LEITURA E ESCRITA A PARTIR DO GÊNERO TEXTUAL JORNAL IMPRESSO NAS SÉRIES FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/fa10202501181518


Mestranda: Maria Alcione Santos de Assunção,
Orientadora: Profª. Dra. Jaqueline Mendes Bastos


RESUMO

O presente artigo aborda a temática da Leitura e Escrita a partir do gênero textual Jornal impresso nas series finais do Ensino Fundamental, como um recurso metodológico importante para o processo de desenvolvimento educacional dos alunos. O objetivo deste é analisar e discutir o desenvolvimento, as potencialidades e os desafios do uso do gênero textual Jornal Impresso no das práticas de leitura e escrita no contexto educacional, enfatizando seu papel na formação de leitores críticos e na construção de competências linguísticas que, enquanto recurso pedagógico, pode conectar os conteúdos escolares às vivências do cotidiano dos alunos, promovendo a interdisciplinaridade e a autonomia. Nessa perspectiva, as concepções teóricas de autores como SOARES (2004, 2009), SCHNEUWLY & DOLZ (2004), BAZERMAN (2021), SILVA (1995), FARIA (1996), OLIVEIRA (2010), e os PCNs (1998, 2001), contribuíram significativamente, pois forneceram conceitos e definições essenciais para embasar o tema proposto. O artigo destaca como o uso do jornal impresso pode oferecer uma abordagem dinâmica e significativa para o ensino, possibilitando a análise crítica de textos, o desenvolvimento da escrita criativa e a ampliação do repertório cultural dos alunos. Conclui-se que, ao integrar o jornal às práticas pedagógicas, os professores podem fomentar a formação de cidadãos mais conscientes e engajados, capazes de interpretar e transformar a realidade social em que vive numa abordagem dinâmica e significativa.

Palavras-Chave: Leitura; Escrita; Gênero Textual; Jornal Impresso

1 INTRODUÇÃO

A leitura e a escrita são elementos essenciais no processo de ensino-aprendizagem, é um campo de práticas que afeta toda a sociedade humana, em diversas esferas, especialmente sociais, culturais, cognitivas e linguísticas. Talvez a necessidade de estudantes que possuam habilidades críticas que lhes permitam interpretar, produzir e analisar texto em gêneros se justifique no meio informacional, por mais dinâmico que seja o meio de comunicação.

A prática do ensino dos gêneros textuais supõe uma forma significativa de trabalhar essas habilidades, uma vez que ela faz os alunos se ligarem a práticas da vida real. Dentro destes, o jornal impresso tanto se firma pela riqueza de conteúdos e possibilidades de ensino quanto pela possibilidade de desenvolvimento de competências críticas e interpretativas social.

As Series Finais do Ensino Fundamental, em particular, é uma fase em que os estudantes começam a consolidar as habilidades de leitura e escrita adquiridas nos anos anteriores, ao mesmo tempo em que são desafiados a lidar com textos mais complexos e a refletir sobre questões sociais e culturais. Nesse sentido, o gênero textual jornal apresenta-se como uma ferramenta pedagógica promissora, capaz de engajar os alunos e de promover a articulação entre teoria e prática.

Tendo em vista que este trabalho parte de premissa de que a inclusão dos gêneros textuais, no planejamento pedagógico, auxilia efetivamente no desenvolvimento das competências leitoras e escritoras, em especial no que tange ao gênero, já que oferece diversas vias para o trabalho educativo, a começar das notícias, pelos artigos de opinião, reportagens e os demais formatos que, por sinal, servem para despertar o senso crítico e ferramentas com a interpretação local. Ademais, o aluno tende a fazer contatos entre o que estudam e o mundo real e, portanto, fomos capazes de uma aprender mais significativo e comprometido.

Ao propiciar o gênero jornal, o professor vê de fato oportunizar situações de aprendizado dinâmicas pela possibilidade da integração entre a análise do texto e a reflexão dos temas atuais e produção de textos valiosos para o aluno. Vale ressaltar que é bastante relevante as series finais do Ensino Fundamental, pois prepara o aluno para compreender a função social do texto ao mesmo tempo em que constrói a capacidade de interpretar criticamente as mensagens transmitidas pelos meios de comunicação. Ademais, o jornal impresso é, enquanto fonte textual, um amplo enciclopédico textual que compreende jornal, novela, reportagem, entre outros gêneros.

A seleção do gênero textual jornal como objeto de estudo para este artigo fundamenta-se por sua relevância pedagógica e contribuição possível para a formação do leitor crítico e autônomo. A leitura de jornais possibilita a compreensão e analise dos eventos do cotidiano, a produção de textos jornalísticos pelo aluno. Esses aspectos são particularmente importantes nas series finais do Ensino fundamental, quando os alunos estão em um estágio de transição entre as habilidades básicas e as competências mais complexas exigidas nos anos seguintes.

O objetivo deste artigo é analisar e discutir o desenvolvimento, as potencialidades e os desafios do uso do gênero textual Jornal Impresso no contexto da educação básica, mais especificamente nas séries finais do ensino fundamental, ressaltando sua importância para o desenvolvimento das habilidades de leitura e escrita no processo de ensino aprendizagem dos estudantes e uma ferramenta diversificada para o professor, a partir do procedimento metodológicos de revisão bibliográfica.

A organização segue a seguinte estrutura: na Introdução, apresenta-se o tema, a contextualização e os objetivos do estudo; no Referencial Teórico, discute-se a importância da leitura, da escrita e dos gêneros textuais, com ênfase no jornal e por fim, as Considerações Finais e Referências.

2 DISCUSSÃO SOBRE AS PRÁTICAS LEITURA E ESCRITA NAS SÉRIES DO ENSINO FUNDAMENTAL.

As séries finais do Ensino Fundamental desempenha um papel crucial na consolidação das habilidades de leitura e escrita, que são indispensáveis para o desenvolvimento acadêmico e social dos alunos. Essa etapa marca a transição entre a alfabetização inicial e a compreensão crítica dos textos, processo que exige dos professores a utilização de metodologias que considerem as necessidades e os interesses dos estudantes. De acordo com Soares (2004), a leitura e a escrita devem ser vistas como práticas sociais, intimamente ligadas à realidade do aluno e aos desafios que ele enfrenta em sua comunidade.

O trabalho com leitura e escrita nas series finais não se restringe ao ensino das normas gramaticais ou à decodificação de palavras. Pelo contrário, envolve a formação de sujeitos capazes de compreender e interagir criticamente com diferentes tipos de textos. Nesse sentido, o desenvolvimento de competências leitoras e escritoras requer a utilização de materiais diversificados, que estimulem a curiosidade e promovam a autonomia dos alunos.

A leitura e a escrita são práticas que promovem o crescimento integral do indivíduo, elevando-o a novas condições de existência. Soares (2009, p.38) destaca que “[…] aprender a ler e a escrever, e além disso, fazer uso da leitura e da escrita transformam o indivíduo, levam o indivíduo a um outro estado ou condição sob vários aspectos, social, cultural, cognitivo linguístico, entre outros”.

A autora enfatiza que a leitura e a escrita são instrumentos de transformação pessoal e social, contribuindo para a formação de indivíduos críticos e conscientes de seu papel na sociedade que vão além de habilidades técnicas; elas são ferramentas poderosas de transformação pessoal. Quando um indivíduo aprende a ler e escrever e faz uso dessas competências, ocorre uma mudança significativa. Nesse sentido, o jornal impresso pode ser utilizado como recurso pedagógico dinâmico, favorecendo a interdisciplinaridade e conectando os conteúdos escolares às vivências cotidianas dos alunos.

As práticas de leitura assumem um papel muito importante na vida dos alunos, pois a mesma torna o estudante capaz de identificar os fatos do cotidiano como: ler avisos em qualquer área de informação, parar um ônibus, por exemplo, interagir em qualquer meio de comunicação e entre outras situações.

Quem possui o hábito da leitura, consegue ler as entrelinhas, identificando elementos implícito no texto, por meio de uma boa análise, obtemos nossas próprias ideias diante de qualquer texto que se transformará no sentindo amplo ou restrito, dependendo da nossa maneira de pensar e de entender a realidade do assunto lido.

O ato da prática de leitura implica em “possuir elementos de combate à alienação e a ignorância” (SILVA, 1995, p. 49), sendo assim, o professor precisa criar possibilidades de leitura e escrita e, uma das formas mais relevante é através dos gêneros textuais, para isso o professor precisa trabalhá-los de maneira que os alunos se apropriem e familiarizem de algumas características discursivas e linguísticas dos diversos tipos de gêneros, uma vez que estes estão inseridos em situações reais de uso de um determinado contexto.

Quando o leitor se envolve diretamente com o texto, ele tem a capacidade de dar sentindo e compreender o que está lendo, nesse caso, é necessário que todos saibam o contexto e o que está sendo inserido, pois assim, o leitor interage eficientemente com sua leitura ampliando seu conhecimento e obtendo sempre informações a partir da sua análise e com isso passa a aprender cada vez mais.

Segundo os PCNs (2001, p. 69) de Língua Portuguesa “a leitura é um processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de construção do significado do texto, a partir dos seus objetivos e do seu conhecimento sobre o assunto”. A leitura, segundo os PCNs, é um processo ativo de construção de significados, no qual o leitor utiliza seus conhecimentos prévios para interpretar o texto. Assim, trabalhar com gêneros textuais como o jornal impresso favorece a interação entre texto e leitor, permitindo que os alunos reconheçam elementos implícitos e explícitos do texto e desenvolvam uma leitura crítica e reflexiva.

Compreendemos, assim, que a leitura e a escrita, nas series finais do ensino fundamental, a partir do gênero textual também constitui-se numa forma de aprender a pensar, a refletir sobre a realidade, compreender as diferentes mensagens existentes na sociedade e ser capaz de produzir seus próprios conceitos e definições a partir da sua com o objeto de interação.

Ler e escrever é, sem dúvida, a maior e melhor herança da educação que a escola pode oferecer aos seus alunos. Um bom leitor é um bom produtor de textos, uma vez que a leitura traz consigo um acervo de conhecimento e informações, pois, “formar leitores é algo que requer condições favoráveis, não só em relação aos recursos materiais disponíveis, mas, principalmente, em relação ao uso que se faz deles nas práticas de leitura”, PCN (2001, p.71).  Assim, torna-se importante partir dos interesses dos alunos em direção à ampliação de suas potencialidades e habilidade para produzir.

Em nosso meio além de se conceber a leitura e a escrita, também há a necessidade de se comunicar oralmente. Vale lembrar que a leitura atribui vários fatores na vida do ser humano, pois a partir do hábito de ler o indivíduo além de escrever melhor, produzir melhor também consegue se expor oralmente com mais desenvoltura na sociedade.

A prática de leitura constante, os estudantes constroem uma boa forma de se utilizar a língua falada, assim, a leitura repassa muitas informações de quaisquer textos as pessoas, e dessa forma, o indivíduo toma conhecimento do assunto e adiante consegue repassar eficientemente para algum público ou qualquer outro meio de informação. Os textos sempre informam algo, mas é preciso que o leitor além de atento seja bastante observador para usufruir com sua imaginação, e interagir-se com o texto ativando o seu conhecimento linguístico.

3 LEITURA E PRODUÇAO DE TEXTOS A PARTIR DO GÊNERO TEXTUAL JORNAL IMPRESSO

O trabalho com gêneros textuais no ambiente escolar tem sido amplamente discutido por pesquisadores como Schneuwly e Dolz (2004), que destacam sua relevância como instrumentos do discurso e como ferramentas para o desenvolvimento de competências de linguagem. Para esses autores, a escolha de um gênero textual para ser trabalhado em sala de aula deve estar atrelada a objetivos didáticos claros, como a compreensão e a produção do gênero em questão, bem como o desenvolvimento de habilidades transferíveis a outros contextos e gêneros.

Antes de falarmos sobre o gênero escolhido é preciso conceituar o que é gênero. De acordo com Schneuwly e Dols (2004) “o gênero é um instrumento do discurso pelas quais as práticas de linguagem materializam-se nas atividades do aprendiz”. Ainda sobre a introdução do gênero na escola os referidos autores ressaltam que a escolha de um gênero textual para ser trabalhado na escola é sempre intencional e orientada por objetivos didáticos específicos que se dividem em duas dimensões: a primeira busca capacitar o aluno a compreender e produzir o gênero em questão, tanto no contexto escolar quanto fora dele. A segunda visa desenvolver habilidades mais amplas e transferíveis, que podem ser aplicadas a outros gêneros textuais, próximos ou distantes.

Bazerman define os gêneros textuais como “formas de vida, modos de ser, ambientes para a aprendizagem e frames para a ação social” (Bazerman, 2021, p. 39). Segundo ele, os gêneros moldam as interações humanas, permitindo a construção de sentido e a organização do pensamento coletivo. Ele ressalta que essas formas textuais são ferramentas indispensáveis para interpretar o mundo e agir nele de forma significativa. No contexto educacional, a escolha dos gêneros a serem trabalhados em sala de aula deve considerar tanto as experiências prévias dos estudantes quanto o potencial dessas formas textuais para desenvolver habilidades críticas e discursivas.

Assim, os gêneros textuais permitem que os alunos reconheçam diferentes contextos de uso da linguagem e compreendam como os textos são estruturados para atingir objetivos específicos. Observa-se atualmente que os estudantes têm contatos com diversos gêneros encontrados em vários setores da sociedade.

Nesse sentido, os professores têm um papel fundamental no incentivo à leitura entre seus alunos, utilizando os gêneros textuais como ferramentas pedagógicas. Ao explorar diferentes gêneros, os professores não apenas tornam a prática de leitura mais atrativa, mas também ajudam os estudantes a desenvolver habilidades de compreensão e análise. Essa abordagem amplia o repertório textual dos alunos e os conecta a situações reais de comunicação, tornando a leitura mais significativa e relevante para suas vidas, pois:

O trabalho explicito com os gêneros textuais é indispensável nas aulas de leitura. Na prática docente, o professor precisa apresentar aos alunos gêneros diversos para eles se familiarizarem com formas distintas que os textos tomam para circular na sociedade. Por essa razão, realizar atividades de análise de gêneros é muito importante para atingir esse objetivo. (OLIVEIRA, 2010, p. 86).           

Trabalhar os gêneros textuais exige que o professor exponha aos estudantes uma variedade de gêneros, permitindo-lhes considerar suas características e especificidades. A análise de gêneros torna-se, então, uma estratégia essencial, pois ajuda os alunos a compreender as diferentes formas e funções dos textos, promovendo uma leitura mais crítica e contextualizada. Dessa forma, o trabalho com gêneros contribui para formar leitores mais preparados para interagir com o mundo letrado, capazes de interpretar, produzir e utilizar textos de maneira eficaz em diferentes contextos sociais.

No entanto, cabe ao professor o papel de promover tanto a formação de alunos como leitores quanto como produtores de textos. Assim, a escola precisa assumir a responsabilidade de desenvolver projetos educativos que facilitem a transição do contato com diferentes tipos de textos para a experiência.

A partir dessa compreensão, o jornal impresso emerge como um recurso pedagógico dinâmico, que permite ao professor trabalhar temas relevantes e fomentar a formação de cidadãos críticos. Por meio da análise e produção de textos jornalísticos, os alunos podem desenvolver habilidades como argumentação, interpretação e escrita criativa.

Ao abordar questões atuais e multidimensionais, o professor pode integrar diferentes áreas do conhecimento, como história, geografia e ciências sociais, enriquecendo o processo de ensino-aprendizagem. Essa abordagem contribui para que os alunos compreendam a complexidade dos temas discutidos e desenvolvam uma visão mais abrangente e crítica da realidade.

A inserção de gêneros textuais no contexto escolar requer um planejamento cuidadoso por parte do professor, que deve considerar as necessidades e os interesses dos alunos. Trabalhar com o jornal impresso em sala de aula não apenas estimula o hábito da leitura, mas também prepara os estudantes para exercerem seu papel como cidadãos ativos e conscientes em uma sociedade marcada pela pluralidade de discursos e informações.

Nesse caso pode-se dizer que o trabalho com os gêneros é uma excelente maneira de ensinar a leitura. Dentre as propostas dos PCNs, assim, há a oportunidade de observar a dificuldade dos alunos e em seguida estimula-los ao hábito de ler através dos gêneros que os rodeiam. Os PCNs também assumem uma concepção comunicativa e discursiva de linguagem, não apenas uma concepção teórica de ensino da língua, mas, sobretudo por princípios sócio-políticos, como a necessidade de se construir uma escola voltada para a formação de cidadãos. Inda de acordo com os PCNs:

Os textos organizam-se dentro de certas restrições de natureza temática, composicional e estilística, que caracterizam como pertencentes a este ou aquele gênero. Desse modo, a noção de gênero, constitutiva do texto, precisa ser tomada como objeto de ensino. (PCNs 1998, p.23).

Os gêneros textuais uma vez inseridos nas práticas pedagógicas coloca os alunos em contato com os textos que são produzidos fora da escola, assim eles ficam conhecendo as particularidades dos gêneros e se preparam para usá-los dentro e fora da sala de aula. O trabalho nas escolas por meio dos gêneros, mostra aos discentes os conhecimentos linguísticos e textuais necessários para atuarem em diversas atividades comunicativas, pois assim, os alunos passam a refletir na escola com base dos textos que circulam na sociedade.

Assim, os gêneros textuais são práticas comunicativas situadas, que envolvem aspectos temáticos, composicionais e estilísticos. No caso do jornal impresso, seu uso em sala de aula possibilita aos alunos compreender a organização textual de notícias, artigos e outros formatos, promovendo uma conexão direta com situações reais de comunicação.

Os gêneros textuais podem ser de qualquer natureza, formal ou informal, isto é, pode se dá na escola ou fora dela. A conferência, a aula, a reunião, a piada, o jornal, a poesia, a música, a notícia, entre outras, constituem-se em diferentes tipos textuais e que são classificados como gêneros.

Sendo assim, cabe ao educador promover e incentivar a discursão sobre a importância do uso dos mesmos na escola, suas funções na sociedade, para que os alunos possam conhecer e fazer a leitura do gênero visado. Dolz e Schneuwly (1998) apud Godeny et al (2005) p. 83 afirmam que:

Uma proposta de ensino/ aprendizagem organizada a partir de gêneros textuais permite ao professor a observação e a avaliação das capacidades de linguagem dos alunos; antes e durante sua realização, fornecendo-lhe orientações mais precisas para sua intervenção didática. Para os alunos, o trabalho com gêneros constitui, por um lado, uma forma de se confrontar com situações sociais efetivas de produção e leitura de textos e, por outro, uma maneira de dominá-los progressivamente.

Assim, o professor conhecerá melhor quais as capacidades e dificuldades de seus alunos e dessa forma poderá intervir de maneira mais apropriada de acordo com a necessidade dos mesmos. Não é só isso, trabalhar com os gêneros presentes na sociedade podem tornar as aulas muito mais interessantes significativas, mas para que isso aconteça cabe ao corpo docente desenvolver metodologias que desenvolva no aluno o gosto pela leitura ativando assim, o potencial de criatividade e produção textual dos mesmos, de forma que, estes sejam preparados para fazer uso dos conhecimentos adquiridos nas muitas esferas de comunicação humana que se constituem na interação social.

Nessa perspectiva, o gênero textual Jornal é um recurso didático que ainda hoje, não é muito utilizado por algumas escolas do nosso país, porém é um meio bastante eficaz no processo da formação de bons leitores, pois nele o aluno encontrará notícias sobre determinado assunto de sua preferência seja no caderno de esporte, política, polícia novela ou classificados, que lhe darão informações sobre aquilo que se procura e que algumas delas pode se tratar de assuntos que o aluno já conhece.

Para muitos autores, a utilização deste recurso pode ser uma alternativa efetiva de incentivo à leitura. Diante disso, os textos jornalísticos também são vistos como uma forma de contribuir para a melhoria do ensino e também um meio de informar sobre os acontecimentos do mundo para assim poder construir uma cidadania justa e igualitária.

Quando o aluno consegue tomar conhecimentos sobre os diversos tipos de textos que compreendem um jornal e as suas características, o professor pode criar diversas situações de comunicação real para exercitar a leitura e a escrita, já que o aluno será levado a ler, revisar e escrever.

Dessa forma os alunos poderão reconhecer a escrita por meio da comunicação social, onde acumularão mais conhecimentos sobre os textos de jornais, podendo observar a configuração de mídia, as editorias, os classificados, enfim, todos os recursos que se fazem presentes em um caderno de jornal, obtendo assim além de informações que lhes são necessárias a possibilidade de construir e fazer revisão de textos.

Por outro lado, o professor ao trabalhar com textos jornalísticos em sala de aula terá em suas mãos um recurso pedagógico dinâmico, viável e atualizado, além de ainda poder promover uma interdisciplinaridade nos exercícios no ambiente escolar. O jornal também contribui bastante com o livro didático, possibilitando ao aluno a capacidade de desenvolver a escrita e a leitura.

Diante disso, o professor poderá levar para a sala de aula páginas de jornal e poderá fazer destes diversificados planos de aula, cada um com um objetivo. Através do jornal como um material didático o professor além de possuir um rico material para servir de estimulo a melhoria do hábito da leitura, ele tem infinitas possibilidades de utilização dos jornais em sala de aula, que poderão contribuir bastante para a aprendizagem do aluno, pois este estará informado de todos os acontecimentos do mundo.

O manuseio e a leitura do jornal tornam-se um exercício atraente e diferente daqueles que são realizados no cotidiano da sala de aula. Portanto, a escola deve e precisa introduzir esta forma de incentivo a leitura, de maneira que o professor e o aluno possam utilizar os recursos que sejam capazes de fazer com que haja a formação de leitores críticos e se construa uma vida social de modo que satisfaça a todos, inclusive a sociedade.

4 OS IMPACTOS DO GÊNERO JORNAL NA FORMAÇÃO CRÍTICA E AUTONOMIA DOS ALUNOS

O jornal, como um gênero textual, desempenha um papel fundamental no mediador entre os fatos do cotidiano e a sua interpretação crítica. Diante dessa necessidade, ao trabalhar o gênero em sala de aula nos centros educacionais, ele capacita os alunos a identificarem, interpretarem e produzirem textos que representem a dinâmica e a complexidade do ambiente social, incentivo à leitura crítica e à autogestão.

Gêneros textuais como sistemas de intenções sociais, refletem a sociedade, ou seja, não mandatam uma sociedade prescrita, mas, também, atuam como ação cultural na construção de uma sociedade. O jornal, por exemplo, forma a capacidade dos alunos analisarem criticamente as informações e com um argumento verdadeiramente fundado. É através desta atividade que a cidadania se desenvolve, entendendo que os alunos são as futuras gerações, que devem saber questionar informações e participar ativamente dos debates sociais.

Será preciso também utilização de metodologias que estimulem a participação ativa dos alunos ao implementar o jornal em sala de aula, isso pode ser feito por meio de ações como a criação de jornais escolares, a análise crítica de notícias com os alunos ou até mesmo debates nos temas atuais. Nessas práticas o aluno será capaz de criar relações entre o sentido dos conteúdos ensinados em sala e a experiência do dia a dia.

A produção do jornal treina os alunos para serem autônomos na pesquisa, organização e sintetização de informação em um público especifico. Por meio do jornal, eles tendem a formar suas opiniões e decidir de forma responsável. Sobre esse fato Faria (1996, p. 12) afirma:

Para os alunos o jornal é o mediador entre a escola e o mundo, ajuda a relacionar conhecimentos prévios e sua experiência pessoal de vida com as noticias, leva-os a formar novos conceitos e a adquirir novos conhecimentos a partir de sua leitura, ensina-os a aprender a pensar de modo critico sobre o que lê estabelecer novos objetivos de leitura. Para os professores o jornal é um excelente material pedagógico sempre atualizado desafiando-os a encontrar o melhor caminho didático para usar esse material em sala de aula.

O Jornal como ferramenta para a formação crítica é, particularmente, eficaz porque expõe os alunos a diferentes perspectivas e estimula a análise de questões complexas. Ao trabalhar com textos jornalísticos, os estudantes são incentivados a questionar as informações, identificar vieses e compreender os impactos sociais das narrativas veiculadas. Essa abordagem promove o desenvolvimento de um olhar mais atento e reflexivo sobre o mundo.

O gênero textual jornal é caracterizado por sua função informativa e pela variedade de formatos, como notícias, reportagens, artigos de opinião e entrevistas. Esse gênero é amplamente utilizado na sociedade para a disseminação de informações e a formação da opinião pública, o que o torna uma ferramenta poderosa no processo educativo.

Bazerman (2001) enfatiza que é necessário revitalizar a experiência educacional conectando os estudantes às situações discursivas reais que dão sentido à sua produção escrita. No caso do jornal, sua estrutura composicional e seu conteúdo temático permitem explorar questões relevantes do cotidiano, promovendo o senso crítico e a participação ativa dos alunos em debates sociais.

As potencialidades pedagógicas do gênero jornal inclui o desenvolvimento da leitura crítica, onde ao interpretar textos jornalísticos, os alunos são desafiados a identificar vieses, analisar a organização das informações e refletir sobre as intenções do autor. Essa prática estimula a formação de leitores críticos, capazes de questionar e avaliar as mensagens transmitidas pelos meios de comunicação.

Inclui também o estímulo à produção textual, pois a produção de textos jornalísticos requer planejamento, organização de ideias e clareza na expressão, habilidades que são fundamentais para o desenvolvimento da escrita. Além disso, essa atividade incentiva a criatividade e a autonomia dos alunos.

A integração com outras áreas do conhecimento que permite abordar temas transversais e interdisciplinares, como meio ambiente, cidadania e tecnologia. Essa integração amplia o horizonte cultural dos alunos e promove uma educação mais significativa. Além de fomentar ao engajamento social, haja vista que ao trabalhar com o gênero jornal, os estudantes são incentivados a se engajar com questões sociais e a propor soluções para os problemas identificados. Essa prática fortalece o senso de responsabilidade e a participação cidadã.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

 As reflexões trazidas ao longo deste artigo atestam a possibilidade didática do gênero textual jornal impresso na educação, especificamente nas series iniciais do Ensino Fundamental. Isso justifica-se em razão de a leitura e a construção da escrita serem não meros comportamentos formais, mas práticas sociais para a união dos sujeitos ao si próprios e à realidade e à formação integral. Ou seja, é justamente por isso que o jornal oferece um campo específico de conexão ao mundo porque ele é: interdisciplinaridade, competências críticas e criativas.

O uso do jornal em sala de aula proporciona aos alunos oportunidades de se envolverem ativamente com textos que abordam temas atuais e pertinentes. A partir dessa interação, os estudantes têm a possibilidade de desenvolver uma visão mais abrangente e reflexiva sobre o mundo que os cerca, ao mesmo tempo em que aprimoram suas habilidades de interpretação e produção textual. É no uso do jornal em sala de aula que os alunos encontram uma experiência de textos atuais, ‘concretos’ na realidade que aprimoram seu olhar sobre o mundo, nesses momentos em que a interpretação e a produção de diferentes textos são trabalhadas.

O jornal, para os docentes é uma ferramenta pedagógica para trabalhar uma abordagem plurifacetada que relaciona diferentes conhecimentos de áreas. Determinado assunto é altamente relevante nos dias de hoje, já que uma sociedade plural precisa de ensino que promova a proposta do cidadão. Contudo, o uso ideal do jornal é resultado de planejamento minucioso e metodologias inovadoras se depara com a condição e os interesses dos alunos.

Por fim, é altamente positiva a intensificação do jornal como mediador da escola ao mundo. Em outras palavras, a partir do jornal como leitura de texto, os alunos são favorecidos a aferir a sinergia entre o conteúdo transformador e as relações comunicativas reais, promovendo a capacidade de científica sua crítica refletiva em relação as informações oriundas e do acordar consciente social com o desafio das referências.

Nesse sentido, conclui-se que, de forma enfática, a inclusão do gênero textual do jornal impresso nas práticas educativas é um modo viável de humanizar o ensino-aprendizagem. Dessa forma, possibilitando a leitura crítica, a produção criativa e a reflexão, o jornal possibilita integrar sujeitos novos, capazes de criatividades, afinados em sua humanização, aptos à contexto da sociedade dinâmica; as escolas, então, no entanto, têm a incumbência de herdarem as possibilidades de proporcionar as diversidades metodológicas, com vistas a uma educação mais significativa.

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DOLS, J. SCHNEUWLY, B. Gêneros orais e escritos na escola. Trad. Roxane Rojo e Glaís Sales Cordeiro. São Paulo: Mercado de Letras, 2004.

FARIA, Maria Alice de Oliveira. Como usar o jornalna sala de aula. São Paulo: Contexto, 1996.

BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: Língua Portuguesa/ Ministério da Educação Fundamental. – 3. ed. – Brasília: A Secretaria, 2001.

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: língua portuguesa/ Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília : MEC/SEF, 1998. 106 p.

BAZERMAN, Charles. (2021). Gênero, Agência e Escrita. Recife: Pipa Comunicação.

GODENY, Juliana. PEREIRA, Liliane. SAITO, Cláudia L. N. Por que ensinar a partir da Teoria dos Gêneros Textuais? Obtido no site:http://www.faccar.com.br/eventos/desletras/hist/2005_g/2005/textos/019.html. Em 09 de Janeiro de 2025.

OLIVEIRA, Luciano Amaral. Coisas que todo professor precisa saber: a teoria da prática. São Paulo: Parábola: editorial, 2010

SILVA, Ezequiel Theodoro da. 1948- Leitura na escola e na biblioteca / Ezequiel Theodoro da Silva – 5ª ed. – Campinas, SP: Papirus, 1995.

SOARES, Magda. Letramento: um tema em três gêneros/Magda Soares. – 3 ed. – Belo Horizonte: Autentica Editora, 2009.

SOARES, Magda. Alfabetização e letramento. São Paulo: Contexto, 2004. 123 p.