MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE: ENSINO E POSTURA DE QUATRO IGREJAS CRISTÃS DE ABAETETUBA

MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE: ENSINO E POSTURA DE QUATRO IGREJAS CRISTÃS DE ABAETETUBA MEDIO AMBIENTE Y SOSTENIBILIDAD: ENSEÑANZA Y POSTURA DE CUATRO IGLESIAS CRISTIANAS EN ABAETETUBA

ENVIRONMENT AND SUSTAINABILITY: TEACHING AND POSTURE OF FOUR CHRISTIAN CHURCHES IN ABAETETUBA

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ar10202501131215


Raimundo Carvalho dos Santos¹
Gessivaldo de Jesus da Silva Ferreira¹
Silvia Regina Paixão Alves¹
Orientador: DR. Norbert Fenzl²


Resumo: Nas últimas décadas há uma forte preocupação por parte das comunidades de nosso planeta em relação ao meio ambiente, em função das alterações provocadas pelo homem na natureza ou ainda pelas respostas dadas por ela mesma as ações empreendidas por ele. Este artigo analisa o posicionamento entre quatro igrejas cristãs a respeito do meio ambiente e a sustentabilidade, sobre a forma como as instituições religiosas estão promovendo conhecimento para uma compreensão dos dilemas ambientais, além de verificar se elas possuem algum projeto e/ou orientação sobre estas questões. O lócus da pesquisa foi o município de Abaetetuba, região amazônica em que existem empresas querendo explorar a localidade. A análise dessa pesquisa será feita por meio de gráficos cujos respondentes são membros dessas igrejas. Conclui-se que os princípios da formação cristã, a religião como elo, estabelece como elemento definidor normas e orientações que despertem nos fiéis a conscientização para convivência sábia e racional com a natureza para o desenvolvimento de um meio ambiente que proporcione qualidade de vida, definindo um bem estar social.

Palavras – chave: Instituições religiosas, Meio Ambiente e desenvolvimento sustentável.

Resumen: En las últimas décadas, ha habido una gran preocupación por parte de las comunidades de nuestro planeta en relación con el medio ambiente, debido a los cambios causados por el hombre en la naturaleza o incluso por las respuestas dadas por ella misma a las acciones realizadas por él. Este artículo analiza la posición de cuatro iglesias cristianas con respecto al medio ambiente y la sostenibilidad, sobre cómo las instituciones religiosas están promoviendo el conocimiento para comprender los dilemas ambientales, además de verificar si tienen algún proyecto y / o orientación sobre estos temas. El lugar de la investigación fue el municipio de Abaetetuba, una región amazónica donde hay empresas que desean explorar la localidad. El análisis de esta investigación se realizará a través de gráficos cuyos encuestados sean miembros de estas iglesias. Se concluye que los principios de la formación cristiana, la religión como vínculo, establece como elemento definitorio reglas y pautas que despiertan en los fieles la conciencia de una convivencia racional y sabia con la naturaleza para el desarrollo de un entorno que brinde calidad de vida, definiendo bienestar social.

Palabras clave: Instituciones religiosas, Medio ambiente y desarrollo sostenible.

Abstract: In the last decades, there has been a strong concern on the part of the communities of our planet in relation to the environment, due to the changes caused by man in nature or even by the responses given by herself to the actions undertaken by him. This article analyzes the position of four Christian churches in relation to the environment and sustainability, on how religious institutions are promoting knowledge to understand environmental dilemmas, in addition to checking if there are any projects and / or guidance on these issues. The focus of the research was the municipality of Abaetetuba, an Amazon region where there are companies that wish to explore the locality. The analysis of this research will be done through graphics whose interviewees are members of these churches. It is concluded that the principles of Christian formation, religion as a link, establishes as a defining element the rules and guidelines that awaken in the faithful the awareness of rational and wise coexistence with nature, for the development of an environment conducive to quality of life, defining social well-being.

Keywords: Religious institutions, Environment and sustainable development.

1 INTRODUÇÃO

Constituem-se como objeto desse estudo a visão e prática de religiões cristãs – Igreja Católica, Cristã Evangélica do Brasil (AICEB), Adventista Do Sétimo Dia e Assembleia de Deus – a respeito do meio ambiente e sustentabilidade, tendo em vista compreender se as religiões nas suas doutrinas, se essas possuem projetos e orientações sobre questões ambientais e suas influências nessas neste sentido no município estudado.

Durante muito tempo havia um paradigma cristão que colocava a terra como domínio absoluto do homem, o que propiciou uma mentalidade de que os recursos poderiam ser usados de acordo com sua vontade, o que gerou ao longo dos anos uma desproporção, redução e extinção de recursos e problemas ambientais, o que prejudica a sociedade (Steinmuller, 2017) e criando divergência com o conceito de desenvolvimento sustentável, estabelecido pela Organização das Nações Unidas (ONU).

A principal autoridade mundial em Meio ambiente é o departamento da ONU – Organização Das Nações Unidas, ONU Meio Ambiente, o qual tem a função de promover a conservação, monitorar, alertar sobre as ameaças e problemas os povos e nações diante do desenvolvimento sustentável, assegurando que a gerações do futuro usufrua dos recursos naturais que hoje se utiliza para empreender desenvolvimento. 

Cabe ressaltar que em 1992, a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento no Rio de Janeiro reafirmou a Declaração da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, cujo objetivo de estabelecer uma nova e justa parceria global mediante a criação de novos níveis de cooperação entre os Estados, os setores-chaves da sociedade e os indivíduos, bem como trabalhando para a conclusão de acordos internacionais que respeitem os interesses de todos e protejam a integridade do sistema global de meio ambiente e desenvolvimento, reconhecendo a natureza integral e interdependente da Terra (Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, 1992).

Nesse viés, a religião como fonte de orientação é um dos responsáveis por orientar a sociedade a respeito dos dilemas e propiciar que estes atuem de forma a melhorar a vida privada e social. Dessa forma, no caminho da elaboração de suas doutrinas algumas religiões procuram estabelecer um enfoque nos princípios que norteiam as suas crenças sobre o meio ambiente. 

Diante da importância das religiões na construção de uma sociedade mais consciente e disposta em preservar o meio ambiente, faz-se necessário suscitar a indagação de como esses espaços religiosos entendem a questão ambiental e o desenvolvimento sustentável a partir de sua percepção institucional e de como seus fieis lidam com os ensinos emanados de suas crenças em relação a estas questões. 

2 O MEIO AMBIENTE E A SUSTENTABILIDADE

Pode relacionar o conceito de Sustentabilidade a um passado bem recente, haja vista que a associação a esse conceito nas reuniões da ONU ocorreu na década de 70, a qual de forma nítida, iniciou um formato de conscientização em face da crise constituída pelo crescimento das sociedades daquela década. De acordo com Boff (2016), esse conceito já possui uma existência que pode ser identificada a mais de quatro séculos do atual, 21. 

O conceito de sustentabilidade permeou a vida das populações de vários países, dentre ele os Estados Unidos até a década de 1970 quando se criou o Club de Roma que tratou do limite do crescimento. Para Boff (2016), a palavra sustentabilidade possui “dois sentidos”, a qual denomina de “passivo e ativo”. No que se refere ao passivo, a Terra imprime uma forma de autorregeneração a fim de que um determinado ecossistema não seja degringolado e devastado; adquire meios para coexistência entre Terra e os variados biomas gerando formas que façam ambos existirem sem enfraquecerem e morrerem. Em relação ao ativo, seria uma implementação de ações feitas pelo homem que protejam dos perigos que possam surgir das ações desordenadas do agente degradante com suas formas variadas de lidar com o meio natural.

Com a Conferência Mundial de Estocolmo de 1972, Boff (2016) afirma que o vocábulo sustentabilidade parece ter incorporado um novo espírito e ganhado junto a si a palavra desenvolvimento, configurando a expressão desenvolvimento sustentável, a qual tem se sobressaído nos trabalhos de pesquisa sobre o tema. Essa concepção torna evidente a posição que as necessidades frequentes devem ser atendidas sem que haja o comprometimento nas gerações futuras. Neste viés, não se pode tratar de sustentabilidade considerar a questão do desenvolvimento (crescimento), seja este de cunho espacial, demográfico ou técnico científico as chamadas inovações tecnológicas.

Nesse sentido, a visão de desenvolvimento sustentável, o qual é alvo de busca pelos implementadores (empresas) com base nos critérios gerados nos documentos das Conferencias da ONU parecem ficar apenas num ideal abstrato, uma vez que os resultados não demostram a realidade que a isto se propôs.

Segundo Susin (2017), a sustentabilidade está relacionada aos recursos naturais, cabe ressaltar que essa preocupação surgiu da tentativa de inibir de certa forma o desejo de ter do ser humano, haja vista que a ação do desse em cima dos recursos naturais tornase degradadora. Logo, seria viável uma solução para a problemática.

Susin (2017) considera um aspecto que os teóricos em relação ao assunto sustentabilidade, o qual é acerca da questão da espiritualidade como um fator fundamental. Vale ressaltar que Susin (2017) atrela a espiritualidade à sustentabilidade uma vez que desde a Agenda 21, a questão referente aos empreendimentos deve também ser “culturalmente aceita”, e a espiritualidade transita na esfera da cultura. 

Essas relações vistas como sagradas entre Deus homem e natureza são encontradas na superfície da cultura. Pode-se afirmar que a espiritualidade no seguimento teológico cristão caracteriza-se como um elemento integrador da sustentabilidade. Não que signifique querer se sobrepor os desdobramentos da espiritualidade sobre a ciência e seus métodos, no entanto, trata-se do homem sendo um ser que busca um relacionamento de cunho espiritual com o seu Criador e esta ligação se encontra na mãe terra, na verdade elementos que ligam o homem a Deus (Gêneses 2:7), o que culmina no pensar e agir com responsabilidade diante dos recursos.

A sociedade ao longo dos anos passa por transformações em que a questão do desenvolvimento tem sido um dos motivos primordiais para essa revolução. Verifica-se o capitalismo liberal com seus métodos, os quais vêm tomando frente desse processo dinâmico que chamamos desenvolvimento.

Mário Sobrinho (2013) afirma que a temática do desenvolvimento que ultimamente se mostra tão evidente, já vem sendo discutido, contudo, mais progressivamente no decorrer das últimas cinco décadas e com várias formas interpretativas e adjetivas que são voltadas no sentido de um entendimento sobre os conceitos da significância do tema para os dias atuais. Propõe-se nas várias formas de explicitar o assunto, uma discussão sobre os conceitos de desenvolvimento, sem pretender aqui exaurir a temática.

O modelo de desenvolvimento que vem sendo difundido, bem como motivado pelo processo de industrialização apresenta uma série de incrementos em seus agentes formadores e os que por ele são envolvidos se tornam herdeiros de uma série de problemas. Pode-se observar os países implementadores e os países atingidos por essa força que promete trazer transformação para regiões e sociedades. O capitalismo liberal acarreta um desenvolvimento, no entanto, de forma unilateral onde quem sai perdendo é o lado mais fraco do jogo (Mário Sobrinho, 2013).

A concepção de desenvolvimento perpassa por ininterruptas reformulações quanto a sua definição. Isso se dá pelas dinâmicas das sociedades. De acordo com Furtado (1961) e Mário Sobrinho (2013), esse conceito tem passado por um aprimoramento no que tange a sua definição, quando afirma que desenvolvimento não se limita somente a compreensão de “progresso, crescimento, industrialização, transformação e modernização” (Sobrinho, 2013). 

Ainda na dinâmica morfológica do desenvolvimento, há os que defendem que desenvolvimento se reflete na qualidade e no estilo de vida dos atores, das instituições e das estruturas de produção, contrapondo assim ao conceito anterior. Em termos gerais, há um abismo entre o crescimento baseado no progresso descrito acima que paira na prerrogativa do acúmulo da riqueza interna de um país e na melhoria de seus indicadores (Sobrinho, 2013); ao passo que o conceito qualitativo indica desenvolvimento imbrincado na qualidade de vida de todos os atores envolvidos em sua dinâmica. Essa qualidade mencionada é garantida quando há retorno transformado em saneamento básico, acesso ao sistema de saúde, sistema educacional eficaz, lazer, seguridade, em geral acesso aos direitos diretos fundamentais de um cidadão. Todavia, não é impossível os dois conceitos coexistirem: basta que o lado mais forte se aproxime do mais frágil na dinâmica das relações.

Logo, não tem como haver desenvolvimento sem a presença do fator econômico, contudo, este deve estar associado com os esforços para envolver também os atores formadores da economia, o lado social. Dessa maneira, haverá a possibilidade de enfrentamento para redução da pobreza, buscando assim um equilíbrio entre o agente econômico e o ser coletivo.

Para Fenzl & Machado (2009), a compreensão sobre o assunto, o desenvolvimento está ligado à questão da sustentabilidade. Então, “desenvolvimento sustentável” não é apenas um fator efêmero de conotação intelectual do fim do século passado, no entanto, uma imperativa e real necessidade em face das problemáticas expostas pelo meio ambiente, pelas sociedades e pela economia num processo de globalização que percebeu a finitude dos recursos contidos na natureza. 

Fenzl & Machado (2009) pontuam a respeito de meio ambiente e desenvolvimento sustentável e verifica-se entre eles uma preocupação na tratativa do assunto no viés de realmente se buscar uma solução para as demandas emergidas de um “desenvolvimento”, de uma relação do homem com a natureza, seus recursos. Verifica-se que há uma discussão de autores de formação teológica, econômica, geológica e filósofa que sabem muito bem do estão falando, uma vez que estudam e levantam pesquisas sobre o assunto.

Cabe ressaltar que a religião faz parte dessa discussão na questão do conceito de meio ambiente, sustentabilidade, desenvolvimento; os enfoques científicos sobre o assunto; as formas de enfrentar a insustentabilidade, bem como leva a religião do homem para o circulo da discussão, recobrando do homem que o mesmo é uma porção consciente da Terra: 

[…], nós não estamos fora nem acima da terra. Somos parte dela juntos com os demais seres que ela também gerou. Não podemos viver sem a Terra embora ela possa continuar sua trajetória sem nós.

Por causa da consciência e da inteligência, somos seres com uma característica especial: espirituais, éticos e reesposáveis. […] a nossa Mãe Comum (Boff, 2016, pp.55).

Este posicionamento religioso que Boff traz concorda com a pesquisa em curso, uma vez que se está discutindo a visão e práticas das religiões estudadas sobre meio ambiente e desenvolvimento sustentável. 

3 A RELIGIÃO CRISTÃ E O MEIO AMBIENTE

O mundo pode ser compreendido do ponto de vista bíblico e da fé cristã como um sistema complexo e interdependente, o que possibilita ter recursos que são necessários voltados para a vida de todos os seres vivos. Entretanto, a destruição e desconexão das redes que mantém esse sistema ocasiona uma concentração de riqueza nas mãos de alguns e a exclusão de muitos, processo que, além de tudo, degradou e ofendeu a natureza, que cada vez menos tem condições de assegurar a sobrevida neste planeta. 

De acordo com Butzke (2012), a sustentabilidade pode surgir a partir da reconexão das redes promotoras e geradoras de vida e do respeito ao fato de que este mundo é um sistema integral. Este ponto de vista “holístico” (de “hólos” – “inteiro”, “completo”) do mundo refere-se à cosmovisão bíblica que entende o mundo como “oikos”, “casa” de Deus em que todos os elementos estão atrelados, assim são interdependentes e recebem vida a partir de seu Espírito. A partir do viés bíblico, a sustentabilidade em todos os sentidos, depende da relação de vida com o criador: 

“Que variedade, Senhor, nas tuas obras! Todas com sabedoria as fizeste; cheia está a terra das tuas riquezas. (…) Todos esperam de ti que lhes dês de comer a seu tempo. Se lhes dás, eles o recolhem; se abres a mão, eles se fartam de bens. Se ocultas o teu rosto, eles se perturbam; se lhes cortas a respiração, morrem e voltam ao pó. Envias o teu Espírito e eles são criados e assim renovas a face da terra. “ (Salmo 104. 24, 27-30).

Segundo o teólogo Fulbert Steffensky (2008), a visão holística a partir da espiritualidade cristã considera que ninguém vive para si e ninguém morre para si mesmo. Em cada indivíduo flui uma torrente que tudo sustenta e interliga, ir em busca de uma conexão que equivale a buscar o sentido. Dessa maneira, a fé se dá pela superação da desarmonia, das desconexões, dos conflitos e rupturas pelo pecado, compreendido biblicamente como ruptura de relacionamentos. Como também, a fé baseia-se na reconciliação e restauração conquistadas por Cristo e sua obra salvífica. Nesse viés, a Igreja passa a ser o espaço no qual reconciliação e restauração é vivida e experimentada, sinal de um mundo reconciliado e, logo, sustentável. Logo, configura-se como um retorno ao Criador: este é o Evangelho que cria a igreja e devolve a esperança ao mundo. 

Através da igreja, o Evangelho proporciona uma oportunidade de experiência de uma vida com Deus. Como também, a igreja é considerada como instrumento do agir do Deus da vida. O Evangelho mostra também que Deus não quer apenas manter e sustentar este mundo como sua casa – ele também quer conduzi-lo à plenitude. 

De acordo Butzke (2012), a Igreja faz parte desta “casa de Deus”, a qual tem a função primordial de colaborar na sua boa administração (oikonomia) e de ser defensora solidária da vida de todos seus habitantes. Mesmo com os avanços das pesquisas, sobre da relação entre sociedade e natureza, ao relacionar ao entendimento das causas e consequências das mudanças ambientais ainda pode se considerar pouco as motivações concretas que levam pessoas, grupos, instituições e até mesmo sociedades inteiras a tomarem certas decisões de como e quando usar recursos naturais. É sabido que ainda existem poucos estudos a respeito das relações entre valores e princípios religiosos/espirituais, o pensamento ecológico e práticas na direção da sustentabilidade. 

Para White (1967), o cristianismo não ficou isento em receber críticas severas, sendo apontado, por alguns, como um dos responsáveis pela crise ecológica do nosso planeta. Logo, torna-se evidente que crença de que o mundo foi criado por Deus para o ser humano, acarretou na ideologia fundamental para a exploração irracional da natureza. Na verdade, em parte, como retorno a essas indagações da relação negativa entre o cristianismo e a conservação ambiental, líderes e pensadores de orientação católica e protestante têm mostrado as diversas contribuições positivas do cristianismo à sustentabilidade ecológica da sociedade ocidental, a fim de exemplificação, em 1970 foi lançado um dos livros precursores que traz o papel do cristianismo na superação da crise ambiental, bem como, foi lançada a primeira encíclica papal escrita voltado a um público não necessariamente cristão e voltada para o meio ambiente, o que visa reconciliar a religião com a ecologia e, notadamente, colocar a igreja cristã como protagonista na proteção da Terra (Papa Francisco, 2015).

Para Rodrigues (2010), o fator importância de preservar o ambiente a fim de beneficiar todos, isso tem sido reiteradamente referida pela Igreja. Para a Igreja, quando confrontada com os desafios do desenvolvimento, ficou esclarecido que “O homem não pode renunciar a si mesmo, nem ao lugar que lhe compete no mundo visível; ele não pode tornar-se escravo das coisas, escravo dos sistemas econômicos, escravo da produção e escravo dos seus próprios produtos” (Redemptor Hominis, §16). Logo, a Igreja reconhecia a existência de uma nova ordem industrial e tecnológica cuja influência nefasta devia ser devidamente combatida pela ação política e social. O crescimento econômico das últimas décadas ligado ao ambiente (e às ciências da vida) coloca a questão de saber em que medida ele se enquadra no espírito dessa “nova ordem”.   Almeida (2008) afirma que se a igreja cristã estiver em harmonia com seu Deus e guardar os seus preceitos, ela deverá ter a responsabilidade de promover mudanças na sociedade. De acordo com Almeida (2008), quando a igreja cristã vive eticamente e obediência aos preceitos de Deus, a igreja pode ser a solução nesses dias atuais. Porém, ela pode se tornar um grande problema quando a igreja não está disposta a compreender o seu papel nas questões sociais.

Almeida (2008) afirma que os homens devem ter domínio pela natureza, contudo, não deve utilizar a natureza sem valores éticos, portanto, o cristão pode exercer seu domínio sem ser elemento de destruição. O cristão deve ter consciência de sua responsabilidade na sociedade. Almeida (2008) alega que o cristianismo bíblico tem uma resposta real para a crise, uma vez que oferece uma atitude equilibrada e saudável para com a natureza.

4 PERFIL DAS IGREJAS ESTUDADAS

Faz-se necessário uma breve descrição da parte histórica de cada religião; além de averiguar como é a relação dessas comunidades religiosas com o meio ambiente; de que forma elas compreendem a questão do desenvolvimento sustentável a partir de suas doutrinas e crenças; se há uma movimentação da liderança local na tratativa com o meio ambiente e desenvolvimento sustentável. 

É sabido que uma religião trabalha seu processo administrativo de forma hierárquica é relevante destacarmos que todas elas possuem orientações oriundas do órgão maior; essas orientações têm a intenção de alcançar certo alvo e para isso ocorrer essa informação precisa alcançar até ao receptor final, o membro que nos dias de culto, reunião ou missa, vai à igreja em busca do alimento espiritual e comungar com os demais membros e com isso apreender nessa relação uma de melhoria de vida coletiva e individual. (Mintzberg, 2003). 

4.1 A Igreja Católica 

Segundo Azevedo (2002), de uma forma geral, os brasileiros consideram-se “religiosos” e verdadeiros católicos, mesmo quando interpretam do seu modo a religião. Vale destacar que recentes pesquisas recentes antropológicas realizadas nas zonas rurais dos Estados do Amazonas, de São Paulo e da Bahia mostram que em algumas daquelas áreas, a totalidade das populações se declara católica e em outras o protestantismo e o espiritismo apenas representam uma pequena fração do total.

Para Azevedo (2002), o catolicismo no Brasil mostra-se atuante e com um crescimento da sua estrutura eclesiástica que são base do otimismo de muitos dos seus observadores. Ao averiguar a história religiosa do Brasil para entender as características e as tendências do catolicismo brasileiro, torna-se preciso referenciar o período que vem da instauração do regime republicano em 1889. 

Neste momento, o catolicismo configurava a religião oficial do regime monárquico e das Igrejas, e de alguma forma estava subordinada ao Estado, todavia, durante esse período, havia alguns conflitos muito sérios entre as autoridades civis e religiosas; por vezes, o Estado influenciava na nomeação dos bispos e até tomava decisões contra a Igreja, como, o fechamento dos noviciados das ordens religiosas por muitos anos e a prisão de dois bispos que tentavam livrar as irmandades da influência maçônica.

De acordo com Azevedo (2002), quando existiu a separação entre a Igreja e o Estado caracterizou o período de maior prosperidade da Igreja no Brasil. Neste instante, existia, em todo o país, apenas uma arquidiocese e umas duas dezenas de bispados, dado à Hierarquia Nacional resistir a criação de novas circunscrições eclesiásticas a fim de evitar a intervenção do poder monárquico na escolha dos novos prelados. Já em 1947, já havia 17 arquidioceses, 65 bispados, 25 prelazias e duas prefeituras apostólicas; isso foi constado vinte anos após o estabelecimento da República, o que mostra que as relações entre a Igreja e o Estado tornaram-se mais estreitas e bem sucedidas. 

Cabe ressaltar a preocupação da igreja católica no que diz respeito às questões ambientais, as quais vêm sendo difundidas graças à Doutrina Social da Igreja, o qual é o “ensinamento social” nas igrejas, e que busca a discussão de questões sociais utilizando o evangélico, criando critérios de julgamento instituindo um “discernimento moral” tendendo alcançar a “humanidade integrada e socializada”. (COMPÊNDIO DA DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA, 2004, p. 13-14).

Para Silva (1996), pode-se perceber a preocupação da igreja católica a respeito das questões ambientais, isto é antigo, torna-se possível verificar como exemplo a sua contribuição e participação em eventos ambientais importantes, tais como o Rio 92, na qual foi enviado um representante oficial do Vaticano e da hierarquia católica Brasileira, e também participando de reuniões com ONG’s ambientais de forma extra oficial.

De fato, o discurso de culpa das religiões da exploração desenfreada do meio ambiente torna-se realidade devido à postulação de que o antropocentrismo tem apoio nos fundamentos bíblicos (BRANCO, 2010), contudo, a religião deve assumir um papel distinto demonstrando que esta deve se preocupar com as questões ambientais e assumir papel participativo (PESSINI, 2007). Essa mudança de papel da igreja católica fica evidente por meio do livro Doutrina Social da Igreja, ao afirmar que o homem pode utilizar da natureza sem abusar e sem danifica-la, intervindo de forma para ajudar a desenvolver sua essência (DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA, 460).

Vale destacar a relevância da igreja como instrumento de influência, e que muitos de seus ensinamentos estão presentes nas leis de vários países, como o Brasil, que possui menção a religião na Constituição de 1988 da Republica do Brasil (SILVA, 1996).

Para Silva, Gama & Nascimento (2015), é evidente a preocupação com o meio ambiente, e isto não deve ser responsabilidade apenas de um indivíduo, do governo, mas de todos. Quanto aos sérios problemas ecológicos, estes esperam uma ação rápida que propicie uma mudança no estilo de vida que leve o ser humano a refletir naquilo que é sublime, necessário; além da forma de consumo que deve ser equilibrada sem desperdícios; quanto ao crescimento, este não deve ser unilateral, mas algo comum. 

Em vista dessa situação, torna-se fundamental sair da lógica do consumismo e promover novos formatos de produção agrícola e industrial que vise à ordem da criação e satisfaçam as necessidades mais básicas de todos. Uma consciência renovada com atitudes que indicam uma reciprocidade mútua que concorre para eliminação de diversos desastres de cunho ecológico, servindo de modelo de resposta para desastres que possam atingir nações e territórios.

4.2 A Igreja Cristã Evangélica do Brasil

A Aliança das Igrejas Cristãs Evangélicas do Brasil- AICEB, tem seu surgimento na cidade de Barra do Corda, no Estado do Maranhão, cabe ressaltar que os Missionários independentes deram início à evangelização. Nos meados de 1923, a Worldwide Evangelization Crusade (WEC), uma missão Interdenominacional com sede na Inglaterra, enviou ao Brasil um grupo de missionários para ajudar nesse processo. No entanto, o verdadeiro marco da igreja caracteriza-se com um grupo de crentes no Maranhão tendo como precursores, João Batista Pinheiro, Perrin Smith, Patrício Cavalcante, Antônio Resplandes dentre outros (Silva, 2017).

A AICEB, do ponto de vista estrutural, possui igrejas, livrarias e escolas, sendo os principais: Instituto Bíblico do Maranhão, em Barra do Corda, o Internato Evangélico Amazônia, na cidade de Breves, na Ilha do Marajó – PA, o Instituto Bíblico de Abaetetuba –PA, o Internato Betânia, de Curupuru –MA. Desempenhando um papel fundamental na vida de jovens, adolescentes e crianças nas regiões onde se localizam.

4.3 Igreja Adventista do Sétimo Dia 

Igreja que é conhecida como a que guarda o sábado bíblico, a Igreja Adventista do Sétimo Dia – IASD, tem sua origem no século XIX na América do Norte, especificamente na parte Norte dos Estados Unidos da América- EUA, e também ao movimento millerita¹. Em 1963, de forma organizacional, houve a criação da Associação Geral (Sede Geral da organização) que é uma representação das Divisões (sedes administrativas responsáveis por vários países), Uniões (sedes administrativas em Regiões de um determinado País), Associações e Missões (sedes administrativas das congregações e igrejas locais). 

O nome Adventista do Sétimo Dia deve-se ao fato básico de duas crenças propagadas pela IASD. A palavra Adventista deriva da crença que o Jesus ressuscitado voltará nas nuvens do céu em um momento no futuro para levar para o céu aqueles que O aguardam (Ap 1:7 e Mt 24:30). A palavra Sétimo Dia, é uma alusão ao chamado que os mesmos fazem para a observância do dia de repouso estabelecido por Deus na Criação, o Sábado do Senhor (Gn 2:3, Ex 20: 8-11 e Ap 14:7) ainda em vigor nos dias atuais e na nova Terra (Is 66:23). A igreja Adventista Do Sétimo Dia é presente em 2013 países dos 235 reconhecidos pela ONU (Organização das nações Unidas). Em 2019, alcançaram mais de 20.008.779 milhões de membros distribuídos nos 215 países; pregam o evangelho em 1002 línguas e dialetos; publicam revistas e livros em 375 línguas e dialetos; possuem 61 editoras e gráficas no mundo; contam com 160 centros de produção de mídias espalhados pelos cinco continentes, tem 790 hospitais, clínicas e orfanatos ao redor do mundo; implantaram 19 indústrias de alimentos com viés vegetariano livres de agrotóxicos e inseticidas; estabeleceram 8.208 unidades escolares com um contingente de 1.922.982 alunos desde o jardim ao doutorado. O Clube de Desbravadores² e Aventureiros³ são bem presente em grande parte dos Países alcançados pela igreja. Hoje existem 134 países que contam com a ajuda humanitária da Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais – ADRA.  É constituída por 28 crenças fundamentais. Aceitam a Bíblia como seu único e imutável credo de fé e preservam as crenças fundamentais como as Sagradas Escrituras assim ensinam. Estas crenças aceitas pela IASD são a percepção e expressão que a Instituição sustém sobre os ensinos bíblicos.

4.4 Assembleia de Deus 

A origem da igreja Assembleia de Deus não pode ser compreendida sem retroceder no tempo e observar a relação dela com aos acontecimentos ocorridos na Rua Azusa4. Não que a sua origem esteja nesse acontecimento, no entanto, em função desse ocorrido foi que missionários chegaram aqui no Brasil. Além do reavivamento, milagres e falar em línguas, recebiam visões de cunho missionário indicando o local, País onde devia ir e iniciar uma obra de evangelização. 

Nesse período, muitos missionários eram enviados a vários países vindo da Europa para a América do Norte fundar igrejas naquelas terras. Em 1902, aportou no EUA o missionário de nome Dn Gustav Berg, e em 1903, o missionário Gunnar Vingren, estes vieram de uma mesma Igreja Batista de Estocolmo. Então, eles souberam do movimento que ocorria na Rua Azusa e resolveram experimentar das manifestações ali existentes, os dois missionários não se conheciam e somente anos depois foi que os dois se encontraram em um evento e depois desenvolveram uma amizade. Logo, conheceram o Pastor Adolfo Uldin, que fez uma revelação aos dois missionários, que os mesmos deviam trazer o avivamento para um lugar chamado Pará, no Brasil. E foi o que eles fizeram. Os dois missionários batistas chegaram ao Brasil por meios próprios e ajuda financeira de correligionários, sem auxílio familiar ou de qualquer igreja. (MARTINS, 2016).

Em 1910, ambos aportaram no Brasil. Em 19 de Novembro daquele ano, foram recebidos pelo representante da Igreja Batista o Pastor Raimundo Nobre que os integrou a comunidade da fé. Posteriormente, começaram a compartilhar as manifestações que haviam experimentado nos EUA e divulgar a mensagem pentecostal que dizia que “Jesus salva, cura, liberta, batiza no Espírito Santo, revela Sua vontade e leva para o céu”. (Martins, 2016)

Por aquelas manifestações por não fazerem parte da fé Batista, e ter começado uma divisão na igreja, o Pastor Raimundo um ano depois da chegada deles, os expulsou da Igreja. Naquelas alturas, dezessete pessoas já haviam experimentado o fenômeno trazido pelas pregações dos dois suecos Gunnar e Vingren e também foram expulsos. Foi nesse contexto de não poder expressar essa nova experiência para seus irmãos de fé e expandir essa nova luz para os demais, associado à necessidade congregar que resolveram fundar a Igreja Missão de Fé Apostólica. (Martins, 2016)

Em 1918, passado sete anos da expulsão dos missionários suecos do rol de membros da Igreja Batista tradicional aqui de Belém do Pará e da ação que criou a Igreja Missão de Fé Apostólica, logo foi cogitado a troca do nome da denominação, o que ocorreu no mês de janeiro de 1918. Com inspirações do nome da uma igreja norte americana a “Assembly of God Church”, a igreja passou a ser chamada de Assembleia de Deustendo como o primeiro templo e próprio na Travessa Nove de janeiro, em Belém do Pará, Brasil. (Martins, 2016).

Em seguida aos fatos de sua origem aqui no Norte do Brasil o que se percebe é que a igreja Assembleia de Deus experimentou um crescimento exponencial ao longo do Brasil. Esse crescimento possibilitou a mesma se dividir em outras ramificações reconhecidas como Assembleias de Deus que embora independente adotam o mesmo nome. No Rio de Janeiro, em 1923, está situado uma das maiores representações da Assembleia de Deus, em Madureira. Pastoreada pelo Pastor e bispo Manoel Ferreira, desde de 1983, de onde foi e continua sendo suporte para implantação de igrejas em outras localidade e Estados.  (Martins, 2016).

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.1 Análise da pesquisa por meio de gráficos

Os resultados do levantamento de dados foram pautados nas respostas obtidas pelos membros das instituições religiosas participantes desta pesquisa. As igrejas selecionadas (Católica, Cristã Evangélica, Assembleia de Deus e Adventista do Sétimo Dia) responderam perguntas referentes à interação e ao papel da igreja frente às problemáticas ambientais. Os entrevistados tinham idades que variavam entre 18 a 65 anos de idade, e apresentavam escolaridades entre ensino médio completo, ensino superior incompleto e completo.

O gráfico, a seguir, traz informações adquiridas referentes ao entendimento dos respondentes em relação ao ambiente e ao homem.  

Gráfico 1– Relação entre o homem e o ambiente.

Fonte: elaboração do autor, 2019.

A representação gráfica acima mostra os dados obtidos mediante ao discernimento dos participantes em relação ao nível de envolvimento do homem com o meio ambiente. Desta forma, 100% do público alvo admite que o homem está, de fato, inteiramente entrelaçado com este espaço, sendo muitas vezes dependente deste.

A relação do homem com a natureza é altamente destrutiva, uma vez que este sujeito ao longo dos anos vem se apoderando dos recursos naturais, visando à lucratividade e qualidade de vida que é centralizada na mão de poucos. Deste modo, o que vem sendo observado é que essa utilização desenfreada desses recursos está provocando um esgotamento no planeta entre diferentes esferas o que vem ameaçando consideravelmente o equilíbrio ambiental. Em consonância Passos e Oliveira (2016) afirmam que essa relação é tão antiga, que tudo que este ser precisa é advindo da natureza, ou seja, recinto que é essencial e necessário para a sobrevivência das atuais e futuras gerações. Os autores citados enfatizam que os efeitos danosos propagados pelo homem em relação ao meio natural, para a obtenção de alguma vantagem, vêm tomando proporções, jamais vista, e que podem não ter como reverter este quadro de exaustão que o planeta vem apresentando. 

A representação gráfica, a seguir, demonstrará os valores percentuais obtidos, a partir do discernimento dos participantes em relação à crise ambiental.

Gráfico 2 – Crise Ambiental

Fonte: Elaboração do autor, 2019

Os resultados mostram que a maioria dos respondentes, 100% afirmam que está sendo evidenciando uma crise ambiental, não sendo pontuado o outro critério desta análise. Pinto & Zacarias (2009) apontam que o estilo capitalista desenvolvido pela sociedade contemporânea, reforça ações que inviabilizam e destroem a natureza, onde a destruição desenfreada tem surtido efeitos maléficos e que estão provocando sérios problemas ambientes, os quais estão sendo perceptível de maneira global, tais como “aquecimento global, desflorestamento, contaminação hídrica, desertificação, extinção da fauna e da flora e perda da biodiversidade”, problemas que a cada ano que se passa, é notório o agravamento dos mesmos, em escala, consideravelmente críticas e em altíssima velocidade.

Pinto & Zacarias (2009) advertem que se torna imprescindível que a Educação Ambiental seja decisiva na tomada de decisão, no sentido de promover nos cidadãos uma visão crítica sobre os fatos tão alarmantes que estão sendo evidenciados nos jornais, na literatura e em outros meio de acesso a informação, como uma forma de favorecer um comportamento diferenciado desses indivíduos em relação a natureza, provocando mudanças substanciais e valores que possam ser transformadores para assegurar o destino do mundo e de seus recurso com mais qualidade.

Na representação gráfica seguinte, serão analisados os dados estáticos, referentes aos problemas que foram identificados pelos membros entrevistados na região onde estão inseridos.

Gráfico 3– Problemas ambientais identificados pelos membros.

Fonte: elaboração do autor, 2019

No gráfico 3, são apresentados os critérios mencionados pelos participantes do questionário, evidenciando os problemas ambientais reconhecidos por eles.  Dentre os requisitos mais citados temos a poluição que obteve 8 membros enfatizando a presença deste elemento em suas regiões. Portanto, o descarte inadequado do lixo, mudanças climáticas e contaminação da água, cada um dos itens pontuou 6 indivíduos ratificando tal problemática. Porém para os itens mencionados pelos participantes com a perda da “biodiversidade, urbanização desenfreada, desigualdades social e extração de recursos naturais em excesso” (Pott & Estrella, 2017), todos os critérios pautados receberam um percentual de 5 pessoas observando este aspecto em suas comunidades. Logo, o critério Escassez de água obteve uma pontuação de 2 membros reconhecendo a presença deste aspecto em seu logradouro. Contudo, não foi pontuado o item “minha região não tem nenhum problema”, fator alarmante, uma vez que, nenhum dos entrevistados evidenciou a ausência de problemas ambientais próximos de suas residências. 

Pott & Estrella (2017) afirmam que desde a segunda metade do centenário passado a sociedade vem acompanhando as implicações atribuídas, mediante a um sistema resultante da revolução industrial, que foi pensando para garantir a alta produtividade para fins econômicos lucrativos, porém este método não foi organizado e ponderado para valorizar a qualidade do ambiente, e como consequência a saúde da população. Diante dos processos industriais, várias catástrofes foram observadas pela população e pelos governantes, no entanto, mediante a estas vertentes, inicia-se uma preocupação em buscar meios que conseguissem evitar que transtornos que afetam a natureza, de forma, direta ou indireta pudessem ser ocasionados novamente por grandes polos industriais. Contudo o que se tem observado, são uma sucessão de erros do passado que reflete nos dias atuais, com enfatizam os autores, que a questão ambiental é algo que necessita ser repensado agora, para que desta maneira, os acontecimentos catastróficos, possam favorecer mudanças significativas na percepção da humanidade. Portanto, diante deste comportamento preocupado com o futuro das gerações, na década de 1960 até o final de 1990, várias leis, convenções e acordos foram estabelecidos em prol do ambiente equilibrado e harmonizado, que tiveram com objetivo obter uma consonância para um desenvolvimento sustentável da economia, que pudessem ser menos impactantes ao ambiente, a sociedade e aos demais seres vivos, dependentes deste ecossistema.

A seguir a representação gráfica, traz em suas análises levantamento de informações, referente de forma a igreja promove discussões a respeito da temática ambiental. 

Gráfico 4– A igreja promovendo discussões sobre a temática ambiental

Fonte: elaboração do autor, 2019

O gráfico 4 faz uma análise, onde 62% dos indivíduos questionados nesta pesquisa, afirmam que em suas congregações é realizado discussões referente aos problemas ambientais. Já para 38% do percentual obtido alegam que em suas igrejas não são desenvolvidos debates que possam envolver e conscientizar os membros em relação a temática acima pautada. 

Steinmuller (2017 apud Adão, 2007) diz faz-se necessário a contribuição das diversas expressões espirituais, para o desenvolvimento da educação ambiental, uma vez que permite que esta abordagem possa ser trabalhada de várias formas englobando as mais diferenciadas visões de mundo, porém com um único objetivo que seria buscar o engajamento de novos indivíduos frente as temáticas ambientais, preocupados com o bem-estar do planeta associado a religiosidade, visando a obtenção de conhecimento substancial e a inclusão de mais membros em prol da defesa da natureza.   

Steinmuller (2017) aponta que nos dias atuais é notório que o número de pessoas conscientes dos problemas ambientais vem aumente consideravelmente. As escolas têm um papel fundamental, juntamente com o apoio das mídias que produzem materiais expondo tais problemáticas. Essa adesão em massa possibilitou que a população tivesse discernimento das ameaças que estão enfrentando e que possivelmente afetarão as futuras gerações também, caso não haja mudança significativa nas atitudes humanas, já que, a grande maioria dos problemas evidenciados na natureza são produzidos por ações antrópicas. 

O gráfico, a seguir, traz em suas premissas ponderações dos participantes em relação a forma de como a igreja deve promover ações ambientais.

Gráfico 5– Igreja como provedor de ações ambientais.

Fonte: elaboração do autor, 2019

No gráfico 5, pode-se observa que 100% dos dados obtido, reforçam que os fiéis, demonstram-se abertos aos ensinamentos que possam ser desenvolvidos em suas congregações, estão dispostos a ter um pleno envolvimento nas atividades promovidas por elas.

Stheinmuller (2017) aponta que responsabilidade da igreja para com a formação social deve ser assídua, apresentado campanhas que possam culminar no engajamento dos fies nas problemáticas ambientais, tornando-os disseminadores de boas ações em relação ao ambiente. Adverte que a natureza deve ser considerada um bem coletivo, não sendo admissível a utilização da mesma para fins de interesse próprio, mas que o envolvimento destes indivíduos deve ser proativo e circunstancial para a providencia de soluções plausíveis para tais questões.  Reforça que a igreja deve ensinar a comunidade cristã a ter respeito para com o meio ambiente, atitude esta que se associa com o testemunho cristão, pois saber utilizar, de modo prudente os recursos naturais, refletindo, sobre sua real necessidade de utilização pela humanidade, pode garantir não somente nossa sobrevivência com a das futuras gerações também.

Gráfico 6– Crenças religiosas relacionadas da ambiente e sustentabilidade.

Fonte: elaboração do autor, 2019.

 Os percentuais obtidos nesta representação gráfica foram de 63%, onde os entrevistados alegam que desconhecem crenças, dogmas ou doutrinas que fazem relação com o meio ambiente e/ou sustentabilidade que sejam corroboradas em sua assembleia. Já para 37% do público alvo afirmam que tem conhecimento de mandamentos que fazem alusão com o meio ambiente e/ou a sustentabilidade.

Silva (2013) ressalta que todas as religiões ministram ensinamento e norteiam seus membros para a exploração adequada da natureza, uma vez que as premissas pregadas pelas instituições religiosas, visam a preservação da vida, da saúde e do meio ambiente, já que mediante a esses preceitos depende a vida humana. Santos (2016) alega que é imprescindível que haja um diálogo entre o ensino religiosos e a educação ambiental, para que possa ser possível obter resultados positivas, estimando-se a valorização da esfera ambiental com um aspecto relevante que compõe a homília a propósito do sagrado.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 

As igrejas cristãs têm uma preocupação com o futuro, haja vista que a reflexão em torno da sustentabilidade eclesiástica deveria conduzir a todos à confiança na promessa de Cristo – de que ele irá edificar sua comunidade (Mt 16.18).

Deus é considerado como o sujeito da totalidade de processos de criação e recriação de comunidade cristã. Bem como, Deus espera que seus filhos e filhas possam colaborar nesses processos. Dessa forma, cabe a humanidade agir em reciprocidade, o que diante de todos os desafios trazidos, como o tema da sustentabilidade impõe à igreja de Cristo.

Como Boff (2016) afirma que para o mundo sustentável ser uma realidade, faz-se necessário uma mudança na mente e no seu coração. Na verdade, se precisa de um novo sentido de interdependência global e de responsabilidade universal. Outro ponto relevante defendido por Boff (2016) é que todo indivíduo, família, organização e comunidade possui um papel essencial para desempenhar, bom como as artes, as religiões e instituições públicas ou privadas, todos tem essa responsabilidade com a sustentabilidade. Pode-se afirmar que a principal conclusão deste trabalho é a de que as Igrejas Cristãs são conscientes de seu papel, de suas ações e pertinência das questões suscitadas por meio dos movimentos ambientalistas ao longo dos últimos anos, e a reflexão como resultado a respeito da problemática do desenvolvimento. Entretanto, diante dos resultados, faz-se necessário mais envolvimento das igrejas, mais efetividade no exercício de sua representatividade na sociedade para ajudar na construção de um mundo mais sustentável para todos.


¹O Movimento Millerita foi um grande movimento em torno da pregação sobre volta de Jesus Cristo que ocorreria em 1844. Entendia-se que a purificação do santuário, descoberto por Guilherme Miller nas profecias, seria a volta dEle a terra (mais informações ver Formação histórica do movimento adventista disponível em: Estudos Avançados 18 (54), 2004.
²“O Clube de Desbravadores está presente em mais de 160 países, com 90.000 sedes e mais de dois milhões de participantes. Existem oficialmente desde 1950, como um programa oficial da Igreja Adventista do 7º Dia. Meninos e meninas com idades entre 10 e 15 anos, de diferentes classes sociais, cor, ou religião. Reunem-se uma vez por semana para aprender a desenvolver talentos, habilidades, percepções e o gosto pela natureza. Vibram com atividades ao ar livre. Gostam de acampamentos, caminhadas, escaladas, explorações nas matas e cavernas. Sabem cozinhar ao ar livre, fazendo fogo sem fósforo. Demonstramos habilidade com a disciplina através de ordem unida, e têm a criatividade despertada pelas artes manuais.
Combatem, também, o uso do fumo, álcool e drogas”. Mais sobre os Desbravadores acesse: https://clubes.adventistas.org/br/about-pathfinder/
³Para crianças de 6 a 9 anos com o objetivo de ajudar a desenvolver a parte física, emocional e social.
4Na rua Azusa, nº312 na Cidade de Los Angeles –  EUA, foi o local onde o movimento pentecostal experimentou acentuadamente o chamado batismo do Espirito Santo (avivamento) com o falar em línguas estranhas, recebimento de visões, milagres.

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¹Mestrando – Universidade Federal do Pará (UFPA). Professor e Gestor de Setor na Faculdade de Educação e Tecnologia da Amazônia (FAM). Endereço: Rod. Dr. João Miranda, nº 3072/3092, Bairro Castanhal, Abaetetuba, Pará – Brasil, CEP: 68440-000. Telefone: +55 91-3751-5716. Celulares: +55 91 99218-4085 / 98505-5379. E-mail: hebraico@hotmail.com.br;
²Professor Titular da Universidade Federal do Pará (UFPA). Endereço: Campus Universitário do Guamá, CEP: 66075-900, Belém, PA – Brasil. Telefone: +55 91 3201-7868. E-mail: nfenzl@gmail.com.