REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8309939
Manoella Canaan-Cunha1
Simone Souza da Costa Silva2
Resumo
Esta revisão integrativa de literatura teve por objetivo realizar levantamento e caracterização dos instrumentos quantitativos de avaliação da qualidade da relação conjugal em pais de crianças com deficiência. O período de busca de artigos correspondeu aos anos de 2012 a 2022. Após as etapas de triagem e exclusão de artigos com base em critérios, foram selecionados 20 estudos empíricos. Os estudos foram apresentados considerando informações gerais e tipos de deficiência dos filhos investigados. Como resultados, foram identificados 15 instrumentos quantitativos de avaliação da relação conjugal, destacando-se aspectos como características gerais, dimensões da conjugalidade mensuradas, construtos que basearam sua criação, versões utilizadas por cada escala e inventário. Os instrumentos de maior incidência nesta revisão foram o Dyadic Adjustment Scale (DAS e RDAS), Couples Satisfaction Index (CSI), Dyadic Coping Inventory (DCI), Kansas Marital Satisfaction Scale (KMSS) e o Marital Adjustment Test (MAT) e suas respectivas versões. Encontrou-se que as dimensões de conjugalidade investigadas foram satisfação conjugal, ajustamento conjugal, coping diádico, estilo de apego adulto e estilo de atribuição no relacionamento, sendo que as três primeiras foram as mais recorrentes. Percebeu-se que a maior parte dos instrumentos foram criados na década de 80-90. Sugere-se que a larga variedade de instrumentos se dá pela imprecisão teórica em torno do conceito da qualidade conjugal e especialmente pela escassez de produção científica dessa temática no contexto da deficiência dos filhos. Por fim, destaca-se que não há instrumentos que contemplem a avaliação da conjugalidade considerando pais de crianças com alguma alteração no desenvolvimento.
Palavras-chave: qualidade conjugal; avaliação; instrumentos quantitativos; deficiência.
Abstract
This integrative literature review aimed to execute a survey and characterization of quantitative instruments for assessment of the quality of the marital relationship in parents of children with disabilities. The search period for articles corresponded to the years 2012 to 2022. After the steps of screening and exclusion of articles based on criteria, 20 empirical studies were selected, presented considering general information and types of disability of the investigated children. As a result, 15 quantitative instruments for assessing the marital relationship were identified, highlighting aspects such as general characteristics, dimensions of marital relationship measured and the constructs that based their creation, used by each scale and inventory. The most common instruments in this review were the Dyadic Adjustment Scale (DAS and RDAS), the Couples Satisfaction Index (CSI), the Dyadic Coping Inventory (DCI), the Kansas Marital Satisfaction Scale (KMSS) and the Marital Adjustment Test (MAT) and its respective versions. It was found that the marital dimensions investigated were marital satisfaction, marital adjustment, dyadic coping, adult attachment style and attribution style in the relationship, with the first three being the most recurrent. Was noticed that most of the instruments were created in the 80s and 90s. It is suggested that a wide variety of instruments are due to theoretical imprecision around the concept of marital quality and especially to the lack of scientific production on this topic in the context of children’s disabilities. Finally, it should be noted that there are no instruments that address the assessment of marital status considering parents of children with some developmental alteration.
Keywords: marital quality; assessment; quantitative instruments; disability.
Introdução
A chegada de uma criança implica na transição do subsistema conjugal para o parental e envolve expectativas, mudanças de papéis e de hierarquia, além do estabelecimento de novas relações no sistema familiar como um todo (MINUCHIN, S., 1982; MINUCHIN, P., 1985). A literatura aponta que as relações estabelecidas no subsistema conjugal repercutem nas relações parentais e vice-versa. A meta-análise de Erel e Burman (1995) com 68 artigos confirma a interdependência entre estes subsistemas familiares.
De fato, o subsistema conjugal ocupa um lugar diferenciado no contexto familiar, estruturando muitas das relações que se processam na família, especialmente em função dos cônjuges ocuparem o papel parental (SATIR, 1978). A função parental é extremamente importante, uma vez que influencia no desenvolvimento das gerações mais jovens (MINUCHIN; FISHMAN, 2007).
Neste sentido, as dificuldades identificadas em crianças e adolescentes podem estar relacionadas com a interação entre o funcionamento conjugal e parental. Esta compreensão se torna essencial quando se trata de crianças que apresentam alguma deficiência. Nesse contexto, os relacionamentos conjugais assumem um lugar diferenciado, uma vez que se trata de ambientes marcados por necessidades distintas, sendo necessário a atenção especial de pesquisadores e profissionais que atuam junto a este público.
As primeiras pesquisas sobre a qualidade da relação conjugal no contexto da deficiência podem ser observadas por volta dos anos de 1950 (Hartley et al., 2011) e de modo geral, apontam que os relacionamentos conjugais podem sofrer influência de múltiplos fatores (ANDRADE; TEODORO, 2012, PEREIRA-SILVA; DESSEN; BARBOSA, 2015) como comportamento da criança, estresse parental e satisfação no relacionamento (ROBINSON; NEECE, 2014). Percebe-se também na literatura a ênfase nas repercussões negativas do diagnóstico de deficiência do filho (GLENN, 1990; HARTLEY et al., 2011).
A despeito dos estudos sobre a conjugalidade no contexto da deficiência, observa-se uma escassez de pesquisas sobre a qualidade da relação conjugal. Rosado e Wagner (2015) realizaram uma revisão sistemática de literatura com 99 artigos para investigar os termos “satisfação, ajustamento e qualidade conjugal”. Este estudo detectou a escassa produção brasileira, uma vez que apenas 2 estudos nacionais foram localizados. Após a publicação da revisão de Rosado e Wagner (2015) destaca-se o estudo brasileiro de Azevedo, Cia e Spinazola (2019) que objetivou correlacionar as variáveis: relacionamento conjugal, rotina familiar, suporte social, necessidades e qualidade de vida de pais e mães de crianças com deficiência.
É possível que a baixa produção de estudos nacionais se deva em razão de duas importantes dificuldades que, embora distintas, são decorrentes uma da outra, a saber: dificuldade conceitual e instrumental. Em relação a dificuldade conceitual, compreende-se que a “qualidade conjugal” é um termo amplo, constituído por diferentes aspectos que permitem acessar a relação do subsistema conjugal (HARTLEY et al., 2011). Na revisão sistemática de Delatorre e Wagner (2020) foi observado que a comunidade científica utiliza diferentes termos para se referir a qualidade conjugal. Alguns dos conceitos mais utilizados para investigar essa temática são: satisfação, ajustamento, coping diádico, dentre outros.
A satisfação conjugal é um aspecto mensurado por meio de sentimentos, pensamentos e comportamentos em um relacionamento (HENDRICK, 1988). O ajustamento conjugal se dá com base nos fatores: tempo de duração do relacionamento, presença ou não de filhos, atração sexual entre o casal, papéis sexuais que cada um exerce, idade do casal, maturidade emocional e nível de comunicação que indicam o nível do ajustamento conjugal (SPANIER, 1976, CONSOLI; BERNARDES; MARIN, 2018). As estratégias de coping diádico são um conjunto de comportamentos adotados pelo casal diante de situações estressantes e que influenciam na avaliação da relação conjugal (BODENMANN, 2008a, MUSSUMECI; PONCIANO, 2018).
É possível que a inespecificidade conceitual contribua com as dificuldades metodológicas, particularmente aquelas que envolvem a escolha dos instrumentos, principalmente quando a qualidade conjugal é investigada no contexto da deficiência. Para enfrentar a dificuldade no campo instrumental, Delatorre e Wagner (2020) orientam que os pesquisadores estejam atentos a critérios específicos para escolha dos instrumentos, uma vez que medidas confiáveis são capazes de melhor mensurar o que se pretende. Para isso, é necessário investigar o processo de validação e confiabilidade ao qual os instrumentos foram submetidos e se estes condizem com a base teórica e conceitual de cada pesquisa, bem como definir um recorte metodológico adequado.
Em pesquisas sobre conjugalidade e parentalidade no contexto da deficiência dos filhos, é comum a aplicação de mais de um instrumento com o intuito de investigar os variados aspectos da vida do casal. A seleção das várias escalas se dá em função das variáveis pretendidas do estudo, portanto, quando se determina variáveis que não são passíveis de mensuração por meio de uma escala unidimensional, é preciso determinar vários instrumentos.
Com base no consenso bem consolidado da literatura que reconhece a interdependência entre a relação conjugal, parental e o desenvolvimento dos filhos, assim como nas dificuldades metodológicas encontradas pelos pesquisadores que investigam os relacionamentos conjugais, o presente estudo tem como objetivo realizar, por meio de uma revisão integrativa de literatura, um levantamento e caracterização dos instrumentos quantitativos de avaliação da qualidade da relação conjugal em pais de crianças com deficiência.
Metodologia
Este estudo seguiu a metodologia de revisão integrativa de literatura (RIL), que propõe a síntese do conhecimento a partir de algumas etapas pré-definidas. O presente estudo foi organizado considerando as seguintes etapas: elaboração da pergunta norteadora; busca em bases de dados; coleta de dados a partir de critérios; análise crítica dos estudos; discussão dos resultados; apresentação da revisão integrativa (SOUZA; SILVA; CARVALHO, 2010).
Elaboração da pergunta norteadora: considerando a temática abordada pelos estudos, os meios para a identificação e as informações coletadas, foi formulada a pergunta norteadora: “O que a literatura tem proposto como instrumentos quantitativos para avaliar a relação conjugal em pais de crianças com deficiência?” Essa pergunta envolve a definição dos participantes, as variáveis de interesse a serem analisadas e os resultados a serem mensurados, conforme propõe o método de RIL (SOUZA; SILVA; CARVALHO, 2010).
Busca de artigos em bases de dados: Foram utilizados os descritores Disability e Marital Quality e seus equivalentes para cada um dos termos principais, sendo respectivamente: Intellectual Disability e Marital adjustment; Dyadic Coping; Marital Satisfaction; Marital. Os artigos foram acessados por meio da plataforma de Periódicos CAPES. Posteriormente foi realizada a busca nas bases de dados onde os artigos selecionados estavam indexados, a saber: EBSCO; SCOPUS; SAGE; Web of Science; APA PsycNet; ScienceDirect e Springer.
Coleta de dados: O resultado encontrado na busca inicial no Periódicos CAPES, foi de 167 artigos, que foram submetidos ao Refinamento R1 e R2. O R1 foi aplicado por um juiz e selecionou 29 artigos. Este refinamento foi constituído pelas seguintes questões: a) estudos em formato de artigo empírico; b) estudos revisados por pares; c) possuir os termos “marital quality” (ou termos equivalentes) no título e “disability” (ou termos equivalentes) no título e/ou palavras-chaves; d) idiomas em português, inglês ou espanhol; e) artigos dos últimos 10 anos (2012-2022). O R2 foi composto por dois juízes com o objetivo de averiguar a correspondência ao tema abordado nesta revisão a partir da leitura dos resumos dos artigos e resultou na eliminação de 9 artigos, totalizando 20 estudos.
A avaliação dos juízes foi submetida ao cálculo do Índice de Concordância (IC) com o intuito de assegurar a confiabilidade dos artigos selecionados (POLIT; BECKER; HUNGLER, 2004). Este cálculo foi feito por meio da equação IC=A÷A+D×100, onde A representa as concordâncias entre juízes e D as discordâncias (Souza, Ramos, Pontes & Silva, 2016). O resultado do IC para esta RIL foi de 95%. O intervalo aceitável para o índice de concordância entre os juízes deve ser de no mínimo 0,80 e, preferencialmente, maior que 0,90 (SOUZA; ALEXANDRE; GUIRARDELLO, 2017).
A análise crítica dos artigos foi feita por meio da organização e categorização das informações em tabelas. Nessa etapa, os dados foram extraídos considerando os participantes (tipo de deficiência dos filhos), variáveis da conjugalidade investigadas pelos estudos, instrumentos utilizados e os resultados encontrados.
A discussão e apresentação dos dados consistiu na interpretação e síntese dos resultados dos artigos com foco nos instrumentos de avaliação da relação conjugal. Para este fim, utilizou-se o referencial teórico e as pesquisas relevantes sobre qualidade conjugal e parentalidade no contexto da deficiência dos filhos.
Resultados
Características gerais dos artigos
Esta revisão é composta por 20 artigos. Na tabela 1 são apresentadas as seguintes informações: número do artigo da revisão, título do artigo, autores, ano e o tipo de deficiência da criança.
Tabela 1: Informações gerais dos artigos
No do artigo | Artigo | Autores | Ano | Tipo de deficiência da criança |
A1 | Marital Satisfaction and Life Circumstances of Grown Children With Autism Across 7 Years | HARTLEY et al. | 2012 | Transtorno do Espectro Autista (TEA) |
A2 | Marital satisfaction and attribution style in parents of children with Autism Spectrum Disorder, Down Syndrome and non-disabled children | SANTAMARIA et al. | 2012 | Síndrome de Down e TEA |
A3 | Marital Relationship in Greek Families: Raising a Child with a Severe Disability | TSIBIDAKI | 2013 | Retardo Mental com comorbidade de Paralisia Cerebral ou Deficiências Múltiplas (motora e linguagem) |
A4 | Psychosocial Problems and Marital Adjustments of Families Caring for a Child with Intellectual Disability | KILIC et al. | 2013 | Deficiência Intelectual (não reportou os tipos) |
A5 | Marital satisfaction of Chinese mothers of children with autism and intellectual disabilities in Hong Kong | KWOK; LEUNG; WONG | 2014 | Síndrome de Down ou Deficiência Intelectual |
A6 | Respite Care, Stress, Uplifts, and Marital Quality in Parents of Children with Down Syndrome | NORTON et al. | 2016 | Síndrome de Down |
A7 | Supportive Dyadic Coping and Psychological Adaptation in Couples Parenting Children with Autism Spectrum Disorder: The Role of Relationship Satisfaction. | GARCÍA-LOPEZ et al. | 2016 | TEA |
A8 | Protective and Risk Factors of Marital Quality Among Parents of Children With ADHD | JAHANGIR; BATOOL | 2017 | Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) |
A9 | Relationship Satisfaction and Dyadic Coping in Couples with a Child with Autism Spectrum Disorder | SIM et al. | 2017 | TEA |
A10 | A Comparison of Marital Satisfaction of Mothers Raising a Child with Intellectual Disability versus a Child with Autism Disorder in Bahrain: Mixed Method Study | AL-SHIRAWI | 2018 | Deficiência Intelectual e TEA |
A11 | Hope, coping, and relationship quality in mothers of children with down syndrome | CLESS; GOFF; DURTSCHI | 2018 | Síndrome de Down |
A12 | A Prediction of the Resilience, Subjective Well-Being and Marital Adjustment of the Parents Having Children with Disabilities based on Psycho-Social Competence | PALANCI | 2018 | Deficiência auditiva, intelectual e TEA |
A13 | A Dyadic Model of Stress, Coping, and Marital Satisfaction Among Parents of Children With Autism | BROWN et al. | 2019 | TEA |
A14 | Distinguishing relational turbulence, marital satisfaction, and parenting stress as predictors of ineffective arguing among parents of children with autism | BRISINI; SOLOMON | 2020 | TEA |
A15 | Examining the Links Between Received Network Support and Marital Quality Among Mothers of Children with ASD: A Longitudinal Mediation Analysis | BENSON | 2020 | TEA |
A16 | Impact of Fathers’ Support on Marital Satisfaction and Caregiving Strain: Viewpoints of Mothers of Persons With Intellectual Disability in Hong Kong | LEUNG | 2020 | Deficiência Intelectual e TEA |
A17 | Analysis of the self-compassion and cognitive flexibility with marital compatibility in parents of children with autism spectrum disorder | SHAHABI; SHAHABI; FOROOZANDEH | 2020 | TEA |
A18 | Factors Influencing the Marital Adjustment and Life Satisfaction of Parents who Have Children with Disabilities | CAN; TUFEKCI | 2021 | Não especificado |
A19 | Trajectories of Marital Satisfaction among Parents of Youth with Spina Bifida | KRITIKOS et al. | 2022 | Espinha Bífida |
A20 | Association of Distress Tolerance and Mother-Child Interaction with Children’s Behavioral Disorders in Mothers of Children with Learning Disabilities: Mediating Role of Marital Quality | MOHAMMADIPOUR et al. | 2022 | Transtornos de Aprendizagem |
Fonte: elaborada pelas autoras (2023)
A análise dos dados revela que o tipo de deficiência dos filhos com maior incidência nessa amostra de artigos foi o Transtorno do Espectro Autista (TEA) (HARTLEY et al., 2012; SANTAMARIA et al., 2012, GARCÍA-LOPEZ et al., 2016, JAHANGIR; BATOOL, 2017, BROWN et al., 2019; BRISINI; SOLOMON, 2020; BENSON, 2020; SHAHABI et al., 2020), Síndrome de Down (SANTAMARIA et al., 2012; KWOK et al., 2014; NORTON et al., 2016; CLESS et al., 2018) e deficiência intelectual (KILIC et al., 2013; PALANCI, 2018; LEUNG, 2020).
O estudo de Hartley et al. (2012), por exemplo, buscou investigar a satisfação conjugal de 199 mães de crianças com TEA ao longo de 7 anos. Os resultados apontaram que a proximidade entre mãe-filho e a renda familiar tiveram um efeito significativo na satisfação conjugal, que por sua vez, teve sua variação significativamente medida em função dos problemas de comportamento do filho com TEA.
Alguns estudos consideraram mais de um tipo de deficiência dos filhos (SANTAMARIA et al., 2012; TSIBIDAKI, 2013; KWOK et al., 2014; AL-SHIRAWI, 2018; PALANCI, 2018; LEUNG, 2020) e outros adotaram metodologia de comparação do grupo de crianças com deficiência com pais de crianças sem deficiência (SANTAMARIA et al., 2012, TSIBIDAKI, 2013, KILIC et al., 2013, PALANCI, 2018, CAN; TUFEKCI, 2021). Em termos gerais, as evidências encontradas indicam que as características da deficiência desempenham um papel importante na percepção da relação conjugal quando comparado à percepção de pais de crianças típicas.
Instrumentos de avaliação da qualidade da relação conjugal no contexto da deficiência
Foram identificados um total de 15 instrumentos quantitativos para mensuração da qualidade da relação conjugal, utilizados nos 20 estudos dessa revisão. A tabela 2 apresenta informações considerando o nome e autor do instrumento original e ano de validação, os artigos que utilizaram o instrumento, versões utilizadas e autores, e por fim, as dimensões avaliadas.
Tabela 2: Informações dos instrumentos quantitativos para avaliação da conjugalidade
Instrumentos | Autor do instrumento original e ano de validação | Artigos, versões utilizadas e autores | Dimensão avaliada |
Dyadic Adjustment Scale (DAS-32, DAS-13, DAS-10 e DAS-7) | SPANIER, 1976 | A2: DAS-32 Versão italiana – Gentili et al. (2002) | Ajustamento diádico |
A7: DAS-13 -Versão traduzida – Bornstein e Bornstein (1988) e Validada por Santos-Iglesias et al. (2009) | |||
A19: DAS-10 (Versão original) | |||
HUNSLEY et al., 1995 | A15: DAS-7 (versão original) | ||
Revised Dyadic Adjustment Scale (RDAS) | BUSBY et al., 1995 | A6 (versão original) | Ajustamento diádico |
A11 (versão original) | |||
A20 (versão persa – Maroufizadeh et al. (2020) | |||
Revised Experiences in Close Relationships Questionnaire (RECRQ) | FRALEY et al., 2000 | A15 (versão original) | Estilo de Apego Adulto |
Ways of Coping Questionnaire-Revised | FOLKMAN; LAZARUS, 1989 | A8 (versão original) | Coping diádico |
Couples Satisfaction Index (CSI) | FUNK; ROGGE, 2007 | A8 (versão CSI-16) | Satisfação conjugal |
A9 (versão CSI-32) | |||
A11 (versão reduzida: CSI-4) | |||
Marital Satisfaction Questionnaire for Older Persons (MSQFOP) | HAYNES et al., 1992 | A1 (versão original) | Satisfação conjugal |
Μarital Happiness Scale | AZRIN; NASTER; JONES, 1973 | A3: Versão adaptada grega – Haind (2000) | Satisfação conjugal |
The Birtchnell Marital Partner Evaluation Scale (BMPES) | BIRTCHNELL, 1987 | A4 (versão original) | Ajustamento diádico |
Kansas Marital Satisfaction Scale (KMSS) | SCHUMM et al., 1983 | A13 (versão original) | Satisfação conjugal |
A5, A16 – Versão chinesa – Shek e Tsang (1993) | |||
Dyadic Coping Inventory (DCI) | BODENMANN, 2008b | A7 (versão espanhola – Falconier, Nussbeck e Bodenmann (2013) | Coping Diádico |
A9 (versão original) | |||
A13 (versão original) | |||
Relationship Attribution Measure (RAM) | FINCHAM; BRADBURY, 1992 | A10 (versão original) | Estilo de atribuição no relacionamento |
Marital Satisfaction Questionnaire | LAZARUS, 1989 | A10 (versão original) | Satisfação conjugal |
Marital Adjustment Scale | WEISSMAN; BOTHWELL, 1976 | A12: Versão turca – Tutarel Kışlak (1999) | Ajustamento diádico |
Marital Adjustment Test (MAT) | LOCKE; WALLACE, 1959 | A17 (versão original) | Ajustamento diádico |
A18: versão turca Kislak e Goztepe (2012) | |||
Quality Marriage Index | NORTON, 1983 | A14 (versão original) | Satisfação conjugal |
Fonte: elaborada pelas autoras (2023)
Observou-se que o período de maior publicação dos instrumentos foi entre 1980 a 1989. Os instrumentos mais recentes foram publicados na primeira década dos anos 2000: RECRQ (FRALEY et al., 2000), Couples Satisfaction Index (FUNK; ROGGE, 2007) e DCI (BODENMANN, 2008b). Não foram localizados instrumentos que tenham sido publicados após 2010.
A análise dos instrumentos permitiu organizar as dimensões da relação conjugal em 5 categorias: satisfação conjugal, ajustamento diádico e coping diádico, estilo de apego adulto e estilo de atribuição no relacionamento. Dessas, as 3 primeiras foram exploradas com maior frequência.
Dentre os 15 instrumentos, 5 obtiveram maior frequência de aplicação pelos estudos revisados, a saber: 1) Dyadic Adjustment Scale (DAS-32, DAS-13, DAS-10 e DAS-7 e sua versão revisada, R-DAS) (SANTAMARIA et al., 2012, GARCÍA-LOPEZ et al., 2016, NORTON et al., 2016, CLESS et al. 2018, LEUNG, 2020, BENSON, 2020, KRITIKOS et al., 2022, MOHAMMADIPOUR et al., 2022); 2) Couples Satisfaction Index (CSI) (JAHANGIR; BATOOL, 2017 e SIM et al., 2017, CLESS et al., 2018); 3) Dyadic Coping Inventory (DCI) (GARCÍA-LOPEZ et al., 2016, SIM et al., 2017 e BROWN et al., 2020); 4) Kansas Marital Satisfaction (KMSS) (KWOK et al., 2014, BROWN et al., 2019 e LEUNG, 2020); 5) Marital Adjustment Test (MAT) (SHAHABI et al., 2020 e CAN; TUFEKCI, 2021). Para fins de aprofundamento, nesta revisão, optou-se por descrever mais detalhadamente os estudos que utilizaram os cinco instrumentos com maior incidência, destacando as variáveis que foram analisadas e os principais achados dos estudos.
Dyadic Adjustment Scale
O instrumento DAS foi utilizado nas versões de 32, 13, 7 itens e a versão revisada R-DAS. O DAS-32 foi utilizado na versão italiana (GENTILI et al., 2002), tendo sido aplicada apenas a subescala “satisfação conjugal” por Santamaria et al. (2012) em pais de crianças com TEA, Síndrome de Down e com pais de crianças sem deficiência, tendo o objetivo de relacionar as variáveis “satisfação conjugal” e “estilo de atribuição no casal”, que por sua vez, significam os aspectos de causalidade e responsabilidade sobre os comportamentos negativos do parceiro (FINCHAM; BRADBURY, 1992). A consistência interna encontrada neste estudo variou de .48 a .95 nas diferentes subescalas. Os resultados do estudo demonstraram que o grupo de pais de crianças com TEA foi o grupo que obteve menor satisfação conjugal e um padrão de atribuição que se relaciona negativamente com o ajustamento conjugal.
O DAS-13 foi aplicado por García-Lopez et al. (2016) na versão em espanhol traduzida por Bornstein e Bornstein (1988) e validada por Santos-Iglesias et al. (2009). Este estudo foi realizado com mães e pais de crianças com TEA, com o objetivo de compreender a associação entre as variáveis satisfação conjugal, coping diádico de apoio, adaptação parental, estresse parental e bem-estar psicológico. A consistência interna da subescala satisfatória foi de .78. Os resultados desse estudo revelaram que a satisfação conjugal é um importante mediador das variáveis coping diádico de apoio e adaptação parental. Observou-se que, a despeito das mães apresentarem níveis mais altos de estresse do que os pais, aquelas que apresentaram níveis mais altos de satisfação conjugal experimentaram menos estresse parental e mais bem-estar psicológico (GARCÍA-LOPEZ et al., 2016).
A versão DAS-10 (SPANIER, 1976) foi utilizada pelo estudo de Kritikos et al. (2022), cujo objetivo foi examinar longitudinalmente a satisfação conjugal entre mães e pais de crianças/adolescentes com espinha bífida no período dos 8 aos 17 anos. A análise dos dados revelou alta confiabilidade (α = .90 para mães e .87 para pais) e apontou que a satisfação conjugal não variou significativamente em função da idade da criança, mas em função das demandas específicas de cuidados. Adicionalmente, o suporte familiar predisse alto impacto na satisfação conjugal, enquanto os sintomas de saúde mental predisseram um impacto mais baixo.
A versão DAS-7 (HUNSLEY et al., 1995) foi utilizada no estudo de Benson (2020), com o objetivo de avaliar os efeitos diretos e indiretos entre qualidade conjugal e a rede de apoio de mães de crianças com TEA. Este estudo ocorreu em três momentos com intervalo de 2 anos, obtendo-se alta confiabilidade (α = .89 na 1ª e 3ª aplicação e .90 na 2ª). Dentre os vários tipos de suporte analisados (do cônjuge, familiares e amigos) observou-se que o suporte do cônjuge foi o único que apresentou efeito direto positivo na qualidade conjugal, demonstrando o papel do companheiro e a importância da coparentalidade. Já o suporte dos familiares e amigos contribuiu com o bem-estar emocional das mães, tendo efeito indireto na qualidade da relação conjugal.
O RDAS foi utilizado no estudo de Norton et al. (2016), com mães e pais de crianças com Síndrome de Down, obtendo consistência interna para mães = .90 e pais = .87. Este estudo objetivou compreender a relação entre o tempo de descanso e de cuidado dedicado à criança com deficiência e o impacto na relação conjugal, investigando também os níveis de estresse do casal como possíveis mediadores. Os resultados revelaram que as horas de descanso foram negativamente relacionadas ao estresse da esposa e marido, que por sua vez, estava negativamente relacionado à qualidade conjugal (NORTON et al., 2016).
Couples Satisfaction Index
O instrumento CSI foi utilizado nas versões de 32 e 16 itens e versão reduzida de 4 itens. A versão original de 32 itens (FUNK; ROGGE, 2007) foi usada no estudo de Sim et al. (2017), que objetivou relacionar as variáveis coping diádico, satisfação conjugal, estresse parental e os dados sociodemográficos de pais de crianças com TEA. Os resultados mostraram que mais de dois terços da amostra apresentou satisfação conjugal adequada, associada a um baixo nível de estresse parental, uso de estratégias de coping diádico positivo e baixo nível de coping diádico negativo. Os autores não divulgaram dados de consistência interna para esta amostra, porém o estudo original de Funk e Rogge (2007) relatou consistência interna adequada (α = .94).
A versão do CSI-16 foi utilizada no estudo paquistanês de Jahangir e Batool (2017) com casais que eram pais de crianças com TDAH. Esse estudo examinou os fatores de proteção e risco nas relações conjugais, investigando se as variáveis sociodemográficas, coping e estresse dos pais estão correlacionados com a qualidade conjugal. Embora não tenham descrito o processo de adaptação ou tradução do CSI-16 para o idioma onde foi aplicado, os autores declararam terem obtido uma boa consistência interna para a amostra (α= .85). Os resultados revelaram que 20% de variância em qualidade conjugal foi predita pelas variáveis: coping focado no problema, estresse, renda, ordem de nascimento de uma criança e sexo da criança.
O CSI-4 de Funk e Rogge (2007) foi utilizado no estudo de Cless, Goff e Durtschi (2018), que teve como objetivo testar a esperança como mediadora da associação entre comportamentos de coping e qualidade conjugal de mães de crianças com Síndrome de Down. Os resultados indicaram um maior grau de estratégias de coping relacionadas à religiosidade, bem como o coping foi significativamente associado a mais esperança. Adicionalmente, encontraram que maiores níveis de esperança estão associados significativamente com maior qualidade conjugal. O estudo obteve alfa de Cronbach para essa amostra de .94 (CLESS; GOFF; DURTSCHI, 2018).
Dyadic Coping Inventory
O DCI foi utilizado na versão original (BODENMANN, 2008b) e na versão adaptada para a língua espanhola. A versão espanhola foi desenvolvida pela equipe de Falconier, Nussbeck e Bodenmann (2013) e foi utilizada por Garcia-Lopez et al. (2016), sendo aplicada apenas a subescala de coping diádico suportivo, cuja confiabilidade foi de .89. Este estudo teve por objetivo testar a hipótese de que a forma positiva de coping diádico fortalece sentimentos de confiança e intimidade mútuas e crenças de que o relacionamento conjugal é apoiante e útil em casais que criam filhos com TEA. Na análise dos resultados, esta hipótese foi confirmada e os autores acrescentam que este achado reforça que um casal satisfeito é um recurso importante na promoção de bem-estar psicológico em famílias de crianças com TEA (GARCÍA-LOPEZ et al., 2016).
Kansas Marital Satisfaction Scale
O Instrumento KMSS foi utilizado na versão original (SCHUMM et al., 1983) por Brown et al. (2019), cujo intuito foi investigar as relações entre coping diádico, satisfação conjugal e estresse parental no contexto de cuidado de uma criança com TEA. Além de apresentar α = .96, a análise dos dados obtidos com o KMSS apontou que o coping diádico foi positivamente associado com a satisfação conjugal. Coping diádico e satisfação conjugal foram negativamente associados ao estresse parental. Como principal achado, Brown et al. (2019) sugerem que o coping diádico funciona como uma variável mediadora importante para a satisfação conjugal e estresse parental de casais que criam filhos com TEA.
Marital Adjustment Test
O instrumento Marital Adjustment Test (LOCKE; WALLACE, 1959) foi utilizado na versão turca de Kıslak e Goztepe (2012) por Can e Tufekci (2021), tendo obtido α = .85. O objetivo deste estudo foi avaliar as variáveis “ajustamento conjugal” e “satisfação com a vida” de pais de crianças com e sem deficiência. Este estudo não encontrou diferenças significativas entre os grupos. As duas variáveis do estudo apresentaram associação positiva, o que indica que um ajustamento conjugal adequado prediz satisfação com a vida, enquanto casais desajustados apresentaram menor satisfação com a vida.
Discussão
Os dados desta revisão foram discutidos com foco nos instrumentos de avaliação da conjugalidade, destacando suas características gerais, os domínios investigados e construtos teóricos em que foram baseados.
Foi possível observar que alguns estudos dessa revisão realizaram a comparação entre grupos de crianças com diagnóstico e com desenvolvimento típico. Robinson e Neece (2014) enfatizam a tríade de influência entre comportamento da criança, estresse parental e satisfação no relacionamento. Hartley et al. (2011) corrobora com essa ideia na medida em que sugere que as dificuldades na conjugalidade relacionam-se mais com os problemas de comportamento da crianças e que algumas deficiências podem afetar mais o casamento e o estresse e bem-estar dos pais do que outras (HARTLEY et al., 2011).
Em conformidade com os achados dessa revisão, o estudo de Lima-Rodríguez et al. (2018) sobre os impactos da deficiência intelectual dos filhos apontou que a família pode ser afetada no seu funcionamento, na organização e distribuição de funções. Destaca-se que as deficiências caracterizam-se por impedimentos de longo prazo de natureza física, intelectual ou sensorial e que em interação com diversas barreiras, impedem a participação plena do indivíduo na sociedade, de acordo com a Convenção dos Direitos das Pessoas com Deficiência – ONU (2006).
Em síntese, a análise da literatura revela que a presença de uma criança com deficiência pode impactar de modo positivo e negativo a relação conjugal, não sendo possível generalizar os achados para todos os tipos de deficiência, haja vista que cada deficiência acarreta características peculiares no comportamento das crianças
Instrumentos de avaliação da qualidade conjugal
Nessa revisão, destacou-se os cinco instrumentos de maior incidência de aplicação (DAS, CSI, DCI, KMSS, e o MAT) à luz de características e padrão psicométrico, além de discutir as dimensões que basearam a construção dos instrumentos.
O DAS (SPANIER, 1976) é um instrumento norte-americano que busca mensurar o ajustamento conjugal e possui quatro versões: de 32, 13, 10 itens e a versão revisada com 7 itens. Este instrumento foi estruturado em 4 dimensões, a saber: consenso, satisfação, coesão e expressão de afeto. Cada dimensão corresponde a uma subescala, que pode ser utilizada de forma independente para avaliar uma dimensão específica ou em conjunto com as outras. A aplicação é individual e pode ser respondida por ambos os parceiros.
A versão original do DAS é composta por 32 itens, podendo gerar no máximo 151 pontos, cujo ponto de corte é 101 pontos (SPANIER, 1976). A versão do DAS-13 é constituída por 13 itens distribuídos em três subescalas: consenso, satisfação e coesão. A versão do DAS-10 corresponde à subescala de satisfação conjugal com 10 itens, já a versão reduzida do DAS consiste em uma escala de 7 itens, não possui subescalas e tem pontuações entre 0 e 36, com escores abaixo de 21 pontos sendo indicativo de uma relação conjugal desajustada (HUNSLEY et al., 1995). A versão revisada do DAS, a RDAS (BUSBY et al., 1995) é constituída por 14 itens e a pontuação pode variar de 0 a 70, com ponto de corte em 48 pontos (BUSBY et al., 1995).
Não obstante as críticas, a DAS e suas versões foram as de maior incidência nesta revisão e parecem ser um instrumento bem aceito pela comunidade acadêmica. Essa recorrência pode estar relacionada ao fato do autor Graham B. Spanier foi um dos precursores e mais relevantes pesquisadores na área de qualidade conjugal (DELATORRE; WAGNER, 2020). É possível que a aplicação da DAS em larga escala se deva também às inúmeras versões validadas em diferentes países como na Itália, Espanha, Turquia, entre outros.
O CSI foi desenvolvido nos Estados Unidos, mensura a satisfação no casal e possui versões de 32, 16 e a versão reduzida de 4 itens. A versão original de 32 itens pode gerar escores de 0 a 161 pontos, tendo como ponto de corte 105 pontos. A versão de 16 itens pode gerar até 81 pontos, sendo 52 o ponto de corte. Por fim, a versão reduzida de 4 itens é representada por uma escala do tipo Likert com 3 itens de 6 pontos é um item de 7 pontos e pontuações que variam de 0 a 21 e ponto de corte com score total em 13 (FUNK; ROGGE, 2007).
O Dyadic Coping Inventory (DCI) (BODENMANN, 2008b) é um instrumento de investigação do coping diádico, de origem alemã, composto por 37 itens distribuídos em seis dimensões divididas em estratégias adotadas individualmente (comunicação de estresse, coping diádico delegado, suportivo focado na emoção, focado no problema, de suporte e coping diádico negativo) e pelo casal (focado no problema e focado na emoção). Os itens são avaliados numa escala Likert de 5 pontos. A pontuação total do DCI é uma soma dos itens de 1 a 35 após a codificação reversa dos itens com chave negativa. A consistência interna entre as subscalas variaram de α -.71 a .92), o que significa dizer que apresenta consistência adequada/alta (BODENMANN, 2008b).
Desenvolvido nos EUA, o KMSS (SCHUMM et al., 1983) tem o objetivo de medir a satisfação conjugal. Constituído apenas por 3 itens, consiste em um instrumento unidimensional, em forma de escala Likert com 8 pontos, tendo como ponto de corte 13 pontos. Os autores reportaram Alfa de Cronbach de .89 e .93 para maridos e esposas, respectivamente.
O MAT (LOCKE; WALLACE, 1959) foi desenvolvido nos Estados Unidos e é uma escala de 15 itens que mede a satisfação conjugal. Este instrumento é considerado do tipo Likert, porém utiliza um sistema complexo que envolve diferentes pesos de pontuação para cada um dos 15 itens, incluindo itens com escala do tipo Likert de 7 pontos a 2 pontos. As pontuações totais variam de 2 a 158 e o instrumento obteve α=. 84 (LOCKE; WALLACE, 1959).
Dimensões e Construtos
Observou-se que os instrumentos adotados nos estudos desta revisão se propuseram investigar a qualidade do relacionamento conjugal com base em 5 aspectos da relação, a saber, satisfação conjugal, ajustamento conjugal, coping diádico, estilo de apego adulto e estilo de atribuição no relacionamento. Este achado se assemelha ao encontrado pela revisão de Delatorre e Wagner (2020), que encontrou algumas dimensões mais recorrentes, dentre elas, a satisfação conjugal como a mais comum.
Além da satisfação conjugal, Delatorre e Wagner (2020) encontraram outras dimensões como “comunicação ou interação”, paixão ou sexo, amor ou afeição, briga ou conflito, consenso e a coesão, confiança, comprometimento, manutenção saúde, ambivalência e assim por diante. De acordo com Delatorre e Wagner (2020), isso confirma a dificuldade conceitual quando se pretende investigar a qualidade do relacionamento conjugal. Deste modo, nesta revisão, para efeito de discussão foi dado destaque aos 3 domínios encontrados com maior frequência nos instrumentos analisados: ajustamento conjugal, satisfação conjugal e coping diádico.
Ajustamento Conjugal
O instrumento DAS avalia a dimensão do “ajustamento conjugal”, que em termos de construto, é tido como um processo ou avaliação. Há controversa na literatura sobre se este instrumento é unidimensional ou multidimensional (BUSBY et al., 1995). Conceitualmente, o termo “ajustamento” estaria ligado a um processo pelo qual os resultados são determinados pelos seguintes fatores: diferenças individuais, tensões interpessoais e ansiedade pessoal que resultam em problemas no casal, além de satisfação, coesão e consenso no casal (DELATORRE; WAGNER, 2020).
Apesar dos esforços para aprimorar a RDAS, Delatorre e Wagner (2020) afirmam que, como uma versão revisada, o instrumento usa o mesmo conceito, alterando apenas a organização hierárquica do construto e ainda acrescentam que há uma mistura de itens de descrição e de avaliação do casal, além de correlacionar construtos diferentes, como por exemplo, ajustamento e comunicação.
Satisfação Conjugal
A variável “satisfação conjugal” foi investigada pelos instrumentos CSI e KMSS. Conceitualmente, as trocas sociais e modelos de aprendizagem social de satisfação conjugal preveem que a mesma tem um efeito causal bidirecional com a satisfação com a vida, satisfação percebida do cônjuge e comportamentos desagradáveis (HAYNES et al., 1992). Dito isto, é interessante notar que a variável “satisfação conjugal” reflete outras características muito importantes da relação, tais como “apoio social, expressão de afeto, habilidade de comunicação, resolução de problemas e o grau relativo de prazer e desprazer associado ao relacionamento” (HAYNES et al., 1992, p.473).
Percebeu-se que muitos instrumentos que buscam mensurar a variável “satisfação conjugal”, como é o caso do Couples Satisfaction Index, incluíram no protocolo para testagem da validade de critério os instrumentos MAT (Marital Adjusment Test – LOCKE; WALLACE, 1959) e DAS, pois de acordo com Funk (2000), esses instrumentos são capazes de produzir resultados correlacionais quase idênticos se tratando da satisfação no relacionamento. Já no instrumento MAT, o conceito de “ajustamento conjugal” ´é apresentado por Locke e Wallace (1959, p. 251) apenas como uma “acomodação de marido e mulher para uns aos outros em um determinado momento”.
Ressalta-se que as escalas MAT e DAS são as duas mais utilizadas mundialmente para mensurar a qualidade conjugal, ainda que contenham “quantidades surpreendentemente baixas de informações e níveis relativamente altos de erro de medição ou ruído” (FUNK, 2000, p.580).
Coping Diádico
Já a dimensão de coping diádico refere a um conceito multidimensional que abarca alguns subtipos, tais como: coping diádico de apoio, delegado, negativo e conjunto (Ledermann et al., 2010). Ribeiro e Santos (2001, p. 495) evidenciam dificuldades para determinar o seu construto “dado o coping depender da característica das pessoas, dos acontecimentos para os quais se utilizou as estratégias de coping e do contexto em que ocorreu”. Para testar a validade de construto, o DCI foi correlacionado a outras dimensões de qualidade conjugal, em especial a comportamentos de comunicação estressante (LEDERMANN et al., 2010).
Por fim, percebeu-se que há maior concentração de instrumentos publicados entre os anos de 1980 e 1989. O fato desses instrumentos terem sido desenvolvidos ainda no século XX pode representar um problema, visto que os fatores que afetam diretamente na avaliação da qualidade no relacionamento podem ter-se alterado com o passar dos anos e com o avanço da tecnologia. Destaca-se que muitos instrumentos não passaram por processo de revalidação, o que pode pressupor medidas psicométricas defasadas. As principais propriedades que indicam qualidade psicométrica adequada são a confiabilidade e a validade dos instrumentos.
É preciso considerar que o avanço da internet e das mídias sociais digitais acelerou a rotina das pessoas e modificou os padrões de comunicação e interação social, permitindo criar novas habilidades sociais nesse contexto (BOECHAT; CABRAL; SOUZA, 2018). Nesse sentido, a dinâmica das relações amorosas vêm se transformando de modo que alguns construtos da época em que os instrumentos foram formulados (décadas de 1970, 80 e 90 do século passado) podem não ser mais capazes de reproduzir o contexto e os modos de se relacionar atualmente.
Conclusão
Esta revisão integrativa de literatura buscou integrar os dados das pesquisas que tratam de qualidade conjugal e parentalidade no contexto da deficiência dos filhos, destacando-se os instrumentos quantitativos utilizados especificamente do âmbito conjugal.
Observou-se que a maioria dos instrumentos buscou um padrão mais objetivo, do tipo quantitativo e psicométrico. Essa perspectiva objetiva, apesar de vislumbrar um entendimento padronizado, por outro lado, não permite o alcance de características mais profundas, que poderiam ser acessadas a partir de uma medida qualitativa. Alguns instrumentos são mais bem aceitos pela comunidade acadêmica a despeito de seu uso em larga escala, como é o caso do DAS e MAT. Não há instrumentos de avaliação da conjugalidade especificamente para casais que possuem filhos com deficiência. Essa variável costuma ser investigada de forma complementar por outras medidas.
Algumas limitações foram encontradas no decorrer da realização desta pesquisa. Em relação a limitação metodológica, foram realizadas buscas com os termos em português, no entanto, não houveram artigos disponíveis, o que corrobora com a escassez de pesquisa neste tema, principalmente no Brasil. Outra limitação foi organizar os resultados tendo sob controle apenas o domínio conjugal, já que a mensuração da qualidade conjugal no contexto da deficiência envolve muitas variáveis.
A comunidade científica recomenda que pesquisas futuras incluam a medida de ambos os membros do casal, além de coleta de dados com a criança com deficiência e dos irmãos, se houverem, pois é preciso considerar a complexa rede de inter-relações existentes nos subsistemas familiares. Sugere-se que sejam feitos estudos de revisão englobando medidas de investigação das características comportamentais da criança, para que se possa vislumbrar futuramente a criação de um instrumento de avaliação específico da conjugalidade envolvendo pais de crianças com alguma alteração no desenvolvimento.
A organização dos instrumentos em categorias (dimensões da qualidade conjugal) aponta para a indefinição de um conceito único e aceito amplamente. Isto pode justificar a enorme quantidade de instrumentos que avaliam aspectos muito semelhantes ou iguais. Acredita-se que a variedade de termos confirma e acentua a dificuldade de sistematizar as pesquisas em qualidade conjugal.
O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Brasil (CAPES) – Código de Financiamento 001.
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1Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Teoria e Pesquisa do Comportamento (PPGTPC) da Universidade Federal do Pará, Belém – PA, Brasil. E-mail: manoellacanaan@hotmail.com ORCID: https://orcid.org/0000-0002-7031-5222
2Professora do Programa de Pós-graduação em Teoria e Pesquisa do Comportamento (PPGTPC) da Universidade Federal do Pará, Belém – PA, Brasil. E-mail: symon.ufpa@gmail.com ORCID: https://orcid.org/0000-0003-0795-2998