SEXUALLY TRANSMITTED INFECTIONS AND THEIR BARRIERS IN SEEKING HEALTHCARE SERVICES
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11301265
Georgy Mascarenhas Gomes1,
Giovanna da Silva Souza2,
Giovanna Gomes Machado3,
Jeoni Gomes dos Santos4
RESUMO
Introdução: As Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) representam um desafio global de saúde pública, com barreiras sociais, estruturais e de conscientização, dificultando a busca por tratamento eficaz. O acesso limitado a serviços de saúde sensíveis à cultura e a falta de educação sexual abrangente contribuem para a persistência desses obstáculos, exigindo abordagens integradas e políticas de saúde pública abrangentes para mitigar o impacto das ISTs e promover o bem-estar sexual e reprodutivo. Objetivo: Explorar os obstáculos que impedem a busca por tratamento adequado para Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs). Metodologia: Abordou-se uma revisão sistemática de literatura para a elaboração do presente estudo, considerando os principais periódicos da área da saúde no desenvolvimento do estudo da presente temática. Resultados e discussão: O estudo destaca os desafios na busca por tratamento de ISTs, incluindo a falta de estratégias eficazes de diagnóstico, a hesitação dos pacientes, a importância da capacitação dos profissionais de saúde e a necessidade de melhorar o acesso aos serviços e testes. Além disso, evidencia-se a influência da cultura de masculinidade, o papel dos enfermeiros na prestação de cuidados e a importância da participação social na mudança de percepções negativas sobre os serviços de saúde. Esses desafios refletem a complexidade das barreiras individuais, sociais e estruturais que impactam a prevenção e tratamento das ISTs. Conclusão: A busca por tratamento de ISTs enfrenta desafios operacionais e culturais nas unidades de saúde, refletindo-se na hesitação dos pacientes em realizar testes e na falta de familiaridade com os sintomas. Reconhece-se a competência dos profissionais de saúde, mas é crucial investir em capacitação contínua. Superar barreiras estruturais e promover uma abordagem integrada são essenciais para garantir uma resposta eficaz e abrangente à saúde pública.
Palavras-chave: Infecções Sexualmente Transmissíveis, Tratamento, Serviços de Saúde, Prevenção, Barreiras.
ABSTRACT
Introduction: Sexually Transmitted Infections (STIs) represent a global challenge to public health, with social, structural, and awareness barriers hindering the search for effective treatment. Limited access to culturally sensitive health services and lack of comprehensive sexual education contribute to the persistence of these obstacles, demanding integrated approaches and comprehensive public health policies to mitigate the impact of STIs and promote sexual and reproductive well-being. Objective: To explore the obstacles hindering the search for adequate treatment for Sexually Transmitted Infections (STIs). Methodology: A systematic literature review was conducted to develop this study, considering major health journals in the field. Results and Discussion: The study highlights challenges in seeking treatment for STIs, including the lack of effective diagnostic strategies, patient hesitation, the importance of health professionals’ training, and the need to improve access to services and testing. Additionally, the influence of masculinity culture, the role of nurses in care provision, and the importance of social participation in changing negative perceptions about health services are emphasized. These challenges reflect the complexity of individual, social, and structural barriers impacting STIs prevention and treatment. Conclusion: The search for STI treatment faces operational and cultural challenges in healthcare facilities, reflected in patient hesitancy to undergo testing and lack of familiarity with symptoms. While acknowledging the competency of healthcare professionals, continuous training is crucial. Overcoming structural barriers and promoting an integrated approach are essential to ensure an effective and comprehensive public health response.
Keywords: Sexually Transmitted Infections, Treatment, Health Services, Prevention, Barriers.
INTRODUÇÃO
Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) representam um desafio significativo para a saúde pública global, com milhões de novos casos diagnosticados anualmente em todo o mundo. Essas infecções, causadas por uma variedade de agentes patogênicos, incluindo vírus, bactérias e parasitas, têm impactos devastadores na saúde individual e coletiva, além de impor enormes custos econômicos aos sistemas de saúde. No entanto, um dos aspectos mais preocupantes associados às ISTs é a persistência de entraves que dificultam a busca por tratamento eficaz, resultando em consequências adversas para os pacientes e para a saúde pública como um todo (Pereira et al., 2019).
A complexidade das ISTs e os estigmas sociais associados a elas frequentemente desencorajam os indivíduos afetados a procurar tratamento adequado. O medo do julgamento social, a vergonha e a falta de informação são apenas alguns dos fatores que contribuem para o adiamento ou a recusa em buscar assistência médica. Além disso, a falta de acesso a serviços de saúde confiáveis e culturalmente sensíveis também representa um desafio significativo, especialmente em comunidades marginalizadas ou de baixa renda (Ramos et al., 2019).
A natureza assintomática de muitas ISTs em estágios iniciais também contribui para a dificuldade no diagnóstico precoce e, consequentemente, no início oportuno do tratamento. Muitos indivíduos podem estar infectados sem saber, aumentando o risco de transmissão para parceiros sexuais e dificultando a interrupção da cadeia de transmissão. Essa falta de consciência sobre o próprio estado de saúde perpetua o ciclo de infecção e aumenta a carga das ISTs na sociedade (Moura et al., 2022).
Além dos desafios individuais enfrentados pelos pacientes, há também barreiras estruturais que impactam negativamente na busca por tratamento. A escassez de recursos nos sistemas de saúde, a falta de profissionais qualificados e a ausência de programas de rastreamento e prevenção adequados contribuem para a perpetuação das ISTs e para a dificuldade em controlar sua disseminação. A falta de investimento em educação sexual abrangente e acessível também limita a capacidade das comunidades de compreender os riscos das ISTs e adotar comportamentos de prevenção (Moreira, 2019).
Pacientes que enfrentam uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST) podem enfrentar desafios significativos, especialmente quando o diagnóstico é tardio. Descobrir a infecção em estágios avançados pode afetar negativamente o prognóstico e a qualidade de vida, pois questões emocionais podem surgir, dificultando a aceitação, o tratamento e a cura. Sentimentos de medo em relação à exclusão social e à segregação podem surgir, alimentando tabus negativos e contribuindo para a marginalização do indivíduo. A descoberta da infecção pode desorganizar completamente a vida do paciente, especialmente se não houver apoio adequado dos profissionais de saúde para ajudá-lo a se adaptar à nova realidade. (Benedetti et al., 2020; Junior et al., 2022).
Diante desses desafios, é imperativo adotar abordagens integradas e multidisciplinares para enfrentar as ISTs e superar os entraves na busca por tratamento. Isso inclui a implementação de políticas de saúde pública que promovam a educação sexual, o acesso universal a serviços de saúde de qualidade, a redução do estigma associado às ISTs e o fortalecimento dos sistemas de vigilância epidemiológica. Somente através de esforços coordenados e comprometidos será possível mitigar o impacto das ISTs e garantir o bem-estar sexual e reprodutivo de todas as pessoas (Freitas, 2019).
Diante do exposto, busca-se investigar os entraves que dificultam a procura por tratamento adequado para infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), analisando os principais fatores associados à relutância dos pacientes em buscar assistência médica, os elementos que contribuem para o aumento da incidência de ISTs na população, os obstáculos que interferem no diagnóstico precoce e tratamento eficaz, bem como examinar as disparidades de prevalência entre os sexos masculino e feminino.
METODOLOGIA
Este estudo adotará uma abordagem integrativa para investigar os entraves na busca por tratamento para infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) e sua relação com a prevalência dessas infecções. O desenho metodológico incluirá uma revisão sistemática da literatura.
Será realizada uma revisão sistemática da literatura utilizando bases de dados eletrônicas, como PubMed, Google Scholar, Capes, Medlines, Lilacs, PEDro, SciELO e Web of Science, utilizando os seguintes termos de busca: “infecções sexualmente transmissíveis”, “entraves na busca por tratamento”, “barreiras para diagnóstico e tratamento”, entre outros. Os critérios de inclusão serão estudos publicados em inglês ou português, entre os anos de 2011 e 2022, que abordem os desafios enfrentados pelos pacientes na busca por tratamento para ISTs.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Dentre os 48 estudos avaliados, foram incluídos cinco estudos para análise e posteriormente mais cinco estudos que complementam a linha de raciocínio da temática do presente artigo. A partir da seleção dos estudos, pode-se identificar entraves que se iniciam desde uma estigmatização cultural, permeando pela dificuldade do acesso aos serviços de saúde, até mesmo os enfrentamentos por parte dos profissionais em lidar com esses desafios, seja por limitação de verbas destinadas a esses serviços ou até mesmo na adesão dos pacientes na prevenção e tratamento das IST.
TABELA 01 – Seleção de artigos para o presente estudo
TÍTULO | AUTOR/ANO | METODOLOGIA | RESULTADOS | |
01 | As dificuldades no cuidado integral à saúde, frente ao diagnóstico de sífilis. | Mazzetto et al., 2020. | Revisão integrativa de natureza qualitativa. | Concluiu-se que os serviços de saúde entendem a necessidade de atender e tratar as demandas relacionadas às ISTs. Entretanto, existe uma dificuldade na por parte das unidades de saúde em traçar estratégias e ações que operacionalizam esse cuidado relacionado ao diagnósticos das ISTs, tal como a sífilis. |
02 | Dificuldades em se realizar ações de prevenção e diagnóstico sobre a percepção de infecções sexualmente transmissíveis (IST’S): Relato de experiência. | Silva et al., 2020. | Relato de experiência. | Dentre os participantes do estudo, muitos demonstraram hesitação ao decidirem fazer ou não o teste rápido. Esse comportamento é particularmente notável entre os idosos, que ainda encaram o tema da sexualidade como um assunto delicado. Quanto aos jovens, um desafio para a eficácia dessas ações é a crença ilusória de que são invulneráveis às infecções, o que os torna mais suscetíveis à propagação dessas doenças. |
03 | O acesso de homens a diagnóstico e tratamento de doenças sexualmente transmissíveis na perspectiva multidimensional relacional da vulnerabilidade. | Silva & Sancho, 2013. | Revisão bibliográfica. | Diante da questão levantada sobre o acesso dos homens ao diagnóstico e tratamento de DSTs, o conceito de vulnerabilidade busca enriquecer a compreensão do acesso no âmbito da saúde. Ele considera diversos contextos que influenciam a jornada dos homens, desde o reconhecimento do problema de saúde até a busca por cuidados e a recepção nos serviços de saúde. |
04 | Diagnóstico e tratamento de infecções sexualmente transmissíveis realizados por enfermeiros na Atenção Primária à Saúde. | Andrade, 2021. | Pesquisa de exploratório descritiva e abordagem qualitativa. | Por meio das entrevistas, foi constatado que os enfermeiros se sentem competentes para diagnosticar e prescrever medicamentos para o tratamento das ISTs, além de se considerarem aptos para atender às necessidades de saúde dos pacientes de forma adequada. Os participantes afirmaram estar preparados e confiantes para realizar prescrições, embora não tenham atribuído essa preparação à formação acadêmica, mas sim à experiência profissional, ao acesso fácil aos Protocolos de Enfermagem e à assistência de colegas mais experientes. Isso demonstra a existência de uma rede de enfermeiros bem capacitados. A implementação de protocolos institucionais e a realização de capacitações para o uso desses recursos melhoram a eficácia das consultas de enfermagem para os usuários que frequentam os serviços da APS no município. |
05 | Perfil de usuários masculinos atendidos em um serviço de referência para doenças sexualmente transmissíveis. | Souza et al., 2012. | Estudo do tipo exploratório. | Ficou evidente que esses homens estão procurando os serviços de saúde de forma espontânea para cuidar da sua saúde, especialmente devido às queixas específicas relatadas, como verrugas genitais, corrimento uretral e úlcera genital, que geralmente causam desconforto e preocupação. Culturalmente, é menos comum que os homens busquem atendimento médico em comparação com as mulheres. |
06 | Diagnóstico precoce e os fatores associados às infecções sexualmente transmissíveis em mulheres atendidas na atenção primária | Luppi et al., 2011. | Estudo de caso. | A importância dos resultados deste estudo reside principalmente no fato de ter sido realizado em um serviço de atenção primária, onde as mulheres frequentam regularmente e, consequentemente, a maioria delas está assintomática. A constatação de uma prevalência de 13% de positividade para pelo menos uma das três ISTs investigadas destaca a urgência da implementação de estratégias eficazes para a detecção precoce de infecções sexualmente transmissíveis em mulheres sem sintomas. No entanto, a falta de testes laboratoriais acessíveis e disponíveis para a população permanece como um desafio significativo. Além disso, é importante ressaltar que novas técnicas de coleta de secreção vaginal, como a autocoleta, são viáveis em nosso contexto, o que pode aumentar a adesão das mulheres assintomáticas aos exames. |
07 | Percepção de enfermeiros sobre a adesão ao tratamento dos parceiros de gestantes com sífilis. | Figueiredo et al., 2015. | Pesquisa qualitativa. | O estudo destacou a questão do tratamento não ser oferecido na unidade básica de saúde, o que dificulta o acesso, a realização e a supervisão do tratamento. Com base nessas considerações, espera-se que este estudo possa auxiliar na capacitação diferenciada dos enfermeiros para lidar com a problemática da sífilis e repensar práticas eficazes para superar esse problema de saúde pública. |
08 | Imaginário social sobre o SUS e vulnerabilidade de homens ao acesso a diagnóstico e tratamento de infecções sexualmente transmissíveis. | Silva, 2016. | Estudo de caso. | Foram conduzidos quatro grupos focais, nos quais foram coletados e analisados os discursos dos homens sobre os locais que procurariam em caso de suspeita de IST. A percepção negativa que eles têm do sistema público de saúde é moldada por influências que vão além de suas experiências diretas, com a mídia desempenhando um papel significativo. Enquanto criticam o SUS, os planos de saúde privados são apresentados como uma solução preferencial. Embora a participação social seja importante, essa ideia não foi refletida nos discursos, o que ressalta a necessidade de compreender e promover essa iniciativa de forma mais efetiva. |
09 | Issues of male sexuality in primary health care: gender and medicalization | Pinheiro, Couto & Nogueira da Silva., 2011. | Pesquisa etnográfica. | Nos serviços de saúde, nota-se uma abordagem superficial e simplificada, centrada na medicalização, onde a sexualidade só é considerada nas discussões e intervenções profissionais se estiver relacionada à fisiopatologia. Nesse modelo, os profissionais de saúde e a estrutura organizacional dos serviços não conseguem atender adequadamente às necessidades dos usuários, incluindo as relacionadas à saúde sexual. Além das vulnerabilidades individuais e sociais que aumentam o risco de adoecimento, há também fatores programáticos, como políticas de saúde inadequadas e falta de espaço e suporte nos serviços para lidar com questões relacionadas à sexualidade, o que contribui para a não efetivação dos direitos sexuais. |
10 | Adesão dos homens a prevenção, diagnóstico e tratamento das IST na Atenção Primária à saúde | Silva, Alves & Mendes, 2022. | Revisão bibliográfica. | Um dos desafios para os homens aderirem à prevenção, diagnóstico e tratamento das IST na APS está relacionado aos comportamentos estereotipados e à ideia de invulnerabilidade. Isso reflete a construção cultural de masculinidade, que os coloca em um grupo de risco para as IST. É evidente que muitos homens não estão familiarizados com os sinais e sintomas das IST, e mesmo aqueles que têm algum conhecimento funcional em saúde sobre essas condições, muitas vezes não buscam cuidados devido às questões culturais mencionadas anteriormente. |
O estudo destaca a conscientização dos serviços de saúde sobre a importância de lidar com as Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs). Contudo, ressalta uma dificuldade operacional em traçar estratégias eficazes para o diagnóstico, especialmente em casos como o da sífilis. Isso pode refletir uma lacuna na implementação de políticas de saúde específicas para abordar essas questões nas unidades de saúde (Mazzetto et al., 2020).
Uma das estratégias em prevenção primária a saúde na Atenção Básica está pautada em serviços de prevenção, sendo os testes rápidos e fácil acesso a profilaxia pós exposição a algum tipo de IST, ações simples e acessíveis a toda população. Entretanto, há uma observação significativa de hesitação por parte dos participantes em relação à realização do teste rápido para diagnóstico das ISTs. Esse comportamento é mais pronunciado entre os idosos, os quais enxergam a sexualidade como um tabu, visto que a temática na segunda metade do século XX, ainda não era tão explorada e hoje apresenta entraves na Estratégia à Saúde da Família (ESF). Por outro lado, os jovens, tendem a acreditar na sua invulnerabilidade às infecções, tornando-os mais suscetíveis à propagação dessas doenças (Silva et al., 2020).
O conceito de vulnerabilidade é introduzido como uma ferramenta para enriquecer a compreensão do acesso à saúde, considerando diversos contextos que influenciam a jornada dos homens desde o reconhecimento do problema de saúde até a busca por cuidados e a recepção nos serviços de saúde. Isso sugere que as barreiras para o acesso e adesão ao tratamento das ISTs são multifacetadas e envolvem fatores individuais, sociais e estruturais. Diante disso, nota-se que o estigma de masculinidade e o preconceito, assumem um entrave desafiador no estabelecimento da relação do homem, como cidadão, com os serviços de saúde (Silva & Sancho, 2013).
Já em contrapartida, no que tange o equipe da ESF, os enfermeiros são identificados como recursos capacitados para diagnosticar e tratar as ISTs, embora sua competência não seja atribuída à formação acadêmica, mas à experiência profissional e ao acesso a protocolos e apoio de colegas. Isso destaca a importância da capacitação contínua dos profissionais de saúde para melhorar a eficácia dos cuidados prestados (Andrade, 2021).
A busca espontânea dos homens pelos serviços de saúde é mencionada, especialmente devido a queixas específicas como verrugas genitais e corrimento uretral, que geram desconforto. No entanto, a cultura de busca por atendimento médico entre os homens ainda é inferior à das mulheres, o que pode resultar em atrasos no diagnóstico e tratamento das ISTs (Souza et al., 2012).
A importância do estudo realizado em um serviço de atenção primária é ressaltada, especialmente pelo fato de que a maioria das mulheres frequentadoras dos serviços de saúde estão assintomáticas, destacando a urgência de estratégias eficazes para a detecção precoce das ISTs em mulheres sem sintomas. Logo, a assistência continuada e periodicidade das consultas de prevenção, visam contribuir na detecção dessas doenças. Quando não realizadas pelos pacientes, as chances de IST sem manifestações são cada vez maiores, além de permitir que tais doenças perpetuem nas relações sexuais, mesmo que de forma involuntária (Luppi et al., 2011).
Em uma análise mais ampla e realística, existem os entraves que partem dos serviços de saúde, nos quais a falta de testes laboratoriais acessíveis e disponíveis para a população é destacada como um desafio significativo, assim como a necessidade de implementação de novas técnicas de coleta de amostras, como a autocoleta, para aumentar a adesão ao exame, especialmente entre mulheres assintomáticas. O estudo aponta para a questão do tratamento das ISTs não ser oferecido nas unidades básicas de saúde, o que dificulta o acesso e a supervisão do tratamento. Isso ressalta a necessidade de repensar as práticas de saúde pública para superar esse desafio e garantir um tratamento adequado e acessível para a população (Figueiredo et al., 2015; Silva, 2016).
Outro ponto importante a ser salientado, está na influência da mídia na percepção negativa dos homens em relação ao sistema público de saúde, ressaltando a necessidade de compreender e promover a participação social como uma forma de superar essas percepções negativas e promover a confiança nos serviços de saúde (Silva, Alves & Mendes, 2022).
Por fim, a abordagem superficial e centrada na medicalização nos serviços de saúde é identificada como um obstáculo adicional, destacando a importância de uma abordagem mais abrangente e integrada que considere as questões sociais e culturais que influenciam o comportamento dos homens em relação à saúde sexual (Pinheiro, Couto & Nogueira da Silva., 2011).
CONCLUSÃO
A partir da análise do texto, é possível concluir que a busca por tratamento das Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) ainda enfrenta diversos desafios, tanto por parte dos serviços de saúde quanto da própria população. Embora haja uma compreensão da importância de lidar com as ISTs, a implementação eficaz de estratégias para o diagnóstico e tratamento ainda é dificultada por questões operacionais e estruturais nas unidades de saúde.
A hesitação dos indivíduos em relação ao teste rápido para diagnóstico das ISTs reflete barreiras culturais e de percepção, especialmente entre os idosos e os jovens. Além disso, a falta de familiaridade com os sinais e sintomas das ISTs contribui para atrasos na busca por cuidados de saúde.
A competência dos enfermeiros para diagnosticar e tratar as ISTs é reconhecida, mas é necessário investir em capacitação contínua e acesso a protocolos atualizados para garantir a eficácia dos cuidados prestados. A busca espontânea dos homens pelos serviços de saúde é encorajadora, mas ainda é necessário superar as barreiras culturais que impedem uma maior adesão ao cuidado preventivo.
A falta de testes laboratoriais acessíveis e disponíveis para a população, juntamente com a necessidade de repensar as práticas de saúde pública para garantir um tratamento acessível e adequado, são desafios importantes a serem enfrentados.
A participação social e a promoção de uma abordagem mais abrangente e integrada nos serviços de saúde são essenciais para superar as percepções negativas em relação ao sistema público de saúde e para promover uma maior confiança nos serviços de saúde. Em suma, a conclusão é que é fundamental abordar as questões estruturais, culturais e de percepção que dificultam a busca por tratamento das ISTs, a fim de garantir uma resposta eficaz e abrangente a esse importante problema de saúde pública.
REFERÊNCIAS
ANDRADE, B. et al. Diagnóstico e tratamento de infecções sexualmente transmissíveis realizados por enfermeiros na Atenção Primária à Saúde. Rev Bras Med Fam Comunidade. Rio de Janeiro, 2021 Jan-Dez. Acesso em 26 de fev de 2024. Disponível em: https://rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/2755/1678
BENEDETTI, M. S. G. et al, Infecções sexualmente transmissíveis em mulheres privadas de liberdade em Roraima. Revista Saúde Pública, v. 54, n. 105, 2020. Acesso em 26 de fev de 2024. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rsp/a/qSp9j9BRQnsHJdvJ9dqYqTx/abstract/?lang=pt.
CARDOSO, J. A. et al. Cuidados de saúde mental em serviços especializados de atenção à DST/AIDS. Rev. Pre. Infec e Saúde, v. 1, n. 2, p. 75- 82, 2015. Acesso em 26 de fev de 2024. Disponível em: https://revistas.ufpi.br/index.php/nupcis/article/view/3646/pdf.
FIGUEIREDO, M. S. N. et al. Percepção de enfermeiros sobre a adesão ao tratamento dos parceiros de gestantes com sífilis. Rev Rene. 2015 maio-jun; 16(3):345-54. Acesso em 26 de fev de 2024. Disponível em: https://www.redalyc.org/pdf/3240/324041234007.pdf
FREITAS, A. S. F. et al. Ensino, serviço e gestão como elo significativo para detecção precoce das infecções sexualmente transmissíveis. Rev Pesq Saúde, 20(1): 24-28, jan-abr, 2019. Acesso em 26 de fev de 2024. Disponível em: http://cajapio.ufma.br/index.php/revistahuufma/article/view/12068/7642
JUNIOR, A. R. et al. ATIVIDADES EDUCATIVAS GRUPAIS SOBRE INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS: PESQUISA CONVERGENTE-ASSISTENCIAL EM UNIDADE DE SAÚDE MENTAL. Revista de Enfermagem e Atenção à Saúde, v. 11, n. 1, 2022. Acesso em 26 de fev de 2024. Disponível em: https://seer.uftm.edu.br/revistaeletronica/index.php/enfer/article/view/5189
LUPPI, C. G. et al. Diagnóstico precoce e os fatores associados às infecções sexualmente transmissíveis em mulheres atendidas na atenção primária. Rev Bras Epidemiol., 2011; 14(3): 467-77. Acesso em 26 de fev de 2024. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbepid/a/RQFQ5DWpGFQdmrKVcCtZDJB/?format=pdf&lang=pt
MAZZETTO, F. M. C. et al. As dificuldades no cuidado integral à saúde, frente ao diagnóstico de sífilis. Braz. J. Hea. Rev., Curitiba, v. 3, n. 5, p. 15265-15278set/out. 2020. Acesso em 26 de fev de 2024. Disponível em: https://ojs.brazilianjournals.com.br/ojs/index.php/BJHR/article/view/18843/15168
MOREIRA B. C. et al. Sífilis na Atenção Primária em Saúde: desafios e potencialidades no enfrentamento da epidemia. In: Anais da 16ª Semana de Enfermagem IESC FAG. Guaraí -TO. 2019. Acesso em 26 de fev de 2024. Disponível em: https://revistaremecs.com.br/index.php/remecs/article/view/297/297
MOURA, S. L. O. et al. Relações de gênero e poder no contexto das vulnerabilidades de mulheres às infecções sexualmente transmissíveis. Interface, v. 26, n. Supl. 1: e210546, 2022. Acesso em 26 de fev de 2024. Disponível em: https://www.scielosp.org/pdf/icse/2022.v26suppl1/e210546/pt.
PEREIRA, G. F. M. et al. HIV/aids, hepatites virais e outras IST no Brasil: tendências epidemiológicas. Revista brasileira de epidemiologia, v. 22, p. e190001, 2019. Acesso em 26 de fev de 2024. Disponível em: https://www.scielosp.org/article/rbepid/2019.v22suppl1/e190001/pt
PINHEIRO, T.F.; COUTO, M.T.; NOGUEIRA DA SILVA, G.S. Issues of male sexuality in primary health care: gender and medicalization. Interface – Comunic., Saude, Educ., v.15, n.38, p.845-58, jul./set. 2011. Acesso em 26 de fev de 2024. Disponível em: https://www.scielosp.org/pdf/icse/v15n38/18.pdf
RAMOS, F. B. P. et al. A educação em saúde como ferramenta estratégica no desenvolvimento de ações de prevenção da transmissão do HIV: um relato de experiência. Revista Eletrônica Acervo Saúde, n. 19, p. e509-e509, 2019. Acesso em 26 de fev de 2024. Disponível em: https://scholar.google.com/scholar?hl=pt-BR&as_sdt=0%2C5&q=ist+e+vergonha&btnG=#d=gs_cit&t=1710527599509&u=%2Fscholar%3Fq%3Dinfo%3A9D4ENdDd-_sJ%3Ascholar. google.com%2F%26output%3Dcite%26scirp%3D0%26hl%3Dpt-BR
SILVA, N. E. K. Imaginário social sobre o SUS e vulnerabilidade de homens ao acesso a diagnóstico e tratamento de infecções sexualmente transmissíveis. RECIIS – Rev Eletron Comun Inf Inov Saúde. 2016, jan.-mar. Acesso em 26 de fev de 2024. Disponível em: https://www.reciis.icict.fiocruz.br/index.php/reciis/article/view/1041/pdf_1041
SILVA, M. S. O. et al. Dificuldades em se realizar ações de prevenção e diagnóstico sobre a percepção de infecções sexualmente transmissíveis (IST’S): Relato de experiência. Braz. J. Hea. Rev., Curitiba, v. 3, n. 5, p. 13589-13595set/out. 2020. Acesso em 26 de fev de 2024. Disponível em: https://ojs.brazilianjournals.com.br/ojs/index.php/BJHR/article/view/17516/14218
SILVA, N. E. K. & SANCHO, L. G. O acesso de homens a diagnóstico e tratamento de doenças sexualmente transmissíveis na perspectiva multidimensional e relacional da vulnerabilidade. Comunicação Saúde Educação, v.17, n.45, p.463-71, abr./jun. 2013. Acesso em 26 de fev de 2024. Disponível em: https://www.scielo.br/j/icse/a/j6SdVPnMnSjhYpZj8xwyWXL/?format=pdf&lang=pt
SILVA, D. B. P.; ALVES, D. B. & MENDES, P. N. Adesão dos homens a prevenção, diagnóstico e tratamento das IST na Atenção Primária à Saúde. Doenças infecciosas parasitárias, Edição I, 2022. Acesso em 26 de fev de 2024. Disponível em: https://editorapasteur.com.br/publicacoes/capitulo/?codigo=1195
SOUZA, A. R. et al. Perfil de usuários masculinos atendidos em um serviço de referência para doenças sexualmente transmissíveis. Rev Rene. 2012; 13(4):734-43. Acesso em 26 de fev de 2024. Disponível em: https://www.redalyc.org/pdf/3240/324027983003.pdf
1Graduando em Medicina pelo Instituto Tocantinense Pres. Antônio Carlos Porto.E-mail: georgymascarenhas@gmail.com
2Graduanda em Medicina pelo Instituto Tocantinense Pres. Antônio Carlos Porto. E-mail: giisouza5555@gmail.com
3Graduanda em Medicina pelo Instituto Tocantinense Pres. Antônio Carlos Porto. E-mail: giovannagomesm@outlook.com
4Especialista Ginecologista e Obstetra e professora no Instituto Tocantinense Pres. Antônio Carlos Porto. E-mail: jeoni.gomes@hotmail.com