LOGÍSTICA EXTERNA DO PORTO DE SUAPE

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8052657


Pedro Henrique Satou Ferreira Teixeira


1 INTRODUÇÃO

A logística é o processo de transporte e armazenamento de mercadorias e matéria-prima, sendo de extrema importância para qualquer empresa, pois aquelas que não possuem um sistema de logística para gerir seus produtos de maneira correta podem ter prejuízos muito elevados, chegando até mesmo a uma possibilidade de falência. E não seria diferente num Porto, que é um dos meios mais utilizados no mundo para a movimentação de carga, tendo milhares de empresas dependentes desse meio produtivo.

Além da logística interna do Porto de Suape algo primordial para sua operação em nível máximo envolve principalmente a sua operação externa, que atualmente é muito mal aproveitada devido a diversos problemas infraestruturais nas áreas de transporte de cargas ao redor do Porto. 

O fato da ferrovia Transnordestina até o Porto de Suape não estar concluída limita a operação às rodovias já existentes, o que faz diminuir bastante o número potencial de importações e exportações na Região Nordeste. Porém esse problema não se restringe ao Porto, a ferrovia também seria um importante fator no aumento da exportação de matérias agrícolas e minérios, pelo fato de que a ferrovia passaria por grandes áreas de mineração e de produções agropecuárias no interior do Nordeste. 

A localização privilegiada do Porto de Suape o torna um hub praticamente central de distribuição e redistribuição mundial. A sua localização permite que ele esteja a menos de 250 milhas marítimas de mais de 200 rotas do mundo inteiro. Como por exemplo, todos os navios que saem da região do Sudeste e Sul do país que vão em direção à América do Norte e à Europa. 

Seguindo essa perspectiva, se os avanços na área externa ao Porto de Suape tivessem sido realizados, o Porto poderia está atuando com uma maior movimentação de carga do que atualmente, tendo um aumento significativo na sua eficiência no escoamento das cargas recebidas de todo o mundo. 

Nesse contexto, o objetivo deste trabalho é explicar como está a logística externa do Porto demonstrando tanto os problemas percebidos na atualidade quanto os benefícios das correções e aprimoramentos desses problemas, com a perspectiva da Transnordestina. Ainda, como esse possível aumento de sua eficiência operacional pode alterar na importação e exportação de toda Região Nordeste.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 

2.1 LOGÍSTICA:

A logística é um processo de transporte e armazenamento de mercadorias e de matéria-prima, que leva desde o local de origem até o ponto final de consumo. As empresas de logística têm serviços especializados para transporte e armazenagem, assim, podem possuir uma infraestrutura a depender do setor, como caminhões, aviões, navios e armazéns. Por isso, muitos fabricantes e varejistas contratam transportadoras terceirizadas para realizar todo o transporte logístico. Logísticas têm aumentado muito, sendo cada vez mais solicitadas com as compras online, já que são totalmente necessárias para a  realização das entregas até os consumidores. (CHRISTOPHER, 1992)

Coyle (2003) explora os diferentes modais de transporte, como rodoviário, ferroviário, aéreo, marítimo e multimodal, e analisa suas vantagens e desvantagens em termos de custo, velocidade, confiabilidade e capacidade. Ele destaca a importância de selecionar o modal de transporte mais adequado com base nas características dos produtos, requisitos de tempo, distância geográfica e outros fatores relevantes. Além disso, esse autor discute a interação entre o transporte e outras atividades logísticas, como o gerenciamento de estoques, embalagem e planejamento de rotas. Ele ressalta que o transporte eficiente pode contribuir para a redução de custos, a melhoria do serviço ao cliente e a otimização dos níveis de estoque ao longo da cadeia de suprimentos. 

O crescimento da área é tanto que, no Brasil, em busca de uma melhor eficiência na logística brasileira foi criado a PNLT (Plano Nacional de Logística e Transporte)

2.2 PLANO NACIONAL DE LOGÍSTICA E TRANSPORTE: 

Segundo a escritora Larissa Ramos (2020), o Plano Nacional de Logística e Transportes foi criado em 2006, por uma iniciativa do Ministério dos Transportes em conjunto com o Ministério da Defesa a fim de montar um projeto que traria estratégias e propostas de melhorias para o setor de transportes. O PNLT propõe soluções que otimizem os custos, aumentem a produtividade, diminuam as emissões de poluentes e melhorem os serviços prestados na movimentação de cargas ao redor do País. 

Os objetivos principais do PNLT são o de dar suporte logístico no planejamento de inovações no setor, priorizando os meios aquaviário e ferroviário, por ter a melhor relação entre custo e benefício ,dentre outros, e pelo fato do Brasil ser um país de escala continental e possuir um sistema de transporte baseado em rodovias que, em grandes escalas, acabam sendo ineficientes. 

2.3 TRANSPORTE MARÍTIMO: 

O uso dos transportes marítimos não é recente. Há anos, são uma opção de locomoção e condução de mercadorias. Historicamente, as Grandes Navegações são uma série de expedições marítimas realizadas pelos europeus nos séculos XV e XVI. Essas viagens tiveram um impacto profundo na história mundial, abrindo novas rotas comerciais, expandindo os impérios coloniais europeus e promovendo a troca de conhecimentos, tecnologias e culturas entre diferentes partes do mundo. As Grandes Navegações foram impulsionadas por diversos fatores, incluindo o desejo de explorar novas terras, encontrar rotas comerciais mais eficientes para o Oriente, espalhar a influência política e religiosa e buscar riquezas, como ouro e especiarias. Um destaque foi a viagem de Vasco da Gama, que em 1498 navegou até a Índia contornando o Cabo da Boa Esperança. Essa rota marítima para as Índias permitiu que os europeus contornassem o domínio muçulmano no comércio de especiarias.

Em seu livro, “Shipping Operations Management” especializado no tema, Visvikis e Panavides (2017) abordam sobre as operações diárias envolvidas no transporte marítimo, como a programação de navios, a gestão de terminais portuários, a organização das rotas de navegação e as atividades de carregamento e descarregamento de cargas. Ainda são apresentadas questões de gestão relacionadas ao transporte marítimo, como o gerenciamento de riscos (que se refere ao processo de identificação, avaliação e mitigação dos riscos que podem afetar uma organização ou projeto), a eficiência operacional (capacidade de uma empresa executar suas operações de forma produtiva, maximizando o uso dos recursos disponíveis para alcançar os resultados desejados), a segurança marítima e as preocupações ambientais. 

Visvikis e Panavides (2017) também analisam os desafios enfrentados pela indústria, incluindo a concorrência global, as regulamentações internacionais e as demandas dos clientes. E apontam as melhores práticas e estratégias para otimizar as operações de transporte marítimo, levando em consideração aspectos econômicos, ambientais e sociais. Também destacam a importância da colaboração entre as partes interessadas, como armadores, terminais portuários, autoridades reguladoras e clientes, para alcançar resultados eficazes e sustentáveis na indústria do transporte marítimo. 

3. METODOLOGIA 

O estudo em questão configura-se, essencialmente, por meio de pesquisa bibliográfica, utilizando dados secundários para análise e conclusão do tema. A pesquisa bibliográfica se dá a partir do levantamento de referências teóricas já analisadas, e publicadas por meios escritos e eletrônicos, como livros, artigos científicos e páginas de sites (FONSECA, 2002, p. 32). É uma etapa fundamental em todo trabalho científico que influenciará todas as etapas de uma pesquisa, na medida em que der o embasamento teórico em que se baseará o trabalho. Consiste no levantamento, seleção, fichamento e arquivamento de informações relacionadas à pesquisa (AMARAL, 2007, p. 1). 

O método de pesquisa usando dados secundários envolve a coleta e análise dessas informações já disponíveis para responder a perguntas de pesquisa ou fornecer suporte a estudos. Sendo informações coletadas e compiladas por outras fontes para fins diferentes de estudos, pesquisas ou relatórios obtidos em estudos de mercado, bancos de dados, publicações científicas, registros governamentais e dados históricos. (Cooper e Schindler, 2005). 

Dessa forma, para esse estudo, foram buscadas informações sobre sobre o porto de Suape em sites do governo para as fontes de  dados sobre comércio e no site do próprio porto para as informações mais técnicas como características sobre geograficas do porto e de navios que podem ser atracados neles além de diversas números de movimentações de carga 

4. DESCRIÇÃO E ANÁLISE DE DADOS

A escolha da criação do Porto de Suape não ocorreu de forma aleatória, mas sim, pela estratégica localização de onde se encontra.  É um ponto que se encontra no meio de diversas rotas marítimas de todo o mundo, o que o torna um possível potencial para ser um hub de distribuição e redistribuição mundial. 

Uma característica bastante importante na sua construção, além da sua localização, é a que seu canal de acesso possui 16,5 metros de , podendo receber navios com um calado (distância da quilha do navio o ponto de maior profundidade em relação a linha d’ água) de até 14,5 metros, essa característica torna o Porto de Suape um destaque entre os demais da região. 

A sua localização permite que ele esteja a menos de 250 milhas marítimas de mais de 200 rotas do mundo inteiro. Como por exemplo todos navios que saem do Sul e Sudeste do Brasil em direção à América do Norte e Europa ou oceano pacífico através do canal do Panamá, navios africanos que vão em direção à Ásia que passam pelo canal do Panamá e até mesmo para América do Norte e Europa dependo da origem do navio; e todas essas rotas permitem que o Porto de Suape movimenta cargas do mundo inteiro, sendo que todas essa rotas citadas podem servir também para o caminho oposto ou para a volta dos navios. 

Atualmente o Porto opera principalmente com um escoamento de carga via transporte rodoviário o que torna esse processo muito abaixo da sua eficiência máxima, pelo fato de que utilizando rodovias o tempo de transporte das cargas são muitos inferior em relação ao de trens por exemplo e financeiramente já que se os trens conseguem transportar mais toneladas  de carga em uma única viagem. 

Essa via de comércio é uma das mais utilizadas no mundo. Só em 2021, o Brasil movimentou 1.2 bilhões de toneladas apenas no setor portuário, segundo a ANTAQ (Agência Nacional de Transportes Aquaviários). E em 2019 mais de 11 bilhões de toneladas de cargas foram transportadas ao redor do mundo segundo a UNCTAD (United Nations Conference on Trade and Development ).  

Prevista nos planos do porto de Suape a ferrovia Transnordestina o ligaria ao porto de Pecém no Ceará gerando um impacto gigantesco na operação e na lucratividade do porto de Suape. A conclusão da rota que liga a Ferrovia Transnordestina ao Porto de Suape é essencial para o desenvolvimento da Região Nordeste pelo o fato da ferrovia passar por toda a região do agreste do nordeste, aumentando a velocidade de distribuição e o aumento da exportação dos produtos agrícolas e minerais produzidos na Região. 

Em estudo realizado pela universidade federal de Pernambuco – UFPE estima-se que com a ferrovia atuante o impacto no nordeste seria de mais de 300% na exportação geral do nordeste em produtos agrícolas, minerais e transporte de carga no geral. Sendo o Porto de Suape o maior da região estima-se um aumento superior a 70% da sua exportação atual. Na situação atual o Porto continua tendo crescimentos significativos todo ano e um crescimento estimado em 8% para o ano de 2023, esse crescimento poderia ser ainda maior caso todos os projetos apresentados fossem de fato concluídos. 

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 

O Porto de Suape é o sexto maior porto do Brasil e só em 2022 movimentou 24,7 milhões de toneladas de cargas, e espera um crescimento de 8% para 2023. Caso a ferrovia tivesse sido concluída esse aumento poderia ser muito maior superando um crescimento superior a 70% no Porto de Suape e de mais 300% em toda Região Nordeste como citado no estudo anteriormente. 

O maior impacto seria a implementação do Plano Nacional de Logística e Transporte (PNLT) em Pernambuco, que se trata de um plano econômico de dividir  o estado  em diversos distritos industriais para fortalecer o comércio de acordo com a maior atividade comercial desses pólos e um futuro desenvolvimento econômico.

6. REFERÊNCIAS 

Martin, C. A. J.  (1992) Logistics & Supply Chain Management Financial Times fifth edition

Coyle, J. J.*et*al (2015) Transportation: A Supply Chain Perspective 

Panayides P.M. et*al (2017) Shipping Operations Management Springer four edition 

Larissa, R. PNLT: tudo sobre o plano nacional de logística encontrado em: https://www.cobli.co/blog/pnlt-plano-nacional-de-logistica-e-transportes-no-brasil/

Informações técnicas sobre o porto de Suape encontrado em: https://www.suape.pe.gov.br/pt/porto/infraestrutura-portuaria/guia-portuario

Santos, J.J. Impactos da  implementação da ferrovia transnordestina no polo gesseiro do ararunense: Cenário e perspectivas dos stakeholders regionais. Encontrado em: https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/14950/1/CD1_IMPACTOS%20DA%20FERROVIA%20TRANSNORDESTINA_sem%20assinaturas.pdf

Sousa, A.S. A pesquisa bibliográfica : Princípios e fundamentos encontrado em: https://revistas.fucamp.edu.br/index.php/cadernos/article/download/2336/1441#:~:text=A%20 pesquisa%20 bibliografia%20é%20uma,conhecimentos%20sobre%20o%20 assunto%20 pesquisado