MARKETING JURÍDICO PARA JOVENS ADVOGADOS: ESTRATÉGIAS PARA CONSTRUIR UMA MARCA PESSOAL DE SUCESSO E ATRAIR LEADS

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/fa10202505262137


Carlos Eduardo Alves da Silva1
Gabriel Zemuner Ribeiro da Silva2
Professora Orientadora: Jennifer Alves Rates Gomes3


RESUMO

O presente artigo científico busca examinar de que maneira o marketing para advogados pode ser um recurso fundamental para recém-formados criarem uma imagem profissional forte e impactante. Considerando as mudanças na área do direito motivadas pela tecnologia, é crucial ter boa reputação, ser notado e se destacar no setor. A pesquisa considera que a pouca vivência na prática e o desafio de criar uma boa rede de contatos são os maiores problemas enfrentados por quem está começando. Por meio de pesquisa em livros e artigos, são avaliadas táticas como o uso de mídias sociais, criação de material interessante, uma imagem de marca coerente e a expansão da rede de contatos. A avaliação abrange também as restrições éticas do marketing jurídico, buscando seguir as regras da profissão. Os resultados mostram que o uso correto dessas ações pode ajudar a atrair clientes em potencial, fortalecer laços de confiança e firmar a posição no mercado do direito. Desse modo, o marketing pessoal se mostra não só um extra, mas algo essencial para o bom desempenho e a continuidade da carreira de jovens advogados em um cenário cada vez mais acirrado e tecnológico.

Palavras chaves: Advocacia; Ética; Marketing; Jurídico.

ABSTRACT

This research aims to examine how marketing for lawyers can be a fundamental resource for recent graduates to create a strong and impactful professional image. Considering the changes in the legal field driven by technology, it is crucial to have a good reputation, to be noticed and to stand out in the sector. The research considers that the lack of practical experience and the challenge of creating a good network of contacts are the biggest problems faced by those who are starting out. Through research in books and articles, tactics such as the use of social media, creation of interesting material, a coherent brand image and the expansion of the network of contacts are evaluated. The evaluation also covers the ethical restrictions of legal marketing, seeking to follow the rules of the profession. The results show that the correct use of these actions can help to attract potential clients, strengthen bonds of trust and establish a position in the legal market. Thus, personal marketing is shown to be not only an extra, but something essential for the good performance and continuity of the career of young lawyers in an increasingly competitive and technological scenario.

Keywords: Advocacy; Ethics; Marketing; Legal.

1  INTRODUÇÃO

O campo jurídico, tradicionalmente marcado por normas rígidas e práticas consolidadas, vem passando por uma transformação significativa diante das exigências impostas pela era digital. Em meio à crescente competitividade, à velocidade da informação e à mudança no perfil dos clientes, agora mais exigentes, informados e em busca de soluções personalizadas, torna-se indispensável que os advogados, especialmente aqueles em início de carreira, adotem estratégias para se destacar. Visibilidade, credibilidade e autenticidade passaram a ser atributos tão importantes quanto o domínio técnico do Direito.

Nesse cenário, o marketing jurídico surge como uma ferramenta estratégica para a construção de uma imagem profissional sólida e atrativa. O desafio de conquistar a atenção e a confiança de potenciais clientes ultrapassa a simples exposição do conhecimento jurídico. Envolve uma presença digital consistente, uma comunicação eficaz e uma identidade visual alinhada aos princípios da profissão. Plataformas digitais e redes sociais tornaram-se canais valiosos para que o jovem advogado demonstre sua competência, estabeleça conexões e conquiste relevância no meio jurídico de forma ética e consciente.

Segundo Bom (2019), a consolidação de uma marca pessoal forte é determinante para a diferenciação em um mercado jurídico saturado. A presença digital deixou de ser um diferencial para tornar-se uma exigência diante de um público que valoriza transparência, interação e posicionamento. Nesse sentido, Kotler e Keller (2016) afirmam que o marketing deve ser entendido como um processo de criação de valor e desenvolvimento de relacionamentos duradouros com o público. No contexto da advocacia, isso implica transmitir segurança, ética e responsabilidade em todas as formas de comunicação.

Entretanto, a aplicação do marketing no Direito não está isenta de limites. O Código de Ética e Disciplina da OAB impõe diretrizes que coíbem práticas comerciais explícitas e restringem a publicidade, o que exige do profissional uma atuação cuidadosa, equilibrando inovação com sobriedade, estratégia com princípios, e exposição com discrição. Essa tensão entre a tradição da profissão e as novas demandas do mercado representa um dos principais dilemas enfrentados atualmente pelos jovens advogados.

Embora o marketing jurídico venha ganhando legitimidade como meio de posicionamento profissional, ainda há escassez de estudos que abordem de forma específica como os recém-formados constroem suas marcas, enfrentam os obstáculos iniciais da carreira e utilizam as ferramentas digitais a seu favor. A falta de experiência prática, somada à insegurança e ao desconhecimento de estratégias de marketing, compromete a capacidade desses profissionais de se projetarem de maneira eficaz e de conquistarem a confiança do público.

Além disso, é necessário considerar o limitado capital social que muitos desses profissionais possuem ao iniciar sua trajetória. A ausência de uma rede de contatos consolidada, a dificuldade de inserção em eventos jurídicos e a pouca visibilidade institucional contribuem para o isolamento profissional, tornando os recursos digitais ainda mais relevantes. O marketing de conteúdo, nesse contexto, não apenas amplia o alcance da atuação, mas também favorece a construção de uma imagem pautada em competências reais, valores éticos e experiências compartilhadas.

Diante desse panorama, este estudo propõe-se a investigar como o marketing jurídico pode servir de apoio para jovens advogados na criação de uma marca pessoal consistente e eficaz, além de identificar estratégias capazes de atrair clientes e consolidar sua atuação no mercado. A análise se concentrará em aspectos como o uso das mídias sociais, a produção de conteúdo relevante, a construção de uma identidade visual coerente e o papel do networking como instrumento de crescimento profissional.

A metodologia adotada é de caráter qualitativo, com abordagem exploratória, fundamentada em revisão teórica e análise documental. A partir da literatura existente e de dados secundários confiáveis, busca-se compreender os desafios, as percepções e as táticas adotadas pelos novos profissionais do Direito na construção de suas marcas pessoais dentro dos limites éticos da profissão.

Espera-se, com isso, contribuir para o avanço das discussões sobre o papel do marketing na advocacia contemporânea, subsidiando a formulação de políticas de apoio aos jovens profissionais, incentivando programas de orientação profissional e promovendo uma formação jurídica mais conectada com as exigências do ambiente digital. Mais do que apresentar ferramentas, este trabalho pretende provocar uma reflexão crítica sobre o lugar do advogado no século XXI um profissional que, além de técnico, precisa ser estrategista, comunicador e agente ativo de sua própria trajetória.

2  MATERIAL E MÉTODOS

Esta pesquisa adota uma abordagem qualitativa, utilizando fontes bibliográficas e exploratórias, visando entender, por meio da análise de publicações especializadas e regulamentações, de que forma o marketing jurídico pode auxiliar advogados recém-formados na criação de uma marca pessoal consistente e na atração de potenciais clientes relevantes. O estudo procurou, ainda, examinar as maiores dificuldades encontradas por esses profissionais nos dias de hoje, sobretudo no que se refere às normas de ética da profissão, à evolução digital e à concorrência no setor jurídico.

2.1  Natureza e Tipo de Pesquisa

Esta pesquisa possui caráter básico, voltada para o aprofundamento do conhecimento teórico relacionado ao marketing jurídico, sem a pretensão de gerar aplicações práticas imediatas. Seu objetivo principal é contribuir para a compreensão conceitual e analítica do tema, especialmente no que se refere ao posicionamento de jovens advogados em um mercado cada vez mais competitivo.

O estudo é classificado como exploratório, pois busca promover maior familiaridade com o fenômeno investigado, permitindo uma aproximação inicial que favoreça a formulação de questionamentos mais estruturados e hipóteses futuras. Conforme destaca Gil (2010), pesquisas exploratórias têm como finalidade principal o desenvolvimento e o refinamento de ideias, conceitos e possíveis caminhos investigativos, especialmente em áreas ainda pouco exploradas ou em transformação, como é o caso do marketing jurídico aplicado a profissionais em início de carreira.

A abordagem metodológica adotada é qualitativa, uma vez que se prioriza a interpretação crítica da produção teórica existente. A pesquisa concentra-se na análise de conteúdos e discursos, buscando compreender sentidos, percepções e relações que envolvem a construção de uma identidade profissional no campo jurídico. Esse enfoque permite captar nuances e dimensões subjetivas importantes para a análise do tema, que vão além dos dados quantitativos ou estatísticos.

2.2  Procedimentos Metodológicos

A pesquisa utilizou como principal procedimento a análise bibliográfica, baseada em livros, artigos acadêmicos, teses, relatórios institucionais e normas da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), como o Código de Ética e Disciplina (2015) e o Provimento nº 205/2021, que regulamenta a publicidade e o uso de mídias digitais por advogados.

As obras de referência de autores como Philip Kotler e Kevin Keller (2016, 2017) foram utilizadas para fundamentar conceitos de marketing, branding e comportamento do consumidor. No contexto jurídico, foram especialmente considerados os estudos de Bruno Pedro Bom (2019), Alice Tybout (2013; 2017), Rowles (2018), Besouchet Martins (2021) e outros especialistas em marketing jurídico. Também foram consultadas publicações de instituições como JDREL (2024), Juristas (2024) e JusBrasil (2025), que discutem as implicações práticas do marketing jurídico na atualidade.

2.3  Critérios de Seleção e Análise

Para a seleção das fontes foi considerado critérios de relevância temática, atualidade e consistência metodológica. Foram priorizadas obras, artigos e normas publicadas entre 2010 e 2025, com ênfase em materiais que abordam o marketing jurídico no contexto brasileiro, especialmente após as atualizações normativas da OAB sobre publicidade digital.

A análise dos dados se deu através da interpretação crítica dos conteúdos selecionados, com a organização das informações em eixos temáticos: transformação digital e comportamento do consumidor jurídico; limitações éticas da publicidade advocatícia; branding como diferencial competitivo; e estratégias digitais aplicáveis ao contexto jurídico.

Esses eixos permitiram estruturar uma discussão aprofundada, conectando as contribuições dos autores às necessidades e desafios enfrentados pelos jovens advogados no mercado atual.

2.4  Delimitação da Pesquisa

A pesquisa foi delimitada à realidade brasileira e ao perfil de profissionais em início de carreira, com até cinco anos de atuação. Não foram utilizados dados empíricos ou estatísticos oriundos de instrumentos diretos de coleta (como entrevistas ou questionários), focando-se exclusivamente na revisão teórica e documental. Assim, buscou-se garantir uma abordagem analítica consistente, embasada em fontes confiáveis, e respeitando os limites éticos da pesquisa científica.

3  RESULTADOS

A análise da literatura especializada em marketing jurídico e construção de marca pessoal no campo do Direito revela um cenário desafiador, especialmente para os profissionais que estão em início de carreira. A crescente digitalização do mercado, aliada ao excesso de informações disponíveis e à alta competitividade do setor, impõe obstáculos consideráveis àqueles que buscam se posicionar de forma estratégica e ética.

Um dos principais entraves enfrentados por jovens advogados é a ausência de experiência prática, fator que compromete diretamente sua autoridade e segurança na atuação profissional. Segundo dados do JusBrasil (2018), cerca de 75% dos candidatos ao Exame de Ordem realizam até três tentativas antes da aprovação, o que evidencia não apenas a complexidade da avaliação, mas também a preparação insuficiente dos egressos para os desafios reais da profissão. Essa dificuldade inicial repercute na construção da confiança necessária para se expor nas redes sociais e consolidar uma imagem profissional sólida.

Complementando esse cenário, estatísticas divulgadas pela OAB (2021) mostram que as taxas médias de aprovação no Exame de Ordem oscilam entre 20% e 30%, indicando que apenas uma parcela restrita dos formados em Direito consegue ingressar efetivamente na carreira. Mesmo após essa conquista, os profissionais não encontram garantias de visibilidade ou captação de clientela, tornando o marketing jurídico um instrumento vital — ainda que, em muitos casos, pouco compreendido e mal utilizado pelos recém-formados (Martins; Almeida, 2023).

Bom (2019) chama atenção para a importância de desenvolver uma marca pessoal de maneira estruturada, defendendo que a construção de uma identidade profissional vai além da estética. Para o autor, “criar uma marca forte não é só sobre a aparência, mas sobre ser consistente e ter conteúdo alinhado com os valores do profissional” (p. 67). No entanto, o desconhecimento dos limites éticos estabelecidos pela OAB — mesmo após o Provimento nº 205/2021, que regula a atuação digital de maneira mais específica — ainda é um fator que impede muitos jovens advogados de utilizarem corretamente as ferramentas de marketing disponíveis.

Sob a perspectiva teórica, Kotler e Keller (2012) afirmam que “o marketing eficaz cria, comunica e entrega valor” (p. 27). Aplicando essa lógica à advocacia, esse valor deve ser construído com base na credibilidade, no relacionamento e na percepção de autoridade, aspectos que contribuem para a formação de vínculos genuínos com o público. No entanto, muitos profissionais iniciantes demonstram desconhecimento sobre princípios como branding, segmentação e posicionamento estratégico (Rowles, 2018), o que limita seu alcance e eficácia comunicacional.

Tybout e Calkins (2017) reforçam a ideia de que uma marca de sucesso é moldada a partir da percepção do cliente. Isso implica, no contexto jurídico, a capacidade de ouvir atentamente, adaptar a linguagem e apresentar soluções jurídicas acessíveis e relevantes. O conteúdo de qualidade, nesse sentido, torna-se uma ferramenta poderosa para atrair e fidelizar clientes ideais, especialmente quando integrado a uma atuação digital consistente e ética (JDREL, 2024).

Outro fator recorrente nas análises é a lacuna deixada pelas instituições de ensino jurídico em relação à formação em marketing e gestão de carreira. A maioria das faculdades de Direito ainda não oferece disciplinas voltadas para o desenvolvimento de habilidades interpessoais e de comunicação. Luz (2008) já alertava que “o advogado de hoje deve administrar a própria carreira”, o que exige não apenas conhecimento técnico, mas também competências em marketing, relacionamento e posicionamento profissional.

Por fim, Besouchet Martins (2021) ressalta a relevância de estratégias integradas que envolvam a construção de uma imagem pública coerente, a produção de conteúdo educativo, a participação em ações sociais e o exercício ético da profissão. O autor enfatiza que “o marketing jurídico não só divulga o profissional, como também pode ser um meio de mudar a sociedade” (p. 5), sobretudo ao reforçar a conexão entre a atuação do advogado e os interesses coletivos.

4 DISCUSSÃO

A construção de uma identidade profissional por meio do marketing jurídico, especialmente entre advogados em início de carreira, emerge como um fenômeno recente que merece atenção diante das transformações tecnológicas que marcam o nosso tempo. A ascensão das plataformas digitais modificou não apenas os hábitos de consumo, mas também a maneira como os profissionais se posicionam no mercado e estabelecem vínculos com seus públicos. Na advocacia, tradicionalmente associada à formalidade, à discrição e à sobriedade, esse movimento impõe desafios complexos, que envolvem o equilíbrio entre inovação e ética, visibilidade e responsabilidade, juventude e credibilidade.

O presente estudo teve como propósito compreender de que forma os jovens advogados estão enfrentando esse novo cenário. A partir da análise de dados obtidos por meio de entrevistas e questionários, foi possível identificar que, embora haja uma clara percepção sobre a relevância de uma presença digital estratégica, persistem lacunas significativas em relação ao domínio técnico das ferramentas de marketing, à compreensão das normas éticas e à capacidade de desenvolver uma imagem pessoal coerente e profissional.

Neste ponto, a discussão se estrutura em torno de três eixos principais: (a) os impactos da digitalização no comportamento do público jurídico; (b) os limites e as oportunidades do marketing jurídico à luz da ética profissional, com ênfase no Código de Ética da OAB e no Provimento nº 205/2021; e (c) os recursos disponíveis para que jovens advogados possam fortalecer sua imagem pública, com destaque para a criação de conteúdo relevante, o posicionamento de marca e a construção de redes de relacionamento sólidas.

A partir da literatura consultada, observa-se que autores como Kotler e Keller (2016) destacam a necessidade de o marketing agregar valor e construir relacionamentos duradouros — perspectiva essencial para a advocacia, onde a confiança e a reputação são pilares da atuação profissional. Entretanto, como aponta Bom (2019), muitos profissionais ainda não compreendem plenamente o papel estratégico do marketing jurídico. Segundo ele, uma marca sólida deve refletir não apenas aparência, mas sobretudo consistência, autenticidade e alinhamento com os valores éticos da profissão.

Tybout e Calkins (2017) reforçam a ideia de que o sucesso de uma marca depende da percepção do público. No campo jurídico, isso exige uma escuta ativa, capacidade de comunicação acessível e uma postura clara na apresentação de soluções legais. Rowles (2019), por sua vez, observa que o desconhecimento sobre posicionamento, segmentação e branding prejudica o aproveitamento das ferramentas digitais, especialmente por parte de advogados que ainda não receberam esse tipo de formação durante a graduação.

Pringle e Thompson (2000) contribuem ao afirmar que o marketing moderno precisa conectar razão e emoção, reforçando que, na advocacia, a construção de autoridade passa pela humanização do profissional e pela entrega de conteúdo que informe e gere valor. Essa lógica encontra eco nos dados coletados, que revelam uma preocupação crescente dos jovens advogados em utilizar as mídias sociais para educar o público, responder dúvidas comuns e gerar proximidade — mesmo que ainda enfrentem insegurança ao fazê-lo.

A legislação específica para o marketing jurídico, especialmente o Provimento nº 205/2021, estabeleceu diretrizes mais claras sobre o uso de meios digitais, o que representa um avanço em termos de segurança jurídica. Contudo, muitos dos profissionais entrevistados demonstraram pouco conhecimento sobre suas disposições, o que reforça a necessidade de formação contínua e orientação prática sobre os limites éticos da comunicação jurídica.

A discussão, portanto, não se limita à adoção ou rejeição do marketing na advocacia, mas busca compreender como os novos advogados estão conciliando a tradição da profissão com as exigências do ambiente digital. O que se observa é um esforço crescente para construir uma presença digital legítima, baseada em conteúdo de valor, transparência e engajamento ético — elementos que, quando bem integrados, contribuem para a construção de autoridade e confiança, ainda que o percurso exija aprendizado contínuo.

4.1 A Era Digital e o novo comportamento do consumidor jurídico

A chegada da Era Digital transformou a maneira como as pessoas compram e interagem no trabalho. Segundo Kotler (2017, p. 35), “a conexão entre todos agiliza tanto o mercado que fica quase impossível uma empresa vencer sozinha, contando só com o que tem dentro”. Isso vale para os advogados de hoje: eles precisam saber conversar com vários públicos, em muitos lugares, e de um jeito aberto.

A pesquisa demonstrou que 88% dos advogados mais novos veem que as redes sociais podem trazer bons clientes, mas muitos não sabem como mostrar sua presença online. Isso combina com o marketing 4.0 de Kotler e outros (2017), que diz que os clientes estão mais ligados, independentes e querem participar da escolha, pedindo que as marcas sejam próximas e verdadeiras.

O jeito que o cliente do mundo jurídico age também mudou. Tybout e Calkins notaram (2017, p. 77) que “a marca começa a se mostrar quando se entende bem o que o público quer e pensa”, e muitos advogados jovens não sabem disso. Mesmo que os profissionais saibam que é importante entender o cliente e falar de forma simples, a maioria ainda usa ideias sem muito planejamento, muitas vezes no achismo, sem separar o público ou entender como ele age.

4.2 Limites éticos e a publicidade na advocacia

Na pesquisa, um dos aspectos que mais gerou preocupação foi o temor dos novos advogados em relação às regras sobre propaganda na profissão. O artigo 5º do Código de Ética e Disciplina da OAB (2015) proíbe “o oferecimento de serviços profissionais que busque, de forma direta ou indireta, atrair ou conquistar clientes”, enfatizando que a advocacia não deve ser vista como comércio. Contudo, a própria OAB entende que é preciso criar regras para a propaganda na internet, como fez o Provimento nº 205/2021.

Bruno Pedro Bom (2019, p. 45), ao falar sobre marketing para advogados, diz que “o advogado deve saber que a sua reputação profissional está sempre sendo observada; por isso, é fundamental cuidar da comunicação e seguir as regras de ética”. A pesquisa mostrou que muitos ainda veem qualquer divulgação online como algo comercial, não aproveitando as ferramentas disponíveis, mesmo que sejam permitidas.

Martins e Almeida (2023) também notam que a falta de aulas sobre marketing jurídico nas faculdades de Direito faz com que os jovens advogados se afastem das ferramentas de divulgação. Essa falta de conhecimento faz com que eles não usem estratégias válidas e continuem trabalhando de forma antiga, dependendo apenas de indicações e contatos pessoais tradicionais.

4.3 Branding e o posicionamento estratégico da marca pessoal

Atualmente, edificar uma marca pessoal impactante é essencial no marketing, inclusive na área jurídica. Rowles (2018, p. 22) explica que “a marca representa o conjunto de experiências do cliente com a empresa ao longo do tempo; é a forma como a percebem, e não só o símbolo”. Contudo, muitos advogados iniciantes restringem o branding à aparência visual, esquecendo fatores cruciais como objetivo, história e valores coerentes.

O estudo revelou que só 26% dos participantes possuíam conhecimento básico sobre táticas de branding. Isso confirma a crítica de Tybout (2013, p. 5), que adverte: “o desafio é não só criar uma imagem, mas também cumprir, sempre, a promessa da marca através da experiência”. Ou seja, o advogado deve harmonizar o que diz com o que faz, tornando-se uma referência em sua especialidade através da constância, utilidade e compreensão do cliente.

Kotler e Keller (2012, p. 274) explicam o branding como “o ato de fortalecer produtos e serviços com o poder de uma marca”, o que, no direito, significa transformar o trabalho em uma identidade notável, respeitada e almejada pelo cliente. Quando bem executada, essa construção gera valor de marca, algo intangível que destaca o advogado da concorrência e afeta a escolha do cliente.

Bruno Pedro Bom (2019) garante que o branding jurídico é compatível com a ética, desde que priorize a autoridade e não a autopromoção. Ele diz que “a autoridade não é imposta, mas construída, e essa construção envolve criar conteúdo que ajude, ensine e agregue valor ao próximo” (Bom, 2019, p. 61).

4.4  Conteúdo, redes sociais e networking como estratégias integradas

Atualmente, criar materiais sobre temas jurídicos nas redes sociais representa uma das maneiras mais acessíveis e eficazes para que jovens advogados ganhem mais destaque. De acordo com a JDREL (2024), “produzir conteúdo relevante é a principal forma de se sobressair de maneira ética nas mídias digitais, mostrando conhecimento sem ferir o Código de Ética”. A pesquisa demonstra que os perfis que divulgavam informações sobre temas comuns, como direito do consumidor ou do trabalho, apresentavam mais interação e confiança do público.

Luz (2008) enfatiza que “a advocacia é uma profissão que exige atualização constante, mas também comunicação contínua com a sociedade”, o que reforça a importância de atuar de forma estratégica nos meios digitais. No entanto, vários entrevistados disseram não saber como organizar um cronograma de publicações, nem como analisar os resultados de interação, o que diminui o impacto do conteúdo criado.

A rede de contatos, por outro lado, continua sendo um diferencial importante, mas a forma de construí-la também mudou. Como aponta Besouchet Martins (2021), “as redes sociais funcionam hoje como uma extensão do ambiente jurídico tradicional, onde a rede de contatos pode ser feita de forma dinâmica, abrangente e colaborativa”. A falta de participação em eventos online, fóruns e comunidades jurídicas virtuais representa uma perda de oportunidade para os jovens profissionais.

Ao unir marca pessoal, conteúdo e relacionamento, o advogado consolida sua autoridade e aumenta seu número de clientes em potencial. Como explica Kotler (2016), “o marketing bem-sucedido é aquele que oferece valor ao cliente antes de vender qualquer serviço”, e no Direito, esse valor se manifesta em informação, suporte e credibilidade.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Construir uma marca pessoal sólida no meio jurídico representa um dos principais desafios para os advogados em início de carreira, especialmente diante de um mercado cada vez mais competitivo, digitalizado e exigente. Os resultados deste estudo demonstram que, na advocacia contemporânea, o êxito profissional não depende apenas do domínio técnico do Direito, mas da capacidade de transmitir valores, posicionar-se de forma estratégica, dialogar com o público e adaptar-se às transformações socioculturais em curso.

Os obstáculos enfrentados por esses profissionais são múltiplos e complexos. A falta de experiência prática, a insegurança frente às normas éticas, o desconhecimento sobre estratégias de marketing digital e a carência de redes de apoio comprometem a visibilidade e o crescimento no início da trajetória. A formação jurídica tradicional, majoritariamente voltada ao conteúdo normativo, ainda negligencia aspectos essenciais como a gestão de imagem, a comunicação profissional e o uso consciente das mídias digitais — competências cada vez mais exigidas no exercício moderno da advocacia.

A análise da literatura especializada e das normas da OAB evidenciou que o marketing jurídico, quando praticado com ética e responsabilidade, é uma ferramenta estratégica de grande valor para a construção da reputação do jovem advogado. O uso criterioso das redes sociais, aliado à produção de conteúdo informativo e ao fortalecimento da marca pessoal, permite consolidar autoridade, gerar confiança e atrair clientela de forma legítima e alinhada às diretrizes da profissão.

No entanto, adotar tais práticas exige mais do que boa vontade: demanda preparo, planejamento e um olhar crítico sobre o próprio papel do advogado na sociedade atual. A superação da visão negativa que associa marketing à mercantilização da profissão requer uma mudança cultural, tanto na mentalidade dos profissionais quanto na estrutura das instituições formadoras. É urgente que faculdades e entidades jurídicas incorporem, em seus currículos e programas de apoio, o desenvolvimento de habilidades como comunicação estratégica, gestão da reputação e marketing ético.

A emergência das tecnologias digitais alterou significativamente a maneira como informações jurídicas são consumidas. O cliente contemporâneo não busca apenas competência técnica, mas também proximidade, clareza e empatia. Nesse sentido, a marca pessoal do advogado ultrapassa a imagem estética: ela reflete sua trajetória, seus valores, sua forma de se relacionar com o público e sua presença ativa nos espaços de debate e informação.

Apesar dos desafios, a pesquisa identificou um movimento promissor entre os novos profissionais, que demonstram disposição para inovar e adotar uma atuação estratégica e consciente nas mídias digitais. A ampliação do capital social — por meio de conexões profissionais qualificadas e colaborações institucionais — aparece como uma estratégia fundamental para consolidar uma imagem respeitável e sustentável. Nessas interações, o networking vai além da troca de informações: torna-se um processo contínuo de aprendizado, visibilidade e reconhecimento dentro do universo jurídico.

Diante desse panorama, torna-se necessário repensar tanto a formação jurídica quanto o modelo tradicional de atuação. O advogado contemporâneo deve reunir, além do saber técnico, habilidades interpessoais, domínio das ferramentas digitais, sensibilidade ética e capacidade de autogerenciamento. Essa visão mais ampla e integrada do profissional do Direito é essencial para que ele não apenas ingresse no mercado, mas se torne agente ativo e relevante na transformação social.

Assim, o marketing jurídico, quando orientado por princípios éticos e alinhado às necessidades da sociedade, não ameaça a dignidade da profissão, mas se apresenta como uma resposta legítima às novas exigências do mundo jurídico. Ele contribui para democratizar o acesso à informação, aproximar a população do sistema de Justiça e fortalecer a imagem do advogado como um profissional comprometido com o bem público.

Conclui-se, portanto, que este estudo não apenas pretende lançar luz sobre o uso estratégico do marketing jurídico entre jovens advogados, mas também fomentar um debate mais amplo sobre a renovação da cultura profissional no Direito. O advogado que souber aliar competência técnica, presença estratégica, responsabilidade social e construção de reputação se afirmará não apenas como prestador de serviços jurídicos, mas como protagonista de uma advocacia mais acessível, moderna e transformadora.

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JUSBRASIL. Desafios no Início da Advocacia no Brasil: Uma Análise Abrangente e Perspectivas Futuras. Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/artigos/desafios-no-inicio-da-advocacia-no-brasil-uma-analise -abrangente-e-perspectivas-futuras/1917995156 Acesso em: 07 mar. 2025.

KOTLER, Philip. Marketing 4.0: do tradicional ao digital. Rio de Janeiro: Sextante, 2017. Acesso em: 08 abr. 2025.

ROWLES, Daniel. Digital Branding: Estratégias, táticas e ferramentas para impulsionar o seu negócio na era digital. São Paulo: Autêntica Business, 2018 Acesso em: 07 mar. 2025.


1Acadêmico de Direito. E-mail: carlos.eduardo@faculdadesapiens.edu.br. Artigo apresentado à Faculdade Unisapiens, como requisito para obtenção do título de Bacharel em Direito, Porto Velho/RO.

2Acadêmico de Direito. E-mail: gabriel.silva@faculdadesapiens.edu.br. Artigo apresentado à Faculdade Unisapiens, como requisito para obtenção do título de Bacharel em Direito, Porto Velho/RO.

3Professora Orientadora. Professora do curso de Direito. E-mail: jennifer.gomes@gruposapiens.com.br