INTRODUÇÃO DE UM SISTEMA AGROFLORESTAL NO COTIDIANO DO PRODUTOR RURAL: ENFATIZANDO A REGIÃO SERRANA DE SANTA CATARINA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10903288


Manuela Oliveira Nunes


RESUMO 

Dentro do contexto da atividade agrícola, surgem diversas exigências e necessidades por parte dos produtores visando alcançar resultados positivos que satisfaçam plenamente seus requisitos fundamentais, os quais incluem a produção de alimentos, bens de consumo e a geração de renda. Nesse cenário, a agricultura assume um papel de vital importância no meio rural. Contudo, influenciado por diversos fatores externos, tais como desmatamento, poluição atmosférica e hídrica, esgotamento dos recursos hídricos, mudanças climáticas e contaminação do solo, o setor agrícola transformou-se em uma ameaça significativa aos recursos naturais, cujas consequências tornam-se cada vez mais severas e evidentes. 

Uma das estratégias para conciliar as necessidades dos agricultores com a preservação ambiental é a implementação de sistemas agroflorestais (SAFs), os quais desempenham um papel crucial na recuperação de áreas degradadas, considerando-se também os aspectos sociais, ambientais e econômicos regionais. 

Diante dos desafios ambientais globais e das suas repercussões no futuro do planeta, surge o presente projeto, que visa disseminar o conhecimento acerca dos sistemas agroflorestais entre os produtores da região serrana de Santa Catarina. Prioritariamente, serão contempladas as cidades de São Joaquim, conhecida pela produção de maçãs, uvas e goiabas-serranas, e Lages, onde se destacam as culturas de soja e pinhão, além da combinação com espécies florestais nativas e atividades pecuárias, as quais desempenham um papel relevante nessa localidade. 

Palavras-chave: Sistemas Agroflorestais; Projeto; Serra Catarinense; Produtor Agrícola. 

ABSTRACT 

Within the context of agricultural activity, various demands and needs arise from producers aiming to achieve positive outcomes that fully meet their fundamental requirements, including the production of food, consumer goods, and income generation. In this scenario, agriculture assumes a role of vital importance in rural areas. However, influenced by various external factors such as deforestation, air and water pollution, depletion of water resources, climate change, and soil contamination, the agricultural sector has become a significant threat to natural resources, the consequences of which are becoming increasingly severe and evident.  

One of the strategies to reconcile the needs of farmers with environmental preservation is the implementation of agroforestry systems (AFS), which play a crucial role in the recovery of degraded areas, considering social, environmental, and regional economic aspects. 

Given the global environmental challenges and their implications for the future of the planet, the present project emerges, aiming to disseminate knowledge about agroforestry systems among producers in the mountainous region of Santa Catarina. Primarily, the cities of São Joaquim, known for the production of apples, grapes, and mountain guavas, and Lages, where soybeans and pine nuts stand out, along with the combination of native forest species and livestock activities, which play a significant role in this locality, will be addressed. 

Keywords: Agroforestry Systems; Project; Serra Catarinense; Agricultural Producer. 

1 INTRODUÇÃO 

O Sistema Agroflorestal (SAF) representa uma metodologia inovadora e sustentável para a gestão agrícola, caracterizada pela integração de árvores, culturas agrícolas e/ou criação animal em uma mesma área. Na região serrana de Santa Catarina, notável pela produção de maçã, uva, goiaba serrana, pinhão e soja, o SAF emerge como uma alternativa promissora, capaz de atender às demandas produtivas e ambientais desse contexto singular. (Senar – 2017) 

A Serra catarinense, com suas características geográficas e climáticas distintas, proporciona um ambiente propício para a implementação e desenvolvimento de práticas agrícolas inovadoras. Os agricultores da região enfrentam desafios específicos relacionados à conservação do solo, manejo da água, diversificação produtiva e adaptação às mudanças climáticas (Embrapa – 2018). Nesse contexto, a adoção de sistemas agroflorestais surge como uma solução viável e eficaz, oferecendo benefícios multifacetados que transcendem a mera produção agrícola. 

A incorporação de árvores nas áreas de cultivo não apenas contribui para a preservação do solo e da biodiversidade, mas também promove a regulação microclimática, protege contra ventos e erosão, e proporciona produtos madeireiros e não madeireiros de valor comercial. Os SAFs possibilitam a otimização do uso da terra, permitindo uma diversificação de culturas que fortalece a resiliência dos sistemas produtivos diante de possíveis adversidades. 

Nesse contexto, o presente estudo tem como objetivo explorar a aplicação prática do Sistema Agroflorestal no cotidiano dos produtores rurais da Serra Catarinense, com especial enfoque nos cultivos de maçã, uva, goiaba serrana, pinhão, milho e soja. Busca-se compreender os desafios e oportunidades enfrentados pelos agricultores na adoção dessas práticas sustentáveis, bem como os impactos socioeconômicos e ambientais decorrentes dessa abordagem; a partir daí procura-se formas de melhorar e alcançar os resultados esperados pelo produtor. 

Ao compreender como o SAF pode ser integrado de forma eficiente e benéfica às realidades locais da Serra Catarinense, o produtor passa a contribuir para a construção de sistemas agrícolas mais resilientes, sustentáveis e socialmente justos, que atendam não apenas às necessidades presentes, mas também às demandas futuras de uma agricultura responsável e diversificada, mas principalmente aliada a preservação da natureza. 

2 AS MOTIVAÇÕES QUE IMPULSIONARAM A CRIAÇÃO DO PROJETO 

A concepção e desenvolvimento deste projeto emergiram durante o primeiro ano do ensino médio, período no qual iniciou a observação de perto dos desafios enfrentados por esses agricultores, tornou-se evidente a complexidade das questões relacionadas à conservação do solo, à diversificação das atividades agrícolas e à resiliência climática. Entre esses desafios, destacava-se de maneira proeminente a necessidade premente de adotar práticas agrícolas mais sustentáveis, capazes de garantir não apenas a viabilidade econômica das atividades produtivas, mas também a preservação dos recursos naturais e a mitigação dos impactos ambientais adversos. 

Inspirada por um profundo desejo de causar um impacto positivo no ambiente rural, bem como no cenário global, compelida a agir em prol da sustentabilidade e da conservação dos recursos naturais. Concomitantemente, a aspiração em cursar engenharia florestal no futuro, motivou ainda mais a busca por conhecimentos e experiências relacionadas à temática dos sistemas agroflorestais. Dessa forma, se tornou visível na elaboração de um projeto sobre esse assunto uma oportunidade única de alinhar interesses acadêmicos e profissionais com a vontade de contribuir para o desenvolvimento sustentável da comunidade e do planeta como um todo. 

Assim, a determinação e curiosidade, deu início a uma pesquisa minuciosa sobre os sistemas agroflorestais, explorando suas fundamentações teóricas, práticas e aplicações na agricultura. Esse processo de investigação não apenas ampliou conhecimentos sobre o tema, mas também fortaleceu a convicção na viabilidade e relevância dos SAFs como uma abordagem sustentável e eficaz para o desenvolvimento agrícola e a conservação ambiental. 

3 ANÁLISES TEÓRICAS FEITAS ANTES DA EXECUÇÃO  DO PROJETO 

Antes da execução de um projeto de SAFs, é crucial realizar análises teóricas detalhadas para garantir a viabilidade e eficácia do sistema proposto, contando com a ajuda de profissionais da agricultura, como parte do processo preparatório para um projeto de SAFs na Serra Catarinense. 

3.1 SELEÇÃO DAS ESPÉCIES   

A primeira etapa das análises teóricas compreendeu um processo minucioso de seleção das espécies vegetais que seriam integradas ao sistema agroflorestal. Nessa fase, foram levadas em consideração uma série de características fundamentais, tais como a adaptabilidade das espécies ao clima predominante na região, suas exigências específicas em relação ao solo, o ciclo de cultivo necessário para cada uma, a capacidade de produção de biomassa, os benefícios potenciais provenientes das interações entre as diferentes espécies e o seu potencial de mercado. 

A partir dessa análise criteriosa, optou-se pela inclusão de espécies regionais já produzidas pelos produtores como as principais entre o sistema agroflorestal, sendo essas, a maçã, a goiaba serrana, o milho, a soja e a uva. Essa seleção foi embasada na complementaridade apresentada por essas culturas em termos de necessidades de recursos e ciclos de crescimento com espécies florestais nativas, como a araucária para preservação e o eucalipto para rentabilidade econômica; deve-se também levar em consideração o ciclo de animais no sistema, como o gado. Além disso, cada uma dessas espécies foi escolhida levando-se em conta suas características particulares e sua capacidade de se adaptar ao ambiente local, contribuindo assim para a diversificação e a sustentabilidade do sistema como um todo. 

A maçã, por exemplo, foi selecionada devido à sua importância econômica na região, além de sua capacidade de se desenvolver em condições de clima temperado. A goiaba serrana foi escolhida por sua resistência a condições adversas e seu potencial para a produção de frutos de alta qualidade. O milho e a soja foram incluídos devido à sua relevância na agricultura local e à sua capacidade de fixação de nitrogênio no solo. Já a uva foi selecionada levando-se em conta sua adaptabilidade ao clima subtropical e seu valor comercial. 

Portanto, a seleção das espécies vegetais representou um passo fundamental no planejamento do sistema agroflorestal, garantindo a diversidade e a resiliência necessárias para o sucesso do projeto. Essa análise cuidadosa permitiu a escolha das culturas mais adequadas às condições locais, maximizando assim os benefícios ambientais, sociais e econômicos do sistema agroflorestal na Serra Catarinense. 

3.2 ANÁLISE DOS ARRANJOS DO SISTEMA PARA MELHOR INTERAÇÃO ENTRE AS CULTURAS  

Com base nas características das espécies selecionadas, uma série de diferentes designs e arranjos foram cuidadosamente elaborados para os sistemas agroflorestais. Durante esse processo, diversos aspectos foram considerados, como a distribuição espacial das culturas, a altura das árvores e a densidade de plantio. Para alcançar esses objetivos, foram exploradas diversas abordagens de design, levando-se em consideração as necessidades específicas de cada espécie e as sinergias potenciais entre elas. Por exemplo, foram criados arranjos que permitissem a complementaridade de raízes, otimizando assim a absorção de nutrientes e água do solo. Além disso, foram projetados sistemas que integrassem culturas de diferentes alturas e características de crescimento, visando maximizar a utilização do espaço disponível e facilitar a colheita e o manejo das plantações. 

Adicionalmente, as análises teóricas também se dedicaram a avaliar as interações entre as diferentes culturas componentes do sistema agroflorestal. Aspectos como a complementaridade de nutrientes, a competição por recursos, os potenciais efeitos alelopáticos, a atratividade para polinizadores e a ocorrência de doenças e pragas foram minuciosamente investigados. Compreender essas interações foi essencial para o desenvolvimento de estratégias de manejo eficazes, visando a otimização da produtividade e a redução de potenciais impactos negativos. 

3.3 MANEJO DE SOLO 

Outro aspecto fundamental abordado foi o manejo do solo, que desempenha um papel crucial na sustentabilidade e na produtividade dos sistemas agroflorestais. Durante esse processo, foram cuidadosamente consideradas diversas práticas e técnicas visando à otimização da saúde e da qualidade do solo. 

Uma das práticas prioritárias discutidas foi a manutenção de uma cobertura vegetal permanente. Essa estratégia visa proteger o solo da erosão causada pela água e pelo vento, além de contribuir para a regulação da temperatura e umidade do solo, a redução da compactação e o fornecimento de matéria orgânica essencial para a fertilidade do solo. 

Outra estratégia importante analisada foi a rotação de culturas, que consiste na alternância de diferentes tipos de cultivos ao longo do tempo. Essa prática promove a diversidade biológica do solo, reduzindo a incidência de pragas e doenças específicas de determinadas culturas, além de contribuir para a reposição de nutrientes no solo e a melhoria de sua estrutura física. 

Além disso, foram discutidos os benefícios do uso de adubos verdes, que são culturas temporárias plantadas com o objetivo de melhorar a fertilidade do solo. Essas plantas, geralmente leguminosas, são capazes de fixar nitrogênio atmosférico no solo, aumentando sua disponibilidade para outras culturas, além de contribuir para a cobertura do solo e a redução da erosão. 

Por fim, uma preocupação central nas análises teóricas foi a minimização da compactação do solo, um problema comum em áreas agrícolas intensivamente cultivadas. Foram discutidas estratégias para reduzir a compactação, como o uso de sistemas de plantio direto, a diversificação das culturas e a adoção de práticas de manejo que evitem o tráfego de maquinário pesado sobre o solo em períodos sensíveis. 

3.4 BIODIVERSIDADE E SERVIÇOS ECOSSISTÊMICOS 

As análises também se concentraram na conservação de habitats naturais, reconhecendo a importância de áreas preservadas para manter a biodiversidade regional. Foram identificados locais estratégicos dentro do sistema agroflorestal que poderiam servir como refúgios ecológicos, oferecendo abrigo e recursos para uma variedade de organismos. 

Outro aspecto abordado foi a melhoria da qualidade da água, crucial tanto para o ambiente natural quanto para a produção agrícola. Foram propostas medidas de manejo do solo e da água que visam reduzir a erosão, minimizar a contaminação por agroquímicos e promover a recarga de aquíferos. Essas ações visam não apenas proteger os recursos hídricos locais, mas também contribuir para a saúde dos ecossistemas aquáticos e para a segurança hídrica da região. Esses aspectos são considerados essenciais para a sustentabilidade a longo prazo do sistema agroflorestal. 

3.5 IMPACTOS SOCIOECONÔMICOS  

Uma das principais áreas de análise concentrou-se no potencial de geração de renda para os agricultores locais. Foram investigadas as maneiras pelas quais a adoção de práticas agroflorestais poderia diversificar as fontes de ganhos das famílias rurais, fortalecendo sua robustez financeira frente a oscilações do mercado e desafios climáticos. Além disso, examinou-se o impacto na qualidade de vida desses agricultores, levando em conta aspectos como segurança alimentar, acesso a recursos e redução da dependência de culturas monoculturais. 

Outro ponto de análise foram os efeitos na criação de empregos locais. Avaliou-se como a implementação de sistemas agroflorestais poderia gerar oportunidades de trabalho em diferentes áreas, como produção agrícola, manejo florestal, processamento de alimentos e ecoturismo. Essa diversificação das atividades econômicas pode contribuir para reduzir a migração rural-urbana e fortalecer a economia local. 

Além disso, foram examinados os impactos na diversificação da economia rural. Considerou-se como a integração de diferentes culturas e atividades produtivas poderia contribuir para a criação de cadeias de valor mais robustas e sustentáveis, beneficiando não apenas os agricultores, mas também outros setores da economia, como o turismo rural, a agroindústria e o comércio local. 

Avaliou-se como a diversificação das culturas e a produção local de alimentos poderiam contribuir para reduzir a dependência de alimentos importados e aumentar o acesso a uma dieta nutritiva e variada para toda a população, aspectos considerados cruciais para garantir não apenas a aceitação dos produtores, mas também promover o desenvolvimento econômico e social da comunidade local, e também o melhoramento na qualidade de vida das populações rurais. 

4 A PRIMEIRA IMPRESSÃO DO PRODUTOR DIANTE O PROJETO 

  A primeira etapa da abordagem junto aos produtores rurais em relação ao projeto de sistemas agroflorestais foi estabelecida informalmente, através de conversas diretas e próximas. Neste estágio inicial, tornou-se evidente que muitos desses produtores, desprovidos de conhecimento prévio sobre o tema, manifestaram uma certa apreensão e incerteza diante da proposta apresentada. No entanto, mesmo diante dessas incertezas iniciais, observou-se um interesse latente pela preservação ambiental por parte dos produtores, refletindo uma preocupação genuína com a sustentabilidade das práticas agrícolas. Não obstante, foi percebido que, em sua maioria, os produtores tendiam a priorizar suas fontes de renda, especialmente os pequenos agricultores, os quais demonstraram uma relutância em assumir riscos significativos que pudessem impactar sua estabilidade financeira. 

  Diante deste contexto, tornou-se imperativo adotar uma abordagem mais esclarecedora e didática na apresentação do projeto aos produtores. Para atender a essa necessidade, foram elaborados questionários abrangentes, contendo perguntas diretas e específicas, com o intuito de avaliar não apenas o nível de compreensão dos produtores sobre o assunto, mas também o seu grau de interesse e disposição para participar do projeto. A partir das respostas obtidas, foi possível obter insights valiosos sobre os pensamentos, preocupações e expectativas dos produtores em relação ao projeto, possibilitando assim uma adaptação mais precisa e direcionada do mesmo. 

  Em uma segunda fase, optou-se por uma abordagem mais formal e estruturada, utilizando recursos visuais, como apresentações de slides, além de uma linguagem mais acessível e compreensível. Essa estratégia visava não apenas aprimorar a compreensão dos produtores em relação ao projeto, mas também despertar o seu interesse e engajamento de forma mais efetiva. Após essa nova apresentação, foram conduzidas conversas individuais e análises detalhadas com cada produtor, proporcionando um ambiente mais propício para a troca de informações e o esclarecimento de dúvidas específicas. 

Nestas interações subsequentes, foi possível compreender as intenções, preocupações e necessidades individuais de cada produtor de maneira mais detalhada e abrangente, permitindo uma abordagem mais personalizada e adaptada às suas circunstâncias particulares. Além disso, contou-se com o apoio e orientação de profissionais especializados na área, os quais forneceram suporte técnico e científico necessário para embasar e sustentar as discussões e tomadas de decisão. 

  Ao longo deste processo, cada etapa foi cuidadosamente planejada e executada com o objetivo de maximizar a compreensão, aceitação e engajamento dos produtores no projeto de sistemas agroflorestais. Essa abordagem integrada e personalizada revelou-se fundamental para estabelecer uma relação de confiança e colaboração entre os produtores e os responsáveis pelo projeto, contribuindo assim para o sucesso e sustentabilidade das práticas agroflorestais na região. 

  Após essas interações com os produtores, estes foram encaminhados aos técnicos especializados, os quais estavam capacitados para auxiliá-los na implementação dos sistemas agroflorestais. Foi garantido aos produtores um suporte integral para que pudessem prosseguir de acordo com suas preferências e necessidades individuais, adaptando os sistemas às características específicas de seus terrenos. 

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS  

  Ao término deste processo de interação com os produtores, bem como da coordenação com os técnicos especializados, é possível vislumbrar um panorama promissor para a implementação dos sistemas agroflorestais na região. A abordagem personalizada e adaptada às necessidades individuais de cada produtor revelou-se fundamental para estabelecer uma relação de confiança e engajamento, além de promover uma compreensão mais profunda sobre os benefícios e desafios associados a essas práticas agrícolas. 

  À medida que os produtores avançam na adoção dessas práticas sustentáveis, espera-se que ocorra uma transformação significativa na paisagem rural, com o surgimento de ambientes mais diversificados e resilientes. Além disso, os benefícios socioeconômicos também são esperados, incluindo o aumento da renda, a criação de empregos locais e a melhoria da qualidade de vida das comunidades rurais. 

  Nesse contexto, é importante ressaltar que a jornada em direção à implementação de sistemas agroflorestais é contínua e dinâmica, requerendo um compromisso contínuo com a educação, o monitoramento e a adaptação às mudanças ambientais e socioeconômicas. No entanto, o potencial para a construção de sistemas alimentares mais sustentáveis e resilientes na região é promissor, e o engajamento colaborativo de todos os envolvidos é essencial para alcançar esse objetivo comum. 

  As análises teóricas realizadas antes da execução do projeto foram um ponto crucial para compreender os desafios e oportunidades presentes no contexto, deparou-se com uma miríade de literatura científica e estudos acadêmicos sobre o tema, abordando desde a ecologia das florestas até as práticas agrícolas mais eficientes. A vasta quantidade de informações disponíveis tornou desafiador discernir quais aspectos eram mais relevantes para o contexto específico do projeto na Serra Catarinense. Além disso, durante o processo de análise, surgiram divergências e contradições entre os diferentes estudos consultados. Enquanto alguns apontavam os sistemas agroflorestais como soluções sustentáveis e altamente benéficas para o meio ambiente e a comunidade local, outros levantavam preocupações sobre os possíveis impactos negativos dessas práticas, como a competição por recursos ou a introdução de espécies invasoras. 

  A complexidade das interações entre os elementos do ecossistema também foi um desafio a ser enfrentado. A análise teve que considerar não apenas os efeitos diretos das culturas agrícolas e das árvores, mas também as interações indiretas, como a influência do microclima sobre o desenvolvimento das plantas ou a contribuição das raízes das árvores para a estrutura do solo. 

  Ademais, a incerteza quanto aos resultados práticos das análises teóricas também gerou certa apreensão. Embora os modelos matemáticos e simulações computacionais fornecessem estimativas sobre a produtividade e sustentabilidade dos sistemas agroflorestais, havia sempre a ressalva de que a realidade poderia divergir das previsões teóricas. Em suma, as análises teóricas foram fundamentais para embasar o planejamento e a tomada de decisão no projeto, no entanto, a complexidade e as incertezas inerentes a esse processo exigiram uma abordagem cuidadosa e uma constante revisão das informações disponíveis. 

  Apesar das dificuldades e desafios encontrados durante o processo de análise teórica para a implementação do projeto de sistemas agroflorestais na Serra Catarinense, o sonho de concretizar esse projeto e seguir uma carreira na engenharia florestal mostrou-se muito maior do que as adversidades enfrentadas. 

  Mesmo diante das complexidades das análises, das incertezas e das contradições encontradas na literatura, a motivação e a determinação em contribuir para a sustentabilidade ambiental e o desenvolvimento rural foram os motores que impulsionaram a continuidade do projeto. Através do comprometimento com a causa, da busca incessante pelo conhecimento e do apoio mútuo entre os envolvidos, foi possível superar os obstáculos e seguir em frente com o projeto. 

  Dessa forma, mesmo ciente dos desafios que ainda estão por vir, será dado continuidade ao projeto, com a convicção de que está contribuindo para um futuro mais sustentável e próspero para a região e para as gerações futuras. 

REFERÊNCIAS 

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 6022: informação e documentação: artigo em publicação periódica técnica e/ou científica: apresentação. Rio de Janeiro: ABNT, 2018. 

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