.1 RESULTADO DA PESQUISA

Ao observar a tabela abaixo (Tabela 1), nota-se que a quantidade de trabalhos encontrados na plataforma de busca para as palavras-chave relacionadas a metodologias ativas associadas ao ensino remoto no Ensino Fundamental foi significativamente menor durante o período da Covid-19, em comparação com o período anterior.

Tabela 1. Busca de artigos relacionados ao tema

 Metodologias ativasMetodologias ativas associadas ao Ensino Remoto no Ensino Fundamental
Nº de trabalhos disponíveis na plataforma de busca através das palavras chaves223.00020.400
Nº de trabalhos após recorte temporal 2020-2022 (período da covid-19)15.40016.600
Nº de trabalhos analisados3240
Nº de trabalho os selecionados612
Nº de trabalhos selecionados após filtrar pelo critério de exclusão/inclusão210
Resultado Final da busca12

Fonte: autores

Enquanto 223.000 trabalhos foram encontrados para uma das palavras-chave antes do recorte temporal, apenas 15.400 trabalhos foram encontrados para essa mesma palavra-chave durante o período da Covid-19. Da mesma forma, a outra palavra-chave apresentou uma queda de resultados de 20.400 para 16.600 no período da Covid-19. No entanto, é importante notar que a redução na quantidade de trabalhos pode estar relacionada ao período específico da pandemia e às restrições impostas às atividades acadêmicas. Com muitas escolas e universidades fechando as portas e adotando medidas de ensino remoto, é possível que os pesquisadores tenham tido menos acesso a recursos e dados para conduzir suas pesquisas.

Apesar da redução na quantidade de trabalhos, é possível observar que houve um aumento na especificidade das pesquisas, com mais trabalhos abordando metodologias ativas associadas ao ensino remoto no Ensino Fundamental durante o período da Covid-19. Isso pode indicar um interesse crescente em estratégias de ensino remoto como resposta à pandemia, e pode ser um reflexo da adaptação dos professores e educadores às novas realidades impostas pela pandemia.

Em geral, a tabela apresentada fornece informações importantes sobre as pesquisas relacionadas a metodologias ativas associadas ao ensino remoto no Ensino Fundamental, com destaque para as mudanças ocorridas durante o período da Covid-19. A redução no número de trabalhos encontrados pode ser uma consequência direta das restrições impostas pela pandemia, enquanto o aumento na especificidade dos trabalhos pode ser um reflexo da necessidade de adaptação ao ensino remoto como uma forma de continuar a fornecer educação de qualidade durante a pandemia.

3. ANÁLISE BIBLIOGRÁFICA

Fávaro em colaboradores, 2021, em sua pesquisa “O impacto provocado pela pandemia do COVID-19 nas práticas pedagógicas de professores de Matemática da educação básica”, realizaram um estudo de caso com professores que adotaram metodologias ativas durante o ensino remoto. A pesquisa evidenciou que as metodologias ativas, como a resolução de problemas e a aprendizagem colaborativa, foram eficazes na promoção da aprendizagem dos alunos. Os autores defendem que as metodologias ativas podem ser adaptadas para o ensino remoto e que são uma alternativa viável para o ensino presencial.

Segundo Santana, 2022, o planejamento participativo é uma estratégia de ensino que pode ser especialmente eficaz para alunos do ensino fundamental. Ele destaca que a participação ativa dos alunos no processo de construção do conhecimento é crucial para o desenvolvimento de habilidades socioemocionais e para a formação de cidadãos críticos e participativos. Além disso, Santana ressalta que a abordagem do planejamento participativo no ensino remoto pode ser uma forma de tornar as aulas mais interativas e envolventes, permitindo que os alunos se sintam mais motivados e engajados com o conteúdo. Assim, a metodologia do planejamento participativo pode ser vista como uma forma de democratizar o processo de ensino, permitindo que os alunos tenham um papel mais ativo na construção de seu próprio conhecimento.

Quevedo e colaboradores, em 2022, apresenta uma importante discussão sobre a utilização de metodologias ativas no ensino superior. Diversos autores contribuem com suas reflexões acerca da importância dessas metodologias para a promoção de uma aprendizagem mais significativa e autônoma por parte dos alunos. Os autores destacam a necessidade de adaptar as metodologias para o ensino remoto, levando em consideração as limitações e possibilidades das tecnologias disponíveis.

A obra também aborda a importância de uma educação mais participativa e democrática, em que os alunos assumam um papel mais ativo no processo de ensino-aprendizagem. Os autores defendem que as metodologias ativas podem contribuir para a construção de uma educação mais colaborativa, em que os alunos são coautores do seu próprio aprendizado. Além disso, a obra destaca a importância do papel do professor nesse processo, que deve ser um facilitador e mediador, estimulando a participação ativa dos alunos em suas próprias aprendizagens.

Suanno e colaboradores, 2018, discutem a importância das metodologias ativas no contexto do ensino remoto de Química. Os autores apresentam diversas metodologias, tais como a aprendizagem baseada em projetos e a flipped classroom, que podem ser adaptadas para o ensino remoto, permitindo que os estudantes tenham uma participação mais ativa em seu próprio processo de aprendizagem.

Além disso, os autores argumentam que a transdisciplinaridade é uma abordagem importante para a promoção da integração de diferentes áreas de conhecimento e para o desenvolvimento de habilidades socioemocionais nos estudantes. As metodologias ativas são vistas como uma forma de viabilizar essa integração, uma vez que incentivam a interação entre os estudantes e o uso de diferentes recursos e ferramentas de aprendizagem.

Por fim, os autores destacam que a utilização de metodologias ativas no ensino remoto pode apresentar alguns desafios, como a necessidade de adaptar as atividades para o ambiente virtual e de oferecer suporte aos estudantes para que possam se engajar de forma efetiva na aprendizagem. No entanto, esses desafios podem ser superados por meio de uma abordagem colaborativa e de uma atuação proativa por parte dos professores e instituições de ensino.

Lima e Souza, 2022, destacam a importância do uso de jogos educacionais como uma estratégia eficaz para engajar os alunos e promover a aprendizagem ativa durante o ensino remoto. Os autores apresentam exemplos de jogos que podem ser utilizados em diferentes disciplinas e níveis de ensino, ressaltando os benefícios dessa abordagem pedagógica.

Segundo estes, os jogos educacionais são uma forma lúdica e atraente de envolver os alunos no processo de aprendizagem, tornando as aulas mais interessantes e dinâmicas. Além disso, os jogos permitem a criação de situações desafiadoras que incentivam o pensamento crítico e a resolução de problemas, promovendo o desenvolvimento de habilidades importantes para a vida pessoal e profissional dos estudantes.

Os autores também destacam que os jogos educacionais podem ser adaptados para diferentes formatos de ensino remoto, como as aulas síncronas e assíncronas, e que existem diversas ferramentas e plataformas disponíveis para o desenvolvimento e a aplicação desses jogos. Além disso, os jogos podem ser utilizados como uma forma de avaliação, permitindo ao professor verificar o nível de compreensão dos alunos e identificar possíveis lacunas no aprendizado.

Já Hatch e Clark, 2021, enfatizam a importância do design instrucional no ensino remoto, especialmente na seleção das metodologias ativas mais adequadas para cada conteúdo e perfil de aluno. Os autores argumentam que a seleção de metodologias ativas deve considerar aspectos como motivação dos alunos, acessibilidade de recursos tecnológicos e adaptabilidade às diferentes situações de aprendizagem.

Em seu artigo, é mostrado o potencial do uso de metodologias ativas no ensino remoto para promover engajamento e aprendizagem significativa. Eles argumentam que as metodologias ativas podem ajudar a superar alguns dos desafios associados ao ensino remoto, como a desmotivação dos alunos e a falta de interação presencial. Além disso, os autores fornecem exemplos de metodologias ativas que podem ser adaptadas para o ensino remoto, como estudos de caso, aprendizagem baseada em problemas e atividades de aprendizagem colaborativa.

No geral, destacam a importância do design instrucional na promoção do ensino remoto eficaz e envolvente, e enfatiza o potencial das metodologias ativas na abordagem de alguns dos desafios associados ao ensino remoto.

Ainda, o estudo de Trindade, 2022, ressalta a importância da formação continuada de professores para o sucesso da implementação de metodologias ativas no contexto do ensino remoto. Os autores afirmam que a formação deve ir além do domínio das ferramentas tecnológicas e incluir a aquisição de competências pedagógicas para a aplicação das metodologias de forma eficaz e criativa.

Isso significa que, embora seja fundamental que os professores dominem as ferramentas tecnológicas necessárias para o ensino remoto, isso por si só não é suficiente para garantir o sucesso da aprendizagem dos alunos. É necessário que os professores compreendam como aplicar metodologias ativas no contexto do ensino remoto, criando ambientes de aprendizagem mais interativos e engajadores.

A formação continuada dos professores é, portanto, essencial para que eles possam aprimorar suas habilidades pedagógicas e garantir que seus alunos possam se beneficiar plenamente das metodologias ativas. Essa formação deve incluir oportunidades para os professores praticarem o uso dessas metodologias em situações reais de ensino, receber feedback e orientação de seus colegas e supervisores, e refletir sobre suas práticas de ensino e aprendizagem.

Em síntese, estes autores apresentam perspectivas diversas e complementares sobre as metodologias ativas no ensino remoto durante a pandemia. Enquanto alguns defendem a importância da utilização de ferramentas tecnológicas e jogos educacionais para engajar e motivar os alunos, outros alertam para os riscos da sobrecarga cognitiva e da falta de infraestrutura adequada. Além disso, a formação continuada dos professores é apontada como um fator crucial para o sucesso das metodologias ativas no ensino remoto

No contexto da pandemia, o ensino remoto trouxe desafios significativos para o ensino fundamental. Winter e Caus (2019) ressaltaram que a falta de acesso à internet e a infraestrutura adequada foi um grande obstáculo para muitos alunos, especialmente aqueles que vivem em áreas rurais ou de baixa renda. Além disso, muitos alunos do ensino fundamental tiveram dificuldades em utilizar as Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs), devido à falta de familiaridade com essas ferramentas. É crucial considerar esses desafios ao planejar o ensino remoto para o ensino fundamental, a fim de garantir uma educação de qualidade para todos os alunos.

A ansiedade e o estresse decorrentes da adoção do ensino remoto foram temas abordados por vários autores recentes. Um exemplo é o estudo de Gomes e colaboradores (2022) intitulado “Impactos psicológicos e o processo de aprendizagem de alunos do Ensino Fundamental I durante a Pandemia da COVID-19”. Segundo os autores, a falta de interação social, a sobrecarga de trabalho e a pressão para se adaptar rapidamente ao ensino remoto foram fatores que contribuíram para a ansiedade e o estresse dos estudantes.

Além disso, os autores também destacam a perda de conteúdo devido à internação devido à contaminação da COVID-19, o que prejudicou o processo de ensino-aprendizagem de muitos alunos. É importante que essas questões sejam levadas em consideração pelos educadores ao planejar e implementar estratégias de ensino remoto, a fim de minimizar o impacto negativo na saúde mental dos alunos e professores e garantir um processo de aprendizagem efetivo

Ao revisar a literatura sobre o uso de metodologias ativas no ensino remoto durante a pandemia de Covid-19, é possível identificar uma série de divergências e pontos positivos e negativos entre os diferentes autores e suas ideias.

Durante a pandemia da Covid-19, a educação em todo o mundo foi afetada e o ensino remoto tornou-se uma opção viável para muitas instituições de ensino. No entanto, essa mudança abrupta no modo de ensinar e aprender trouxe consigo muitos desafios e problemáticas que afetam tanto os professores quanto os alunos.

Os autores discutem amplamente sobre os pontos positivos e negativos do ensino-aprendizagem na forma remota, especialmente em época de pandemia no Ensino Fundamental. Os pontos positivos incluem a flexibilidade do ensino remoto, que permite aos alunos terem maior controle sobre seu tempo de aprendizado, a possibilidade de acessar o conteúdo a qualquer hora e em qualquer lugar, além de permitir o uso de recursos online e tecnológicos.

Em resumo, a mudança repentina para o ensino remoto durante a pandemia da COVID-19 apresentou muitos desafios e problemáticas para o ensino-aprendizagem. A partir disto, alguns autores destacaram a importância de abordagens inovadoras e criativas para lidar com esses desafios e garantir que o processo de ensino-aprendizagem continue avançando de forma eficaz. Tais abordagens são exemplificadas a seguir.

3.1. METODOLOGIAS ATIVAS MAIS UTILIZADAS NO ENSINO REMOTO NO PERÍODO DE PANDEMIA

Durante o período de ensino remoto em decorrência da pandemia de Covid-19, diversas metodologias ativas foram utilizadas para proporcionar um ensino mais engajador e significativo para os estudantes. Entre as metodologias mais utilizadas, destacam-se:

A metodologia da Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP) tem sido utilizada como uma estratégia eficaz de ensino, especialmente durante o ensino remoto. Segundo o estudo de Aslan (2021), intitulado “Aprendizagem baseada em problemas em aulas online ao vivo”, essa metodologia consiste em propor um problema ou situação desafiadora aos estudantes, para que eles possam buscar soluções e desenvolver habilidades a partir desse desafio.

No ensino remoto, a ABP tem sido utilizada para propor desafios que possam ser trabalhados de forma colaborativa pelos alunos, utilizando recursos tecnológicos para a realização de pesquisas e debates. Essa abordagem permite que os alunos apliquem os conhecimentos adquiridos em situações reais e desenvolvam habilidades socioemocionais, como a colaboração e o pensamento crítico (ASLAN, 2021).  Portanto, a ABP é uma estratégia promissora para o ensino remoto e pode contribuir para um processo de aprendizagem mais efetivo e significativo.

Gamificação: essa metodologia tem se destacado no ensino remoto como uma forma de tornar o processo de aprendizagem mais engajador e motivador para os estudantes. De acordo com o relato de Campos e colaboradores (2022) essa abordagem consiste em utilizar elementos de jogos em atividades educacionais, como forma de estimular a participação e o interesse dos estudantes nas atividades.

No ensino remoto, a gamificação tem sido utilizada para propor atividades lúdicas e desafios que possam ser trabalhados de forma colaborativa pelos alunos, utilizando recursos tecnológicos para a realização de pesquisas e debates. Essa abordagem permite que os alunos sejam mais ativos no processo de aprendizagem, além de desenvolver habilidades socioemocionais, como a colaboração, a criatividade e a resolução de problemas (CAMPOS et al., 2022). Portanto, a gamificação é uma estratégia promissora para o ensino remoto e pode contribuir para um processo de aprendizagem mais dinâmico e significativo.

Flipped Classroom: tem sido uma abordagem pedagógica cada vez mais utilizada por professores em todo o mundo, e durante a pandemia do coronavírus, ela mostrou-se ainda mais relevante. Muraro e Goés (2021) destacam a importância da disponibilização dos conteúdos teóricos em formatos digitais, como vídeos e textos, para que os alunos pudessem estudar de forma assíncrona e de acordo com o próprio ritmo. Essa flexibilidade foi fundamental para os alunos que enfrentaram desafios de acesso à internet ou que tiveram que lidar com outros compromissos durante o período de ensino remoto.

Além disso, a utilização do tempo de aula síncrona para atividades mais práticas e de aplicação dos conceitos aprendidos também foi muito benéfica. Isso porque permitiu uma maior interação entre os alunos e com os professores, além de proporcionar uma aprendizagem mais significativa e contextualizada. Durante as atividades práticas, os alunos puderam tirar dúvidas, receber feedback imediato e aplicar os conceitos aprendidos em situações reais, o que contribuiu para a consolidação do conhecimento.

No geral, a Flipped Classroom, também chamada de Sala de Aula Invertida, mostrou-se uma metodologia eficiente para o ensino remoto, pois permitiu uma maior flexibilidade para os alunos e um uso mais efetivo do tempo de aula síncrona. No entanto, é importante ressaltar que essa abordagem também apresenta desafios, como a necessidade de preparação dos materiais digitais e a garantia da participação ativa dos alunos nas atividades práticas.

Essas metodologias foram mais utilizadas no ensino remoto durante a pandemia de Covid-19 devido à necessidade de proporcionar um ensino mais significativo e engajador para os estudantes, que estavam enfrentando desafios e dificuldades decorrentes do contexto de ensino remoto. O que foi essencial para o sucesso dessas metodologias no período de ensino remoto foi a utilização de recursos tecnológicos que permitissem a realização de atividades colaborativas, a interação entre os estudantes e a disponibilização dos conteúdos em formatos digitais, que pudessem ser acessados pelos alunos de forma remota e flexível. Além disso, a presença de um professor preparado e engajado na utilização dessas metodologias foi fundamental para o sucesso do ensino remoto durante a pandemia.        

4. DISCUSSÃO

A pandemia da covid-19 trouxe grandes desafios para a educação em todo o mundo. Com o fechamento de escolas e universidades, o ensino remoto se tornou uma realidade para muitos estudantes e professores. Nesse novo formato de educação, as metodologias ativas têm se destacado como uma forma de potencializar o processo de ensino-aprendizagem.

Ao analisar a revisão bibliográfica realizada, é possível notar que diversos autores destacam a importância de adaptar as metodologias ativas ao ensino remoto, explorando ferramentas tecnológicas para tornar as atividades mais interativas e dinâmicas. No entanto, existem divergências quanto ao uso excessivo de aulas síncronas e a necessidade de explorar o desenvolvimento de habilidades socioemocionais dos alunos.

Os autores também ressaltam a importância de considerar as particularidades dos alunos e o acesso a tecnologias e infraestrutura adequadas para o sucesso das metodologias ativas no ensino remoto. Ainda assim, apesar da adaptação das metodologias ativas ao contexto do ensino remoto, há desafios que precisam ser enfrentados.

Um dos desafios mais significativos é a problemática de acesso ao ensino remoto. Muitos estudantes não têm acesso à tecnologia e à infraestrutura adequadas para participar das aulas remotas, o que pode levar à exclusão educacional e a uma maior desigualdade social. Ainda que a tecnologia esteja disponível, muitos alunos têm dificuldade de utilização de TICs por serem leigos no assunto.

Além disso, a falta de infraestrutura e de acesso adequado às aulas remotas pode levar à perda de conteúdo devido à internação devido à contaminação da covid-19. A ansiedade dos alunos e professores também é um fator importante a ser considerado. A mudança repentina para o ensino remoto pode levar a uma sensação de desconforto e incerteza, o que pode impactar negativamente o desempenho dos alunos.

As metodologias ativas mais utilizadas no ensino remoto incluem a aprendizagem baseada em projetos, a gamificação, a sala de aula invertida, o peer instruction e o uso de jogos educativos. Cada uma delas apresenta pontos positivos e negativos, mas o sucesso de sua aplicação depende da adequação ao contexto e às necessidades dos alunos.

Diante desses desafios, é fundamental que a educação se adapte às mudanças do mundo contemporâneo e às novas demandas trazidas pela pandemia. Os professores devem ser incentivados a usar novas tecnologias e metodologias para tornar o ensino mais dinâmico e interativo. Também é importante que haja políticas públicas que garantam o acesso à tecnologia e à infraestrutura adequadas para todos os estudantes, independentemente de sua condição socioeconômica.

Além disso, é preciso considerar que o ensino remoto veio para ficar e que o futuro da educação pode envolver cada vez mais o uso de tecnologia e metodologias ativas. Portanto, é essencial que os professores estejam preparados para essa nova realidade e que recebam o suporte necessário para se adaptar a essa mudança.

Por fim, é importante destacar que algumas metodologias ativas não foram eficazes no ensino remoto, principalmente por falta de infraestrutura e desinteresse dos alunos. Portanto, é necessário que as escolas e os professores estejam sempre em busca de inovação e adaptação para garantir que as metodologias ativas sejam bem-sucedidas no ensino remoto em tempos de pandemia e além.

5. CONCLUSÃO

A revisão bibliográfica realizada permitiu compreender que as metodologias ativas têm se mostrado fundamentais para o ensino remoto no período da covid-19. A adaptação dessas metodologias para o formato online tem sido um desafio para muitos professores, mas tem sido cada vez mais necessário para garantir a qualidade do ensino. Foi possível notar também que as metodologias ativas mais utilizadas incluem a aprendizagem baseada em projetos, a gamificação, a sala de aula invertida, o peer instruction e o uso de jogos educativos. Cada uma delas apresenta pontos positivos e negativos, e sua eficácia depende da adequação ao contexto e às necessidades dos alunos.

Além disso, a revisão permitiu identificar algumas limitações das metodologias ativas no ensino remoto, como a falta de infraestrutura e o desinteresse dos alunos. Isso reforça a importância de investimentos em tecnologia e capacitação dos professores para que as metodologias ativas sejam bem-sucedidas no ensino remoto. O presente trabalho é de suma importância para o meio acadêmico, pois contribui para a compreensão dos desafios e das possibilidades do ensino remoto em período de pandemia. Ao abordar as metodologias ativas, o trabalho incentiva a busca por práticas pedagógicas inovadoras e adaptáveis às novas realidades do ensino.

Em resumo, o uso das metodologias ativas é um caminho promissor para o ensino remoto, mas é necessário que sejam aplicadas de forma adequada e que sejam consideradas as particularidades dos alunos e o acesso a tecnologias e infraestrutura.

REFERÊNCIAS

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1 Mestranda em Ensino de Ciências
Universidade Estadual de Goiás (UEG)
Rubiataba, Goiás, Brasil
edvaniammo@gmail.com

2 Doutora em Química
 Universidade Estadual de Goiás (UEG)
Anápolis, Goiás, Brasil
cleide.araujo@ueg.br

3 Doutor em Geologia Regional, Geociências e Meio Ambiente
Universidade Estadual de Goiás (UEG)
Anápolis, Goiás, Brasil
pedro.paulo@ueg.br

4 Doutor em História
Universidade Estadual de Goiás (UEG)
Anápolis, Goiás, Brasil
wilton_68@hotmail.com

5 Doutoranda em Ensino de Ciências e Matemática
Universidade Federal de Goiás (UFG).
Carmo do Rio Verde, Goiás, Brasil
eneida.monteiro@discente.ufg.br