INSTITUTO DE EDUCAÇÃO DE PARANAGUÁ: MEMÓRIA DA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO NO LITORAL DO PARANÁ

INSTITUTE OF EDUCATION OF PARANAGUÁ: MEMORY OF HISTORY OF EDUCACION ON THE COAST OF PARANÁ

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/pa10202411250813


Andressa Ramos Jacó1
Erica Piovam de Ulhôa Cintra2


Resumo

O Instituto de Educação de Paranaguá, localizado no litoral do Paraná, é uma das três instituições criadas à época da governança do Dr. Caetano Munhoz da Rocha, que dá nome à instituição. Inaugurado em 29 de julho de 1927 como Escola Normal de Paranaguá, o edifício foi projetado no estilo neoclássico e rapidamente se tornou um dos mais importantes centros educacionais da região. Mais tarde, recebeu o nome do Dr. Caetano Munhoz da Rocha, presidente do Estado do Paraná de 1924 a 1928, que promoveu diversas obras públicas no interior, incluindo a construção da escola. Em 1952, a instituição passou a se chamar Escola Secundária Dr. Caetano Munhoz da Rocha, e em 1967, recebeu a denominação atual, consolidando-se como um dos pilares do ensino no Estado. Ao longo dos anos, o Instituto de Educação Dr. Caetano Munhoz da Rocha passou por várias transformações, mas sempre manteve seu compromisso com a excelência acadêmica e a formação de cidadãos conscientes e críticos. Elementos de sua história são aqui trazidos por meio de fotografias de memorialistas, alunas e professores, que auxiliam a compor as peças de um breve itinerário que não pode acessar os arquivos institucionais. O Instituto de Educação Dr. Caetano Munhoz da Rocha é considerado um dos colégios modelo do Paraná e representa uma parcela importante da história de Paranaguá.

Palavras – chaves: Escola Normal. Educação. História. Paranaguá. Século-XX.

INTRODUÇÃO

O presente artigo de pesquisa em história da educação, vinculado ao Projeto de Pesquisa História da Educação – Histédiice/Unespar, desenvolvido na perspectiva de história das instituições escolares, procura reunir alguns elementos que permitam compreender a história da escola normal em Paranaguá nas primeiras décadas do século XX. A presente investigação tem ênfase na pesquisa bibliográfica e documental, em especial, fotografias de memorialistas, como professores e egressas da instituição, periódicos, e documentos oficiais, para entender o magistério como instância de formação à jovem mulher dos séculos XIX e XX, procurando situar a criação do Instituto de Educação Dr Caetano Munhoz da Rocha, de Paranaguá, e compreender os elementos da história da escola normal no litoral do Paraná.

1. ESCOLA NORMAL OU MAGISTÉRIO:  educação e trabalho para a jovem mulher do século XX     

De acordo com HAHNER (2011), a escola normal e o magistério desempenharam papéis fundamentais na formação de professores no Brasil durante os séculos XIX e XX, impactando significativamente, a vida das jovens mulheres que teriam, na educação das séries elementares, uma oportunidade efetiva de trabalho.

A escola normal, iniciada, no Brasil, no final do século XIX, é predecessora do que hoje entendemos por magistério, que é uma instituição de ensino voltada para a formação de professores, com o objetivo de preparar homens e também mulheres para atuar como docentes nas escolas de ensino elementar, ou como hoje conhecemos por Educação Infantil e séries iniciais do Ensino Fundamental.

Nessa formação, estudam-se disciplinas pedagógicas, fundamentos educacionais, métodos de ensino e práticas educacionais, concorrendo para a constituição de uma base sólida formativa para a carreira no magistério.

O cenário desenhado na primeira metade do século XIX, sob o impacto das primeiras leis de Instrução Pública, demarcou a expansão da educação feminina em quase todos os países do mundo. Não obstante, o percurso para a incorporação das mulheres à rede educativa e aos diferentes níveis de ensino foi lento e problemático. Ademais, esse percurso exigiu confrontar o viés masculino e de classe do sistema educacional. (PRÁ e CEGATT, 2016).

O magistério, ao lado da enfermagem, por exemplo, representava a profissão possível à jovem mulher num tempo em que a sua inserção nesse universo de trabalho ou à rede educativa foi “lenta e problemática”, porém essencial para a sociedade, pois as professoras formadas nas escolas normais se tornaram responsáveis por educar as crianças pequenas moldando o futuro das novas gerações.

As jovens mulheres enfrentaram desafios ao ingressar no magistério como oportunidade de trabalho, seja pela baixa remuneração, a falta de reconhecimento, pois dificelmente ascendiam ao cargo de diretoria, e as condições precárias de trabalho. No entanto, foi com a persistência dessas mulheres que compreenderam ali a oportunidade de sua inserção para o mercado de trabalho e o desenvolvimento do país que as coisas foram mudando paulatinamente: “O magistério primário tornou-se coisa de mulher.” (TAMBARA, 1998).

A feminização do magistério, especialmente, dos níveis iniciais, segundo WERLE (2005), ocorreu à medida que mais mulheres assumiram os espaços anteriormente ocupados pelos homens. No entanto, a luta por melhores condições de trabalho e a busca por igualdade de gênero também foram parte desse movimento. E as professoras formadas nas escolas normais deixaram um legado duradouro ao moldar mentes, inspirar os alunos e contribuir para o desenvolvimento de uma sociedade mais justa e igualitária.

Figura 1. Educar e instruir, a Escola Normal de Petrópolis, no Rio de Janeiro, de 1888 a 1914. Fonte:AGCRJ

A figura 1, que ilustra a primeira Escola Normal criada no Brasil, segundo TANURI (1992), destaca a importância de uma instituição profissionalizante para a formação de jovens mulheres no final do século XIX. Entender essa história é essencial, pois permite traçar comparativos com a pesquisa realizada na escola e a história de outras escolas congêneres no Brasil, como em Paranaguá.

A primeira escola normal brasileira foi estabelecida na cidade de Niterói, no Rio de Janeiro, em 1835. Nesse curso objetivava-se formar professores para o magistério do ensino primário, sendo oferecido em cursos públicos de nível secundário, equivalente ao atual Ensino Médio. Após a criação desta escola no Município da Corte, diversas Províncias seguiram o exemplo e fundaram suas próprias escolas normais preparando seu contingente docente para suas escolas primárias.

Desde então, o movimento de criação de escolas normais no Brasil passou por várias fases de afirmação e reformulação. Apesar desses desafios, o ensino normal se consolidou como uma instituição pública fundamental, atravessando a República e permanecendo até os dias atuais como a principal formadora de quadros docentes para o ensino elementar em todo o país.

2. INSTITUTOS DE EDUCAÇÃO: as principais instituições de ensino do magistério no Brasil e suas especificidades

Os primeiros Institutos de educação no Brasil surgiram no final do século XIX em resposta à necessidade de formar professores para acompanhar a expansão do sistema educacional. Inicialmente conhecidos como escolas normais, esses institutos foram essenciais para a profissionalização do magistério, oferecendo cursos que preparavam os professores para atuar na educação básica.

O Instituto de Educação do Rio de Janeiro (IERJ), por exemplo, fundado em 1880, conhecido como a “Escola Normal da Corte”, é uma das instituições de ensino mais antigas do Brasil. Sua criação foi um marco no movimento de qualificação dos professores no país. Ao longo dos anos, o IERJ destacou-se pela excelência acadêmica e pela inovação pedagógica, sendo pioneiro na implementação de métodos pedagógicos modernos e na promoção da pesquisa educacional. Localizado na então capital federal, teve grande influência nas políticas educacionais nacionais e adaptou-se continuamente às mudanças no cenário educacional, oferecendo cursos de formação inicial, continuada e especializações. (TANURI, 1970; VILELA, 1992).

O Instituto de Educação de São Paulo (IESP), por sua vez, criado em 1934, foi fundamental na modernização do sistema educacional paulista. Desde a sua fundação, o IESP focou na formação integral do professor, aliando teoria e prática pedagógica. A estreita ligação com a Universidade de São Paulo (USP) fortaleceu sua base acadêmica e de pesquisa. O IESP ofereceu cursos voltados para a educação básica e o ensino médio, além de programas de pós-graduação, tornando-se um centro de desenvolvimento e disseminação de novas práticas pedagógicas e curriculares. (EVANGELISTA, 2001).

Já o Instituto de Educação de Minas Gerais (IEMG), fundado em 1906, localizado na capital Belo Horizonte, desempenhou um papel central na formação de professores para as redes pública e privada de ensino no estado. A proximidade com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a exemplo de São Paulo, também enriqueceu sua oferta de cursos e projetos de pesquisa. O IEMG destacou-se pela ênfase na formação continuada e atualização profissional dos professores e desempenhou um papel significativo no desenvolvimento de políticas educacionais em Minas Gerais. (IEMG – ATSPACE).

Os Institutos de Educação no Brasil compartilham alguns elementos comuns, como a missão de profissionalizar e qualificar a carreira docente, contribuindo para a modernização do ensino e a implementação de novas práticas pedagógicas. Todos tiveram influência significativa nas políticas educacionais locais e nacionais e adaptaram-se às mudanças nas políticas educacionais, oferecendo formação inicial, continuada e programas de especialização. No entanto, cada instituto possui elementos únicos que os distinguem.

Figura 2. Vista lateral doInstituto de Educação do Paraná, em Curitiba.

Fonte: Brasil, bens tombados, 2004.

O Instituto de Educação do Paraná (IEP), conforme a Figura 2, situado em Curitiba, na capital paranaense, é uma instituição histórica e emblemática no cenário educacional do estado, destacando-se pela formação de professores e pela promoção da qualidade educacional ali envidada. Fundado em 1876, como Escola Normal de Curitiba, o IEP teve como objetivo inicial a profissionalização do magistério em um período de expansão da educação formal no Brasil. Apesar dos desafios iniciais de infraestrutura e recursos, a escola rapidamente se consolidou como um centro de excelência na formação de professores. (IWAYA, 2001).

Ao longo do século XX, o IEP passou por diversas transformações. Na década de 1920, influenciado pelas reformas educacionais nacionais renovadas, adotou novos métodos pedagógicos e ampliou sua infraestrutura. Em 1938, foi oficialmente transformado em Instituto de Educação do Paraná, assumindo uma nova identidade e ampliando seu papel na formação de educadores. Nas décadas seguintes, o IEP expandiu sua atuação, oferecendo cursos de formação continuada e especializações para professores. (BLOG – Instituto de Educação Erasmo Pilotto, s./d.).

A instituição destacou-se pela implementação de práticas pedagógicas inovadoras e pelo compromisso com a pesquisa educacional, fortalecendo sua base acadêmica por meio de parcerias com a Universidade Federal do Paraná (UFPR) e outras instituições. O IEP também desempenhou um papel significativo na promoção da cultura e na valorização das artes em Curitiba, sendo um centro de efervescência cultural que promoveu eventos, exposições e atividades artísticas, envolvendo a comunidade local. Além disso, foi um espaço de reflexão e debate sobre questões educacionais e culturais, contribuindo para o desenvolvimento de uma consciência crítica e engajada entre seus alunos e professores.

Reconhecido por sua contribuição na formação de educadores de excelência que atuam em todo o estado do Paraná, o IEP se destaca pela ênfase na formação integral dos professores, aliando teoria e prática pedagógica. Adaptando-se às mudanças nas políticas educacionais e às demandas da sociedade, o IEP mantém-se relevante no ensino na região, com um legado visível na qualidade dos profissionais formados e na influência exercida nas práticas pedagógicas das escolas paranaenses.

3. INSTITUTO DE EDUCAÇÃO DE PARANAGUÁ: memória da história da educação no litoral do Paraná

No dia 29 de julho de 1927, Paranaguá testemunhou a inauguração de um dos mais importantes marcos educacionais de sua história: a Escola Normal de Paranaguá, hoje conhecida como Instituto de Educação Dr. Caetano Munhoz da Rocha. Este edifício, projetado no estilo neoclássico e conhecido por sua imponência e elegância, abrigou gerações de estudantes, professores e colaboradores que, com dedicação e esforço, ajudaram a construir uma sociedade mais equitativa, democrática e inovadora. (Jornal Folha do Litoral, 2024).

Fìgura 3. Perspectiva do Instituto de Educação Dr. Caetano Munhoz da Rocha, Paranaguá, s./d.

Fonte: PORTAL LITORAL DO PARANÁ

À princípio, a proposta de pesquisa alcançaria os arquivos institucionais com a finalidade de levantar a lista dos primeiros professores, os nomes de famílias dali participantes, os relatórios das reuniões administrativas, as fotografias mantidas ao longo do tempo, entre outras possibilidades que a guarda documental oferece à história de um tempo e lugar. Contudo, o acesso não nos foi franqueado sob a justificativa de não ter ali nada que interessasse pesquisar ou que estivesse disponível para consulta. Logo, temos observado com recorrência essa situação que tem sido uma barreira muito comum na busca da história das instituições escolares em Paranaguá, seja pelo mau acondicionamento dos poucos materiais relevantes disponíveis, quando existentes, seja pelo aparente descaso em compor um acervo para a memória institucional. Tivemos de readequar a caminhada para aquilo que pudesse ser encontrado fora da instituição, e para isso, foi possível encontrar  fotografias de memorialistas, de instituições de memória e de jornais de repercussão ou redes sociais, aos quais passamos a destacar.

À figura 3, destaca-se o belo edifício do Instituto de Educação de Paranaguá, na região central do município, inaugurado em 29 de julho de 1927, como Escola Normal de Paranaguá, com o tempo, passou por transformações significativas: em 1952, adotou o nome do Dr. Caetano Munhoz da Rocha, presidente do Estado do Paraná de 1924 a 1928, que promoveu diversas obras públicas, incluindo a construção da escola, porém acrescido à denominação da instituição apenas em 1967. O Instituto de Educação Dr. Caetano Munhoz da Rocha, é um marco histórico na educação do litoral do Paraná e é considerado um dos colégios modelo do Paraná.

O edifício, situado em um terreno elevado, é conhecido por sua imponência e pela qualidade de sua arquitetura; projetado no estilo neoclássico, inclui pinturas murais, vitrais e uma escadaria interna original em madeira maciça, o mesmo desenho pode ser observado nos Institutos de Educação de Curitiba e de Castro, onde foram mandados erguer como sinal de modernidade da educação no Paraná. (CORREIA, 2013). No caso de Paranaguá, o Instituto se tornou um dos mais importantes centros educacionais da região. Há poucos anos, o governo do Estado realizou a restauração do prédio, destacando sua decoração interna e preservando seus componentes históricos. Atualmente, o Instituto de Educação Dr. Caetano Munhoz da Rocha oferece outros cursos profissionalizantes além do magistério, que ainda mantém ativo, como: administração, desenvolvimento de sistemas, e recursos humanos.

Definitivamente, o Instituto de Educação de Paranaguá representa um marco significativo na história educacional do litoral paranaense. Fundado com o objetivo de formar professores e promover a educação básica na região, o Instituto desempenhou um papel importante no desenvolvimento cultural e social de Paranaguá. Nos primeiros anos do Instituto de Educação de Paranaguá, a falta de recursos financeiros e materiais foi um desafio significativo, materiais didáticos limitados dificultavam a implementação de um ensino de qualidade. A formação inicial dos professores também foi um desafio. Na época, havia poucos cursos de formação docente, e muitos professores ingressavam na profissão sem a preparação adequada, o que afetava a qualidade do ensino oferecido na cidade e região.

As constantes mudanças nas políticas educacionais brasileiras exigiam que os institutos de educação em todo o país se adaptassem rapidamente. A falta de continuidade nas diretrizes educacionais tornava difícil a implementação de um currículo consistente e a longo prazo. A desvalorização da profissão docente, tanto em termos salariais quanto de reconhecimento social, era um obstáculo significativo. Isso impactava a motivação dos professores e dificultava a atração de novos talentos para a educação. Além disso, a barreira geográfica e a ausência de transporte adequado dificultavam o acesso dos alunos ao Instituto de Paranaguá. O forte apoio da comunidade local foi uma das maiores possibilidades para o crescimento do Instituto local. A mobilização de pais, líderes comunitários e autoridades locais ajudou a superar algumas das limitações iniciais de recursos e infraestrutura. Estabelecer parcerias com outras instituições de ensino superior, como a Universidade Federal do Paraná (UFPR), possibilitou a troca de conhecimentos e a oferta de programas de formação continuada para os professores do Instituto.

 O início do Instituto de Educação de Paranaguá foi marcado por desafios significativos, mas também por inúmeras possibilidades que pavimentaram o caminho para seu desenvolvimento e consolidação como uma instituição de referência no litoral do Paraná. A esse público, a possibilidade da continuidade da formação de professores no ensino superior junto à antiga FUNFAFI, depois FAFIPAR, hoje UNESPAR, a Universidade Estadual do Paraná, em prédio contíguo ao Instituto, onde funcionou também, antes da universidade, o Ginásio de Esportes do Instituto e o Colégio Estadual José Bonifácio, e estende o compromisso da formação de professores para os quadros das instituições escolares de Paranaguá e região.

Figura 4. A 1ª turma de formandos da FUNFAFI, depois Fafipar, e atual Unespar,  nas escadarias do Instituto de Educação de Paranaguá. Foto: Zildinha de Freitas Barbosa.

Fonte: IHGP, postagem Facebook, 20 out. 2024.

A Figura 4, apresenta a bela fotografia do ano de 1963, nas escadarias do Instituto de Educação “Dr. Caetano Munhoz da Rocha”, em Paranaguá, da primeira turma de formandos da FUNFAFI, a Fundação Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Paranaguá, depois FAFIPAR, e atual UNESPAR, Universidade Estadual do Paraná: o início do ensino superior em Paranaguá, no litoral do Paraná. Anteriormente, os interessados em estudar o ensino superior teriam de se locomover para Curitiba (sentido norte), ou para Santa Catarina (sentido sul); a criação da Funfafi na cidade elimina essa movimentação pelas estradas.

É preciso mencionar que o registro da Figura 4, em menor qualidade e rasurada com elementos escritos de modo muito destacado sobre a foto, também compõe o Acervo digital do Professor Wistuba, no canal do Facebook, ele que é atual professor aposentado do curso de História da Unespar em Paranaguá e que posta amiúde fotografias históricas e comenta cenas e personagens da cidade com bastante propriedade. Nesse seu conjunto de registros disponíveis na internet, encontram-se outras raridades, como a fotografia da inauguração da Escola Normal de Paranaguá ocorrida em 29 de julho de 1927:

Figura 5. Inauguração do Instituto de Educação de Paranaguá em 1927.

Fonte: Acervo digital do Prof.Wistuba.

A imagem, um tanto desfocada, registra os alunos enfileirados no seu exterior, e aglomerados na parte interior da murada, no dia da inauguração da Escola Normal, atual Instituto de Educação Dr. Bento Munhoz da Rocha,  de Paranaguá, em 29 de julho de 1927. Nessa mesma data, Paranaguá comemorava a efeméride do ano de 1648, isto é, 279 anos (hoje, 376) de elevação do povoado à categoria de Vila de Nossa Senhora do Rosário de Paranaguá. Como o prédio encontra-se na área central da cidade, esse cenário já está todo alterado e seu entorno encontra-se ombreado por ruas e demais adjacências comerciais e públicas, como o terminal urbano de transporte coletivo da cidade, a secretaria de saúde, o posto do correios, etc.

Figura 6. Planta baixa do edifício do Instituto de Educação de Paranaguá.

Fonte: Acervo digital do Prof.Wistuba.

Na Figura 6, demos destaque ao plano de construção, a planta baixa do edifício composto por 2 pavimentos, do mesmo modo que os desenhos dos edifícios de Curitiba e de Castro, eregidos ao mesmo tempo. (CORREIA, 2013).

Figura 7. Encontro das formandas de 1969 do Instituto de Educação de Paranaguá.

Fonte: Folha do Litoral, 2019.

Recentemente, os periódicos locais noticiaram o encontro da turma de formandas, do Instituto de Educação Dr. Caetano Munhoz da Rocha, do ano de 1969, turma conhecida por manter informações de seus encontros e viagens nas redes sociais da internet. Na foto, observamos a turma em situação descontraída com seu uniforme composto por saia, camisa branca e gravata, tendo ao fundo a cidade de Paranaguá com destaque à Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário, à esquerda.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao longo da investigação, foi possível notar que o Instituto não apenas se destacou na formação de educadores e outros profissionais necessários à sua época, mas também funcionou como um centro de convergência cultural e social para a população de Paranaguá. Sua trajetória está alinhada com as mudanças políticas e sociais do Estado e do Brasil, estando profundamente conectada aos avanços e desafios da educação pública paranaense.

Muito embora a presente investigação não tenha conseguido acesso aos arquivos escolares do Instituto de Educação de Paranaguá que permitissem realizar um levantamento mais acurado de informações de sua trajetória histórica, pela razão manifesta de ali não existir esse acervo por ter sido enviado a capital1, foi possível reunir fragmentos dessa história que circulam como memórias de um tempo e lugar de sociabilidade e de afetividade, por professores e alunos que participaram daquele ambiente educativo, permitindo assim reunir esses elementos para esboçar essa história local que tem um papel significativo no cenário educacional do litoral e do Estado do Paraná.

Ademais, a pesquisa aponta lacunas que podem ser exploradas em outras investigações, como a relação entre o Instituto e outras instituições educacionais da região, especialmente no que se refere à influência recíproca na formação de docentes e no desenvolvimento de práticas pedagógicas locais; examinar como os egressos do Instituto de Educação de Paranaguá impactaram, no exercício do trabalho, a sociedade local; entre outras questões, como a análise comparada das redes de formação de professores e dos intercâmbios culturais entre diversas regiões do país, dentre outros.

Por fim, é fundamental destacar a relevância de preservar e disseminar a memória do Instituto de Educação de Paranaguá como uma maneira de reconhecer a trajetória educacional e cultural do litoral paranaense. A criação de um acervo robusto, tanto físico como digital é um projeto que sugerimos à instituição para garantir que as futuras gerações conheçam e valorizem a contribuição do Instituto na formação de cidadãos críticos e profissionais valorosos ao longo de quase um século de história. Assim, este trabalho representa apenas um primeiro passo em direção à continuidade de investigações e iniciativas voltadas para a preservação e valorização do legado do Instituto, que continua, até os dias atuais, a ser um símbolo de resistência e de compromisso com uma educação de qualidade.


1 Em maio de 2012, o Governo do Estado do Paraná lançou o “Programa de Proteção, Valorização, Preservação e Restauração das Escolas da Rede Pública Estadual (…) para conservar a história e cultura das instituições de ensino. São 13 estabelecimentos classificados como prioritários, tombados pelo patrimônio cultural ou inseridos em áreas de tombamento. Destes, 12 funcionam como instituição de ensino.” (SEED, 2012). Destes, estão os dois maiores colégios de Paranaguá, o de Antonina e o Instituto de Educação de Curitiba, dentre outros.

FONTES

Arcevo Digital do Profº. Wistuba, Paranaguá – PR. Planta baixa do Instituto, Canal no Facebook, postagem de  29 ago. 2024. Disponível em: https://www.facebook. com/ProfWistuba Acesso em: 30 out 2024.

______. Inauguração da Escola Normal de Paranaguá, Canal no Facebook, postagem de  29 ago. 2024. Disponível em: https://www.facebook.com/ProfWistuba Acesso em: 30 out 2024.

_____. Instituto 96 anos, Canal no Facebook, postagem de  29 jul. 2023. Disponível em: https://www.facebook. com/ProfWistuba Acesso em: 30 out. 2024.

BLOG – Instituto Erasmo Pilotto. Histórico do Instituto de Educação do Paraná. Professor Erasmo Pilotto. Disponível em: https://institutoerasmopilotto.blogspot.com/p/historico.html. Acesso em: 02 ago 2024.

BRASIL. Secretaria de Estado da Cultura, Patrimônio Cultural do Paraná. Patrimônio Cultural – Bens Tombados, 2004. Disponível Em: https://www.patrimoniocultural.pr.gov.br/bem-tombado/instituto-de-educacao-do-parana-curitiba. Acesso Em: 02 Ago 2024.

GOVERNO DO PARANÁ, SEED. Encontro busca recolher documentos históricos de escola. 23 novembro 2012. Disponível em: https://www.educacao.pr.gov.br/ Noticia/Encontro-busca-recolher-documentos-historicos-de-escola Acesso em: 18/08/2024.

IEMG – Instituto de Educação de Minas Gerais. Disponível em: http://culturadigital.atspace.com/edu/iemg.htm. Acesso em: 02 ago 2024.

IHGP, Instituto Histórico e Geográfico de Paranaguá. Postagem: O professor, Facebook, publicado em 20 out.2024. Disponível em: https://www.facebook.com/ museu.IHGP/posts/pfbid035GVX1E4JpGdXx3LaPB4N1B9R2tGioagnwTK7yzDQYUB3SHugcwuE7NF1hyWTpmcBl?locale=pt_BR

JORNAL FOLHA DO LITORAL, EDITORIAL Celebrando o legado e o futuro do Instituto de Educação Dr. Caetano Munhoz da Rocha Uma luz-guia de sabedoria e desenvolvimento para as futuras gerações. 27 de julho de 2024.Disponível em: https://folhadolitoral.com.br/editorias/editorial/celebrando-o-legado-e-o-futuro-do-instituto-de-educacao-dr-caetano-munhoz-da-rocha/. Acesso em: 01 ago 2024

________. Encontro dos formandos de 1969 do Instituto de Educação. 24 abr. 2019.Disponível em: https://folhadolitoral.com.br/coisas-nossas/formandos-de-1969-do-instituto-de-educacao-se-reencontram-no-sabado. Acesso em: 30 out 2024.

MEIRELLES, H. H.. Pesquisando História no Rio de Janeiro. Educar e instruir. Setembro 2012. Disponível em: https://heloisahmeirelles.blogspot.com/ 2012/09/educar-e-instruir.html. Acesso em: 01 ago 2024.

REFERÊNCIAS

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1Graduanda em Pedagogia da Unespar

2Professora de Pedagogia da Unespar