INTERNAÇÕES POR HEMORRAGIA PÓS-PARTO NO TOCANTINS: UMA ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA ENTRE OS ANOS DE 2020 A 2023.

ADMISSIONS FOR POST PARTUM HEMORRHAGE IN TOCANTINS: AN EPDIEMIOLOGICAL ANALYSIS BETWEEN THE YEARS 2020 TO 2023.

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11191486


Nailton Gomes da Silva¹; Vitória Mikaella Soares Dias²; Hotair Phellipe Martins Fernandes³; Luana Augusta Santana Lima4; Lucas Pitol Sampaio5; Vládia Emanuelle Dias Soares6; Adriano Gomes da Silva7; Ana Clara Filatier8; Ester Silva de Abreu9; Giovanna Mendes Vaz Silva10; Valdir Pereira de Souza Junior¹¹; Delanea Souto Sá Paulucio¹²; Orientador(a): Crystagula de Cássia lima Rodrigues Martins¹³


RESUMO

A hemorragia pós-parto é uma das principais complicações obstétricas, representando uma importante causa de morbidade e mortalidade materna em todo o mundo. Sua incidência está relacionada a uma série de fatores, incluindo a idade da mãe, seu perfil socioeconômico e a área demográfica onde reside. No Brasil, a hemorragia pós-parto ainda é uma das principais causas de mortalidade materna, especialmente em áreas mais remotas e desfavorecidas. Trata-se de um estudo epidemiológico, de caráter descritivo e ecológico, a partir dos dados disponibilizados pelo Ministério da Saúde no Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS). Este estudo tem como objetivo analisar o perfil epidemiológico das internações por hemorragia pós-parto, fornecendo insights cruciais para aprimorar as estratégias de prevenção e intervenção.

Palavras-chave: Hemorragia. Obstétrica. Incidência.

ABSTRACT

Postpartum hemorrhage is one of the main obstetric complications, representing an important cause of maternal morbidity and mortality worldwide. Its incidence is related to a series of factors, including the mother’s age, her socioeconomic profile and the demographic area where she lives. In Brazil, postpartum hemorrhage is still one of the main causes of maternal mortality, especially in more remote and disadvantaged areas. This is an epidemiological study, of a descriptive and ecological nature, based on data made available by the Ministry of Health in the SUS Hospital Information System (SIH/SUS). This study aims to analyze the epidemiological profile of hospitalizations for postpartum hemorrhage, providing crucial insights to improve prevention and intervention strategies.

Keywords: Hemorrhage. Obstetrics. Incidence.

INTRODUÇÃO

A hemorragia pós-parto é uma das principais complicações obstétricas, representando uma importante causa de morbidade e mortalidade materna em todo o mundo (Rezende, 2020). Hemorragia pós-parto é definida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como a perda de sangue ≥ 500 ml; perdas ≥ 1.000 ml é classificada como grave. Estima-se que para cada caso de óbito materno por hemorragia pós-parto ocorram entre 50 e 100 casos de morbidade materna grave decorrente de complicações da hemorragia. Sua incidência está relacionada a uma série de fatores, incluindo a idade da mãe, seu perfil socioeconômico e a área demográfica onde reside (Matos et al, 2024).

Mulheres mais jovens podem apresentar maior risco de hemorragia pós-parto devido à imaturidade do sistema reprodutivo, enquanto mulheres mais velhas podem ter complicações relacionadas a condições de saúde pré-existentes. Além disso, mulheres em situação socioeconômica desfavorável podem ter menos acesso a cuidados pré-natais adequados e a assistência médica durante o parto, aumentando o risco de complicações como a hemorragia pós-parto (Rollemberg et al, 2023).

A área demográfica também desempenha um papel importante. Em regiões com recursos limitados e acesso restrito à assistência médica, as taxas de hemorragia pós-parto tendem a ser mais altas devido à falta de cuidados adequados durante o parto e a falta de infraestrutura para lidar com complicações obstétricas (Matos et al, 2024).

No Brasil, a hemorragia pós-parto ainda é uma das principais causas de mortalidade materna, especialmente em áreas mais remotas e desfavorecidas. No estado do Tocantins, por exemplo, onde as disparidades de acesso à saúde são evidentes, a incidência de hemorragia pós-parto pode ser ainda mais pronunciada, exigindo esforços significativos para melhorar a qualidade da assistência obstétrica e reduzir as taxas de mortalidade materna. Diante disso, a hemorragia pós-parto é uma complicação séria que afeta mulheres em todo o mundo, mas suas taxas variam de acordo com fatores como idade, perfil socioeconômico e área demográfica. (Rollemberg et al, 2023).

As sequelas envolvem síndrome da angústia respiratória aguda (SARA), coagulação intravascular disseminada (CID), choque e necrose hipofisária (síndrome de Sheehan) (Cunningham et al, 2019).

Este estudo tem como objetivo analisar o perfil epidemiológico das internações por hemorragia pós-parto, fornecendo insights cruciais para aprimorar as estratégias de prevenção e intervenção. Ao explorar dados epidemiológicos sobre as internações por hemorragia pós-parto, espera-se contribuir para a implementação de políticas de saúde mais eficazes e direcionadas à redução dessas ocorrências e à melhoria do cuidado materno.

MÉTODOS

Trata-se de um estudo epidemiológico, de caráter descritivo e ecológico, a partir dos dados disponibilizados pelo Ministério da Saúde no Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS), sobre a internação hospitalar de mulheres com diagnóstico ou suspeita de hemorragia pós-parto.

A coleta de dados ocorreu no ano de 2024, considerando o triênio anterior à data de computação e análise dos dados (2020-2023), verificando a tendência, no sexo feminino, de internações por hemorragia pós-parto. Para a análise comparativa, foram utilizadas as variáveis idade, cidade, ano, cor e caráter de atendimento. Na formação dos dados, foi considerado o número de casos de hemorragia materna pós-parto no Tocantins e no Brasil, no determinado período.

O tratamento de dados foi feito a partir da criação de planilhas no Excel, seguido da formação de tabelas e gráficos. Uma vez que a análise da pesquisa foi mediante dados secundários, não houve necessidade de submissão da pesquisa no Comitê de Ética em Pesquisa (CEP). O referencial teórico foi construído a partir de pesquisas na base de dados bibliográficos Scielo e Pubmed, mediante as palavras-chaves “epidemiologia”, “hemorragia pós-parto” e “internações”.

RESULTADOS

No Estado do Tocantins, os casos notificados de hemorragia pós parto totalizaram em 40, o que corresponde a 0,3% do total de casos no Brasil. Desses, 22 ocorreram em Araguaína, macrorregião de Saúde Norte do Estado. Os demais municípios estão representando no gráfico 1.

Gráfico 01. Internações por hemorragia pós-parto por local. Tocantins, Brasil – 2020-2023 (N=40).

Fonte: dados do Ministério da Saúde.

No triênio que corresponde a 2020 – 2023, os casos notificados de hemorragia pós-parto foram divididos em 2020, com 5 casos; 2021, com 9 casos; 2022, com 12 casos; e 2023, com 13 casos. O gráfico a seguir mostra a relação ano e local de notificação. O gráfico 2 mostra a relação local ano de internações por hemorragia pós-parto no Estado do Tocantins no período analisado.

Gráfico 2. Número de internações com hemorragia pós-parto ocorridos nas cidades do Tocantins, de acordo com cada ano. Tocantins, Brasil – 2020-2023 (N=40).

Fonte: dados do Ministério da Saúde.

No que tange à idade, foram registrados 6 casos entre 15 a 19 anos; 14 casos entre 20 a 24 anos; 8 casos entre 25 a 29 anos; 6 casos entre 30 a 34 anos; 5 casos entre 35 a 39 anos; e 1 caso acima dos 40 anos. Desses, caracterizando a cor/raça, 1 era da cor preta, 26 eram pardas e somente 1 era indígena. no que se refere ao caráter de atendimento, apenas 1 foi eletivo, os demais foram casos de urgência obstétrica.

DISCUSSÃO

No referido estudo, observa-se que houve um aumento de 160% nas internações por hemorragia pós-parto no Tocantins entre os anos de 2020 e 2023. Tal aumento pode ser visto como um indicador negativo para saúde materna e na qualidade dos serviços obstétricos. No entanto, é importante continuar investindo em estratégias de prevenção, capacitação de profissionais de saúde e promoção de cuidados de saúde equitativos para garantir que todas as mulheres tenham acesso a cuidados de saúde materna, seguros e de qualidade.

Houve um aumento progressivo no número de internações ao longo dos anos, com 2020 registrando apenas 5 internações e 2023 apresentando o maior número, com 13 casos. A maioria das mulheres afetadas era da cor/raça parda (90%), seguida por indígena (2,5%) e preta (2,5%). Quanto à faixa etária, mulheres entre 20-24 anos foram as mais afetadas (35%), seguidas por 25-29 anos (20%). Além disso, a grande maioria das internações ocorreu em caráter de urgência (97,5%).

Os resultados deste estudo destacam a importância de abordagens preventivas e intervenções eficazes para reduzir as taxas de hemorragia pós-parto no Estado do Tocantins. A predominância de internações em áreas urbanas, como Araguaína e Palmas, sugere a necessidade de fortalecer os serviços de saúde materna nessas regiões. Além disso, a concentração de casos em mulheres jovens, especialmente entre 20-24 anos, destaca a importância da educação sobre saúde reprodutiva e acesso adequado à assistência pré-natal. A alta proporção de internações em caráter de urgência indica deficiências nos serviços de atendimento obstétrico, enfatizando a necessidade de investimentos em capacitação de profissionais de saúde e melhoria da infraestrutura hospitalar (Silva et al, 2021.

CONCLUSÃO

Mediante a esse estudo demostramos um aumento significativo de casos de hemorragia pós-parto no Tocantins entre os anos de 2020 e 2024, nota-se um alargamento 160% das internações causadas por hemorragia pós-parto, sendo a região norte do estado responsável pela maioria das internações. Além disso, identificamos que mulheres pardas com

idade entre 20 a 29 anos foram as mais acometidas. A identificação das causas desse aumento é crucial para desenvolver estratégias eficazes de prevenção e intervenção. Isso pode envolver uma análise detalhada dos sistemas de saúde locais, acesso a cuidados pré-natais adequados, qualidade da assistência ao parto, disponibilidade de profissionais de saúde treinados e acesso a recursos médicos e tecnológicos.

Além disso, é importante considerar fatores socioeconômicos, culturais e geográficos que possam influenciar. Deve-se promover a assistência ao parto segura e garantir acesso equitativo aos cuidados de saúde são essenciais para reduzir a incidência de hemorragia pós-parto e melhorar os resultados maternos e neonatais.

REFERÊNCIAS

DA COSTA MATOS, Daniel et al. Panorama epidemiológico da hemorragia pós-parto no Brasil: Tendências, desafios e intervenções. Brazilian Journal of Implantology and Health Sciences, v. 6, n. 3, p. 302-311, 2024.

ROLLEMBERG, Carlos Eduardo Vieira et al. HEMORRAGIA PÓS-PARTO E A MORTALIDADE MATERNA: PERFIL EPIDEMIOLÓGICO. Revista Ibero-Americana de Humanidades, Ciências e Educação, v. 9, n. 10, p. 6820-6833, 2023.

MEDEIROS, Lidiane Tavares et al. Mortalidade materna no estado do Amazonas: estudo epidemiológico. Rev. baiana enferm, p. e26623-e26623, 2018.

Rezende, Jorge de, Obstetrícia fundamental, 13ª ed., Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2020

Cunningham, Kenneth J.; Leveno, Kenneth J.; Bloom, Steven L.; Spong, Catherine Y.; Dashe, Jodi S.; Hoffman, Barbara L.; Casey, Brian M.; Sheffield, Jeanne S. Obstetrícia de Williams. 25. ed. Rio de Janeiro: AMGH, 2019.

Organização Mundial da Saúde (OMS). (2019). WHO recommendations for the prevention and treatment of postpartum haemorrhage. Geneva: WHO Press.

DA SILVA, Antonio Paulo Nunes et al. Tratamento clínico da hemorragia pós-parto: uma revisão integrativa. Research, Society and Development, v. 10, n. 16, p. e84101623363-e84101623363, 2021.


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