MANEJO SANITÁRIO DE EQUINOS EM SISTEMA EXTENSIVO: UMA BREVE REVISÃO DE LITERATURA

HEALTH MANAGEMENT OF EQUINES IN EXTENSIVE SYSTEM: A BRIEF LITERATURE REVIEW

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ra10202409292032


Federico dos Santos Cupello1
Alexandro Alves; Beatriz Tone Carvalho de Souza; Lucas Augusto Rodrigues de Paula; Mayara Arcanjo Breia Fernandes; Maria Paula Gaglianone; Valentina Tate; Emanuela Lima de Oliveira Galindo; Marina Jorge de Lemos; Adlilton Pacheco2


Resumo

Existem diferentes sistemas de manejo, como no extensivo, semi-intensivo e intensivo. No extensivo, os animais vivem em áreas abertas, com acesso a pastagem, um ambiente que busca replicar o mais próximo do seu modo em vida livre. Com a garantia da liberdade no sistema extensivo têm os níveis de estresse reduzidos promovendo o bem-estar, mas, em contrapartida, a integridade destes animais também é ameaçada por várias doenças. Surge a indagação se os equinos que vivem em sistema extensivo sofrem influências em relação ao manejo sanitário diferenciado. Para dar conta de responder essa dúvida, o trabalho tem como objetivos identificar os limites e possibilidades encontrados no manejo sanitário de equinos em sistema extensivo de criação, analisar quais principais aspectos que limitam o manejo sanitário adequado dentro de um sistema extensivo de criação e esclarecer sobre as possibilidades existentes para aumentar a qualidade no manejo extensivo desta criação.  Trata-se de uma Pesquisa de revisão integrativa sistemática de cunho qualitativo onde a busca pelas publicações se deu no portal de periódicos brasileiro incluindo trabalhos de língua inglês e português. Foi utilizada a análise de conteúdo após a sistematização de seleção dos artigos totalizando 20 publicações. O objetivo do estudo foi alcançado a partir do momento que se conseguiu observar as dificuldades encontradas dentro do sistema de criação extensivo. Contudo, é evidente a necessidade de estudos adicionais sobre a aplicação de tecnologias e a otimização de práticas para responder às peculiaridades deste sistema.

Palavras-chaves: Equinos. Manejo Sanitário. Sistema extensivo.

Abstract

There are different management systems for equine farming, such as extensive, semi-intensive and intensive. In extensive farming, the animals live in open areas, with access to pasture, an environment that seeks to replicate as closely as possible their free-range lifestyle. With the guarantee of freedom in the extensive system, stress levels are reduced, promoting well-being, but, on the other hand, the integrity of these animals is also threatened by several diseases. The question arises as to whether horses living in an extensive system are influenced by differentiated health management. In order to answer this question, the study aims to identify the limits and possibilities found in the health management of horses in an extensive breeding system, analyze the main aspects that limit adequate health management within an extensive breeding system and clarify the existing possibilities to increase the quality of the extensive management of this breeding. This is a systematic integrative review research of a qualitative nature where the search for publications was carried out in the Brazilian journal portal, including works in English and Portuguese. Content analysis was used after the systematization of the selection of articles, totaling 20 publications. The objective of the study was achieved from the moment it was possible to observe the difficulties encountered within the extensive breeding system. However, there is a clear need for additional studies on the application of technologies and the optimization of practices to respond to the peculiarities of this system.

Keywords: Equines. Health Management. Extensive system.

1 INTRODUÇÃO

A equinocultura pode ser realizada em diferentes sistemas de manejo, como no extensivo, semi-intensivo e intensivo. No extensivo, os animais vivem em áreas abertas, com acesso a pastagem, um ambiente que busca replicar o mais próximo do seu modo em vida livre. No entanto, esse sistema apresenta desafios que devem ser analisados com atenção para um manejo sanitário eficiente. 

Com a garantia da liberdade de movimento e comportamento, os equinos têm os níveis de estresse reduzidos, o que promove o bem-estar e auxilia diretamente na saúde (Brasil, 2017). Todavia, para garantir uma gestão sanitária eficaz, o manejo adequado das pastagens, como a rotação de piquetes e o controle de pragas e plantas invasoras, e controle sanitário são essenciais. Dessa forma, assegura-se a melhoria nutricional do animal e o ganho na produtividade (Cintra, 2011). 

Sistemas extensivos enfrentam dificuldades significativas com o controle de ectoparasitas e endoparasitas, que podem causar doenças, afetando negativamente na saúde e na produtividade desses animais.  O manejo recomendado contra esses parasitas envolve a aplicação de vermífugos, o uso de antiparasitários e a manutenção da higiene dos ambientes e fômites (Lagaggio et al., 2008; Spinosa et al., 2002).

Além disso, a integridade dos equinos também é ameaçada por várias doenças, sendo algumas de notificação de suspeita obrigatória, como mormo, anemia infecciosa equina e as encefalomielites equinas. O controle e a erradicação dessas doenças são regulados por normas específicas estabelecidas pelo Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Essas doenças podem interferir no bem-estar dos equinos, na produção e em medidas sanitárias significativas, além de tornar inviável o transporte desses animais. (Brasil, 2018).

Com a criação de equinos em sistema extensivo, torna-se necessário um gerenciamento sanitário satisfatório. Visto isso, pensou-se na seguinte problemática que norteou esse trabalho: Os Equinos que vivem em sistema extensivo sofrem influências em relação ao manejo sanitário diferenciado?

Com base na questão norteadora que delimitou essa pesquisa foi elencado objetivos estratégicos para se chegar ao resultado esperado e esses objetivos são descritos a seguir:

1.1 Objetivo Geral

Identificar os limites e possibilidades encontrados no manejo sanitário de equinos em sistema extensivo de criação.

1.2 Objetivos específicos 

Analisar quais principais aspectos que limitam o manejo sanitário adequado dentro de um sistema extensivo de criação de equinos; 

Esclarecer sobre as possibilidades existentes para aumentar a qualidade no manejo extensivo em criações de equinos.  

Logo, elencou-se, realizar uma revisão de literatura sobre manejo sanitário em sistema extensivo, destacando as principais adversidades que possam limitar a criação de equinos neste sistema, como a aplicabilidade de uma gestão sanitária, o controle de parasitas e as principais afecções de suspeita de notificação obrigatória. Dessa forma, esse trabalho se justifica pois espera-se melhorar a adoção de práticas de manejo, favorecendo a saúde e a produtividade dos equinos.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA OU REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Sistema extensivo na equídeo cultura 

Sobre a criação de cavalos, apresentam diferentes opções de sistema de criação de acordo com os variados tipos de uso do cavalo, podendo ser de forma extensiva, semi-intensiva e intensiva (Jones, 1987).

O sistema extensivo é aquele em que o animal fica dentro de um quadro de liberdade, com quase toda a sua alimentação direcionada ao pasto, sendo o método de criação mais próximo a sua naturalidade (Andrade, 2017).

O sistema extensivo exige um manejo adequado dos pastos, controle sanitário e adaptação às condições climáticas locais, visando reduzir os custos e priorizar o bem-estar dos animais.

Na equinocultura, o sistema extensivo prioriza o bem-estar dos cavalos, devido à liberdade de movimento, permitindo que os equinos expressem comportamentos naturais, como pastar, correr e interagir com outros animais.

No sistema de criação extensivo, os cavalos são criados em grandes áreas cercadas, com acesso livre a pastos. Vivem em um ambiente mais próximo do seu natural e, em virtude disso, apresentam menos alterações comportamentais e menores níveis de estresse. (Cooper, 1997).

 A alimentação é composta principalmente de pastagens naturais. No entanto, para garantir uma boa qualidade dos pastos e evitar a degradação do solo, é necessário realizar a rotação de pastagens, bem como monitorar pragas e plantas invasoras.

Muitos produtores descartam o uso do sistema de criação extensiva por não terem o conhecimento necessário sobre o manejo adequado de pastagens, acreditando que não alcançaram níveis nutricionais equivalentes aos das rações fornecidas nas cocheiras ou por reservarem as áreas de pasto para a criação de outras espécies de animais (Santos, 2005).

2.2 Manejo sanitário 

O manejo sanitário é um conjunto de medidas com a finalidade de prevenir doenças e males que possam interferir negativamente na saúde dos animais, para que possam potencializar os ganhos nutricionais e consequentemente o aumento da produção e produtividade. (Cintra, 2011) 

A gestão da saúde dos equinos envolve o controle de endoparasitas e ectoparasitas. Os vermes intestinais, por exemplo, são uma ocorrência frequente e para sua prevenção é necessário a vermifugação regular, adaptado às necessidades de cada animal e propriedade, a fim de evitar a resistência aos medicamentos.  Já no caso dos ectoparasitas, como carrapatos e moscas, é recomendado utilizar produtos antiparasitários e manter a higiene do ambiente para combater essas infestações.

Ademais, o acesso livre ao pasto pode influenciar o controle de ectoparasitas e endoparasitas, pois o ambiente aberto facilita o contato dos equinos com esses parasitas, dificultando a prevenção. 

A manutenção da saúde dos cascos dos cavalos é fundamental, sendo o casqueamento e a ferragem práticas essenciais. O casqueamento regular evita o acúmulo de sujeira e possíveis lesões que podem resultar em infecções, ao passo que a ferragem protege os cascos do desgaste excessivo. Além disso, o manejo ambiental, como o controle da umidade e da qualidade do solo, é crucial para prevenir condições que possam comprometer a saúde dos cascos.

Manter a limpeza dos acessórios utilizados, como bebedouros e comedouros, é necessário para evitar a proliferação de bactérias e outros microrganismos nocivos, para a saúde do animal.

2.3 Controle sanitário de ectoparasitas e endoparasitas

Os cavalos são animais que se alimentam de plantas, o que os torna propensos a infestações por parasitas internos e externos quando se alimentam no pasto. Durante as primeiras semanas de vida, a diversidade de parasitas na microbiota dos equinos é grande, o que aumenta a ocorrência de infecções parasitárias.

A saúde dos equinos requer cuidados sanitários rigorosos, uma vez que são bastante vulneráveis a várias doenças. As infestações por parasitas são problemas frequentes na criação de cavalos e podem ser causadas por diversos motivos, como idade, imunidade, superlotação nos pastos e uso inadequado de medicamentos contra parasitas, o que favorece a reprodução de diversos vermes, resultando em sérias consequências para a indústria equina. (Lagaggio et al., 2008).

Conforme Baldani et al. (1999), é importante manter as parasitoses sob controle em níveis aceitáveis, de forma a não comprometer a eficiência produtiva e o desempenho dos animais. Indivíduos com controle parasitário deficiente podem manifestar sintomas como fraqueza, pelo ruim, crescimento comprometido, cólicas e diarreias, acarretando danos que vão desde lesões em órgãos vitais do sistema digestivo até sérios distúrbios nos processos enzimáticos e hormonais (Lagaggio et al., 2007).

2.3.1 Ectoparasitas

O manejo da saúde equina também inclui o controle dos carrapatos, que são sem dúvida os mais importantes ectoparasitas dessa espécie no Brasil, pois se alimentam diretamente de sangue, abrindo portas para miíases e infecções secundárias, irritando os animais e podendo causar dermatites. (Oliveira e Borges, 2008). São também vetores dos agentes responsáveis pela Piroplasmose equina, Theileria equi e Babesia caballi.

Consideradas com grande precisão pelo papel que desempenham como vetores de microrganismos patogênicos, incluindo bactérias, protozoários, riquétsias, vírus e fungos, bem como pelos danos diretos e indiretos causados pelo seu parasitismo, são descritas as espécies Amblyomma cajennense e Anocentor nitens, pois é mais prevalente em cavalos (Horn e Arteche, 1985).

Serra-Freire, em 1987, afirmou que esses ectoparasitas já estavam envolvidos como vetores biológicos dos agentes etiológicos da babesiose equina. Anocentor nitens é encontrado na América e parasita cavalos e outros cavalos, principalmente nas orelhas, cavidade nasal, crina, ventre e região perianal (Yunker et al., 1986; Evans, 1987; Fraser, 1991), atingindo prevalência de 8,866%. na América. os períodos primavera-verão e outono-inverno (Borges et al., 2000).

Para o tratamento desses artrópodes geralmente são utilizados piretróides, que podem ser classificados em dois grupos, que são aqueles que não possuem o grupo α-ciano, classificados como tipo I, que geralmente são utilizados como inseticidas do lar, na forma de um spray. e os do grupo α-ciano, classificados como tipo II, cipermetrina, deltametrina, cifenotrina, fenvalerato, flumetrina e cialotrina, indicados como ectoparasiticidas para uso em animais (Spinosa et al., 2002).

A cipermetrina tem se mostrado um acaricida indicado para controle de carrapatos devido à sua atividade lipolítica, de fácil penetração em artrópodes, pois atinge o sistema nervoso central dos carrapatos, causando paralisia e intoxicação, o que impossibilita a postura de ovos pelas fêmeas. (Leite et al., 1995).

Uma forma de combater esses parasitas é utilizar plantas medicinais. Plantas encontradas para contra ectoparasitas são: Cymbopogon nardus L, Aloe vera L, Azadirachta indica, Artemísia vulgaris L, Eucalyptus sp., Chenopodium ambrosioides L. e Syzygium Spiceum.

2.3.2 Endoparasitas

Os cavalos são considerados um dos animais mais suscetíveis a uma variedade de parasitas e podem combater diversas espécies ao mesmo tempo (Rehbein et al., 2013). Isso ocorre porque o trato gastrointestinal e o meio ambiente proporcionam condições favoráveis para a sobrevivência e desenvolvimento de diversos parasitas. Os endoparasitas, presentes em diferentes sistemas durante diferentes ciclos migratórios, causam diversas doenças, como gastrite, enterite, nefrite, hepatite e broncopneumonia, entre outras (Fortes, 2004).

Segundo Higgins & Snyder (2013), análise capilar, avaliação da dieta, análise sanguínea e descrição da aparência do animal são formas confiáveis de observar e avaliar a saúde e o desempenho dos cavalos.

Um dos aspectos mais importantes para manter a saúde de um cavalo é o controle de parasitas internos. Esse tipo de infecção representa um dos problemas patológicos mais importantes, pois apresenta alto índice de recorrência, favorecido pelo tipo de manejo utilizado para a espécie. Os cavalos possuem inúmeros parasitas que estão presentes nas pastagens praticamente durante todo o ano e mesmo com manejo preventivo, muitos cavalos são infectados, tornando-se um potencial disseminador desses vermes, principalmente se a infecção for assintomática (Foz Filho, 1999).

Em relação à nutrição animal, os cavalos possuem uma flora bacteriana presente no cólon que sintetiza proteínas de alto valor biológico; entretanto, sua importância nutricional ainda é pouco conhecida. Fornecer uma dieta correta é importante porque, além da alimentação direta do animal, pode favorecer esses microrganismos aumentando a eficiência da transformação dos tecidos ingeridos ou da atividade física do animal. Para tanto, nos sistemas de produção de equinos, deve-se considerar não apenas o fornecimento de ração adequada, mas também a saúde dos animais contra os helmintos.

Segundo Nielsen (2012), compreender a epidemiologia e o ciclo dos helmintos e suas interações com o hospedeiro em um determinado ambiente é importante para desenvolver um programa eficaz de controle de helmintos.

A Promixalicina consiste num núcleo adaptado à composição da dieta de cavalos de todas as idades e todas as fases de reprodução. O produto pode ser administrado em dose diária ou misturado com suplementos alimentares ou minerais de acordo com as instruções do fabricante. O produto melhora o bem-estar dos animais em termos de ataques de moscas dos chifres (Haematobia irritans) e moscas do estábulo (Stomoxys calcitrans) e ectoparasitas em geral (Factori et al., 2022), além de auxiliar no controle de endoparasitas (Strongyloidea, Stroniezgyloides sp., Eimeris spp). A promixalicina não altera o consumo de ração do animal. O produto comercial é composto basicamente por carbonato de cálcio, cloreto de sódio (sal comum), enxofre aerado (flor de enxofre), sulfato de zinco, aromas naturais: alho desidratado, aditivos adoçantes e suplementos probióticos para cavalos.

Outra forma de tratamento é a fitoterapia, sendo indicado o uso de plantas para fins medicinais, para o controle de vermes: Allium sativum L., Curcubita pepo L., Momordica charantia, Operculina hamiltonii e Musa sp.

De acordo com a literatura, equinos estão expostos a infecções helmínticas graves, principalmente estrongilídeos. Segundo Cazapal-Monteiro et al. (2012), os danos causados podem levar, entre outras coisas, à perda de desempenho do animal. Animais desparasitados e livres desses parasitas tendem a aumentar seu desempenho e conformidade geral.

2.4 As principais doenças de notificação obrigatória de suspeita ao Serviço Veterinário Oficial do Brasil

A saúde animal é fundamental para a segurança das atividades relacionadas à equídeo cultural, e o aspecto sanitário desempenha um papel fundamental na prevenção e controle de doenças nos equinos. O objetivo das medidas sanitárias é evitar a introdução de novas doenças nos rebanhos e controlar a propagação de doenças já presentes. Um controle efetivo contribui significativamente para o desempenho, bem-estar e a saúde dos animais, independentemente de sua utilização, seja para produção, esporte ou lazer. (Leme, 2017)

No Brasil, o serviço veterinário oficial é composto pelas unidades do Ministério da Agricultura, Pecuária, Abastecimento e pelos Órgãos Estaduais de Defesa Sanitária Animal. A Instrução Normativa Nº 50, de 24 de setembro de 2013, do MAPA, estabelece uma lista de doenças que requerem notificação imediata por cidadãos e profissionais da área de saúde animal, de qualquer suspeita ou ocorrência. Dentre elas, em equinos destacam-se mormo, anemia infecciosa equina, encefalomielite equina do leste e encefalomielite equina do oeste. (Brasil, 2013)

No setor de agronegócio, o transporte de equídeos é regulado pelo Guia de Trânsito Animal (GTA), um documento oficial indispensável para movimentação dos animais, incluindo para fins de abate, exposições, leilões, esportes e outras atividades. (Brasil, 2021). Para a emissão do GTA, é necessário que os equídeos apresentem exames negativos para Mormo e Anemia Infecciosa Equina (AIE), além de um atestado atualizado de vacinação contra Influenza Equina. Esses requisitos são cruciais para assegurar a sanidade dos rebanhos e o sucesso das atividades relacionadas aos equinos, contribuindo para a sustentabilidade e o desenvolvimento do agronegócio equino no país.

2.4.1 Mormo

O mormo é uma doença infectocontagiosa causada pela bactéria Burkholderia mallei, um patógeno intracelular obrigatório que pode se manifestar tanto de forma aguda quanto crônica. A enfermidade afeta principalmente equídeos, como equinos, asininos e muares, mas também pode acometer animais silvestres, carnívoros, pequenos ruminantes e humanos, caracterizando-se como uma zoonose (Ferrarezi et al., 2020). 

De acordo com Costa et al. (2023), Hipócrates, registrou sintomas em equinos que sugeriam estar associados ao mormo entre os séculos III e IV a.C. Por esse motivo, essa doença é considerada uma das mais antigas que afetam equídeos. Originalmente, o mormo era uma doença endêmica em regiões do Sudeste asiático, Europa Oriental e Oriente Médio. Contudo, casos esporádicos também têm sido reportados em países ocidentais, incluindo o Brasil (Costa et al., 2023). No Brasil, a doença foi considerada erradicada desde 1968, mas ressurgiu em 1999 nos estados de Pernambuco e Alagoas, causando grandes perdas econômicas aos criadores e afetando a indústria canavieira, que utiliza equídeos como força de trabalho (Mota et al., 2000).  Assim, o mormo foi classificado como um patógeno reemergente, representando um risco crescente de infecções em humanos.

A transmissão do mormo ocorre principalmente pelo contato direto ou indireto com animais infectados, sendo mais comuns as vias respiratória e cutânea. A doença pode ser disseminada por meio de secreções como muco nasal, pus de lesões cutâneas, ou até mesmo por objetos contaminados, como bebedouros e equipamentos utilizados nos animais. Equídeos infectados que não apresentam sintomas, estão na fase aguda ou em recuperação, têm um papel fundamental na disseminação da bactéria, contribuindo para a propagação do agente infeccioso. Além disso, fatores como a idade avançada e as condições de manejo inadequadas aumentam a vulnerabilidade dos animais à forma crônica da doença, especialmente em indivíduos mais debilitados (Mota et al., 2000).

Sinais clínicos mais comuns desta doença incluem febre, tosse e secreção nasal. Na fase aguda pode ocorrer septicemia e edema na região peitoral e levar o animal à morte em 48 horas. Enquanto na fase crônica, a doença pode se manifestar de três formas: respiratória, linfática e cutânea, embora, um único animal pode apresentar todas essas manifestações simultaneamente. Na forma cutânea, geralmente ocorrem lesões nodulares, que podem evoluir para úlceras, e após a fase de cicatrização, adquirem um formato estrelado. Como também, pneumonia crônica, dispneia, apatia e perda de peso severa (Ramos et al., 2021).

 Segundo a Instrução Normativa Nº 6, de 16 de janeiro de 2018, do MAPA, para diagnosticar mormo em equídeos os testes recomendados são a Fixação de Complemento (FC) e o ELISA (ensaio de imunoabsorção enzimática). Um resultado negativo no teste FC é válido por 60 dias para a obtenção do GTA (Guia de Trânsito Animal). Animais com resultados positivos são sacrificados e, subsequentemente, incinerados ou enterrados. A propriedade onde o mormo for detectado será imediatamente sujeita a medidas de saneamento (BRASIL, 2018).

2.4.2 Anemia Infecciosa Equina  

A Anemia Infecciosa Equina (AIE), chamada também de Febre dos Pântanos, Malária Equina, AIDS dos cavalos, Mal do Cochilo ou Cochilão, é causada pelo Lentivírus, da família Retroviridae, de alto peso molecular que causa anemia hemolítica do tipo imune. Os susceptíveis são eqüinos, mulas e asnos de qualquer raça, idade e sexo. Três são as formas de apresentação da doença: agudo, subagudo e crônica. É uma das principais enfermidades infecciosas e contagiosas que afetam a equideocultura no Brasil, para a qual não existem vacina eficaz e tratamento disponível (Aiello et al., 2001).

A principal via de transmissão é através de insetos do gênero Tabanidae (Cook et al., 2001). Embora esteja associada ao aumento de insetos hematófagos em temporadas chuvosas, a AIE não apresenta sazonalidade específica e pode ocorrer durante todo o ano.

Os sinais clínicos na fase aguda da doença consistem em febre, falta de apetite e alta viremia. A forma crônica, por sua vez, manifesta-se por perda de peso, inchaço, leucopenia, trombocitopenia, podendo resultar em hemorragias, glomerulonefrite e ataxia (Maia, 2011).

O teste de Coggins é a técnica preferida para diagnosticar a AIE. Ele envolve a imunodifusão em gel de ágar, onde o antígeno interage com o anticorpo presente no soro dos animais que estão sendo testados. No entanto, os animais podem ser assintomáticos, logo, o diagnóstico laboratorial desempenha um papel crucial no controle e prevenção da doença. Isso se deve ao fato de que os programas oficiais de controle exigem a eutanásia dos animais infectados (Brasil, 2018).

O controle e a erradicação dessa doença estão estabelecidos pela Instrução Normativa Nº 52, de 26 de novembro de 2018, do MAPA. Segundo essa normativa, um resultado negativo no teste IDGA terá validade de 60 dias para os animais. Para obter o GTA, é necessário que o exame seja negativo. Além disso, a propriedade onde a doença for identificada será imediatamente interditada pelo serviço veterinário oficial (BRASIL, 2018).

2.4.3 Encefalomielite equina

A encefalomielite equina é transmitida por mosquitos, do gênero Culex e do gênero Aedes que podem provocar doenças inespecíficas e encefalite em equinos (ROVID, 2019). A etiologia dessas doenças está relacionada a um vírus de RNA do gênero Alphavírus, da família Togaviridae. Três tipos de vírus são identificados sorologicamente, responsáveis pela Encefalite Equina do Leste (EEL), Encefalite Equina do Oeste (EEO) e Encefalite Equina Venezuelana (EEV), com nomes que refletem as regiões onde foram inicialmente detectados (Barros, 2007).

Os primeiros sinais clínicos aparecem devido à depressão e aos sintomas neurológicos, que surgem entre 9 à 11 dias após a infecção. Entre os sintomas mais comuns estão ataxia, disfagia, paralisia e convulsões, que podem levar à morte. O diagnóstico das encefalites pode ser realizado por meio de diversas técnicas laboratoriais, incluindo o isolamento viral em camundongos recém-nascidos ou em cultivos celulares, como os de fibroblastos de embrião de galinha. A identificação do vírus é possível através de testes como neutralização por redução de placas, fixação de complemento e imunofluorescência, seja direta ou indireta, proporcionando precisão na detecção da doença (Kotait, 2008).

O tratamento é baseado em cuidados de suporte. Em alguns casos, pode ser necessário o uso de ventilação mecânica e outras intervenções. A eficácia dos medicamentos antivirais ainda não é bem estabelecida. (Rovid, 2019). 

O protocolo de vacinação varia de acordo com a faixa etária e o status reprodutivo dos animais, garantindo a imunização adequada em potros, adultos e éguas reprodutoras. Para potros, a vacinação deve começar entre os 4 e 6 meses de idade, seguida por uma segunda dose de reforço 4 a 6 semanas após a primeira aplicação. Uma terceira dose é recomendada entre os 10 e 12 meses de idade. No caso de cavalos adultos, a vacinação inicial envolve duas doses, com um intervalo de 3 a 6 semanas entre elas. O reforço deve ser feito a cada 6 meses. As éguas reprodutoras devem receber o reforço da vacina a cada 6 meses, com uma revacinação específica 4 a 6 semanas antes do parto. Para animais que nunca foram vacinados ou com histórico vacinal desconhecido, o mesmo protocolo de duas doses com intervalo de 3 a 6 semanas deve ser seguido. (AAEP, 2020). Diante da gravidade da encefalomielite equina e da ausência de tratamentos específicos, a prevenção é uma estratégia para proteger os equinos, garantindo sua saúde e evitando a disseminação da doença.

3 METODOLOGIA 

Trata-se de uma Pesquisa de revisão integrativa sistemática de cunho qualitativo, a busca foi realizada de agosto a setembro de 2024. Foi aplicado o método PICo: P – Equinos; I – Manejo Sanitário; Co – Sistema extensivo. (Santos et al., 2007).

O método PICo corrobora para a construção da pergunta de pesquisa e através da busca bibliográfica auxilia o pesquisador na área, ao ter um questionamento ou dúvida, localiza, de modo rápido e objetivo a informação científica disponível. (Santos et al., 2007).

Quadro 1 – Estratégia PICo

AcrônimoDescriçãoComponente da questão
PPopulação alvoEquinos
IIntervenção ou área de interesseManejo sanitário
CoContextoSistema extensivo

Fonte: Elaborado pelos autores        

A pesquisa qualitativa pode ser classificada como a que se baseia na identificação qualitativa, sendo caracterizada como a que não faz uso de dados estatísticos na análise de dados. (Bardin, 2011).

Segundo Amaral (2007, p.07), a pesquisa de revisão bibliográfica “[…] é uma etapa fundamental em todo trabalho científico que influenciará todas as etapas de uma pesquisa, na medida em que der o embasamento teórico em que se baseará o trabalho.”

Com esse delineamento essa pesquisa a partir do levantamento, seleção, fichamento e arquivamento de informações relacionadas à pesquisa, seguiu as etapas descritas no quadro 2 a seguir em seis (06) etapas:

Quadro 2 – Revisão integrativa em seis etapas

1. Estabelecimento de hipótese ou questão de pesquisa;
2. Amostragem ou busca na literatura;
3. Categorização dos estudos;
4. Avaliação dos estudos incluídos na revisão;
5. Interpretação dos resultados;
6. Síntese do conhecimento ou apresentação da revisão.

Fonte: Elaborado pelos autores baseados em (Mendes et al., 2008).

Neste contexto, realizou-se a busca nas bases de dados da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) utilizando-se de todas as bases disponíveis. Na busca por publicações cinéticas usando-se palavras-chaves: Equinos. Manejo sanitário. Sistema Extensivo. Considerou-se o operador booleano AND entre as palavras Equinos e Manejo sanitário para que se pudesse elencar exatamente publicações específicas sobre o assunto. Em relação às palavras chaves, Manejo sanitário e Sistema extensivo optou-se por usar o operador booleano OR, visto que, independentemente de um ou de outro termo, ambos iriam trazer dados significados para pesquisa. Os critérios de inclusão e exclusão bem como a escolha do material de análise estão descritos no quadro 3 a seguir:

Quadro 3: Metodologia da etapa de seleção e inclusão dos estudos

Busca na Biblioteca Virtual em Saúde
Palavras chaves e operadores booleanos
“EQUINOS” (AND) “MANEJO SANITÁRIO” (OR) “SISTEMA EXTENSIVO
Base de dadosTotalApós os filtrosIdioma InglêsIdioma Português
MEDLINE3.66507070
LILACS1.54213013
Sec. Est. Saúde SP46000
LIS11000
Coleciona SUS10000
BRISA/RedTESA04000
Outras Bases12000
TOTAL5.251200713

Fonte: Elaborado pelos autores

Foram considerados os critérios de inclusão nas publicações com: texto completo disponível; recorte temporal dos últimos 05 anos, idioma em português e inglês e assunto principal: Cavalos. Como critério de exclusão, as publicações repetidas nas bases de dados e tipos de estudo de revisão bibliográfica.

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

A busca pelos termos na BVS Brasil: Equinos AND Manejo sanitário OR Sistema extensivo, resultou em um universo de 5.251 materiais nas bases de dados: MEDLINE (3655), LILACS (1541), Sec. Est. Saúde SP (46), LIS – Localizador de Informação em Saúde (11), Coleciona SUS (10), BRISA/RedTESA (4), CONASS (4), HomeoIndex – Homeopatia (4), BBO – Odontologia (1), Index Psicologia – Periódicos (1), Sec. Munic. Saúde SP (1), SOF – Segunda opinião formativa (1).

Após aplicação dos critérios de inclusão e exclusão apontadas na metodologia foram elencadas 20 publicações sendo 07 da base de dados MEDLINE e 13 na base de dados LILACS. Deste total de 20 artigos encontrou-se 07 em língua Inglesa e 13 em língua portuguesa. Nenhuma das publicações estavam em repetição e todas puderam ser aproveitadas. Para análise como exemplificados no quadro 4 a seguir estão a amostra da pesquisa.

Quadro 4 – Artigos selecionados nas bases de dados para a construção da revisão integrativa

Art.Títulos dos artigos AutoresIdiomas Ano Periódico
01Gastroscopic characterisation and prevalence of gastric ulcer syndrome in working mules in Colombia.Calixto-Vega, Lady C; Martínez-Aranzales, José RInglês2024Equine Vet J
02Antimicrobial prophylaxis is not indicated for horses undergoing general anaesthesia for elective orthopaedic MRI.Hoblick, Sloane; Denagamage, Thomas N; Morton, Alison J; McCarrel, Taralyn M.Inglês2024Equine Vet J
03Identification of a previously unreported site of subchondral bone injury in the dorsodistolateral calcaneus in Thoroughbred racehorses.Melly, Virginia; Ortved, Kyla F; Manzi, Timothy J; Richardson, Dean W; Stefanovski, Darko; Wulster, Kathryn B.Inglês2023Equine Vet J
04Acquisition and use of analgesic drugs by horse owners in the United States.Sellon, Debra C; Sanz, Macarena; Kopper, Jamie J.Inglês2023Equine Vet J
05Concentrations of neutrophil gelatinase-associated lipocalin are increased in serum and peritoneal fluid from horses with inflammatory abdominal disease and non-strangulating intestinal infarctions.Winther, Malou F; Haugaard, Simon L; Pihl, Tina H; Jacobsen, Stine.Inglês2023Equine Vet J
06Clodronate detection and effects on markers of bone resorption are prolonged following a single administration to horses.Knych, Heather K; Finno, Carrie J; Katzman, Scott; Ryan, Declan; McKemie, Daniel S; Kass, Philip H; Arthur, Rick M.Inglês2023Equine Vet J
07Prevalence of serum immunoglobulin E against cross-reactive carbohydrate determinants in allergic and nonallergic horses, and its impact on polysensitisation in serum allergen tests.Hopke, Kaitlin; Coleman, Michelle; Kneese, Eric; Dominguez, Brandon; Diesel, Alison; Patterson, Adam.Inglês2022Vet Dermatol
08Detecção sorológica e molecular de Theileria equi em equinos oriundos de Sinop, Mato Grosso, BrasilBonadimann, Suyane Nayara Garcia Socoloski; Cordeiro, Matheus Dias; Bautista, José Luis Rodríguez; Silva, Jenevaldo Barbosa da; Nicolino, Rafael Romero; Fonseca, Adivaldo Henrique da; Lopes, Luciano Bastos.Português2021Rev. bras. ciênc. vet
09Modelagem farmacocinética/farmacodinâmica do florfenicol para o tratamento da adenite equina por meio da simulação de Monte CarloTameirão, Emanuely Ramos; Faria, Pedro Henrique Alves de; Gonzaga, Lucas Wamser Fonseca; Almeida, João Vitor Fernandes Cotrim de; Sousa, Ticiana Meireles; Brandão, Humberto de Mello; Ferrante, Marcos.Português2021Rev. bras. ciênc. vet
10Sarcocystis neurona, soroprevalência de anticorpos em equinos e pesquisa de oocistos em gambás na microrregião de Ilhéus – Itabuna, Bahia, BrasilPellizzoni, Samantha Gusmão; Costa, Sônia Carmen Lopo; Mery, Raissa Barros Gracie; Barbieri, Jonata Melo; Munhoz, Alexandre Dias; Silva, Aísla Nascimento da; Sevá, Anaiá da Paixão; Alvarez, Martín Roberto del Valle; Albuquerque, George Rêgo.Português2021Rev. bras. parasitol. vet
11Aspectos epidemiológicos e patológicos de doenças não infecciosas do trato gastrointestinal de 114 equinos no sul do BrasilBianchi, Matheus V; Ribeiro, Paula R; Stolf, Alanna S; Bertolini, Marianna; Laisse, Cláudio J. M; Sonne, Luciana; Driemeier, David; Pavarini, Saulo P.Português2020Pesqui. vet. bras
12Copro-prevalência de Fasciola hepatica em equinos de raça chilena na província de Concepción, ChileMuñoz, Lisandro; Sepúlveda-Calderón, Paula; Villaguala-Pacheco, Carmen; Aqueveque, Carlos Landaeta.Português2020Rev. bras. parasitol. vet
13Ocorrência de anticorpos anti-Toxoplasma gondii e fatores de risco associados a infecção em equídeos abatidos para consumo humano no BrasilDepartmento de Microbiologia e ParasitologiaArruda, Igor Falco; Freitas, Wellington Alves de; Carrijo, Kênia de Fátima; Paz, Paula Silva da; Silva, Marianny Miranda; Departmento de Microbiologia e ParasitologiaSudré, Adriana Pittella; Departmento de Microbiologia e ParasitologiaMarques-Santos, Fabielle; Departamento de EstatísticaFonseca, Ana Beatriz Monteiro; Laboratório de Toxoplasmose e outras ProtozoosesAmendoeira, Maria Regina Reis; Departmento de Microbiologia e ParasitologiaMillar, Patricia Riddell.Português2020Rev. bras. parasitol. vet
14Infecção por Rickettsia spp. em equídeos, gambás e carrapatos do município de Monte Mor, estado de São Paulo, BrasilUeno, Tatiana Evelyn Hayama; Cutolo, André Antonio; Martins, Thiago Fernandes; Moraes-Filho, Jonas; Azevedo, Sérgio Santos de; Labruna, Marcelo Bahia.Português2020Rev. bras. parasitol. vet
15Detecção sorológica e fatores de riscos para piroplasmose equina na região semiárida de Pernambuco, Nordeste do BrasilSouza, Eline Almeida Rodrigues de; Araujo, Andreina de Carvalho; Pires, Larissa Célly Souza Regis; Freschi, Carla Roberta; Azevedo, Sergio Santos; Machado, Rosangela Zacarias; Horta, Maurício Claudio.Português2019Rev. bras. parasitol. vet
16Achados clínicos e patológicos da infecção por Rhodococcus equi em potrosOliveira, Luiz G. S; Watanabe, Tatiane T. N; Boabaid, Fabiana M; Wouters, Flademir; Wouters, Angelica T. B; Bandarra, Paulo M; Guerra, Priscila R; Driemeier, David.Português2019Pesqui. vet. bras
17Enterites e tiflocolites parasitárias fatais em equinos no Sul do BrasilBianchi, Matheus Viezzer; Mello, Lauren Santos de; Wentz, Maria Fernanda; Panziera, Welden; Soares, João Fábio; Sonne, Luciana; Driemeier, David; Pavarini, Saulo Petinatti.Português2019Rev. bras. parasitol. vet
18Baixa prevalência da infecção por Sarcocystis neurona em cavalos do estado de Alagoas, BrasilValença, Sandra Regina Fonseca de Araújo; Ribeiro-Andrade, Müller; Moré, Gastón; Albuquerque, Pedro Paulo Feitosa de; Pinheiro Júnior, José Wilton; Mota, Rinaldo Aparecido.Português2019Rev. bras. parasitol. vet
19Isolamento, cultivo e caracterização por imunofluorescência de queratinócitos lamelares de casco equino utilizando explantesPfeifer, João P. H; Santos, Vitor H; Rosa, Gustavo; Souza, Jaqueline B; Watanabe, Marcos Jun; Fonseca-Alves, Carlos E; Deffune, Elenice; Alves, Ana L. G.Português2019Pesqui. vet. bras
20Frequência e fatores associados a Theileria equi, Babesia caballi e Trypanosoma evansi em equídeos da Bahia (Nordeste do Brasil)Costa, Sonia Carmen Lopo; Freitas, Jéssica de Souza; Silva, Aísla Nascimento da; Lacerda, Luciana Carvalho; Cruz, Rebeca Dálety Santos; Carvalho, Fábio Santos; Pereira, Maria Julia Salim; Munhoz, Alexandre Dias.Português2019Rev. bras. parasitol. vet

Fonte: Elaborado pelos autores

Com base nos artigos selecionados e referencial teórico sobre o tema pudemos iniciar nossa discussão identificando que no sistema extensivo de criação de equídeos, a nutrição dos animais está relacionada diretamente com a qualidade do pasto, pois é a fonte principal de nutrientes. Nesse contexto, os resultados foram de que em condições ideais, as pastagens naturais têm um valor nutricional satisfatório, e em condições ideais o sistema apresenta um menor custo por não precisar constantemente de suplementação. 

Adicionalmente, o bem-estar no sistema extensivo foi observado como superior em comparação a outros sistemas, pois vivem em um ambiente mais próximo do natural, podendo expressar os seus comportamentos. Essas condições trazem benefícios à saúde animal, no entanto, as condições desse sistema também expõem os animais a maiores riscos de infecções parasitárias e doenças, o que demanda uma vigilância sanitária mais rigorosa. 

O manejo sanitário representa um desafio considerável, apesar dos benefícios nutricionais e o bem-estar, há uma maior exposição e um menor controle dos parasitas e patógenos do ambiente. Portanto, para uma criação de sucesso o manejo precisa ser rigoroso, controle com vermifugação e vacinação, limpeza do ambiente e rotação das pastagens, todos esses métodos visam a diminuição da carga parasitária dos animais e do ambiente. 

Por fim, o bem-estar dos equinos é favorecido pela liberdade, alimentação natural, e liberdade de expressão proposta pelo sistema, mas não pode ser dissociado do manejo sanitário. O contato constante com o ambiente externo requer um planejamento de manejo sanitário mais rigoroso, reforçando a necessidade de um acompanhamento médico veterinário para uma melhor medida preventiva e que garante a saúde e a produtividade dos animais.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo geral desse estudo foi alcançado a partir do momento que se conseguiu observar as dificuldades encontradas dentro do sistema de criação extensivo. Os equinos criados sob esse sistema, possuem um bem-estar elevado, porém quando o manejo sanitário não é eficaz, esses animais estão propensos a desenvolverem alguns parasitas e patógenos fatais, devido à baixa supervisão direta nesses animais.

Sendo assim, o êxito na criação desses animais irá variar conforme esse manejo sanitário é seguido, de acordo com o uso regular de antiparasitários e vermífugos, vacinação, controle das pastagens e limpeza de fômites. Contudo, é evidente a necessidade de estudos adicionais sobre a aplicação de tecnologias e a otimização de práticas para responder às peculiaridades deste sistema, visando melhorar a eficiência da saúde e a qualidade de vida de cavalos criados sob manejo extensivo.

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1 Docente do Curso Superior de Medicina Veterinária da Universidade Estácio de Sá. Campus Nova Iguaçu. Mestre em Ciência Animal (UFRRJ). e-mail: federico.cupello@estacio.br
2 Discentes do Curso Superior de Medicina Veterinária da Universidade Estácio de Sá. Campus Nova Iguaçu.