MAPEANDO TERRITÓRIOS VULNERÁVEIS: RELATO DA EXPERIÊNCIA DO ENSINO E DA PESQUISA PARA A FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL EM PSICOLOGIA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10053931


Ilka Mendes Fernandes
Júlia Cristina de Almeida Braz
Heitor Abadio Vicente
José Henrique Rodrigues Machado
Marcella Antunes Sousa Luiz de Oliveira
Priscila Paiva Medeiros Dias
Lucas Augusto de Carvalho Ribeiro
Dayeli Francisca Ferreira da Silva


RESUMO

O presente artigo objetiva compartilhar a experiência de pesquisa com alunos do Curso de Psicologia de uma Faculdade Particular na Cidade de Caldas Novas/GO. Esta atividade compõe um projeto idealizado a partir da ementa da disciplina de Métodos e Práticas em Psicologia 1- Psicologia na Assistência Social. Trata-se de uma pesquisa exploratória e descritiva desenvolvida no município de Caldas Novas – GO, cujo objetivo geral foi o de identificar seus territórios vulneráveis. E os objetivos específicos: conhecer a realidade social da população em condições de vulnerabilidade e risco social; o exercício da pesquisa acadêmica; a compreensão da funcionalidade da Vigilância socioassistencial. Os discentes se depararam com uma realidade diversa daquela até então conhecida, a de que existem regiões em completa vulnerabilidade e invisibilidade social. Como resultado do trabalho os alunos produziram relatórios para relatos de experiência, para a semanas de curso, artigos científico em diferentes disciplinas do curso. Tendo em vista o grande volume de informações estas devem contribuir para futuros trabalhos de pesquisa e com o planejamento de ações, projetos e políticas públicas para município.

Palavras-chave: Métodos e Prática em Psicologia; Psicologia na Assistência Social; Pesquisa; Vulnerabilidade social.

1. INTRODUÇÃO

Em um primeiro contato com alunos ingressantes no curso de graduação em Psicologia, quando perguntados de suas motivações para se formarem psicólogos a resposta “ajudar pessoas” é bastante recorrente, o que não deixa, obviamente, de ser um aspecto relevante da profissão. Assim como os recém-chegados ao ensino superior, alguma parcela da sociedade comunga desta ideia um tanto restrita da Psicologia. Ao longo de sua formação acadêmica os futuros psicólogos vão construindo por meio do ensino, da pesquisa e da extensão uma compreensão deste campo do saber e da prática profissional muito mais complexa em termos de possibilidade de atuação, que em muito superam ao modelo clínico quase sempre restrito ao atendimento do indivíduo e de seu sofrimento intrapsíquico.

Ao longo de mais de 60 anos da regulamentação da psicologia no Brasil, além da crescente produção científica as práticas profissionais foram se diversificando, sobretudo em razão da realidade social brasileira que exigiu reformulações na maneira de compreender seu papel na sociedade. Nesse sentido, constata-se cotidianamente que a realidade latino-americana e dessa forma a brasileira, remete a uma realidade social geradora de muito sofrimento psíquico. As desigualdades sociais, as frequentes crises econômicas, constantes violações de direitos básicos apresenta-se uma realidade social complexa, exigindo uma formação profissional que compreenda e atue na transformação social. Nesta direção, é necessário formar profissionais atentos e preparados para atuar em conjunto com outros profissionais também comprometidos com as pessoas em situação de vulnerabilidade e risco social, como descreve o Conselho Federal de Psicologia:

Historicamente a atuação profissional dos psicólogos e psicólogas estava restrita à Psicologia aplicada, executada em consultórios particulares, escolas e empresas, cujo acesso estava limitado àqueles que dispunham de recursos para custear o trabalho dos psicólogos e psicólogas (Crepop, 2011, p. 9)1.

A partir dos anos 2000, com a implementação das Políticas Públicas, em especial da Saúde (SUS) e da Assistência Social (SUAS), que receberam contribuições importantes da Psicologia, houve uma crescente preparação dos psicólogos formados e em formação para atuarem nos diferentes projetos, programas e ações direcionadas a garantir aos cidadãos acesso aos seus direitos fundamentais.

Para Souza, Facci e Silva (2018, p. 13),

nas várias áreas em que o psicólogo atua, constata-se a discussão da importância de um trabalho social, em equipes multiprofissionais, utilizando referenciais teórico-metodológicos que busquem responder, de alguma maneira, aos desafios postos pela realidade social na qual os indivíduos estão inseridos, destacando-se sua constituição histórica e cultural.

Conhecer a realidade social é um passo importante para uma atuação profissional, as características dos territórios, as Políticas Públicas e sua funcionalidade no caminho das garantias dos direitos, este relato pretende descrever um percurso do trabalho acadêmico comprometido com essa formação.

Para melhor apresentação, este trabalho está organizado em cinco sessões. Na primeira, são apresentados alguns apontamentos sobre o papel da pesquisa na formação acadêmica em especial na formação do psicólogo enquanto relevante ferramenta que oportuniza a antecipação da realidade social que deverá ser espaço de atuação profissional. Na segunda sessão, será apontado os conceitos de vulnerabilidade e risco social enquanto conceitos da Política da Assistência Social.

Na terceira, são apresentados os processos metodológicos demonstrando o percurso percorrido pelos discentes para alcançar a o resultado proposto por esta investigação. Na quarta sessão serão apresentados os resultados obtidos, as possibilidades de divulgação e continuidade da pesquisa e, posteriormente, na quinta sessão, são compartilhadas as considerações finais desse exercício de pesquisa acadêmica.

2. O PAPEL DA PESQUISA NA FORMAÇÃO ACADÊMICA

A Pesquisa acadêmica ao lado do Ensino e da Extensão complementam uma formação empenhada em formar profissionais autônomos, capazes de promover uma atuação que priorize a transformação social com conhecimentos que respondam as demandas da sociedade.

Para Lampert (2007), a pesquisa está ou deveria estar em todas as universidades que aspiram a oferecer melhores condições de vida a sociedade, pois ela abre novas possibilidades novos horizontes, novas descobertas e ensino de qualidade. O exercício da pesquisa acadêmica ao longo da graduação oportuniza o desenvolvimento de um olhar crítico da realidade, ferramentas metodológicas necessárias para descrever seus processos e contribuir com inovações necessárias as mudanças da sociedade.

Sobre a relevância da pesquisa acadêmica, Severino (2007) diz que de modo especial, a identificação dos problemas que digam respeito à comunidade próxima, de modo que os resultados possam se traduzir em contribuições para ela.

Quanto as orientações previstas para a formação do profissional da psicologia destaca-se a Resolução nº 5, de 15 de março de 2011 do Conselho Nacional de Educação que institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de graduação em Psicologia, estabelecendo normas para o projeto pedagógico e complementar para a Formação de Professores de Psicologia, traz em seu artigo 3ª entre outros importantes aspectos, a formação pautada pela pesquisa para o desenvolvimento de conhecimentos das diferentes dimensões do ser:

Art. 3º O curso de graduação em Psicologia tem como meta central a formação do psicólogo voltado para a atuação profissional, para a pesquisa e para o ensino de Psicologia, e deve assegurar uma formação baseada nos seguintes princípios e compromissos:

I – construção e desenvolvimento do conhecimento científico em Psicologia;

II – compreensão dos múltiplos referenciais que buscam apreender a amplitude do fenômeno psicológico em suas interfaces com os fenômenos biológicos e sociais;

III – reconhecimento da diversidade de perspectivas necessárias para compreensão do ser humano e incentivo à interlocução com campos de conhecimento que permitam a apreensão da complexidade e multideterminação do fenômeno psicológico;

IV – compreensão crítica dos fenômenos sociais, econômicos, culturais e políticos do País, fundamentais ao exercício da cidadania e da profissão; V – atuação em diferentes contextos, considerando as necessidades sociais e os direitos humanos, tendo em vista a promoção da qualidade de vida dos indivíduos, grupos, organizações e comunidades;

VI – respeito à ética nas relações com clientes e usuários, com colegas, com o público e na produção e divulgação de pesquisas, trabalhos e informações da área da Psicologia; VII – aprimoramento e capacitação contínuos (Brasil, 2011, p. 1).

Percebe-se a partir da resolução acima que a formação científica do Psicólogo deve priorizar um conhecimento capaz de desenvolver competências técnicas por meio de um vasto conhecimento teórico, assim como pela vivência da pesquisa cientifica que oportunizará o contato com os diferentes contextos sociais, campo de atuação profissional.

2.1. VULNERABILIDADE E RISCO SOCIAL

Vulnerabilidade é um conceito compartilhado por vários campos de pesquisas científicas, dentre elas a saúde e as Políticas da Assistência Social. Este conceito está comumente associado ou faz referência a alguma parcela da sociedade que se encontra em condições de violações de seus direitos básicos, sejam esses de saúde, sociais ou econômicos.

Sobre a origem deste conceito, destaca-se que:

O conceito de vulnerabilidade surgiu na década de 1980, como resposta à epidemia de Human Immunodeficiency Virus (HIV)/Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (aids), referindo-se às pessoas que apresentavam uma gama maior de fatores associados à ação patogênica do vírus. Percebe-se, assim, que esse conceito estava relacionado à saúde, resultante de um processo de interseções entre o ativismo suscitado pela epidemia do HIV/aids e o movimento dos direitos humanos (Scott; Prola; Siqueira; Pereira, 2018, p. 601-602).

Mesmo que a concepção de vulnerabilidade seja igualmente compartilhada em muitos estudos, pesquisas e ações dirigidas às pessoas com direitos violados, especificamente neste trabalho apresentar-se-á o conceito de vulnerabilidade e Risco Social pelo olhar da Política de Assistência Social2 e pela Vigilância Socioassistencial3.

Em seu artigo 1º, a assistência social, direito do cidadão e dever do Estado, é Política de Seguridade Social não contributiva, que provê os mínimos sociais, realizada através de um conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da sociedade, para garantir o atendimento às necessidades básicas. À Política da Assistência Social cabe a tarefa de ser porta de entrada para a população que se encontra desprovida de seus direitos básicos, a promoção da vida de indivíduos e famílias, das pessoas com necessidades especiais. Seu trabalho volta-se para as implementações de ações, projetos e serviços que visam a redução de danos e a exposição a riscos sociais de exposição a violência e privações.

Sobre a concepção de vulnerabilidade social, destaca-se que:

a vulnerabilidade se constitui em situações ou ainda em identidades que podem levar a exclusão social dos sujeitos. Estas situações se originam no processo de produção e reprodução de desigualdades sociais, nos processos discriminatórios, segregacionais engendrados nas construções sócio-históricas que privilegiam alguns pertencimentos em relação a outros (Ministério do Desenvolvimento Social, 2008, p. 13).

Estas condições sociais discriminatórias e excludentes são constatadas na realidade das minorias sociais, quase sempre privadas de direitos, assim como a da população empobrecidas pelas desigualdades sociais. O não acesso a direitos básicos como saúde, educação, trabalho e renda perpetuam a vulnerabilidade de indivíduos e famílias e a expõe aos mais diferentes riscos sociais.

Ao refletir sobre os meios de transformação dessa realidade cabe a Vigilância Socioassistencial o papel de nortear as ações governamentais. Sendo, portanto, uma de suas importantes atribuições:

A NOB 2005 já apontava que a Vigilância Socioassistencial consiste no desenvolvimento de capacidades e meios técnicos para que os gestores e profissionais da Assistência Social possam conhecer a presença das formas de vulnerabilidade social da população e do território pelo qual são responsáveis, induzindo o planejamento de ações preventivas e contribuindo para o aprimoramento das ações que visem a restauração de direitos violados e a interrupção de situações de violência (Ministério do Desenvolvimento Social, 2008, p. 13).

Este trabalho também pretendeu percorrer esse caminho fundamental da Vigilância Socioassistencial, isto é, investigar, conhecer e identificar a ocorrência de vulnerabilidade e risco social, nos diferentes territórios que compõe a cidade de Caldas Novas/ GO. Compreendendo que a ausência de políticas publicas ou do acesso a direitos básicos e fundamentais podem expor a população mais vulnerável a riscos a suas vidas ou ainda perpetuar sua condição de privações.

3. PERCURSO METODOLÓGICO

Para Severino (2007), a pesquisa exploratória busca apenas levantar informações sobre um determinado objeto, delimitando assim um campo de trabalho, mapeando as condições de manifestações desse objeto. Na verdade, ela é uma preparação para a pesquisa explicativa.

Este trabalho trata-se do relato de experiência no desenvolvimento de pesquisas com discentes cursando o 5º período do Curso de Psicologia de uma Instituição de Ensino Superior em Caldas Novas/ Goiás. O trabalho de pesquisa inicia-se com a disciplina de Métodos e Prática em Psicologia 1: Psicologia na Assistência Social que tinha como objetivos gerais: promover por meio de investigação e pesquisas de campo a localização, descrição e ou identificação dos territórios vulneráveis no município de Caldas Novas -GO; construir de forma coletiva e orientada por referenciais teóricos e orientadores das Políticas de Assistência Social e Vigilância Socioassistencial, instrumentos capazes de avaliar as condições de vulnerabilidades e risco social nos diferentes territórios de Caldas Novas e propor ações, programas e Políticas Públicas que revertam essa realidade encontrada. O projeto teve início no segundo semestre de 2020/2021 com continuidade nas turmas subsequentes desta disciplina.

Os critérios de análise para definição das condições de vulnerabilidade e risco social restringiram-se à ausência das políticas públicas, além dos registros de atendimentos realizados pelos conselheiros tutelares de casos de violência sexual contra crianças e adolescentes no período entre 2017 e 2022. Para o mapeamento destas unidades e serviços públicos foi providenciado um mapa impresso de toda extensão do município de Caldas Novas /GO com dimensões de 2,25 x 1,25 mts, disposto na sala de processos grupais. E como procedimento inicial para coleta das informações foram encaminhados ofícios aos gestores responsáveis por estas pastas. Nestes ofícios foram solicitadas informações sobre a descrição dos projetos, ações e unidades de serviços com seus respectivos endereços.

Quadro 1 – Descrição dos serviços e infraestruturas básicas (critérios de análise) observadas nos bairros (2021/2)

BairrosIluminação públicaÁgua potávelEsgotoTransporte PublicoOutras políticas públicas (escolas, CMEIs, Unidades de saúde)
1-




Fonte: Elaborada pelos autores (2023)

Quadro 2 – Descrição das informações solicitadas sobre as Unidades de Saúde Básica (UBS4 ;ESF5; NASF) (2022/1)

Unidade de SaúdeEndereço/bairroEquipe de referência/nº de profissionaisEspecificação -Programas/serviços/ações
1-


Fonte: Elaborada pelos autores (2023)

Quadro 3 – Descrição das informações solicitadas a Secretaria de Saúde sobre serviços em Saúde Mental (CAPS6) (2022/1)

Descrição da unidade em saúde mentalBairro/endereçoEquipe de referência
1-

Fonte: Elaborada pelos autores (2023)

Quadro 4 – Descrição das informações solicitadas aos Conselhos Tutelares – Unidades Leste /Oeste de Caldas Novas -GO (2022/1)

BairrosTipologia da violência domésticaQuantitativo de denúnciaIdade da vítimaSexo da vítima
1-



Fonte: Elaborada pelos autores (2023)

Quadro 5 – Descrição das informações solicitadas à Secretaria de Assistência Social sobre programas, ações e projetos desenvolvidos

BairroEquipamento da política de Assistência socialProgramas e serviçosAçõesEquipe de referência





Fonte: Elaborada pelos autores (2023)

Quadro 6 – Descrição das informações solicitadas à Secretaria Municipal de Educação

BairroUnidades de educação/Projetos e ações de educaçãoEquipe de trabalho




Fonte: Elaborada pelos autores (2023)

Após trinta dias do envio dos ofícios apenas os Conselhos Tutelares haviam respondido parcialmente as informações solicitadas. Diante da ausência de informações das Secretarias de Saúde, Educação e Assistência Social, decidiu-se dividir as duas turmas dos quintos períodos de psicologia, matutino e noturno em equipes para realizar o levantamento de todas as unidades da Saúde da Educação e os equipamentos da Assistência Social pelo site oficial da prefeitura, por telefone e visitas presenciais a estas instituições.

De posse dos dados, a etapa seguinte foi a de localizar no mapa do município usando alfinetes coloridos a localização de todas as Unidades de Saúde UBS, ESF, CAPS II, CAPS AD, CAPS i; Unidades Escolares -Centros de educação infantis CMEIs, Escolas de Ensino Fundamental I e II, e Médio; da Assistência Social – CRAS7, CREAS8, SCFV9, CadÚnico10 e Bolsa Família11.

A terceira etapa do trabalho foi o registro nos mapas de todos os casos de violência sexual contra crianças e adolescentes atendidos pelos Conselhos Tutelares entre os anos de 2017 e 2022.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para Severino (2007), toda modalidade de conhecimento realizado implica uma condição prévia, um pressuposto relacionado a concepção própria da relação entre sujeito-objeto. Neste exercício de pesquisa aqui descrito, iniciou-se a presente investigação pela concepção da política de assistências social que compreende que os territórios privados da presença de políticas públicas podem significar uma maior condição de vulnerabilidade social ou impossibilidade de eliminação desta condição.

Figura 1 – Mapa de Políticas Públicas

Fonte: Arquivo próprio – mapa de Caldas Novas GO após a localização das políticas públicas com alfinetes: azuis, verdes e amarelos os alfinetes vermelhos são registros de violências sexuais

Após terminado o processo de mapeamento das políticas públicas e das violências sexuais registradas, foi possível constatar a prevalência destas políticas, serviços e projetos na região central do município. A grande maioria dos territórios, especificamente, as periferias encontram-se muito distantes destes serviços ou tem seu acesso dificultado pela ausência do serviço de transporte público. Quanto aos registros das violências sexuais, observa-se que essas também se concentram próximos aos territórios assistidos pelas políticas públicas não havendo registros nas periferias da cidade.

Por ter como objetivo a descrição da pesquisa e não a sua análise, esse trabalho detém-se a apresentar os resultados desta experiência de pesquisa para os discentes, docentes e comunidade externa, assim como, suas perspectivas de contribuições futuras.

Como resultado prático dessa pesquisa pode-se destacar a produção de três artigos científicos, três banners que foram apresentados na Semana de Psicologia da instituição, planejamento anual de um Fórum de Mobilidade Urbana com o propósito de discutir temas pertinentes a realidade da cidade como a importância do transporte público enquanto um direito social, que garante o acesso às diversas políticas públicas do município. Além de participação na Semana do curso de Enfermagem e na Conferência Municipal de Saúde de 2023. O banco de dados tem orientado atividades em várias disciplinas do curso de psicologia e demais cursos no desenvolvimento de projetos de pesquisa e extensão. Pode-se afirmar que parte da função do trabalho de pesquisa em psicologia foi amplamente vivenciado pelos discentes.

5. A TÍTULO DE CONCLUSÃO

Com base neste estudo, percebe-se que a produção científica ao longo da formação acadêmica se configura em instrumento valioso na construção do conhecimento. A vivência de investigação, impulsiona o desejo de participar da vida social daqueles lugares que serão futuramente espaço de trabalho profissional. Aproxima a vida acadêmica da vida real, muitas vezes desconhecida, em razão da própria estruturação da cidade e de seus territórios.

As reflexões realizadas pelos discentes, docentes e todos os envolvidos nesta tarefa enriquecem sua vida acadêmica, fortalece sua formação profissional, e conclui-se que o caminho está sendo traçado seriamente na concretização do papel primordial da Psicologia que é sua responsabilidade social de transformar a realidade daqueles em condições de vulnerabilidade e riscos sociais.

6. REFERÊNCIAS

BRASIL. Resolução n° 5, de 15 de março de 2011. Ministério da Educação, Conselho Nacional de Educação (CNE), Brasília, DF, 15 mar. 2011.

CREPOP. Como os psicólogos e as psicólogas podem contribuir para avançar o sistema único de Assistência Social (SUAS) – informações para gestoras e gestores. Brasília, 2011.

LAMPERT, E. O ensino com pesquisa: realidades, desafios e perspectivas na universidade brasileira. Comunicações, v. 14, n. 1, p. 71-87, 2007.

MEDEIROS, Juliana. O que é o Cadastro Único (CadÚnico)?. Blog do Gesuas, Viçosa, 27, out. 2020. Disponível em: https://blog.gesuas.com.br/cadastro-unico/. Acesso em: 14 de outubro de 2023.

MEDEIROS, Juliana. SCFV: Tudo o que você precisa saber sobre o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos. Blog do Gesuas, Viçosa, 20, nov. 2021. Disponível em: https://blog.gesuas.com.br/scfv/. Acesso em: 14 de outubro de 2023.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Política Nacional de Atenção Básica. Brasília, 2012.

______________________. Centros de Atenção Psicossocial. Brasília, 2023.

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL. Orientações técnicas da Vigilância Socioassistencial. Brasília, 2008.

SCOTT, Juliano Beck; PROLA, Caroline de Abreu; SIQUEIRA, Aline Cardoso; PEREIRA, Caroline Rubin Rossato. O conceito de vulnerabilidade social no âmbito da psicologia no Brasil: uma revisão sistemática da literatura. Psicologia em Revista, Belo Horizonte, v. 24, n. 2, p. 600-615, ago. 2018.

SEVERINO, A. J. Metodologia do Trabalho Científico. São Paulo: Cortez, 2007.

SOUZA, M. P. R.; FACCI, M. G. D.; SILVA, S. M. C. Sobre as Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de graduação em Psicologia. Psicologia: Escola e Educação, v. 22, n. 1, p. 13-16, 2018.

1 Centro de Referências Técnicas em Psicologia e Políticas Públicas (Crepop), órgão que tem por objetivo realizar pesquisas sobre a atuação dos psicólogos e psicólogas em políticas públicas para que seus resultados subsidiem a elaboração de Referências Técnicas para atuação da categoria nessa área.

2 Lei nº. 8742 de 7 de dezembro de 1993.

3 A Norma Operacional Básica do SUAS aprovada em 2012 – NOB 2012 – em seu artigo 1º afirma a Vigilância Socioassistencial como uma função da política de assistência social, conjuntamente com a Proteção Social e a Defesa de Direitos.

4 Unidade Básica de Saúde regulamentada pela Portaria Nº 2.436, de 21 de setembro de 2017. As UBSs oferecem uma variedade de serviços de saúde, incluindo consultas médicas, exames básicos, imunizações, pré-natal, planejamento familiar, acompanhamento de doenças crônicas, atendimento odontológico, entre outros

5 A Estratégia Saúde da Família visa à reorganização da atenção básica no País, de acordo com os preceitos do Sistema Único de Saúde, e é tida pelo Ministério da Saúde e gestores estaduais e municipais, representados respectivamente pelo Conass e Conasems, como estratégia de expansão, qualificação e consolidação da atenção básica por favorecer uma reorientação do processo de trabalho com maior potencial de aprofundar os princípios, diretrizes e fundamentos da atenção básica, de ampliar a resolutividade e impacto na situação de saúde das pessoas e coletividades, além de propiciar uma importante relação custo-efetividade

6 Centros de Atenção Psicossocial Unidades que prestam serviços de saúde de caráter aberto e comunitário. Constituído por equipe multiprofissional que atua sobre a ótica interdisciplinar e realiza prioritariamente atendimento às pessoas com sofrimento ou transtorno mental incluindo aqueles decorrentes do consumo de álcool e outras drogas CAPS AD (Ministério da Saúde).

7O Centro de Referência de Assistência Social – CRAS é uma unidade pública de atendimento à população e são oferecidos os serviços de Assistência Social. No CRAS você pode: – fazer seu Cadastro Único; – ter orientação sobre os benefícios sociais; – ter orientação sobre seus direitos – (gov.br)

8 O Centro de Referência Especializado de Assistência Social é uma unidade pública da Assistência Social que atende pessoas que vivenciam situações de violações de direitos ou de violências (GSUAS)

9 O Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV) integra o conjunto de serviços do SUAS, oferecendo à população que vivencia situações de vulnerabilidades sociais, novas oportunidades de reflexão acerca da realidade social, contribuindo dessa forma para a planejamento de estratégias e na construção de novos projetos de vida. (GSUAS)

10 O Cadastro Único para Programas Sociais, o CadÚnico, é uma importante ferramenta para os programas sociais do Governo Federal. Trata-se de um instrumento que têm por objetivo incluir socialmente as famílias brasileiras de baixa renda. Por meio da base de dados contida no Cadastro Único, é possível identificar quais são as necessidades dos mais pobres e vulneráveis, suas características e onde estão localizados. (GSUAS)

11 O Programa Bolsa Família é um programa federal de transferência direta e indireta de renda que integra benefícios de assistência social, saúde, educação e emprego, destinado às famílias em situação de pobreza.