INTELIGÊNCIA EMOCIONAL E REGÊNCIA: ANÁLISE BIBLIOGRÁFICA DOS DESAFIOS E POSSIBILIDADES DA DOCÊNCIA NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10072191


Jhon Wender Ferreira De Souza;
Antonilda Corrêa Pinheiro;
Daniele Soeiro Perdigão;
Ducinilde Da Silva Batista;
Marielle Ferreira Pinheiro;
Tainá Martins Sena Da Silva


RESUMO

O presente artigo tem como tema a “Inteligência Emocional e Regência Docente: uma revisão bibliográfica sobre os desafios e possibilidades no oficio de professor nos anos iniciais do Ensino Fundamental”, que visa entender de que forma a Inteligência Emocional contribui na formação dos docentes, buscando metodologias para que se possa trabalhar a educação emocional em sala de aula, uma vez que a mesma proporciona o gerenciamento das emoções presentes no ser humano e um processo de ensino aprendizagem de qualidade. O referido trabalho está estruturado da seguinte forma: Inteligência Emocional: Termologia e Evolução que discorre como e quando a mesma surgiu, a sua relevância para autopreservação da espécie humana, o que são emoções e como estão divididas, e a evolução do cérebro emocional. A seguir O Docente e a Educação Emocional, que evidência a importância de o sistema educacional ser retificado e flexível as abordagens metodológicas emocionais. Por fim, Inteligência Emocional e Regência Docente: Desafios e Possibilidades, que enfatiza a necessidade de uma formação inicial dos professores em educação emocional, e que a mesma seja inserida nos currículos educacionais, evidenciando de forma teórica os seus pontos positivos, como um âmbito educacional mais saudável, desenvolvido internamente e externamente. O mesmo tem como problemática: “De que forma a Inteligência Emocional implica na regência do professor em sala de aula?”.

PALAVRAS-CHAVE: Inteligência Emocional. Regência Docente. Ensino Fundamental. Emoções. Educação Emocional.

ABSTRACT

The present article has as its theme the “Emotional Intelligence and Teaching Regency: a bibliographic review on the challenges and possibilities in the teaching profession in the early years of Elementary School”, which aims to understand how Emotional Intelligence contributes to the training of teachers, seeking to methodologies so that emotional education can be worked in the classroom, since it provides the management of emotions present in the human being and a quality teaching-learning process. This work is structured as follows: Emotional Intelligence: Thermology and Evolution that discusses how and when it emerged, its relevance to the self-preservation of the human species, what emotions are and how they are divided, and the evolution of the emotional brain. Next, The Teacher and Emotional Education, which highlights the importance of the educational system being corrected and the emotional methodological approaches flexible. Finally, Emotional Intelligence and Teaching Regency: Challenges and Possibilities, which emphasizes the need for initial teacher training in emotional education, and that it be inserted into educational curricula, theoretically evidencing its positive points, as an educational environment healthier, developed internally and externally. The same has as a problem: “How does Emotional Intelligence imply the teacher’s regency in the classroom?”.

KEYWORDS: Emotional Intelligence. Teaching Regency. Elementary School. Emotions. Emotional Education.

1 INTRODUÇÃO

O presente artigo tem como tema a “Inteligência Emocional e Regência Docente: uma revisão bibliográfica sobre os desafios e possibilidades no ofício de professor nos anos iniciais do Ensino Fundamental”, que visa entender de que forma a Inteligência Emocional contribui na formação dos docentes, buscando metodologias para que se possa trabalhar a educação emocional em sala de aula, uma vez que a mesma proporciona o gerenciamento das emoções presentes no ser humano e um processo de ensino aprendizagem de qualidade. 

A escolha do tema fundamentou-se em uma apresentação de um plano de aula desenvolvido na disciplina de Fundamentos, Conteúdos e Metodologias do Ensino de Artes nos anos iniciais do Ensino Fundamental, onde percebeu-se a necessidade de se trabalhar a Inteligência Emocional na formação de professores, haja vista que as instituições a consideram como autoajuda, causando a sua não inserção nos currículos educacionais.

O artigo tem como objetivo geral possibilitar a reflexão do sistema educacional, sobre a importância da inteligência emocional como prática educativa no currículo e nas matrizes educacionais, uma vez que a mesma possibilita um processo de ensino aprendizagem em sua totalidade, considerando o docente como sujeito de sua própria história e emoções, propondo alternativas e metodologias para melhorar o desempenho escolar com base na educação emocional, preparando o docente não somente para o campo intelectual e profissional, mas como também para o campo socioafetivo e para a vida no geral, tendo em vista o controle sobre suas emoções, sabendo ouvir o seu aluno com empatia e tomando suas próprias decisões com responsabilidade, criticidade e autonomia.

De modo específico, propõe-se entender como a inteligência emocional funciona através do gerenciamento das emoções no decorrer das evoluções do cérebro humano; enfatizar a importância da educação emocional no currículo escolar, como fator determinante para o desenvolvimento humanizador, para contribuir com o sucesso do professor no processo integral de ensino aprendizagem; identificar e desenvolver a partir de instrumentos pedagógicos, competências emocionais que lidam com questões afetivas e psicológicas na vida dos docentes e apontar os desafios e possibilidades da inteligência emocional e regência docente no ensino fundamental dos anos iniciais.

O referido trabalho está estruturado da seguinte forma: Inteligência Emocional: Termologia e Evolução que discorre como e quando a mesma surgiu, a sua relevância para autopreservação da espécie humana, o que são emoções e como estão divididas, e a evolução do cérebro emocional. A seguir O Docente e a Educação Emocional, que evidência a importância de o sistema educacional ser retificado e flexível as abordagens metodológicas emocionais. Por fim, Inteligência Emocional e Regência Docente: Desafios e Possibilidades, que enfatiza a necessidade de uma formação inicial dos professores em educação emocional, e que a mesma seja inserida nos currículos educacionais, evidenciando de forma teórica os seus pontos positivos, como um âmbito educacional mais saudável, desenvolvido internamente e externamente.

Este artigo contou como metodologia a pesquisa bibliográfica de propriedade qualitativa tendo como referencial principal o psicólogo, escritor e jornalista norte-americano DANIEL GOLEMAN (2011 e 2012), autor do Best-seller Inteligência Emocional. O mesmo define a Inteligência Emocional como a capacidade de autoconhecer as próprias emoções e identifica-las no outro, motivando a si mesmo e gerindo-as de forma equilibrada. Consiste em pesquisa bibliográfica, pois uma vez que utilizou-se de obras que abrangem em seu íntimo, conteúdos e referências pertinentes ao desenvolvimento do trabalho. E qualitativa, visto que é proposto uma reflexão sobre a inserção da Inteligência Emocional nos currículos e matrizes educacionais. 

Os contextos sociais atualmente demandam novas abordagens e metodologias de ensinar e conviver. Vivenciou-se uma pandemia onde as emoções estiveram muito mais presentes no dia a dia do professor, frequentes no comportamento, nas ações e reações, baseadas não somente no racional como também no emocional. Sua capacidade de adaptação nunca esteve tão enraizada em seu instinto de sobrevivência quanto em sua prática emocional de manter a sua saúde mental e física estáveis.

Por este motivo este artigo tem como justificativa social a educação por meio das emoções que enfatiza o ser humano como ser sociológico e biológico, do qual provem a sua existência nas relações humanas, relações essas que precisam ser harmônicas, possibilitando sua integração no meio em que vive. Quando se é estabelecida uma educação emocional, possibilita-se que este indivíduo consiga se devolver em sua totalidade, sabendo gerir e administrar toda e qualquer situação que está ocorrendo ao seu redor. O que no caso não aconteceu durante a pandemia, uma vez que muitos professores desenvolveram a emoção como a ansiedade, considerada como mal do século. A academia ao adotar a inteligência emocional em seu currículo compreende que seu retorno será satisfatório, tanto no aspecto profissional, social e pessoal, uma vez que a mesma irá propiciar na formação de docentes um ensino de qualidade.

Dessa forma teremos professores mais capacitados e preparados para lidar com situações problemas em sala de aula, elaborando estratégias para reverter tais questões, despertando em seu aluno o comprometimento com os seus estudos. Goleman (2011) enfatiza que cada emoção tem seu valor, o que faz jus aos nossos docentes, cada um tem o seu valor, suas especificidades, e é de suma importância que levemos em consideração seus aspectos cognitivos e emocionais.

2 INTELIGÊNCIA EMOCIONAL: TERMOLOGIA E EVOLUÇÃO

O termo Inteligência Emocional, surgiu no ano de 1990, porém tornou-se conhecido apenas em 1995 com a publicação da obra Inteligência Emocional do psicólogo Daniel Goleman, que a define como indispensável em nosso cotidiano, uma vez que ao conhecer as nossas próprias emoções e a do outro, como sua intensidade, causa e consequência, nos possibilita a aceitação de sentir e falar sobre as nossas angustias, frustrações, medos, dores e injustiças.

É importante destacar que a Inteligência Emocional foi e é de grande relevância para autopreservação da espécie humana, pois a mesma se embasa em circunstâncias de que a emoção como o medo, foi o pilar para que o ser humano conseguisse elaborar soluções de fuga e autodefesa mediante aos perigos existentes naquela época.

PINTO conceitua que:

A emoção é uma experiência subjetiva que envolve a pessoa toda, a mente e corpo. É uma reação complexa desencadeada por um estimulo ou pensamento e envolve diferentes componentes, nomeadamente uma reação observável, uma excitação fisiológica, uma interpretação cognitiva e uma experiência subjetiva. (2001, p. 93)

Isto é, as emoções estão interligadas com a nossa maneira de pensar, agir e administrar situações problemas. Neste sentido, para que possamos entender o funcionamento das emoções, é fundamental ressaltar que o cérebro humano passou por mudanças significativas desde a evolução, onde o tronco cerebral em volta do topo da medula espinhal é a parte mais primitiva do cérebro humano, e é a partir da raiz dele que surgiram os centros emocionais dando origem ao neocórtex (GOLEMAN, 2011, p. 38). O neocórtex é a sede do pensamento, raciocínio, reflexão e observação, que possibilita a compreensão das emoções sobre ideias, arte, símbolos e imagens.

DAMÁSIO (2012) divide as emoções em primárias e secundárias, sendo estas as emoções que vivenciamos e experienciamos na infância e maioridade. Dessa forma, podemos classificar as emoções primárias como inatas, ligadas a vida e ao instinto. Já as secundárias procedem da aprendizagem, abrangendo a interpretação pela reprodução de estímulos ligados a feedbacks passados, considerados como bons ou ruins. CASASSUS (2007) reforça ainda que é a amígdala que transmite um sinal não verbal, mas elétrico para outras partes do cérebro que alteram a atenção e iniciam respostas fisiológicas ao evento que desencadeou a reação, ou seja, nossa mente funciona como um computador que avalia e faz julgamentos de todo e qualquer conteúdo emocional dos estímulos que recebe.

Neste sentindo, percebe-se então o porquê de nossas ações e reações estarem em nosso interior e não sendo estimuladas, mas sim segmentadas por uma eventualidade ou situação externa, que se correlaciona entre nossas crenças e emoções, sendo a causa das nossas bagagens emocionais. O que nos cabe como parte importante para o desenvolvimento de nossa Inteligência Emocional, pois uma vez que identificamos quais emoções possuímos em determinado momento ou situação, mais fácil ficará de ter o controle sobre aquelas que emergirem.

Para Goleman (2011) saber administrar e expor nossas emoções de forma inteligente é de grande relevância para o nosso desenvolvimento enquanto ser humano, pois uma vez que nossas emoções são oprimidas com a intenção de não magoar determinada pessoa nos impacta de tal maneira gerando um esgotamento emocional. O mesmo demonstra isso quando a criança aprende a regra “Disfarce seus verdadeiros sentimentos para não magoar alguém que você ama; demonstre, em vez disso, um sentimento falso, porém menos ofensivo.

O autor compreende que estas regras não passam de boas maneiras sociais ditadas pela sociedade em que vivemos, e segui-las é produzir o “impacto ideal”, não seguir ou as seguir de forma que não supra a sociedade em si, afeta diretamente na geração de uma devastação emocional, ou seja, pessoas emocionalmente instáveis, inseguras, sem controle sobre sua vida emocional, sabotando a si mesmas.

3 O DOCENTE E A EDUCAÇÃO EMOCIONAL

A educação durante o século XIX e metade do século XX, se constituía em seu modelo tradicional, isto é, fundamentava-se em abordagens conservadoras, tecnicistas e escolanovistas, que tinham como objetivo a fragmentação e a reprodução do conhecimento, onde o docente era considerado o detentor do conhecimento, ele estava ali somente para repassar o conteúdo e não para proporcionar um processo de ensino aprendizagem mais humanizador. Neste sentido, o ensino não era flexivo a abordagens de saberes que abrange-se a formação do ser humano em sua totalidade, ou seja, a educação emocional ficaria por responsabilidade da família e não da escola, o que de certa forma contribuiu hoje para o analfabetismo emocional, gerando sérios danos a sociedade. 

Goleman (2011, p. 278) ressalta que:

“Os educadores, há muito preocupados com as notas baixas dos alunos em matemática e leitura, começam a constatar que existe um outro tipo de deficiência e que é mais alarmante: o analfabetismo emocional. Apesar dos louváveis esforços que visam melhorar o desempenho acadêmico, esse novo tipo de deficiência ainda não ganhou espaço no currículo escolar.”

FILLIOZAT (1998) reitera que o sistema educacional tem que ser retificado, corrido, replanejado pois o mesmo não prepara os docentes para uma sociedade com deficiências emocionais. É necessário que se faça a criação do espaço para as emoções, levando em consideração o desenvolvimento social e afetivo. FREIRE (1996) afirma que jamais pode compreender a educação como uma experiência fria, sem alma, em que os sentimentos e as emoções, os desejos e os sonhos, devessem ser oprimidos pelo racional, ou seja, o autor enfatiza que o ato de educar é substantivamente formar professores não somente racionais, com práticas tradicionais, mas formar docentes mais humanos, comprometidos com sua formação, com o ensino e com seus alunos. Sendo resolvidos tanto internamente quanto externamente.

O autor CASASSUS (2007) afirma que não há aprendizagem fora do espaço emocional, pois as emoções são como base que possibilitam um ambiente estável onde o professor conseguirá desenvolver novas metodologias de ensino, estando apto para trabalhar com seus alunos assuntos geradores de reflexão, de socialização e de conscientização.

Segundo Goleman (2011):

As pessoas com prática emocional bem desenvolvida têm mais probabilidade de sentirem-se satisfeitas e serem eficientes em suas vidas, dominando os hábitos mentais que fomentam sua produtividade; as que não conseguem exercer algum controle sobre a vida emocional travam batalhas internas que sabotam sua capacidade de se concentrar no trabalho
e pensar com clareza. (p. 65 e 66)

Casassus (2009, p. 134), destaca que a educação emocional não é apenas uma via de obtenção de habilidades, mas sim uma educação de integração onde o professor e o aluno são a mesma pessoa. O que nos esclarece que a mesma é uma metodologia educativa que tem como principal objetivo a subjetividade do ser, na sua ação e reação com o meio que está introduzido, sem dúvida o que há faz tão importante para o sistema educacional e para a formação dos docentes.

4 INTELIGÊNCIA EMOCIONAL E REGÊNCIA DOCENTE: DESAFIOS E POSSIBILIDADES

Falar sobre inteligência emocional atrelada a regência docente, é falar de um sistema educacional mais desenvolvido internamente e externamente. Proporcionar ao professor uma formação sobre o gerenciamento de suas próprias emoções não só possibilita uma vida mais equilibrada e cheias de realizações, mas como também um bom convívio social. O professor ao desenvolver metodologias de ensino com base na inteligência emocional junto ao aluno, consegue reverter toda e qualquer tipo de situação problema, diminuindo assim os índices de conflitos e violência na dentro de sala de aula.

Um dos grandes desafios que podemos destacar é a questão de quando o sistema educacional enxerga a prática da educação emocional como uma espécie de autoajuda, sendo que a mesma desenvolve no professor uma aquisição de competências que irá auxilia-lo a superar as vulnerabilidades que tanto as crianças e jovens defrontam-se em sua vida. O segundo desafio seria a formação de nossos docentes em Educação emocional, uma vez que não há tantos programas que orientem e estimulem a formação inicial e continuada do mesmo para o seu desenvolvimento emocional, o que hoje em dia combateriam a realidade de professores esgotados, ansiosos, estressados e desmotivados.

A partir do momento que o professor consegue identificar as suas emoções e a de seus alunos, como a raiva, o medo, a tristeza, a vergonha, ele consegue criar uma boa relação, baseada na escuta, no entendimento e na compreensão. Loss destaca que:

“[…] é necessário um novo paradigma para a formação de professores, que não se faz a separação entre a razão e emoção e interior e exterior, mas é “dialético dialógico” nos processos de conhecimentos disciplinares, inter e transdisciplinares; assim, não há a exclusão e nem a confusão, mas a religação e a interação dos diferentes conhecimentos (LOSS, 2018, p.39)”.

Estrela (2010, p.43) ressalta, que é evidente uma formação específica dos professores, que possibilite o mesmo a direcionar seus alunos na descoberta de sua vida emocional, porém este ato só pode acontecer de fato quando forem capazes de direcionar a si próprios, o que implica diretamente em ter consciência de suas próprias emoções, automotivação, habilidade de se relacionar com seus alunos e os pais, ou seja, suas responsabilidades docentes requerem domínios de competências e habilidades emocionais.

Desse modo, a partir do momento que a academia passa a considerar a Inteligência Emocional como essencial para o seu avanço, desenvolvimento e sucesso, ocorrências como, dificuldade de aprendizagem, estresse e evasão, poderão ser reduzidos com a visão mais ampliada do sistema educacional. 

5 REFLETINDO OS RESULTADOS

Ao professor são atribuídas diversas competências e habilidades, como um bom posicionamento na hora de falar e explicar o conteúdo em sala de aula, o domínio de sua formação, instigar seus alunos trazendo metodologias inovadoras onde o processo de ensino aprendizagem seja capaz de atingir todos que estão em sala, perceber seus alunos identificando problemas existentes, dentre outros atributos a este concedido.

Muitos docentes acreditam que para seu sucesso educacional possa ocorrer de forma significava em sua relação professor e aluno, é preciso criar um bom clima emocional em sala, sendo um ponto positivo, afetuoso e cordial, onde o aluno sentirá segurança em expor seu ponto de vista, havendo a troca de saberes, rendendo desta forma mais intelectualmente. (SANTOS; SILVA, 2002, p.12). 

Sendo assim, compreendendo a importância da Inteligência Emocional na formação dos docentes, apresenta-se a seguir três modelos de formação inicial voltados para o desenvolvimento de competências emocionais. 

O primeiro modelo é o de Bisquerra (2005), que tem por objetivo a formação dos futuros docentes de pedagogia embasada em uma formação sólida que proporcione o contato com as emoções, que permitirá ao mesmo a exercer melhor a sua prática educativa em toda a sua complexidade, iniciando pelo seu próprio desenvolvimento profissional e pessoal, refletindo de forma positiva em seus alunos. 

O segundo modelo seria a do espanhol Palomero (2009), que parte da abordagem qualitativa que se tem origem na psicologia humanística, enfatizando o desenvolvimento das forças do ser humano, isto é, tende a propiciar a otimização de habilidades próprias para atingir seus objetivos e o enfrentamento de situações que surgirem. Os conteúdos a serem trabalhados neste modelo seria estruturado em teóricos, práticos e atitudinais, dando destaque a este último citado por ser apontado pelo autor como grande influência na prática docente, contemplando cinco atitudes de competência emocional e social, sendo elas: disposição fenomenológica, autonomia, responsabilidades, independência de julgamento e disposição cooperativa.

No terceiro e último modelo o da Fundação Liderazgo Chile (2018), que fomenta o aperfeiçoamento da qualidade de ensino na formação do sistema educacional, reconhecendo os problemas sociais existentes expostos pela educação emocional, e como isso afeta o todo. Nessa concepção, a fundação elabora algumas propostas, introduzindo uma Lei de Educação Emocional e um plano de intervenção que busca gerar mudanças de longo prazo no ambiente escolar. Os mesmos abrangem a educação pré-escolar, o ensino fundamental e médio, e está sistematizado em quatro passos que incluem família, gestores, professores e alunos. 

Destaca-se que o plano de intervenção será distinto para cada instituição, onde teremos no primeiro passo a realização de avaliações iniciais que buscam coletar e identificar as necessidades e problemas existentes. No segundo passo teremos o projeto e planejamento por meio de jornadas teóricas experienciais, O terceiro passo seria a implementação das habilidades socioemocionais em sala, onde os mesmos irão receber o acompanhamento de profissionais especializados. E no quarto e último passo será realizada uma avaliação final sobre o programa, analisando se o mesmo está atingindo seu objetivo e possíveis melhorias.

Desse modo, alfabetizar emocionalmente, é de toda forma promover experiências e vivências onde todos possam aprender, contribuindo de forma positiva e significativa para a construção de uma sociedade mais humanizada. 

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Através deste artigo procuramos enfatizar por meio de informações bibliográficas, a importância da Inteligência Emocional no currículo de nossas instituições e na formação inicial de nossos professores, que estabelece as emoções como base primordial para o processo de ensino aprendizagem, pois as mesmas propiciam o entendimento de que toda ação humana é embasada em respostas emocionais, o que se reflete a autopreservação.

A educação não pode e nem deve ficar retida em apenas conteúdos programáticos, mas sim na formação integral do ser humano, estimulando sua capacidade de se relacionar consigo e com o outro, tendo consciência de suas ações e reações, utilizando de sua autonomia e criticidade para resolver questões norteadoras de problemas existentes na sociedade, contribuindo de forma significativa, empática, amorosa, étnica e resiliente. A inteligência emocional prepara o ser humano para enfrentar o seu dia a dia, tanto no pessoal quanto no profissional de uma forma mais flexível, tornando-o piloto de sua própria vida, história e identidade.

Lamentavelmente no curso de Pedagogia, ainda não temos uma disciplina que aborde a inteligência emocional em todos os seus aspectos, posto que se tivéssemos, como profissionais despertaríamos um olhar para além das dificuldades de aprendizagem de nossos alunos, identificando onde está o problema existente, o porquê de o aluno está desmotivado, cabisbaixo, agressivo, o que muitas das vezes é considerado como preguiçoso, desobediente e aluno bagunceiro.

O educador como mediador precisa criar possibilidades de um espaço acolhedor, que passe segurança para seus alunos. Por este motivo a formação de nossos docentes não deve ser vista apenas como um capital, uma mão de obra barata, mas sim como um ser capaz de motivar seu aluno, como alguém que faz a diferença, que forma todas as outras profissões com um olhar mais humanizador. Porque educar a mente, sem educar o coração, não é educação, e quem nos fala isso é Aristóteles.

REFERÊNCIAIS

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