INFLUÊNCIA DOS ADUBOS EM SULCOS NA GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE FEIJÃO

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/pa10202411301613


Augusto Lemes De Siqueira Neto
Natan Rodrigues Dos Santos
Orientador: M.e Stephanie Vicente De Bessa


RESUMO

A agricultura enfrenta desafios significativos para aumentar a produção de alimentos, reduzir impactos ambientais e garantir segurança alimentar. Este estudo avaliou a influência da profundidade do adubo químico em relação à semente na germinação do feijão (Phaseolus vulgaris). O experimento foi conduzido em Palminópolis, Goiás, com quatro tratamentos: T1 (sem adubo), T2 (adubo junto à semente), T3 (adubo 2 cm abaixo da semente) e T4 (adubo 4 cm abaixo da semente). Avaliaram-se a taxa e a velocidade de germinação. Os resultados mostraram que o tratamento T4 apresentou melhor desempenho, com germinação uniforme e sem perda de vigor, enquanto o T2 comprometeu a germinação devido ao efeito osmótico do adubo. A adubação inadequada pode influenciar negativamente a germinação, sendo essencial ajustar a profundidade para evitar perdas.

Palavras-chave:  Agricultura;  feijão;  germinação;  adubação;  profundidade.

ASBTRACT

Agriculture faces significant challenges in increasing food production, reducing environmental impacts, and ensuring food security. This study evaluated the effect of fertilizer depth in relation to seed placement on the germination of common bean (Phaseolus vulgaris). The experiment was conducted in Palminópolis, Goiás, using four treatments: T1 (no fertilizer), T2 (fertilizer with the seed), T3 (fertilizer 2 cm below the seed), and T4 (fertilizer 4 cm below the seed). Germination rate and speed were assessed. Results indicated that T4 showed the best performance, with uniform germination and no vigor loss, while T2 negatively impacted germination due to the osmotic effect of the fertilizer. Improper fertilization can hinder germination, emphasizing the need for correct depth placement to avoid losses.

Keywords: Agriculture; Bean; Germination; Fertilization; Depth.

1. INTRODUÇÃO

A agricultura é fundamental para os seres humanos, e sua tecnificação trouxe muitos benefícios, mas a segurança alimentar pode ser comprometida pelo crescimento populacional. Segundo dados da ONU (2013), a população mundial em 2050 será de aproximadamente 9,7 bilhões de pessoas, necessitando aumentar ainda mais a produção global de alimentos. Outro problema são os impactos ambientais causados pela agricultura e desmatamento, impossibilitando a utilização de novas áreas para a agricultura. O desmatamento, assim como a agricultura e outras mudanças no uso da terra, é responsável por cerca de um quarto das emissões globais de gases do efeito estufa (ONU, 2024). Interpretando os dados, fica claro que a agricultura enfrentará desafios para aumentar a produção ao mesmo tempo que reduz seus impactos, forçando os agricultores à serem mais eficiência em todas etapas e processos da lavoura.

Devido a esses fatores, o governo brasileiro adotou medidas como o plano ABC para auxiliar os produtores a produzir com menor impacto ambiental e aumentar a produtividade como plantio direto e fixação biológica de nitrogênio no solo, entre outras (MMA, 2022). Essas medidas trazem novos desafios para a agricultura, necessitando de conhecimento técnico para que haja êxito em realizar uma boa produção. Porém, a transição da agricultura convencional para a agricultura sustentável deve ser feita de forma responsável, tendo em vista que o país produz além de commodities, culturas que tem grande importância social como o feijão, que é uma ótima fonte nutricional e de baixo custo, sendo acessível às pessoas de baixa renda, fornecendo vários nutrientes essenciais ao ser humano, como proteínas, ferro, cálcio, magnésio, zinco, vitaminas (principalmente do complexo B), fibras e carboidratos (Mesquita et al., 2007) e que uma quebra de safra poderia gerar grandes problemas. O Brasil é um dos maiores produtores mundiais de feijão, na safra 2022/23 a produção brasileira de feijão foi de cerca de 3 milhões de toneladas (CNA, 2023), gerando em 2023 mais de 11 bilhões de reais (IBGE, 2023).

Entre as etapas de implantação e desenvolvimento de uma cultura, a semeadura é momento crítico para conseguir uma boa produtividade da lavoura pois

pode ter grande influência no estande final de plantas. Segundo Carvalho e Nakagawa (2000) existem fatores externos como água, temperatura e oxigênio que podem afetar a germinação. Outros fatores que compromete a semeadura são erros antrópicos como, regulagem incorreta da quantidade de semente e adubo, profundidade da semente e distância do adubo em relação a semente, podendo interferir na germinação, sendo a germinação um processo essencial para o estabelecimento de culturas agrícolas, pois é o primeiro passo para que as sementes possam expressar seu potencial genético em condições adequadas (Carvalho e Nakagawa, 2012).

2. OBJETIVOS

Devido aos desafios e necessidades que há na agricultura atualmente, este trabalho tem o objetivo de avaliar como a profundidade do adubo químico em relação a semente, interfere na germinação da semente de feijão (Phaseolus vulgaris).

3. MATERIAIS E MÉTODOS

O experimento foi realizado na cidade de Palminópolis, Goiás, situada na latitude 16°47’53” Sul e longitude 50°09’54” Oeste e altitude de 680 metros. O estudo iniciou em agosto de 2024. O plantio foi realizado dia 26 de outubro.

O solo foi classificado como LATOSSOLO vermelho conforme a Embrapa (2018). Foi coletado amostras do solo para análise química (Tabela 1).

Tabela 1- Análise química do solo, antes da instalação do experimento.

De acordo com a Tabela 1, não ouve necessidade realizar calagem, o fósforo está baixo e saturação por bases acima de 60%.

O experimento foi desenvolvido conforme o resultado apresentado não havendo correção do solo para representar reais condições de parte dos agricultores que possuem pouca tecnificação estando mais suscetíveis à erros.

Foram divididos 4 tratamentos 4 repetições em sacos plásticos de 1,7 litros preenchidos com solo, sendo T1 tratamento sem adubo, T2 tratamento com adubo junto com a semente, T3 adubo a 2 centímetros abaixo do nível da semente e T4 adubo a 4 centímetros abaixo do nível da semente conforme recomendado por Vieira C, Júnior TJP, Borém A, (2006). para avaliar a influência da adubação química na germinação. O caráter avaliado foi a taxa de germinação e velocidade de germinação.

A adubação foi feita conforme o manual a Comissão de Fertilidade do solo do estado de Minas Gerais (CFSEMG, 1999), objetivando alcançar os níveis mais próximos da recomendação com o adubo formulado que estava disponível no município. Foram aplicados 400 kg/ha da formulação 05-25-15, fornecendo a quantidade necessária de fósforo, mas excedendo a quantidade de cloreto de potássio necessários.

Não houve irrigação artificial devido ao clima propício à um bom desenvolvimento da cultura simulando condições reais do campo. A Cultivar utilizada foi a BRS ESTILO, sem tratamento. Foi feito avaliações diárias.

4. RRESULTADS E DISCUSSÃO

Tabela 2- Taxa de germinação e velocidade de emergência.

A taxa de germinação apresentou grande variação entre os tratamentos. O tratamento 1 teve boa Taxa de germinação, o tratamento 2 teve baixa taxa de germinação, além de a germinação ocorrer 15 dias após o plantio e gerando uma planta sem vigor, situação que comprometeria uma lavoura. O tratamento 3 também teve boa Taxa de germinação, porém teve uma variação na velocidade de germinação de 6 a 9 dias, resultando em plantas desuniformes. O tratamento 4 obteve o melhor resultado, tento uma boa germinação e uniforme onde todas as plantas germinaram 3

dias após o plantio, sem perda de vigor. Segundo o teste de Kruskal-Wallis (1952), seguido do teste de Dunn (1964) não houve diferenças significativas entre os tratamentos T1xT3, T1xT4 e T2xT3, entretanto houve diferenças significativas entre os tratamentos T1xT2, T2xT4 e T3xT4. A principal causa desse resultado pode ser o efeito osmótico do adubo químico, principalmente do cloreto de potássio presente na formulação do adubo utilizado que possui índice salino 116 conforme Vitti e Otto (2018), reduzindo a quantidade de água disponível à planta.

5. CONCLUSÃO

A adubação do formulado 05-25-15 adicionado à profundidade inferior a 2 centímetros ou junto com a semente pode influenciar negativamente a germinação, devido possivelmente ao efeito osmótico gerado pelo alto índice salino, sendo necessário novos trabalhos com diferentes adubos para avaliar a influência de cada um. A adubação a 4 centímetros de profundidade em relação ao nível da semente não causa efeitos negativos a germinação.

REFERÊNCIAS

CARVALHO, N. M.; NAKAGAWA, J. Sementes, ciência, tecnologia e produção. 4. ed. Jaboticabal: FUNEP, 2000. 588 p.

CARVALHO, N. M.; NAKAGAWA, J. Sementes, ciência, tecnologia e produção. 5. ed. Jaboticabal: FUNEP, 2012. 590 p.

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Mesquita FR, Corrêa AD, Abreu CMP, Lima RAZ & Abreu AFB (2007) Linhagens de feijão (Phaseolus vulgaris L.): composição química e digestibilidade protéica. Ciênc. agrotec., Lavras, v. 31, n. 4, p. 1114-1121, jul./ago., 2007. Disponível em: https://www.scielo.br/j/cagro/a/fb3mk5Dhf5ndNqWMcTP5vpN/abstract/?lang=pt#:~:te xt=A%20digestibilidade%20prot%C3%A9ica%20in%20vitro,151%2C07UTI%2Fmg% 20MS. Acesso em: 10 out, 2024.

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VITTI, G; OTTO, R. Propriedades e aspectos da legislação de corretivos e fertilizantes. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/mod/resource/view.php?id=2277982. Acesso em: 10 nov. 2024.