LUDICIDADE NO ENSINO-APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL NA ATUALIDADE: NARRATIVAS DOCENTES

LUDICITY IN TEACHING AND LEARNING IN CHILDHOOD EDUCATION TODAY: TEACHERS’ NARRATIVES

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ni10202503161525


Dilmar Rodrigues da Silva Júnior1
Shirlane Maria Batista da Silva Miranda2
Antônio Luiz Alencar Miranda3


Resumo

É de grande valia compreender as implicações que o lúdico traz para a aprendizagem das crianças, sendo utilizado como ferramenta pedagógica. Para que isso aconteça, é necessário considerar a dimensão histórico-cultural do indivíduo. O artigo parte da seguinte questão-problema: Como se constitui o reconhecimento do lúdico pelos profissionais da Educação Infantil como instrumento que importa para o ensino-aprendizagem das crianças atualmente? Tem como objetivo: analisar como se dá o reconhecimento do lúdico atualmente pelos profissionais da Educação Infantil, no que diz respeito ao uso de jogos e brincadeiras na ministração das aulas, servindo como instrumento auxiliador desse processo de ensino-aprendizagem. Trata-se de estudo de natureza qualitativa narrativa, com o uso do método biográfico, priorizando as situações reais na qual esses profissionais da Educação estão inseridos. Participaram do estudo, (03) três professoras que trabalham na Educação Infantil e atuam diariamente na rotina da instituição, para a produção dos dados. Por meio dos resultados obtidos notamos o quão significativo é a ludicidade para o ensino e para o desenvolvimento das crianças, assim como é essencial ter professores empenhados em preparar a rotina mais dinâmica e prazerosa. O lúdico contribui para a prática dos professores, pois trabalha o ser humano de forma integral, ajudando na construção de habilidades que servirão para toda vida.

Palavras-chave: Educação Infantil. Ensino-Aprendizagem. Ludicidade.

Abstract

It is of great value to understand the implications that play has for children’s learning, when used as a pedagogical tool. For this to happen, it is necessary to consider the historical-cultural dimension of the individual. The article is based on the following problem question: How do Early Childhood Education professionals recognize play as an important tool for children’s teaching and learning today? Its objective is to analyze how play is currently recognized by Early Childhood Education professionals, with regard to the use of games and play in the delivery of lessons, serving as an auxiliary instrument in this teaching-learning process. This is a qualitative narrative study, using the biographical method, prioritizing the real situations in which these education professionals are inserted. Three teachers who work in Early Childhood Education and are part of the institution’s daily routine took part in the study to produce the data. The results show how important playfulness is for teaching and for children’s development, and how essential it is to have teachers who are committed to making the routine more dynamic and enjoyable. Playfulness contributes to the practice of teachers, as it works on the human being in an integral way, helping to build skills that will serve for life.

Keywords: Early childhood education. Teaching and learning. Playfulness.

1 INTRODUÇÃO

A Educação Infantil é um campo que necessita de bastante investigação e reflexão, visto que é onde se inicia o processo de escolarização básica do indivíduo. É na etapa de Educação Infantil que há o trabalho direto com crianças, para que elas desde cedo reconheçam as letras, números e percebam os demais símbolos postos em seu cotidiano. A alfabetização dá início neste processo.

Atualmente, estudos tem marcado uma nova concepção de criança a partir da vivência com inúmeras situações de aprendizagem. Uma delas está na prática do brincar por meio das práticas lúdicas. O lúdico, portanto, a possibilidade da criança afirmar e aproveitar sua identidade infantil, pois não pode haver rupturas de etapa de desenvolvimento. No lúdico, a criança tem a oportunidade de mediar o saber sistematizado, seja do abstrato para o concreto e vice-versa. Com isso, a infância passou a ganhar notoriedade e lugar de destaque em todas as correntes da educação, sob diferentes perspectivas.

Por outro lado, o lúdico seria um meio que ajuda a proporcionar a aprendizagem das crianças, desmistificando os rótulos que se debruçaram sobre os jogos e brincadeiras na educação infantil antigamente, assim sendo, há nos dias de hoje, a necessidade de considerar a psicológica histórico-cultural com a valorização da criança como ser social que é preenchido por meio das interações sociais, com o uso dos discursos e a produção de sentidos linguísticos que afirmam os símbolos na infância.

Trabalhar com a ludicidade na infância, requer do professor um trabalho integrado que desperte a interação e os diferentes elementos de vida da criança: dimensões afetivas, cognitivas, culturais, sociais e psicológicas. A criança deve ter contato rotineiro com outras crianças para que se sinta membro do espaço social e viva a sua etapa de forma prazerosa, sob mediação do professor. Na rotina da Educação Infantil, portanto, os professores devem introduzirem o lúdico nos diferentes momentos da criança. Os jogos e as brincadeiras são processos interativos e discursivos que favorecem a assimilação dos conteúdos propostos nos campos de aprendizagem.

O estudo tem a seguinte questão-problema: Como se constitui o reconhecimento do lúdico pelos profissionais da educação infantil como instrumento que importa para o ensino-aprendizagem das crianças atualmente? Tendo como foco uma instituição de ensino de Caxias- MA. Sabe-se que as crianças devem sentir prazer em aprender e a melhor forma para introduzir os conteúdos à elas, é por meio de jogos e brincadeiras que tenham como objetivo a educação. Diante disso, é necessário reforçá-la no ambiente escolar, pois o lúdico é um importante instrumento para auxiliar o educador no processo de ensino-aprendizagem na educação infantil.

Com base na problematização, delineamos o seguinte objetivo geral para o estudo: Compreender a percepção de professoras sobre os usos e as funções das práticas lúdicas no desenvolvimento de crianças da Educação Infantil. É notório que existe uma forte cobrança em relação aos conteúdos e o preparo desses alunos para adentrarem ao ensino fundamental já alfabetizados, com isso muitos educadores tem sua preocupação somente para fazer com que os alunos aprendam os conteúdos, deixando de lado a importância das brincadeiras lúdicas para o desenvolvimento dessa educação, ou seja, eles acabam não associando esse momento do brincar como um momento que proporcione a aprendizagem dos conteúdos. Analisando isso, vemos a importância de investigar a ludicidade sob o olhar dos professores da educação infantil e fomentar a importância do uso da mesma, assim como trazer novas significações sobre as brincadeiras no ambiente escolar, visto que a forma que o educador realiza o seu ensino reflete na aprendizagem das crianças.

Sabemos que a ludicidade é um instrumento importante que pode auxiliar os professores nas suas aulas, mas apesar de atualmente a ver esse reconhecimento, nos cabe apenas analisar se o mesmo está sendo realmente utilizado pelos professores ou se fica restrito apenas ao momento de recreação nas escolas. O que esta pesquisa objetiva não é fazer uma crítica aos professores que não fazem o uso do lúdico nas suas aulas, mas sim trazer contribuições para que esse momento de ensino-aprendizagem inclua a ludicidade.

Não podemos valorizar a ludicidade na teoria e ignorar a mesma na prática, então vemos como é necessário problematizar o lúdico somente na recreação das escolas, cujo tempo é curto e não é aproveitado de forma mais significativa pelas crianças, brinca é fundamental para elas, fazendo com que muitas fiquem eufóricas esperando por esse momento, podendo ocasionar distrações nas aulas. Para motivar e fazer com que essa brincadeira venha contribuir para o ensino, os professores podem estipular regras e associar as brincadeiras as aulas, com isso ambos se beneficiam com essas ações, os professores ministram seus conteúdos e os alunos aprendem de forma mais dinâmica e tendo um sentido, que seria o ensino-aprendizagem e a diversão.  

Ao ministrar os conteúdos não podemos esperar que os alunos fiquem em silêncio ou quietos e assim irão absorver mais conteúdos, isentar as crianças de brincadeiras para que sejam preparadas para o ensino fundamental na qual terão que já está alfabetizadas, faz com que as crianças se preocupem mais em saber conteúdo do que com a identidade da criança, as deixando ansiosas pelo aprender, ultrapassando e desrespeitando algumas etapas fundamentais para o desenvolvimento das crianças, que é o brincar.

Sabe-se que as crianças já trazem consigo conhecimentos prévios, as crianças não adentram as escolas sem saberem de nada, esses conhecimentos foram aprendidos no seu dia a dia, na conversa com sua família e nas interações com outras crianças na qual muitas são feitas por meio dos jogos e brincadeiras. Então porque isso não é devidamente explorado nas aulas? Na verdade, é essencial explorar isso, seja com cantigas de roda, seja modificando algumas brincadeiras para interligar aos ensinamentos, criança tem que ser criança e isso não precisa ser explorado só nas suas casas ou nos seus bairros, mas em todos os lugares, deixando-as mais livres para se expressarem e mostrar as suas habilidades.

É de suma importância investigar o lúdico sob a visão dos professores, para vermos como se dá o reconhecimento do lúdico atualmente pelos profissionais da educação infantil, para saber o que pensam a respeito e entender quais as dificuldades encontradas na execução de aulas mais lúdicas, identificar as concepções de lúdico dos profissionais da educação infantil como instrumento do processo ensino-aprendizagem, ver quais colocações eles tem a respeito do lúdico nas aulas para então caracterizar as concepções do lúdico na relação com o processo ensino-aprendizagem das crianças. Através da entrevista analisamos as concepções dessa relação pela perspectiva dos professores e para fomentar mais a pesquisa, também trouxemos alguns autores que discorrem sobre o assunto para mostrar às contribuições dessa relação.

Também analisamos como as contribuições de lúdico apresentadas pelos profissionais se mostram como indicadores do reconhecimento de sua importância na educação infantil. Por meio disso observamos se o lúdico tem esse reconhecimento apenas na teoria ou se também faz parte das práticas pedagógicas nas escolas. Para problematizar o assunto antes é necessário ver as variáveis que podem está possibilitando ou impossibilitando esse uso, e caso esse instrumento (lúdico), não esteja sendo utilizado, observar quais podem ser as interferências no trabalho desse professor, para trazer possíveis soluções para a prática pedagógica desse profissional.

Após analisar as colocações dos professores e discorrer sobre as dificuldades que podem impossibilitar o uso da ludicidade na ministração das aulas, ressaltamos a importância da mesma, porque por meio dela o professor pode estimular a curiosidade fazendo com que os seus alunos fiquem mais atentos à explicação, possibilitando mais discussões sobre os conteúdos e consequentemente mais participações. A pesquisa em questão serve como fonte de significativa para ajudar professores e a comunidade em geral sobre uma educação mais dinâmica que pode trazer mais vida as aulas, que prende a atenção dos alunos de uma forma positiva, que ajuda nas expressões e a fazer essa relação entre professor e aluno, para que ambos sejam cúmplices na construção dessa aprendizagem.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA OU REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Definindo a ludicidade

A história da ludicidade surgiu da relação que o homem tem com o mundo social, sendo uma construção humana na qual o indivíduo absorve papéis que lhe é exposto pelo meio em que ele vive, e a sua forma de agir vai depender dos fatores socioeconômicos e culturais, que influenciam muito na sua conduta. O lúdico por muito tempo ficou associado somente ao ato de brincar, não sendo visto a sua ligação com as práticas cotidianas e nem a sua amplitude em relação a aprendizagem e ao desenvolvimento humano.

A concepção mais atual de infância é de que a criança é um ser pensante com capacidades cognitivas, emocionais, físicas e psicológicas. Ao contrário do que se pensa, na Idade Média, a criança não era vista como um indivíduo autônomo, haja vista precisava fazer e repetir tudo que o adulto proclamava, o ambiente era mais fechado sem tantas possibilidades, e com isso, a criança era vista como um adulto em miniatura, justamente por operacionalizar determinar questões que os próprios pais, por exemplo, já realizavam.

Sabe-se que antigamente não existia a ideia de criança, os pais as travavam como um adulto em miniatura, “no século XVI a criança era considerada um adulto em miniatura, sem distinção entre o mundo adulto e o mundo infantil.” (Silva, Pereira, 2019, p. 04). As crianças participavam de muitas atividades adultas, seu modo de observar o mundo sempre estava espelhado na forma como os adultos viviam. Elas trabalhavam para ajudar em casa deixando a sua aprendizagem em segundo plano, “as crianças já eram inseridas no contexto social dos adultos, não possuíam nenhum tratamento diferenciado nem adequado para sua idade, pois nesta época, a infância era tida apenas como uma transição ou uma preparação para vida adulta.”. (Silva, Pereira, 2019, p. 04).

Quando a criança passa a ser vista como criança surge o jogo protagonizado, visto que, as crianças não poderiam exercer atividades “úteis” semelhantes às dos adultos. Eles direcionaram ao jogo atividades da vida adulta que não lhes oferecem perigo, pois é apenas imitação, fazem uso da imaginação para isso. Com o tempo, foi se valorizando a ideia de infância das crianças e elas ganharam notoriedade. “A partir do século XIX, conhecido como “o século das crianças”, passa-se a valorizar, proteger e defender as crianças, uma vez que entenderam que são seres com necessidades, especificidades, com direito a um atendimento mais específico.” (Silva, Pereira, 2019, p. 04).

O jogo surge da forma que o adulto educa as crianças, quando os adultos usam os objetos, as crianças observam como ocorre o uso deles, assim passam para a imitação até conseguirem executar com êxito a ação e terem autonomia para usá-lo de acordo com a sua função original. Muitas crianças nas suas brincadeiras usam a vassoura para voar, como se fosse um meio de transporte sendo que a sua utilidade está destinada a limpeza, ou seja, elas podem até saber a real utilidade do objeto, mas irão usá-los para outras ações. Trata-se da ação lúdica, que se expressa através dos jogos e brincadeiras.

Para adentrarmos na discussão sobre o lúdico e o processo de ensino aprendizagem, antes, iremos ressaltar também sobre a sua origem. Segundo Ferreira, Silva e Reschke (2009, p.03): “o lúdico tem sua origem na palavra latina “ludus” que quer dizer jogo”. Então fica entendido que todos os processos interativos que utilizam símbolos, objetivos, regras e formação de consciência sobre o pensar e agir é considerado jogo. Os autores consideram a dimensão do lúdico como: “se achasse confinado a sua origem, o termo lúdico estaria se referindo apenas ao jogar, ao brincar, ao movimento espontâneo. Nesse sentido, o lúdico passou a ser reconhecido como traço essencial de psicofisiologia do comportamento humano. De modo que a definição deixou de ser o simples sinônimo de jogo. […]” (Ferreira; Silva; Reschke, 2009, p.04). Para eles, o jogo é mediado por um agente capaz de relacionar e propor o vínculo dialógico entre as crianças. Esse processo de interação contribuir fervorosamente para a interação e o desenvolvimento de práticas autônomas entre as crianças. 

2.3 A importância do lúdico no processo de ensino aprendizagem

As brincadeiras sempre estiveram presentes no nosso cotidiano, elas fazem parte do dia a dia das crianças, sendo fonte de desenvolvimento e de aprendizagem, ajudando no desenvolvimento cognitivo e na coordenação motora das mesmas, é importante dar significado a elas para não ser um brincar por brincar, mas um brincar que venham trazer benefícios para o ensino-aprendizagem das crianças. “Utilizar o jogo na educação infantil significa transportar para o campo do ensino-aprendizagem condições para maximizar a construção do conhecimento introduzindo as propriedades do lúdico, do prazer, da capacidade de iniciação e ação ativa e motivadora”. (Kishimoto, 2008, p. 27).

No momento em que a criança participa de algum tipo de brincadeira, ela está em processo de aprendizagem, este por sua vez ocorre de maneira lúdica e prazerosa, no qual se aprende sobre as regras e a convivência com o outro. A Base Nacional Comum Curricular (2017) sobre o brincar afirma que :

Brincar cotidianamente de diversas formas, em diferentes espaços e tempos, com diferentes parceiros (crianças e adultos), ampliando e diversificando seu acesso a produções culturais, seus conhecimentos, sua imaginação, sua criatividade, suas experiências emocionais, corporais, sensoriais, expressivas, cognitivas, sociais e relacionais (Brasil, 2017, p. 36).

As crianças devem sentir prazer em aprender e a ludicidade sendo utilizada nas salas de aula, ajuda na concentração e possibilita a criança se expressar e estabelecer relações com os demais colegas. Além de proporcionar a autonomia e a construção também da sua personalidade. “O movimento lúdico, simultaneamente, torna-se fonte prazerosa de conhecimento, pois nele a criança constrói classificações, elabora sequências lógicas, desenvolve o psicomotor e a afetividade e amplia conceitos das várias áreas da ciência” (Ronca, 1989, P.27). A educação é o caminho que possibilita a criança ser guiada para luz, visto que, a educação tem a intenção de formar cidadãos que futuramente irão transformar a sociedade. Segundo Vigotsky (1998, p. 91):

O brincar é uma atividade humana criadora, na qual imaginação, fantasia e realidade interagem na produção de novas formas de construir relações sociais com outros sujeitos, crianças e/ou adultos. Tal concepção se afasta da visão predominante da brincadeira como atividade restrita à assimilação de códigos e papéis sociais e culturais, cuja função principal seria facilitar o processo de socialização da criança e a sua integração à sociedade.

Ensinar de forma lúdica é uma ótima forma de repassar os conteúdos escolares, sendo usada por muitos como uma estratégia pedagógica, pois “quando se brinca, o ser humano cria, inova, deixa fluir sua capacidade e liberdade de inventar novas maneiras para progredir e resolver problemas circunstanciais” (Vygotsky, 1998, p. 17).

As brincadeiras não devem ser adormecidas e o professor não deve enxergar as brincadeiras como algo que implicará de forma negativa no desenvolvimento dos alunos em relação à aprendizagem dos conteúdos, atualmente o professor da educação infantil tem o seu objetivo voltado principalmente em preparar os alunos para adentrarem ao ensino fundamental alfabetizados, com isso eles acabam reduzindo as brincadeiras no ambiente escolar e utilizando de recursos que pouco são atrativos para as crianças, não conseguindo assim prender a atenção das mesmas e tendo dificuldade em ensinar os conteúdos. De acordo com Aun (2017):

[…] o ensino de crianças ainda insiste na escolarização precoce, por meio de uma educação que alfabetiza antes mesmo dos seis anos de idade. A brincadeira, assim, é colocada em segundo plano, mesmo ela sendo um direito previsto em lei. “A mente é separada do corpo dentro da escola. A turma passa a maior parte do tempo na sala de aula e ganha um pequeno intervalo para brincar, como se fosse uma libertação”, afirma. “Os meninos e meninas têm um espaço muito limitado para descobrir suas expressões corporais, estimularem a criatividade e suas relações com outras crianças”, (Aun, 2017, p.44).

Ensinar na educação infantil não deve ser só repassar os conteúdos, existe sim uma cobrança em relação ao professor da educação infantil que resulta em um ensino cheio de lacunas para ambos os lados. “Ensinar não é transferir conhecimentos, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção” (Freire, 2009, p. 22).

O professor da educação infantil deve possibilitar caminhos para que a criança se descubra e descubra o mundo a sua volta, ou seja, dar esse espaço para valorizar a identidade e a infância da criança. A alfabetização não ocorre de forma automática, é importante respeitar o tempo que cada criança tem para aprender, existem formas para cumprir com o referencial curricular e ensinar conteúdos de forma mais dinâmica por meio de brincadeiras e jogos.  Os Jogos e brincadeiras segundo (Lira, 2011, p.72):

O brincar e os jogos, transformados em instrumentos educativos, servem para incutir normas, conceitos, conhecimentos, como muito é destacado no material. Ou seja, produzem o que as crianças são, o que nós somos, constroem o ser social e cultural, de uma maneira naturalizada, mas complexa. Nas organizações modernas a educação serve para internalizar uma série de conformidades básicas uma vez que veicula e faz funcionar uma rede de relações de poder, as quais lançam mão de meios estratégicos, são hábeis, empregam diferentes mecanismos, garantindo diferentes efeitos produtivos.

A ludicidade está sendo usada por muitos como uma estratégia pedagógica, no que envolve as brincadeiras na sala de aula, é importante ressaltar que não se trata de substituir as atividades escolares pelo brincar, mas sim articular essas brincadeiras as atividades da escola. As crianças devem ter contato com a leitura desde cedo, os professores podem envolver no seu planejamento semanal a contação de histórias.

[…] Contar historia é algo que caminha do simples para o complexo e que implica estabelecer vínculos e confiança com os ouvintes. Contar história é confirmar um compromisso que vem de longe e por isso, atividades relacionadas às contações de história devem ser desenvolvidas com muito critério. (Cavalcanti, 2002, p. 83).

A contação de história permite que os alunos se liguem a história, faça comentários e até incorporarem os papéis dos personagens. Podemos citar também alguns jogos e brincadeiras que podem ser usados como recursos nas aulas: o jogar peteca, pular amarelinha e o jogo da memória que estimulam habilidades cognitivas e motoras, além de ensinar sobre o ganhar ou perder e as regras que os participantes têm que obedecer, assim as crianças adquire conhecimento de forma prazerosa e significativa.

É importante trazer mecanismos que chamem a atenção dos educandos, para tornar o ambiente agradável o professor pode optar por aulas mais dinâmicas que visem às experiências dos seus alunos. A criança só realiza alguma ação exterior ou mesmo inteiramente interior quando impulsionada por um motivo e esse traduz sempre sob a forma de uma necessidade (uma necessidade elementar, ou um interesse, uma pergunta etc.). (Piaget, 1972, p. 14).

A criança tem que sentir a necessidade de participar, no momento em que a criança participa de uma dinâmica ou de alguma brincadeira, ela está em processo de aprendizagem, no qual se aprende sobre as regras, respeito e a convivência com o outro.

O ato do brincar traz muitos benefícios para quem participa dessa atividade, pois, contribui para o desenvolvimento físico, social, intelectual, respeito ao outro, a criança supera os desafios através da brincadeira ou jogo, além disso, os educando aprendem a serem cooperativos, aprendem regras, a lidar com seus limites, enfim, não é somente uma atividade que proporciona alegria, prazer, divertimento, direta ou diretamente está trabalhando na formação do sujeito, para que ele aprenda a conviver com os outros, a respeitar, a aceitar as pessoas que são diferentes, independente que tenham ou não alguma deficiência. (Soares, 2010, p. 12).

Ao brincar a criança cria novas possibilidades, uma refaz o mundo a sua maneira, ela pensa e projeta ações que ajudarão no seu crescimento pessoal e intelectual, de acordo com Moran (2018, p. 02) “A aprendizagem é ativa e significativa quando avançamos em espiral, de níveis mais simples para mais complexos de conhecimento e competência em todas as dimensões da vida.” brincando é explorado a sua imaginação, na qual ela pode se imaginar em lugares diferentes, interpretar uma pessoa diferente, dando lugar ao seu campo imaginário.

3 METODOLOGIA

A abordagem metodológica de nosso estudo está fundamenta no método (auto)biográfico, consolidado com os pressupostos da pesquisa narrativa. Na pesquisa, buscamos conhecer os atores sociais envolvidos dando ênfase as suas narrativas referentes ao contexto do processo ensino-aprendizagem na Educação Infantil, a partir dos contextos subjetivos das professoras que atuam nessa etapa da Educação Básica.

Compreendemos que a tessitura autobiográfica se interessa pelas histórias de vida das pessoas (neste caso, pelas experiências de professoras da Educação Infantil), para conhecer suas práticas, experiências formativas e profissionais. Tomando como parâmetro o método autobiográfico para a realização da investigação, consideramos pertinente nos fundamentar nos estudos de Ferraroti (2010).

Sobre esse aspecto, menciona que o pesquisador implicado com esse método poderá recorrer a materiais biográficos primários ou secundários. O autor menciona, também, que “[…] se todo indivíduo é a reapropriação singular do universal social e histórico que o rodeia, podemos conhecer o social a partir da especificidade irredutível de uma práxis individual” (Ferrarotti, 2010, p. 45). O narrador e suas histórias de vida, considerando as palavras do autor, não podem ser analisados sem levar em conta suas dimensões políticas, históricas, socioculturais e sua natureza dialógica e interativa.

O método autobiográfico considera a dimensão social e histórica do indivíduo que narra sua vida, pois entende que o narrador é, ao mesmo tempo, um sujeito singular e plural. Singular em face de sua subjetividade e de suas singularidades. Plural por ser um ser social cuja identidade tem as marcas das interações sociais. Em nosso estudo, o método autobiográfico constitui aporte epistemológico e metodológico, que possibilita aos narradores (no caso deste estudo professoras da Educação Infantil) a partir da narrativa de suas experiências por meio de processos reflexivos de interação entre pesquisadora e pesquisada. Trata-se de um método de grande importância no cenário educacional, uma vez que remonta para a dimensão formativa do pesquisador e profissional da educação sobre os diferentes momentos vividos pelos próprios narradores do estudo.

A pesquisa narrativa tem sido bastante difundida ao longo do tempo nas pesquisas no contexto educacional. Segundo Brito (2010, p. 14) constitui pesquisa-formação docente, oportunizando ao narrador a revisitação do passado, produzindo sentidos sobre o presente com perspectivas para o futuro”. A narrativa é uma metodologia de pesquisa que utiliza como corpus as experiências narradas por sujeitos histórico-sociais. Essas experiências ao serem rememoradas pelos narradores resultam de intenso trabalho de reflexão que entrelaça presente, passado e futuro, pois as narrativas não ocorrem de forma linear. No desenvolvimento das narrativas a reflexão (se alcançar a dimensão crítica) poderá resultar na produção de conhecimentos que situam os narradores como autores de suas práticas e como produtores de conhecimentos.

As professoras poderão narrar sobre suas concepções de ludicidade, jogos, brincadeiras. Poderão ainda realizar um parâmetro que diferenciam esses jogos e brincadeiras nos diferentes espaços e tempos de sua vida, sejam àquelas na sua época de infância e adolescência, ou sejam àquelas mais atuais conforme as configurações e mudanças de paradigmas teóricos e práticos na educação. No trabalho com as narrativas de pesquisa, portanto, o pesquisador, assim como o narrador, é afetado pelas experiências narradas, pelo compartilhamento de experiências e conhecimentos.

Foi utilizada a entrevista narrativa autobiográfica, como dispositivo de reflexão e formação na pesquisa. Segundo Lüdke e André (1986, p. 34), “a vantagem da entrevista sobre outras técnicas é que ela nos permite a captação imediata e corrente da informação desejada, praticamente com qualquer tipo de informante e sobre os mais variados tópicos”. Esse dispsotivo, porém, nos permite aprofundar o ponto que buscamos escutar nas entrevistas questões relacionadas ao objeto de estudo, de maneira particular, revelar sentimentos como tristezas, angústias, alegrias e outros…

No ato da entrevista narrativa, o pesquisador realiza “correções necessárias solicitando esclarecimentos e adaptações que a tornam sobremaneira eficaz na obtenção das informações” (Lüdke; André, 1986, p. 34). A entrevista narrativa nos ajuda a ter conhecimentos claros sobre a compreensão das pessoas em relação a determinados assuntos, permitindo um maior aprofundamento dos detalhes obtidos, com isso ela traz detalhes que auxiliam o pesquisador nas informações, evitanto possiveis erros na pesquisa, pois as respostas seirão diretamente da fonte desejada.

 Após a entrevista narrativa, o pesquisador irá analisar as falas, irá fazer a observação dos fatos, e irá dar uma conclusão ao seu trabalho, a entrevista faz essa ponte entre o entrevistador e o entrevistado e uma aproximação com o problema para se pensar em novas ideias que ajudem a solucionar o problema, apontando novos aspectos da realidade pesquisada. Ver quais professores são a favor da utilização e quais são contra, e o que os levou a ter esse posicionamento em relação a ludicidade, é partindo do inicio que chegamos a um resultado sobre está pesquisa. A pesquisa funciona como um ciclo sem fim, porque conforme a sua elaboração posteriormente gerará novos conhecimentos e novos conhecimnetos geram novas questões e assim a pesquisa vai estar sempre em um processo contínuo de descobertas e transformações. A seguir, colocaremos o perfil biográfico das Colaboradoras da Pesquisa:

Sou formada em Pedagogia pela Universidade Estadual do Maranhão/UEMA. Tenho especialização em Gestão escolar, supervisão e planejamento educacional pelo IESF. Também tenho especialização em Filosofia, Sociologia e Ensino Religioso pela Faculdade Dom Bosco. Tenho trinta anos de idade. Sou contratada da rede municipal e já atuo com Educação Infantil a cerca de seis anos, todo tempo nessa escola. (Profa. A/Entrevista Narrativa, 2024).

Tenho quarenta anos de idade. E atualmente, eu sou alfabetizadora da Educação Infantil, onde atuo há dez anos. Mas tenho formação em Pedagogia pela UEMA. Também tenho especialização em gestão escolar, especialização em gestão escolar e alfabetização. Sou professora efetiva da rede municipal há cinco anos (Profa. B/Entrevista Narrativa, 2024).

Tenho quarenta e dois anos de idade. Tenho magistério dos anos iniciais para a educação infantil e anos iniciais do ensino fundamental. Sou formada em Pedagogia pela UEMA. Tenho especialização em Educação Infantil e Gestão escolar. Sou professora contratada da rede municipal e nesta escola, eu trabalho a cerca de oito anos. (Profa. C/Entrevista Narrativa, 2024).

De acordo com o perfil biográfico de experiência e formação da colaboradora Profa. A, constatamos que a professora tem trinta anos de idade. Atualmente, possui formação inicial em Pedagogia, como estabelece a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, (Lei 9.394/96), sobre a formação para atuar em educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental. A professora tem investido na formação continuada por meio da pós-graduação lato sensu. Possui especialização em Gestão e Supervisão Escolar e, também, em Filosofia, Sociologia e Ensino Religioso.

A Profa. B, tem quarenta anos de idade e possui o curso de magistério em nível de ensino médio, graduou-se em Pedagogia pela Universidade Estadual do Maranhão – UEMA. Cursou especialização em Alfabetização e Letramento, especialização em Gestão escolar e também se especializou em alfabetização. A docente tem cerca de dez anos no exercício da docência, sempre trabalhou com educação infantil.

A colaboradora Profa. C, tem quarenta e dois anos de idade. Possui magistério dos anos iniciais para a educação infantil e anos iniciais do ensino fundamental, em nível de ensino médio. Possui licenciatura em Pedagogia pela UEMA. Tem cerca de oito anos como professora na escola pesquisada.

Sobre os aspectos éticos e legais da pesquisa, não vamos revelar os nomes/identidades verdadeiras das colaboradoras com a necessidade de evitarmos alguma desconformidade com a pesquisa com seres humanos, e o contexto subjetivo das narrativas das professoras. Sendo assim, optamos pelo uso de codinomes: Profa.A, Profa.B e Profa.C para identificar as colaboradoras.

Quanto aos procedimentos de Análise das Entrevistas narrativas, ccomo forma de analisar o conteúdo das narrativas das colaboradoras da pesquisa, oriundas da entrevista narrativa optamos pela análise compreensiva-interpretativa, conforme proposta de Souza (2014). O autor recomenda o desenvolvimento de uma análise criteriosa que possibilite perceber as subjetividades das narrativas dos colaboradores da investigação, destacando a diversidade de análises no campo: “São diversas as possibilidades de análise com fontes narrativas, (auto)biografias, memoriais e com escritas em processo de formação. Cabe aqui destacar as […] possibilidades diversas de análise interpretativa e compreensiva das histórias de vida […]” (Souza, 2014, p. 42).

A partir das ideias do autor, compreendemos que, no campo teórico- metodológico, as narrativas de vida requerem leituras reiteradas para compreensão e interpretação do corpus das entrevistas narrativas ou biográficas. Para explicar o processo de organização e de análise das narrativas, na perspectiva interpretativa-compreensiva, precisamos considerar aspectos de objetividade e subjetividade das experiências narradas.

É importante destacar que cada tempo de análise corresponde a ações interrelacionadas. Conforme descrito no quadro supracitado, o tempo I corresponde à pré- análise, encaminhou para a construção do perfil biográfico das colaboradoras. No tempo II, a leitura temática subsidiou a definição das unidades temáticas de análise com ênfase nos conteúdos que maiores entrarem em evidência nos relatos narrativos e as informações oriundas da empiria. O tempo III, após sistematização de leituras e releituras das narrativas, constituiu momento singular de descrição, interpretação e análise, recorrendo à revisão de literatura para balizar as constatações da pesquisa.

4 OS MODOS DE NARRAR AS PRÁTICAS LÚDICAS E A ROTINA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

A visão das professoras sobre o objeto de estudo é muito importante. Pois conforme a dimensão biográfica expressa sobre as histórias de vida, formação e experiência profissional, levarão o pesquisador perceber a pluralidade e a subjetividade do trabalho do professor na rotina da sala de Educação Infantil. A entrevista narrativa, não se trata apenas de um relato específico, mas tem a necessidade de despertar reflexão e formação sobre os desafios, as possibilidades e perceber como as professoras constroem a sua profissão e afirma a sua posição-professora, a partir do trabalho direto com as crianças e o trabalho que considera o contexto singular e a perspectiva histórico-cultural de si na prática profissional.

 De acordo com Mattos (1999, p. 51) “o professor tem que ser um especialista em interagir com o aluno sua preocupação deve ser o como fazer para possibilitar uma aprendizagem mais eficiente e menos trabalhosa para a criança”. O educador deve ensinar de forma que motive os seus alunos a quererem aprender e participar das atividades buscando instrumentos que façam sentido para eles, “por meio das diversas brincadeiras, os professores podem observar e constituir a visão dos processos de desenvolvimento das crianças em conjunto e de cada uma em particular, registrando as suas diversas capacidades […]” (RCNEI, v. 1, 1998, p.28).

As relações devem ser cheias de aprendizagens e afetividades, na qual permitem que a criança explore os objetos e sinta a necessidade de participar, o professor deve se integrar ao momento e se entregar as brincadeiras juntamente com as crianças. Se as crianças aprendem por imitação, o professor deve tomar consciência disso e ser o maior exemplo, assim o professor transmite a importância das brincadeiras por meio de suas palavras e dos seus atos. A essência das brincadeiras está no entretenimento, está na invenção e no experimentar das situações, a criança é como um livro cheio de histórias prontas para contarem.

4.1 Identidade profissional docente

Questionadas sobre: “O que te fez tornar professora da Educação Infantil?”, no panorama da construção da identidade docente, as colaboradoras expuseram os seguintes dados narrativos:

Profa -A: “A questão mesmo de gostar né do público e da minha preparação, da minha habilitação é… Me dá também esse direito né, essa função de trabalhar com esse público da Educação Infantil e também por gostar de criança porque se não gostar não tem como a gente trabalhar com essa modalidade né”.

Profa – B: “Eu me identifico muito com as crianças porque eu gosto muito de crianças e da experiência que eu tive, quando eu iniciei eu trabalhava com o ensino fundamental, mas não me identifiquei, não gostei muito, é tanto que eu pedi minha transferência pra trabalhar com a Educação Infantil. Como eu já acabei de falar eu gosto muito de crianças, me dou muito bem com criança e a forma lúdica de trabalhar com eles, porque como eu sempre parto das brincadeiras, a criança gosta de brincar e eu gosto muito de jogos, de dança, então eu vi que ia contribuir muito pra Educação Infantil”.

Profa. C: “Porque é uma modalidade da Educação que me atrai também né, todas as modalidades da Educação me atrai, então eu estou por isso né”.

A questão da identificação com a área contribui bastante para a efetivação do ensino, podemos inferir, a partir das narrativas que a Profa- A, se sente habilitada para trabalhar com as crianças, a Profa- B, gostam da forma lúdica de trabalhar com elas e a Profa -C, se atrai por todas as modalidades da educação. É preciso gostar de ensinar, de gostar de trabalhar com as crianças, um professor que gosta do seu trabalho, mesmo enfrentando dificuldades, conseguirá buscar soluções para os problemas que ele possa enfrentar.

As narrativas afirmam a dimensão da constituição profissional e afirmação da identidade profissão das professoras quando Nóvoa (2009, p.50) afirma que: “a necessidade de uma formação de professores além da investigação da prática, mas sim, pela construção em conjunto da profissão. Ou seja, só se torna professor através da prática, aplicando a teoria aprendida na academia”. Profa. -A, enfatiza que a questão de “gostar” da etapa de educação infantil é necessariamente pela habilitação da formação inicial, que tem constituído pressuposto valorativo sobre a dimensão do seu trabalho, bem como a articulação e mobilização dos saberes, como é o caso das questões lúdicas.

Muitas vezes, os professores concluem a formação inicial docente, mas tem muita insegurança do processo da prática profissional, porque a vivência no local de trabalho durante a formação tem sido apenas pelos Estágios Supervisionados, e que muitas vezes, tem gerado implicações sobre a rotina desse momento tão importante na constituição de formação do professor.

Pimenta (2004) afirma que o estágio supervisionado é um ponto inicial para a construção da identidade docente, mas não única, porque o estagiário ainda está passando pela formação que vai construir saberes para mediar na prática profissional. E por isso, a carga horária do estágio não é suficiente para que ele situe e posicione suas habilidades para intervir e contribuir na dimensão do processo de ensino e aprendizagem.

A Prof.a – B em sua narrativa coloca em evidência a sua identificação com o seu campo de atuação profissional, mas reconhece a necessidade de melhorar ainda mais a sua formação, a convivência com suas crianças e principalmente, conhecer cada uma delas, pois a partir deste processo, ela estará mais desenvolvida processualmente no que tange a elaboração de uma rotina que atinja e atenda cada criança.

A narrativa da Profa.- B é muito importante, considerando-a sentimentalmente quando ela diz “gostar” da área em que atua, e com isso, possibilita o trabalho dela de forma satisfatória, pois como é uma rotina que lida com crianças, é necessário desempenhar um trabalho de forma lúdico, com jogos, brincadeiras, códigos e outros elementos que fazem parte do repertório infantil e da rotina da criança. Tal situação pode ser revelada na narrativa da Profa. – C quando as aprendizagens profissionais são mediadas pelo contexto da prática.

Nesse sentido, os saberes da experiência, conforme o próprio Tardif (2002), menciona, correlaciona a perspectiva de um avanço profissional quando se aprende na própria prática por meio de elementos próprios, daqueles que frequentam os espaços escolares. Situação esta que contribui fortemente para o processo a posição de ser professor a partir das singularidades de seus alunos, os modos de aprendizagens e sua cultura.

O professor deve proporcionar momentos de educação e também de cuidados, aprendizagens que influenciam no autocuidado das crianças, tanto relacionadas à higiene quanto relacionadas ao emocional das mesmas, a aprender sobre o eu e sobre a diversidade existente no mundo, a se relacionar na sala respeitando os colegas e as suas particularidades, as suas culturas e ajudar na obtenção dos conhecimentos historicamente produzidos pela humanidade, conforme menciona o (RCNEI/Brasil, 1998).

Concepções e interações promovidas pelas brincadeiras que auxiliam no processo de ensino-aprendizagem de crianças na Educação Infantil 

“As brincadeiras auxiliam muito porque é através do brincar que a criança ela potencializa a aprendizagem né, porque o brincar como já foi dito ele é inerente da criança. Então o conteúdo de uma atividade qualquer sendo passado através da ludicidade, através das brincadeiras, ela facilita a potencialidade da aprendizagem da criança né, ela vai à concretização daquele aprendizado”. (Profa-A/Entrevista Narrativa, 2024).

“Com toda certeza, é fundamental, as brincadeiras elas são fundamentais no desenvolvimento da criança e no aprendizado isso só tem a contribuir, porque a criança quando a gente faz uma brincadeira intencionada ou então uma brincadeira livre ela só vai contribuir. Porque a criança ela acha que tá só brincando as vezes, mas ela não sabe as vezes da intencionalidade daquele brincar e naquele momento ali ela aprende a identificar letras, cores, aprende ler, e entre outras coisas”. (Profa-B/Entrevista Narrativa, 2024).

“Sim né, com brincadeira a gente ensina todas as linguagens, desperta também a oralidade da criança, a motricidade, bem como todos os sentidos sensoriais da criança”. (Profa-C/Entrevistas Narrativas, 2024).

O lúdico é visto como uma ferramenta pedagógica ajuda a esclarecer às contribuições que o lúdico traz para o ensino aprendizagem das crianças, de acordo com a professora “A” as brincadeiras auxiliam, potencializam e facilitam a aprendizagem das crianças, a professora “B” diz que as brincadeiras são fundamentais, contribuem e ajudam na identificação de alguns elementos. A entrevistada “C” relata que o brincar desperta algumas habilidades, como: a oralidade e os sentidos.

Na escola as situações de aprendizagens devem valorizar os contextos cotidianos, ou seja, toda a bagagem que a criança traz com ela, como o brincar faz parte da infância, é uma forma motivadora de ensinar os conteúdos as crianças.

A Educação Infantil precisa promover experiências nas quais as crianças possam fazer observações, manipular objetos, investigar e explorar seu entorno, levantar hipóteses e consultar fontes de informação para buscar respostas às suas curiosidades e indagações. Assim, a instituição escolar está criando oportunidades para que as crianças ampliem seus conhecimentos do mundo físico e sociocultural e possam utilizá-los em seu cotidiano (Brasil, 2018, p. 42).

Brincar ajuda nas escolhas e decisões, porque a criança pensa, reflete e raciocina quando está brincando, as brincadeiras devem ser intencionadas, para que possam auxiliar no ensino, ao brincar ela está aprendendo e o lúdico como instrumento auxiliador do ensino-aprendizagem constrói conhecimentos. O professor é o responsável por introduzir as crianças aos jogos e brincadeiras na escola, estimulando o aprimoramento das ações, como cada aluno tem suas habilidades, ele pode estar trabalhando com pinturas, com exercícios, com músicas, entre outras habilidades que podem estar sendo trabalhadas durante o brincar. Segundo Vygotsky (1984, p. 21):

O brincar gera um espaço para pensar, sendo que a criança avança no raciocínio, desenvolve o pensamento, estabelece contatos sociais, compreende o meio, desenvolve habilidades, conhecimentos e criatividade. Compreendendo assim que o ato de brincar permite que aconteça a aprendizagem, o brincar é essencial para o desenvolvimento do corpo e da mente.

As entrevistadas reconhecem as contribuições que os jogos e brincadeiras trazem e ainda vem trazendo para a educação, como: a ler, a escrever, no desenvolvimento cognitivo e motor das crianças e a se expressar de forma criativa tendo mais autonomia, “brincando a criança aprende novos conceitos, adquire informações e tem um crescimento saudável” (Gulinelli, 2008 p.10). Sabem que é satisfatório aprender brincando, assim como ensinar de forma a contribuir para a convivência e interação de todos os colaboradores que estão presentes na escola.

Devemos sempre considerar o seu valor educativo, pois ele favorece diversos fins para as ações das crianças, garante várias experiências que são reveladoras e eficazes para a qualidade do ensino. Notamos o poder que o brincar traz, poder que coloca às crianças em situações enriquecedoras, que ajuda a produzir o que elas querem ser.

4.2 Os jogos e brincadeiras utilizados ao longo da trajetória das colaboradoras no cotidiano da Infantil

Professora (A) – “Sim, com certeza né porque ali através dos jogos, através das brincadeiras a gente cria inúmeras possibilidades de aprendizagem, desde uma simples regra né que a criança possa aprender até mesmo um conteúdo que a gente de repente naquele momento queira que eles aprendam. Então os jogos e as brincadeiras realmente né fazem essa diferença no planejamento do professor, na rotina do professor dentro da sala de aula na Educação Infantil”.

Professora (B) – “Com certeza, uma grande diferença a aprendizagem da criança a partir da brincadeira ela é bem prazerosa, a criança ela aprende de forma prazerosa, então isso é significativo pra criança”.

Professora (C) – “Sim né, todas as crianças que elas chegam as vezes bem tímidas na escola elas se soltam bem, se relacionam bem com os outros a partir das brincadeiras, se interagem a partir das brincadeiras”.

Todas as entrevistadas concordam que os jogos fazem sim diferença na ministração das aulas, na visão da professora “A” os jogos garantem muitas possibilidades de aprendizagem, a professora “B” relata que por meio das brincadeiras os alunos aprendem de forma prazerosa e a professora “C” diz que através delas as crianças se soltam mais. “As maiores aquisições de uma criança são conseguidas no brinquedo, aquisições que no futuro tornar-se-ão seu nível básico de ação real e moralidade” (Vygotsky, 1998). Ao manusear os brinquedos a criança não estará aprendendo só sobre ele, mas sobre o mundo, tendo cada vez mais curiosidade em descobrir como brincar com ele, e criando possibilidades para utilizá-lo. Cabe ao professor potencializar essa aprendizagem, colocando desafios para que as crianças possam sempre superá-los. 

O lúdico ajuda na superação de medos, a criança vai percebendo que elas conseguem realizar o que foi proposto pelos professores, irão aos poucos regulando as emoções no que se refere no ganhar ou perder, para que na sala de aula prevaleça um sentimento de amizade, de paz e de alegria em está com os colegas, assim vão diminuindo as distâncias e aumentando as aproximações.

O brinquedo coloca a criança na presença de reproduções: tudo o que existe no cotidiano, a natureza e as construções humanas. Pode-se dizer que um dos objetivos do brinquedo é dar a criança um substituto dos objetos reais, para que possa manipulá-los. Duplicando diversos tipos de realidades presentes, o brinquedo metamorfoseia e fotografa a realidade, não reproduz apenas objetos, mas uma totalidade social (Kishimoto, 2003, p. 109).

Os brinquedos substituem os objetos reais, por exemplo, uma criança que quer ser médica muitas vezes ela irá pedir para os seus pais brinquedos relacionados a essa área, ou simular nas suas brincadeiras situações em que um médico atuaria, como as crianças não podem manipular objetos perigosos e almejam cumprir alguns papeis que são destinados aos adultos, os brinquedos colaboram para que elas realizem os seus desejos de forma mais divertida e estando protegida.

Portanto, independente da profissão: médico, professor, confeiteiro e até mesmo os super-heróis não escapam das suas escolas, são inúmeras as possibilidades que construirão o ser social. Esse trabalho almeja quebrar a barreira de que o brincar tirar a atenção das crianças dos conteúdos, ressaltando que na verdade ele reforça a apreensão deles durante a realização das aulas. Momentos esses que ficarão gravados em sua memória, assim como provocar mudanças no seu modo de ser.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A ludicidade é essencial na infância, não deve ser vista como algo que é belo somente na teoria ou como um brincar por brincar, deve-se observar as intencionalidades que elas trazem para a vida das crianças, visto que, ela amplia as habilidades e potencialidades em relação à absorção dos conhecimentos sendo este construído através das experiências adquiridas no decorrer da vida.

É primordial investigar como o lúdico é visto e utilizado nos dias atuais pelos profissionais da Educação Infantil e quais contribuições ele traz para o processo de ensino-aprendizagem na Educação Infantil, pois ao se compreender a importância do lúdico, é possível observar todo o desenvolvimento que ele ajuda a proporcionar aos alunos, como: motor, cognitivo, emocional e social para a vida das crianças.

As crianças estão em formação, estão construindo as suas personalidades, a ludicidade entra como um suporte que as ajuda a entender a si mesmas e ao mundo a sua volta, a curiosidade faz parte da exploração, faz parte do conhecer, é assim que as crianças vão adquirindo as respostas para as suas interrogações, o professor que entende sobre os benefícios que o lúdico traz, não abre mão do seu uso e o ver como instrumento que auxilia e ajuda no seu trabalho.

Por isso, este trabalho propôs investigar o reconhecimento do lúdico como instrumento que importa para o ensino-aprendizagem na Educação Infantil na atualidade: o que dizem os docentes? Para vemos sob a ótica dos professores, pois são eles que vivenciam diariamente o que é ser professor, são eles que estão diretamente inseridos no cotidiano escolar, os mesmos analisam o que contribui ou não para a efetivação das suas aulas, tendo assim propriedade de fala.

Visto isso, vemos a importância de ampliar as pesquisas sobre essa temática, pois a mesma continua se mostrando eficaz na sala de aula, os professores já enfrentam muitos desafios para conseguir ministrar aulas satisfatórias e com um diferencial, por isso usam o que contribui para a melhoria da qualidade do seu ensino. O lúdico torna as aulas mais agradáveis, sendo uma ferramenta capaz de estimular os alunos e desafiá-los a concluir os objetivos propostos pelos professores.

 O brincar tendo uma intencionalidade não é um mero divertimento, pois além de facilitar na fixação dos conteúdos, ajuda na autonomia e independência dos alunos, a serem seres pensantes, reflexivos e criativos. O lúdica ajuda a trabalhar todas as áreas do ser humano, na sua mente, corpo, na sua aprendizagem, na sua socialização, e na sua comunicação. A comunicação é essencial porque ela revela os sentidos, o que as crianças entenderam de determinada tarefa ou assunto.

A partir da pesquisa realizada foi possível observar que as professoras mostram que gostam do seu trabalho, nas suas falas nota-se quão dedicadas elas são a ele, planejando o seu tempo para que consigam organizar as aulas, confeccionar os materiais que serão utilizados nas dinâmicas por meio de materiais recicláveis, como: sucatas, tampinhas de garrafas, papelão, entre outros materiais que podem ser aproveitados nas dinâmicas.

Na Educação Infantil o lúdico é um recurso que não pode ser usado de qualquer maneira, os professores vão analisando, observando e estudando se o mesmo se aplica às singularidades de cada aluno, visto que as crianças aprendem a seu tempo. Um professor reflexivo vai pensar e refletir sempre a sua ação, mudando as suas metodologias sempre que necessário, sempre aprimorando a sua prática e com isso melhorando o seu fazer pedagógico.

Portanto, vemos que a importância dos jogos e brincadeiras na educação infantil ainda é alimentada pelas entrevistadas, pois possibilitam o desenvolvimento integral da criança, potencializando as aprendizagens e os valores. Os resultados só reforçam a visão que a pesquisadora já tinha sobre a ludicidade, com isso faz-se necessário confessar a sua utilidade, que se configura como estratégias que transformará posicionamentos, pensamentos e atitudes, possuindo pretensões que são favoráveis para os sujeitos.

É satisfatório ver a mobilização dessas professoras para com os seus alunos, com isso pudemos concluir que os objetivos desta pesquisa foram atingidos, pois ainda se mantem ativa a utilização do lúdico no ambiente escolar, ver esse reconhecimento do lúdico como um instrumento auxiliador do processo de ensino aprendizagem, e ver realmente como funciona o trabalho dos professores da Educação Infantil. Eles brincam, ensinam, cuidam, corrigem e conduzem os seus alunos para o caminho da aprendizagem, sendo a brincadeira algo que eterniza essa aprendizagem.

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1Doutorando em Educação -Universidade Federal do Piauí- UFPI, Campus Teresina. Mestre em Educação- PPGEd/UFPI. E-mail: prof.dilmarjr@hotmail.com  

2Docente do Departamento de Educação da Universidade Estadual do Maranhão -UEMA, Campus Caxias. Doutora em Educação- PPGEd/UFPI. Mestre em Educação- PPGEd/UFPI.  E-mail: shirlanesilva@professor.uema.br

3Docente do Curso de Letras da Universidade Estadual do Maranhão -UEMA, Campus Caxias. Doutor em Linguística pela Universidade Federal do Rio de Janeiro- UFRJ. Mestre em Letras pela Universidade Federal do Rio de Janeiro- UFRJ. E-mail: antonioluiz_am@hotmail.com