PHYSIOTHERAPEUTIC INTERVENTION IN ABDOMINAL DIASTASIS IN WOMEN IN THE PUERPERIUM: LITERATURE REVIEW
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11219927
Élia Henrique dos Santos Nunes1
Francimara Telmo Balba de Freitas1
Raimunda Amaral de Souza1
Thaiana Bezerra Duarte2
Resumo
Introdução: A diástase abdominal é caracterizada por um espaço maior entre os músculos retos abdominais, e divide-se pela linha alba, causando transtornos graves de saúde como dor persistente nas regiões lombar, abdômen e pelve, especialmente em mulheres no puerpério. Estima-se que quatro em cada dez mulheres experimentem essa dor, seis meses após o parto. Objetivo: verificar as melhores práticas e intervenções na reabilitação da diástase abdominal no puerpério e explorar os impactos dessas intervenções na qualidade de vida das mulheres após o parto. Materiais e métodos: Trata-se de uma revisão de literatura, em que foram incluídos artigos publicados em inglês e português, nos últimos 10 anos, das seguintes bases de dados: PEDro, PubMed, SciELO e Biblioteca Virtual de Saúde –BVS. Os descritores utilizados foram “postpartum muscle weakness”, “low back pain pregnancy” “fisioterapia e puerpério” e “Diástase abdominal e fisioterapia”. Resultados: Foram selecionados 10 artigos e incluídas 595 puérperas para o estudo, com média de idade de 26,7 anos. As intervenções mais utilizadas e que apresentaram resultados positivos foram com exercícios isométricos abdominais (ponte, prancha, abdominal), podendo também haver combinações com diversas terapias. Conclusão: O atendimento fisioterapêutico contribuiu positivamente na diástase do reto abdominal precoce, mas torna-se necessário novas formas de mensuração que visem parâmetros mais objetivos e quantitativos do tamanho da diástase.
Palavras-chave: Diástase abdominal. Puerpério. Intervenção fisioterapêutica.
Abstract
Background: Abdominal diastasis is characterized by a larger space between the rectus abdominis muscles, dividing by the linea alba, causing serious health disorders such as persistent pain in the lower back, abdomen, and pelvis, especially in women in the postpartum period. It is estimated that four out of every ten women experience this pain six months after childbirth. Purpose: Verify the best practices and interventions in the rehabilitation of postpartum abdominal diastasis and explore the impacts of these interventions on the quality of life of women after childbirth. Methods: It is a literature review that included articles published in English and Portuguese, over the past 10 years, from the following databases: PEDro, PubMed, SciELO, and Virtual Health Library (BVS). The descriptors used were ‘postpartum muscle weakness,’ ‘low back pain pregnancy,’ ‘physiotherapy and postpartum,’ and ‘abdominal diastasis and physiotherapy’. Results: Ten articles were selected, and 595 postpartum women were included in the study, with a mean age of 26.7 years. The most used interventions were isometric abdominal exercises (bridge, plank, crunches), yielding positive results, sometimes in combination with various therapies. Conclusion: The physiotherapy treatment positively contributed to early abdominal rectus diastasis, but new measurement methods are needed to target more objective and quantitative parameters of diastasis size.
Keywords: Abdominal diastasis. Postpartum. Physiotherapeutic intervention.
1. INTRODUÇÃO
O puerpério imediato ocorre nos primeiros 10 dias após o parto, ocasionando alterações físicas, emocionais e sociais na mulher. Essas mudanças fisiológicas acometem o sistema reprodutor, cardiovascular, urinário, digestivo, músculo esquelético e respiratório podendo causar desconfortos físicos, emocionais, dor em regiões de abdômen, períneo, lombar, cervical e membros inferiores, diástase abdominal, incontinência urinária, edema e dificuldades na amamentação devido a fissuras, mastites entre outros (Muller et al., 2023).
A diástase dos reto abdominais (DRA) é caracterizada por um espaço maior entre os músculos retos abdominais, e divide-se pela linha alba que os conecta, e se estende do processo xifoide à sínfise púbica. Esse espaço ocorre durante a gravidez, devido ao estiramento e enfraquecimento dos músculos reto abdominais para acomodação ou crescimento do feto (Laframboise et al., 2021).
A diástase reto abdominal causa transtornos graves de saúde como dor persistente nas regiões lombar, abdome e pelve, especialmente em mulheres no puerpério. Estima-se que quatro em cada dez mulheres experimentem essa dor, seis meses após o parto. Para a maioria delas, a DRA não resolve espontaneamente e pode persistir por anos (Thabet et al., 2019).
A fisioterapia tem extrema importância na reabilitação e alívio da dor durante o puerpério com uso de recursos, como cinesioterapia, estimulação elétrica nervosa transcutânea (TENS), crioterapia e orientações posturais ao amamentar o recém-nascido. Essas orientações visam facilitar a recuperação em menos tempo (Muller et al., 2023). Exercícios abdominais são recomendados como uma intervenção fisioterapêutica importante para mulheres com DRA, no entanto as demandas do puerpério podem dificultar a rotina de exercícios. A pressão social para priorizar as necessidades do recém-nascido, juntamente com as responsabilidades familiares, podem tornar desafiador para as mulheres, mesmo que esses exercícios tragam benefícios significativos para sua saúde física e mental (Kim et al., 2022).
Este estudo enfatiza a importância de intervenções fisioterapêuticas eficazes e seguras para mulheres que enfrentam a DRA após o parto, considerando os potenciais impactos na função física, estética e qualidade de vida. Além disso, ao se entender a evidência científica disponível sobre o tema pode-se auxiliar os profissionais de saúde na tomada de decisões clínicas e no desenvolvimento de protocolos de tratamento adequados. Isso se faz necessário.
Deste modo o objetivo deste estudo é realizar uma revisão de literatura para verificar as melhores práticas e intervenções na reabilitação da DRA no puerpério e explorar os impactos dessas intervenções na qualidade de vida e bem-estar das mulheres após o parto.
2. MATERIAIS E MÉTODOS
Este estudo trata-se de uma revisão de literatura. As buscas foram realizadas em março de 2024, em quatro bases de dados: PEDro, PubMed, SciELO e Biblioteca Virtual de Saúde – BVS).
As palavras-chave utilizadas foram “postpartum muscle weakness” na plataforma PEDro, “low back pain pregnancy” na PubMed, “fisioterapia e puerpério” no ScieELO, e “Diástase abdominal e fisioterapia” na plataforma Biblioteca Virtual de Saúde. Os operadores booleanos “AND” foram usados para combinar e unir os descritores.
Foram incluídos artigos publicados em inglês e português nos últimos 10 anos, disponíveis na íntegra, ensaios clínicos randomizados e estudos experimental, envolvendo intervenções fisioterapêuticas para reabilitação da diástase abdominal no puerpério. Os critérios de exclusão foram estudos que utilizaram intervenções para desfechos relacionado à fortalecimento do assoalho pélvico, dor lombar, incontinência urinária, disfunção sexual e gestação e artigos duplicados. Após realizadas as buscas dos artigos foi feita a filtragem pelos critérios de inclusão e exclusão realizou-se uma leitura exploratória de documentos de maneira clara e objetiva.
Os resultados e análise da síntese dos achados dos estudos foram selecionados e apresentados em forma de quadro e tabelas.
3. RESULTADOS
Foram encontrados 74 artigos nas bases PEDro, PubMed, Bvs e Scielo, que através dos descritores utilizados tiveram relevância para estes estudos, onde foram encontrados no total de 74 artigos, sendo 9 duplicados, artigos selecionados para leitura de título e resumo 65, sendo excluídos 53 artigos, restando apenas 6 artigos para elaboração do presente artigo de revisão, conforme a figura 1.
Figura 1 – Fluxograma do estudo.
Na tabela 1 os estudos que estão inclusos, afirmam a eficácia da fisioterapia como exercícios para fortalecimento dos músculos retos abdominais no puerpério tem o resultado mais positivos que outras intervenções.
Tabela 1. de síntese dos estudos selecionados para revisão de literatura.
AUTOR/ANO | TIPO DE ESTUDO | OBJETIVO | METODOLOGIA | RESULTADOS |
Gluppe et al., 2023 | Ensaio controlado randomizado. | O efeito de um programa de exercícios em mulheres com (DRA) Diástase do Reto Abdominal 6 a 12 meses pós- parto. | Ensaio controlado randomizado de grupo paralelo, total de 70 mulheres com idade média 33 a 34 anos, 2 grupos de 35. O protocolo de exercício foi fortalecer os músculos abdominais, com base nos achados de um estudo experimental de curto prazo, exercícios individuais, 10 min 5 dias, durante 12 semanas. foi prescrito um programa de exercícios padronizados incluindo levantamentos de cabeça, ondulação abdominal e torcida 5 dias por semana. O grupo de controle não recebeu intervenção. | O programa de exercícios foi eficaz no aumento da força muscular abdominal e na espessura do reto abdominal, não melhorou ou piorou a DRA. |
Shohaime et al., 2023 | Estudo controlado randomizado. | Investigar o efeito de um programa progressivo de exercício abdominais no pós-parto para prevenção da diástase abdominal. | Foi realizado na Clínica de Obstetrícia e Ginecologia do Centro Médico Universiti Kebangsaan Malaysia. Em 41 mulheres com média de idade de 28 anos com desvio padrão 3,6. Os dados foram coletados às 34 semanas de gestação (baseline) e 8 semanas pós- parto, em dois grupos de intervenção 21 x controle 20. O grupo intervenção foi submetido a um programa domiciliar composto por três fases de nove exercícios abdominais. O tamanho da DRA foi avaliado no início e às 8 semanas pós parto usando ultrassonografia bidimensional. O grupo controle foi submetido a exercícios pós- natais de rotina na enfermaria, consistindo em exercício geral e deambulação. | Houve redução significativa de 6,17 mm no tamanho da DRA no grupo de intervenção após o módulo, de exercícios de contrações o que significa uma redução de até 27%. Em contrapartida, o grupo controle apresentou redução de 1,66 mm, ou seja, 8,2% em relação à linha de base. A magnitude da mudança entre os grupos foi de 4,51 mm e estatisticamente significativa. |
Liu et al., 2022 | Ensaio clínico controlado randomizado | Avaliar de forma abrangente a eficácia e a segurança da Eletroacupuntura no tratamento da DRA pós-parto. | Ensaio clínico randomizado e controlado, em 110 mulheres com idades entre 20-45 anos sem uma histórico de dissecção abdominal patológica do reto, que foram recrutadas de critérios de inclusão da DRA em 42 dias a 1 ano pós-parto, em 2 grupos, grupo controle sem intervenção EA (n 55) e grupo EA (n 55). A intensidade foi ajustada para 4-6 mA, o que era apropriado se os músculos abdominais se contraíssem sem sentir dor. O tratamento foi de 30 minutos uma vez / dia, cinco vezes por semana durante 2 semanas. O exercício físico foi o mesmo do grupo controle. ambos os grupos iniciaram o tratamento no dia da randomização e receberam dez sessões por duas semanas consecutivas. Todas as pacientes foram acompanhadas por 26 semanas. | O estudo constatou que a diferença entre os grupos foram estatisticamente significativa em ambos os pontos no tempo de 26 semanas. |
Kim et al., 2022 | Randomizado | Investigar a eficácia da intervenção de exercício utilizando uma plataforma de videoconferência em tempo real (ZOOM) na diástase abdominal | 37 mulheres com diástase abdominal entre seis meses e um ano pós-parto foram divididas aleatoriamente em grupos on-line (19) e offline (18). O grupo on-line passou por sessões de exercícios de estabilização de tronco de 40 minutos duas vezes por semana durante seis semanas, através de uma plataforma de videoconferência em tempo real, enquanto o grupo offline participou do mesmo programa pessoalmente. | Não houve diferenças significativas entre os grupos, exceto em relação à espessura do reto abdominal esquerdo no índice de quesito qualidade de vida materna. |
Pampolim et al., 2021 | Estudo randomizado | Verificar se a intervenção fisioterapêutica no puerpério imediato contribui para a redução da diástase. | Trata-se de um estudo de intervenção com randomização, em 50 puérperas da Maternidade Pró-Matre de Vitória, Espírito Santo-Brasil durante sua internação, 6h após o parto,foram dividida em 2 grupos de 25, grupo controle e grupo tratamento com idade média de 22,6±3,28 anos. As intervenções foram exercício de 10 repetções na primeira sessão e 20 na segunda, cada puérpera foi orientada a adotar os movimentos associado à isométria do assoalho pélvico. | Os resultados deste estudo mostram que o atendimento fisioterapêutico no puerpério imediato é capaz de reduzir a diástase abdominal, mais rápida. Constatou- se que no grupo tratamento a diminuição da diástase abdominal supra- umbilical foi maior. |
Laframboise et al., 2021 | Randomizado | Examinar a eficácia de uma intervenção de exercício on-line de 12 semanas na DRA dentro de uma amostra de mulheres pós- parto. | Mulheres não grávidas que tinham entre 6 e 24 meses de pós-parto com 35,6 + 3,2 anos, completaram o estudo. Os participantes (8) foram randomizados para grupos de intervenção (exercício) ou controle; com o grupo de intervenção completando três sessões de exercício por semana virtualmente. Ambos os grupos completaram três pesquisas no início, 6 semanas e 12 semanas. A largura do DRA foi medida com pinças de nylon no início e 12 semanas. | Houve uma tendência positiva na melhora dos escores no grupo de intervenção, embora não tenha atingido significância estatística. |
Ptaszkowska et al., 2021 | Ensaio clínico randomizado | Determinar o efeito imediato da aplicação de Kinesio Taping (KT) na DRA. | O estudo incluiu 24 mulheres pós-parto com idades entre 18 e 38 anos, designados para um dos dois grupos: o grupo KT (intervenção), no qual foram aplicadas fitas KT (intervenção 48 h) e o grupo sham KT (controle, intervenção simulada), no qual foram utilizadas fitas não estiradas (fita cirúrgica de pano, intervenção 48 h). Após esse tempo, as fitas foram removidas e as medidas para a largura da DRA foram repetidas. | Os resultados obtidos mostram uma redução estatisticamente significativa da diástase abdominal em cada um dos locais observados após a aplicação de fitas KT no grupo intervenção 0,05. Na comparação intergrupos, foi encontrada uma DRA estatisticamente significativamente menor na infra umbilical após a intervenção 0,005 no grupo KT. |
Thabet e Alshehri, 2019 | Ensaio clínico randomizado | Descobrir eficácia que o programa de exercícios de estabilidade profunda tem sobre o fechamento da diástase do reto abdominal e sobre a melhoria global da qualidade de vida das puérperas. | O estudo foi realizado em 40 mulheres com diástases, com 3 a 6 meses após o parto, entre 23 e 33 anos, em 2 grupos de 20, o primeiro grupo (A) foram submetidas a um programa de fortalecimento da estabilidade profunda do núcleo mais o programa de exercícios abdominais tradicionais, 3 vezes por semana, por uma duração total de 8 semanas. As outras 20 mulheres grupo B, formando o segundo grupo, só foram submetidas ao programa de exercícios abdominais tradicionais, 3 vezes por semana durante 8 semanas. | Os resultados deste estudo mostraram que a diferença entre os grupos foi examinada e comparada com um teste T não pareado. No pré- estudo, os resultados revelaram que houve diferença não significativa no valor médio de separação Inter- retal entre os dois grupos. No pós- Estudo, os resultados confirmaram uma diferença considerável no valor médio da separação Inter-retícia entre os dois grupos, favorecendo o grupo A. |
Bobowik e Dabek, 2018 | Ensaio clínico controlado randomizado | Determinar a efetividade do novo programa fisioterapêutico em mulheres com diástase dos músculos retos abdominais. O programa foi desenvolvido com base em dados científicos literatura sobre DRA e consistia em três partes, sendo reeducação da postura, exercícios e orientações. | Um estudos com 40 mulheres entre 20 e 45 anos, em uma enfermaria de obstetrícia do Szpital Bielański em Varsóvia. No período de 0 a 3 dias pós-parto e apresentava DRA superior a 2 cm. Foram separadas em dois grupos: pesquisa e controle. O grupo de pesquisa fez fisioterapia diariamente durante 6 semanas, posição postural, exercícios específicos com expiração sincronizada e orientações educativas sobre prevenção da DRA. O grupo controle não realizou exercícios, mas recebeu educação e não teve cinesioterapia aplicada. Após 6 semanas, se a DRA não diminuísse, receberiam um programa de fisioterapia personalizado. | Os resulados foi signifivativo e positivo com 95% no grupo pesquisa enquanto no Grupo controle houve apenas 15%. |
Gluppe et al., 2018 | Randomizado controlado. | Avaliar o efeito de um programa de treinamento pós-parto sobre a prevalência de diástase do reto abdominal. | Cento e setenta e cinco primíparas (idade média de 29,8 x 4,1 anos) 6 semanas após o parto, foram randomizadas para um grupo de exercício ou controle. A distância dos retos foi menssurada com os dedos, com ponto de corte para a diástase como larguras de dedo maior que 2. As medidas foram 4,5 cm acima, e 4,5 cm abaixo do umbigo. A intervenção de 4 meses iniciou 6 semanas pós-parto e consistiu em uma aula de exercício semanalmente supervisionada com foco no treinamento de força dos músculos do assoalho pélvico. As mulheres foram convidadas a realizar o treinamento diário muscular do assoalho pélvico em casa. O grupo controle não recebeu intervenção. As análises foram baseadas na intenção de tratar. O teste de Mantel- Haenszel (relação relativo de risco [RR]) e o teste qui- quadrado para independência foram utilizados para avaliar as diferenças entre grupos em dados categóricos. | Os resultados do estudo não mostraram diferenças significativas na prevalência entre os grupos no início do estudo, aos 6 meses pós- parto ou aos 12 meses pós-parto, conforme indicado pelos valores do risco relativo (RR) e seus intervalos de confiança. Isso sugere que a intervenção de exercício não teve um efeito significativo na diástase dos retos abdominais nessas diferentes fases pós-parto. |
Esta revisão apresenta os dados de 595 puérperas selecionados para o estudo, com média de idade de 26,7 anos. Essa quantidade é de suma importância para compreender a amostra. A distribuição desses dados apresentando uma percepção sobre a faixa etária e a quantidade de participantes envolvidos na pesquisa encontra-se na Figura 2. Essa média de idade sugere uma amostra representativa de uma população jovem.
Figura 2 – Gráfico representando a quantidade de mulheres envolvidas em cada estudo e média de idade.
MÉDIA DE IDADE E Nº DE PUÉRPERAS
Apenas dois estudo iniciaram as intervenções fisioterapêuticas nas primeiras 6 horas do puerpério para a redução da DRA. Pampolim et al, (2021), realizaram as intervenções de exercícios com 10 repetições no primeiro atendimento e 20 repetições no segundo atendimento associado a isometria dos músculos reto abdominais e do assoalho pélvico. Bobowik et al, (2021), utilizaram um programa desenvolvido em três fases. A primeira fase foi posição postural de 20 minutos, o que acelerou a involução do útero, em seguida foram orientadas a deitar-se em posição prono colocando almofadas sobre o abdômen, essa posição foi modificada para mulheres de parto cesária que realizaram essa mesma manobra em pé. A segunda fase do programa consistiu em três exercícios simples combinados com a expiração, sendo 10 repetições de 10 segundos. O primeiro exercício consistia no suporte mecânico dos reto abdominais com as mãos cruzadas, levantando a cabeça com a expiração sincronizada, o segundo exercício consistia em expirar, levantar a cabeça com o movimento simultâneo das mãos em direção aos joelhos e abaixando a cabeça, o terceiro e último exercício consistiu em flexão alternada e extensão dos membros inferiores em combinação com uma expiração longa e calma, sendo este repetido 10 vezes para cada membro inferior. A terceira fase do programa consistiu em orientações educativas focadas na prevenção da DRA e na postura correta a ser utilizada ao levantar da cama, sentar e amamentar.
Outros três estudos iniciaram as intervenções entre 6 a 8 semanas pós parto. Shohaime et al, (2023), utilizaram um programa de exercícios (módulo step) que consiste em três fases, sendo a facilitação, integração e fortalecimento dos músculos abdominais, com uma frequência mínima de 5 vezes por semana envolvendo pelo menos três séries em 10 repetições cada. A primeira fase teve início no 1º dia após o parto e terminou no final da quarta semana após o parto. Esta fase foi para facilitar a contração isométrica do músculo abdominal sem exercer qualquer carga sobre a pélvis ou coluna vertebral.
As participantes foram orientadas a realizar três exercícios: (1) exercício abdominal isométrico, (2) movimentos de membros superiores com exercício abdominal isométrico e (3) movimentos alternativos dos membros inferiores. Para os exercícios abdominais isométricos, as puérperas foram solicitadas a contrair os músculos abdominais lentamente e segurar por 3 segundos, seguidos de respiração normal. Para o segundo exercício, as mesmas foram convidadas a mover as duas mãos para cima enquanto contraiam os músculos abdominais, como no exercício 1. Por fim foi realizada a correção das posições das pernas alternadamente enquanto contraiam os músculos abdominais, como no exercício 1. Todos os exercícios foram realizados em decúbito dorsal, com ambas as pernas flexionadas.
A segunda fase foi realizada entre a 5ª a 6ª semana do puerpério, onde foram realizadas inclinações pélvicas posteriores com auxílio de um dispositivo (relógios pélvico) e exercícios de ponte, que buscavam integrar as funções musculares abdominais e pélvicas. Esses exercícios foram realizados em decúbito dorsal, com ambas as pernas flexionadas. Para o exercício do relógio pélvico, as participantes foram instruídas a flexionar suavemente as costas e retornar à posição original para um exercício de inclinação pélvica posterior para mover os ossos pélvicos no sentido horário das 6 às 12 horas. Para o exercício de ponte, os participantes tiveram que levantar os glúteos suavemente e segurar por 3 segundos.
Na última fase, entre a 7ª e a 8ª semana pós-parto, os exercícios focaram no fortalecimento da musculatura abdominal com flexões, pranchas e inclinação lateral do tronco. Para o exercício abdominal, os participantes foram solicitados a levantar a cabeça e focar os olhos entre as coxas e em decúbito dorsal, com as duas pernas flexionadas. Para o exercício de prancha, os participantes foram solicitados a deitar-se apoiando-se em ambos os cotovelos e manter a posição no maior tempo possível. Por fim, para completar a inclinação lateral do tronco, a participante tinha que sentar-se rapidamente para trás, mantendo a coluna reta e as duas pernas flexionadas e inclinando o tronco para a direita e para a esquerda.
Liu et al. (2022), utilizaram o protocolo de intervenção eletroacupuntura e exercícios. As pacientes foram colocadas em posição de decúbito dorsal expondo o abdome e acupontos Zhongwan (RN12), Xiawan (RN10), Tianshu bilateral (ST25), bilateral Dai Mai (GB26), Qi Hai (RN6) e Guanyuan (RN4). A intensidade foi ajustada para 4-6 mA, o que era apropriado se os músculos abdominais se contraem sem sentir dor. O tratamento foi de 30 minutos uma vez por dia, cinco vezes por semana durante 2 semanas. Cada exercício foi projetado para cerca de 5 min, e um total de 20 min, uma vez por dia, cinco vezes por semana durante 2 semanas. Os pacientes de ambos os grupos iniciaram o tratamento no dia da randomização e receberam dez sessões por duas semanas consecutivas: 5 sessões por semana (idealmente cinco dias consecutivos) até dez sessões. Todos os pacientes foram acompanhados por 26 semanas.
Gluppe et al. (2018), consistiram em 1 aula de exercício supervisionada semanal por 16 semanas. As aulas duram 45 minutos. O foco principal do protocolo de exercício foi fortalecer os músculos do assoalho pélvico e os músculos abdominais. Os exercícios de fortalecimento do assoalho pélvico foram realizados em 5 posições diferentes, e 8-12 tentativas de contração máxima foram realizadas em cada posição. Cada contração foi realizada por 6-8 segundos, além de 3-4 contrações rápidas em cima das últimas 4-5 contrações. Para a progressão, as mulheres foram orientadas a aumentar a intensidade da contração de acordo com a força percebida, sempre visando uma contração próxima ao máximo.
Thabet e Alshehri (2019), utilizaram um programa de fortalecimento da estabilidade profunda 3 vezes por semana, por uma duração total de 8 semanas, o que envolve o uso de órtese abdominal (uma toalha grande presa em torno da região abdominal para cada paciente), respiração diafragmática, contração do assoalho pélvico, prancha e contração isométrica abdominal.
Gluppe et al. (2023), optaram por um programa de exercícios individual padronizado e prescrito 10 minutos por dia, 5 dias por semana durante 12 semanas. Além disso os exercícios foram descritos em detalhe em um documento enviado a todos os participantes e também foi disponibilizado um aplicativo de smartphone onde a adesão ao treinamento poderia ser registrada. Além disso, um lembrete diário para o exercício e um SMS semanal foi dado para incentivar as participantes do grupo experimental a aderir ao programa. Kim et al, (2022), durante as seis semanas intervieram com programa de exercícios de estabilização do núcleo duas vezes por semana (12 sessões) durante as sessões de 40 minutos. As sessões de exercício foram executadas para o grupo offline no mesmo local em que o pré-teste foi realizado. Para o grupo experimental as sessões de exercício foram realizadas via ZOOM no computador ou dispositivo doméstico de cada indivíduo em um horário definido. Além das sessões regulares, recomendaram que os programas de exercícios fossem realizados com frequência se possível.
Lamframboise et al. (2021) adquiriram a intervenção de acesso a instruções de exercícios, métodos respiratórios e técnicas biomecânicas, todas direcionadas para a prevenção DRA. No decorrer do estudo de 12 semanas, as puérperas foram solicitadas a completar três sessões por semana no estúdio on-line, com vídeo prescrito a cada semana que se concentrou em vários exercícios básicos, técnicas de respiração e orientações de atenção plena (mindfulness). Cada sessão de vídeo foi estabelecida em respiração diafragmática. Para a diminuição da DRA, as participantes foram orientadas a realizar variações de exercício isométrico, incluindo exercício de ponte, em decúbito dorsal com os pés plantados e os joelhos flexionados em um ângulo de 90º.
Enquanto Ptaszkowska et al. (2021) utilizaram intervenções diferentes como, fitas Kinesio Taping. Posteriormente a eletromiografia de superfície (sEMG) do reto abdominal acima e abaixo do umbigo foi realizada utilizando o eletromiógrafo MyoPlus 4 Pro (Verity Medical Ltd., Romsey, Reino Unido), com os lados esquerdo e direito do abdômen medidos separadamente. Dois eletrodos foram colocados em cada ventre do reto abdominal e um eletrodo de referência foi colocado na espinha ilíaca ântero-superior. Para a atividade de repouso foram feitas as medidas, atividade funcional e contração isométrica. O procedimento foi realizado duas vezes, primeiro para a secção muscular acima do umbigo e depois para a secção abaixo. A próxima etapa foi a aplicação de fitas KT (K-Active Tape – uma fita adesiva flexível composta por um tecido de algodão e uma camada adesiva acrílica; elasticidade 130– 140%, Nitto Denko K-Active Tape, Nitto Denko Tape Materials Corporation Ltd., Osaka, Japão) no grupo intervenção, utilizando a técnica corretiva (mecânica) com faixa de tensão de 75 a 100%. No grupo controle foram utilizadas fitas não extensíveis (fita cirúrgica de tecido). As fitas foram colocadas perpendicularmente ao reto abdominal em forma de tiras de 2,5 cm de largura ao longo de toda a extensão do músculo, cruzando a linha média da linha alba. O período de aplicação foi de 48 horas. Após esse tempo, as fitas foram retiradas e as medidas da largura do DRA e sEMG foram realizadas novamente.
4. DISCUSSÃO
Este estudo observou que quando utilizada a intervenção fisioterapêutica no puerpério imediato, nas primeiras horas após o parto ainda na maternidade tem-se os resultados mais rápido e eficazes para a redução da DRA.
Os estudos Pampolim et al. (2021), e Babowik et al. (2018), iniciaram as intervenções fisioterapêuticas ainda na maternidade com o objetivo de reduzir a DRA, com reeducação da postura, exercícios isométricos e orientações, tendo os resultados positivos imediato.
Por outro lado, Shohaime et al. (2023), optaram por exercícios com fases de facilitação, integração e fortalecimento dos músculos abdominais, com objetivo de reduzir a DRA, após 8 semanas, o grupo intervenção apresentou uma redução significativa no tamanho do DRA de até 27%, enquanto o outro grupo não houve resultados favoráveis. Thabet e Alshehri (2019), tiveram como objetivo descobrir a eficácia do programa de exercícios de estabilidade profunda que tem sobre o fechamento da DRA e sobre a melhoria da qualidade de vida das puérperas. Submeteram no primeiro grupo um programa de fortalecimento da estabilidade profunda do núcleo e o programa de exercícios abdominais tradicionais, 3 vezes por semana, por uma duração total de 8 semanas. No segundo grupo, só foram submetidas ao programa de exercícios abdominais tradicionais, 3 vezes por semana durante 8 semanas. O resultado apresentou alta diminuição favorável relevante, mostrando uma melhora em relação à qualidade de vida nos grupos de estudos. ONM programa de exercícios de estabilidade profunda é eficaz no tratamento da diástase abdominal e na melhoria da qualidade de vida das mulheres pós parto.
Enquanto Gluppe et al. (2023) e Gluppe et al. (2018), utilizaram em exercício com foco no treinamento de força dos músculos do assoalho pélvico e abdominais, para verificar o efeito de programa de exercícios na prevalência e redução da diástase abdominal. O programa de exercícios foi eficaz no aumento da força muscular abdominal e na espessura do reto abdominal e não houve diminuição na prevalência da DRA. Diferente de Gluppe et al. (2023) e Gluppe et al. (2018), dois estudos Kim et al, (2022) e Laframboise et al, (2021), utilizaram um programa online com o objetivo de investigar a eficácia da intervenção de exercício utilizando uma plataformas de videoconferência em tempo real (ZOOM) em distância dos retos abdominais, espessura muscular abdominal, resistência estática do tronco e qualidade de vida materna. As sessões de exercício foram realizadas para o grupo offline no mesmo local em que o pré-teste foi realizado. Para o grupo experimental, as sessões de exercício foram realizadas via ZOOM, observou-se melhora mais significativa no grupo offline, embora não tenha atingido significância estatística nos estudos de Laframboise et al. (2021).
Os estudos de Liu et al. (2022), realizaram a intervenção associando eletroacupuntura e exercícios. As pacientes foram colocadas em posição supina, expondo o abdome e acupontos Zhongwan (RN12), Xiawan (RN10), Tianshu bilateral (ST25), bilateral Dai Mai (GB26), Qi Hai (RN6) e Guanyuan (RN4). A intensidade foi ajustada para 4-6 mA, o que era apropriado se os músculos abdominais se contraem sem sentir dor. Os exercícios aplicados foram de respiração abdominal em decúbito dorsal, joelhos flexionados, com tijolos de espuma presos entre as pernas. Os músculos abdominais e os músculos do assoalho pélvico contraíram ao mesmo tempo. Isso deveria ser repetido dez vezes e um total de três séries para este exercício. A diferença entre os grupos foi estatisticamente significativa em ambos os pontos no tempo 26 semanas.
Outro estudo diferente de exercícios foi o de Ptaszkowska et al. (2021), que utilizaram aplicação de fitas KT, utilizando a técnica corretiva (mecânica) com faixa de tensão de 75 a 100%. No grupo controle foram utilizadas fitas não extensíveis (fita cirúrgica de tecido). As fitas foram colocadas perpendicularmente ao reto abdominal em forma de tiras de 2,5 cm de largura ao longo de toda a extensão do músculo, cruzando a linha média da linha alba em um período de aplicação de 48 horas com o objetivo de verificar o efeito da KT na diástase abdominal. Os resultados obtidos não mostram diferenças estatisticamente significativas nas medidas EMGs do reto abdominal acima do umbigo e abaixo do umbigo antes ou depois da aplicação das fitas KT.
É notório que a maioria destes estudos tiveram como objetivo reduzir a diástase abdominal no puerpério, porém apenas dois estudos Pampolim et al. (2021), e Babowik et al. (2018), iniciaram de forma imediata as intervenções no puerpério, enquanto a maioria iniciou tardiamente tendo poucas diferenças ou resultados significativos.
Portanto é importante enfatizar que quando iniciado a intervenção precocemente os resultados são mais eficazes. As intervenções mais utilizadas foram com exercícios isométricos abdominais (ponte, prancha, abdominal), podendo também haver combinações com diversas terapias.
5. CONCLUSÃO
Sabe-se que a incidência da diástase do reto abdominal é maior no terceiro trimestre da gestação e no pós-parto imediato. Conclui-se então que as puérperas que receberam intervenção fisioterapêuticas nas primeiras horas após o parto, tiveram êxito na diminuição da diástase no puerpério, apresentando resultados positivos com realização dos exercícios de fortalecimento dos músculos retos abdominais.
Deste modo verificou-se a relevância do desempenho da atuação fisioterapêutica, como fundamental na recuperação da puérpera, após seu corpo passar por diversas modificações fisiológicas, sendo enfatizado neste estudo como a diástase dos retos abdominais.
Contudo, o atendimento fisioterapêutico contribuiu positivamente na diástase do reto abdominal precoce, mas torna-se necessário novas formas de mensuração que visem parâmetros mais objetivos e quantitativos do tamanho da diástase.
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1Discente do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário do Norte – UNINORTE.
2Doutorado em Reabilitação e Desempenho Funcional, Docente do Curso de Fisioterapia e Fonoaudiologia do Centro Universitário do Norte – UNINORTE e do Curso de Medicina da Afya Faculdade de Ciências Médicas Itacoatiara. Endereço: Av. Joaquim Nabuco, 1232, Centro | Manaus | AM | CEP: 69020-030 | (92) 3212-5000