LEVANDO O CÂNCER PELO PERCURSO DA FÉ EM DEUS: UMA BUSCA ALÉM DO LIMITE HUMANO

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/pa10202411272109


Luiz Carlos Antônio da Silva1
Matheus Garcia Coelho2
Renato Resgala Júnior 3


Resumo

Quando o paciente está sob um olhar holístico, a espiritualidade realça como um aspecto importante, pois a dor e o sofrimento ultrapassam o limite do biológico, do mental e social; a pessoa é, pois, vista na sua integralidade. Essa consideração se faz necessária especialmente nos casos de doenças graves, como é o caso do câncer. Pela espiritualidade a pessoa se torna apta para carregar (lidar) os impactos negativos da doença que lhe aflige. Desta forma, este estudo teve como objetivo realizar uma revisão bibliográfica para verificar como a espiritualidade, através da fé em Deus, contribuiu para a experiência do paciente acometido por um câncer. Verificou-se a situação de pacientes com câncer que relataram transcederem, pela fé, contatarem com Deus, através da oração e estudo da Bíblia, e encontrarem paz e conforto em meio aos momentos difíceis próprios ao que o câncer impõe. Para a produção desta desta pesquisa foram usadas publicações da Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD) bem como de alguns livros e algumas revistas produzidos no universo científico.

Palavras-chave: Câncer. Espiritualidade. Fé em Deus. Câncer e espiritualidade. Oncologia.

1 INTRODUÇÃO

Quando o câncer é colocado em pauta, o cenário que se apresenta é impactante, uma assustadora realidade. No Brasil, para os anos de 2023 a 2025, houve a previsão da ocorrência de 704 mil novos casos serem evidenciados, com destaque voltado para o Sul e Sudeste. Quando se fala de estimativa promovida pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA), temos que é o meio através do qual são feitos planejamentos e gestão, em outras palavras, esses dados apresentam informações relevantes para que sejam definidas as políticas públicas pertinentes (INCA, 2022).

Dentro desse contexto difícil, sendo a pessoa alvo de uma visão holística, vem a importância da espiritualidade e religiosidade serem avaliadas (Esperandio; Leget (2020). Sendo assim, o estudo presente teve como foco analisar a situação de indivíduos acometidos por um câncer, procurando compreender como se sustentaram pela fé em Deus e encararam as circunstâncias consequentes da evolução da doença.  Buscou-se ver como a fé em Deus foi evidenciada na vida dessas pessoas, como receberam o diagnóstico e como transcorreram seus dias se sustentando na fé que tinham em Deus. Foi verificado que a fé a qual se apegaram trouxe-lhes firmeza, confiança, e ressignificado para a vida que se esvaía em meio ao sofrimento.

Este estudo traz, portanto, observações de pesquisadores, bem como testemunhos de pessoas que experienciaram os dias difíceis de um câncer e se consideraram confortadas por fazerem uso da sua espiritualidade. Como se vê através de alguns relatos, a fé em Deus, quando demonstrada por atitudes e ações, pode inspirar outros a terem fé, fato este que aconteceu até mesmo com profissionais de saúde que acompanhavam os pacientes. Diante disso, esse estudo pode colaborar para que outras pessoas usem mais de sua espiritualidade, entendendo que só desta forma se tornam um ser integral e encontram um significado para o viver em meio às adversidades.

2 ANÁLISE DOS DADOS

Há estimativa de ocorrerem no Brasil 704 mil casos de câncer por ano até 2025, abrangendo vários tipos, dos quais se destacam o de mama, nas mulheres e o de próstata, nos homens. 21 tipos de câncer com maior incidência trazem um cenário que vem a exceder uma estatística anterior do Instituto Nacional do Câncer (INCA). O aumento se deu devido a inclusão da doença atacando o pâncreas e o fígado, uma vez que são vistos como um problema de saúde pública em nosso país e estão incluídos em estimativas a nível mundial (INCA, 2022).

O conhecimento de estar aproximando-se da morte, traz a sensação de estar diante de um muro com dimensões que o tornam intransponível e, nessa situação, só resta para a pessoa a opção de olhar para trás. Por este motivo, ao nos depararmos com alguém que está próximo da morte, é importante termos em mente que o melhor a se fazer por essa pessoa é estarmos presentes, disponíveis para ela. Saber que esse indivíduo está com os olhos ancorados naquele caminho que percorreu até então, buscando entendimento sobre o que fez para chegar onde chegou e se foi válida a sua viagem. Para isso, quem está diante desse indivíduo precisa percorrer o caminho da compaixão, respeitando essa dor que ele está sentindo. Quando acontece de não darmos valor à vida que está diante de nós, esta própria pessoa se torna a primeira a desmascarar-nos. Para a pessoa que está acometida de uma doença, o tempo é percebido como se estivesse parado. É contado de uma forma muito diferente. Sim, os intervalos de tempos estão relacionados aos momentos das visitas do médico, ao intervalo de um medicamento e outro, aos exames que precisam ser realizados e em conformidade com outros cuidados ofertados. A despeito da necessidade do paciente, nas faculdades de medicina as conversas postas em pauta, os ensinos, estão voltados para doenças, não para morte ou para vida. Por ocasião do censo 2010, o número de brasileiros que declarou seguir uma religião chegou a 92%, a maior parte crendo em Deus e tendo uma religião que segue (Arantes, 2019).

Existir e não ver um sentido na existência gera infelicidade e dificuldade de adaptação na vida. O ser humano é guiado a algo que não está em si; é autotranscendente. Muitos pacientes reclamam de sentirem um vazio existencial, um vácuo existencial. O paciente que chega convicto de alguma crença religiosa não pode encontrar uma objeção. Essa sua fé é recurso terapêutico, acabando por mobilizar recursos espirituais. É preciso que o terapeuta se coloque no lugar desse paciente (Frankl, 2024, 8ª reimpressão).

Frankl ainda diz: “Eu, particularmente, acredito que as palavras “Consolai, consolai meu povo, diz o vosso Deus (Isaías 40:1) se mostram tão valiosas hoje quanto no tempo em que foram escritas e dirigiam-se também aos médicos do “povo d’Ele”’

Para Soren Kierkegaard, filósofo dinamarquês, o fato de o indivíduo vir a existir pelo nascimento não lhe imprime uma essência, pois o viver exige que escolhas sejam feitas. Assim, a pessoa passa a ser algo a partir do momento que opta sobre como quer existir. Kierkegaard atribuiu ao viver três estágios existenciais, quais sejam o estético, o ético e o religioso. No que diz respeito ao religioso a pessoa transcende usando da fé, ou seja, se entrega não à massa de seres iguais a si, mas ao infinito, ao eterno, Deus. (Fiorin; Orben, 2022).

A espiritualidade está relacionada ao bem-estar e qualidade de vida. Entretanto, poucos profissionais da saúde realizam o cuidado espiritual (CE) quando estão assistindo seus pacientes, dimensão essa que não pode ser ignorada, pois contribuirá para dar um sentido à vida e estímulo para enfrentar a doença que está ameaçando o viver. É necessário e importante que a espiritualidade e a religiosidade do paciente sejam avaliadas, e existem meios para isso. É necessário que haja um planejamento individual. Necessário que seja verificado, entre outros, onde o paciente tem fundamentada a sua esperança. Há um clamor de pessoas querendo que o CE seja incluído no tratamento que lhe é ofertado (Esperandio; Leget (2020).

Na Resolução 41, de 31 de outubro de 2018, do Ministério da Saúde, encontramos diretrizes com o propósito de criar estruturas que possibilitem os cuidados paliativos (CP) no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Entre os princípios que fundamentam e padronizam a prática dos CP, vem a proposta de que o cuidado do paciente deve se dar por meio de integração dos aspectos psicológicos, espirituais e no objetivo de oferecer-lhe um suporte que dê condições de uma vida com mais autonomia e ativa tanto quanto possível, até o seu momento final (Brasil, 2018).

Os CP deixam os pacientes mais satisfeitos, os sintomas das doenças são aliviados e há uma melhoria na qualidade de vida. O paciente deve ser olhado como uma pessoa, o que ele é, não como se fosse um objeto desprovido de sentimentos. Com essa atitude o profissional será levado a ouvir, ver e sentir o paciente (Pereira, 2021).

Na Bíblia Sagrada há elementos terapêuticos. É possível identificar através de seus textos situações com tendências para o adoecimento. É, assim, um meio através do qual Deus age na vida das pessoas (Bíblia […] (2017). Dentro dessa ótica, Miranda et al., que compõem o Corpo de Psicólogos e Psiquiatras Cristãos (CPPC), apresentam cerca de 8.000 notas e 350 quadros com aconselhamento cristão, os quais estão inseridos na 3ª edição da versão Edição Revista e Atualizada (Bíblia de Estudos Conselheira), publicada pela Sociedade Bíblica do Brasil. Referidos textos relacionam o conteúdo da Bíblia com suas diversas situações e assuntos ao adoecimento e às providências de Deus conforme cada caso.

Maia (2022), em sua tese, visando analisar os itinerários terapêuticos de usuários do serviço público de saúde da Baixada Santista acometidos por câncer incurável, acompanhou como se deu o tratamento de cinco mulheres acometidas com câncer de mama, outra com câncer de pele melanoma e um homem com a doença na próstata. Teve o foco de fazer uma investigação para verificar como as pessoas enfermas lidaram com a situação relacionada a sua doença incurável. Destaca que do conhecimento do itinerário terapêutico dos pacientes surge a possibilidade de ferramentas bem como reflexões importantes para a Saúde Coletiva. Destaca ainda que este campo propõe uma reflexão sobre a saúde a começar pelo contexto social e político, no que o paciente tem direito a falar e dialogar. Disto vem a valorização da experiência subjetiva daquele que está usando o sistema e de como o sistema está funcionando, o que colaborará para que sejam alcançadas justas práticas.

A autora traz que a espiritualidade, se considerada, é uma extensão dos cuidados com a saúde; que nesta dimensão a pessoa alcança conforto e fica mais receptível devido a atenção que lhe fora dada, ou seja, torna-se possível continuar recebendo os cuidados que lhe são prestados. Ela notou que alguns pacientes foram fortalecidos pela fé, até mesmo em caso de metástase óssea. O referido estudo traz declarações de pacientes destacando que a superação aconteceu devido a busca de Deus através do culto e da Palavra de Deus (Bíblia). Com relação a fé em Deus, uma paciente relatou que foi essa fé que a levou a insistir por se fazer uma biópsia e diagnosticar a doença. Maia traz, ainda, entre outros, as palavras de uma outra paciente que diz que “Eu busco ajuda espiritualmente na igreja, com culto na palavra de Deus e também nos medicamentos que o Sistema me oferece”.

Esta fala e outras, levaram Maia a refletir que a espiritualidade proporciona certo conforto e, ao mesmo tempo, torna possível a continuidade dos cuidados que estão sendo dados, quando a cura é impossível.

Santos (2020) traz que no ano de 1982 a Organização Mundial de Saúde (OMS) trouxe a sua primeira manifestação com fim de traçar políticas que aliviassem a dor e, ao mesmo tempo, fossem voltadas para os cuidados do tipo hospices. Que pouco tempo depois, em 1986, veio a publicar documentos importantes colocando a dor originada do câncer em destaque, isto é, emergência médica mundial. Conforme seu relato, a partir de 1990 os cuidados paliativos eram recomendados exclusivamente para os casos de câncer, exclusividade que se estendeu até 2002, quando foram incluídas outras doenças. Santos esteve empenhada em acompanhar 595 pessoas com câncer encaminhadas para o Grupo de Apoio Paliativo ao Paciente Oncológico (GAPPO), do Hospital Araújo Jorge (HAJ), grupo este com o propósito de promover e garantir o atendimento paliativo para todos aqueles que não alcançavam sucesso por meio do tratamento curativo que lhes era ofertado.  Dedicou maior tempo para aquelas pessoas que, no passado, tinham sido vítimas de mistanásia. Entre as que acompanhou, destaca a situação de uma senhora que chegou ao GAPPO acreditando muito na medicina, entretanto, à medida que a doença avançava, a crença foi mudada para a religião, dizendo ela ter fé em Deus. Sobre uma outra senhora diz que suas dores eram tão angustiantes e manifestas que o papagaio que havia em sua casa aprendeu imitar as suas palavras queixando-se do sofrimento. A pesquisadora diz que, não obstante a imitação do papagaio, tanto a família quanto a enferma permaneciam confiantes nas palavras do missionário, o qual afirmava que ela viveria e testemunharia tanto a grandeza, quanto o poder e a glória de Deus. Ainda diz que, da parte de todas as pessoas que acolheram a paciente, a crença se transformou em certeza, certeza de que Deus iria curá-la, confiança essa tão forte que desconsideraram o diagnóstico e dispensaram os medicamentos. Santos relata que participou dos momentos finais da vida desta senhora; que no quarto do hospital, junto com uma sua filha e o missionário, por alguns momentos, diante daquele quadro entristecedor, acabou por debruçar sobre a paciente e acariciá-la e disse: “Esperança eu não sei o que você quer nesse momento, eu não sei qual a vontade de Deus para a sua vida, mas eu sei o que nós queremos. Sua filha quer continuar vivendo com você, eu quero sua participação nas entrevistas, o missionário quer ver você testemunhando a obra de Deus […] nós não temos o direito de te segurar aqui […] se a sua hora chegou vai, cada um aqui vai conseguir se virar sem você […].”

De mais algumas visitas domiciliares, diz que se deparou com uma outra cena impactante. Na residência havia um senhor enfermo sob os cuidados da esposa. Tinham sido colocados arames em vários pontos da casa com o objetivo de ser pendurado o frasco da alimentação parenteral necessária ao paciente, providência a qual a esposa manifestou ter sido invenção dela e de Deus, explicando que foi pensando e testando até chegar a uma conclusão, arrumando, assim, um jeito para o esposo não ficar somente no quarto. Falando de uma outra senhora que cuidava do marido, diz que ela relatou que Deus estava a ensinando como fazer os curativos na face do marido, pois a ferida aumentava com o passar dos dias.

Santos ainda declara que presenciou muitas pessoas expressarem sua confiança em Deus nas ocasiões em que o diagnóstico era apresentado. Destaca que é valiosa a contribuição do profissional de saúde no sentido de, em meio a dor, fazer existir alegria, satisfação e prazer, entre outras. Por fim, enfatiza que se determinou a trazer para a sua tese aquelas situações que demonstram a necessidade urgente dos cuidados paliativos serem ofertados a um número maior de pacientes. Oferecidos a tantos pacientes que excedam os 14% dos casos de câncer em se tratando do mundo, conforme dados da OMS. Que também o CP seja promovido a um número tal de pacientes que ultrapassem os 10% no Brasil, conforme levantamentos do Instituo Nacional do Câncer (INCA).

Segundo Machado (2021), a religião/espiritualidade atravessou a maior parte do século XX sob a acusação de ser uma causadora de impacto negativo na saúde. Tal imputação se dava devido à forte influência de profissionais daquela época, consequentemente sendo negligenciados estudos sistemáticos. Estes estudos só foram admitidos e vieram à luz no final do século XX e início do século XXI. Esta autora se propôs a investigar se a qualidade de vida poderia ser impactada pelo coping religioso/espiritual (CRE). O alvo da sua investigação foi analisar a saúde de pacientes adultos acometidos de câncer hematológico no quinto ano desde o transplante de células-tronco hematopoéticas. observou 55 pessoas adultas submetidas à terapia num hospital público que está localizado no sul do Brasil, aceito como referência para tal modalidade de tratamento. Os dados foram coletados entre setembro de 2013 e janeiro de 2021 em etapas pré-definidas, a começar pela etapa anterior ao condicionamento. Foi incluído o estágio da pancitopenia e se estendeu por outros estágios até serem completados os cinco anos da realização do procedimento. Utilizou-se de instrumentos sociodemográfico e clínico, e a escala CRE teve aplicação ao final da avaliação.

Machado traz, assim, que o coping religioso/espiritual (CRE) tem o objetivo de proteger a pessoa enferma que está sofrendo impactos negativos consequentes da doença oncológica, estando ele voltado para o papel da religião na vida da pessoa. O propósito maior e final é verificar como a pessoa faz uso da religiosidade/espiritualidade (R/E) estando diante das situações estressantes, ou seja, como entende essas situações e como as enfrenta e encara. Ela vem dizer que a pessoa enferma, usando da espiritualidade, se conecta com o sagrado, se liga com o transcendente. Diz que a religião vem a expressar a espiritualidade, estando envolvida uma organização de crenças, bem como práticas e rituais que se relacionam com o transcendente, Deus, entre outras denominações.

A autora também enfatiza que as conquistas tecnológicas e científicas têm contribuído para um prolongamento da vida dos indivíduos enfermos, principalmente para os que estão acometidos por câncer. Que apesar disso os impactos gerados pelo diagnóstico não são subtraídos. Que não são subtraídas, por exemplo, as preocupações com os efeitos colaterais, com o desejo de sobrevivência e a morte, experiências as quais impactarão vários aspectos da vida, a dinâmica tanto da pessoa quanto da família, nas atividades que precisam se fazer no dia-a-dia, as finanças, a possibilidade de se movimentar e ser autônoma. Que há necessidade do uso do coping como estratégia de enfrentamento da dinâmica pertinente ao processo saúde-doença, para que se alcance a possibilidade de se adaptar às circunstâncias, pois são necessários comportamentos para solucionar problemas, para prevenção e para que sejam aliviadas as consequências emocionais que são negativas.

Na sua consideração a religiosidade/espiritualidade têm influência positiva na vida da pessoa, isso quando é praticado o coping religioso positivo (CREP). Tal prática vem estimular emoções positivas e neutralizar aquelas que são negativas, assim como contribui para uma melhor qualidade de vida quando os momentos de adversidades são reais. Se relaciona a uma esperança maior, maior autoconfiança, menos medo de que a doença reapareça, ao bem-estar, felicidade, esperança e, entre outras, a autoestima. Já o coping religioso/espiritual negativo (CREN) se dá na situação de haver um enfrentamento de forma negativa por parte pessoa. Nisto está compreendida a situação do indivíduo, em vez de esboçar a sua participação, ficar esperando que a situação seja resolvida por aquele que lhe é superior. Esse uso do coping religioso/espiritual acaba sendo prejudicial e traz desconforto e comprometimento, estando associados a ele a ansiedade, a depressão e, assim, o sofrimento psicológico.

Apresentando os resultados da sua tese, a autora traz que não houve comprovação de que pacientes que usam do CREP tivessem maior qualidade de vida, entretanto isso ficou em parte comprovado, uma vez que aqueles que usaram o CREN tiveram piores índices na qualidade de vida no quinto ano do transplante. Enfatizou, assim, a importância e necessidade do paciente ser visto holisticamente, especialmente quanto aos aspectos religioso/espiritual, promovendo-se nesse sentido um cuidado de forma individualizada.

Mendonça (2022), por sua vez, diz que para que se tenha uma avaliação que seja justa, é importante entender como se dá o sofrimento para as pessoas acometidas por um câncer, bem como saber quais são os fatores que poderão interferir nessa experiência que a pessoa está vivenciando. Com essa perspectiva, o autor procurou identificar se havia relação do sofrimento de pacientes submetidos a quimioterapia com variáveis sociodemográficas, clínicas e espirituais. Procurou verificar qual era o efeito do bem estar espiritual em face do sofrer dos que iniciavam a quimioterapia no período da pandemia.

Para ele, ao ser diagnosticado com uma doença ameaçadora da vida, como é o caso do câncer, a interpretação do sofrimento é mudada de uma forma radical, assim como é mudado o lugar ocupado por Deus na vida da pessoa enferma. E esse sofrimento, lamentavelmente, por parte de alguns profissionais de saúde, pode ser considerado como inevitável ou normal para o processo de ter que lidar com o diagnóstico. Ele enfatiza que mudou a sua visão de a quimioterapia ser uma experiência trágica e mais acentuada ainda com a doença avançando para outros estágios e o surgimento de graves efeitos. Reconheceu que a dimensão espiritual tem os seus impactos na maneira como os pacientes veem o sofrimento e como alcançam resiliência para transcender o seu estado de saúde. Observou que enquanto há pessoas que recebem o diagnóstico com pessimismo, não vendo esperança para o seu caso, outros, por sua vez, conseguem encontrar propósito nos momentos difíceis e se preparam para morrer.

Segundo Mendonça, os tratamentos de quimioterapia no Brasil chegam próximos de 2.645.000, isso somente no Sistema Único de Saúde, sendo a quimioterapia a opção que mais é usada. Que para que seja praticada a pessoa necessita frequentemente ser hospitalizada e passar por um tratamento em tempo maior. E apesar de ser relevante para se alcançar a cura do câncer, poderá trazer complicações no estado psicológico e bem-estar espiritual. Submetidos ao tratamento, diz ele, os pacientes passam por uma série de problemas, tanto física, como psicológica e socialmente falando, estando associadas ao sofrer psíquico a ansiedade e também a depressão, com taxas altas. O agravamento vem com tratamento de quimioterapia, principalmente quando visto como grave ameaça ao corpo e a existência. O autor se firma em dizer que esse sofrimento precisa ser tratado, pois, caso contrário, afetará, provavelmente, de forma negativa, a continuidade.

O conceito de sofrimento, diz Mendonça, é muito subjetivo, pelo que não há consenso na literatura atual, além de ser confundido com dor nas avaliações do dia-a-dia. Pode oscilar entre pacientes e profissionais. É, portanto, individual e há dificuldade para expressá-lo. Também poderá acontecer de os profissionais responsáveis pela assistência não perceberem nitidamente quando o sentir ameaçado natural transita requerendo uma intervenção ou apoio psicológico urgentes. Dito isto, esclarece que o paciente com grande risco de evolução de sofrimento deve ser rastreado, com o propósito de que receba um cuidado preventivo, de modo a contribuir para que não abandone o tratamento ou antes que aconteça de serem desenvolvidos transtornos de adaptação que sejam mais graves. Esclarece que a prevenção poderá contribuir na redução do risco de haver progresso para problemas de saúde mental que são diagnosticáveis. Que quanto a isso, há consenso de que deve haver uma avaliação do sofrimento em momentos diversos ou períodos que são críticos, por exemplo, quando é iniciado o tratamento, quando há uma progressão da enfermidade, nos casos de recidiva e quando surgirem efeitos que forem adversos e graves. Admitindo que o sofrimento pode ser negado por trás de uma aparência serena, diz que é relevante identificar os preditores que sejam mais confiáveis, sem deixar de levar em consideração os gatilhos que serão responsáveis por promover aumentos inesperados enquanto se está realizando o tratamento.

O foco do estudo de Mendonça esteve voltado para os fatores que estavam interferindo no sofrimento dos pacientes submetidos a quimioterapia antineoplásica, buscando analisar como o tratamento era percebido por eles e como lidavam com o tratamento. Para isso, foi inserido um componente qualitativo visando ter uma explicação sobre os achados quantitativos que traziam certas controvérsias ou, de outra forma, eram mal compreendidos quando vistos sob a luz dos significados dados ao fenômeno que estava sendo investigado. Então, o autor lançou mão de uma abordagem tridimensional (metassíntese, abordagem quantitativa e qualitativa) para ter um modelo teórico que trouxesse explicações sobre quais pacientes seriam mais suscetíveis ao sofrimento, quais seriam as razões a regularem a intensidade do fenômeno e, enfim, como se dava a transformação da experiência do sofrimento em resiliência.

Mendonça cita que tanto a raiva quanto a decepção com Deus foram pouco mencionadas. Mesmo assim, houve esforços por parte de pacientes em reatar os laços com o sagrado e pra voltarem a praticar novamente sentimentos positivos. Citou o caso de uma que recorreu à oração, salientando que “ A maioria da minha família é evangélica e diz para eu ir à igreja que eu serei curada. Eu vou, mas Deus não me chamou ainda, e eu acredito muito em Deus.”  Também fala que os cristãos levaram em sua fala Jesus como sendo um redentor que morreu e depois ressuscitou para assegurar-lhes a vida eterna, vida eterna a todos que nele creem. Diz que o sofrer no cristianismo esteve fortemente ligado ao objetivo final para oito dos que prestaram depoimento, os quais disseram que o sofrimento tem um propósito. Diz ainda que outros propósitos foram declarados, quais sejam, glorificar a Deus através da cura, uma oportunidade para compartilhar o sofrimento de Jesus Cristo, demonstrar a dependência de Deus e obter força por meio do sofrimento. Que pacientes permaneceram crendo que tanto a vida quanto o sofrimento são passageiros e que no Céu não há sofrimento; só vida eterna.

Finalmente, Mendonça declara que o conceito da transcendência tornou válida a tese da espiritualidade ajudar na adaptação e no lidar com o sofrimento de uma forma positiva. Pela abordagem fenomenológica, diz ele, houve explicação de um menor risco de sofrimento por parte dos pacientes que estavam com o bem-estar espiritual elevado, sendo-lhes possível superar até mesmo a fase do desenvolvimento da doença, ou seja, superar o sofrimento através das estratégias com recursos religiosos e espirituais positivos.

Mas, como se sabe, o câncer não atinge somente pessoas adultas. Então, temos Borges (2020) em um cenário no qual crianças e adolescentes estavam acometidos por câncer e fazendo quimioterapia. Em uma abordagem qualitativa procurou observar como esses pacientes, a família e profissionais de saúde se comunicavam uns com os outros. Seu estudo envolveu 11 famílias e mais 13 profissionais de categorias diversas (nutricionista, musicoterapeuta, terapeuta ocupacional, enfermeiros, psicólogo e médico). A experiência dos envolvidos foi observada à luz de três fenômenos, quais sejam: a família buscando informar sobre o prognóstico da criança e adolescente, no que o medo de perde-los se destacava na durante a comunicação; a tristeza do menor enfermo que, estando experienciando a privação, buscava os porquês de tal situação e, por fim, a fala dos profissionais acreditando no tratamento. Inserido nesse contexto, Borges fala que veio a refletir sobre a assistência verticalizada que é desenvolvida pelo profissional de saúde com as famílias que estão vivenciando esse processo em que está o seu filho. Que lhe vieram interrogações no sentido de saber se a família conversa com o filho sobre o tratamento pertinente e o que é dito nessa conversa e, também, como acontece a comunicação entre os profissionais e a família e o menor a respeito do tratamento e durante ele.

Comenta que a palavra câncer traz consigo muitos significados que acabam por impactar a vida da família e gerar sentimentos de raiva, medo, desesperança e, em especial, o medo da morte. Que surge na família a necessidade de uma reorganização e definição de novos papéis quando vem a doença. Que a internação traz os seus impactos e é vista como um procedimento que limita e leva a perder um tempo que poderia ser vivido desfrutando-se de momentos alegres, uma vez que se trata de criança e adolescente. Que a doença acaba por impactar negativamente a qualidade de vida dos pais, uma vez que precisam dar exclusividade para o filho, pelo que abrem mão de suas atividades e de coisas que necessitam no cotidiano. A dinâmica familiar é desgastada e há piora na sua funcionalidade. E diante de situação como essa, vários cuidadores se veem vítimas de cobrança, sob a crítica de que estão se privando da sua vida para dedicarem cuidados para a criança. Surge, assim, conflitos na família, causam estresse para a pessoa que está cuidando e, em certas ocasiões, circunstâncias que manifestam ciúme da criança doente.

Na consideração de Borges, o profissional de saúde deve estar atento a esse sofrimento da família que se encontra entre escolher se cuida da criança enferma ou se de outras atividades por fazer. Atento porque a situação pode gerar depressão nos pais que estão sobrecarregados. Também a equipe de saúde deve buscar alcançar um vínculo com a família e criança, o que propiciará maior adesão ao tratamento e, consequentemente, mais confiança no profissional. O trabalho da equipe deve se dar com práticas que sejam flexíveis e também dinâmicas, de tal modo que facilite a adaptação da criança e da família aos trabalhos praticados no hospital. Se houver empatia, alcançar-se-á compreensão da experiência do outro e a capacidade de oferecer possibilidades para enfrentamento. Entretanto, apesar de ser necessária essa empatia, muitas vezes os profissionais não têm tempo para oferecer o suporte emocional, devido a uma carga horária que os consome. Perde-se com isso grande oportunidade, pois o tratamento do câncer é impulsionador da interação entre todos, visto ser um período em que há convivência no dia-a-dia, o que fortifica a conversação e o oferecimento de apoio. Borges ainda diz que o profissional que tem sob seus cuidados pacientes crianças e adolescentes com câncer, é visto como alguém capacitado de ver além da dor que esses pacientes sentem, além da dor que a família sente, haja vista que acompanha e se faz presente em todo processo de tratamento. Que essa particularidade propicia que o vínculo seja estreitado. Então, buscando comunicar através do lúdico, demonstrando que o seu papel está além das tarefas do cotidiano, conseguirá propor e estimular condutas que suavizem a dor de todos os envolvidos. Alcançará o envolvimento da família, ficando revelado que ela (família), nessa interação, tem papel de destaque. E esse envolver do profissional com os familiares vai além do conhecimento técnico-científico, alcançando tudo que diz respeito ao contexto psicossocial que faz parte das experiências dos envolvidos, com o propósito de garantir-lhes as necessidades evidenciadas; e isso é acolhimento.

Outro ponto que Borges enfatiza é que o vínculo existente entre as pessoas envolvidas no processo favorece e abre espaço para a criança expressar.

Do seu estudo, Borges observou que ficava para o médico a responsabilidade por falar da doença, de todo o tratamento e do prognóstico; que os profissionais de saúde, ainda que conhecessem o tratamento de cada criança, não o faziam por entenderem que a fala do médico tinha mais peso que as suas; que alguns desses receavam emitir informação de algo que não viesse acontecer, pelo fato de cada paciente ter uma resposta singular ao tratamento. Que se limitavam, pois, em falar sobre procedimentos que seriam praticados e sobre os cuidados que eram essenciais para o tratamento. Quanto a isso, o autor vê que o tempo passa a ter um destaque no processo de comunicação, no que cada indivíduo tem a sua própria interpretação e o seu significado quanto ao modo de viver a difícil situação. Que o tempo é um destaque porque a fala fica retida no presente, ao passo que as pessoas envolvidas no cenário com o paciente levam consigo o desejo de ver um sinal sobre o que o futuro trará para o filho, em outras palavras, interessam, sim, pelo que está acontecendo, mas os seus olhos querem se lançar ao futuro. Borges diz que esse tipo de conversa não é suscitada pelos profissionais de saúde, porque está além da técnica. Que para alcançar os anseios da família e pacientes, se faz necessária uma comunicação de cunho filosófico e espiritual.

Consoante essa deficiência na comunicação, Borges destaca ser necessário que os profissionais de saúde sejam preparados para ficarem habilitados para uma conversa que considere a integralidade. Necessário que se organizem e atuem em equipe interdisciplinar, de modo que, ainda que ajam abordagens específicas para os profissionais, certas habilidades sejam características de todos eles. Como exemplo, ela cita que podem ser executadas e feitas, entre outras ações, a escuta ativa, materiais informativos, avaliação da família tanto ao começar o tratamento e durante ele, estratégias para se comunicar, com é o caso dos brinquedos que podem ser usados na terapia e cenários de simulação com a família participando.

Com referência a espiritualidade, Borges deixa claro que esteve acompanhando como ela era vista e considerada, tanto da parte das crianças e adolescentes, como pelos familiares e profissionais de saúde.

Sua pesquisa traz a fala de pacientes, e aqui estão algumas: “Eu falo para minha mãe, Tem que ter fé em Deus, só isso. Eu vou ter a cura.”  A fala de um outro foi: “Minha mãe sempre reza comigo. Ela fala que é muito importante agradecer cada dia e pedir a Deus que continue ajudando a gente a fazer o tratamento.”

Em meio a comunicação entre crianças e adolescentes e os seus familiares, diz Borges, as indagações sobre os motivos e porquês eram comuns. Os pacientes almejavam que lhes explicasse. Diante disso, familiares procuravam respostas em experiências que tinham vivido na família, na visão religiosa e, ainda, com base no que tinham ouvido da parte dos profissionais de saúde: “Eu perguntava de onde vem essa doença e porque dá em criança; e ela (mãe) dizia que não tinha uma causa, que a medicina ainda não achou uma resposta para essa doença, mas que eu tinha que fazer o tratamento.”

         Outro diálogo:

No começo eu perguntava para minha mãe porque isso estava acontecendo comigo, porque eu tinha que viver essa situação e meus colegas não. Ela (mãe) só me falava que era coisa de Deus, que Deus que decide o que vivemos aqui na terra, mas eu queria saber o porquê dessa doença, só que ela só falava isso.

A família, igualmente, exercia a fé em Deus: “Todo dia eu pego na mãozinha dela (criança) e falo: ‘Vamos rezar para Deus ajudar a gente amanhã aqui no hospital?’. Aí eu rezo com ela, agradeço que ela não sentiu nada com o remédio e peço para o dia de amanhã.”

Finalmente, Borges traz as suas observações quanto ao comportamento dos profissionais de saúde em face daquele cenário difícil que acrescentava sofrimento sobre sofrimento. Diz que esses profissionais, ao perceberem a fé da família em Deus, também usavam da fé em Deus acreditando que alcançariam um tratamento bem sucedido. De suas falas é dito: “Quando eu percebo que eles estão orando ou rezando, eu procuro incentivar, porque fortalece a esperança.” Um outro disse: “Eu sempre tento falar que Deus tem algum propósito para nossa vida, que nada é em vão.”

         Ainda outro:

Ah a gente vai convivendo com a família e vai vendo no que eles se apoiam. Se eu vejo que eles rezam ou oram muito, eu sempre tento falar de Deus quando estão inseguros e cheios de perguntas. Aí eu falo: “vamos acreditar que Deus tem momentos bons reservados? A vida não é feita só de momentos difíceis.

Diante das suas observações, Borges traz a consideração de que é importante o profissional de saúde compreender que a situação na qual se encontra o paciente há dor e restrições, ao passo que o passado implanta saudade. Deve compreender, enfim, que a pessoa verá um sentido no viver, alcançará uma vida com persistência e superará as dificuldades do presente, se ela puder acreditar que o futuro lhe trará liberdade e felicidade.

3 METODOLOGIA

Trata-se de uma pesquisa bibliográfica no campo da Psicologia com o tema: Levando o câncer pelo percurso da fé em Deus: uma busca além do limite humano. Através de uma leitura seletiva, foram selecionadas teses publicadas na Biblioteca Digital de Teses e Dissertações (BDTD), compreendidas entre os anos de 2018 a 2023, através das palavras-chave: câncer, espiritualidade e câncer e espiritualidade. Também estão inseridos neste trabalho conteúdos de autores de outras fontes, tais como livros e artigos, visando trazer à luz a consideração de teóricos que destacaram o valor da espiritualidade para o benefício da pessoa enferma, no decorrer da história até a contemporaneidade. Quanto a isso foram usados os livros: “A vontade de sentido” (Frankl, 2024, 8ª reimpressão da 1ª edição) e “A morte é um dia que vale a pena viver” (Arantes, 2019). Além desses: A Resolução 41 de 31 de outubro de 2018 (Brasil, 2018), que traz diretrizes visando organizar os cuidados paliativos no SUS; A estimativa feita pelo INCA para o triênio 2023-2025 sobre os casos de câncer; considerações do Corpo de Psicólogos e Psiquiatras cristãos (CPPC) sobre a Bíblia Sagrada ser uma fonte de elementos terapêuticos, considerações estas inseridas através de 8000 notas e 350 quadros  em Bíblia produzida pela Sociedade Bíblica do Brasil e outros artigos, conforme referência.

4 CONCLUSÃO/CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ficou evidenciado que a fé em Deus, por parte das pessoas acometidas por câncer, se deu por acreditarem que Deus promoveria conforto para os momentos penosos que estavam atravessando. Como visto através de algumas declarações, até mesmo com um diagnóstico completamente desfavorável, ou seja, com a impossibilidade de cura, houve crença de que Deus estivesse no controle das suas vidas, acreditando alguns que o sofrimento seria passageiro e teriam uma oportunidade de vida futura sem os problemas que estavam enfrentando. O exercício da espiritualidade promoveu condições para que os pacientes encontrassem um significado no viver.

Num momento em que, lamentavelmente, como diz Arantes (2019) as faculdades de Medicina levam os seus formandos a focarem na doença, minimizando a atenção para a morte e para vida, é fundamental a reflexão de que o paciente tem quer ser olhado como pessoa, como um ser integral. Fundamental entender que ele carece ser acolhido e tratado conforme todos os aspectos que fazem parte de sua subjetividade. Este estudo mostra que não há como fragmentar o indivíduo, pois isso é lesá-lo, e mais que isso, tirar-lhe aquilo que o permite transcender, a espiritualidade. E essa capacidade de transcendência tira-lhe de si mesmo, isto é, do seu sofrimento. Não sendo assim, o sofrimento percorre a sua mente, momento após momento.

Como ficou demonstrado, não só os médicos estão no dever de lançar mão do CP, mas todos os profissionais de saúde envolvidos no tratamento. Sendo assim, este estudo é encerrado com a proposta de que novos estudos sejam acrescentados, a fim de que o clamor por consideração pela espiritualidade do paciente seja cada vez mais enfatizado. Isso contribuirá para que futuros pacientes sejam esclarecidos quanto a esse direito, para que as instituições diversas de saúde adotem providências que forem necessárias. Enfim, estamos há poucas décadas reconhecendo o valor da espiritualidade no tratamento das pessoas enfermas, conforme observa Machado (2021). Necessitamos, pois, avançar para não acontecer de pessoas enfermas com câncer virem a perecer sem fazerem uso de um “poder” que têm em si, a espiritualidade, e dos benefícios que ela traz.

REFERÊNCIAS

ARANTES, Ana Claudia Quintana. A morte é um dia que vale a pena viver: E um excelente motivo para se buscar um novo olhar para a vida. Rio de Janeiro: Sextante, 2019. 192 p. ISBN 978-85-431-0720-2.

BÍBLIA de Estudo: Conselheira. In: BÍBLIA de Estudo: Conselheira. 3. ed. Barueri-SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 2017.

BORGES, Amanda Aparecida. CUIDANDO DO PRESENTE E DESEJANDO O TEMPO FUTURO:: COMUNICAÇÃO ENTRE FAMÍLIA, PROFISSIONAIS DE SAÚDE E CRIANÇA E ADOLESCENTE COM CÂNCER. Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2020. Disponível em: https://repositorio.ufscar.br/handle/ufscar/13390. Acesso em: 13 nov. 2024

ESPERANDIO, Mary; LEGET, Carlo. Espiritualidade nos cuidados paliativos:: questão de saúde pública?. Revista Bioética, [s. l.], 2020. DOI 10.1590/1983-80422020283419. Disponível em: https://www.scielo.br/j/bioet/a/shqWMcjFPMGWQnqyfyHNHbh/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 2 out. 2024.

Fiorin, Vítor; Orben, Douglas. UMA ANÁLISE DA FILOSOFIA EXISTENCIAL DE SØREN KIERKEGAARD. Revista Eletrônica de Filosofia e Teologia Frontistés. 2021. Disponível em: http://revistas.fapas.edu.br/index.php/frontistes/article/view/67/38. Acesso em:  08 nov. 2023.SciELO – Brasil – Espiritualidade nos cuidados paliativos: questão de saúde pública? Espiritualidade nos cuidados paliativos: questão de saúde pública? Acesso em:  09 nov. 2023.

FRANKL, Viktor E. A vontade de sentido: Fundamentos e aplicações da logoterapia. 1. ed. [S. l.]: Paulus, 2024. 223 p. ISBN 0-452-01034-9.

Instituto Nacional do Câncer. INCA estima 704 mil casos de câncer por ano no Brasil até 2025. 2022. Disponível em: https://www.gov.br/inca/pt-br/assuntos/noticias/2022/inca-estima-704-mil-casos-de-cancer-por-ano-no-brasil-ate-2025/. Acesso em:  06 nov. 2023

MACHADO, Celina Angélica Mattos. COPING RELIGIOSO/ESPIRITUAL E QUALIDADE DE VIDA DOS PACIENTES COM CÂNCER HEMATOLÓGICO SUBMETIDOS AO TRANSPLANTE DE CÉLULAS-TRONCO HEMATOPOÉTICAS. UFPR, Curitiba, 2021. Disponível em: https://acervodigital.ufpr.br/handle/1884/73377. Acesso em: 10 nov. 2024.

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11. Ministério da Saúde Gabinete do Ministro Comissão Intergestores Tripartite. RESOLUÇÃO Nº 41, DE 31 DE OUTUBRO. 2018. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/cit/2018/res0041_23_11_2018.html. Acesso em:  06 nov. 2023.

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 SANTOS, Selma Cristina dos. NARRATIVAS E SILÊNCIOS NO SOFRIMENTO DO MORRER:: Cuidados paliativos, câncer e ambiente familiar. Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2020. Disponível em: https://repositorio.bc.ufg.br/tede/items/a7604e0d-5ffd-454f-8662-c014613483bb. Acesso em: 15 nov. 2024.


1 Discente do Curso Superior de Psicologia Uniredentor/Afya, Itaperuna, Brasil. Email: lcardasilva@yahoo.com.br
2 Docente do Curso Superior de Psicologia Uniredentor/Afya, Itaperuna, Brasil. Psicólogo, Professor Orientador Email: matheus.coelho@uniredentor.edu.br
3 Professor e Dr. Em Sociologia Política – UENF. Uniredentor/Afya, Itaperuna, Brasil. Email: renatoresgalajr@gmail.com