REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th10248110956
Glaucia Pereira da Silva Souza Teixeira1
Ricardo De Bonis2
RESUMO
A inteligência emocional (IE) é a capacidade de reconhecer, compreender e gerenciar as emoções, tanto as suas quanto as dos outros. Ter uma boa inteligência emocional é essencial para o sucesso nas relações interpessoais, pois permite melhor comunicação e resolução de conflitos. A IE envolve habilidades como: autoconsciência, autogerenciamento, empatia e ações sociais. Desenvolver a inteligência emocional pode trazer benefícios: maior autoconfiança, resiliência e melhores relacionamentos pessoais e profissionais. O gerenciamento emocional está relacionado à capacidade de regular e manter emoções, isto é, de gerar ações positivas e reduzir as negativas. Pessoas hábeis em modificar as emoções, adaptando respostas, de acordo com seus objetivos e com o meio, podem obter benefícios em variadas situações e momentos de estresse, fornecendo devolutivas adequadas a estressores. Tendo a possibilidade de reduzir emoções intensas e se acalmar, quando necessário, gerando experiências emocionais novas, ocasionando sentimentos de autocontrole. Indivíduos mais inteligentes emocionalmente têm maior facilidade em lidar com divergências, tendo mais capacidade de enfrentar mudanças. Sendo também importante no ambiente de trabalho, contribuindo para um bom clima organizacional e desenvolvimento de lideranças eficazes. Além disso, a IE pode ser aprendida e desenvolvida ao longo da vida, por meio de treinamentos, leituras e práticas diárias. Investir nesse processo pode trazer benefícios significativos para a saúde mental e para a qualidade de vida do ser humano.
Palavras–chave: mente, relações interpessoais, comportamentos, equilíbrio emocional.
ABSTRACT
Emotional intelligence (EI) is the ability to recognize, understand and manage emotions, both your own and those of others. Having good emotional intelligence is essential for success in interpersonal relationships, as it allows for better communication and conflict resolution. EI involves skills such as self-awareness, self-management, empathy and social action. Developing emotional intelligence can bring benefits: greater self-confidence, resilience and better personal and professional relationships. Emotional management is related to the ability to regulate and maintain emotions, i.e. to generate positive actions and reduce negative ones. People who are adept at modifying their emotions, adapting their responses in line with their goals and the environment, can benefit in a variety of situations and moments of stress, providing appropriate responses to stressors. They can reduce intense emotions and calm down when necessary, generating new emotional experiences and feelings of self-control. More emotionally intelligent individuals find it easier to deal with disagreements and are better able to cope with change. It is also important in the workplace, contributing to a good organizational climate and the development of effective leaders. Furthermore, EI can be learned and developed throughout life, through training, reading and daily practice. Investing in this process can bring significant benefits to human mental health and quality of life.
Keywords: mind, interpersonal relationships, behaviors, emotional balance.
INTRODUÇÃO
Howard Gardner, um dos psicólogos mais influentes do século XX, revolucionou nossa compreensão sobre a inteligência com sua teoria das inteligências múltiplas. Ao contrário da visão tradicional que define a inteligência com base em um único número, como o Quociente de Inteligência (QI), Gardner argumentou que a inteligência é multifacetada e se manifesta em várias formas, existem pilares, sendo esses: conhecer as próprias emoções e controlá-las, automotivação, empatia e relacionamentos interpessoais (Gardner, 2023).
Em 2000, Mayer, Caruso e Salovey referiram que uma inteligência como a IE (Inteligência Emocional), requer o cumprimento de três critérios rigorosos para atingir o status de uma inteligência como as demais já estabelecidas: conceitual, correlacional e desenvolvimental. O primeiro estaria associado à necessidade de a IE refletir uma performance mental ao invés de formas de comportamento, autoestima, ou características não intelectivas, sendo que as habilidades relacionadas às emoções deveriam ser medidas através de desempenho mental. O segundo critério descreveu padrões empíricos, e postulou que a IE deveria abranger um conjunto de habilidades relacionadas que seriam similares, mas distintas das habilidades mentais descritas por inteligências previamente existentes. O terceiro critério referiu que a inteligência deveria ser passível de aprimoramento ao longo da vida com a idade e experiência. (Neisser,1996).
Em geral, a complementaridade de sistema límbico, reptiliano e neocórtex, significa que cada um é um parceiro integral na vida mental. De acordo com o neurocientista norte-americano, Paul MacLean (2007). Validado pela comunidade científica na década de 90 e inspira autores de todas as partes do planeta até os tempos atuais. Seu trabalho, demonstrou nossa neuroanatomia, com uma divisão evolutiva, contendo 3 cérebros: o cérebro reptiliano, que é o sistema dos répteis (nossa consciência irracional); o cérebro límbico, que é o dos mamíferos, (nossa consciência emocional); e o neocórtex, que nos diferencia de todas as outras espécies da natureza (nossa consciência racional).
Quando esses parceiros interagem bem, a inteligência emocional aumenta e também a capacidade intelectual. Pois temos duas mentes e dois tipos diferentes de inteligência: racional e emocional. Nosso desempenho na vida é determinado pelas duas, não é apenas o QI, como citado por Gardner acima, a inteligência emocional também conta. O intelecto não pode dar o melhor de si sem a inteligência emocional. A inteligência emocional envolve “tanto a capacidade de pensar sobre as emoções como a de utilizar as emoções para ajudar a pensar”. O ramo da utilização das emoções facilita as atividades cognitivas, sendo o mais relacionado com o pensamento abstrato, onde ocorre o ramo da gestão das emoções que é o menos cognitivo porque pondera vários fatores, motivacionais, emocionais e cognitivos, estabelecendo a comunicação entre o sistema cognitivo e o sistema de personalidade geral. (Goleman, 2011).
À primeira vista, pode parecer que nossos sentimentos são óbvios; uma reflexão mais demorada nos lembra das vezes em que fomos muito indiferentes ao que de fato sentimos sobre uma coisa, ou quando tarde demais nos demos conta desses sentimentos. Algumas estratégias para estimular a inteligência emocional incluem praticar a autorreflexão, cultivar a empatia, melhorar a comunicação e o gerenciamento de conflitos. A habilidade de regular as emoções nos outros poderia ocasionar sentimentos de controle situacional. Ressalta-se ainda, que o gerenciamento emocional foi relacionado com sentimentos de satisfação com a qualidade da interação social. Há uma correlação positiva entre a inteligência emocional e as boas relações sociais, familiares, íntimas e de trabalho; os indivíduos de inteligência emocional elevada são encarados pelos outros como pessoas com quem é mais agradável estar, mais empáticas e socialmente mais interessantes do que os indivíduos de inteligência emocional baixa; ela está relacionada com o sucesso acadêmico e no trabalho; a satisfação, a autoestima e a menor taxa de depressão exibem também uma correlação positiva com a inteligência emocional. (Neisser, 1996), (Goleman, 2011), (Salovey, 2003).
PROCESSOS DO QUOCIENTE EMOCIONAL
– Conhecer as próprias emoções;
Existe a necessidade de analisar emoções e atos como resposta aos estímulos recebidos. Quando você se sente frustrado, investigue se essa é uma resposta verdadeira ou se ela está escondendo um outro sentimento. A ansiedade é outra sensação que pode ser responsável por esconder outras emoções muito mais complexas. Por trás desses sentimentos, pode existir medo do fracasso, receio de julgamentos, temor de se apresentar em frente a um público. Reconhecer verdadeiramente o que se está sentindo, a ponto de nomear corretamente as suas emoções, é o primeiro passo fundamental para desenvolver a Inteligência Emocional. Ou seja, é preciso conhecer as emoções para poder gerenciá-las (Goleman, 2024).
– Controlar as emoções;
Após entender as suas emoções, é o momento de trabalhá-las. Goleman, diz que a consciência das emoções é fator essencial para o desenvolvimento da inteligência do indivíduo. Ao controlar as emoções, é importante entender as diferenças existentes. É por meio deste controle que se domina a melhor forma de emitir mensagens e, assim, evitar entendimentos distorcidos. (Goleman, 2024).
– Automotivação
Consiste em dirigir emoções a serviço de um objetivo, a partir das preferências pessoais mais profundas. É uma habilidade essencial para uma pessoa manter-se determinada a alcançar suas metas, ter iniciativa, ficar sempre no controle da situação e usar a criatividade na busca de soluções. (Sabbi, 2024).
– Empatia
É a capacidade de sentir o outro, de reconhecer suas necessidades e de identificar e pressentir sentimentos e emoções em outras pessoas. É a capacidade de colocar-se no lugar do outro, de sentir-se como se fosse o outro, como se vestisse a sua pele, de situar-se na perspectiva alheia, através de gestos e atitudes. A empatia facilita o autoconhecimento e a autoconscientização, na medida em que possibilita compartilhar e receber informações a respeito da atuação própria. Propicia relacionamentos mais saudáveis e gratificantes. (Sabbi, 2024).
– Relacionamentos interpessoais
Os humanos são por regra seres sociais, e esta característica é certamente uma das mais fundamentais tanto para a nossa existência, quanto para a nossa evolução ao longo do tempo. Assim, a definição de relação interpessoal mexe com a principal qualidade que o homem pode possuir, e que é a sua capacidade de se relacionar de um modo saudável com o outro, ou com os outros. Relação interpessoal é o modo como nós, seres humanos, lidamos com o outro, como nós convivemos com os outros em uma sociedade. O conceito não é fechado e está constantemente em evolução, à medida que a sociedade evolui e muda seus costumes. Ou seja, a relação interpessoal é um conceito dinâmico, que precisa ser continuamente analisado e avaliado, para que nosso comportamento com o outro seja sempre condizente com os valores sociais e para que estes relacionamentos interpessoais sejam sempre saudáveis. (T. B. S. 2024).
FASES E COMPORTAMENTOS FUNDAMENTADOS NO EQUILÍBRIO EMOCIONAL
Crianças, assim como recém-nascidos são aptos a chamar a atenção para suas necessidades. Alguns exemplos claros são os choros das crianças ou até mesmo um simples gesto de sorrir é a prova de que a mesma utiliza de gestos para se comunicar. Segundo Dunn e Brown (1991), o aparecimento da linguagem representaria um passo marcante no desenvolvimento emocional, o qual possibilitaria uma comunicação afetiva mais sofisticada e eficaz. Frances Goodenough (1964), observara que ao longo do terceiro ano é possível verificar-se uma diminuição da agressão física e um aumento paralelo da agressividade verbal; o que poderia ser considerado um fato positivo, que sinalizaria um aumento na capacidade da criança expressar verbalmente o que a incomoda e frustra. Para Dunn e Brown (1991), o surgimento da linguagem afeta dramaticamente as relações afetivas da criança humana. Possibilita um novo tipo de relação na medida em que lhes permitiria uma maior capacidade de compreensão dos outros e das situações, além de fornecer inúmeras possibilidades de controle sobre seus estados afetivos internos. Com a aquisição da linguagem, as crianças avançariam no processo de separação e individuação. Elas passariam a ser capazes de negociar significados emocionais compartilhados nas suas relações. Quando a criança consegue falar sobre seus estados emocionais, por volta dos três anos, ela atinge um novo nível de comunicação, uma capacidade maior de persuasão, bem como a possibilidade de expressar seus afetos, além de pedir afeto. Estas mudanças têm implicações diretas na qualidade dos seus vínculos, bem como na capacidade de estabelecer relações íntimas mais profundas. A capacidade de influenciar os estados afetivos alheios denotaria uma maior compreensão por parte da criança pelos sentimentos dos outros. Além disso, a capacidade de solicitar a ajuda dos outros para atender às suas necessidades e aliviar eventuais desconfortos, dores e sofrimentos constituiria um dos ganhos gerados por esta comunicação inicial (Dunn e Brown, 1991). As vicissitudes emocionais que atuam no casamento, também atuam no ambiente de trabalho, assumindo formas semelhantes (Mussumeci, 2017). As críticas são expressas mais como ataques pessoais do que como reclamações específicas a partir das quais alguma medida possa ser tomada; há agressões emocionais com forte carga de repugnância, sarcasmo e descaso; esse tipo de atitude provoca uma reação defensiva, fuga à responsabilidade e, finalmente, o retraimento total ou a acirrada resistência passiva que vem do sentimento de ter sido injustamente tratado. Uma das formas mais comuns de crítica destrutiva no local de trabalho ou no relacionamento íntimo, é uma declaração generalizada do tipo “Você está estragando tudo”, feita num tom duro, inamistoso, que não abre espaço para um argumento ou sugestão de como fazer melhor. Deixa a pessoa que a recebe impotente e com rancor. Da perspectiva da inteligência emocional, essa crítica demonstra ignorância acerca dos sentimentos que serão provocados naqueles que a recebem e do efeito devastador que esses sentimentos terão em sua motivação, energia e confiança na execução do trabalho. (Goleman, 2024) Todas as emoções são, em essência, impulsos, legados pela evolução, para uma ação imediata, para planejamentos instantâneos que visam lidar com a vida. A própria raiz da palavra emoção é do latim movere —“mover” — acrescida do prefixo “e-”, que denota “afastar-se”, o que indica que em qualquer emoção está implícita uma propensão para um agir imediato. Essa relação entre emoção e ação imediata fica bem clara quando observamos animais ou crianças; é somente em adultos “civilizados” que tantas vezes detectamos a grande anomalia no reino animal: as emoções — impulsos arraigados para agir — divorciadas de uma reação óbvia. Em nosso repertório emocional, cada emoção desempenha uma função específica. Diante das novas tecnologias que permitem investigar rigorosamente o cérebro e o corpo como um todo, os pesquisadores estão descobrindo detalhes fisiológicos que permitem a verificação de como diferentes tipos de emoção preparam o corpo para diferentes tipos de resposta (Goleman, 2024).
O CORPO E SUAS REAÇÕES AS EMOÇÕES
De acordo com Goleman, 2011, algumas ações aceleram os batimentos cardíacos, gerando uma onda de hormônios, adrenalina, entre outras emoções, isso faz a pulsação, gerar energia forte suficientemente para uma atuação vigorosa e impulsiva. Entre eles, alguns sentimentos como:
MEDO
No medo, o sangue corre para os músculos do esqueleto, como os das pernas, facilitando a fuga; o rosto fica lívido, já que o sangue lhe é subtraído (daí dizer-se que alguém ficou “gélido”). Ao mesmo tempo, o corpo imobiliza-se, ainda que por um breve momento, talvez para permitir que a pessoa considere a possibilidade de, em vez de agir, fugir e se esconder. Circuitos existentes nos centros emocionais do cérebro disparam a torrente de hormônios que põe o corpo em alerta geral, tornando-o inquieto e pronto para agir. A atenção se fixa na ameaça imediata, para melhor calcular a resposta a ser dada. (Goleman, 2005).
FELIDCIDADE
A sensação de felicidade causa uma das principais alterações biológicas. A atividade do centro cerebral é incrementada, o que inibe sentimentos negativos e favorece o aumento da energia existente, silenciando aqueles que geram pensamentos de preocupação. Mas não ocorre nenhuma mudança particular na fisiologia, a não ser uma tranquilidade, que faz com que o corpo se recupere rapidamente do estímulo causado por emoções perturbadoras. Essa configuração dá ao corpo um total relaxamento, assim como disposição e entusiasmo para a execução de qualquer tarefa que surja e para seguir em direção a uma grande variedade de metas. (Goleman, 2005).
AMOR
O amor, os sentimentos de afeição e a satisfação sexual implicam estimulação parassimpática, o que se constitui no oposto fisiológico que mobiliza para “lutar-ou-fugir” que ocorre quando o sentimento é de medo ou ira. O padrão parassimpático, chamado de “resposta de relaxamento”, é um conjunto de reações que percorre todo o corpo, provocando um estado geral de calma e satisfação, facilitando a cooperação.
TRISTEZA
Uma das principais funções da tristeza é a de propiciar um ajustamento a uma grande perda, como a morte de alguém ou uma decepção significativa. A tristeza acarreta uma perda de energia e de entusiasmo pelas atividades da vida, em particular por diversões e prazeres. Quando a tristeza é profunda, aproximando-se da depressão, a velocidade metabólica do corpo fica reduzida. Esse retraimento introspectivo cria a oportunidade para que seja lamentada uma perda ou frustração, para captar suas consequências para a vida e para planejar um recomeço quando a energia retorna. É possível que essa perda de energia tenha tido como objetivo manter os seres humanos vulneráveis em estado de tristeza para que permanecessem perto de casa, onde estariam em maior segurança. (Goleman, 2011)
REPUGNÂNCIA
Em todo o mundo, a expressão de repugnância se assemelha e envia a mesma mensagem: alguma coisa desagradou ao gosto ou ao olfato, real ou metaforicamente. A expressão facial de repugnância — o lábio superior se retorcendo para o lado e o nariz se enrugando ligeiramente — sugere, uma tentativa primeva de tapar as narinas para evitar um odor nocivo ou cuspir fora uma comida estragada.
SURPRESA
O erguer das sobrancelhas, na surpresa, proporciona uma varredura visual mais ampla, e também mais luz para a retina. Isso permite que obtenhamos mais informação sobre um acontecimento que se deu de forma inesperada, tornando mais fácil perceber exatamente o que está acontecendo e conceber o melhor plano de ação.
Essas reações físicas “incorporadas” mantêm nosso estado interior e nosso comportamento exterior em harmonia com a situação em que nos encontramos e podem nos ajudar não apenas a sobreviver, como também a florescer. Em outras situações, as emoções desencavam questões antigas, confundindo nossa percepção do que está acontecendo naquele momento com experiências dolorosas do passado. Essas poderosas sensações podem assumir completamente o controle, toldando o nosso julgamento e conduzindo-nos diretamente. É claro que a maioria dos adultos raramente cede o controle às suas emoções com atitudes inapropriadas em público que levam anos para ser reparadas. Já outras sentem que suas emoções as estão impedindo de alcançar o tipo de vida que desejam, especialmente quando estão em questão os sentimentos que consideramos problemáticos, como raiva, vergonha e ansiedade. Com o tempo, nossas reações aos sinais do mundo real podem se tornar cada vez mais fracas e artificiais, tirando-nos do rumo, em vez de proteger nossos interesses. (David, Susan. 2018).
O autor Neves, 2024, propõe algumas situações: na primeira você está em um relacionamento com alguém que está sempre irritado e não consegue expressar seus sentimentos de forma clara. Isso pode gerar muitos conflitos e dificultar a comunicação entre vocês. Agora, pense em como seria diferente se essa pessoa tivesse desenvolvido sua inteligência emocional. Eles conseguiriam comunicar seus sentimentos de forma clara, resolver conflitos sem brigas constantes e apoiar-se mutuamente nos momentos difíceis. Essas habilidades fortalecem o vínculo entre eles e aumentam as chances de sucesso do relacionamento. Na segunda, a IE também desempenha um papel importante nas relações de trabalho. Pense em um ambiente onde as pessoas são capazes de controlar suas emoções e se comunicar de modo assertivo. Isso cria um clima organizacional mais positivo, onde os colaboradores se sentem mais motivados e engajados. A inteligência emocional é importante na liderança, já que quem ocupa um cargo de líder, seja como supervisor, gerente, coordenador, diretor ou gestor, necessariamente precisa se relacionar com seus liderados e tomar decisões difíceis no dia a dia. O líder com IE consegue atuar com outra postura, entender as necessidades da equipe, controlar as próprias emoções e reconhecer falhas e qualidades. Lembrando que possuem habilidades significativas de comunicação verbal e não verbal, o que permite expressar ideias e ouvir os outros de forma eficaz trazendo equilíbrio para a situação.
Segundo David, 2018, a mente humana é uma máquina de fabricar significados, e uma grande parte de ser humano envolve o esforço para encontrar coerência nos bilhões de informações sensoriais que nos rodeiam a cada dia. Nossa estratégia para encontrar essa coerência é organizar tudo o que vemos e ouvimos, bem como as experiências e os relacionamentos que rodopiam à nossa volta em uma narrativa coesa. As pessoas sem uma história realisticamente coerente, ou que têm uma história completamente desligada da realidade, podem ser rotuladas de “psicóticas”. Mas, embora a maior parte de nós talvez nunca escute vozes ou tenha ilusões, ao redigir o roteiro da nossa história somos todos flexíveis com a verdade. Às vezes nem mesmo nos damos conta de que estamos fazendo isso. A incrível facilidade para fundir sensações, contudo, também nos predispõe a ficar entediados mentalmente. Infelizmente, quase todos os nossos problemas, até mesmo a maior parte das coisas que nos ameaçam, são vagas e não passam de suposições que quase nunca acontecem verdadeiramente. Não passando apenas de inseguranças sem fundamento. Mas, por causa das emoções associadas, nossos pensamentos, até mesmo os cenários mais tranquilos do dia a dia projetados na nossa mente, tornam-se gatilhos que podem desencadear reações no “piloto automático” de grande ansiedade, apreensão e o sentimento de uma ameaça imediata.
DESENVOLVIMENTO
MÉTODO
A pesquisa tem abordagem qualitativa, com métodos de análises bibliográficas. Foram feitas coletas de informações em livros e artigos, com as observações necessárias para fundamentar a pesquisa.
ANÁLISE DOS RESULTADOS
Foram analisadas as formas e qualidades de relacionamentos vivenciados. E as emoções, portanto, são importantes para a racionalidade. Na dança entre sentimento e pensamento, a faculdade emocional guia nossas decisões a cada momento, trabalhando de mãos dadas com a mente racional e capacitando, ou incapacitando, o próprio pensamento. Do mesmo modo, o cérebro pensante desempenha uma função de administrador de nossas emoções, a não ser naqueles momentos em que elas lhe escapam ao controle e o cérebro emocional corre solto. Como dizia o neurocientista, Paul MacLean, 2007, temos “3 cérebros”: o cérebro reptiliano, que é nossa consciência irracional; o cérebro límbico, que é nossa consciência emocional; e o neocórtex, que é nossa consciência racional. Quando esses possuem uma boa inteiração, há um aumento dos dois quocientes, tanto o QI, quanto o QE, no entanto, com equilíbrio entre o racional e o emocional.
O nosso desempenho na vida é determinado pelas duas, não é apenas o QI. Deste modo, o intelecto não consegue dar o melhor de si sem a inteligência emocional. Canalizar emoções para um fim produtivo é uma aptidão mestra. Seja no controle de impulsos e adiamento da satisfação, no controle de nossos estados de espírito para que facilitem, em vez de impedir, o pensamento, motivando-nos a persistir e tentar de novo apesar dos reveses, seja na descoberta de formas para entrar em fluxo e com isso atuar com mais eficiência, tudo indica o poder da emoção na orientação do esforço eficaz. (Goleman, 2011)
As pessoas emocionalmente ágeis são dinâmicas. Demonstram flexibilidade ao lidar com o nosso mundo complexo e em constante mudança. Elas são capazes de tolerar níveis elevados de estresse e suportar reveses, permanecendo ao mesmo tempo envolvidas, abertas e receptivas. Elas compreendem que a vida nem sempre é fácil, mas continuam a agir de acordo com os valores que mais prezam e a perseguir seus grandes objetivos, aqueles de longo prazo. Elas continuam a sentir raiva, tristeza e tudo mais, mas enfrentam esses sentimentos com curiosidade, autocompaixão e aceitação. E, em vez de permitir que esses sentimentos as prejudiquem, as pessoas emocionalmente ágeis voltam-se de forma exitosa, com todas suas imperfeições, para suas ambições mais grandiosas.
O processo não envolve desconsiderar as emoções e os pensamentos incômodos, e sim encará-los de uma maneira relaxada, enfrentá-los com coragem e compaixão, e depois deixá-los para trás para fazer com que coisas importantes aconteçam na sua vida. O processo de adquirir agilidade emocional se desdobra em movimentos essenciais: (David, 2018)
– OLHAR DE FRENTE
Woody Allen, 2012, declarou certa vez que 80% do sucesso envolve simplesmente “olhar de frente” significa enfrentar voluntariamente seus pensamentos, emoções e comportamentos, com boa vontade, curiosidade e gentileza. Alguns desses pensamentos e emoções são válidos e apropriados ao momento que você está vivendo. Outros são velhos fragmentos imobilizados na sua mente, como aquela música que você vem tentando tirar da cabeça há várias semanas. Em ambos os casos, quer sejam reflexos precisos da realidade ou distorções prejudiciais, esses pensamentos e emoções são uma parte daquilo que somos, e podemos aprender a trabalhar com eles e seguir em frente. (David, 2018).
– AFASTAR-SE
O próximo elemento, depois de enfrentar seus pensamentos e emoções, é dissociar-se deles e observá-los para enxergá-los pelo que são; apenas pensamentos, apenas emoções. Ao fazer isso, criamos aquele espaço aberto e imparcial, entre nossos sentimentos e a maneira como reagimos a eles. Também podemos identificar os sentimentos incômodos enquanto os vivenciamos e descobrir maneiras mais apropriadas de reagir a eles. A observação imparcial evita que nossas experiências mentais transitórias nos controlem. A visão mais ampla que obtemos quando nos afastamos é o aprendizado de vermos a nós mesmos como um tabuleiro de xadrez, repleto de possibilidades, em vez de apenas uma das peças nesse tabuleiro, limitada a determinados movimentos predefinidos.(David, 2018).
– SER COERENTE COM SEUS MOTIVOS
Depois de ter organizado e acalmado nossos processos mentais e em seguida criado o espaço necessário entre os pensamentos e o pensador, podemos começar a nos concentrar mais naquilo que realmente nos interessa: nossos valores essenciais, nossas metas mais importantes. Reconhecer, aceitar e depois distanciar-nos das coisas assustadoras, dolorosas ou perturbadoras nos confere a capacidade de mobilizar mais a nossa parte que “enxerga mais longe”, que integra os pensamentos e os sentimentos a valores e aspirações de longo prazo, e pode nos ajudar a descobrir maneiras novas e melhores para chegar lá.(David, 2018).
A autoconsciência refere-se à consciência do processo de pensar, no sentido de permanente atenção ao que estamos sentindo internamente. Nessa consciência auto reflexiva, a mente observa e investiga o que está sendo vivenciado, incluindo as emoções.
CONCLUSÃO
O estudo acima permite concluir que, a mentalidade humana e o seu equilíbrio possuem relevância. Entendendo todas as fases do cotidiano e suas minúcias, compreendendo que, viver é saber lidar com todos os momentos e apreciá-los, sentindo as batidas do coração, mas sem perder-se nesse processo chamado equilíbrio emocional. A Inteligência emocional é uma habilidade intrinsecamente humana e vai além de processar informações de forma lógica. E essa, tornou-se um modo essencial para garantir não apenas o sucesso pessoal do ser humano, mas também acadêmico e profissional. A habilidade relacionar-se indica o quão bem uma pessoa é capaz de entender significados e situações emocionais, através da utilização de processos de memorização e codificação emocional. A capacidade de entender as emoções próprias e alheias, bem como a capacidade de prever novas emoções podem estar associadas com sentimentos de previsão e controle. É importante destacar que o desenvolvimento desta habilidade coincidiria com o aperfeiçoamento da linguagem e do pensamento proposicional, ou seja, ter planejamento das suas ações e falas. Vivemos em época onde problemas corriqueiros, viram situações complexas, cheias de incertezas e crises existenciais. A autoconsciência auxilia a encarar a mudança do ponto de vista de metas elevadas e de uma total transformação, percebemos também que pequenos ajustes deliberadamente impregnados em seus valores podem fazer uma enorme diferença na sua vida. Isso é especialmente verdade quando ajustamos as partes rotineiras e habituais da vida, as quais, por meio da repetição diária, passam a proporcionar um tremendo poder para a mudança. A capacidade de compreender, gerenciar e utilizar eficazmente as emoções torna-se importante para viver com qualidade de vida, “Mens sana in corpore sano”.
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1 (glaucinha1991@hotmail.com) Doutoranda em Ciências da Educação pela Universidad UNIDA, Mestre em Educação pela Universidad Del Sol, Pós-graduada em Gestão Escolar pela FTP e Graduada em Pedagogia pela UniCerrado. Atuante como Coordenadora Pedagógica no Centro Municipal de Educação Infantil.
2 (ricardo@debonis.com.br) Pós-Doutor pela Universidad Iberoamerica, Doutor pela Universidad Americana – Asunción (American University System, USA); Mestre pela Universidade Federal do Rio de Janeiro; MBA pela Universidade Gama Filho; Prof. das disciplinas “Ética na Pesquisa e na Produção Acadêmica” e “Metodologia da Pesquisa Científica”, na Universidad UNIDA (Asunción, PY).