METODOLOGIAS ATIVAS: A CONTRIBUIÇÃO DO USO DA SALA DE AULA INVERTIDA NO ENSINO DE RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS NAS SÉRIES FINAIS DO FUNDAMENTAL

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11062482


Fernanda Gonçalves de Castro, Gildací Gomes de Sá Carvalho, Eveline Gomes dos Santos, Eliana dos Santos, Gilsemary Clarice das Graças, Laís Giselle Nunes de Araújo, Juciene Luiza de Deus, Ueudison Alves Guimarães


RESUMO

Por meio deste artigo, será feita uma breve, porém séria, análise acerca das Metodologias Ativas, voltadas para a Aprendizagem, principalmente quando se fala de seu uso em sala de aula invertida, contribuindo, assim, para o método de ensino-aprendizagem. Tal metodologia é conhecida como “Flipped Classroom” e, com ela, o aluno pode claramente manter um profícuo contato com todo o conteúdo que deverá ser ministrado antes mesmo de ir para a sua sala de aula, ou seja, por meio de consulta pela internet. Para fazer tal discussão e análise, este estudo fundamentara-se em uma pesquisa de cunho bibliográfico, a qual contribuirá proficuamente para que se possa fazer um importante apanhado de material teórico acerca do uso da metodologia supracitada em sala de aula, tendo em vista ideias de considerados autores e estudiosos que versam acerca do uso das metodologias ativas e da inversão da sala de aula. Desta forma, por meio da pesquisa acima citada, tornar-se-á possível compreender um pouco mais acerca da temática aqui proposta para análise e debate.

Palavras-chave: Sala de aula invertida. Educação. Metodologia ativa. Tecnologias Digitais.

ABSTRACT

Through this article, a brief but serious analysis of Active Methodologies, focused on Learning, will be made, especially when talking about their use in inverted classrooms, thus contributing to the teaching-learning method. This methodology is known as “Flipped Classroom” and, with it, the student can clearly maintain a fruitful contact with all the content that should be taught before going to their classroom, that is, through internet consultation. To carry out such discussion and analysis, this study will be based on bibliographic research, which will usefully contribute to an important collection of theoretical material about the use of the aforementioned methodology in the classroom, in view of ideas of considered authors and scholars who deal with the use of active methodologies and classroom inversion. In this way, through the research mentioned above, it will become possible to understand a little more about the theme proposed here for analysis and debate.

Keywords: Flipped classroom. Education. Active methodology. Digital Technologies.

INTRODUÇÃO

A inovação tecnológica tem se tornado de grande indigência para o sujeito na sociedade atual, pois é notório que o seu uso vem despertando cada vez mais o interesse de todos, inclusive, dos jovens e adolescentes, o que faz com que a escola não se mantenha distante dessa realidade e busque oferecer novas estratégias de ensino, tomando como base as ferramentas tecnológicas.

Por conta de todo esse processo de mudanças, não se pode negar os inúmeros questionamentos em relação às percepções que envolvem o ensino, agenciando com isso estratégias mais modernas e que não se limitem aos modelos tradicionais de ensino, buscando referenciar essa prática com um desenvolvimento de um bom planejamento escolar.

Tudo isso, implica em um novo modelo de ensino, com aulas mais diversificadas e dinâmicas, tomando como base ideias e pensamentos mais modernos com o propósito de transformar a vida do aluno no que diz respeito a sua aprendizagem, sendo mais ativo e mais criativo, o que leva à indigência de se manter o corpo docente sempre atualizado e pronto para desenvolver técnicas que propiciem a formação de um sujeito autônomo.

É importante destacar que, quando o professor baseia o seu ensino no modelo tradicional, ele é visto como aquele que mantém o poder e o controle acerca de tudo que é proposto para o aluno.

Como forma de contestação desse conceito, é possível identificar diversas perspectivas que surgem das Metodologias Ativas, visando com isso a participação ativa do aluno dentro do processo de aprendizagem por meio de estudo de caso, da instrução pelos pares (do inglês peer instruction), do método de projetos, da aprendizagem com base em problemas (também conhecida pela sigla PBL, iniciais do termo em inglês “Problem Based Learning”, a sala de aula invertida, do inglês “Flipped Classroom”, e muitos outros.

Desse modo, esse artigo tem como desígnio desenvolver uma abordagem reflexiva acerca do uso da sala de aula invertida, a qual, segundo os conceitos de Moran (2018, p.43) é um acréscimo da sala de aula, modificando outros espaços físicos, especialmente, espaços virtuais, possibilitando ao sujeito enxergar o “mundo” também como um ambiente de ensino-aprendizagem.

É relevante destacar que tal método não é uma tarefa fácil, pois necessita que a sala de aula seja redesenhada e que o seu ambiente sofra mudanças importantes de âmbito cultural.

Por outro lado, é indigente compreender que a Sala de Aula Invertida – SAI, caracteriza-se como uma técnica de ensino intercedida pelas Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação – TDIC, promovendo uma nova concepção de ensino que não se conecta com o modelo tradicional.

Diante desse novo modelo de sala de aula, o aprendiz não é pego de surpresa quando chega à escola, pois o conteúdo é apresentado por meio de atividades que são desenvolvidas pelo docente durante a sua prática virtual para que, ao chegarem em sala de aula, já estejam familiarizados com o assunto e possam participar de práticas interativas entre os colegas enquanto o docente desenvolve o seu papel de mediador, propiciando ao aluno um aprendizado efetivo por meio da prática com exercícios.

Desse modo, entende-se que esse modelo que antecipa aquilo que será visto e estudado em sala de aula é primordial para o ganho de tempo na aula seguinte, pois, o que seria investido para a explicação de conteúdo, passa a ser desenvolvido com outras práticas e estratégias que levem o aprendiz a interagir como seus colegas e professores, propiciando maiores possibilidades de aprendizagem.

Pensando em tudo o que foi abordado até o momento acerca das vantagens de se trabalhar como os modelos de ensino-aprendizagem apresentados e tomando como fundamentação teórica os conceitos de autores renomados na temática em questão que se deu essa pesquisa. 

METODOLOGIA

Para alcançar os objetivos deste estudo, foi conduzida uma pesquisa de natureza bibliográfica, que proporcionou uma base teórica sólida por meio da seleção de citações de renomados autores no campo educacional.

Segundo Gil (2002), essa abordagem de pesquisa abrange materiais impressos, como livros, revistas, jornais, teses, dissertações e anais de eventos científicos. Ele destaca que praticamente toda pesquisa acadêmica demanda o uso da pesquisa bibliográfica em algum momento do trabalho.

Além disso, para enriquecer a pesquisa, foram realizadas consultas a bases de dados, periódicos e artigos indexados, conforme proposto por Marconi e Lakatos (2007). Essa abordagem visa colocar o pesquisador em contato direto com todo o conteúdo escrito, falado ou registrado em vídeo sobre o tema em questão.

Essas contribuições desempenharam um papel fundamental na construção deste estudo, fornecendo subsídios para uma compreensão mais aprofundada da temática proposta para análise e debate.

Destaca-se que, nesta pesquisa, a estratégia metodológica adotada foi a revisão bibliográfica, optando-se pela revisão narrativa, um dos tipos de revisão de literatura. De acordo com Silva et al. (2002), a revisão narrativa não é imparcial, pois permite ao pesquisador analisar outros trabalhos e compreender como os outros abordaram o tema, possibilitando a construção de um texto próprio.

REFERENCIAL TEÓRICO

A sala de aula invertida

É importante acrescentar que inúmeros trabalhos foram desenvolvidos no campo educacional com o intuito de promover o protagonismo estudantil na escola, principalmente nos anos 90, com a chegada da tecnologia e o seu uso como mecanismo essencial para trazer benefícios à aprendizagem como um todo.

Nesse sentido, tendo em vista os apontamentos de Teixeira (2013), compreende-se que a Sala de Aula Invertida (SAI), também conhecida como Flipped Classroom, é uma abordagem pedagógica inovadora que tem ganhado destaque no cenário educacional contemporâneo. Por isso, esse conceito tem se revelado bastante desafiador para a tradicional dinâmica de ensino, alterando a maneira como os estudantes adquirem conhecimento.

Tendo em vista essa nova modalidade de ensino, descobre-se que a proposta fundamental da Sala de Aula Invertida consiste na inversão das atividades de aprendizado tradicionais.

Dessa forma, os alunos são incentivados a se envolverem previamente com o conteúdo, seja por meio de leituras, vídeos ou outras formas de material didático, o que permite a transformação do ambiente escolar, em que a sala de aula se torna um espaço dedicado à discussão, esclarecimento de dúvidas e aplicação prática do conhecimento adquirido independentemente.

A história dessa abordagem, segundo Teixeira (2013, p.10), remonta a 1999, quando Gregor Novak defendeu o método de ensino chamado “just-in-time teaching”, que compartilha semelhanças conceituais com a Sala de Aula Invertida.

No entanto, foi nos primeiros anos da década de 2000 que o conceito de Flipped Classroom foi formalmente apresentado por J. Wesley Bake na 11ª International Conference on College Teaching and Learning em Jacksonville, Florida, em que ele propôs a otimização do tempo em sala de aula, direcionando o foco para o aprofundamento do conteúdo.

Diante dessa nova proposta de ensino, a qual demonstra inovação e carrega consigo um enorme desafio para os docentes, entende-se que para a sua implementação efetiva, ou seja, da Sala de Aula Invertida é necessário a criação de materiais de aprendizado acessíveis e envolventes, bem como da promoção de uma cultura de responsabilidade por parte dos alunos em relação à sua preparação prévia.

Ademais, cabe acrescentar que nesse processo a tecnologia exerce um papel fundamental, oferecendo ferramentas que facilitam o acesso ao material educacional e promovem a interação entre os estudantes.

Os benefícios da Sala de Aula Invertida são diversos, destacando-se a promoção da autonomia do aluno, o estímulo ao pensamento crítico e a personalização do processo de aprendizagem.

Portanto, entende-se que os desafios podem surgir, como a necessidade de adaptação por parte dos educadores e a garantia da participação ativa de todos os estudantes.

Diante desse contexto, este estudo analisará mais atentamente a Sala de Aula Invertida, de modo a compreender a sua aplicação, impactos e desafios, contribuindo para a compreensão aprofundada dessa abordagem inovadora no contexto educacional.

Com a publicação de seu livro Peer Instruction: User’s Manual, em 1997, Eric Mazur apresentou um método que envolvia o engajamento entre alunos por meio de debates e discussões, sendo esses efetivados em classe e em grupos de temas e avaliações conceituais.

Segundo Teixeira (2013, p.10), em 1999, Gregor Novak advogava pelo método de ensino conhecido como “just-in-time teaching”, no qual os alunos assumem a responsabilidade de se prepararem para a aula por meio de leitura e tarefas prévias.

No início dos anos 2000, emerge o conceito de Flipped Classroom, apresentado por J. Wesley Bake na 11ª International Conference on College Teaching and Learning em Jacksonville, Florida. Em seu trabalho intitulado “The ‘Classroom Flip: Using Web Course Management Tools to Become the Guide by the Side”, Bake busca otimizar o tempo em sala de aula para aprofundar o conteúdo.

Diante dessa premissa, esclarece-se que todo o conteúdo disponibilizado em sala de aula será antecipado, por meio de recursos virtuais, pelo docente para que sobre tempo suficiente para a realização de outras atividades.

Desse modo, nos anos 2006 e 2007, surge a expressão “Flipped Classroom” ou Sala de Aula Invertida, a qual aufere grande relevância com a divulgação dos trabalhos que foram efetivados pelos docentes de Química, Jonathan Bergman e Aaron Sams, no estado do Colorado (EUA), em relação as suas classes de Ensino Médio.

A prática docente sempre levou para a sala de aula todas as atividades que seriam propostas aos aprendizes, desde a produção escrita até debates, discussões etc., contudo, descobriu-se que o tempo disponível não se apresentava suficiente para a execução de tudo que se pretendia.

Nesse modelo de aprendizagem antecipada, os aprendizes conseguem gerenciar o seu aprendizado segundo suas necessidades e ritmo, avançando ou retornando ao ponto que sentiu maiores dificuldades quando necessário, pois, conforme afiançam Bergmann & Sams (2012, p. 22), na inversão da sala de aula o controle remoto é transferido para os aprendizes.

Com essa prática, os docentes quando em sala de aula podem identificar os impasses demonstrados pelos aprendizes e, a partir daí, desenvolver estratégias eficientes e condizentes com as necessidades de cada um para que a aprendizagem seja promovida, provocando maior atenção por parte do docente em relação ao aluno e ao processo de ensino-aprendizagem, pois como mostram Bergmann & Sams, (2012, p. 6), “a inversão da sala de aula estabelece um referencial que oferece aos alunos uma educação personalizada, ajustada sob medida às suas necessidades individuais”.

Por outro lado, segundo as convicções de Schmitz (2016, p. 42), existe uma diferença entre o conceito de sala de aula invertida e aprendizagem invertida, o que significa que antecipar a leitura de um artigo antes mesmo da aula acontecer equivale a uma inversão de sala, contudo, apenas isso, não configurando em uma inversão da aprendizagem.

Segundo Schmitz (2016, p. 42), a Flipped Learning Network (FLN), responsável por disseminar a temática da aprendizagem invertida confirma que ela pode ser compreendida como uma abordagem pedagógica em que a aula expositiva parte da aprendizagem em grupo para a aprendizagem individual, modificando o ambiente de sala de aula remanescente em um espaço de aprendizagem eficaz e virtual, tendo o docente como o mediador dessa interação de modo que o aluno empregue as concepções e mantenha uma prática efetiva acerca da temática.

Conforme ainda afiança Valente (2014, p. 92), existem vários motivos para que a inversão de sala de aula aconteça, os quais podem ser qualificados em duas categorias: “um, com base em argumentos teóricos; outro, com base em resultados de estudos que indicam o sucesso educacional dessa abordagem”, o que é confirmado mediante a literatura e os seus inúmeros trabalhos que assinalam os benefícios que a inversão a sala de aula proporciona.

Rodrigues, Spinasse & Vosgerau (2015), por sua vez, tendo em vista um trabalho de revisão metódica, descobrem que o objetivo principal para a instauração do método de ensino voltado para a Sala de Aula Invertida é propiciar a participação e interação ativa dos aprendizes, assim como a construção do senso crítico na resolução de problemas, sem esquecer, é claro, de uma grande participação na produção de atividades e a elevação de seu senso da responsabilidade com o ensino-aprendizagem.

Contudo, a maior dificuldade que pode ser encontrada na utilização desse método em sala de aula é o fato dele exigir maior efetividade em vez de um perfil passivo do aluno.

De acordo com Oliveira, Araujo & Veit (2016, p. 6) assevera-se que existem alguns pontos que beneficiam a utilização desse modelo invertido de sala de aula que são:

  • o enfrentamento com a heterogenia dentro da sala de aula;
  • o orientar os aprendizes para a evolução da competência reflexiva;
  • a criação de hábitos de estudos.

Quando se toma como base os conceitos de Bergmann & Sams (2012, p.58) acerca do processo de inversão de sala de aula, percebe-se que eles não acompanham um modelo exclusivo, moldando-se segundo o contexto escolar e podendo ser combinado com metodologias diversas, promovendo o seu implemento e a abrangência de seu desígnio alvitrado.

Com isso, descobre-se que o processo de inclusão do modelo de SAI em parceria com outros métodos mais ativos favorece de modo significativo para que ele obtenha resultados efetivos e oferecendo suporte para superar os desafios por meio de um panorama ativo-motivacional que é ofertado aos aprendizes.

Desse modo, é importante destacar que é fundamental a produção de atividades dentro do ambiente escolar que sejam efetivas e proporcionem o trabalho em grupo de maneira que priorizem os exercícios anteriores.

Nesse sentido, Oliveira; Araujo & Veit (2016, p. 9) salientam que “Os estudantes precisam perceber que seus esforços para realizar a tarefa de preparação são a essência das aulas, assim, engajar-se-ão cada vez mais nas atividades”.

Schimitz & Reis (2018, p.74), por sua vez, enfatizam com grande relevância o tempo inicial de aula e afirmam que ele deve ser utilizado para sanar dúvidas e esclarecer as falhas de compreensão em relação ao material ou conteúdo antecipado para que as concepções não sejam administradas de modo inadequado, ou seja, todo esse processo deve ocorrer sempre antes da aplicação das atividades, deixando a prática sempre para o tempo que ainda resta de aula.

A sala de aula invertida na aprendizagem

É imprescindível destacar que no processo de ensino voltado para a sala de aula invertida, o ideal é não desenvolver em sala a transmissão dos conteúdos, ficando esse tempo voltado apenas para a execução dos temas trabalhados em casa, visando sempre o dinamismo, a praticidade e ação efetiva do aprendiz, ou seja, propiciando por outro lado uma ensino-aprendizagem que envolva a integração das atividades mediante o trabalho em equipe.

Para tanto, pode-se pensar na estrutura e organização do ambiente de sala de aula de maneira que as carteiras sejam acomodadas diferentemente do habitual, ou seja, sempre buscando construir, com isso, um novo e importante modelo cultural da sala de aula.

Esse novo formato de sala de aula é muito benéfico para o desenvolvimento da turma e do trabalho em equipe, pois foge claramente daquele modelo tradicional em que todos estão sempre na mesma formação, enquanto o docente se encontra à frente, como o verdadeiro dono do conhecimento pleno e os aprendizes como meros espectadores.

De acordo com Freire (2013, p.11), aqueles que recebem o conhecimento são caracterizados como tábula rasa ou folha em branco, tendo em vista a abordagem tradicional. “A mensagem ativa da sala de aula invertida diz que o professor é o mediador, e que o aluno pode ser o agente no seu processo de aprendizagem”.

Oliveira, Araújo e Veit (2016, p.11) asseveram que a sala de aula invertida possui alguns pontos que são vistos como positivos:

a) Ressignifica o papel do professor;

b) Não implica necessariamente no uso de videoaulas;

c) Coloca o aluno no centro do processo educativo;

d) Podem auxiliar no desenvolvimento de hábitos de estudos nos estudantes;

e) Pode estimular o desenvolvimento de habilidades relacionadas ao trabalho colaborativo;

f) Leva em consideração os conhecimentos prévios dos alunos;

g) Auxilia os alunos no desenvolvimento da capacidade de reflexão e da habilidade de elaborar boas perguntas;

h) Lida com a heterogenia na sala de aula (OLIVEIRA; ARAUJO; VEIT, 2016, p.11).

Os autores ainda salientam que, quando se desenvolve um método ou uma técnica, não importa qual seja, ela não somente apresenta vantagens como também desvantagens, por isso, são mencionados logo abaixo os seus desafios:

a) Conteúdo programático das disciplinas extenso e tempo limitado para inverter a sala de aula podem ser agravantes;

b) A estrutura da escola é rígida e limita qualquer tentativa de inovação;

c) Os alunos não são acostumados a estudar fora da sala de aula;

d) As turmas são heterogêneas e o número de alunos por turma é elevado. Considerando o exposto até o momento, pode-se erroneamente sugerir uma ideia de tranquilidade ao professor, que deixará de dar aula, antecipando o conteúdo ao discente e “esquivando-se”, dessa maneira, de sua obrigação docente (OLIVEIRA; ARAUJO; VEIT, 2016, p.11).

Durante a execução dessa nova metodologia é essencial que se busque trabalhar a Sala de Aula Invertida, sem criar padrões para o aprendiz, por meio de vídeos, aulas virtuais ou desenvolvendo uma prática que promova o seu isolamento. Nesse novo jeito de ensinar e aprender, o docente necessita estar preparado para organizar o seu planejamento, pois irá trabalhar com uma nova metodologia.

Em contrapartida, o docente não pode esquecer o seu aluno, pois deve atuar como um orientar atento e ativo, tanto dentro quanto fora da sala de aula, buscando sempre resolver as questões que envolvem dúvidas acerca do conteúdo para entender melhor o seu aluno e, com isso, desenvolver novas práticas e estratégias essenciais ao seu aprendizado dentro do tempo que resta para esse fim.

Todo esse processo, como qualquer outro, levará tempo para que os alunos se acostumem, por isso, é preciso ter muita paciência quando fizer uso dessa nova metodológica. Sabe-se que nem sempre os alunos irão cumprir com seus deveres e responsabilidades, assim sendo, cabe exclusivamente ao mediador promover essa experiência dentro de sala de aula, para que ela se cumpra e para que poça ser realizada em grupo.

Nessa nova modalidade é essencial que se compreenda que o trabalho docente deve ser muito bem planejado, pois deverá desenvolver o seu compromisso com a ética e com o processo de ensino-aprendizagem, mas não de maneira ampla, o que talvez pode ser encarado como um certo obstáculo, pois deixa de assumir essa incumbência sozinho. 

Segundo Mattar (2017, p. 113) o “conteúdo antecipado, bem como, uma menor quantidade de apresentação passiva de conteúdo, é o cerne da sala de aula invertida. Para Moreira (2011, p.59), por sua vez, “é importante que o aluno compreenda que também é responsável pela sua aprendizagem”, ou seja, deve “tomar consciência de suas necessidades, autodirigir a sua aprendizagem (significativa), desenvolver autonomia, carecendo de liberdade para vivenciar esse processo”.

Diante desse projeto em que a interação em sala de aula não enxerga mais o docente como o detentor do conhecimento, destaca-se o trabalho de mediação do educador, o qual estará totalmente voltado para a prática facilitadora sem qualquer postura que possa se mostrar autoritária, mostrando-se, assim, estar sempre buscando uma relação agradável entre professor e aluno.

A sala de aula invertida e a internet como coadjuvante

Acredita-se que, como aporte da rede mundial de computadores ou da internet, o aprendiz tem a possibilidade de desenvolver suas competências e habilidades de aprendizagem ativa de onde e quando quiser. Moran (2015, p. 16) afiança que “os métodos tradicionais, que privilegiam a transmissão de informações pelos professores, faziam sentido quando o acesso à informação era difícil”.

A Educação vem sofrendo grandes transformações no decorrer dos anos e atualmente com o avanço tecnológico tem descaracterizado o docente como fonte única do conhecimento, assim, a sala de aula tradicional não é mais vista como espaço exclusivo de aprendizagem, pois, devido aos inúmeros modelos de ensino que foram se enraizando e ganhando força, mesmo com o tradicionalismo existente nas escolas, a prática docente se atualiza e evolui em comparação ao aporte tecnológico a que se tem acesso.

Para Moran (2015, p. 16).  “os métodos tradicionais, que privilegiam a transmissão de informações pelos professores faziam sentido quando o acesso à informação era difícil”.  Por isso, mesmo sabendo que não será uma prática educativa fácil, o desenvolvimento de técnicas metodológicas ativas voltadas para a sala de aula invertida revela muito acerca do contexto em que vive o aluno moderno.

Essa prática pedagógica voltada para a Sala de Aula Invertida é vista como a chave para outros métodos ativos de aprendizagem, pois contém um modo leve e agradável de fazer parte da sala de aula tradicional por meio do processo híbrido em que haverá a união dos aspectos tanto presenciais quanto virtuais.

Assim sendo, Valente (2018, p. 27) acrescenta que as “metodologias ativas constituem alternativas pedagógicas que colocam o foco do processo de ensino e de aprendizagem no aprendiz, envolvendo-o na aprendizagem por descoberta, investigação ou resolução de problemas”, ou seja, não sendo possível isso acontecer quando se mantém em foco uma abordagem metodológica voltada para o ensino tradicional.

A abordagem da Sala de Aula Invertida (Flipped Classroom) representa, PARA Mazur (2012), uma evolução significativa no campo da educação, refletindo a adaptação às necessidades dos alunos do século 21 e às novas tecnologias. Com isso, entende-se que essa metodologia inovadora inverte o modelo tradicional de ensino, transferindo parte do processo de aprendizagem para fora da sala de aula.

Por essa ótica, os alunos são inicialmente expostos ao material de aprendizagem em casa, frequentemente através de recursos online como vídeos, leituras ou podcasts, permitindo que o tempo em sala de aula seja utilizado para atividades mais interativas, como discussões em grupo, trabalhos colaborativos e exercícios práticos, sob a orientação direta do professor, além de posicionar o aluno no centro do processo de aprendizagem, incentivando uma abordagem mais ativa e autodirigida.

A internet, nesse contexto, de acordo com Mazur (2012), atua como uma aliada fundamental desse modelo, oferecendo uma variedade de recursos educacionais, por meio de plataformas de ensino online, vídeos educativos, fóruns de discussão e ferramentas colaborativas, considerados apenas alguns exemplos de como a internet pode enriquecer a experiência de aprendizado, tornando-o mais personalizado e adaptável às necessidades individuais dos alunos.

Cabe destacar que ao integrar a Sala de Aula Invertida com os recursos da Internet, observa-se uma série de benefícios, dentre os quais está o aumento na motivação dos alunos, pois eles têm mais controle sobre o ritmo e o estilo de seu aprendizado; há também uma dedicação maior por parte dos docentes, que passam a investir mais tempo na orientação e resolução de dúvidas específicas, em vez de apenas transmitir informações. Ademais, percebe-se que essa abordagem também fomenta habilidades essenciais como pensamento crítico, resolução de problemas e trabalho em equipe.

Todavia, segundo Mazur (2012), para que essa metodologia seja eficaz, é imprescindível que aconteça uma estruturação cuidadosa do conteúdo online e das atividades em sala de aula, afinal, os docentes devem garantir que os recursos online sejam relevantes, envolventes e adequados ao nível dos alunos. Além disso, acrescenta-se que as atividades desenvolvidas em sala de aula devem ser muito bem elaboradas, objetivando com isso maximizar o aprendizado e a interação.

Assim sendo, descobre-se em meio a essa trajetória reflexiva que a Sala de Aula Invertida, apoiada pelo uso estratégico da Internet, é capaz de oferecer uma abordagem educacional renovada, alinhada com as demandas do mundo moderno.

Isso ocorre porque ela promove, além da aquisição de conhecimento, o desenvolvimento de habilidades essenciais para a sociedade contemporânea, o que permite uma adoção ainda mais ampla em vários contextos educacionais, à medida que essa metodologia evolui.

Os benefícios e desafios da sala de aula invertida

A Sala de Aula Invertida, segundo Farias (2016), é uma metodologia educacional inovadora que vem ganhando popularidade em diversos ambientes de aprendizagem. Desse modo, percebe-se que esse modelo pedagógico coloca o aluno no centro do processo de aprendizagem, invertendo o formato tradicional de ensino, onde o conteúdo é primeiro analisado em casa, por meio de vídeos, leituras ou outros recursos, e a prática acontece na sala de aula, sob a orientação do docente. Nesse sentido, elucida-se que a abordagem aqui apresentada traz benefícios significativos, mas também apresenta desafios que devem ser considerados.

Desse modo, evidencia-se que entre os principais benefícios da Sala de Aula Invertida, destaca-se a promoção de um ambiente de aprendizado mais interativo e centrado no aluno, pois dessa maneira os alunos têm a oportunidade de absorver o conteúdo no seu próprio ritmo, revisitando materiais conforme necessário, o que favorece uma compreensão mais profunda.

Além disso, acrescenta-se que em sala de aula, o tempo é otimizado para discussões, projetos colaborativos e atividades práticas, facilitando a aplicação do conhecimento adquirido mediante a utilização de uma abordagem que também promove o desenvolvimento de habilidades importantes como pensamento crítico, resolução de problemas e trabalho em equipe.

Com essa nova modalidade denominada de Sala de Aula Invertida, o docente consegue, segundo Farias (2016), personalizar o ensino, que é considerado um benefício muito importante, pois permite aos educadores adaptarem suas estratégias de ensino às necessidades individuais dos alunos, oferecendo suporte mais direcionado e atendendo a diferentes estilos de aprendizagem.

Somado a isso, Farias (2016) acredita que a utilização de tecnologias digitais enriquece o processo de ensino-aprendizagem, proporcionando aos alunos acesso a uma ampla gama de recursos e ferramentas educacionais.

Por outro lado, cabe aqui ressaltar que a implementação da Sala de Aula Invertida também traz desafios, dentre os quais, estão a necessidade de um planejamento cuidadoso e a preparação de materiais de qualidade para o estudo em casa.

Por isso, como mostra Farias (2016), os docentes precisam garantir que os recursos, além de informativos, sejam engajadores e acessíveis a todos os alunos. Nesse sentido, percebe-se que a mudança do modelo tradicional para uma abordagem invertida pode ser um processo desafiador tanto para docentes quanto para alunos, exigindo adaptação e treinamento adequados.

Farias (2016) ainda explica que a aplicação de novos métodos de ensino para garantir a melhoria da aprendizagem e da qualidade é fundamental para o processo educacional de modo gera, no entanto, inseri-los em sala de aula pura e simplesmente não é suficiente para o sucesso nessa empreitada.

Assim, entende-se que os docentes terão de enfrentar um outro desafio, ainda maior, que é garantir a participação ativa dos alunos, tanto nas atividades pré-aula quanto nas interações em sala, considerando o fato de que alguns podem resistir a essa nova abordagem de aprendizado autodirigido e precisar de motivação adicional e orientação para se envolverem efetivamente no processo.

Durante esse trajeto discursivo, o qual foi realizado com o objetivo de compreender de maneira ampla essa nova modalidade de ensino, ou seja, a Sala de Aula Invertida, descobriu-se por meio de um trabalho árduo de pesquisa que é de grande relevância para os docentes e alunos terem acesso confiável à tecnologia e à internet. Por outro lado, sabe-se que isso pode ser considerado uma barreira em ambientes com recursos limitados, onde ambos podem não ter acesso fácil a essas ferramentas.

Assim sendo, compreende-se que a Sala de Aula Invertida oferece uma abordagem revolucionária, a qual pode transformar a experiência educacional, tornando-a mais interativa, personalizada e adaptada às necessidades dos alunos da sociedade contemporânea, no entanto, para que o seu potencial seja plenamente atingido, é fundamental enfrentar e superar os desafios associados a sua implementação.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Durante a trajetória percorrida por esse trabalho, descobriu-se que as Metodologias Ativas de aprendizagem, assim como a sala de aula invertida em parceria com às TDIC, promove grande influência no sistema educacional, sendo de grande valia para o aprendiz da atualidade e, por isso, fez-se necessária uma abordagem reflexiva acerca dos métodos e técnicas adequados para a temática em questão. 

Por outro lado, foi possível compreender melhor como deve atuar o aprendiz de maneira que se transforme em agente ativo na unidade escolar, valorizando acima de tudo o trabalho docente, de modo que esse possa agenciar ao aprendiz a sua ação criativa e participa, tornando-o um protagonista de sua própria aprendizagem.

Não é nenhuma novidade que alinhar o processo tecnológico com o educativo é algo bastante complexo e desafiador, pois necessita-se desenvolver a motivação no sujeito, o qual faz parte de uma sociedade moderna, além de se preocupar com as mudanças advindas das tecnologias de informação e comunicação.

Em contrapartida, entende-se que nem todos os docentes estão preparados para desenvolverem uma prática pedagógica mediante a utilização dos mecanismos tecnológicos, o que acarreta grandes desafios quando o objetivo é a oferta de um aprendizado de qualidade.

Desse modo, enxerga-se o ensino-aprendizagem voltado para a prática de cunho tradicional totalmente na contramão enquanto o ambiente escolar não é mais visto como espaço exclusivo de produção do saber, ou seja, que o conhecimento pode estar em qualquer lugar e em qualquer momento. 

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