INNOVATION IN INDOOR ENVIRONMENTS: A LITERATURE REVIEW
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/dt10202501132240
Márcia Machado França1
Resumo
As características dos ambientes internos são significativamente influenciadas pela iluminação e pelas cores, que desempenham papéis fundamentais na percepção dos espaços e no bem-estar dos usuários. Este estudo teve como objetivo analisar como as cores e a iluminação podem ser aplicadas em ambientes internos para promover inovação e bem-estar. Para isso, foi conduzida uma revisão de literatura abrangente, utilizando descritores relacionados ao tema em bases científicas. Os resultados confirmam que cores e iluminação são elementos essenciais na configuração de espaços internos, influenciando a percepção espacial, o bem-estar dos usuários e a funcionalidade do ambiente. A pesquisa destaca que o planejamento estratégico desses elementos potencializa a funcionalidade dos ambientes, promovendo inovação, conforto e qualidade ambiental no contexto do design.
Palavras-chave: design, inovação, ergonomia
Abstract
The characteristics of indoor environments are significantly influenced by lighting and colors, which play fundamental roles in the perception of spaces and the well-being of users. This study analyzed how colors and lighting can be applied in indoor environments to promote innovation and well-being. To this end, a comprehensive literature review was conducted, using scientifically based descriptors related to the topic. The results confirm that colors and lighting are essential elements in the configuration of indoor spaces, influencing spatial perception, user well-being, and the environment’s functionality. The research highlights that the strategic planning of these elements enhances the functionality of environments, promoting innovation, comfort, and environmental quality in the design context.
Keywords: design, innovation, ergonomics
1 INTRODUÇÃO
As características dos ambientes internos são diretamente influenciadas pela iluminação e pelas cores, que desempenham papéis na percepção dos espaços e na contribuição do bem estar. Mandala (2019) ressalta a iluminação como um elemento essencial para a qualidade dos espaços arquitetônicos. O autor explora a importância da iluminação, tanto natural quanto artificial, na percepção de harmonia visual e na produtividade dos usuários. Além disso, destaca a iluminação como um elemento essencial para estimular a criatividade e melhorar a funcionalidade dos ambientes, tornando-a indispensável no planejamento e design em ambientes voltados para o bem-estar e inovação.
Fonseca (2003) organiza as cores em dois grupos, “as cores pertencentes ao primeiro grupo são as cores quentes, enquanto as do segundo são as cores frias”. Segundo o autor, “cores quentes são psicologicamente dinâmicas e estimulantes, sugerindo vitalidade, excitação e movimento, enquanto as cores frias são calmantes, suaves e estáticas, proporcionando uma sensação de frescor, descanso e paz”. Segundo Guimarães (2000), para Aristóteles “a cor teria como origem o enfraquecimento da luz branca, ou seja, todas as cores seriam originadas da interação da luz com a obscuridade”. O autor também menciona que, além do branco e do preto, sete cores seriam consideradas primordiais, e as demais seriam derivadas.
Por outro lado, Pedrosa (2003) observa que “todas as abordagens da cor, desde Platão e Aristóteles, passando pelas experimentações dos pintores gregos, dos sábios árabes e artistas medievais, não chegaram a construir uma teoria. Essa extraordinária tarefa histórica coube a Leonardo da Vinci.” Nesse contexto, este artigo tem como objetivo investigar como as cores e a iluminação podem ser aplicadas em ambientes internos para promover inovação e bem-estar, conectando os fundamentos teóricos aos aspectos do design.
2. DESENVOLVIMENTO
As contribuições desses autores demonstram como a iluminação pode ser aplicada de maneira estratégica e inovadora, promovendo tanto a funcionalidade quanto a estética em diversos contextos. El-Nasr (2004) explora a aplicação de tecnologias interativas para criar experiências em cenários dinâmicos, apresentando o desenvolvimento do modelo de design de iluminação em tempo real denominado “Expressive Lighting Engine” (ELE). Mandala (2019) destaca a importância da iluminação para a produtividade e a criatividade em ambientes acadêmicos, enfatizando a combinação entre luz natural e artificial para proporcionar ambiente confortáveis e estimulantes.
Read (2003), por sua vez, destaca a relevância da iluminação para o bem-estar infantil em ambientes educacionais, destacando sua importância para a orientação espacial e a criação de espaços. Complementando essas abordagens, Elnaggar (2022) discute como a iluminação interage com cores em espaços residenciais para promover bem-estar emocional, funcionalidade e estética, reforçando sua relevância no design de interiores. A tabela 1, apresentada a seguir, lista os artigos selecionados neste item, juntamente com seus respectivos autores.
Tabela 1: Portfólio de artigos selecionados e seus respectivos autores
Fonte: autora
As abordagens desses autores evidenciam como o uso estratégico das cores pode influenciar positivamente o bem-estar, criando ambientes mais acolhedores e estimulantes em diferentes contextos. Teye e Esseku (2023) focam na psicologia das cores e sua aplicação em marketing e branding, explorando como diferentes combinações cromáticas influenciam nas emoções, percepções e comportamentos. Rangel e Mont’Alvão (2020) e Lopes e Naoumova (2016) abordam a aplicação das cores em ambientes hospitalares, destacando sua contribuição para a humanização e a redução do estresse dos pacientes. No contexto educacional, Read (2003) aborda o uso de cores para facilitar a orientação espacial e promover o bem-estar infantil em escolas e creches. Elnaggar (2022) complementa essas perspectivas ao destacar como a interação entre cores e iluminação pode melhorar o bem-estar emocional e a funcionalidade em ambientes residenciais. A seguir, a tabela 2 apresenta os artigos selecionados no estudo e seus respectivos autores.
Tabela 2: Portfólio de artigos selecionados e seus respectivos autores
Fonte: autora
As perspectivas dos autores destacam como a ergonomia pode ser integrada ao design de ambientes para promover o bem-estar, garantindo conforto, funcionalidade e melhor interação dos usuários com o espaço. Nos hospitais, Rangel e Mont’Alvão (2020) e Lopes e Naoumova (2016) mostram como a combinação de cores e elementos visuais ergonômicos contribui para a redução da ansiedade e melhora a experiência emocional dos pacientes. Mandala (2019) destaca a relevância da iluminação para produtividade e conforto em ambientes de trabalho.
Em espaços residenciais, Elnaggar (2022) destaca que o equilíbrio entre iluminação e cores é essencial para criar ambientes que promovam bem-estar psicológico e fisiológico, atendendo tanto às demandas práticas quanto estéticas. Read (2003) discute a adaptação ergonômica de ambientes infantis, demonstrando como cores e iluminação podem ser integradas para atender às necessidades específicas de crianças, promovendo funcionalidade e conforto. A tabela 3, a seguir, apresenta os artigos selecionados no estudo, acompanhados de seus respectivos autores.
Tabela 3: Portfólio de artigos selecionados e seus respectivos autores
Fonte: autora
3 MÉTODO
A pesquisa foi realizada por meio de uma revisão de literatura, abrangendo publicações disponíveis em revistas especializadas e bases de dados científicas. As bases de dados CAPES (coordenação de aperfeiçoamento de pessoal de nível superior), Scopus e Google acadêmico foram empregadas, aplicando os descritores: colors, lighting, innovation, ergonomics. Esses descritores permitiram o levantamento de artigos relevantes, com ênfase em teóricos e autores selecionados na área de design ou em temas correlatos a esta pesquisa, resultando na seleção de sete artigos para análise.
Os critérios de inclusão abrangeram publicações realizadas a partir de 1995, que abordassem os descritores no contexto do design. A escolha desse período visou assegurar que os artigos analisados representassem práticas contemporâneas e avanços relevantes na área de estudo. Estudos publicados antes de 1995 ou sem conexão direta com os objetivos da pesquisa foram excluídos. O processo de triagem incluiu a leitura dos títulos e resumos, seguida por uma análise detalhada das seções de introdução, método, discussão e conclusão. Esse procedimento garantiu a seleção de estudos alinhados com o propósito da pesquisa. A tabela 4 descreve os critérios utilizados para a seleção dos artigos analisados.
Tabela 4: Planejamento do método
Bases de dados | Portal de Periódicos da CAPES, Scopus e Google Acadêmico |
Critérios de inclusão | descritores definidos na pesquisa com correlação entre ambientes internos e cores, iluminação, inovação e ergonomia Publicações realizadas a partir do ano de 1995 |
Descritores | colors, lighting, innovation, ergonomics. |
Fonte: autora
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
As contribuições dos estudos relacionados à inovação ressaltam a versatilidade da iluminação. Para a El-Nasr (2004) enfatiza a adaptação tecnológica por meio do modelo “Expressive Lighting Engine” (ELE), complementa as observações de Elnaggar (2022) sobre a necessidade de ambientes ajustáveis às necessidades humanas. Além disso, Mandala (2019) aponta a influência na produtividade em estúdios acadêmicos, convergindo com os achados de Read (2003) sobre a importância da iluminação no desempenho e bem-estar infantil, ressaltando sua importância em contextos educacionais, mostrando como a iluminação pode ser adaptada para atender às necessidades específicas de diferentes públicos.
As perspectivas de cores e bem-estar se complementam ao evidenciar que as cores não apenas afetam a estética dos espaços, mas também influenciam aspectos psicológicos e funcionais. O uso de cores vibrantes para criar ambientes acolhedores em hospitais pediátricos, como descrito por Lopes e Naoumova (2016), está alinhado à ênfase de Read (2003) sobre a importância de cores contrastantes para a orientação espacial infantil. Da mesma forma, as descobertas de Elnaggar (2022) sobre o equilíbrio cromático em residências reforçam a relevância da escolha cuidadosa de cores para atender a demandas emocionais e funcionais, convergindo com as contribuições de Teye e Esseku (2023) que destacam o papel estratégico das cores no design.
Rangel e Mont’Alvão (2020), Lopes e Naoumova (2016) e Elnaggar (2022), que discutem como a ergonomia no design pode promover bem-estar emocional, reduzir estresse e se adaptar a diferentes contextos, como hospitais, residências e locais de trabalho. Lopes e Naoumova (2016) destacam que as cores influenciam a percepção dos usuários em ambientes de assistência à saúde. As palavras-chave associadas aos artigos selecionados destacam os temas desenvolvidos pelos autores da pesquisa e suas contribuições para a pesquisa, conforme apresentado na tabela 5.
Tabela 5: Artigos selecionados e suas respectivas palavras-chave
Fonte: autora
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A relevância de planejar cuidadosamente cores e iluminação para criar ambientes inovadores e saudáveis. Essa abordagem excede os aspectos estéticos e funcionais, integrando soluções que atendem às necessidades psicológicas e sociais dos usuários. Embora a pesquisa tenha alcançado seu objetivo, algumas limitações foram observadas. A aplicação prática dos resultados em diferentes contextos ainda exige estudos adicionais para validar sua efetividade em grande escala, especialmente em ambientes corporativos e educacionais. Além disso, a influência de variáveis culturais na percepção das cores e iluminação merece maior aprofundamento em estudos futuros. Por fim, este estudo contribui para o campo do design e arquitetura ao apresentar recomendações para a aplicação de cores e iluminação em projetos arquitetônicos e de interiores, ampliando as possibilidades de criação de espaços mais funcionais.
REFERÊNCIAS
EL-NASR, M.; HORSWILL, I. Automating lighting design for interactive entertainment. Computers in Entertainment, v. 2, n. 2, p. 1–16, 2004.
ELNAGGAR, H. B. Illumination and color in interior design of living room. Journal of Design Sciences and Applied Arts, v. 3, n. 1, p. 50–63, 2022.
FONSECA, J. F. A contribuição da ergonomia ambiental na composição cromática dos ambientes construídos de locais de trabalho de escritório. Rio de Janeiro: PUC, 2003.
GUIMARÃES, L. A cor como informação: a construção biofísica, linguística e cultural da simbologia das cores. 2. ed. São Paulo: Annablume, 2000. 160 p.
LOPES, L.; NAOUMOVA, N. O uso da cor como ferramenta de humanização de ambientes de assistência à saúde infantil sob a percepção do usuário: caso de estudo Pelotas, RS. Encontro da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo, Porto Alegre, 2016.
MANDALA, A. Lighting quality in the architectural design studio (case study: Architecture Design Studio at Universitas Katolik Parahyangan, Bandung, Indonesia). IOP Conference Series: Earth and Environmental Science, v. 238, p. 1–8, 2019.
PEDROSA, I. O universo da cor. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2003. 160 p.
RANGEL, M. M.; MONT’ALVÃO, C. Cor e orientação espacial no ambiente hospitalar: as contribuições da pesquisa em ergonomia. IX Seminário Brasileiro de Acessibilidade Integral, Natal, 2020.
READ, M. A. Use of color in childcare environments: application of color for wayfinding and space definition in Alabama child care environments. Early Childhood Education Journal, v. 30, n. 4, p. 233–239, 2003.
TEYE, V. Q. N.; ESSEKU, J. F. The psychology of colour in design: understanding the emotional impact of colour choices. IOSR Journal of Humanities and Social Science, v. 28, n. 6, p. 51–55, 2023.
1Doutoranda em Design. Universidade Estadual Paulista (Unesp/ FAAC). Mestre em Ciências. Universidade de São Paulo (USP/Each). Orcid: https://orcid.org/0000-0001-6135-656X, e-mail: marcia.mfr@gmail.com