INTERVENÇÃO FISIOTERAPÊUTICA NAS ALTERAÇÕES DA MARCHA PARKINSONIANA: REVISÃO DE LITERATURA

PHYSIOTHERAPEUTIC INTERVENTION IN PARKINSONIAN GAIT CHANGES

REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.11217549


Franciane Goveia Ferreira1
Graziele Campos Rodrigues1
Jennifer Bitencourt Martins1
Thaiana Bezerra Duarte2


Resumo

Introdução: A Doença de Parkinson (DP) é um distúrbio neurológico progressivo, que afeta o sistema nervoso central, ocasionando tremor em repouso, rigidez, lentidão dos movimentos, déficit de equilíbrio e alterações da marcha. Além de manifestações emocionais e cognitivas. Estima-se que, em 2030, entre 8,7 e 9,3 milhões de pessoas no mundo terão a doença e mais de 40 milhões apresentaram transtornos motores secundários. A intervenção da fisioterapia é uma ferramenta crucial, pois utiliza exercícios que contribuem para a manutenção da atividade muscular e da mobilidade, resultando na redução e retardamento da progressão dos sintomas e na melhora global das atividades de vida diárias. Objetivo: Realizar uma comparação das intervenções fisioterapêuticas e verificar os efeitos das intervenções na melhora da marcha, equilíbrio, mobilidade funcional e qualidade de vida de pessoas com DP. Materiais e métodos: Este estudo consiste em uma revisão bibliográfica, utilizando as bases de dados Periódicos Capes, Scielo e Pubmed, nos idiomas português e inglês. Os descritores empregados foram: “Marcha”; “Distúrbios Parkinsonianos”; “Fisioterapia”, “Exercício”, “Parkinson”. Resultados: Foram revisados 06 artigos que aplicaram intervenção fisioterapêutica em 171 pessoas com DP, com idade média de 57,5 anos. As intervenções utilizadas foram esteira, cinesioterapia, caminhada, dicas rítmicas, bola suíça, dupla tarefa, sinalização auditiva rítmica e dança. Apresentou melhora da cadência, velocidade da marcha, do equilíbrio estático e dinâmico e na qualidade de vida. Conclusão: As diferentes intervenções fisioterapêuticas contribuíram na recuperação funcional e cognitiva. Apresentando efeitos positivos na saúde mental, interação social e qualidade de vida.

Palavras-chave: Marcha. Distúrbios parkinsonianos. Fisioterapia. Exercício. Parkinson.

Abstract

Introduction: Parkinson’s Disease (PD) is a progressive neurological disorder that affects the central nervous system, resulting in resting tremor, stiffness, slow movement, balance impairment, and gait disturbances. It also involves emotional and cognitive manifestations. It is estimated that by 2030, between 8.7 and 9.3 million people worldwide will have the disease, with over 40 million experiencing secondary motor disorders. Physiotherapy intervention is a crucial tool as it utilizes exercises that contribute to maintaining muscle activity and mobility, leading to the reduction and delay of symptom progression and overall improvement in daily life activities.

Objective: To compare physiotherapeutic interventions and assess their effects on improving gait, balance, posture, and quality of life in people with PD.

Materials and Methods: This study consists of a literature review using databases such as Periódicos Capes, Scielo, and Pubmed, in both Portuguese and English languages. The keywords employed were: “Gait”; “Parkinsonian Disorders”; “Physiotherapy”; “Exercise”; “Parkinson”.

Results: Six articles were reviewed, involving physiotherapy interventions in 171 individuals with PD, with an average age of 57.5 years. The interventions included treadmill exercises, kinesiotherapy, walking exercises, rhythmic cues, Swiss ball exercises, dual-task training, auditory rhythmic cueing, and dance therapy. They showed improvements in cadence, gait speed, static and dynamic balance, and quality of life.

Conclusion: Various physiotherapeutic interventions contributed to functional and cognitive recovery, demonstrating positive effects on mental health, social interaction, and quality of life.

Keywords: Gait. Parkinsonian Disorders. Physical therapy. Exercise. Parkinson.

1  INTRODUÇÃO

A Doença de Parkinson (DP) é um distúrbio neurológico progressivo, que afeta o sistema nervoso central, clinicamente reconhecido por sintomas com tremor em repouso, rigidez, lentidão dos movimentos, déficit de equilíbrio e alterações da marcha. Além disso, é comum que os pacientes apresentem manifestações emocionais e cognitivas, como depressão, problemas no sistema autônomo e perda de capacidade mental (Calderaro et al., 2015). Estima- se que, em 2030, entre 8,7 e 9,3 milhões de pessoas no mundo terão a doença e que, em 2020, mais de 40 milhões apresentarão transtornos motores secundários a DP (Silva et al., 2019).

Na alteração da marcha, observa-se uma inclinação para frente do tronco, limitação no movimento dos braços, diminuição no comprimento dos passos e, sobretudo, uma redução na velocidade da caminhada (Silva et al., 2019). Os padrões de atividade muscular da marcha são caracterizados pela baixa ativação do gastrocnêmio medial (GM). Esse padrão é muito mais acentuado nos pacientes parkinsonianos com freezing, que demonstram uma perda de adaptação da atividade muscular com a variação da velocidade de locomoção (Monteiro et al.,2017).

A intervenção da fisioterapia no tratamento das dificuldades enfrentadas pelos pacientes com Parkinson pode ser a melhor maneira de promover a autonomia e independência desses indivíduos. A fisioterapia é uma ferramenta crucial, pois utiliza exercícios que contribuem para a manutenção da atividade muscular e da mobilidade, resultando na redução e retardamento da progressão dos sintomas e na melhora global das atividades diárias. Um programa de exercícios para pacientes com Parkinson deve focar em movimentos funcionais que englobam diferentes partes do corpo, com ênfase em movimentos extensores, abdutores e rotatórios (Freitas et al., 2018).

Este estudo teve como pergunta problema: Das intervenções fisioterapêuticas qual tem se mostrado mais eficaz na reabilitação de pacientes com doença de Parkinson que apresentam alterações na marcha?

Em vista disso, o objetivo geral desse estudo é realizar uma comparação das intervenções fisioterapêuticas e seus efeitos nas alterações da marcha parkinsoniana. Os objetivos específicos foram verificar os efeitos das intervenções na melhora da marcha, equilíbrio, mobilidade funcional e qualidade de vida.

2  MATERIAIS E MÉTODO

Este estudo consiste em uma revisão de literatura, onde a busca dos dados foi realizada no período de março de 2024. Foram utilizadas as seguintes plataformas de pesquisas: Periódicos Capes; Scielo e Pubmed. Os descritores empregados foram: Gait (Marcha); Parkinsonian disorders (Distúrbios Parkinson’s); Physical therapy (Fisioterapia), Exercise (Exercício), Parkinson (Parkinson), considerando os artigos publicados em português e inglês entre os anos de 2014 a 2024.

Foram incluídos artigos publicados nos últimos 10 anos, nos idiomas de inglês e português, com pessoas com doenças de Parkinson, que tinham alteração da marcha e que foram submetidas a algum protocolo de intervenção fisioterapêutica. Foram excluídos artigos de revisão, estudos não randomizados, artigos não disponíveis na íntegra, duplicados e publicados em outros idiomas. Após a análise destes resultados, eles foram expressos por meio de tabelas.

3  RESULTADOS

Os resultados de busca apresentados na figura 1 seguem uma ordem de critérios, sendo assim, na primeira caixinha contém todas as bases de dados utilizados na pesquisa, que são eles: Periódicos Capes; Scielo e Pubmed, onde foram encontrados no total de 58 artigos, sendo 6 duplicados. Após a leitura de título e resumo, sobraram 52 artigos, foram excluídos 47 artigos, restando apenas 6 artigos para elaboração do presente artigo de revisão.

FIGURA 1: Fluxograma

TABELA 1: Síntese dos resultados obtidos através dos artigos.

Este estudo apresenta os dados de um grupo de 171 participantes selecionados para as intervenções, com a média de idade de 57,5 anos. Esta revisão apresentou apenas um estudo com uma intervenção que não obteve resultado positivo (Silva et al., 2017).

Estes números possuem extrema relevância para a compreensão do cenário demográfico da amostra.

Os dados estão distribuídos de forma a fornecer informações sobre a idade média dos participantes e quantidade de pessoas envolvidas na pesquisa, conforme ilustrado na tabela 2.

Tabela 2. Tabela representando o quantitativo de pessoas envolvidas em cada Intervenção e média de idade.

4  DISCUSSÃO

Este estudo demonstrou que as intervenções fisioterapêuticas para as alterações da marcha parkinsoniana tiveram efeitos positivos. São várias as intervenções fisioterapêuticas utilizadas para iniciar o tratamento.

Os estudos de Paz et al. (2019) e Belchior et al., (2017), optaram pela intervenção fisioterapêutica convencional, em tratamento em esteira e cinesioterapia. Ambos os estudos tiveram resultados positivos para a melhora do equilíbrio estático, aspectos físico-funcionais e clínicos.

Já Silva et al., 2017 e Delabery et al., (2020) optaram pelas intervenções de um programa de dança brasileira, programa de caminhada e uma grupo no formato de circuit training (FGCT). Porém os estudos de Delabery et al., (2020) foram suficientes para produzir melhorias na mobilidade funcional e na marcha e os de Silva et al., (2017) não foram suficientes para alterar a velocidade da marcha.

Bueno et al., (2017) utilizaram três intervenções fisioterapêuticas: dicas rítmicas (RC), bola suíça (SB) e dupla tarefa (DT), utilizando as escalas de hoehn e yahr, análise de pegada e análise de marcha por vídeo e teste de Time Up and Go (TUG), recebendo 24 sessões por 3 meses de intervenção. As três intervenções foram eficazes para o desfecho em estudo.

Por outro lado, Pantelyat et al., (2022), utilizaram os efeitos da sinalização auditiva rítmica (RAC), onde um grupo foi instruído a caminhar por dois minutos sem RAC e o outro percorreu o mesmo caminho por dois min com RAC. O grupo que utilizou o RAC de curto prazo demonstrou melhorias na cadência e na velocidade.

Portanto, a maioria dos estudos incluídos nesta revisão teve como objetivo a recuperação e reeducação da marcha e melhoria do equilíbrio estático e dinâmico desses indivíduos acometidos pela DP. Além disso, as intervenções visam à importância dos parâmetros de saúde mental, qualidade de vida e prevenção de quedas.

5  CONCLUSÃO

As intervenções fisioterapêuticas convencionais, programas de musicoterapia e terapia em grupo demonstraram eficácia na recuperação funcional e cognitiva de pessoas com Doença de Parkinson. A fisioterapia tem mostrado que as intervenções melhoram as alterações musculoesqueléticas e causam efeitos significativos na saúde mental, interação social e na qualidade de vida.

Este estudo mostrou diferentes intervenções que apresentaram efeitos positivos na melhora da cadência, velocidade da marcha, mobilidade funcional e equilíbrio estático e dinâmico. Além de promover melhora na qualidade de vida e prevenir quedas. Os estudos mostraram a importância das intervenções fisioterapêuticas nas alterações da marcha parkinsoniana e os benefícios obtidos na recuperação dos indivíduos.

REFERÊNCIAS

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BUENO, M. et al. Comparison of three physical therapy interventions with an emphasis on the gait of individuals with Parkinson ‘s disease. Fisioterapia em Movimento, v. 30, n. 4, p. 691-701, dez. 2017. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1980-5918.030.004.ao04. Acesso em: 29 mar. 2024.

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DELABARY, M. et al. Can Samba and Forró Brazilian rhythmic dance be more effective than walking in improving functional mobility and spatiotemporal gait parameters in patients with Parkinson’s disease? BMC Neurology, v. 20, n. 1, 18 ago. 2020. Disponível em:https://doi.org/10.1186/s12883-020-01878-y. Acesso em: 24 mar. 2024.

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PANTELYAT, A. et al. Rhythmic auditory cueing in atypical parkinsonism: A pilot study. Frontiers in Neurology, v. 13, 28 out. 2022. Disponível em:https://doi.org/10.3389/fneur.2022.1018206. Acesso em: 24 mar. 2024.

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SILVA, F. et al. A FISIOTERAPIA EM GRUPO NO FORMATO DE CIRCUITO PODE MELHORAR A VELOCIDADE DA MARCHA DE PACIENTES COM DOENÇA DE

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MONTEIRO, E. et al. Aspectos biomecânicos da locomoção de pessoas com doença de Parkinson: revisão narrativa. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, v. 39, n. 4, p. 450- 457, out. 2017. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.rbce.2016.07.003. Acesso em: 4 mar. 2024.


1 Discente do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário do Norte – UNINORTE.
2 Doutorado em Reabilitação e Desempenho Funcional, Docente do Curso de Fisioterapia e Fonoaudiologia do Centro Universitário do Norte – UNINORTE e do Curso de Medicina da Afya Faculdade de Ciências Médicas Itacoatiara.
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