REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cl10202411141302
Hohensee, Kelly Grigorio1
Santos, Lorenna Pereira dos1
Lírio, Maria Eduarda1
Professor/a Orientador/a: Oliveira, Thialla Anny Macêdo de2
RESUMO
A doença de Parkinson é um distúrbio progressivo e neurodegenerativo que atinge grande parte da população idosa, e é caracterizada por sintomas motores que incluem tremor, rigidez muscular e dificuldade de movimento, aumentando o risco de quedas nessa população. É necessária uma avaliação individualizada, com uma abordagem holística para desenvolver intervenções na prevenção de quedas em pacientes com Parkinson, abrangendo diversas escalas e ferramentas para aprimorar a eficácia de tais procedimentos para uma compreensão completa da condição. A fisioterapia desempenha um papel crucial na prevenção de quedas, utilizando uma diversidade de abordagens que incluem exercícios específicos para fortalecimento muscular, treinamento de equilíbrio e adaptação do ambiente doméstico, que visa apresentar resultados positivos para esses pacientes. Este estudo pretende analisar o efeito das intervenções fisioterapêuticas utilizadas na prevenção de quedas em idosos com Doença de Parkinson. Trata-se de uma revisão bibliográfica com a pesquisa nas seguintes bases de dados: PEDro (Physiotherapy Evidence Database), PUBMED, Scielo (Scientific Electronic Library Online) e Google Acadêmico.
Palavras-chave: Doença de Parkinson; Quedas; Intervenções fisioterapêuticas; Avaliação.
ABSTRACT
Parkinson’s disease is a progressive and neurodegenerative disorder that affects a large part of the elderly population, and is characterized by motor symptoms that include tremor, muscle discomfort and difficulty in movement, increasing the risk of falls in this population. An individualized assessment, with a holistic approach, is needed to develop interventions to prevent falls in patients with Parkinson’s, encompassing several scales and tools to improve the effectiveness of such procedures for a complete understanding of the condition. Physiotherapy plays a crucial role in preventing falls, using a variety of approaches that include specific exercises for muscle strengthening, balance training and adapting the home environment, which aims to provide positive results for these patients. This study aims to analyze the effect of physiotherapeutic interventions used to prevent falls in elderly people with Parkinson’s disease. This is a bibliographical review with research in the following databases: PEDro (Physiotherapy Evidence Database), PUBMED, Scielo (Scientific Electronic Library Online) and Google Scholar.
Keywords: Parkinson’s disease; Falls; Physiotherapeutic interventions; Assessment.
1. INTRODUÇÃO
A doença de Parkinson (DP) é uma condição neurodegenerativa crônica, caracterizada pela progressiva degeneração das células nervosas responsáveis pelo controle motor, que afeta predominantemente os idosos, (LUISA et al., 2023).
A DP afeta cerca de 1% da população com mais de 60 anos, sendo a segunda doença neurodegenerativa mais comum após a doença de Alzheimer. Entre as várias complicações associadas à DP, as quedas representam uma das mais significativas, aumentando a morbidade e a mortalidade nessa população (VALCARENGHI et al., 2018).
Os pacientes com Parkinson apresentam uma série de fatores de risco intrínsecos e extrínsecos que contribuem para o aumento do risco de quedas. Entre esses fatores, destacam-se os distúrbios do equilíbrio, rigidez muscular, bradicinesia, alterações posturais e efeitos adversos da medicação (SILVA et al., 2022). As quedas podem resultar em lesões graves, como fraturas ósseas, traumatismos cranianos e diminuição da mobilidade, levando a um declínio funcional e a uma redução significativa na qualidade de vida dos pacientes com Parkinson (WILCZYŃSKI et al., 2021).
Com o envelhecimento da população, espera-se um aumento na prevalência dessa condição, o que reforça a importância de estratégias eficazes de intervenção e a abordagem fisioterapêutica emerge como uma perspectiva crucial para mitigar os riscos de quedas e melhorar a qualidade de vida dos pacientes com Parkinson (VALCARENGHI et al., 2018) utilizando uma variedade de técnicas e abordagens para melhorar o equilíbrio, a marcha e a funcionalidade geral (LUISA et al., 2023), programas de exercícios específicos prescritos por fisioterapeutas para fortalecer os músculos, aumentar a amplitude de movimento e promover a coordenação motora para esses pacientes (LIMA et al., 2022).
Estratégias de treinamento de atividades funcionais, como levantar-se da cadeira, andar em superfícies irregulares e realizar tarefas domésticas, são essenciais para melhorar a independência e a segurança nas atividades diárias (WILCZYŃSKI et al., 2021). Intervenções que visam melhorar a sensibilidade proprioceptiva e a percepção sensorial, como o uso de plataformas de equilíbrio e exercícios de propriocepção, são úteis para aprimorar a estabilidade postural e a reação aos desequilíbrios (VALCARENGHI et al., 2018). O uso de tecnologias assistivas, como dispositivos de feedback visual e realidade virtual, está se tornando cada vez mais comum na reabilitação de pacientes com Parkinson, oferecendo abordagens inovadoras para melhorar o equilíbrio e reduzir o risco de quedas (SILVA et al., 2022).
Diante do exposto, a intervenção fisioterapêutica desempenha um papel fundamental na prevenção de quedas em idosos com Parkinson, oferecendo uma gama de abordagens personalizadas para melhorar o equilíbrio, a marcha e a funcionalidade geral, e, assim, promover uma melhor qualidade de vida nessa população.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 Envelhecimento
O envelhecimento é um processo natural e inevitável que afeta todos os organismos vivos. Caracteriza-se por mudanças biológicas, fisiológicas e psicológicas que ocorrem ao longo do tempo, resultando em uma diminuição progressiva da capacidade funcional e uma maior suscetibilidade a doenças. Embora o envelhecimento seja um processo universal, a forma como ele se manifesta pode variar amplamente entre os indivíduos, influenciado por fatores genéticos, ambientais e de estilo de vida (LOBO; SANTOS; GOMES, 2014).
Biologicamente, o envelhecimento é marcado por uma série de alterações celulares e moleculares. Um dos principais mecanismos envolvidos é o acúmulo de danos no DNA, proteínas e outras macromoléculas essenciais. Com o tempo, a capacidade do corpo de reparar esses danos diminui, levando a disfunções celulares. Além disso, há uma redução na eficiência dos processos de replicação celular, com células-tronco perdendo a capacidade de regenerar tecidos de maneira eficaz. O envelhecimento também está associado ao encurtamento dos telômeros, as extremidades dos cromossomos que protegem o material genético durante a divisão celular (LEÃO et al., 2019).
As mudanças fisiológicas que acompanham o envelhecimento, incluem a diminuição da massa muscular e óssea, o que pode levar à fraqueza e ao aumento do risco de fraturas; o sistema cardiovascular também sofre alterações, como o endurecimento das artérias e a redução da eficiência do coração, aumentando o risco de doenças cardiovasculares. Além disso, o sistema imunológico se torna menos eficaz, tornando os idosos mais vulneráveis a infecções e doenças crônicas. Funções sensoriais, como visão e audição, também tendem a deteriorar-se com a idade (TARAKAD; JANKOVIC, 2017).
Psicologicamente, o envelhecimento pode trazer tanto desafios quanto oportunidades como ter tempo para se dedicar a atividades que gostam, contribuir para a comunidade através de voluntariado, entre outros. Muitos idosos experimentam mudanças cognitivas, como a diminuição da memória e da capacidade de aprendizagem. No entanto, essas alterações não são uniformes e muitas pessoas mantêm suas capacidades cognitivas em níveis elevados até idades avançadas. Do ponto de vista emocional, o envelhecimento pode ser um período de reflexão e crescimento pessoal, mas também pode trazer sentimentos de solidão e depressão, especialmente se houver perda de entes queridos e uma diminuição na rede de suporte social (TYSNES; STORSTEIN, 2017).
A percepção do envelhecimento na sociedade varia amplamente e pode influenciar significativamente a experiência individual. Em muitas culturas, os idosos são respeitados e valorizados por sua sabedoria e experiência. No entanto, em outras, podem enfrentar discriminação e marginalização. Promover um envelhecimento saudável envolve não apenas abordagens médicas e científicas, mas também políticas sociais que apoiem a inclusão, a dignidade e a participação ativa dos idosos na sociedade. Enfrentar os desafios do envelhecimento requer uma abordagem multidimensional, que englobe cuidados de saúde, suporte social e um ambiente que permita um envelhecimento com qualidade de vida (LOBO; SANTOS; GOMES, 2014).
2.2 Doença de Parkinson
A doença de Parkinson é uma desordem neurodegenerativa que afeta predominantemente os neurônios dopaminérgicos na substância negra do cérebro. A dopamina é um neurotransmissor crucial para a coordenação dos movimentos voluntários e, a degeneração dessas células resulta em uma diminuição significativa dos níveis de dopamina no estriado, uma região chave do cérebro envolvida no controle motor (TYSNES; STORSTEIN, 2017). Essa perda de dopamina leva à desregulação dos circuitos motores, contribuindo para os sintomas motores clássicos da doença, como tremores em repouso, rigidez muscular, bradicinesia (lentidão de movimento) e instabilidade postural (TARAKAD; JANKOVIC, 2017).
A fisiopatologia dessa doença também envolve o acúmulo de agregados proteicos anormais conhecidos como corpos de Lewy, esses corpos são compostos principalmente por alfa-sinucleína, uma proteína que, em condições normais desempenha várias funções celulares (HAMMER; MCPHEE, 2015). No entanto, na DP, a alfa-sinucleína se dobra de maneira incorreta e se acumula dentro dos neurônios, formando inclusões que podem interferir nas funções celulares normais, levando à morte neuronal (TYSNES; STORSTEIN, 2017).
A morte dos neurônios dopaminérgicos na substância negra é acompanhada por uma série de alterações neuroquímicas no cérebro. Além da redução de dopamina, há um aumento relativo dos neurotransmissores excitatórios, como o glutamato, nos circuitos motores (KALIA; LANG, 2015). Isso contribui para a hiperatividade dos núcleos da base, uma série de estruturas cerebrais que regulam o movimento. Essas alterações resultam em uma diminuição da excitabilidade cortical e da atividade motora, manifestando-se nos sintomas motores da doença (HAYES, 2019).
A fisiopatologia da DP também inclui mecanismos inflamatórios e de estresse oxidativo. A neuroinflamação, caracterizada pela ativação das células da glia e a liberação de citocinas pró-inflamatórias, pode exacerbar a degeneração neuronal (FERREIRA et al., 2010). O estresse oxidativo, causado pelo desequilíbrio entre a produção de espécies reativas de oxigênio e a capacidade antioxidante das células, contribui para o dano celular e a morte dos neurônios dopaminérgicos (TARAKAD; JANKOVIC, 2017).
2.3 Manifestações Clínicas
As manifestações mais reconhecidas da DP são os sintomas motores. Entre os principais estão o tremor de repouso, que geralmente começa em uma mão e pode se espalhar para outras partes do corpo; a rigidez muscular, que pode causar dor e desconforto; a bradicinesia, caracterizada pela lentidão dos movimentos; e a instabilidade postural, que aumenta o risco de quedas. Esses sintomas podem dificultar atividades diárias simples, como caminhar, escrever e falar (FERREIRA; CORIOLANO; LINS, 2017).
Na figura 01 a seguir mostra a instabilidade postural, o quanto ocasiona uma alteração no equilíbrio, aumentando a frequência de episódios de quedas e gerando sequelas, sendo um sintoma que só aparece na fase tardia, ou seja, quando a doença está mais avançada.
Figura 01: Alterações na postura em pacientes com Doença de Parkinson.
Fonte: (Regina Soares Psicóloga, 2017).
Além dos sintomas motores, a Doença de Parkinson também apresenta uma variedade de manifestações não motoras que podem ser igualmente debilitantes (CABREIRA; MASSANO, 2019). Entre elas estão os distúrbios do sono, como a insônia e o sono fragmentado; os sintomas autonômicos, como constipação e disfunção urinária; e os distúrbios sensoriais, incluindo dor e parestesia. Estes sintomas não motores podem ocorrer em qualquer estágio da doença e muitas vezes são subdiagnosticados (HAYES, 2019).
Os sintomas neuropsiquiátricos são outro importante faceta dessa doença. A depressão e a ansiedade são comuns, afetando significativamente a qualidade de vida dos pacientes (TARAKAD; JANKOVIC, 2017). A demência também pode ocorrer em estágios mais avançados, impactando a memória, a atenção e a capacidade de tomada de decisão. Alucinações e delírios, embora menos comuns, também podem ser presentes e frequentemente estão associados ao uso de medicamentos dopaminérgicos (TOLOSA et al., 2021).
O diagnóstico da Doença de Parkinson é principalmente clínico, baseado na presença de sintomas característicos e no exame neurológico (HISAKO et al., 2007). Não há testes laboratoriais específicos para a doença, embora exames de imagem como a tomografia por emissão de pósitrons (PET) e a ressonância magnética (RM) possam ser usados para excluir outras condições. A resposta positiva à terapia com levodopa é frequentemente utilizada como um indicador diagnóstico (TOLOSA et al., 2021).
A progressão da DP é individual e pode variar amplamente entre os pacientes. Em estágios iniciais, os sintomas podem ser leves e facilmente manejados com medicamentos. No entanto, à medida que a doença avança, a eficácia dos tratamentos pode diminuir, e os sintomas podem se tornar mais pronunciados e incapacitantes, o manejo da doença requer uma abordagem multidisciplinar que pode incluir neurologistas, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais e psicólogos (COUTO et al., 2023).
O tratamento é sintomático e visa melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Os medicamentos dopaminérgicos, como a levodopa e os agonistas dopaminérgicos, são os pilares do tratamento e ajudam a controlar os sintomas motores. Outras opções terapêuticas incluem a fisioterapia, para melhorar a mobilidade e a força muscular, e a terapia ocupacional, que ajuda os pacientes a manterem a independência nas atividades diárias (FERREIRA; CORIOLANO; LINS, 2017).
A pesquisa contínua sobre a Doença de Parkinson busca não apenas tratamentos melhores, mas também uma compreensão mais profunda das causas subjacentes e dos mecanismos da doença. Terapias experimentais, como a estimulação cerebral profunda e a terapia gênica, oferecem esperança para o futuro (CABREIRA; MASSANO, 2019). A gestão adequada da doença e o apoio psicológico são essenciais para ajudar os pacientes e suas famílias a lidar com os desafios apresentados por essa condição debilitante (COUTO et al., 2023).
2.4 Equilíbrio e riscos de quedas
A perda de equilíbrio é um dos sintomas mais preocupantes em pacientes com DP, pois aumenta o risco de quedas, que podem levar a lesões graves e complicações adicionais. As quedas são uma causa importante de morbidade e mortalidade, e a prevenção dessas quedas é uma parte crucial do manejo da doença (FERREIRA; CAETANO; DAMÁZIO, 2011).
Os problemas de equilíbrio em pacientes com Doença de Parkinson são geralmente causados pela bradicinesia (lentidão dos movimentos) e pela rigidez muscular, que afetam a postura e a capacidade de ajustar rapidamente o corpo em resposta a mudanças no ambiente (CORIOLANO et al., 2016). A instabilidade postural torna difícil para os pacientes manterem uma posição ereta e reagirem adequadamente a perturbações externas, como um empurrão ou uma superfície irregular. A dificuldade em iniciar e cessar movimentos, bem como em realizar movimentos rotacionais, também contribui para a instabilidade (LOPES et al., 2021).
A rigidez muscular, característica dessa enfermidade, pode restringir o movimento das articulações e afetar a capacidade dos músculos de se ajustarem rapidamente para manter o equilíbrio (ROCHA, 2019). Além disso, os tremores, que são comuns em muitos pacientes, podem interferir na capacidade de segurar objetos com firmeza ou caminhar de maneira estável. Esses fatores combinados resultam em uma marcha instável, frequentemente descrita como passos curtos e arrastados, aumentando o risco de tropeços e quedas (FAJALLE et al., 2015).
As quedas em pacientes com Parkinson não são apenas perigosas devido à possibilidade de fraturas e outras lesões físicas, mas também podem ter consequências psicológicas significativas (FARIA et al., 2020). O medo de cair novamente pode levar a uma redução na atividade física e na mobilidade, criando um ciclo vicioso de perda de força muscular, maior rigidez e ainda mais dificuldade para manter o equilíbrio. Isso pode resultar em isolamento social e depressão, agravando ainda mais a condição geral do paciente (ROCHA, 2019).
Para prevenir quedas, é essencial implementar um programa de reabilitação multidisciplinar que aborde os múltiplos aspectos do equilíbrio e da mobilidade. A fisioterapia desempenha um papel crucial, com exercícios específicos para melhorar a força muscular, a flexibilidade e a coordenação. Técnicas de treinamento de equilíbrio, como a prática de exercícios de estabilidade e a utilização de dispositivos assistivos, podem ajudar os pacientes a desenvolver melhores respostas posturais (ALMEIDA, 2012).
Além da fisioterapia, a terapia ocupacional pode ser útil para adaptar o ambiente doméstico e reduzir os riscos de quedas. Isso pode incluir a instalação de barras de apoio em banheiros, a remoção de tapetes soltos e a garantia de iluminação adequada em toda a casa (LOPES et al., 2021). A utilização de calçados apropriados que proporcionem boa aderência e suporte é outra medida importante para melhorar a segurança na mobilidade diária (FARIA et al., 2020).
2.5 Abordagens fisioterapêuticas
A fisioterapia desempenha um papel vital no tratamento de pacientes com DP, ajudando a melhorar a mobilidade, a força, o equilíbrio e a qualidade de vida geral. Dada a natureza progressiva da doença, as abordagens fisioterapêuticas são adaptadas para atender às necessidades individuais dos pacientes em diferentes estágios da doença. A intervenção precoce é crucial para retardar a progressão dos sintomas motores e para promover a independência funcional (SABA et al., 2022).
Um dos principais objetivos da fisioterapia em pacientes com Parkinson é melhorar a marcha. Exercícios específicos são projetados para aumentar a amplitude dos movimentos, a velocidade da caminhada e a segurança na locomoção (SOFIATTI et al., 2021).
Técnicas como a marcha com ritmo externo (utilizando sinais auditivos ou visuais para regular os passos) e exercícios de caminhada com atenção dividida podem ajudar a combater a bradicinesia e melhorar a regularidade dos passos. Além disso, a prática regular de caminhar em diferentes ambientes e superfícies pode aumentar a confiança e a capacidade de adaptação dos pacientes (FERREIRA, 2021).
O treinamento de equilíbrio é outra área fundamental da fisioterapia para pacientes com Parkinson. Exercícios que desafiam o sistema vestibular e promovem ajustes posturais rápidos podem ajudar a reduzir a instabilidade e o risco de quedas (GONDIM; LINS; CORIOLANO, 2016). Atividades como a prática de movimentos de transferência de peso, o uso de plataformas instáveis e a realização de exercícios de equilíbrio com os olhos fechados são comumente utilizados para melhorar a estabilidade postural. A fisioterapia aquática também pode ser benéfica, pois a flutuabilidade da água oferece suporte adicional enquanto permite a prática de movimentos de equilíbrio (DLUGOSZ-BOŚ et al., 2021)..
A rigidez muscular, um sintoma comum da DP, pode ser abordada através de técnicas de alongamento e mobilização articular. Sessões regulares de alongamento dos músculos rígidos ajudam a manter a flexibilidade e a prevenir contraturas. Massagens terapêuticas e técnicas de liberação miofascial podem aliviar a tensão muscular e melhorar o conforto. Além disso, programas de exercícios de resistência podem ser incorporados para fortalecer os músculos enfraquecidos, melhorando a funcionalidade geral e a capacidade de realizar atividades diárias (SOFIATTI et al., 2021).
A coordenação motora também é um foco importante da fisioterapia. Exercícios que envolvem a coordenação olho-mão e atividades que exigem movimentos finos e precisos, como pegar pequenos objetos, podem melhorar a destreza manual. Jogos e atividades terapêuticas que estimulam a coordenação motora são frequentemente utilizados para manter e melhorar a capacidade dos pacientes de realizar tarefas diárias com precisão e eficiência (ZHU et al., 2018).
A reabilitação respiratória pode ser necessária para pacientes com tal doença que desenvolvem complicações respiratórias devido à rigidez torácica e à fraqueza dos músculos respiratórios (SOFIATTI et al., 2021). Exercícios de respiração, técnicas de expiração forçada e a utilização de dispositivos de treinamento respiratório podem melhorar a função pulmonar e a capacidade vital. A fisioterapia respiratória ajuda a prevenir complicações como pneumonia e melhorar a qualidade de vida dos pacientes (DŁUGOSZ-BOŚ et al., 2021).
A adaptação de atividades diárias e a modificação do ambiente doméstico também são aspectos importantes do manejo fisioterapêutico. A terapia ocupacional, frequentemente integrada à fisioterapia, pode ajudar a identificar adaptações necessárias para facilitar as atividades de vida diária e melhorar a segurança em casa (GONDIM; LINS; CORIOLANO, 2016). Isso pode incluir a recomendação de dispositivos de auxílio, a reorganização de móveis para facilitar o movimento e a implementação de estratégias para conservar energia durante as atividades diárias (FERREIRA, 2021).
Finalmente, o suporte psicológico e a educação dos pacientes e suas famílias são componentes essenciais da abordagem fisioterapêutica. Educar os pacientes sobre a importância da atividade física regular, fornecer estratégias para a autogestão dos sintomas e oferecer apoio emocional são fundamentais para o sucesso do tratamento. Grupos de apoio e programas de educação para pacientes podem ajudar a promover um senso de comunidade e oferecer recursos adicionais para lidar com os desafios da Doença de Parkinson (GONDIM; LINS; CORIOLANO, 2016). Uma abordagem integrada que combine terapias físicas, adaptações ambientais, tratamento médico e suporte psicológico pode melhorar significativamente a qualidade de vida dos pacientes com Doença de Parkinson e reduzir o risco de quedas e suas consequências (CORIOLANO et al., 2016).
3. MATERIAL E MÉTODOS
Consiste no conjunto de procedimentos e técnicas que serão utilizados para resolver o problema de pesquisa apontado. Esta seção deve detalhar todos os aspectos relativos aos materiais e metodologias empregados na pesquisa. Os métodos analíticos, experimentais e estatísticos devem ser detalhados de forma que outras pessoas possam replicar e/ou confirmar o estudo. Este trabalho trata-se de uma revisão sistemática de artigos científicos relevantes.
As bases de dados eletrônicas utilizadas para a pesquisa são PubMed (National Library of Medicine), Google Acadêmico e Scielo (Scientific Electronic Library Online), utilizando os termos de busca adequados relacionados à intervenção fisioterapêutica para prevenção de quedas em idosos com Parkinson. Serão selecionados estudos que atendam os critérios de inclusão pré-definidos e revisões publicadas nos últimos anos.
Os critérios incluídos foram sobre assuntos relacionados ao diagnóstico de Parkinson, a capacidade física e cognitiva, sobre o histórico de quedas, as abordagens fisioterapêuticas e manifestações clínicas. Será excluído estudos que não abordam diretamente o tema, assim como estudos com má qualidade metodológica.
A intervenção fisioterapêutica desempenha um papel crucial na prevenção de quedas em idosos com Parkinson, proporcionando benefícios diretos e indiretos significativos. Os benefícios diretos são: melhoria da mobilidade e equilíbrio, exercícios de coordenação e propriocepção, entre outros. Já os indiretos são: aumento da confiança e redução do medo de cair e educação sobre segurança e prevenção.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Quadro 1 – Artigos selecionados para compor a Revisão
TÍTULO | AUTOR | OBJETIVO | RESULTADO |
Level of dependency and quality of life of elderly | Lobo, Santos, Gomes (2014) | Avaliar o nível de qualidade, os fatores que influenciam e identificar o grau de dependência dos idosos com DP em relação a fisioterapia. | Observou-se que existe uma correlação positiva com a ajuda da fisioterapia, melhorando a qualidade de vida desses pacientes. |
Benefícios Das Atividades Aquáticas Para Idosos/ Aquatic obstacle training improvesfreezing of gait in Parkinson’sdisease patients: a randomizedcontrolled trial | Leão et al, (2019); ZHU, Z. et al (2018) | Identificar as mais recentes evidências nacionais sobre os benefícios da prática de atividades aquáticas na vida dos idosos/Avaliar o efeito do treinamento com obstáculos aquáticos nos parâmetros de equilíbrio em comparação com uma terapia aquática tradicional em pacientes com doença de Parkinson | Ambos os autores concordam que as atividades aquáticas contribuem para a manutenção e melhora da flexibilidade, equilíbrio e capacidade funcional dos idosos com DP. |
Diagnosis and Management of Parkinson’sDisease/ Challenges in the diagnosis of Parkinson’s disease/ Parkinson’s disease/ Parkinson’s Disease and Parkinsonism | Tarakad; Jankovic (2017); Tolosa, s. et al. (2021); Kalia, Lang (2015); Hayes (2019) | Diagnosticar o paciente com DP através de exames físicos e clínicos. | O diagnóstico de DP se baseia em critérios clínicos que incluem a presença de características motoras, sendo necessário a inclusão de terapia com levodopa. |
A. Epidemiology of Parkinson’s disease/ Doença de Parkinson: epidemiologia, manifestações clínicas, fatores de risco, diagnóstico e tratamento/ Parkinson’s disease: Clinical review and update | Tysnes, Storstein (2017); Couto et. al., (2023); Cabreira, Massano (2019) | Revisar a bibliografia com enfoque na epidemiologia, manifestações clínicas, fatores de risco, diagnósticos e tratamentos aplicados na atualidade. | Ambos os estudos relatam a importância do conhecimento sobre a genética, fatores de risco da DP juntamente com dados sobre risco ambiental. |
Fisiopatologia da doença: uma introdução à medicina clínica. | Hammer; Mcphee, (2015) | Relatar a fisiopatologia da DP. | A fisiopatologia da DP está associada à disfunção dos sistemas neurotransmissores. |
A perspectiva do cuidador da pessoa com Parkinson: revisão integrativa | Ferreira; Coriolano; Lins (2017) | Analisar a relação ao processo do cuidar da pessoa com DP , tendo como base a perspectiva do cuidador. | O desafio do cuidar da pessoa com DP precisa ser percebido pelos cuidadores, profissionais e gestores da saúde como um instrumento de (re)construção do cuidar. |
Pacientes portadores da doença de Parkinson: significado de suas vivências | Hisako et. al., (2007) | Avaliar o impacto que a DP exerce na vida de seu portador e da vivência como história de enfrentamento em condição de cronicidade. | Ouvir o diagnóstico da DP e saber conviver com esta. |
Correlação entre mobilidade funcional,equilíbrio e risco de quedas emidosos com doença de Parkinson | Ferreira, Caetano, Damázio (2011); Wilczyński et al., (2021); Rocha (2019); Almeida (2012); Faria et.al., (2020); Saba et.al., (2022); Sofiatti et al., (2021) | Avaliar o equilíbrio, a mobilidade do tronco e o risco de quedas em pacientes com DP. | A diminuição do equilíbrio está diretamente relacionada com o maior risco de quedas. |
Segundo os autores Lobo, Santos, Gomes (2014), os pacientes idosos com DP necessitam de fisioterapia para se obter uma qualidade de vida melhor, ou seja, é necessário também a prática de exercícios físicos para que a doença não chegue a evoluir. Em relação a exercícios físicos para melhorar a condição do paciente idoso com DP, a atividade aquática apresenta pontos positivos que auxilia no equilíbrio, flexibilidade e manutenção do corpo.
A DP é a segunda doença neurodegenerativa mais comum e a sua prevalência foi projetada para duplicar nos próximos 30 anos. Segundo os estudos dos autores Tarakad; Jankovic (2017); Tolosa, s. et al. (2021); Kalia, Lang (2015) e Hayes (2019), é necessário um diagnóstico preciso e que seja logo no início dos primeiros sintomas através de biomarcadores e testes genéticos. A terapia com levodopa continua sendo o padrão ouro no gerenciamento das características da DP para prevenir ou tardar complicações motoras.
A DP é uma doença idiopática e multifatorial que até então não tem cura, sendo de extrema importância que o diagnóstico seja feito o mais precocemente, esta afeta uma causa frequente de morbidade a cada 1-2 de 1000 habitantes em qualquer momento, sendo mais frequente em homens, segundo relatam os autores Tysnes, Storstein (2017); Couto et. al. (2023) e Cabreira, Massano (2019). Em relação a fisiopatologia da DP, os autores Hammer; Mcphee, (2015) descrevem como uma disfunção dos neurotransmissores, principalmente por uma redução nas concentrações de dopamina em decorrência da diminuição dos neurônios dopaminérgicos da parte compacta da substância negra.
De acordo com o estudo dos autores Ferreira; Coriolano; Lins (2017), o cuidar da pessoa com DP é um desafio, tendo em vista que o processo saúde-doença por parte do cuidador nem sempre ocorre de forma adequada, o que acaba acometendo um desgaste físico e emocional do cuidador.
Os autores Hisako et. al. (2007) relatam sobre ter e viver com a DP e a importância de rever e expandir programas de saúde com as reais necessidades de atenção do paciente e família cuidadora. Em relação ao equilíbrio do paciente idoso está diretamente ligado ao risco de maiores quedas, tudo isso é causado por causa dos déficits visuais e o estudo mental, como afirmam os autores Ferreira, Caetano, Damázio (2011); Wilczyński et al., (2021); Rocha (2019); Almeida (2012); Faria et.al., (2020); Saba et.al., (2022); Sofiatti et al., (2021).
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por meio de uma abordagem multidisciplinar, a intervenção fisioterapêutica desempenha um papel crucial na prevenção de quedas em idosos com Parkinson. Por meio de uma abordagem multidisciplinar, os fisioterapeutas podem ajudar a melhorar a força muscular, o equilíbrio e a coordenação, reduzindo assim o risco de quedas. Essa intervenção frequentemente inclui exercícios específicos para fortalecer os músculos do tronco e das pernas, bem como técnicas de treinamento de equilíbrio e marcha. Além disso, a fisioterapia pode auxiliar na adaptação do ambiente doméstico para torná-lo mais seguro e acessível para o idoso com Parkinson, minimizando os riscos de quedas em sua rotina diária.
Além dos benefícios físicos, a intervenção fisioterapêutica para prevenção de quedas em idosos com Parkinson também pode ter impacto positivo na qualidade de vida desses indivíduos. Ao melhorar a sua capacidade funcional e reduzir a ansiedade e o medo em relação a quedas, os pacientes podem sentir-se mais confiantes e independentes em suas atividades diárias. Isso, por sua vez, pode contribuir para uma maior participação social e uma sensação de bem-estar geral, promovendo assim uma vida mais ativa e satisfatória.
Em última análise, essa intervenção não só visa reduzir os riscos de lesões físicas, mas também busca promover uma melhor qualidade de vida e autonomia. Ao fornecer cuidados personalizados e abordagens baseadas em evidências, os fisioterapeutas desempenham um papel fundamental na promoção da saúde e do bem-estar desses pacientes. Assim, investir em programas de fisioterapia direcionados pode resultar em benefícios significativos tanto para os idosos com Parkinson quanto para suas famílias e cuidadores.
REFERÊNCIAS
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1Graduandos/as do curso de Fisioterapia da Sulamérica Faculdade
2Professor/a Orientador/a: Thialla Anny Macêdo de Oliveira Profª do Curso de Fisioterapia da Sulamérica Faculdade