LITERATURA ADAPTADA E SUA IMPORTÂNCIA PARA AQUISIÇÃO DE AUTONOMIA DO ESTUDANTE SURDO NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL

ADAPTED LITERATURE AND ITS IMPORTANCE FOR DEAF STUDENTS’ ACQUISITION OF AUTONOMY IN THE EDUCATIONAL DEVELOPMENT PROCESS

REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.10982342


Márcia Conceição Santos 1
Fábio Coelho Pinto 2


RESUMO

Este artigo discute sobre literatura adaptada e sua importância para aquisição de autonomia do estudante surdo no processo de desenvolvimento educacional. Considerando que os debates em torno da educação inclusiva têm crescido no âmbito das leis e dos debates acadêmicos, entretanto, ainda são poucos os recursos utilizados para a promoção da inclusão dos sujeitos surdo, como por exemplo, garantia de literatura adaptada para seu processo de formação.  O objetivo geral foi analisar literatura adaptada e sua importância para aquisição de autonomia do estudante surdo no processo de desenvolvimento educacional. Em termos metodológicos a pesquisa utilizou uma metodologia que incluiu uma revisão bibliográfica. Podemos classificar a pesquisa ainda como de abordagem qualitativa e que teve no viés exploratório o caminho para a seleção do referencial necessário para a compreensão do uso da literatura adaptada para a promoção da autonomia e desenvolvimento crítico-transformador da realidade do sujeito surdo. Dentre os referenciais teóricos selecionados para fundamentar o processo de reflexão e análise, destacam-se: Fernandes (2006), Mendes (2003), Oliveira (et tal, 2005), Alves (et al., 2022) e Lemes (2019). Os resultados descrevem que a literatura exerce um papel vital na formação educacional dos alunos, lhes possibilitando acesso a diversos saberes e experiências necessários ao seu desenvolvimento integral. Apresenta a autonomia do estudante surdo na aprendizagem e expõe sobre as ações para promover a autonomia no processo educacional do estudante surdo. Os resultados apontam que é necessário possibilitar ao estudante surdo, autonomia no processo de ensino-aprendizagem para que eles sejam independentes na busca do conhecimento.

Palavras-chave: Literatura Surda. Literatura em Libras. Autonomia. Estudante Surdo.

ABSTRACT

This article discusses adapted literature and its importance for deaf students to acquire autonomy in the educational development process. Considering that debates around inclusive education have grown within the scope of laws and academic debates, however, there are still few resources used to promote the inclusion of deaf subjects, such as guaranteeing literature adapted for their training process . The general objective was to analyze adapted literature and its importance for deaf students to acquire autonomy in the educational development process. In methodological terms, the research used a methodology that included a bibliographic review. We can still classify the research as having a qualitative approach and which had an exploratory bias as the path to selecting the necessary framework for understanding the use of adapted literature to promote autonomy and critical-transformative development of the deaf subject’s reality. Among the theoretical references selected to support the process of reflection and analysis, the following stand out: Fernandes (2006), Mendes (2003), Oliveira (et al., 2005), Alves (et al., 2022) and Lemes (2019). The results describe that literature plays a vital role in the educational training of students, giving them access to diverse knowledge and experiences necessary for their integral development. It presents the autonomy of the deaf student in learning and explains the actions to promote autonomy in the educational process of the deaf student. The results indicate that it is necessary to provide deaf students with autonomy in the teaching-learning process so that they are independent in the search for knowledge.

Keywords: Deaf Literature. Literature in Libras. Autonomy. Deaf Student

1 INTRODUÇÃO 

A inclusão da pessoa com deficiência auditiva, nas últimas décadas, tem sido um tema bastante recorrente no sistema educacional. Visto que, se busca alternativas para garantir o acesso igualitário a todos os estudantes surdos. No entanto, é preciso avançar nas discussões, nas políticas públicas, nas alternativas que possibilitem uma inclusão mais eficiente. Isso porque ainda existe a exclusão dentro do sistema educacional, pois ainda permanecem muitos obstáculos no processo de ensino e aprendizagem, como as barreiras causadas ao estudante com deficiência surda no ambiente escolar. Dentre inúmeras barreiras, temos ausências de elementos necessários e importantes que permitem que o estudante deficiente consiga desenvolver autonomia no processo educacional. Uma das barreiras, trata-se de literatura adaptada conforme a necessidade de cada deficiência.

Neste sentido, abordaremos neste artigo, a Literatura adaptada e sua importância para aquisição de autonomia do estudante surdo no processo de desenvolvimento educacional. Neste caso, o presente artigo, torna-se relevante, pois a aborda autonomia do estudante surdo no processo de desenvolvimento educacional, o que possibilita, ao estudante surdo, independência na aquisição do conhecimento, para melhorar sua qualificação profissional e expansão do desenvolvimento acadêmico. 

Então, para termos êxitos na pesquisa, definimos como objetivo geral: analisar a literatura adaptada e sua importância para aquisição de autonomia do estudante surdo no processo de desenvolvimento educacional. Quanto aos objetivos específicos definimos os seguintes: Compreender como a literatura exerce um papel vital na formação educacional dos alunos; pesquisar sobre a autonomia do estudante surdo na aprendizagem e verificar ações para promover autonomia no processo educacional do estudante surdo.

A metodologia adotada para a construção desse trabalho foi uma revisão bibliográfica envolvendo a temática estudada. No que diz respeito a abordagem, trabalhamos com a qualitativa e quanto aos objetivos propostos trabalhamos com o viés exploratório. 

Quanto à sua estrutura está distribuída em: primeiro tópico a literatura exerce um papel vital na formação educacional dos alunos; no segundo tópico iremos abordar sobre Autonomia do estudante surdo na aprendizagem e no terceiro tópico temos as ações para a promover autonomia no processo educacional do estudante surdo.

2 A LITERATURA ADAPTADA EXERCE UM PAPEL VITAL NA FORMAÇÃO EDUCACIONAL DOS ALUNOS

A literatura adaptada tem uma importância significativa no desenvolvimento da autonomia do estudante surdo, destacando-se como uma ferramenta fundamental na aquisição do conhecimento, na construção de identidade, desenvolvimento social e cognitivo e, além disso, contribui para melhoria no aspecto afetivo desses estudantes surdos. Vale lembrar que, é necessário que o estudante surdo domine o processo de leitura de qualquer material, para poder dominar o processo de leitura utilizando as estratégias necessárias nesse ato. Infelizmente, a leitura não se encontra adaptada na língua oficial, ou seja, em libras. Neste sentido, Fernandes (2006) ressalta que:

Entendemos que dominar esse processo envolve elaborar hipóteses de leitura sobre o texto que nos oportunizam a reflexão, aguçam a curiosidade, nos desafiam à busca pelo acerto. Levantar hipóteses requer associação com informações anteriores, antecipação de informações sobre o texto, seleção das idéias principais que o texto veicula. Nenhuma dessas proposições se concretiza para os surdos em suas famílias ouvintes que nunca dominam a libras para lhes desafiar o raciocínio; quase sempre não têm tempo e paciência para lhes dar explicações convincentes ou aprofundadas sobre o mundo que se multiplica em imagens em sua volta (p.15)

A autora deixa evidente que um texto cria inúmeras possibilidades de estratégias e conduz a inúmeras reflexões em diferentes contextos. Infelizmente, essa literatura ainda não está acessível ao estudante surdo, uma vez que não foi adaptada para língua de sinais.   

Sabemos que é de fundamental importância a literatura no processo de formação educacional de qualquer estudante, pois é ela que fornece as informações importantes para o aprimoramento do conhecimento. Além disso, a literatura oferece oportunidade de conhecer o mundo, abre a mente para sabermos diferenciar o certo do errado, aprimora a vivência em sociedade e tem uma importância grandiosa na melhoria da qualidade de vida de uma pessoa. Mas, infelizmente, o estudante surdo está em desvantagem nesse processo de conhecimento, uma vez que essa literatura foi escrita para os estudantes ouvintes.

Então, fica evidente que essa ausência de adaptações nos materiais necessários paro os estudantes surdos acarretem dificuldades em realizar as leituras necessárias para seu desenvolvimento educacional, infelizmente são obstáculos que os estudantes surdos enfrentam ao adquirir o tão almejado nível superior, conforme afirma Mendes:

Decidiu-se fazer uma reflexão sobre os desafios dos estudantes surdos na sua atuação como leitores de gêneros textuais acadêmicos em detrimento das experiências por mim vivenciadas. Os surdos ingressam na universidade, em geral, com pouca percepção do que irão enfrentar. As dificuldades se tornam evidentes no período de adaptação dos alunos ao processo de leitura e compreensão de textos, concernentes às disciplinas cursadas. Mesmo com o auxílio de intérpretes da Libras monitores e demais educadores da área, a demanda do ensino superior tem gerado a este público grande desgaste físico e psicológico (Mendes, 2003, p.12).

Sem essa literatura adaptada para o estudante surdo, certamente esses alunos ficam prejudicados, porque não possuem esse acervo para realizar as leituras necessárias para o aprimoramento do conhecimento. Assim, o estudante ficará dependente de um intérprete em momentos pontuais, no caso em sala de aula. Neste caso, em muitos momentos, não terão o prazer em fazer uma leitura, porque não se tem um intérprete ao lado ou uma literatura adaptada.

Outro ponto que merece atenção é que a leitura oferece oportunidade de expandir o vocabulário e aprimorar a capacidade de compreensão e melhorar a análise crítica. E sem dúvida que os estudantes surdos estão prejudicados nesse ponto, uma vez que o acervo não está disponível na língua de sinais. Além disso, os estudantes surdos não conseguem se aprofundar nas grandes obras de autores renomados, não conseguem extrair informações para servir de inspiração e criatividade. E isso prejudica o processo de autonomia na aprendizagem de um estudante surdo.

Outra questão relevante que precisa ser mencionada é a leitura de materiais que proporcionam ao estudante a desenvolver elementos importantes em sua formação, afirma Oliveira, et tal que:  

É inquestionável a responsabilidade da leitura em uma educação de qualidade, mas as evidências apontam que diversos alunos saem do ensino fundamental e médio sem essa habilidade. Tais alunos ingressam no ensino superior com sérias deficiências no comportamento de leitura (Garrido, 1988). Fato lastimável, pois no ensino universitário a leitura é primordial, visto que ela dará ao estudante subsídios para o desenvolvimento crítico, cultural e técnico necessário na sua formação. (Oliveira, et tal, 2005, pg. 119 )

Contudo, é importante deixar claro que os estudantes surdos estão em desvantagem no processo de leitura desde as séries iniciais de ensino até o nível superior, com isso tendo um prejuízo irreparável. Isso porque não tiveram acesso à leitura dos materiais necessários para subsidiar no desenvolvimento educacional, neste sentido estão prejudicados no desenvolvimento crítico, cultural e técnico.

É importante destacar que a habilidade de leitura é importante para o desempenho acadêmico, proporcionando ao estudante realizar pesquisa, para produzir artigos, resenhas, dissertações, teses e muitos outros textos que fazem parte da realidade acadêmica do estudante.

A habilidade de leitura é essencial para o estudante universitário, conforme observa Santos (1991), pois seu sucesso no ensino superior está associado à sua maturidade em leitura, que pode ser melhorada, se diagnosticada apropriadamente. Assim, o papel da universidade é planejar, desenvolver e administrar programas de superação das limitações relacionadas à dificuldade de leitura (Oliveira, et tal, 2005, p. 119).

Compreendemos que o estudante surdo não está contemplado no processo de leitura, uma vez que as produções de livros, acervos, materiais não estão acessíveis, pois são produzidos para alunos ouvintes e não adaptados à língua brasileira de sinais. O que implica na compreensão dessas matérias e não permitindo que esses alunos possuam habilidades necessárias no ambiente acadêmico. 

Diante disso, a literatura exerce um papel vital na formação educacional de qualquer aluno e certamente contribuirá no processo de autonomia do estudante surdo, o que irá promover a independência na vida acadêmica do referido estudante.  

3 AUTONOMIA DO ESTUDANTE SURDO NA APRENDIZAGEM

A autonomia do estudante surdo é um assunto que precisa de mais atenção por parte dos gestores do sistema educacional brasileiro, pois é a oportunidade para que o estudante surdo adquira sua independência e sucesso na aprendizagem. Além disso, “A autonomia na educação faz com que o sujeito possa adquirir e formular suas próprias leis e regras durante o processo de desenvolvimento e por meio das relações estabelecidas com os outros no contexto em que está inserido” (Alves, et al., 2022 ,p.1).

Entende-se ainda que a autonomia é um mecanismo que contribui com qualquer pessoa a ter a possibilidade de enfrentar as dificuldades, buscar alternativas de resoluções com mais responsabilidades, criar estratégias para solucionar os problemas que surgem em determinado momento da vida, conforme:

Ter autonomia implica agir com responsabilidade, tomar decisões de forma consciente e crítica, assumir compromissos e consequências de atos ou ações, ser consciente das influências externas que sofre e, a partir delas, exercer influências e tomar decisões sobre submeter-se ou não as imposições sociais tendo clareza dos aspectos políticos, econômicos e ideológicos que permeiam tais imposições, ou seja, ter consciência das condições materiais que caracterizam as práticas sociais (Alves,  et al., 2022,p.1).

Vale ressaltar que os estudantes surdos precisam da autonomia para que seus problemas diários, sejam na vida familiar, na vida escolar, na vida em sociedade e em qualquer outro lugar, sejam resolvidos com decisões de forma responsável e além de tudo para serem capazes de tomarem decisões que os ajude na resolução dos problemas.

É importante neste sentido, pensar a autonomia como processo ampliado de desenvolvimento integral dos sujeitos, ou seja, 

A autonomia tem uma amplitude se comparado ao conceito de independência. Significa um único modo de sair da dependência; agir com liberdade moral e intelectual no sentido da autonomia não ser apenas aquela que cada um consegue executar determinadas tarefas e habilidades, mas no pleno sentido de tomar decisões como sujeitos plenos e conscientes de seus direitos e deveres na sociedade em que vivem, compartilhando sentimentos e ações em benefícios do bem comum (Alves, et al., 2022, p.2).

É preciso reconhecer que a autonomia do estudante surdo no processo educacional não está apenas relacionada à superação desses obstáculos, mas também à capacidade de assumir um papel ativo em seu próprio processo de aprendizagem. Isso contribui com a aquisição de conhecimentos acadêmicos, desenvolvimento de habilidades de autorregulação, autoadvocacia e autodefesa, elementos fundamentais e necessários na vida pessoal de uma pessoa. 

Outra questão é que a autonomia do estudante surdo é extremamente importante para o desenvolvimento educacional, para a integração social, para o desenvolvimento profissional e para a vida pessoal. Mas a falta de literatura adaptada ainda é um empecilho que os impede de aprender de maneira independente.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) é um documento que orienta o sistema escolar a conduzir com o processo de ensino aprendizagem e esse documento deixa claro que autonomia tem importância crucial nas diferentes dimensões da vida do estudante, que vai além da capacidade de autodeterminação e abarcando aspectos emocionais, morais e sociopolítico: 

A autonomia refere-se à capacidade de saber fazer escolhas e de posicionar-se, elaborar projetos pessoais e participar enunciativa e cooperativamente de projetos coletivos, ter 90 discernimento, organizar-se em função de metas eleitas, governar-se, participar da gestão de ações coletivas, estabelecer critérios e eleger princípios éticos etc. Isto é, a autonomia fala de uma relação emancipada, íntegra com as diferentes dimensões da vida, o que envolve aspectos intelectuais, morais, afetivos e sociopolíticos. É importante ressaltar que a construção da autonomia não se confunde com atitudes de independência. O aluno pode ser independente para realizar uma série de atividades, enquanto seus recursos internos para se governar são ainda incipientes (p. 89-90).

É inegável que a autonomia também é uma importante habilidade que contribui para o desenvolvimento pessoal e social de uma pessoa de forma ética e íntegra.  Porém, é necessário mencionar que a maioria dos estudantes surdos não consegue alcançar a autonomia, uma vez que os elementos necessários para essa aquisição não estão disponíveis em língua brasileira de sinais. O que não permite que o estudante surdo não se posicione e não participe de momentos importantes da vida pessoal e da vida em sociedade.

Infelizmente, essas informações necessárias que contribuir com aquisição do conhecimento e que promove a autonomia não estão acessíveis aos estudantes surdos, o que implica para que os alunos não consigam ser autônomos no ato de aprender a formular estratégias, definir soluções para resoluções de problemas e ser independente de terceiros no processo de ensino acadêmico, ou seja, depende sempre de um intermediário.

A autonomia para ser alcançada é preciso esforços e perseverança, isso para um estudante ouvinte, porque para o estudante surdo ser autônomo é preciso muito mais, uma vez que os documentos produzidos foram destinados aos ouvintes, ficando de fora os surdos, ou seja, excluído do processo leituras dessas produções de documentos importantes que servem para orientar, informar, conhecer o passado históricos de determinados povos, conhecer os espaços de um determinado lugar, enfim conhecer o mundo. 

É preciso buscar alternativas para solucionar os problemas causados pela ausência da literatura adaptada aos estudantes surdos, para que esses consigam passar pelo processo de leitura o que os conduzirão a autonomia educacional, para serem pesquisadores, produtores de livros e profissionais qualificados para assumirem as vagas no mercado de trabalho. 

3.1 Ações para a promover autonomia no processo educacional do estudante surdo 

A autonomia do estudante surdo no processo de ensino-aprendizagem só será eficaz quando houver ações voltadas para sanar as barreiras relacionadas com as adaptações da literatura em LIBRAS. Neste sentido, cabe aos gestores do sistema educacional buscar alternativas como: adaptação da literatura em língua brasileira de sinais, criar mecanismos capazes de valorizar a língua brasileira de sinais e capacitar estudantes surdos para a tradução e produção da literatura surda. 

Em relação à literatura adaptada na Língua Brasileira de Sinais, é preciso investimentos em profissionais nessa área, pois há uma lacuna que precisa ser preenchida com profissionais capazes de traduzir as literaturas levando em consideração a cultura e identidade da comunidade surda. Porém, é necessário que o profissional conheça a realidade da comunidade surda, a esse respeito.

Mesmo porque a Língua de Sinais é a língua natural do sujeito Surdo e nela e através dela que estes significam sua história, logo é necessário exista a confiança no par Surdo-Intérprete e isso se consolida através do contato e da vivência com estes indivíduos dentro dos espaços onde os Surdos estão inseridos. (Lemes, 2019, pg.16)

É preciso também contratar esse profissional para que ele possa traduzir a literatura utilizada pelos estudantes surdos que estão cursando o nível superior nas diversas áreas de atuação.

Outra ação que é emergente é a questão da criação de mecanismos capazes de valorizar a língua brasileira de sinais no ambiente escolar, isso porque a comunicação só será efetivada, entre ouvintes e surdos, quando ambos tiverem conhecimento e respeito pela língua brasileira de sinais.  Assim, o estudante surdo terá oportunidade de trocar ideias diretamente com seus professores, colegas, amigos e familiares, sem depender de intermediários. Assim, certamente estarão plenos de autonomia.

 Outro ponto que merece destaque é investir na capacitação dos estudantes surdos para que eles possam traduzir os materiais e produzir os seus próprios literaturas, pois eles conhecem as suas necessidades, seus anseios, seus sentimentos, sua cultura e identidade. Esses são elementos fundamentais na produção de trabalhos acadêmicos. A pessoa surda qualificada com certeza produzirá ou traduzirá um texto levando em conta a as minúcias e estrutura gramatical da LIBRAS.

Além do que já foi mencionado, é necessário garantir acesso a recursos e suportes adequados desde o início de sua trajetória educacional. O que inclui a disponibilidade de intérpretes de língua de sinais qualificados, tecnologias assistivas como aparelhos auditivos ou implantes cocleares, legendagem em vídeos e materiais didáticos adaptados. E também é muito importante os investimentos nas políticas educacionais voltadas para a adaptação de material de leitura para atender aos estudantes surdos e outros estudantes deficientes que precisam de leituras adaptadas às suas necessidades.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS.  

  A autonomia é um elemento importantíssimo no processo de ensino e aprendizagem, mas, como já mencionado, é necessário que esse tema seja melhor tratado, pois estudantes surdos também precisam de ter acesso aos conteúdos escritos especificamente ao ouvinte. Porque entendemos que os estudantes surdos são pessoas capazes de aprender e dominar o mundo da leitura, no entanto, é necessário que essas leituras estejam adaptadas em LIBRAS.

Dessa forma, esses estudantes não dependerão de terceiros para traduzirem os assuntos necessários na formação acadêmica, é preciso valorizar o estudante surdo para ser autônomo no processo educacional, dessa forma teremos uma inclusão eficiente e acessível aos estudantes surdos.

REFERÊNCIAS

ALVES, J. C; OLIVEIRA, M. L. A. M.; MELO, S. P. A. L. “Uma reflexão sobre a importância da construção da autonomia no processo educativo”. Revista Educação Pública, vol. 22, n. 30, 2022.

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: introdução aos parâmetros curriculares nacionais / Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília: MEC/SEF, 1997.

FERNANDES, S. Práticas de Letramento na Educação Bilingue para surdos. Curitiba. SEED/SUED/DEE, 2006. Disponível em: https://cultura-sorda.org/wp-content/uploads/2015/03/Fernandes_praticas_letramentos-surdos_2006.pdf. Acesso em: 31/03/2024

LEMES, Joice Raquel Batista. Formação do tradutor e interprete de libras na área da literatura surda. 2019.

MENDES, Karyne Gonçalves. Leitura e interpretação textual no ensino superior e conquistas dos surdos. 2023..

OLIVEIRA, K. L., & Santos, A. A. A. Compreensão em leitura e avaliação da aprendizagem em universitários. Psicologia: Reflexão e Crítica, 18(1), 118-124, 2005. 


1 FACULTAD DE CIENCIAS SOCIALES INTERAMERICANA/FICS
Abaetetuba-Pará
ORCID iD: 0009-0009-2757-8092
E-mail: marcia.codemi@hotmail.com
2 FACULTAD DE CIENCIAS SOCIALES INTERAMERICANA/FICS
Cametá – Pa
ORCID ID: https://orcid.org/0000-0002-7169-2716.
E-mail: profphabiopinto@gmail.com.