SURGICAL MANAGEMENT AND ORAL SINUSAL COMMUNICATION A LITERATURE REVIEW
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11389997
Júlia Queiroz Azevedo Carvalho1
Ricardo Kiyoshi Yamashita2
RESUMO
A comunicação buco-sinusal é uma difusão direta entre o seio maxilar e a cavidade oral. Acontece frequentemente em exodontias de pré-molares e molares superiores pelo contorno do assoalho do seio maxilar ao ápice desses elementos dentais. Constituindo em uma complicação cirúrgica comum no meio odontológico, é de suma importância que haja um cuidado sobre os manejos clínicos e terapêuticos a serem escolhidos para cada situação. Perante isso, este trabalho tem por objetivo abordar o os cuidados clínico e cirúrgico da comunicação buco-sinusal, destacando as vantagens e desvantagens de cada técnica, a fim de guiar o cirurgião dentista sobre a importância de um bom planejamento e escolha de tratamento mais adequado para cada caso. Este estudo consiste em uma revisão de literatura de caráter narrativo para abordar o manuseio clínico e cirúrgico da comunicação buco-sinusal. Ressalvar que o reparo da CBS (comunicação buco sinusal) pode ocorrer tanto de maneira clínica por meio da formação do coágulo sanguíneo, em casos de comunicação inferior a 3 mm, quanto cirúrgico, com danos maiores, para os quais a literatura aponta várias opções de tratamento cirúrgico, em que a escolha depende da habilidade do cirurgião, localização da comunicação, necessidade do paciente e ausência de infecção.
Palavras-chave: Cirurgia oral, Seio maxilar, buco-sinusal.
ABSTRACT
Oral-sinus communication is a direct diffusion between the maxillary sinus and the oral cavity. It frequently occurs in extractions of upper premolars and molars due to the contour of the floor of the maxillary sinus to the apex of these dental elements. Constituting a common surgical complication in the dental field, it is extremely important to be careful about the clinical and therapeutic management to be chosen for each situation. In view of this, this work aims to address the clinical and surgical care of oral-sinus communication, highlighting the advantages and disadvantages of each technique, in order to guide the dental surgeon on the importance of good planning and choosing the most appropriate treatment. for each case. This study consists of a narrative literature review to address the clinical and surgical management of oral-sinus communication. It should be noted that the repair of CBS (oral sinus communication) can occur either clinically through the formation of a blood clot, in cases of communication less than 3 mm, or surgically, with greater damage, for which the literature points to several treatment options. surgical treatment, in which the choice depends on the surgeon’s skill, location of the communication, patient’s needs and absence of infection.
Keywords: Oral surgery, Maxillary sinus, oral-sinus.
INTRODUÇÃO
A comunicação buco sinal geralmente ocorre como resultado de exodontia dos elementos dentários posteriores superior, em decorrência de sua proximidade com o seio maxilar (Parise 2015).
A exodontia é um dos procedimentos mais frequentes na cirurgia oral e na prática do dia-a-dia da odontologia (AKINBAMI; GODSPOWER, 2014; VENKATESHWAR et al., 2011). As complicações em cirurgia oral, apesar da baixa frequência, podem colocar a vida do paciente em risco, sobretudo em pacientes suscetíveis ou com outras patologias sistêmicas. A sua ocorrência prolonga o tempo de tratamento e tem impacto psicológico, biológico e social nos pacientes (CHANDER; ALI; AHER, 2013; VENKATESHWAR et al., 2011).
Durante uma cirurgia de extração dentaria, caso ocorra uma complicação, existem várias condutas na qual o cirurgião dentista pode utilizar para solucionar o problema. Durante a anamnese, é necessário que se faça uma cuidadosa análise sobre as radiografias pré-operatórias dos molares e pré-molares superiores, afim de que se evite uma complicação como, por exemplo, a comunicação buco-sinusal (OSBORN, et al., apud OLIVEIRA; SEGURO, 2014). Assim, de modo a prevenir estas complicações, é imperativo que cirurgião dentista tenha conhecimento das suas implicações e estratégias de tratamento (CHANDER; ALI; AHER, 2013; VENKATESHWAR ET AL., 2011).
Podendo ser decorrente de um trauma, tanto no ato cirúrgico, quanto antecedente a ele ou até mesmo ser uma característica anatômica predisposta onde o ápice radicular já se encontra dentro do seio maxilar. Podendo ocorrer principalmente se o seio maxilar for amplo, se houver relação íntima entre as raízes dos dentes molares e pré-molares superiores com seio maxilar, se as raízes forem muito divergentes ou apresentando alterações patológicas como hipercementose ou anquilose. (OSBORN, et al., apud OLIVEIRA; SEGURO, 2014).
METODOLOGIA
A seleção da análise do conteúdo será conduzida com base na leitura de resumos ou abstracts, obtendo assim artigos científicos que serão incluídos nesta revisão. A revisão de literatura foi comandada por meio de artigos científicos publicados em diferente base de dados (Scielo e Google Acadêmico). Este estudo constitui-se como uma revisão de literatura de caráter narrativo para abordar o manejo clínico e cirúrgico da comunicação buco-sinusal, auxiliando assim, acadêmicos e cirurgiões dentistas nas possíveis abordagens clínicas de cada possível procedimento a ser escolhido.
REVISÃO DE LITERATURA
A comunicação buco-sinusal (CBS) também conhecida como oroantral é uma comunicação direta da cavidade oral com o seio maxilar (Chinnaiah et al.,2023).
O diagnóstico da CBS é geralmente determinado por procedimentos clínicos e radiográficos. Kwonet al.,(2020) ressaltam que a técnica de Valsava é uma manobra importante para o diagnóstico clínico e deve ser realizada logo após a exodontia dos elementos dentários superiores posteriores. Nela o profissional deve pressionar as asas do nariz do paciente e pedir para que ele expire com a boca aberta. Havendo a comunicação, o ar será expirado pelo alvéolo, provocando ruído característico e borbulhamento causado pelo acúmulo de sangue.
Os exames imaginológicos são de grande importância para observar alterações e planejamento do tratamento, principalmente a tomografia computadorizada, sendo um dos métodos de diagnóstico por imagem que mais tem se desenvolvido, considerado padrão ouro paradiagnosticar a CBS devido a sua meticulosidade: localização exata do defeito ósseo, grau de mineralização óssea, maior resolução de imagens, não apresentam magnificação de imagem nem sobreposição, além de proporcionar visão tridimensional dos rebordos alveolares (Bereczki-Temistocle et al.,2022; Altawee et al., 2022).
TÉCNICA DE TRATAMENTO
O tratamento da CBS pode ser feito imediatamente quando a abertura é criada ou tardiamente, como no caso de fístula de longa duração ou no insucesso da tentativa de fechamento primário. As doenças associadas com o seio maxilar incluem doenças intrínsecas, originadas primariamente no interior do seio, e aquelas originadas fora do seio maxilar, mais comumente chamadas de doenças odontogênicas das cavidades sinusais (Parvini et al.,2018). Hoje em dia existem várias manobras cirúrgicas para acelerar o reparo tecidual da CBS.
Dentre esses meios existe a plaqueta rica em fibrina (PRF), que é uma técnica que passa pelo processo da amostra de sangue do próprio paciente, retalho palatino rodado, retalho deslizante vestibular, enxerto auricular, enxertos ósseos e retalho pediculado do corpo adiposo, conhecido como a bola de Bichat, são apresentadas como as principais técnicas descritas na literatura (Khandelwal&Hajira, 2017).
1. Retalho da bola de Bichat
O retalho da bola de Bichat constitui-se como um método satisfatório para fechamento da CBS, sendo este o método mais utilizado. A principal razão para preferência dessa técnica é a facilidade de coleta do material por se localizar próximo à área receptora, mínima dissecção do tecido adiposo para preenchimento do defeito ósseo, boa epitelização, mínimo desconforto do leito doador, bom suprimento sanguíneo, além de que a manobra não afeta muito a profundidade do sulco, o que é visto como vantagem nessa técnica. A desvantagem consiste na diminuição do volume vestibular da mucosa, possibilidade de necrose em defeitos muito grandes e complicações em pacientes que fazem tratamento radioterápico (Kwon etal.,2020; Shukla et al.,2021).
A epitelização da bola de Bichatocorre em torno de 2 a 3 semanas e com isso não há necessidade de cobrir o leito receptor com algum tipo de enxerto de pele, por essa característica positiva esse tipo de técnica pode ser utilizado em várias situações cirúrgicas (Shukla et al.,2021; Nelke et al.,2023).
2. Retalho palatino rodado
Consiste em uma técnica de fechamento da CBS tardio ou para casos de fístulas buco-sinusais, principalmente quando o retalho vestibular tenha falhado. A principal vantagem dessa técnica consiste na boa vascularização e fácil acessibilidade diante do insucesso de outros retalhos. Já a principal desvantagem dessa manobra consiste na rotação do retalho do palato, além de possibilidade de necrose tecidual e hemorragia por conta da artéria que perpassa essa região, caso haja falha técnica do operador (Khandelwal&Hajira, 2017; Parvini et al.,2018).
3. Retalho Bucal
O retalho bucal foi descrito pela primeira vez em 1930 por Axhausen, no qual se realiza um retalho mucoperiostial de forma trapezoidal na região do bucinador por via intraoral e desloca-se o tecido para a região da comunicação. Tempos mais tarde, Berger defendeu uma técnica de retalho bucal deslizante para fechamento de comunicações menores que 1 cm que estivessem localizadas lateralmente e no centro do alvéolo (Gheisariet al.,2019; Koppolu et al.,2022).
4. Enxerto auricular
O enxerto da cartilagem auricular também é uma opção para fechamento da CBS, haja vista que é um enxerto autógeno, biocompatível, de fácil colhimento e manipulação, além de ser resistente àinfecção. Esse tipo de enxerto não necessita de vascularização para se aderir ao sítio receptor, o que tem por principal vantagem, visto que isso diminui a taxa de insucessodo enxerto. Como desvantagem, há a presença de cicatriz no leito doador (Ramet al.,2016; Khandelwal&Hajira, 2017)
CONCLUSÃO FINAL
Conclui-se que é de suma importância destacar a importância de uma boa interpretação radiográfica podendo identificar uma possível comunicação buco-sinusal, além de, dependendo do caso, poder evitar tal complicação ou até mesmo prevenir intercorrências no pós-cirúrgico variando o tempo e extensão da mesma. Assim como o conhecimento anatômico se torna decisivo nesses casos, entretanto, vale ressaltar a possibilidade de tal complicação ocorrer mesmo com todo o conhecimento. Entretanto a vascularização do retalho é vista como fator importante com êxito nas manobras que envolvam tecido mole, como retalho palatino, retalho bucal e retalho da bola de Bichat, que irá ser uma contribuição nutricional para o processo de cicatrização. Contudo a técnica de enxerto auricular não necessita inteiramente da vascularização para se aderir ao leito receptor, visto que esse tipo de enxerto atua como um obstáculo entre a membrana sinusal e a cavidade oral.
Sendo assim, sugere-se que mais estudos sejam gerados acerca dessa temática na literatura, a fim de orientar os cirurgiões-dentistas sobre a conduta mais indicada a ser tomada frente a cada caso específico.
REFERÊNCIAS
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Akinbami, b. o; godspower. Dry Socket: Incidence, Clinical Features, and Predisposing Factors. International Journal of dentistry, 1-7. 2014.
Bereczki-Temistocle, D. L., Gurzu, S., Jung, I., Cosarca, A., Beresescu, G., Golu, V., Petrovan, C., & Ormenisan, A. (2022). Selectingthe Best Surgical Treatment Methods in Oro-Antral Communications.International journal of environmental research and public health,19(21), 14543
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Chinnaiah, R.;Stephen, S. R., Veeramuthu, M.,Satheesh,G.& RajashriR. (2023). The Management of Infected Oroantral Fistula After Maxillary Third Molar Removal: A Case Report.Cureus,15(7), e42633
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Shukla, B., Singh, G., Mishra, M., Das, G., & Singh, A. (2021). Closure of oroantral fistula: Comparison between buccal fat pad and buccal advancement flap.
Venkateshwar et al.. (2011). Diagnosis and Management of oro-antral fistula: Case series and review.International journal of surgery case reports,97.
1Centro Universitário Tocantinense Presidente Antônio Carlos (UNITPAC)
julia.qazevedoc@gmail.com
2Centro Universitário Tocantinense Presidente Antônio Carlos (UNITPAC)
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