REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.12740364
Suelânia Albino Duarte Nascimento
Orientadora: Profa. Dra. Auricélia Lopes Pereira
RESUMO
No contexto educacional atual, a indisciplina ocorre com intensa frequência. Prontamente, o presente trabalho aborda o conceito de indisciplina escolar, os fatores que induzem a indisciplina na sala de aula, a sua relação com a aprendizagem e, as estratégias didático-pedagógicas utilizadas pelo professor para inibir a indisciplina do aluno na sala de aula. A metodologia de pesquisa utilizada foi a quali-quantitativa, ou seja, uma metodologia que utiliza métodos quantitativos e qualitativos para o alcance de uma investigação mais profunda. A pesquisa realizada se dá por meio da coleta de dados e seguidamente especulam-se quais as causas dos resultados, por meio de questionários respondidos pelos professores de Ensino Fundamental I, no município de Lagoa de Dentro – PB. Os resultados obtidos revelam que há divergência entre os professores sobre o conceito de indisciplina e evidenciam alguns fatores que influenciam a presença desta na sala de aula, como: a família, o contexto social, os professores, dentre outros. Desta forma, comprovam que há uma relação de interferência mútua entre indisciplina e dificuldade de aprendizagem e, que são múltiplas as estratégias didático-pedagógicas utilizadas pelos professores, visando diminuir a indisciplina na sala de aula. Observa-se que as escolas unidas significativamente às famílias e professores são responsáveis por proporcionar um futuro melhor aos seus alunos, constatando assim, que o elo entre família e escola é o principal pilar para a diminuição da indisciplina escolar e consequentemente de uma educação de qualidade para a nossa sociedade.
Palavras-chave: Indisciplina; Aluno; Professor, Metodologia; Sala de aula.
ABSTRACT
In the current educational context, indiscipline occurs with intense frequency. Promptly, this work addresses the concept of school indiscipline, the factors that induce indiscipline in the classroom, its relationship with learning, and the didactic-pedagogical strategies used by the teacher to inhibit the student’s indiscipline in the classroom. The methodology used for this research was the quali-quantitative, that is, a methodology that uses quantitative and qualitative methods to achieve a deeper investigation. The research is done through data collection and then speculate what are the causes of the results, through questionnaires answered by teachers of Elementary School I, in the municipality of Lagoa de Dentro – PB. The results obtained reveal that there is disagreement among teachers about the concept of indiscipline and highlights some factors that influence its presence in the classroom, such as: family, social context, teachers, among others. Thus, it proves that there is a relationship of mutual interference between indiscipline and learning difficulties and that the didactic-pedagogical strategies used by teachers are multiple, aiming to reduce indiscipline in the classroom. It is observed that schools significantly linked to families and teachers, are responsible for providing a better future for their students, realizing, therefore, that the link between family and school is the main pillar for the reduction of school indiscipline and consequently of an education of quality for our society.
Keywords: Indiscipline; Student; Professor, Methodology; Classroom.
INTRODUÇÃO
O presente trabalho aborda o conceito de indisciplina escolar, os fatores que induzem a indisciplina na sala de aula, a relação de indisciplina e aprendizagem e, estratégias didático-pedagógicas que os professores utilizam para inibir a indisciplina e melhorar a aprendizagem do aluno na sala de aula.
Denomina-se indisciplina o comportamento que se relaciona com as responsabilidades pessoais e que refletem na falta de ordem. São vários os fatores que influenciam na indisciplina escolar: o contexto social em que a criança está inserida, a estrutura física da escola, a metodologia do professor, o ambiente familiar, dentre outros. Cada um tem uma interferência negativa no crescimento de um indivíduo.
A família é o principal atenuante para uma criança ser indisciplinada, pois, é com ela que a criança passa a maior parte do tempo. Desta forma, a negligência familiar, seja por falta de tempo, por irresponsabilidade ou falta de conhecimento, faz com que a criança se torne carente de vínculos afetivos e que por não ter maturidade suficiente sobre como lidar com a situação, acaba se tornando uma criança sem regras. A indisciplina é ainda mais difícil de superar quando ocorre desde a infância, por isso, os professores precisam ter paciência e delicadeza com os alunos das séries iniciais para não prejudicar ainda mais a situação.
A intervenção do Professor no ensino fundamental I é primordial para diminuir a indisciplina na sala de aula, já que, ele contribui com o desenvolvimento afetivo, emocional e cognitivo de uma criança, pois é através de seu profissionalismo e de sua competência que é possível minimizar os problemas escolares.
Normalmente, uma criança indisciplinada em uma escola pública, dispõe apenas da instituição, mesmo sem ter este entendimento, para melhorar esta dificuldade. Com isso, os educadores precisam criar estratégias metodológicas capazes de minimizar a indisciplina na sala de aula, com o propósito de não prejudicar a aprendizagem das demais crianças, além de contribuir para a melhoria comportamental do aluno indisciplinado e despertar no mesmo o interesse pelos estudos.
Portanto, a escolha do tema “Indisciplina Escolar: Concepções de professores de uma Escola Municipal do Fundamental I de Lagoa de Dentro – PB.” é decorrente do crescimento dessa problemática nas escolas públicas, representando mais uma etapa do processo de formação educacional, ao passo em que faz a conexão entre a teoria e a prática docente. Desta forma, a prática é de suma importância para que se tenha consciência da realidade dos professores e alunos nas instituições escolares, fortalecendo àqueles cujo objetivo é ingressar ou continuar na vida acadêmica profissional.
Um dos maiores problemas das escolas públicas brasileiras é a indisciplina escolar, sendo que a influência principal é o ambiente familiar. Crianças com famílias desestruturadas, não têm o apoio necessário à vida estudantil e, chegam à sala de aula desmotivadas, agressivas, perturbam professores e colegas da turma, além de interferirem na aprendizagem das demais crianças, ocasionando a indisciplina na sala de aula. Dessa maneira, os pais deixam sobre os professores a responsabilidade de educar sozinhos, fato que torna a profissão ainda mais desafiadora e que será constatado ao longo deste trabalho, pelos professores da escola pesquisada, localizada na zona urbana do município de lagoa de Dentro – PB.
A problemática formada na escola por causa da falta de conhecimento ou negligência dos pais é forte, e acontece com muita frequência, havendo a necessidade de o professor fazer intervenções necessárias na sala de aula, a respeito da indisciplina, de modo a minimizar o problema. Nesse sentido, surgiu uma inquietude, aspirando obter resposta para os seguintes questionamentos: O que é indisciplina escolar na concepção dos professores de uma escola da rede municipal do fundamental I de Lagoa de Dentro? Quais fatores internos e externos contribuem para esta problemática na sala de aula? Qual a ligação entre indisciplina e dificuldade de aprendizagem? Quais as intervenções utilizadas pelos professores para inibir a indisciplina na sala de aula?
A pesquisa objetiva, de forma geral, compreender as concepções de professores do Ensino fundamental I de uma escola da rede municipal de Lagoa de Dentro, referentes à indisciplina escolar. E de forma mais específica, entender o que é indisciplina escolar na concepção dos professores de uma escola da rede municipal do fundamental I de Lagoa de Dentro; registrar fatores internos e externos que contribuem para a indisciplina na sala de aula; identificar a ligação entre indisciplina e dificuldade de aprendizagem; e exemplificar estratégias didático-pedagógicas que os professores utilizam para diminuir a indisciplina na sala de aula.
A indisciplina escolar vem crescendo em passos rápidos nas escolas brasileiras. Professores em sua maioria se queixam desta problemática que já se inicia nas séries iniciais. Dentre alguns autores, o estudo tem como base teórica: Parrat-Dayan1 (2012) que afirma que a indisciplina é um problema sério, ela não tem forma e segue diferentes caminhos; Antunes (2017) em sua explanação diz que a existência da indisciplina é assim como um incêndio na Mata. Raramente o foco é único; Freller (2008) informa que o processo de ensino aprendizagem, assim como a convivência dos alunos dentro da escola, é essencial e potencialmente frustrante; Parrat-Dayan2 (2008) declara que há dois tipos de intervenção possíveis: as intervenções centradas no meio escolar e as intervenções centradas no indivíduo e sua conduta; Freire (2008) reitera que é pensando criticamente a prática de hoje ou de ontem que se pode melhorar a próxima prática.
Para obter uma melhor compreensão sobre a pesquisa, foi utilizada a metodologia quali-quantitativa, pois esta modalidade tem o objetivo de compreender através de coleta de dados numéricos, preferências, comportamentos e outras ações dos indivíduos em um grupo, descrevendo as particularidades e experiência individuais. Para tanto, oferece a possibilidade de obter um maior entendimento sobre a indisciplina na sala de aula, sendo esta uma problemática atual que envolve o universo escolar. A metodologia elencada utiliza métodos quantitativos e qualitativos para o alcance de uma investigação mais profunda do assunto da pesquisa, visto que a mesma possui uma parte quantitativa com coleta de dados e seguidamente, especulam-se quais as causas dos resultados, contendo questionários respondidos pelos professores do Ensino Fundamental I do município de Lagoa de Dentro –PB.
Diante dos dados coletados que nutriram fundamentos para a teoria e prática profissional, com o propósito de adquirir mais conhecimento sobre o assunto, estruturam-se os capítulos da seguinte forma:
O primeiro capítulo aborda o conceito de indisciplina escolar, diversos autores definem o conceito de indisciplina no universo educacional. Relata também alguns fatores externos e internos que influenciam a indisciplina na sala de aula, como: ambiente escolar, contexto social, espaço físico da escola e desempenho do professor.
O segundo capítulo aborda a relação entre indisciplina e dificuldade de aprendizagem, enfatizando a indisciplina como fator prejudicial ao processo de aprendizagem de uma criança, e esta dificuldade de aprendizagem influencia na indisciplina. Mostra também, a partir da literatura específica, possíveis intervenções do professor na sala de aula perante a indisciplina, além de métodos que são utilizados pelos educadores com o propósito de minimizar ou controlar a indisciplina na sala de aula.
O terceiro capítulo está relacionado à pesquisa destinada aos professores, informando a metodologia utilizada, os participantes e a análise e discussões dos resultados. Isto é, os questionários respondidos pelos professores analisados e comparados um a um a fim de conseguir um melhor fundamento para compreender as concepções de professores sobre a indisciplina escolar do Ensino Fundamental I.
CAPÍTULO I – INDISCIPLINA ESCOLAR
A indisciplina escolar resulta em ações realizadas pelos alunos, que interrompem a atividade educacional em curso ou quebra uma regra criada pelo professor, ou pelo sistema escolar. É uma das razões mais perturbadoras nos estabelecimentos de ensino, de modo que os docentes encontram muitas dificuldades para desenvolverem um bom trabalho em sala de aula. É um acontecimento que vem sendo modificado com o passar do tempo, pois a sociedade influencia diretamente na conduta dos alunos nas instituições escolares.
À medida que a criança convive com situações de indisciplina, passa a absorver tais comportamentos: adultos que não respeitam as normas presentes em um determinado local, a exemplo de uma fila para banco, trânsito, unidades de saúde, dentre outros. Desse modo, ocorre a incivilidade, ou seja, pessoas descorteses, grosseiras e malcriadas. Colegas que passam por outro e do nada batem na cabeça, o aluno está escrevendo e o outro sai de sua carteira e bate neste, aluno que fica andando pela sala ou por outros departamentos da escola perturbando todos, onde o professor, gestor e demais funcionários chamam a atenção, pedem para sentar, se comportar, e não são atendidos. Essas microviolências acontecendo diariamente, geram um caos na escola.
O profissional da educação tem um desgaste muito grande com essas condutas, pois tenta sanar os problemas, mas o tempo todo é ignorado pelo educando. Essas atitudes diárias geram desrespeito, que não havendo a intervenção educativa eficaz, torna-se algo normal do cotidiano, e acaba tornando-se indisciplina. Ocorre frequentemente que o professor tenta ministrar as aulas e o aluno vai à contradição, não presta atenção, conversa sobre assuntos paralelos, brinca o tempo todo, prejudicando o desempenho da aula. “O professor necessita educar(= humanizar) por meio do ensino, ter todo empenho para que o aluno aprenda, como forma de se constituir como humano, desenvolver sua personalidade, caráter, consciência e cidadania”. (VASCONCELLOS, 2009, p. 223).
Segundo o dicionário online Priberan, a palavra indisciplina significa: “falta de disciplina, desobediência, rebelião”. Desta forma, o ambiente escolar é um dos locais mais desafiadores, pois recebem um público diversificado em relação a: contexto social, princípios familiares, etc. E tudo isso influencia numa probabilidade maior ao desrespeito, gerando a indisciplina escolar.
Tiba afirma que, (2013, p, 141): “A escola é um espaço intermediário entre a família e a sociedade, portanto, seus limites comportamentais e disciplina têm de ser mais severos que os familiares, porém mais suaves que os da sociedade”. Sob este ponto de vista, a escola é um vínculo fundamental para instruir cidadãos capazes de viver bem em sociedade, pois constitui regras na medida certa, tendo a hipótese de esculpir o comportamento da criança indisciplinada, fazendo com que a mesma não se torne um adulto que precise apelar às regras da sociedade. “Para compreender o que é indisciplina, a escola tem de entender-se primeiro sobre a disciplina, isto é, sobre o conjunto de comportamentos que consideram aceitáveis, sob o ponto de vista pedagógico e social”. (MARS, 2016, p, 02-03).
Em conformidade com o autor citado, a indisciplina para ser entendida, tem que haver primeiro à compreensão do que seja disciplina, ou seja, um conjunto de regras que deverão ser seguidas em um determinado lugar. “O conceito de indisciplina está relacionado com o de disciplina, e poderá ser definido pela negação ou privação proveniente das regras estabelecidas.” (MARS, 2016, p, 02). Desta maneira, a disciplina escolar compreende normas que devem ser seguidas por toda a comunidade escolar, isto é, todos que fazem parte da escola, para que o aprendizado escolar venha verdadeiramente a acontecer. Boarini informa:
A disciplina ou indisciplina escolar é uma prerrogativa humana, um fenômeno complexo e incerto. […] O comportamento indisciplinado pode ser um indício de insatisfações que estão sendo produzidas no âmbito da instituição escolar. A promoção ou o controle da indisciplina nos alunos não estão escritos na literatura pedagógica ou em qualquer outra, nem recebemos junto ao diploma de conclusão decurso, fórmulas para manter a disciplina ou evitar a indisciplina. A disciplina é um exercício que se faz necessário em qualquer situação, social ou não. No caso do ambiente escolar, a disciplina é um exercício diário que ocorre no cotidiano da sala de aula. Deve ser construída e administrada no dia a dia por todos os envolvidos na educação. Esse exercício não é um problema para nós educadores. Esse exercício é um compromisso e desafio e faz parte do nosso trabalho. (BOARINI, 2013, p.129)
A autora esclarece que a problemática da indisciplina na instituição escolar é habitual, e que o profissional da educação tem que exercitar a prática da disciplina diariamente com os alunos, já que esse exercício é uma parte da tarefa diária na educação, tendo como visão crianças menos agressivas e grosseiras, por conseguinte, adultos melhores na sociedade. A autora Parrat- Dayan em seu discurso afirma que:
A indisciplina é uma infração ao regulamento interno, é uma falta de civilidade e um ataque a boas maneiras. Mas, acima de tudo, a indisciplina é a manifestação de um conflito e ninguém está protegido de situações desse tipo. Essas dificuldades aparecem em todos os níveis de escolaridade. (PARRAT- DAYAN, 2012, p, 08)
A comunidade escolar, ou seja, todos os envolvidos com as escolas sofrem com a indisciplina, uma vez que, a instituição tem seu próprio regulamento a ser seguido, e facilmente é encontrado no PP-Projeto Pedagógico da escola. O que se verifica é que as crianças chegam à escola e se deparam com um conjunto de regras diferenciado da comunidade familiar onde estão inseridas.
A criança ao chegar à escola passará por um conflito para a adaptação, pois mesmo alunos com boa estrutura familiar se deparam com regras distintas, a exemplo do horário de entrada na escola, visto que, existe um porteiro para permitir sua entrada, algo que não existe em casa, e são pequenas situações como essas que começam a gerar a indisciplina escolar, cabendo aos agentes da instituição, conversar, explicar, promover reuniões, informar sobre a importância de seguir as normas escolares, uma vez que, muitos pais também as desconhecem. Desta forma, haverá a compreensão por parte da família e, por conseguinte, do aluno da sua notoriedade. Para Giancanterino (2007, p. 87):
A indisciplina em sala de aula e na escola tem sido uma preocupação crescente nos últimos anos entre os educadores. Os grandes responsáveis pela educação de jovens, como a família e a escola, não estão sabendo ou conseguindo cumprir o seu papel.
Em conformidade com o autor, a escola contemporânea é alvo cada vez maior desta problemática, que é a indisciplina, pois a concepção de família vem sendo deteriorada com o passar dos anos, e os pais estão perdendo a autoridade para com seus filhos, cabendo aos educadores a tarefa de suprir essa falha, que é responsabilidade primordial da família.
Segundo Parrat-Dayan (2012, p. 18): “A indisciplina é um problema sério, ela não tem forma e segue diferentes caminhos: falar, jogar papeizinhos, não estudar, etc.” Um difícil desacordo entre as regras da escola, conceituação e realidade vivenciada no dia a dia de uma instituição escolar, pois são princípios que estão sendo banalizados pelos alunos e os pais não veem problema nessa situação, tanto que muitos acham normal da idade. “As expressões da indisciplina são susceptíveis de mudança em função da época e do contexto.” (PARRAT-DAYAN; 2012, p.24). A autora assegura que a indisciplina sempre existiu, apenas sofre modificações, considerando o ambiente inserido e o período em que se encontra.
“Como toda criação cultural, o conceito de indisciplina não é estático, nem uniforme, nem universal” (PARRAT-DAYAN,2012, p. 21). Em conformidade com a autora, a indisciplina é ocasionada por vários fatores, que tem de serem levados em consideração pela escola, cujo objetivo é minimizar essa problemática em prol de futuras pessoas mais amigáveis, responsáveis e abertas ao diálogo por meio da educação que lhe foi ofertada no estabelecimento de ensino. Através de regulamentos pré-estabelecidos, os alunos adquirem valores, crenças, hábitos e atitudes que norteiam seu convívio social, de maneira que, uma sociedade bem mais calma e saudável seja o marco do país.
A indisciplina é provocada por problemas psicológicos ou familiares, ou da construção escolar, ou das circunstâncias sócio – históricas, ou então, que a indisciplina é causada pelo professor, pela sua responsabilidade, pelo seu método pedagógico, etc. (PARRAT-DAYAN, 2012, p. 21)
Cabe à escola ter esse olhar diferenciado sobre o aluno indisciplinado: identificar possíveis causas que possam influenciar no seu mau comportamento, analisar as metodologias utilizadas pelo professor e, se o mesmo tem autoridade sobre a turma ou está apenas utilizando o autoritarismo para ministrar as aulas, repensar as maneiras de advertência para com o indivíduo, etc. É importante levar em consideração que aquele aluno pode estar apenas querendo chamar atenção, pela carência de um contato afetivo que não tem em casa, com os familiares.
O problema da disciplina ou indisciplina está intimamente ligado a tudo o que diz respeito ao ensino, às práticas, aos objetivos e “perspectivas” que as orientam ao condicionalismo próprios da aula, da escola, da comunidade e do sistema. (MARS, 2016, p, 02)
A escola deve dispor também de uma visão em que a indisciplina não esteja centrada apenas no aluno, pois a prática pedagógica monótona do professor influencia negativamente na possibilidade de mudança de comportamento da criança. Se houvesse uma mobilização maior por parte da escola em expor as normas que devem ser seguidas, através de reuniões com os pais e responsáveis, certamente a instituição escolar obteria mais êxito, e a diminuição da rebeldia escolar realmente aconteceria ou ao menos diminuiria. Em consonância, afirma a autora Parrat- Dayan ao dizer que:
Na escola, que não é neutra, há regras contra a indisciplina. Se a escola melhorasse as possibilidades de reflexão, diálogo e participação ajudaria integrar os alunos, reforçando o sentimento de pertencerem ao grupo e à instituição. (PARRAT-DAYAN, 2012, p. 11)
Desta forma, se a escola aumentar o vínculo com a família, os alunos se sentirão mais seguros e acolhidos, já que, as famílias também estariam familiarizadas com as regras, o pensamento, as atitudes e, o discurso ia estar em consonância com o da escola. Por conseguinte, os alunos terão uma probabilidade maior à aceitação e uma relação mais positiva com a instituição em relação as suas regras de disciplina existentes, visto que, seria uma perspectiva em conjunto envolvendo escola, aluno e família. Com a diminuição da indisciplina, a escola consegue realizar a sua missão no tocante aos alunos com desvio de conduta, que é ensinar algo e fazer todo o possível para que tenham sucesso. Pois, “cabe à escola tornar os pais participativos levando até eles o conhecimento da filosofia do trabalho da escola, as informações, experiências, etc.” (BOOLMAN, 2000 – 2001, p. 67).
1.1 FATORES INTERNOS E EXTERNOS QUE CONTRIBUEM PARA A INDISCIPLINA NA SALA DE AULA
A causa da indisciplina em maior peso encontra-se na família e sociedade, e as consequências destas, são encontradas na escola. A indisciplina em sala de aula é um dos gigantescos desafios vividos pelo professor, pois é um dos grandes males da educação, chegando a prejudicar o andamento escolar.
As causas da indisciplina podem ter origem externa e interna à escola. As causas externas podem ser vistas na relativa influência dos meios de comunicação, na violência social e também no ambiente familiar. O divórcio, a droga, o desemprego, a pobreza, a moradia inadequada, a ausência de valores, a anomia familiar, a desistência por parte de alguns pais de educar seus filhos, a permissividade sem limites, a violência doméstica e agressividade de alguns pais com os professores podem estar na raiz do problema. (PARRAT-DAYAN 2008, p. 55)
Em conformidade com a autora, existem diversos fatores que influenciam a indisciplina na sala de aula e qualquer que seja o motivo, prejudica o emocional de uma criança e acaba afetando em sua conduta e na aprendizagem frente à escola.
Manter a disciplina em sala de aula é uma das grandes dificuldades dos professores que lidam com as variáveis que atrapalham o desenvolvimento das atividades. “Argumenta-se que foi a insistência na necessidade de respeitar os direitos das crianças na escola que provocou desordem e indisciplina”. (PARRAT-DAYAN, 2012, p. 10). Porém, o empecilho não é o respeito que se deve à criança e sim a falta de autoridade do professor e de qualquer agente da educação em relação à cobrança de regras/ normas da instituição, por medo de entrar em conflito com os pais e resultar na perda de um aluno na unidade escolar. Com isso, o professor tende a ter uma maior dificuldade de manter a disciplina na sala de aula, visto que:
Uma classe indisciplinada, acreditamos, é toda aquela que: Não permite aos professores oportunidades plenas para o desenvolvimento de seu processo de ajuda na construção do conhecimento do aluno; não ofereçam condições para os professores “acordar” em seus alunos sua potencialidade como elemento de autorrealização, preparação para o trabalho e exercício consciente da cidadania; não permita um consciente trabalho de estímulos às habilidades operatórias, ao desenvolvimento de uma aprendizagem significativa e vivências geradoras da formação de atitudes socialmente aceitas em seus alunos. (ANTUNES,2017, p. 8)
A indisciplina na aula desestimula o professor. Não permite um trabalho eficaz e quase sempre não é alcançado o objetivo esperado da aula. Uma vez que, a grande dificuldade é ensinar ao aluno que não quer aprender.
A indisciplina na sala de aula tem que ser mais explorada. O debate, considerando a opinião do aluno e, a explicação por parte do professor, são os melhores caminhos para deixar claro que o ato indisciplinar fere as regras da escola, assim como a inobediência prejudica o desenvolvimento da aula e a oportunidade dos alunos adquirirem uma aprendizagem significativa. O que evidência Antunes em sua explanação:
A existência da indisciplina é assim como um incêndio na mata. Raramente o foco é único e na oportunidade em que a queima de um ponto alcança a de outro, torna-se muito difícil a tarefa dos bombeiros. (ANTUNES, 2017, p. 15)
Em conformidade com o autor, existem inúmeros motivos para a indisciplina na sala de aula e dificilmente seria apenas um fator exclusivo, fato que acaba dificultando ainda mais a possibilidade de intervenção do professor, pois o mesmo terá que descobrir a raiz do problema para depois tentar solucionar, à medida que, para cada dificuldade é necessária uma interferência diferente. É um amplo antagonismo por parte da comunidade escolar para conseguir diminuir esse embaraçoso dilema vivido nas instituições escolares.
Na sala de aula, a clientela é variada. Com isso, há várias concepções sobre certo e errado, cada criança tem sua verdade, pois a criação de cada um é diferente, pela cultura em que está inserida. Por isso, “na escola há barulho. Escutamos o ruído de réguas, de cadernos e de lápis que caem, há vozes incessantes, alunos que se mexem nas suas carteiras, que vão de um lado para o outro, que se xingam, brigam”. (PARRAT-DAYAN, 2012, p. 08). São alunos sem normas, criados soltos, sem limites e que desafiam o professor.
Tem “aquele que discute em voz alta, aquele que mastiga coisas, aquele que grita, aquele que fica em pé, aquele que gesticula. Não há limites para a indisciplina.” (PARRAT-DAYAN,2012, p. 08). Dificultando a desenvoltura da aula, o professor tem a inquietude de tentar moldar esses comportamentos para que não influenciem e nem prejudiquem os demais alunos da turma, fazendo com que os alunos com desacerto na conduta se portem mais disciplinados, à medida que, “A disciplina não é um conceito negativo; ela permite, autoriza, facilita, possibilita. A disciplina permite entrar na cultura da responsabilidade e compreender que nossas ações têm consequências.” (PARRAT-DAYAN ,2012, p. 09). Por isso, o adulto da situação tem que impor limites para a criança, com a finalidade de elas aprenderem desde cedo à importância das regras como cidadãos.
Segundo Aquino (apud SOUZA, 2015, p.08), “as crianças de hoje em dia não têm limites, não reconhecem a autoridade, não respeitam as regras, a responsabilidade por isso é dos pais, que teriam se tornado muito permissivo”. Motivo pelo qual é no seio familiar onde as crianças começam a se conhecer, a construir a sua identidade. Através do acompanhamento e da criação, as crianças vão sendo educadas para a vida em sociedade.
Existem diversos fatores que contribuem para a indisciplina na sala de aula e, que influenciam diretamente no comportamento da criança, porém os principais são: a família, o contexto social, o ambiente, o desempenho do professor em sala. Rey (2004, p. 57), diz que “a indisciplina escolar precisa ser pensada não como característica de um indivíduo, mas de uma relação entre indivíduos, a qual pode ser modificada”, visto que, numa sala de aula, uma socialização entre os sujeitos integrantes e as relações entre eles nem sempre será de aceitação, havendo a necessidade de o professor fazer uma mediação para manter a boa conduta.
1.2.1 Ambiente familiar
Um dos principais motivos para a indisciplina na sala de aula é a falta de estrutura familiar da criança. Segundo Oliveira (2005, p. 38), “toda indisciplina tem uma causa e que a mesma não é simplesmente uma ação, mas uma reação, e que existem vários fatores determinantes da indisciplina, e um deles é a família”. Em conformidade com a autora, as atitudes dos alunos são reações de alguma ação que eles estão vivenciando.
Percebe-se que alunos que são indisciplinados, em sua grande maioria, são filhos de pais separados, que não conhecem o pai, vivem presenciando constantes discussões, são deixados pelos pais e criados por avós, criados pelo pai e abandonados pela mãe e ainda tem os que não foram escolhidos por pais que optam criar um filho e deixar outro com avós. Dessa maneira, cada criança chega à sala de aula e traz dentro de si sua própria prática familiar, isto é, seus próprios princípios em relação a modos, disciplina, limites, autoridades. Devido ao fato dessas crianças chegarem à sala de aula com culturas diferentes, sem regras, mau comportamento, é gerada a indisciplina na sala de aula.
A escola precisa intervir no trabalho de formação e conscientização dos pais. Devemos esclarecer aos pais a concepção de disciplina da escola, de forma a minimizar a distância entre a disciplina domiciliar e escolar. Diante de toda crise, as famílias estão desorientadas. Muitos educadores argumentam que não seria tarefa da escola este trabalho com as famílias. De fato, só que concretamente se não fizermos algo já, enquanto lutamos por mudanças mais estruturais, nosso trabalho com as crianças ficará muito mais difícil. (VASCONCELLOS, 2004, p.79)
Em concordância com o autor, a escola no papel de toda comunidade escolar, necessita promover palestras e reuniões, de modo a desenvolver a conscientização por parte da família, para que haja uma aproximação da disciplina apresentada em casa e a ofertada na escola. Ações que tenham como finalidade um lar mais propício ao desenvolvimento emocional e comportamental da criança, pois no ambiente familiar completamente desestruturado não existe equilíbrio emocional, há bastantes filhos, e os pais apenas com o intuito de adquirir renda, tanto para aumentar o Bolsa família, como para ganhar o salário maternidade, não tem a preocupação de perceber o modo como se comporta o filho.
Para fazer valer a lei o governo liberou um incentivo, que é o programa bolsa família, cuja condição para recebê-la é que a criança deve apresentar uma frequência positiva, sendo de responsabilidade do Ministério da Educação (MEC), o acompanhamento da frequência das crianças. Ou seja, muitas crianças permanecem na escola devido a tal incentivo, sem a devida preocupação, por parte de alguns pais, com a educação de seus filhos, as prioridades são em relação ao incentivo. (PIMENTA; LOUZADA, 2012, p.21)
Nesta perspectiva, as crianças são colocadas na escola por obrigação para não perder a ajuda do Bolsa família, principalmente, para minimizar o trabalho em casa e também pela alimentação, não estando à família assistindo à criança na vida escolar, em suas atividades para casa, abdicando do direito que a criança tem à educação, o que relata o artigo 4º do Estatuto da Criança e do Adolescente:
É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade a efetivação dos direitos referente à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade, e à convivência familiar e comunitária (ECA, 2004, p.11)
Em conformidade com o ECA, a família tem a função de educar a criança para viver em sociedade, haja vista, que ela é o primeiro contato educacional que a criança tem, a fim de que, no momento em que a criança chegar a outro ambiente, a exemplo da sala de aula, possa sentir-se familiarizada, uma vez que se encontrará na mesma direção, com o mesmo propósito, que é ser educada para viver como bons cidadãos. A LDB no artigo 1º traz o seguinte discurso:
A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisas, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais. (BRASIL, 1996)
O artigo da lei 9394/96, Lei de Diretrizes e Bases da Educação, enfatiza que a educação começa na família, ou seja, prioridade, em seguida, avança na escola e continua em qualquer ambiente posterior. Segundo Nunes (2006, p. 1), “a família constitui o berço do processo de ensino e aprendizagem de todo ser humano e nele o aprendiz está sujeito a ser influenciado decisivamente de forma positiva ou negativa”. A falta de acompanhamento e apoio as crianças em casa e na vida escolar, acarreta vários transtornos negativos na vida de cada uma delas, prejudicando assim seu desenvolvimento psicológico e, por conseguinte, a sua maneira de socializar com os demais colegas num repartimento educacional. Tiba discorre que:
A educação escolar é diferente da educação familiar. Não há como uma substituir a outra, pois ambas são complementares. Não se pode delegar à escola parte da educação familiar, pois está é única e exclusiva, voltada à formação do caráter e aos padrões de comportamentos familiares. (TIBA 2007, p.187)
O autor afirma que a educação familiar é específica para criar caráter no indivíduo, portanto, distinta da escolar, visto que, o ser humano necessita de ambas para se desenvolver integralmente e com a insuficiência da família, resta apenas à escola moldar o comportamento daquela criança indisciplinada. Vasconcellos afirma que:
“A relação entre a escola e a família têm se modificado nas últimas décadas”, a maioria dos pais está transferindo à escola a obrigação de educar seus filhos, ensiná-los valores, regras e limites. Eximindo-se de seus compromissos na educação dos filhos (VASCONCELLOS, 1995, p. 63)
Desta forma, a sala de aula por ter uma clientela diversificada em que cada aluno possui sua própria cultura familiar, acaba gerando a indisciplina, já que cada criança vem com suas convicções formadas de casa, e o que é certo para uns, tão pouco faz diferença para outros. Assim, os filhos vão fazendo só o que tem desejo de fazer, deixando de lado seus deveres, não aprende a assumir as consequências das suas atitudes. Com essas condutas a sociedade futura será debilitada, repleta de pessoas fragilizadas de conhecimentos e despreparadas, sem condições para resolver problemas no seu cotidiano e tendo que aprender com as dificuldades da vida o que poderia ter aprendido em outro contexto, menos doloroso. Rego assegura que:
[…] família, entendida como no primeiro contexto de socialização, exerce, indubitavelmente, grande influência sobre a criança e o adolescente. A atitude dos pais e suas práticas de criação e educação são aspectos que interferem no desenvolvimento individual e,consequentemente, influencia o comportamento da criança na escola. (REGO, 1996, p. 97)
Em acessão com a autora, é por meio do contato da criança com a família, que ocorre a civilização. A partir desta convivência a criança desenvolve seu comportamento que será fixo no individuo gradualmente. Por isso, os pais não podem ser omissos a educação dos filhos, mesmo que seja por motivo de trabalho e sustento da família. Não podem se ausentar das responsabilidades de atenção e convívio familiar, suprindo a presença por presentes e vontades, pois acabarão deteriorando sua autoridade como pais, visto que nenhuma família pode ser submetida a decisões feitas por crianças. Aquino afirma que:
O ato indisciplinado seria a manifestação de uma agressividade latente dirigida contra as figuras de autoridade, agressividade essa gerada pela “desestruturação” do ambiente familiar (a desagregação dos casais, a falta de tempo para cuidar dos filhos, a precária supervisão das tarefas escolares etc.) de modo genérico, supõe-se que as condutas dos alunos envolvidos em situações disciplinares sejam resultado de prejuízos psíquicos difusos, mormente ligados à primeira infância e ao modo permissivo como tais crianças e jovens foram criados por suas famílias. (AQUINO, 2003, p. 10-11)
O olhar atencioso de um pai para um filho é decisivo para o desenvolvimento deste, pois torna a criança segura e capaz de resolver problemas frente ao cotidiano. Os pais que não conduzem e não participam da vida do filho podem até não perceber, mas a criança passa a não ter limites, não ter estímulo para o aprendizado e muito menos interesse para que possa se desenvolver e mostrar as suas habilidades.
Na sala de aula, a criança torna-se agressiva, inquieta e, ao mesmo tempo carente, com o emocional abalado, provocando a indisciplina. Resta ao professor trabalhar todo o processo afetivo e educacional que descobrirá dia após dia. Segundo Falcão (2007, p, 07). “A família foi perdendo seus principais atributos, de tal forma e com tanta rapidez, que se chegou a proclamar o seu fim”. Existem famílias expondo crianças ao ambiente de brigas, separações, ameaças, fazendo com que essas crianças cheguem às escolas desestimuladas e agressivas com todos.
Conviver bem é aceitar as diferenças em sala de aula, onde é necessário ter bastante o diálogo sustentado na firmeza e no respeito para com os alunos por parte dos educadores, para que haja um companheirismo sadio, igualitário e respeitoso na sala de aula. A todo o momento é tempo para melhorar, pois, nada está aprisionado a ser permanentemente igual. A educação está oportunizando mudanças na forma de educar. Percebe-se que a forma de olhar o mundo já não é mais a mesma, pois buscam-se recursos e profissionais para saciar as necessidades do educando. Quanto mais rápido e adequado forem essas interferências, melhores serão os resultados.
Verdadeiramente a presença dos pais na vida familiar do filho é de suma importância para um desempenho eficaz na educação de uma criança. É necessária essa ligação entre pais e filhos para que ambos tenham os mesmos princípios e critérios em busca de uma mesma direção que se quer seguir. Os pais devem encontrar uma maneira de dar mais atenção para os filhos no momento em que a criança pedir. Não adianta enchê-la de atenção quando a criança não tiver mais interesse.
O desenvolvimento cognitivo de um indivíduo é um processo contínuo que começa com o nascimento e vai muito além. A responsabilidade por esse desenvolvimento começa no ambiente familiar, ou seja, pelos pais, não podendo deixar a educação de uma criança exclusivamente na responsabilidade de uma instituição escolar. As crianças necessitam de companhia, e os pais não podem criar desculpas para a omissão de suas responsabilidades.
1.2.2 Contexto Social
Outro fator que contribui para indisciplina na sala de aula é o contexto social. Lugares carentes, em que prevalece o desemprego e tudo é banalizado, sem perspectiva de vida, são critérios que afetam o psicológico e o emocional do aluno e que refletem no comportamento em sala, pois este já traz consigo um sentimento de rejeição e chega preparados na escola, sem obedecer aos professores, gestores, partindo para agressividade com outras crianças seja por qual for o motivo. Tiba traz a decorrente declaração:
A violência é uma semente colocada na criança pela própria família ou pela sociedade que a circunda. Se ela encontrar terreno fértil dentro de casa, se tornará uma planta rebelde na escola, expandindo-se depois em direção à sociedade. (TIBA, 2013, p. 183)
De acordo com o autor, a criança tem seu comportamento formado no meio em que o rodeia. Se a criança convive diariamente em ambientes agressivos, ela aprenderá tal tipo de comportamento e repassará para escola, depois para a sociedade. A respeito, Durkheim declara que:
A ação exercida pelas gerações adultas sobre as que ainda não estão maduras para a vida social tem por objetivo suscitar e desenvolver na criança determinados números de estados físicos, intelectuais e morais que dele reclamam, por um lado, a sociedade política em seu conjunto, e por outro, o meio especifico ao qual está destinado. (DURKHEIM. 1973, p.44)
O autor reconhece que o ato realizado pelo adulto interfere na vida da criança, em seu desenvolvimento físico, emocional e moral, gerando assim a indisciplina, pois a criança não sabe o conceito e nem como controlar suas emoções, e tão pouco tem um adulto que lhe ajude com esses sentimentos. Com isso, “a indisciplina é um reflexo da violência e pobreza social”. (SARTÓRIO. 2006, p.36).
Na sala de aula, as crianças com a renda financeira baixa, são deixadas de lado automaticamente pelas demais crianças, que muitas vezes não aceitam fazer trabalhos em dupla ou grupo, pelas atitudes que veem na classe e em outras repartições da escola, sejam por medo ou porque os próprios pais não querem que haja a socialização, e a auto percepção disso gera na criança uma desarmonia, ocorrendo agressão física e verbal que resulta assim em indisciplina na sala de aula. “Levemos em conta que os conceitos de violência e de indisciplina não têm o mesmo significado, mais é possível que da indisciplina se passe a violência”. (PARRAT-DAYAN, 2012, p. 10). Por isso, o tema indisciplina é tão problemático, pois o comportamento indisciplinar dos alunos é o pilar para as futuras complicações posteriores que virão.
A agressividade faz parte dos recursos de defesa e ataque de qualquer ser humano desde o nascimento, e o descontrole dessa agressividade causa a violência. A criança é agressiva por algum motivo, ela é instruída a isso, seja pela família, pelo ambiente frequentado, ou por ela ser agredida constantemente.
A linguagem também é um critério para a indisciplina, pois crianças utilizam vocabulários impróprios (palavrões), como hábito do cotidiano familiar, e nem sempre como motivo de xingamentos para com os colegas. Entretanto, essas atitudes dificultam o equilíbrio da turma sobre as atividades propostas pelo professor, pois o educador tem que ter uma boa desenvoltura para conseguir socializar esses garotos, visto que, a sala de aula será um ambiente em que todos irão conviver diariamente. “A indisciplina relaciona-se com um conjunto de valores e expectativas que variam ao longo da história, entre culturas diferentes, nas diferentes classes sociais”. (PARRAT-DAYAN, 2012, p. 21) A indisciplina se apresenta contra a aceitação sobre alguma coisa ou alguém. Mars afirma que:
Primeiramente as crianças observam e imitam os comportamentos dos outros. Só mais tarde as atitudes são interiorizadas pelos indivíduos, constituindo um modelo global de referência para os seus comportamentos. (MARS, 2016, p. 04)
O autor esclarece que mesmo num ambiente impróprio, as crianças a princípio apenas imitam o comportamento dos adultos. Desta forma, a escola tem uma grande possibilidade de ser um ambiente transformador, de transmitir outros valores, pois é só mais tarde que o indivíduo vai guardá-los para si próprio, ou seja, adotar ideias, valores e hábitos como se fossem seus.
Na sala de aula a indisciplina vai gerando uma bola de neve, chegando ao bullying, que nada mais é, que um contexto familiar, pois a criança traz do seio familiar esses pensamentos, ou seja, ausência de regras que se manifesta através da indisciplina. Cabe a escola, no papel do professor, tentar moldar essas práticas para conseguir alcançar um objetivo positivo em sua aula, porque o professor é “aquele que educa, oferece parâmetros e estabelece limites” (AQUINO; 2000 p. 46).
O embate do bulliyng, além de ser uma providência disciplinar, também é um gesto cidadão extremamente educativo, pois apronta os alunos para aceitação, o respeito e a cordialidade com as diferenças. Uma vez que, o educador conseguindo conscientizar os educandos sobre esses comportamentos, é motivo de vitória para instituição escolar, dado que, é uma intervenção disciplinar. Desse modo, cada contexto social em que a criança é inserida, resulta numa consequência, ou seja, num comportamento que esta desenvolve na sala de aula.
O processo educacional possibilita ao indivíduo atuar na sociedade sem reproduzir experiências anteriores, acriticamente. Pelo contrario, elas serão avaliadas criticamente, com o objetivo de modificar seu comportamento e desta maneira produzir mudanças sociais. Educação é vida, é viver, é desenvolver, é crescer. (DEWEY. 1971, p.29)
O autor defende a ideia que o método educacional proporciona à criança viver na sociedade sem reproduzir as vivências anteriores, pois a educação consegue modificar comportamentos, por um desenvolvimento e crescimento positivo de uma criança.
1.2.3 Espaço Físico da escola
O espaço físico também contribui para a indisciplina nas aulas: salas pequenas e com número alto de alunos transfigura-se num ambiente abafado e inapropriado a disciplina, tornando a sala de aula tumultuada e tirando a possibilidade de o aluno prestar atenção na aula ministrada pelo professor. “A relação inadequada ao tamanho da sala de aula e o número de alunos, são problemas que influenciam diretamente no desempenho dos alunos”. (SATYRO e SOARES, 2007, p. 07).
Os autores afirmam que o tamanho da sala e a quantidade de alunos são fatores que contribuem para o desenvolvimento do aluno. Ou seja, se a sala for pequena, com muitos alunos, essa turma terá uma probabilidade maior à indisciplina e um rendimento menor em relação à aprendizagem. Tiba reitera que:
Classes muito barulhentas, nas quais ninguém ouve ninguém; salas muito quentes escuras, alagadas ou sem condições de acomodar todos os estudantes são locais pouco prováveis de se conseguir boa disciplina. (TIBA, 2013, p. 146)
Devido a isso, começam “o ruído de fundo, as conversas incessantes entre alunos, o hábito de jogar papeizinhos ou qualquer outro objeto, as piadas fora de lugar, à rejeição do trabalho e etc.”. (PARRAT-DAYAN, 2012, p. 27). São muitos fatores que dificultam a possibilidade de o aluno ter entusiasmo para assistir a aula. Desta forma, o estado psicológico do grupo inserido no local é prejudicado, dado que afeta ao professor que quer ensinar e ao aluno que quer aprender. Kimura (2008, p.20) reconhece que “a existência e o consequente acesso a condições de infraestrutura são considerados pelos próprios professores das escolas como um aspecto dotado de importância fundamental para o desenvolvimento de seu trabalho”, pois possibilita um ambiente mais acolhedor e atrativo ao alunado.
Toda escola é diferente em sua estrutura física, o qual, naturalmente, não foi decisão dos professores: as medidas, os espaços e as determinadas distribuições são fixos. O que é possível é adaptar os espaços às necessidades educativas da escola. (ALMEIDA; BRITO; ALMEIDA; 2008 p. 04)
Diante dessa afirmação, a clientela da escola, ou seja, professores e alunos não têm culpa dos tamanhos dos cômodos instalados nas escolas, portanto, têm apenas a possibilidade de adaptar-se a situação para melhor atender-lhe durante o ano letivo. Visto que, a não adaptação e a desarmonia entre o alunado, causará barulho desnecessário afetando o seu comportamento em sala, por consequência, abalando o desempenho do professor no decorrer das aulas. Oliveira alega que:
Fatores de estrutura física da escola como: edifícios impróprios e degradados, sala de aula apertada, com pouca ventilação e pouca iluminação, sala que sofre interferência do barulho de fora, etc. Que, com certeza, irão interferir negativamente no comportamento dos alunos. (OLIVEIRA, 2005, p. 71)
Em conformidade com Oliveira (2005), a estrutura física da escola tem sua contribuição para a indisciplina na sala de aula. É compreensível que um local onde o alunado não se sinta acolhido, é verdadeiramente um empecilho para o não comportamento e para uma inquietude constante, fato que agrava a desatenção na aula. A autora ainda reitera que:
A democratização da escola ocorreu sem que houvesse previamente uma estrutura básica que garantisse: acomodação adequada para os educandos (escolas e salas de aula com instalações apropriadas, carteiras escolares decentes e suficientes, espaço para recreação etc.); condições dignas de trabalho para professor (materiais didáticos, mobiliário adequado e equipamentos necessários); preparação do professor para lidar com as diferentes realidades dos educandos e, consequentemente, a qualidade da educação oferecida. . (OLIVEIRA, 2005, p. 71)
Com isso, a autora informa que houve a democratização da escola, isto é, tornou-se acessível a todas as classes, mas não houve uma segurança que garantisse que a escola teria com relação à estrutura, uma acomodação satisfatória a todos os envolvidos. Faltam muitas coisas nas instituições escolares que o alunado não tem acesso, pela falta de uma estrutura mais propícia à acomodação, por conseguinte, ao aprendizado. A escassez desse ambiente e, de materiais e equipamentos que são necessários em uma escola na atualidade, interferem diretamente no comportamento do aluno. O que afirma Oliveira (2011):
O aluno é prejudicado pelo seu próprio comportamento: ele não aproveitará quase nada dos conteúdos ministrados durante as aulas, pois o barulho e a movimentação impedem qualquer trabalho reprodutivo. O professor grita, na tentativa de se fazer ouvir, e os alunos mal o escutam, dando continuidade a atividades que não aquelas que deveriam estar realizando (OLIVEIRA, 2011, p. 20-21)
Assim, o aluno não alcança o aprendizado imprescindível para o desempenho da cidadania, pois ele próprio, pela sua imaturidade e por não ter alguém com pulso firme que contribua para sua melhoria no que diz respeito à conduta de como se portar em sala de aula, acabará se prejudicando em decorrência de não aprender o que será importante para sua vida.
1.2.4 O desempenho do professor na sala de aula
A forma como o professor ministra suas aulas também influencia na indisciplina na sala de aula. “Aulas insípidas, com o arcaico método pelo qual um fala enquanto o outro escuta, perdem para as ofertas muito mais prazerosas da sociedade.” (TIBA, 2013, P. 150). Isso ocorre pelo simples fato do ritmo dos alunos da atualidade ter mudado, visto que não são alunos semelhantes aos que eram seus pais. Portanto, a metodologia do professor também tem que ser reinventada.
Fora da escola o entretenimento é mais encantador, e dentro das salas de aulas, estas muitas vezes monótonas e cansativas, em que na mente das crianças não servem para nada, as mesmas acabam conversando sobre o que lhe interessam: jogos, desenhos, algo útil e prazeroso para eles, causando a indisciplina, ou seja, conversas paralelas que não fazem parte do conteúdo da aula.
Os professores recém-formados e iniciantes na profissão aprendem desde cedo à importância da disciplina em sala de aula, pois a falta de autoridade dos professores facilmente é perceptível pelos alunos, e se o professor não controlar os alunos na classe, ocasiona bem mais dificuldade no transcorrer das aulas, do que a insuficiência do conhecimento dos alunos. Parrat- Dayan, em seu discurso admite que:
Os jovens que se preparam para torna- se professores aprendem muito cedo a importância estratégica da disciplina, ainda que o tema seja pouco estudado na sua formação. Controlar a ordem na aula é uma das primeiras aptidões que o professor deve demonstrar, porque falhar nesse ponto acarreta mais problemas e conflitos que fracassar na própria aprendizagem dos seus alunos. (PARRAT- DAYAN, 2008, p. 102)
A autora afirma que técnicas de disciplinas não são estudadas na formação de um professor. A partir do momento que o docente entra na sala de aula, o mesmo já se depara com o desafio de lidar coma indisciplina, e se este não demonstrar firmeza para com os alunos, terá muitas complicações, além de falhar na aprendizagem dos discentes.
Na escola contemporânea ainda há professores que acreditam que o conceito de disciplina é sinônimo de carteiras em fileiras e salas silenciosas. A respeito, Antunes afirma que:
A aula não pode começar se as carteiras não estão organizadas. Cada coisa em seu lugar; estejam atentos porque vou percorrer carteira, uma a uma, e fiscalizar tudo. – Bem, turma. Agora que a classe já não mais está em bagunça e agora que as cadeiras estão arrumadas como devem ser arrumadas, prestem atenção a aula vai começar. (ANTUNES, 2007, p. 15)
Antunes declara que existem professores na atualidade que vivenciam diariamente essas atitudes: acreditam que indisciplina pode estar relacionada a forma em que se encontram distribuídas as carteiras em sala, ou seja, apenas em fileiras é considerado correto para a sala de aula.
Outro ponto devastador é “o julgamento negativo que um professor pode manifestar por um aluno faz com que ele se sinta desvalorizado e isso pode provocar a indisciplina ou o tédio na escola”. (PARRAT- DAYAN, 2008, p. 67). Em conformidade com a autora, o julgamento negativo relacionado ao aluno faz com que o mesmo se sinta impotente, sem perspectiva de mudança.
Professores com tais discursos amedrontam crianças que são quietas e pioram o comportamento de alunos mais afoitos. À medida que, todo comportamento de uma criança em sala de aula vem da sua cultura familiar e, muitas vezes aquela criança com comportamento indisciplinar já vem desvalorizado de casa, não compete ao professor julgar negativamente todas as suas atitudes. A criança precisa de uma motivação, um olhar atencioso por parte do professor para despertar-lhe o interesse pelo conteúdo ministrado, de uma forma que o educador seja ativo aos interesses do aluno, aos valores que o impulsionam, modificando a sala em um ambiente agradável para docentes e discentes, buscando a preservação da autoestima profissional.
A fim de que as crianças prestem a atenção na aula, estas necessitam de autoridade e não de autoritarismo. Como diz Freire (1996, p.17): “ensinar exige reflexão crítica sobre a prática”. Uma vez que, se os fatores da indisciplina sejam apontados pelo professor que se encontra desmotivado e acomodado, sem procurar uma mudança na sua prática pedagógica, será difícil conseguir sucesso.
O professor deve modificar seu hábito, buscar outros meios para trabalhar, principalmente buscar uma possibilidade de ligação com o aluno, de uma forma que o discente aprenda a respeitar o docente e venha a ter interesse nas aulas. É de suma importância refletir a cercada forma de repreender o aluno, não chamando a sua atenção na frente de todos, pois essa atitude quebra qualquer vínculo que o professor almeja construir na sala de aula. Parrat-Dayan (2008, p. 64), afirma que: “é mais eficaz se aproximar calmamente de um aluno e pedir que retome seu trabalho que chamar a sua atenção em voz alta na frente de todos”. Dametto; Esquinsani,2009, dissertam:
Frente a este impasse, ensinar (e disciplinar) pessoas que não se propõe a sujeição empreendida pela Escola, cabe à instituição e ao professor buscar gerir de forma consciente o poder enquanto força que emerge nas relações, utilizando-se de instrumentos diferentes dos criados nos primórdios das instituições disciplinares, pois essas ainda conservavam em si a possibilidade de utilizar a violência como recurso reforçador de seu discurso. (DAMETTO; ESQUINSANI, 2009, p.9)
Os autores esclarecem que é dever da instituição, no papel principalmente do professor, fazer os alunos aderirem às regras, pois elas não devem ser entendidas como uma essência negativa, ao passo que, implicam valores e formas de condutas. Para tanto, deverão ser utilizados mecanismos distintos dos de antigamente, sem utilizar a violência como recurso fundamental. O que deve ser utilizado como fator principal a qualquer mudança, é a motivação.
A motivação decorrente a Neri (apud ECCHELI, 2008, p.75) é considerada como “o processo que se desenvolve no interior do indivíduo e o impulsiona a agir, mental ou fisicamente, em função de algo. O indivíduo motivado encontra-se disposto a despender esforços para alcançar seus objetivos”. À vista disso, Neri apud Eccheli (2008), reitera que:
Conseguir que os alunos se sintam motivados para aprender é o primeiro passo para a prevenção da indisciplina, é um grande desafio para o professor e a escola. Os professores desejam alunos que saibam respeitar os seus colegas e que consigam se engajar em atividades que exijam concentração e esforço para aprender, porem isso não é sinônimo de aluno passivo e silencioso o tempo todo. O silencio tão desejado em sala de aula, nem sempre é garantia de aprendizagem, pois o aluno aprende quando participa ativamente de uma atividade, executando alguma tarefa, ouvindo diferentes formas de percepção dos demais frente a um assunto e tendo a oportunidade de argumentar as suas ideias através de grupos de discussão ou debates. Essa participação ativa dos alunos nas atividades escolares é expressão de energia e entusiasmo, fruto de uma aprendizagem significativa. (p.201)
A autora reafirma que um dos primeiros passos contra a indisciplina é fazer com que os alunos se sintam motivados em sala de aula, portanto, o professor precisa buscar meios para a motivação de seus alunos em prol de uma turma disciplinada e com uma aprendizagem significativa. Em suma, o professor almeja apenas respeito mútuo entre o alunado e que os mesmos façam com entusiasmo as atividades propostas por ele. E isso não significa dizer que o professor quer silêncio o tempo todo na aula, pois o silêncio nem sempre é uma garantia de que os alunos estão aprendendo. O professor almeja disciplina, ou seja, respeito, tolerância, participação, entusiasmo e debates, por fim, o aluno construindo o conhecimento em conjunto com o professor. Neste caso, na prática, o professor tem o objetivo ao qual ele quer alcançar e necessita apenas do caminho mais conveniente e estimulante para seguir.
CAPÍTULO II – INDISCIPLINA E DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM
A indisciplina influencia diretamente na aprendizagem da criança à medida que “as causas da indisciplina escolar e dos problemas de aprendizagens convergem na série de fatores biológicos, familiar e sociais que determinam o grau de maturação do sujeito.” (Freller, 2008, p. 28). Em conformidade com a autora, os diversos motivos que levam a criança a ser indisciplinada, influenciam no seu aprendizado pelo nível de maturidade do indivíduo, visto que, a criança tem formas diferentes de absolver e reagir às informações a ela inferidas conforme a idade de cada uma. Por se encontrar num processo de passagem, ou seja, de crescimento e evolução, acaba adquirindo um comportamento indisciplinar, até mesmo por não ter a maturidade suficiente para entender o que acontece a sua volta. José e Coelho afirmam que:
É comum as pessoas restringirem o conceito de aprendizagem somente aos fenômenos que ocorrem na escola, como resultado de ensino. Entre tanto, o termo tem um sentido muito mais amplo: abrange os hábitos que formamos, os aspectos de nossa vida afetiva e a assimilação de valores culturais. Enfim, a aprendizagem se refere a aspectos funcionais e resulta de toda estimulação ambiental recebida pelo indivíduo no decorrer da vida. (JOSÉ e COELHO, 2009, p. 11)
De acordo com as autoras, a aprendizagem não acontece somente na escola e resulta de todo o lugar onde a criança está inserida durante sua vida. Toda a sua cultura vivenciada na família e ambientes onde frequenta, influencia no seu desenvolvimento cognitivo frente à escola. No entanto, “o processo de ensino aprendizagem, assim como a convivência dos alunos dentro da escola, é essencial e potencialmente frustrante, pois deve restringir os instintos e exigir que estes se submetam ao princípio da realidade.” (Freller, 2008, p. 32). A autora afirma uma realidade conhecida na maioria das escolas públicas, em que a aprendizagem está associada também a convivência dentro da sala de aula e até mesmo dentro da escola. Haja vista que ela é fundamental e, ao mesmo tempo tem uma maior probabilidade à decepção, pois os alunos e professores têm que aprender a conhecer e dominar seus sentimentos, não podendo expor de toda forma suas emoções. Por ser um espaço misto, a sala de aula torna-se um ambiente desafiador para o professor, que tem o objetivo de informar e ensinar a criança a moderar suas reações em relação às emoções sentidas.
O processo de aprendizagem sofre interferência de vários fatores – intelectual, psicomotor, físico, social, – mas é do fator emocional que depende grande parte da educação infantil. A problemática decorre da interferência desses fatores na aprendizagem. (JOSÉ e COELHO, 2009, p. 11)
Em conformidade com as autoras, a clientela da escola tem que conhecer suas emoções, aprender a conviver, aprender a evitar conflitos e respeitar a diversidade do local inserido. Com essa conscientização, as crianças diminuem a indisciplina, facilitando o processo de ensino aprendizagem.
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) no que diz respeito às competências gerais da educação básica, traz o seguinte discurso: “Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo-se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas” (BRASIL, 2017, p. 10). Trata-se da competência 8 – Autoconhecimento e autocuidado.
A BNCC no que se refere aos direitos de aprendizagens e desenvolvimento na educação infantil traz a decorrente fala: “Expressar, como sujeito dialógico, criativo e sensível, suas necessidades, emoções, sentimentos, dúvidas, hipóteses, descobertas, opiniões, questionamentos, através de diferentes linguagens.” (BRASIL, 2017, p. 38). Desta forma, serão trabalhadas as emoções das crianças já na educação infantil, em que estas vão conhecer e identificar suas próprias emoções e de seus coleguinhas.
A criança ao chegar ao ensino fundamental, com a ajuda do professor, vai aprender a reconhecer suas emoções, pois já está familiarizada com as circunstâncias. Com este propósito escolar, ao passo em que os alunos costumam desenvolver até o fim do fundamental o equilíbrio emocional, gradualmente as crianças vão se conscientizando sobre suas atitudes e, nesta perspectiva, a indisciplina será minimizada na sala de aula.
A escola é o ambiente perfeito para o engatilhamento de processos emocionais, ou seja, a sala de aula é o local certo para serem trabalhadas as emoções, visto que, a emoção negativa impossibilita a harmonia dos educandos em sala de aula e a não intervenção da situação resulta numa reciprocidade ou contaminação dos sujeitos envolvidos, prejudicando assim a desenvoltura da turma.
A indisciplina na sala de aula compromete o aprendizado do aluno, tira sua atenção e resulta na queda do rendimento educacional. A probabilidade de um fracasso escolar ocorre com o mau comportamento do próprio aluno em sala, que perde o foco do aprendizado e acaba se auto-prejudicando devido a sua conduta na classe.
O desempenho individual das crianças é maciçamente influenciado por sua família, pela escola e pelo ambiente da comunidade. Embora supostamente as dificuldades de aprendizagens tenham uma base biológica, com frequência é o ambiente da criança que determina a gravidade do impacto da dificuldade. A ciência não oferece muito em termo de tratamento médico, mas a longa experiência tem mostrado que a modificação no ambiente pode fazer uma diferença impressionante no processo educacional da criança. (SMITH e STRICK, 2012, p. 20)
Nesta concepção a base principal está na família, com quem a criança tem seu primeiro contato com a vida social. É neste alicerce onde começa o desenvolvimento positivo ou negativo de uma criança na vida estudantil. A família é o vínculo primordial que a criança tem no seu início de vida, e essa relação é de grande importância para o professor perceber as causas das dificuldades de aprendizagem de alunos. É necessário buscar informações da vida familiar, para intervir junto à escola e família, em prol de um melhor desenvolvimento da criança.
A indisciplina também compromete o rendimento do grupo, pois um aluno indisciplinado, geralmente atrapalha toda a sala, uma vez que, os colegas acabam se distraindo, passando a ter dificuldade em acompanhar o conteúdo da aula ministrada pelo professor. Com isso, o professor necessita fazer uma intervenção imediata para que sua aula não seja toda prejudicada, nem sua turma atinja o fracasso escolar.
Diante de situações de indisciplina, o professor deverá conhecer o aluno e planejar a aula pensando na sua realidade, para que esta criança possa ter de volta o interesse e consequentemente a possibilidade de um futuro melhor, já que, a sua principal oportunidade encontra-se verdadeiramente no ambiente educacional e motivador. Em função disso, o professor na sala de aula terá o desafio de mediar e ensinar uma convivência sadia entre os alunos para que não haja um esbarro de culturas diferentes. Perrenoud discorre que:
Não podemos subestimar o choque cotidiano das culturas. Ele influencia o fracasso escolar: as rejeições, as rupturas na comunicação, os conflitos de valores e as diferenças de costumes contam tanto quanto o eventual elitismo dos conteúdos. (2001, p. 57)
Há uma percepção de que o fracasso escolar está envolvido com os costumes familiares de cada um, e que só é entendido pelo professor que está em sala todos os dias e por outros profissionais da educação que se sensibilizam ao ponto de ajudar a escola, e a criança, a vencer essa dificuldade. A aprendizagem está relacionada com o psicológico da criança e ela precisa estar bem para querer e assimilar os conteúdos em sala, visto que “o termo dificuldades de aprendizagens refere-se não a um único distúrbio, mas a uma ampla gama de problemas que podem afetar qualquer área do desempenho acadêmico”. (SMITH e STRICK, 2012, P. 15). Fante discorre que:
[…] um relacionamento marcado pela falta de afetividade positiva e pelos maus-tratos físicos ou verbais influenciará o indivíduo, determinando seu desempenho social e sua capacidade de adaptação às normas de convivência, bem como sua habilidade de integração social. Portanto, as raízes do comportamento agressivo estão fincadas na infância, sendo o modelo de identificação familiar o elemento fundamental para a sua compreensão (FANTE, 2005, p.173)
Em conformidade com a autora, a falta de afeto intervém negativamente no desenvolvimento da criança, prejudicando assim sua compreensão em adaptar-se as normas de convivência de um ambiente. Estando a criança na escola, o professor terá muita dificuldade para moldar seus comportamentos indisciplinados e conscientizá-la da importância de adquirir conhecimento para sua vida, já que, no meio familiar, a criança não vivencia essas normas tão valiosas para o seu desenvolvimento perante a sociedade.
Apresentar dificuldade de aprendizagem significa dizer que existem vários fatores que influenciam essa problemática nas salas de aulas. A criança está sempre passiva de uma ação mal direcionada, seja no ambiente familiar, pela carência de atenção necessária que uma criança tem o direito, seja no ambiente escolar, por a escola não ter a sensibilidade de perceber que a criança está precisando de ajuda. É diante dessas negligencias que resultam as consequências nas crianças. Leal e Nogueira, afirmam que:
Todos os distúrbios- da fala, da audição, emocionais, do comportamento, etc. – Têm sua origem em causas diversas, porém todos eles se constituem em obstáculos à aprendizagem, prejudicando-a e ao mesmo tempo impedindo-a. são, portanto, problemas dentro do processo de ensino-aprendizagem. (LEAL e NOGUEIRA, 2012, p.54)
A dificuldade de aprendizagem e indisciplina em geral são conceitos diferentes, porém estão interligadas entre si, já que as dificuldades de aprendizagem em sua grande maioria são consequências da indisciplina.
A identificação das causas dos problemas de aprendizagens escolar requer uma intervenção especializada. Muito embora o aprender seja um processo natural, resulta de uma complexa atividade mental, na qual estão envolvidos processos de pensamentos, percepção, emoções memória, motricidade, mediação, conhecimento prévios, etc… (BOSSA, 2007, p. 12)
Em conformidade com a autora Bossa, é necessário um profissional especializado para que haja uma identificação das causas dos problemas de aprendizagens escolares, tendo em vista que “a criança ou o adolescente muitas vezes prefere acreditar e fazer os outros acreditarem, que vão mal na escola, porque é desinteressado”. (BOSSA, 2007, p.13). É a partir daí que acontece a indisciplina, e o professor necessita desse conhecimento em sala para fazer uma intervenção, de modo a encaminhar o aluno a um profissional especializado na área, para juntos conseguirem identificar a raiz do problema. “Uma decisão que requer uma análise cuidadosa da situação e preparo para lidar com a reação dos pais, que na maioria das vezes pensam em atacar o professor”. (BOSSA, 2007, p. 15).
O Psicopedagogo é o profissional que assessora e esclarece em relação a diversos aspectos no processo ensino aprendizagem. Contribui com o esclarecimento de diversas dificuldades dos alunos, entra com o papel de avaliar e identificar os problemas de aprendizagem, encaminhando por relatório, quando necessário, para outros profissionais como é o caso do Psicólogo, Fonoaudiólogo, Neurologista, entre outros, que farão um diagnóstico preciso e exames especializados no intuito de favorecer o processo de aquisição do saber.
Scoz (1992, p. 02) define bem o papel da Psicopedagogia como: “Área que estuda e lida com processo de aprendizagem e suas dificuldades e que, numa ação profissional, deve englobar vários campos do conhecimento, integrando-os e sintetizando-os”. A intervenção do psicopedagogo influência de forma positiva no desenvolvimento da criança, tendo como um ponto de partida a vida familiar da mesma. Scozafirma, (2002, p. 22) que não há apenas uma única causa para os problemas de aprendizagem “[…] é preciso compreendê-los a partir de um enfoque multidimensional, que amalgame fatores orgânicos, cognitivos, afetivos/ sociais”.
A não aprendizagem causa na criança um sentimento de vergonha. Crianças de classes sociais menos favorecidas têm maiores dificuldades com a aprendizagem, pois não tem os mesmos incentivos que outras crianças em situações melhores. A incapacidade que a criança demonstra em não se sentir parte do grupo acarreta comportamentos inadequados como xingamentos e gritos, que causam interferência à turma e ao professor. […] “Os alunos com dificuldades acadêmicas têm cada vez maiores problemas em aceder ao currículo (por falta de bases), o que potencializa os maus comportamentos, os quais, por seu turno, inibem a concentração nas tarefas acadêmicas”. (LOPES, 2013, p. 57). Já que a concentração significa a fixação da atenção em um só aspecto da totalidade, ou do objeto da situação, a criança fixa sua atenção na indisciplina e deixa de lado as tarefas acadêmicas.
[…] podemos considerar o problema de aprendizagem como um sintoma, no sentido de que o não-aprender não configura um quadro permanente, mas ingressa numa constelação peculiar de comportamentos, nos quais se destaca como um sinal de descompensação. (Apud JOSÉ e COELHO, 2006, p. 23)
Em conformidade com os autores, a não aprendizagem não é um sintoma definitivo, porém interfere no comportamento da criança na sala de aula. A dificuldade do professor nesta situação é ainda maior porque na maioria das vezes está sozinho, não tem o apoio dos pais em prol de uma tentativa de resolução da causa, e na grande maioria das escolas públicas não tem profissionais especializados na área para dar suporte ao professor.
Ocorre com muita frequência o avanço de alunos nas séries sem ao menos terem consolidado as habilidades ou direitos de aprendizagem necessários para seu aprimoramento na série seguinte, possibilitando alunos chegarem ao 3º ano do ensino fundamental ao nível pré-silábico, ou seja, quando a criança começa a perceber que a escrita representa aquilo que é falado. Ela tenta se aventurar pela escrita e por meio da reprodução de rabiscos e desenhos, mas ainda não consegue relacionar as letras, com os sons da língua falada, dificultando ainda mais ao professor alfabetizar em uma série que atualmente não é mais sua competência, pois de acordo com a BNCC a alfabetização teria que ser concretizada no 2º ano do ensino fundamental, e, além da dificuldade acadêmica.
Haja vista “a dificuldade acarreta sofrimentos e nenhum aluno apresenta baixo rendimento por vontade própria”. (FONSECA; 2008, p. 14). Até ser identificado o motivo da falta de interesse pelos estudos a criança será a única penalizada.
Sempre há uma desculpa dos fatores que levam o aluno a ter dificuldades. Preguiça, lentidão ou apenas falta de atenção ou de interesse são algumas delas, que muitas das vezes são usadas pelos educadores como forma de tirar de suas costas a responsabilidade, no entanto, essas desculpas tendem a contribuir para o agravamento dessas dificuldades, deixando o aluno cada vez mais desmotivado a aprender (FONSECA, 2008, p. 16)
Existem inúmeros motivos para uma criança ter dificuldade na aprendizagem, porém o professor tem que procurar maneiras para lidar com esta situação em virtude da evolução da criança, tendo em vista que é o educador que ficará em contato com esta criança por volta de duzentos dias letivos. Uma parceria e acompanhamento pedagógico é o essencial para se conseguir sucesso no processo educacional.
É preciso considerar que crianças indisciplinadas e com dificuldade na aprendizagem geralmente não têm a presença da família na escola, e que é o professor que terá que despertar a mudança nesta criança. Por isso, deve haver o acompanhamento de todos os envolvidos na educação, para estarem cientes dos problemas, dos avanços e das tentativas em relação ao ensino-aprendizagem da criança envolvida. “É óbvio que salas de aula abarrotadas, professores sobrecarregados ou pouco treinados e suprimentos inadequados de bons materiais didáticos comprometem a capacidade dos alunos para aprender” (SMITH e STRICK, 2001, p. 33).
“Em todo caso, a criança que faz barulho, provoca desordem, ou inclusive, comete ato de vandalismo poderia querer mostrar que existe.” (PARRAT- DAYAN: 2012 p. 08). Na maioria das vezes as crianças com o comportamento indisciplinar, querem se fazer presente, chamar atenção, e por serem crianças, ainda imaturas, utilizam o barulho para se sentirem notadas, jogam carteiras no chão, quebram lápis e não fazem as atividades propostas pelos professores. Oliveira declara que:
Além de a indisciplina causar danos ao professor e ao processo ensino-aprendizagem, o aluno também é prejudicado pelo seu próprio comportamento: ele não aproveitará quase nada dos conteúdos ministrados durante as aulas, pois o barulho e a movimentação impedem qualquer trabalho reprodutivo.(OLIVEIRA; 2005, p.21)
A autora Oliveira afirma que, a indisciplina prejudica o processo de ensino aprendizagem do professor, interfere na sua autoestima e no desempenho de uma aula com mais produtividade. Além de prejudicar o próprio educando, impossibilitando-lhe a assimilação de conteúdos e de habilidades que poderiam ter sido consolidadas naquela aula planejada para o mesmo.
O ato indisciplinar de uma criança quase sempre ocorre devido a alguma carência que ela sofre sobre a ausência da família em relação ao seu dia a dia. Os pais são responsáveis por acompanhar o crescimento físico, emocional e cognitivo de seu filho. Quando esse ato é transferido para escola fica mais complicada a intervenção por parte do professor com a criança. De acordo com Oliveira (2005, p. 51):
As crianças passam o dia todo sozinhos, em casa ou na rua. E os pais responsáveis transferem para a escola toda, ou quase toda, a responsabilidade da educação de seus filhos: estabelecer limites e desenvolver hábitos básicos. Fica a cargo do professor ensinar às crianças desde amarrar os sapatos, dar iniciação religiosa até colocar limites que já deveriam vir esclarecidos de casa.
Em conformidade com a autora, além dos campos do conhecimento que o professor tem que ensinar, existe as atividades extras que o professor faz e que não condizem com sua função, fato que acaba diminuindo a aprendizagem do aluno, pois atos como amarrar sapatos, amarrar cabelos e falta de limites deveriam ser estabelecidos e ensinados em casa. Na realidade parte do tempo que o professor tem para ensinar é reservada para fazer essas ações, uma vez que a criança necessita de atenção e cuidado por parte de seus responsáveis para desenvolver-se bem na escola, e, quando não tem, é a escola que desempenha esta função. Almeida afirma:
Acreditamos que é do confronto entre a teoria e prática que se traçam os caminhos possíveis para a solução ou pelo menos para a compreensão dos problemas educacionais. A ação da escola não se limita ao cumprimento da instrução, mas principalmente á função de desenvolver a personalidade da criança. (ALMEIDA 1999, p.13)
Em conformidade com a autora, as possíveis soluções ou ao menos a compreensão das dificuldades educacionais ocorrem com o conhecimento da teoria e a experiência da prática a fim de projetar caminhos plausíveis para além das instruções de conhecimento, além de instruir na construção da personalidade da criança. O professor que tem a sensibilidade de acolher a criança indisciplinar e com dificuldades na aprendizagem, constrói uma relação de respeito e cria uma ligação de confiança entre ele e o aluno, facilitando assim o processo de ensino- aprendizagem.
2.1 INDISCIPLINA ESCOLAR E ESTRATÉGIAS DIDÁTICO-PEDAGÓGICAS UTILIZADAS PELOPROFESSOR NA SALA DE AULA
Nas Instituições escolares e na sociedade em geral, são muitas as indagações em relação ao mau comportamento da criança em sala de aula, já detectado nos anos iniciais do ensino fundamental. A falta de estrutura familiar é um dos grandes fatores para os problemas encontrados na grande maioria das escolas públicas e particulares do Brasil, e o professor tem a missão de fazer o diferencial no que diz respeito as metodologias na sala de aula. Tem, portanto, a finalidade de moldar ou minimizar a conduta da criança indisciplinada, além de manter a harmonia na sala e não prejudicar o aprendizado dos demais alunos. Ferreira discorre que:
Indisciplina é plural, tanto no conceito quanto em suas causas, expressões e implicações no universo escolar. Não apresenta uma causa única, e suas diferentes causas poderiam ser reunidas em dois grandes grupos gerais: um deles relacionados ao que denomina causas internas, e um outro associado às causas externas a escola. (2009, p.03)
Tendo em vista que as crianças indisciplinadas são carentes de valores éticos, morais e sociais, por negligência da família, as mesmas têm apenas a escola como possibilidade para melhorar seu comportamento. É o professor que tende a ficar com a maior parte desta responsabilidade, uma vez que, ele é o agente que fica mais tempo com a criança no ambiente educacional. Diante desta problemática, uma das funções do educador é construir estratégias metodológicas que sejam capazes de motivar o aluno a despertar para o estudo com um olhar mais dedicado.
Ser um especialista da aprendizagem supõe saber mobilizar conhecimentos em ciências humanas para interpretar, de maneira justa, as situações vividas em sala de aula e para se adaptar aos diferentes públicos escolares e também implica dominar saberes disciplinares e interdisciplinares […] (PARRAT-DAYAN, 2009, p. 113)
A indisciplina na sala de aula é o grande desafio para os professores na atualidade, pois acontece com muita frequência e prejudica toda a aula. Nem todas as escolas públicas têm as condições necessárias em termo de tecnologia para promover aulas mais atrativas, visto que a sociedade está sempre em evolução a respeito de tecnologias, e as crianças estão atentas a isso.
A indisciplina escolar é composta por vários fatores, portanto, não se podem obter soluções transferindo a responsabilidade para apenas um agente, o professor. Porém, por ele que estar em contato diário com o aluno e ser um profissional que emana entusiasmo no que faz, poderá conseguir melhorias nas ações indisciplinadas encontradas nas escolas onde trabalha. Segundo Vasconcelos:
[…] nem sempre temos as condições objetivas necessárias; mas não podemos deixar de constatar também a falta de instrumento adequado de intervenção, por isso, acredita-se na necessidade de o docente “estar integrado à ação”, o que pede dele métodos que visam o docente a não atuar na base do improviso; a sair do hábito alienado; a apropriar-se mais intensamente de seu trabalho; a construir sua autonomia. (VASCONCELOS, 2009, p. 41)
Nem sempre as escolas têm as condições necessárias para uma aula excepcional. No entanto, nos dias atuais, estão mais capacitadas, com programas federais e formações que possibilitam aos professores um bom planejamento, aulas mais atrativas e lúdicas, evitando que alguns professores possam ministrar aulas sendo o centro das atenções: apenas ele fala e deseja que o aluno escute e aprenda. Considera-se que a lógica da qual estamos tratando, se refere aos anos iniciais, em que o aluno é uma criança e todo aprendizado decorre da vinculação com o desejo e com o lúdico.
Por mais que as escolas públicas tenham carência de materiais adequados, o professor que almeja resultados positivos tem condições de planejar aulas agradáveis, para que o aluno dos anos iniciais do ensino fundamental não fique disperso. Uma das intervenções mais adequadas é o professor conhecer o aluno e planejar aula específica de acordo com a realidade dele. Cada criança tem uma vivência, tem seu nível de aprendizagem, tem seu limite, e um dos meios mais eficazes de proporcionar sucesso é fazer a aula planejada e adaptada a cada uma delas.
O professor que quer ser efetivamente professor tem de trabalhar com a realidade que tem em sala de aula; não adianta ficar se lamuriando, jogando a culpa aqui e acolá. São estes os alunos que tem e com eles tem que trabalhar; é esta a escola, é este o país. Este é o ponto de partida. Deve superar as explicações do novo senso comum pedagógico (de cunho pseudopsicológico ou pseudosociológico): “São problemas afetivos” “e problemas de família”, “é problema de carência” “é influência de televisão”, etc. È claro que tudo isso tem a ver com a (in) disciplina em sala de aula, o que demanda a atuação dos educadores de maneira organizada e articulada em todas as frentes. Mas de forma alguma deve servi de álibi para que o educador não assuma sua responsabilidade em sala de aula. Simultaneamente pode-se e deve-se trabalhar com os pais, com a formação mais geral do aluno, com as contradições da escola, com a influência da sociedade, etc., mas não podemos nos esquivar de um dos focos principais das lutas que é a sala de aula. O professor tem que ser sujeito da história pedagógica de sua classe e de sua escola; não pode ficar sonhando com alunos ideais… (VASCONCELOS, 2004, p.84)
Vasconcelos aponta uma realidade que afeta a muitos profissionais da educação brasileira. Alunos complicados, indisciplinares, são resultados de várias razões, no entanto, isso não pode se tornar normal e aceitável, sem ao menos o profissional da educação fazer tentativas de mudanças. Na atualidade, os professores possuem inúmeros meios que podem inibir a indisciplina na sala de aula. Eles planejam, pesquisam, buscam diversas maneiras para mudar o cenário através de atividades voltadas ao interesse da criança, que prendam a atenção do aluno indisciplinar com mecanismos que fazem com que este use a aula para resolver seus conflitos no dia a dia.
Não se pode transferir toda responsabilidade de educação, respeito e conduta para o professor na sala de aula, já que são fatores e habilidades, que deveriam ser aprendidos/ consolidados na família. A Lei de Diretrizes e bases da Educação- Lei 9394/96-LDB, no título II, Dos Princípios e Fins da Educação Nacional, no artigo 2º traz o seguinte discurso: “A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”.
De acordo com a concepção apresentada na LDB, a base principal está na família, com quem a criança tem seu primeiro contato com a vida social. É neste alicerce onde começa o desenvolvimento positivo ou negativo de uma criança na vida estudantil. A família ao negligenciar isto, remete a incumbência para a escola, que recebe o aluno fragmentado, dificultando ainda mais as atribuições de um professor em sala.
A função do professor não é fácil porque tanto o conhecimento quanto a disciplina na aula devem ser construídos por um sujeito que é ativo. Sua tarefa é de saber escolher e criar situações nas quais o aluno aprenda a partir da sua própria experiência. Por seu lado, o aluno aprende a ser cada vez mais autônomo e a dominar cada vez melhor as situações. Isso significa que, progressivamente, a autoridade do professor é depositada no grupo e a classe se transforma num ambiente democrático no qual todos podem participar. A aula já não é o lugar onde o professor exige, decide e o aluno obedece. O professor cria situações estimulantes e incita os alunos a resolvê-las. O professor ajuda, dá conselhos, acompanha trabalha junto e faz tudo para que eles sejam os personagens mais importantes da classe (PARRAT-DAYAN, 2008, p.129, 130)
A autora defende a ideia que dificilmente, na atualidade, existirá uma sala de aula onde o professor dita as regras e os alunos obedecem. A disciplina requer sabedoria, pois o professor tem que criar situações em que o aluno se sinta protagonista do saber. Com isso, o mesmo se torna capaz de resolver os conflitos da sala de aula e do cotidiano. De acordo com Aquino (1999, p.45) “A escola necessita trabalhar de maneira mais interessante os novos conteúdos”. Uma forma brilhante de realizar este método é começar investigando o conhecimento prévio do aluno sobre o assunto, assim como realizar debates considerando a sua opinião. Estas são possíveis alternativas que facilitam o aprendizado significativo e impedem a indisciplina na sala de aula. Garcia discorre que:
Um conjunto de práticas exercidas pelos professores tendo em vista restaurar determinadas condições de convivência e aprendizagem coletiva em sala de aula, supostamente alteradas devido a expressões de indisciplina. A intervenção, portanto, tem em mente restabelecer uma condição de aprendizagem e não somente de convivência. (GARCIA; 2011, p. 03)
Existem diferentes práticas que os professores utilizam para reestabelecer o espaço de convivência em sala de aula. Uma delas é a exposição das regras da instituição escolar, porém, qualquer que seja o conteúdo trabalhado sem ser explorado adequadamente, é motivo para a indisciplina. Uma maneira mais compreensiva e satisfatória de intervir perante as normas institucionais é criar em conjunto as regras, para depois expor as demais, […] “a construção de normas em conjunto favorece a criação de um clima de cidadania […]” (PARRAT-DAYAN, 2008, p.132). Desta forma, o ambiente se tornará mais propício às regras, pois estarão exercendo a cidadania, conhecendo e vivenciando os direitos e deveres existentes na escola.
Segundo Parrat-Dayan (2008, p. 84): “há dois tipos de intervenção possíveis. As intervenções centradas no meio escolar e as intervenções centradas no indivíduo e sua conduta.” De acordo com a autora, as intervenções centradas na escola requerem a participação do professor, gestor escolar, coordenador, supervisor, e outros profissionais da educação que visam à melhoria da indisciplina escolar. As intervenções centradas no indivíduo são metodologias em que o professor tentará com o aluno, de modo a um melhoramento comportamental, meios que possibilitem um progresso individual satisfatório.
As escolas atuais devem trabalhar com mais eficácia conteúdos que possibilitem a conscientização e o aprendizado sobre a personalidade da criança, ou seja, um conhecimento que tem que ser plantado desde a pré-escola, desde os quatro anos do aluno, fazendo com que este cresça aprendendo com naturalidade as boas maneiras de viver em sociedade.
A dimensão moral da criança tem de ser tratada desde a pré-escola e se estender por toda a trajetória do aluno. O trabalho pode ser feito de forma simples ou sofisticada, não importa: o que a escola não pode é silenciar. Décadas atrás, tiraram a disciplina Educação Moral e Cívica do currículo. É bom que ela tenha sido eliminada por causa de sua ligação com a ditadura militar, mas o problema é que não colocaram nada no lugar. Moral, ética e cidadania se aprendem, não são espontâneas. (LA TAILLE apud SANTOS e GIROTTI, 2013, p.123)
Em virtude da problemática, percebe-se que os alunos necessitam de princípios, não de regras. Os valores humanos como: respeito, amizade, solidariedade, gentileza, justiça, responsabilidade, entre outros, são princípios morais e éticos que conduzem a vida de uma criança, por conseguinte um adulto. Esses conhecimentos sendo contextualizados na vivência da criança através da sua realidade são formas eficazes de ensinar e aprender.
Outra forma atrativa e que minimiza a indisciplina na sala de aula é ensinar com o subsídio de jogos educativos. De acordo com a Base Nacional Comum Curricular, espera-se que a alfabetização seja consolidada no segundo ano do ensino fundamental e que crianças do primeiro e segundo ano do ensino fundamentam já apresentem níveis de indisciplinas nas salas de aulas. Um meio para o professor alfabetizar letrando, é utilizar os jogos, pois divertem, oportunizam o aprendizado e estabelecem regras, remetendo à reflexão, para o controle da indisciplina na aula.
É nesse contexto que o jogo ganha um espaço como ferramenta ideal da aprendizagem, na medida em que propõe estimulo ao interesse do aluno, que como todo pequeno animal adora jogar e joga principalmente sozinho e desenvolve níveis diferentes de sua experiência pessoal e social. O jogo ajuda-o a construir suas novas descobertas, desenvolve e enriquece sua personalidade e simboliza um instrumento pedagógico que leva ao professor a condição de condutor, estimulador e avaliador da aprendizagem. (ANTUNES, 2001, p. 36)
Antunes evidencia que os jogos são mecanismos originais para o aprendizado e incentiva o aluno a aprender brincando. Além de favorecer conhecimentos de conteúdos, o jogo mexe com a personalidade da criança, pois estas obedecem a regras, esperam sua vez e trabalham em equipe com naturalidade, à medida que a aula se torna interessante. Desta forma, a indisciplina vai espontaneamente saindo de cena no ambiente escolar.
As crianças em sala de aula absorvem comportamentos e reagem de maneiras diferentes. As formas como os alunos lidam com as situações do cotidiano é bastante diversificada. Normalmente, as crianças reagem a qualquer insulto, sempre de maneira agressiva, já tentam resolver com violência, seja física ou verbal, desrespeitando as regras, ocasionando a indisciplina. Muitos alunos são inquietos e não pensam antes de responder ou de agir. Diante destas situações, os professores precisam intervir com sabedoria. Cançado (1996, p.68) declara: “Educar é um ato muito mais difícil do que punir. Exige paciência, compreensão, disponibilidade para escutar e aconselhar”.
Os professores precisam estimular os alunos para o diálogo, a fim de que possam informar o surgimento de algum problema ao professor. É preciso ensinar a criança que esta deve resolver a situação com a ajuda de um adulto. Por conseguinte, os alunos começam a desenvolver responsabilidade, e diante disso, apresentam comportamentos mais responsáveis.
Existem crianças que não fazem as atividades propostas pelo professor, e destroem objetos propositadamente, ou que conversam muito em sala. O professor necessita intervir usando a autoridade para que o aluno se aproprie das suas responsabilidades e que compreenda que professores e alunos são sujeitos de direitos e deveres, evitando assim, usar o autoritarismo que seria mais conveniente e prático. Retirar aluno da sala não resolve o problema, apenas prorroga. A conversa entre o professor, a criança e o aluno é o ponto de partida. Em seguida, o professor tem a possibilidade de promover um projeto, em que os alunos são os protagonistas das atividades, e que os envolva na escola. O professor apenas orienta e articula as atividades cujo objetivo é a reflexão sobre suas ações. Evita usar como primeira hipótese a exclusão do aluno e também o agravamento do seu comportamento na sala de aula. Luzuriaga considera que:
Mais oportuno parecem ser os que se apresentam como consequências naturais da ação cometida, como, por exemplo, retenção em classe para realizar o trabalho que não foi feito, o afastamento momentâneo do lugar quando ocorreu perturbação da ordem, ou a reposição do objeto intencionalmente destruído. Os casos máximos de castigo, como expulsão da escola, só se podem explicar muito excepcionalmente, e como consequência de algum fato grave, mas ainda, assim, deve-se estar bem seguro de que tal decisão não provoque no aluno um mal irreparável (LUZURIAGA, 1996, p. 184-185)
Qualquer que seja o ato indisciplinar feito pelo aluno, este necessita de uma intervenção. A preocupação com relação às intervenções se faz devido a reflexão que o professor constitui diante da medida tomada. O professor almeja alunos obedientes, que realizem as atividades e, sobretudo, que aprendam. Na realidade, não existe uma sala de aula com todos os alunos no mesmo nível de conhecimento e com a mesma personalidade. Com isso, o professor precisa ministrar a aula e propor atividades com níveis diferenciados ou métodos diferenciados para que cada criança se sinta capaz de realizar as tarefas. Em suma, uma aula só representa um aprendizado significativo quando é bem elaborada. Garcia (1999) discursa o seguinte:
O fato é que este aluno contestador, membro de uma sociedade que está em processo de superação de uma cultura de repressão, não se conforma a aulas que considera “enfadonhas’, “desatualizadas”, “teóricas”, ou a relações “autoritárias”, “desumanas” ou “frias”, e manifesta seu descontentamento, o qual precisa ser analisado para além do rótulo de indisciplina, e ser pensado como expressão de uma consciência social em formação. (1999. p. 103)
O fato de o aluno apresentar comportamento inadequado, muitas vezes, pode ser uma contestação em relação àquela aula. Aulas cansativas, na atualidade, não prendem a atenção do aluno. Se tratando de crianças, a probabilidade de gritos, xingamentos e recusa de fazer atividades é maior, e, ao mesmo tempo podem ser meios que o aluno usa para fazer com que o professor o note e que o veja na sala de aula também como um indivíduo que busca atenção e aprendizado. Segundo Vasconcellos (1999, p. 235) “para evitar indisciplina, a aula do professor deve ser interessante”.Em complementação, Eccheli (2008) diz:
É provável que a indisciplina observada nas escolas esteja diretamente relacionada à falta de motivação dos alunos diante do fato de se verem obrigados a estar numa sala de aula sem entender o porquê e para quê daquilo, considerando os conteúdos inúteis ou, mesmo que sejam úteis, não compreendendo bem para que servem. (ECCHELI, 2008, P. 210)
Em vista do exposto, o professor necessita se autoavaliar, e em seguida repensar as diversas maneirar de ministrar uma aula mais atrativa, conhecendo seus alunos e adaptando os conteúdos de acordo com a realidade de cada um. Para assim, diminuir a indisciplina na sala de aula, mostrando aos alunos e fazendo com que eles entendam que se encontram num ambiente educacional para aprender. O professor tem que ser amigo, compreensivo, porém,agir com autoridade. A criança aprenderá a entender que existem certo e errado, e o professor está ali para intensificar esse entendimento, chamando atenção da criança quando necessário, para que a mesma desenvolva um sentimento de respeito para com o professor. Paroin certifica que:
A criança necessita tanto encontrar barreiras que impeçam de realizar alguns desejos, como apoios que facilitarão a obtenção do desejado. Quando a criança compreende o ‘sim’ como algo destinado a ela e o ‘não’ como um impedimento à realização de algo, ela se estrutura como pessoa e começa a compreender o sentido da liberdade como um trânsito entre o individual e o coletivo. (PAROIN, 2010, p. 41)
Portanto, diante do comportamento indisciplinar, o aluno encontrará barreiras, pois não pode conseguir tudo o que quer, a sua maneira, e no seu tempo. Num espaço em que a criança mostrar um interesse por alguma atividade na sala de aula, o professor deverá facilitar e ajudá-la a conseguir realizar a atividade. Com isso, as crianças vão crescendo e aprendendo que o não e o sim são importantes para seu crescimento como pessoa, e entendendo que é sempre para o seu bem as intervenções feitas pelo professor ou outros profissionais da educação na escola. Por isso, deve o educador ser um atenuante do processo de ensino aprendizagem junto ao educando, nas circunstâncias em que ele está inserido, e o mesmo tem que estar sempre em progressão incessante mediante as modificações que acontece no mundo globalizado. Luengo (2010) esclarece:
[…] As crianças já em estado de disciplinamento, internalizam o silêncio tão solicitado nos primeiros dias de aula pelas professoras e alguns dias depois, incorporam a disciplina; o que se percebe são “adultos em miniatura”, procurando compreender o sentido daquele conteúdo que está na apostila e que mais parece um enigma a ser desvendado, como uma caça ao tesouro, que tem como prêmio o mundo letrado. (LUENGO; 2010, p.53)
Todo professor apresenta-se como uma referência para o desenvolvimento do aluno, e é muito significativo o modo como o educador se relaciona com os educandos. A maneira de convivência dentro da sala de aula é imprescindível para que os alunos se constatem talentosos e capacitados para resolverem conflitos que aparecem no seu dia a dia. Porém, é fundamental, que o pilar desse relacionamento esteja na base de limites e reconhecimento da disciplina, além de muito afeto. Com isso, o aluno começa a ter empatia pelo professor e a respeitá-lo, como consequência, a criança começa a se interessar pelos conteúdos. Os alunos da atualidade são mais elétricos, eles precisam estar sempre com a mente ocupada, necessitam de desafios para se manterem interessados na aula. Oliveira assegura que:
O bom senso e a experiência podem ajudar no gerenciamento de sala de aula. Manter os alunos sempre ocupados com atividades que lhes interessam e que exijam concentração pode ser um fator fundamental para evitar a indisciplina. O professor deveria ter condições de preparar sua aula antes de entrar em sala procurando prever a dosagem, o nível de dificuldade e a duração de cada atividade, evitando o seu excesso ou a ociosidade dos alunos. […]. Assim, é aconselhável organizar atividades pedagógicas diversificadas (jogos educativos) para os alunos mais rápidos, evitando o seu desassossego ao término da tarefa. O professor tem que partir do princípio de que os alunos têm diferenças individuais e tentar situar seu trabalho nas condições reais da turma. (OLIVEIRA, 2005, p. 65-66).
Essa é a verdadeira missão do professor: saber a dosagem necessária de cada aluno, preparando, assim, atividades diversificadas, pois não há alunos com desempenhos de aprendizagens iguais. Uma ferramenta eficiente para impedir a indisciplina na sala de aula é não deixar o aluno solto. O bom senso do professor e a experiência em sala ajudam bastante a ter esse raciocínio, no entanto, o professor deve estar em constante formação para não se tornar estático, numa sociedade em constante evolução. Oliveira complementa que:
A escola, inserida nesse contexto, não está imune a essa crise. Por isso, não podemos apontar apenas os educadores como os responsáveis pela indisciplina e pelos conflitos gerados dentro da escola. É preciso considerar que a criança fica muito mais tempo solta nessa sociedade onde os valores morais são esquecidos e a competitividade é estimulada, do que dentro da escola. Assim, a indisciplina na escola é um reflexo do desajustamento desse sistema social indisciplinado. (OLIVEIRA, 2005, p. 36)
A indisciplina está presente em vários ambientes onde tudo é permitido, e isso é refletido dentro da escola, já que os alunos ficam mais tempo em meio a esse conjunto de pessoas que não conhecem ou não se importam com regras, ou valores humanos, do que propriamente dentro de uma escola. Portanto, os professores que buscam melhorias na vida acadêmica, repensam suas metodologias e procuram adaptar as aulas com a realidade do aluno, são professores que não são responsáveis pela indisciplina na sala de aula. A indisciplina é um conjunto de fatores externos que influenciam dentro do ambiente escolar. Em vista disso, é primordial uma educação conjunta entre pais, professores e alunos em prol de limites fundamentais para as crianças da atualidade. Tiba assegura:
É essencial à educação saber estabelecer limites e valorizar a disciplina. E para isso é necessária a presença de uma autoridade saudável. […]. Filhos precisam de pais para ser educados; alunos, de professores para ser ensinados. Estes podem até ser amigos, porém não mais amigos do que pais; não mais amigos do que professores. (TIBA; 2006, p.24-25)
Em conformidade com o autor, a sustentação de uma educação de qualidade está no alicerce de uma relação saudável. Apresenta assim, a ideia de que os filhos necessitam de pais para serem educados e alunos precisam de professores para serem instruídos, podendo até ambos serem amigos, no entanto, com os limites necessários de respeito e entendimento que antes de tudo são pais ou professores.
A educação necessita de um ensinamento transformador, e a esperança se encontra no professor que tem comprometimento em contribuir para tornar esse sonho possível. Toda prática pedagógica tem sucesso quando esta é inserida na intencionalidade prevista para sua ação. Assim, um professor que sabe qual é o sentido de sua aula em face da formação do aluno, sabe como sua aula integra e expande a formação desse aluno e que tem a consciência do significado de sua ação, tem uma atuação pedagógica diferenciada.
O professor que dialoga com a necessidade do aluno, insiste em sua aprendizagem, tenta moldar o comportamento indisciplinar, faz questão de produzir o aprendizado, este professor é um agente transformador. Na atualidade, existe uma resolução que regulamentam quais são as aprendizagens essenciais a serem trabalhadas nas escolas, que é a Base Nacional Comum Curricular. Neste documento, cada segmento, cada série, tem habilidades específicas que os alunos precisam consolidar.
Diante dessa realidade, o professor deve preparar suas aulas contemplando sempre alguma habilidade, ou seja, sua aula sempre será intencionada para algum aprendizado específico. Sendo assim, a educação planta uma possibilidade mais eficaz para conseguir bons frutos, tanto no ensino-aprendizagem, como no comportamento do indivíduo.
Para que haja um ensino transformador, é preciso competência profissional e coragem para rever as propostas de trabalho no interior da escola, onde apesar dos problemas enfrentados que não são poucos, o educador compreenda que ele ainda é o principal agente de sua transformação, junto aos seus pares e todos os envolvidos no processo. (VASCONCELLOS;1989, p.57)
Vasconcelos evidencia que são diversas dificuldades encontradas nas escolas. A indisciplina é uma delas e ocorre de forma crescente. Não existe a teoria, nem a prática, para resolver a indisciplina escolar. Cada uma se modifica de acordo com o tempo, portanto, o professor necessita ter o discernimento de que a educação se faz em processo, em diálogos entre sujeitos que mutuamente se transformam, e colocam amor em todas as ações que realizam. Para ser um bom professor, é essencial a capacidade de produzir conhecimentos, ações e saberes sobre a prática pedagógica.
CAPÍTULO III – METODOLOGIA APLICADA, PARTICIPANTES DA PESQUSA, RESULTADO E DISCUSSÕES.
3.1 Metodologia
A metodologia é o processo para se alcançar um determinado fim ou para se chegar ao conhecimento. É o campo em que se estudam os melhores métodos praticados em determinada área para a produção da compreensão. É um mecanismo técnico que o pesquisador utiliza no decorrer da realização de uma pesquisa científica. Segundo Gil (2007, p. 17), pesquisa é definida como:
Uma atividade racional e sistemática que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que são propostos. A pesquisa desenvolve-se por um processo constituído de várias fases, desde a formulação do problema até a apresentação e discussão dos resultados. Só se inicia uma pesquisa se existir uma pergunta, uma dúvida para a qual se quer buscar a resposta.
Diante do exposto, a modalidade de pesquisa utilizada para este estudo é a metodologia quali-quantitativa, por ser uma espécie de abordagem que usa tanto os procedimentos quantitativos quanto qualitativos, para a verificação de uma crítica muito mais aprofundada sobre o assunto pesquisado. Embora as pesquisas quantitativas e qualitativas sejam normalmente estudadas de maneira separada, elas podem sim, ter seus pontos de convergência e complementarem uma a outra, por se tratar de um estudo que averígua a prática educativa, numa concepção conceitual, mas com utilização de dados estatísticos.
A relação entre quantitativo e qualitativo, entre objetividade e subjetividade não se reduz a um continuum, ela não pode ser pensada como oposição contraditória. Pelo contrário, é de se desejar que as relações sociais possam ser analisadas em seus aspectos mais “ecológicos” e “concretos” e aprofundadas em seus significados mais essenciais. Assim, o estudo quantitativo pode gerar questões para serem aprofundadas qualitativamente, e vice-versa. (MINAYO; SANCHES, 1993, p. 247)
A metodologia quali-quantitativa é utilizada para obter uma melhor compreensão sobre a pesquisa, pois esta modalidade tem o objetivo de compreender através de coleta de dados numéricos, conceitos, comportamentos e outras ações dos indivíduos em um grupo e ao mesmo tempo interpretando as particularidades e experiência individuais, tendo a possibilidade de obter um maior entendimento sobre a indisciplina na sala de aula, uma problemática atual que envolve o universo escolar. Desta forma, o pesquisador irá obter uma análise mais precisa sobre o estudo, que tem a necessidade de ser explorado detalhadamente com o propósito de averiguar a realidade no lócus da pesquisa.
É corretamente possível que um estudo possua uma parte quantitativa contendo o levantamento de dados e, também prognosticar os eventuais motivos dos resultados que foram obtidos. Pois, se um estudo enquadrar-se como qualitativo e houver a necessidade de obtenção de resultados estatísticos para complementar o trabalho, ele será necessariamente quali-quantitativo, por conta de seu caráter misto. Ao manusear a metodologia quali-quantitativa significa dizer que as metodologias quantitativas e qualitativas estão ligadas entre si, ambas tratando de acontecimentos legítimos, atribuindo significado real aos seus dados.
Afirmar, portanto, que se quer trabalhar sobre a quantidade, que se quer desenvolver o aspecto “corpóreo” do real, não significa que se pretenda esquecer a “qualidade”, mas, ao contrário, que se deseja colocar o problema qualitativo da maneira mais concreta e realista, isto é, deseja-se desenvolver a qualidade pelo único modo no qual tal desenvolvimento é controlável e mensurável. (GRAMSCI; 1995, p. 50)
O presente estudo é realizado através de questionários respondidos pelos professores da Escola Municipal de Lagoa de Dentro – PB, cujas questões estão relacionadas à indisciplina na sala de aula.
Portanto, o desenvolvimento desse trabalho, o tipo da pesquisa, os participantes, a coleta e análise dos dados, trazem fundamentos importantes para a teoria e prática profissional, uma vez que permite constatar as dificuldades vividas pelos professores na sala de aula, adquirir mais conhecimento com o estudo, além de possibilitarem maneiras eficazes de intervenções contra a indisciplina escolar.
3.2 Participantes da pesquisa
Os participantes da pesquisa são os participantes pesquisados, individual ou coletivamente, de caráter voluntário. Os sujeitos desta pesquisa estão concentrados nos turnos manhã e tarde, pois são nesses horários em que os professores ministram aulas de 1.º ao 5.º ano, já que o foco do estudo é referente à indisciplina na sala de aula do Ensino Fundamental I.
Dos professores que fazem parte do quadro de funcionários da instituição, que são 20 no total, 11 se colocaram à disposição como sujeitos participantes da pesquisa, pois os mesmos são os que lecionam nas séries iniciais. Todos os professores são graduados, alguns já possuem o nível de especialização, outro possui mestrado e almeja cursar doutorado. Depois de aceitos a participar da pesquisa, foi discutido como seria, houve a entrega do questionário contendo 20 questões de múltipla escolha para serem respondidas e, com o prazo de 15 dias para entrega. No estudo científico, o questionário é uma ferramenta utilizada, visando à coleta de dados, a partir de um conjunto de questões pré-elaboradas, instituídas de forma sequencial, com a finalidade de conseguir informações relevantes, por escrito, sobre o tema de interesse da pesquisa.
3.3 Análise e discussão dos resultados
A pesquisa foi realizada através de questionários destinados a professores de 1.º a 5.º ano do Ensino Fundamental. Diante dos dados coletados, constatou-se que o gênero feminino é predominante no cargo de professor. Responderam aos questionários 11 professores, onde 10 são do sexo feminino e 01 do sexo masculino. Assim, 91% dos entrevistados foram mulheres e 9% foram homens, como exemplifica o gráfico abaixo.
Gráfico 1 – Gênero
No Brasil, em qualquer escola da educação básica, nos anos iniciais, a maioria dos professores são mulheres.
Ministrar aulas representa sem dúvida uma grande oportunidade das mulheres no mercado de trabalho. Um ensejo que o sexo feminino tem em ser independente e que encontrou uma profissão que fora abraçada pela sociedade, por manifestar um pensamento de cuidado para com outra pessoa. Conforme cita Almeida (1998, p. 32): “o magistério, por suas especificidades, foi uma das maiores oportunidades com a qual contou o sexo feminino. Era aceitável que as mulheres desempenhassem um trabalho, desde que este significasse cuidar de alguém”. Mesmo assim, a profissão de educadores nos anos iniciais, não necessariamente é feminina, pois encontramos muitos professores do sexo masculino exercendo esta profissão.
Idade dos professores
As idades dos professores são variadas, por isso, várias possibilidades de pensamento e estratégias de trabalho. Visto que, existem professores que estão iniciando a carreira, portanto, tem maior facilidade com as tecnologias atuais e não estão tão exaustos com a profissão. Existem também professores com muitos anos no cargo, e que passaram por várias mudanças na profissão, desde a metodologia em que o professor era o centro da atenção, ou seja, professor fala e o aluno escuta, até a atualidade, em que o professor é mediador, um facilitador e incentivador da aprendizagem. Com isso, “os primeiros anos de docência são fundamentais para assegurar um professorado motivado, implicado e comprometido com a sua profissão” Marcelo Garcia (2009; p. 20).
Vejamos a tabela abaixo:
Gráfico 2: Idades dos professores
No gráfico exposto acima, 02 professores têm idade entre 24 a 27 anos, 02 professores têm idade entre 30 a 37 anos e 07 professores com idade entre 40 a 55 anos.
[…] os professores de maneira geral só contam com
sua iniciativa pessoal e sua bagagem experiencial para
ir construindo e desenvolvendo suas teorias sobre
o ensino e a aprendizagem dos alunos. Ao longo de
sua vida foram interiorizando modelos e rotinas de
ensino que se atualizam quando enfrentam situações
de urgência onde tem que assumir o papel de professor
sem que ninguém/nada o tenha preparado. (MURILLO; 2004; p. 4)
De acordo com Murilo, em qualquer idade os professores possuem iniciativas próprias e se apoderam de experiências passadas para desenvolverem um ensino e uma aprendizagem significativa para os educandos. Mesmo em turmas dirigidas por professores com mais idade, por exemplo, um caso de indisciplina é considerado um problema urgente, pois é tido sempre como um desafio novo, por ocorrer em cenários distintos e com alunos diferentes. Na verdade, a idade do professor não é o que resolve o problema, mais sim, a forma como este busca meios para enfrentar a situação, mesmo sem nenhuma preparação nas universidades para isso.
Tempo de atuação dos professores na educação
A escola é mista em relação ao tempo de serviço dos professores. Contem professores iniciantes, intermediários e veteranos. Há visões diferentes sobre a educação, uma vez que comportam professores estimulados e esperançosos na educação, como também professores cansados, sobrecarregados, desestimulados. Esclarecem os autores Bejarano e Carvalho:
[…] por um lado a imagem de um professor austero, tradicional, que coloca o conteúdo da matéria como tendo um valor supremo. Por outro, um professor reflexivo, que se preocupa com os alunos, com seus conhecimentos prévios e contextos de vida. (BEJARANO e CARVALHO 2003, p. 9)
Gráfico 3: Tempo de atuação dos professores na educação
Nota-se que na escola, a maioria dos professores são veteranos na profissão, com mais de 15 anos de sala de aula. Em seguida, vem os professores intermediários com 6 a 10 anos de sala de aula, um professor iniciante tendo de 01 a 05 anos de sala de aula e por fim um professor de 11 a 15 anos na profissão, o que possibilita o compartilhamento das experiências vividas em sala de aula para um maior desempenho com as turmas. Zeichner afirma que “as experiências práticas em colégios contribuem, necessariamente, para formar melhores professores. Assume-se que algum tempo de prática é melhor do que nenhum, e que quanto mais tempo se dedique às experiências práticas, melhor será” (ZEICHNER, 1980, p. 45).
Formação dos professores
A Lei n. º 13.005, de 25 de junho de 2014, que aprova o Plano Nacional de Educação(PNE) e proporciona outras iniciativas e, na Meta 15, assegura “que todos os professores e as professoras da educação básica possuam formação específica de nível superior, obtida em curso de licenciatura na área de conhecimento em que atuam”. (BRASIL, 2014) A formação de professores representa um papel estratégico na educação, já que, os professores têm a função de formar cidadãos. É louvável que os mesmos tenham a iniciativa de se especializar sempre, pois só temos bons alunos, se tivermos bons professores.
Os professores são também afetados por esta necessidade de atualização de conhecimentos e competências. A sua vida profissional deve organizar-se de modo que tenham oportunidade, ou antes, se sintam obrigados a aperfeiçoar sua arte, e beneficiar-se de experiências vividas em diversos níveis da vida econômica, social e cultural. (DELORS, 2003, p. 166)
Uma constante formação deixa o professor sintonizado com as mudanças que acontecem na atualidade, principalmente os professores que lidam com alunos indisciplinados, pois podem buscar alguma especialização que possibilite ou se aproxime de possibilidades capazes de fornecer estratégias novas e trocas de experiências, a fim de melhorar o ambiente da sala de aula. É importante que aqueles que fazem parte da coordenação busquem essa formação específica, e através de formações continuadas repassem este conhecimento para os professores, com o propósito de trabalhar o tema indisciplina no município.
Gráfico 4: Formação dos professores
De acordo com o gráfico exposto acima, a escola possui 100% dos professores atuantes com sua formação específica superior na área em que lecionam, ou seja, todos os professores entrevistados são graduados em pedagogia. Dos 11 professores, a maioria possui pós-graduação em nível de especialização, contabilizando 08 professores. Nenhum professor possui Pós Graduação ao nível de especialização referente à indisciplina na sala de aula, tampouco há alguma formação continuada do município sobre o tema. Há 01 professor com mestrado e, nenhum possuindo o título de doutor.
A qualidade de ensino é determinada tanto ou mais pela formação contínua dos professores, do que pela sua formação inicial… A formação contínua não deve desenrolar-se,necessariamente, apenas no quadro do sistema educativo: um período de trabalho ou de estudo no setor econômico pode também ser proveitoso para aproximação do saber e do saber-fazer. (DELORS, 2003, p. 160)
O aprender é sempre contínuo, portanto, de acordo com o documento que rege a educação, a BNCC, os professores precisam inteirar-se dos conhecimentos e competências referentes à sua série de atuação, a fim de repassar os conteúdos com eficácia para o alunado, com o propósito de obter resultado significativo, já que, o profissional necessita de aperfeiçoamento.
Uma das dez competências gerais da BNCC é o autoconhecimento e o autocuidado. O aluno precisa conhecer suas emoções e saber administrá-las ao longo da educação básica. A indisciplina nos anos iniciais começa devido a criança não saber como reagir às emoções sentidas. Portanto, uma formação municipal específica capaz de possibilitar conceito e prática a esta competência, seria uma iniciativa e uma estratégia de intervenção plausível na indisciplina em sala de aula para o município. Com esses conhecimentos adquiridos, os professores se beneficiam economicamente, culturalmente e socialmente, pois, estão em constante transformação se tornando sempre mais capacitados na área da educação.
Atuação dos professores
Diante do quadro de professores de 1.º ao 5.º ano da unidade escolar, 82% trabalham apenas nesta escola, sendo que a maioria ainda é do próprio município. Já 18% dos professores têm dois vínculos empregatícios, sendo de outros municípios e/ou trabalham em outros municípios. O que exemplifica o gráfico abaixo:
Gráfico 5: Atuação dos professores
O gráfico acima mostra que dos 11 professores da pesquisa, 09 trabalham apenas em uma unidade escolar e 02 trabalham em mais de uma unidade escolar e em séries distintas.
No primeiro ano lecionam 02 professores; no segundo ano 03 professores; no terceiro ano 04 professores; no quarto ano 02 professores e no quinto ano 02 professores.
Dos professores que trabalham em séries distintas: um leciona o primeiro e o terceiro ano, e o outro professor leciona o segundo e o quarto ano do ensino fundamental.
O professor necessita de uma melhor condição financeira, por isso, precisa se submeter a dois vínculos de trabalho. O exercício do magistério requer muita dedicação para conseguir resultados significativos no que diz respeito ao ensino e a aprendizagem da criança e, professor dos anos iniciais mais ainda. Com isso, os educadores que possuem dois vínculos de trabalho se desdobram ainda mais para dar conta de sua função, que é promover o aprendizado ao educando. Segundo Vasconcellos (2006, p. 78):
São vários os impasses que os professores enfrentam no seu dia a dia, a sobrecarga de trabalho dos educadores, preocupação com sobrevivência, em função dos parcos salários(não sobra tempo para estudar, planejar as aulas, pesquisar, enfim, pensar em mudanças), falta de espaço de trabalho coletivo na escola, rotatividade da equipe educativa escolar, cobranças burocráticas, pressão dos órgãos centrais, (des) organização administrativa, entre outras.
O excesso de trabalho é sem dúvida o maior desafio do professor, pois, por mais que existam outros profissionais atuantes na educação, estes não fornecem o suporte necessário capaz de minimizar a responsabilidade que uma sala de aula traz. O professor, na maioria das vezes, age sozinho em busca de solucionar ou minimizar os imprevistos que acontecem em uma sala de aula e fazem todo o possível para que seu aluno tenha um bom rendimento estudantil.
Definição de indisciplina
A indisciplina é definida por Garcia: “Como uma instabilidade e ruptura no contrato social da aprendizagem. Ela é, assim, uma força que atua no tecido da relação entre educadores e alunos, que sustenta o desdobrar do currículo” Garcia (2013, p. 96). A indisciplina está ligada entre docentes e discentes e acontece pela quebra do contrato realizado entre ambas as partes envolvidas na sala de aula. No campo pedagógico, Vasconcellos (2009, p. 23), conceitua disciplina: “como organização do ambiente de trabalho escolar, comportamento, postura, atitude”. Portanto, quando há a contradição dessas regras, acontece a indisciplina.
Os desafios encontrados na sala de aula entre crianças do ensino fundamental de 1º ao 5º ano referente à indisciplina, são muitos, porém, é responsabilidade dos pais ajudarem na educação e conduta da criança. O professor tem o dever de apenas complementar esta educação, pois está ali com o objetivo maior de passar o conhecimento, através de conteúdos, ensinar a ler, compreender e escrever, para que a criança venha a realizar suas atividades no dia a dia como um cidadão alfabetizado e letrado.
Quando as crianças crescem, mesmo antes de serem responsáveis pelos seus próprios atos e, realizam algo que fere as regras da sociedade, são os pais que são chamados para dar esclarecimentos, não os professores ou a escola. Uma vez que, “não se transmite a educação à escola ou a outras pessoas por um simples motivo: se houver uma ocorrência policial, médica, emergencial (…) os responsáveis acionados serão os pais” (TIBA, 2012, p. 69). Portanto, se faz necessário que cada indivíduo faça sua parte que lhe é de direito e responsabilidade: os pais têm o dever e o direito de educar os seus filhos, e os professores têm o dever e o direito de complementar os ensinamentos dos pais e transmitir o conhecimento aos alunos.
Perante as repostas dos questionários respondidos pelos professores sobre a definição de indisciplina analisaremos o gráfico abaixo:
Gráfico 6: Definição de indisciplina
Por unanimidade, eles consideram que o não cumprimento de regras e a desobediência ao professor, são conceitos de indisciplina nas salas de aula. De acordo com Parrat Dayan (2008, p. 21): “os conflitos em sala de aula caracterizam-se pelo descumprimento de ordens e pela falta de limites”.Com muita frequência, os educadores se debatem com estas situações nas escolas, onde encontram bastante dificuldade em como enfrentar tal problemática no dia a dia das escolas públicas do país.
Dentre os demais, 09 professores consideraram que conversar durante a aula é indisciplina e 02 professores acreditam que não é indisciplina. Essa divergência se dá mediante a possibilidade da conversa não ter como eixo o conteúdo da aula, o que seria considerado indisciplina; no entanto, se as conversas entre os colegas são referentes ao conteúdo da aula, não seria indisciplina.
Usar o vocabulário impróprio, de acordo com 07 professores, constitui indisciplina e 04 afirmam que não. Com esta divergência, nota-se que alguns professores não têm a clareza suficiente do que é indisciplina na sala de aula, pois vocabulário impróprio contraria as regras em sala de aula, acarretando a indisciplina.
Interromper a aula desnecessariamente é considerado por todos os professores como indisciplina. Ainda assim, existem alunos que são questionadores, que fogem do assunto proposto pelo professor, porém, nem todos os casos são indisciplina. Neste sentido, Vergés (2003, p. 32) afirma:
A criança que questiona, pergunta e se movimenta em sala de aula, não pode ser considerada indisciplinada, porque na construção do conhecimento, a criança precisa buscar as alternativas para encontrar o melhor caminho para aprender. Agora, aquele aluno que não tem limites, não respeita a opinião e os sentimentos dos colegas, esse sim, é um aluno que pode ser considerado indisciplinado.
O autor relata muito bem a respeito do aluno questionador, não o considerando indisciplinado, pois através desta característica o professor terá melhores oportunidades de transmitir conhecimento ao aluno.
07 professores consideram que levantar do lugar sem pedir licença representa indisciplina e 04 avaliam que não é. Como se trata de uma quebra de regras, o ato é considerado indisciplinar, contudo, por não ser algo tão grave, alguns professores consideram irrelevantes. Essas atitudes acabam trazendo consequências negativas, haja vista, que as crianças crescem com hábitos inadequados que possibilitam uma conduta contrária ao que é esperado pela sociedade.
Em relação à desvalorização das tarefas solicitadas pelos professores, 08 professores consideram indisciplina e 03 consideram que não é indisciplina. Apesar disso, desmerecer as atividades dos educadores é considerado indisciplina pela literatura específica, pois os professores planejam as aulas pensando nas dificuldades que seus alunos têm e, nas habilidades que os mesmos precisam consolidar na série na qual estão inseridos. Consequentemente, a não importância dos alunos para as atividades em sala é considerada uma quebra das regras da sala de aula, além de ser uma ação que desmotiva os professores. O que enfatiza Freller (2001, p. 132, apud MENDES, 2008):
[…] conversar, mexer-se, falar palavrão, ser agressivo, não usar uniforme, não trazer material, não ter interesse ou compromisso, não ter respeito, não ter educação, responder ao professor, ser agitado, hiperativo, não sentar, não se concentrar, brigar.[…] Prevalece, nas definições de indisciplina, o que falta, o negativo, o oposto do que é idealizado e esperado pelos professores. Também destacam os comportamentos que remetem a algum tipo de movimentação. Conversa, agressividade, desinteresse em responder ao professor, também aparecem frequentemente no desabafo dos professores.
O autor conceitua inúmeras atitudes indisciplinares que os professores se deparam nas salas de aulas. No entanto, a agressão já é um resultado maior da indisciplina. Sobre o ato de fazer ameaças aos colegas: 02 professores avaliam como indisciplina e 09 acreditam que seja agressão. Qualquer que seja a ameaça, esta é considerada uma agressão.
Ocorre que em relação ao ato de fazer ameaças a professores que atuam no ensino fundamental, alguns destes relevam a gravidade e acreditam que se trata de crianças e, que ao se tornarem maiores irão entender. Estas atitudes têm a probabilidade de incentivar as crianças a chegar à vida adulta com este hábito, comprometendo a sua conduta na sociedade. Não respeitar o professor e acatar a chamada de atenção para se calar, mas repetir esse comportamento constantemente, são atitudes consideradas por 100% dos professores da pesquisa como indisciplina, pois, trata-se de princípios que estão sendo violados.
Fazer ameaças e reagir agressivamente, são atitudes classificadas como agressão aos professores. Para Abramovay (2005, p. 106): “a falta de respeito, a indiferença à presença do professor e a desconsideração pelo poder dos docentes na escola são pontos de tensão no relacionamento entre alunos e professores”. À medida que, qualquer que seja a ameaça é considerada um ato agressivo, como também, reagir agressivamente a qualquer situação, concerne em uma prática agressiva que deve ser trabalhada pelo professor com o intuito de diminuir estes comportamentos na sala de aula.
Muitas das sementes da violência na escola começam em casa com a falta de autoridade e consequentemente falha de regras, a ausência ou esbatimento dos modelos de comportamento dos pais e também pelo abandono, abuso e frustrações de que são vítimas. A família é sempre parte da solução do problema da violência escolar. Na medida em que é um espaço de convivência respeitosa, de interiorização de regras e valores, de cooperação e valorização do trabalho, de equilíbrio afetivo, de autenticidade de relações, cultiva a responsabilidade em clima de justiça e correção positiva e cria atitudes fomentadoras de relações sadias que se transferem para o ambiente escolar. (MORGADINHO apud SANTOS, 2016, p.10)
Segundo o autor, a semente destes problemas está na família, através do primeiro contato que a criança tem com relação à educação. Ao mesmo tempo, é a família que tem o maior contato com a criança, portanto, e que pode resolver ou diminuir o problema.
A indisciplina na sua escola
A indisciplina está presente em todas as escolas do Brasil, porém, algumas instituições apresentam nível moderado, já outras, níveis mais elevados. A indisciplina vem crescendo em níveis alarmantes nas unidades escolares. Todos os professores reclamam desses índices que já começam a aparecer na educação infantil. No ensino fundamental, nas séries inicias, a indisciplina vem ocupando um cenário cada vez maior. Um fato que desnorteia o docente é a agressão verbal e física do aluno, causando ao professor sensações de angústia, impotência e raiva. Este necessita ter discernimento de tomar distância do aluno para pensar e não reagir de imediato às provocações.
Gráfico 7: A indisciplina na sua escola
Referente à pergunta, como vem se desenvolvendo a indisciplina na sua escola, 73% declaram que a indisciplina tem aumentado bastante e 27% informam que tem aumentado, mas não muito. Segundo Vasconcellos (2009, p.55): “a disciplina vem ocupando um espaço cada vez mais amplo no cotidiano escolar, ultrapassando a vínculos ao tipo de instituição pública, privada ou comunitária”. Os professores informaram que notaram essas mudanças assustadoras nas salas de aula entre cinco a seis anos atrás.
A indisciplina é o adversário principal do professor nas escolas, pois ultrapassa métodos e técnicas que se ocupam do ensino. Trata-se de comportamento aprendido na convivência familiar, do meio social que está inserido o indivíduo. À vista disso, Aquino discursa que:
A indisciplina seria, talvez, o inimigo número um do educador atual, cujo manejo as correntes teóricas não conseguiriam propor de imediato, uma vez que se trata de algo que ultrapassa o âmbito estritamente didático pedagógico, imprevisto ou até insuspeito no ideário das diferentes teóricas pedagógicas”. (Aquino, 1996, pág. 40)
A indisciplina se trata de algo persistente no meio educacional, de modo que os educadores tem a consciência de que não conseguem resolver tal problemática, pois o ponto de partida para um possível tratamento encontra-se na família. Os professores e demais agentes da educação necessitam de meios para diminuir o problema e avançar no meio educacional, em prol da aprendizagem dos educandos. Parrat-Dayan relata que:
Se quisermos combater a indisciplina, é importante que na sala de aula possam ser discutidos, de maneira democrática, não apenas os conteúdos escolares, mas também as regras de convivência. Isto implica que as regras podem ser criadas, negociadas e renegociadas. E implica também permitir que os alunos falem, pois isso mostra uma disposição em acreditar que eles são capazes de cooperar e se respeitar uns aos outros, e, ainda, que o professor pode respeitar seus alunos. Só uma escola democrática poderá educar para cooperação e o respeito mútuo. (PARRAT-DAYAN, 2008, p.69)
A autora declara que um meio de combater a indisciplina na sala de aula é a escola ser democrática. Ensinar crianças desde o primeiro ano do ensino fundamental a criar regras em conjunto com a participação de todos, demonstrar o que significa negociar entre eles, renegociar se houver necessidade, são maneiras de ensinar para a vida. É necessário educar com valores nas séries iniciais, tentando de alguma forma suprir uma responsabilidade que por dever e direito é da família, porém, são maneiras que o professor utiliza para tentar mudar o cenário em que se encontra a educação. Pois, “uma estratégia básica de trabalho é o estabelecimento coletivo de limites, o negociar do contrato de trabalho: os objetivos e as regras de participação” (VASCONCELLOS, 2009, p.171).
Aluno indisciplinado
Atualmente é praticamente impossível encontrar um professor que não lecionou ou leciona para alunos indisciplinados, e que estes não se queixam a respeito de alunos rebeldes, sem limites, agressivos ou que simplesmente recusam-se realizar as atividades propostas em sala de aula.
Os professores têm o desejo de cumprirem o seu papel de educadores comprometidos, com o objetivo de fazer com que seus alunos aprendam. No entanto, mesmo nas séries iniciais, se deparam com crianças indisciplinadas que: fazem barulho, falam alto sem parar, gritam, são inquietos, não se interessam em aprender os conteúdos escolares, são descomprometidos com a realização das atividades solicitadas, enfim, que rejeitam o que a escola e o professor têm a oferecer. Os professores perdem muito tempo na aula tentando minimizar a bagunça na sala de aula e, com isso, diminui o tempo para repassar o conhecimento da aula planejada.
Existem crianças que chegam à sala de aula, começam a brigar com os colegas, rasgam os cadernos e não querem participar das aulas, ficam conversando nas aulas sem limitações, pulam em cima das carteiras quebrando-as, etc. As crianças indisciplinadas não admitem receber ordens, não aceitam regras, nem tão pouco, limites impostos pelo professor ou pela escola. A disciplina que os professores almejam é apenas “em sentido didático, representa a maneira de agir do educando, no sentido de cooperação no desenvolvimento das atividades escolares e respeito pelos colegas” (NERECI Citada em Giancanterino, 1989, p.25). Assim, os professores só desejam alunos que respeitem uns aos outros e, que realizem as atividades em sala, evitando que o nível de indisciplina aumente e a criança se torne um adulto problemático na sociedade.
(…) A indisciplina na sociedade conduz na maioria das vezes, a delinquência e, mais tarde, ao crime. Uma criança ou um adolescente que desconhece normas de uma vida regular tem tendências de tornar-se um jovem problemático. Muitos deles começam já na adolescência, uma vida desregrada, partem para o crime e é problema para a família e para a própria sociedade. (GIANCATERINO; 2007, p.97)
O aluno é a essência do processo educativo. É a partir dele e para ele que toda a educação é pensada. Infelizmente, alguns alunos estão sendo o agente principal de cenas de horror nas escolas, através da indisciplina explícita. Boa parte dos alunos da atualidade perdeu o foco dos estudos e focaliza um norte diferente daquele designado pela educação.
Gráfico 8: Aluno indisciplinado
Perguntados se já tiveram ou tem algum aluno indisciplinado, todos os professores responderam que sim. Nos dias de hoje, é difícil encontrar um professor que não vivenciou ou vivencia um aluno indisciplinado na sala de aula. “A indisciplina seria indício de uma carência estrutural que se alojaria na interioridade psíquica do aluno, determinada pelas transformações institucionais na família e desembocando nas relações escolares”. (Aquino, 1996, pág. 48). Ou seja, uma criança que tem uma privação do que ele tem por direito, como: amor, carinho, atenção, não tem as condições básicas que uma criança necessita durante o seu crescimento. Seu âmbito mental é abalado, tornando-se um dos requisitos para ser um aluno indisciplinado na escola. Segundo Garcia (2008, p. 371): “um aluno indisciplinado seria não somente aquele cujas ações rompem com as regras da escola, mas também aquele que não está desenvolvendo suas próprias possibilidades cognitivas, atitudinais e morais”. Dessa forma, uma criança que apresenta comportamento indisciplinar na sala de aula, não está sendo apenas contra as regras, está também criando deficiência no aprendizado e nos seus princípios como ser humano.
Os professores se deparam com alunos indisciplinados desde a educação infantil, porém, como são crianças muito pequenas, torna-se mais fácil a intervenção por parte do professor em resolver e prevenir este problema. Na educação infantil a intervenção “tem se tornado uma prática amplamente reconhecida, pois os anos pré-escolares oferecem o melhor momento para trabalhar com a prevenção de problemas, como a indisciplina escolar”. (STEFAN E MICLEA apud LIMA, 2018, p. 04). Vergés e Sana sugerem:
O que devemos entender é que nenhum aluno nasce indisciplinado; ele se torna indisciplinado em determinadas situações, dependendo do sentido da indisciplina para ele naquele momento, com vários fatores que possam levá-lo a agir dessa forma. (VERGÉS e SANA, 2009, p. 35)
De acordo com as autoras, os alunos não nascem indisciplinados, são as carências emocionais que causam esta reação na criança. O vínculo familiar é fundamental para evitar este problema na escola, pois, a ausência de afeto e companheirismo é o principal motivo para uma criança se tornar indisciplinada.
Tipos da indisciplina
São vários os tipos de indisciplinas existentes. No ensino Fundamental I, não se escuta muitas reclamações a respeito de celulares, por se tratarem de alunos pequenos e que ainda não tem um próprio. No caso das escolas públicas, os pais não têm condições financeiras de presentear seu filho com um smartphone, no entanto, há alunos bagunceiros que ridicularizam o professor, que fazem ameaças, que batem, falam mal, não tem interesses nas aulas e, não fazem as atividades propostas pelos educadores. “O ensino teria como um de seus obstáculos centrais a conduta desordenada dos alunos, traduzida em termos como: bagunça, tumulto, falta de limites, maus comportamentos, desrespeito ás figuras de autoridade etc”. (Aquino, 1996, pág. 40). Não existe uma fórmula pronta sobre como lidar com alunos indisciplinados, desinteressados ou desobedientes, uma vez que cada caso é um caso, e por isso, o que funciona para um, pode não funcionar para outro.
Não se aprende a enfrentar problemas como a indisciplina na graduação, uma vez que os professores se formam para passar o conhecimento ao aluno, ou seja, a parte teórica. Na prática, a realidade é completamente diferente, pois os professores se deparam com crianças com mau comportamento já nas séries inicias e, depois deste contato com a realidade, o educador começa a buscar meios didáticos pedagógicos com o objetivo de sanar ou ao menos minimizar esta realidade triste e aterrorizante nas escolas brasileiras. Tem-se que manter o equilíbrio e a calma para lidar com cada situação, sabendo que o diálogo é o ponto de partida e o melhor caminho na tentativa de resolver estas dificuldades no meio educacional, pois o relacionamento interpessoal professor e aluno são muito importantes para o desenvolvimento cognitivo dos discentes.
Gráfico 9: Tipos da indisciplina
Diante da indisciplina que os professores já vivenciaram em sala de aula, 08 professores já tiveram alunos que não conseguiam ficarem quietos; 06 professores tiveram alunos que não cooperavam com o professor; 07 professores tiveram alunos quase sempre distraídos; nenhum professor teve alunos que trocavam mensagens; 03 professores possuíram alunos que atiravam papelzinho entre os colegas; nenhum professor possuiu alunos que usava o celular; 06 professores dispuseram de alunos que interrompiam as aulas frequentemente; 03 professores tiveram casos de atitudes agressivas verbais com o professor; 02 professores tiveram alunos com atitudes agressivas físicas com o professor; 08 professores tiveram alunos com o comportamento agressivo com outros colegas; 07 professores possuíram alunos com atitudes agressivas com o professor; 07 professores têm alunos que se mostram desinteressados nas aulas. Oliveira menciona que:
O aluno indisciplinado é aquele que não desenvolveu a autodisciplina, que não tem consciência dos efeitos do seu comportamento para o seu aprendizado, que não consegue discernir o certo do errado, que não respeita os princípios da democracia em um ambiente social e que, em consequência disso, acaba agindo de forma irresponsável, atrapalhando o andamento das aulas com atos de desrespeito, vandalismo e agressão. (OLIVEIRA, 2009, p. 04)
O autor declara que o aluno indisciplinado por não ter desenvolvido ainda a autodisciplina, não tem consciência do seu comportamento, não entende que estas atitudes prejudicam seu aprendizado e, não sabe distinguir o certo do errado, dificultando assim a desenvoltura da aula. Tratando-se ainda de alunos de 1.º ao 5.º ano, crianças de uma faixa etária entre 6 a 11 anos, tornam o enunciado do autor ainda mais verdadeiro, pois as crianças estão em processo de construção físico e psíquico, portanto, suas emoções são expostas ao seu jeito, necessitando de uma figura adulta para ensinar como se portar em certas circunstâncias. Os pais são as pessoas mais adequadas para esta função, com a falha deles, a escola tenta fazer esta função para um melhor desempenho da criança em sua vida.
Entendemos que são diversos os fatores que levam os alunos a cometer atos de indisciplina, e esses fatores não atuam, necessariamente, com a mesma intensidade no comportamento da criança ou adolescente; alguns podem ser mais ou menos extremos, conforme a circunstância e a realidade de cada aluno e de cada escola. Eles podem ser, ainda, de origem interna ou externa à instituição. (OLIVEIRA, 2009, p. 05)
Diante do exposto, cada criança age e reage de forma diferente a uma ação a ela cometida, e os níveis de consequências variam umas com mais, outras com menos intensidade.
Contribuição para indisciplina na sala de aula
A indisciplina é um fenômeno que não se limita apenas a alguma classe social, faixa etária, gênero ou cultura específica. São várias possibilidades de contribuição para a indisciplina na sala de aula, portanto, precisa-se ter clareza da parcela de responsabilidade de todos, não podendo existir um único culpado. “Dessa forma, a indisciplina escolar está intimamente ligada a tudo que diz respeito ao ensino, aos objetivos, às práticas e perspectivas que a orientam, além dos condicionalismos próprios da aula, da escola, da comunidade e do sistema”. (AMADO, apud OLIVEIRA; SCHMIDT; PORTELA, 2011, p. 9).
Os autores evidenciam a variedade de fatores que contribuem para a indisciplina na sala de aula, afirmando que as práticas pedagógicas dos professores, a comunidade em que a criança está inserida, como também os problemas relacionados ao contexto interno escolar, refletem o tipo de regras que a instituição pode impor. Tudo isso tem a sua contribuição para que a indisciplina no ambiente escolar apareça.
Gráfico 10: Contribuição para indisciplina na sala de aula
Sobre a pergunta relacionada ao que contribui para indisciplina na sala de aula, 03 professores responderam que alunos com faixa etária diferente, neste caso, especificamente as salas multisseriadas, são um dos motivos para a indisciplina na aula. No entanto, atualmente os alunos seguem uma faixa etária muito próxima ou igual nas séries inicias, visto que, os alunos começam a ser matriculados obrigatoriamente aos 04 anos na pré-escola, não podendo retê-los e, alunos que completem 06 anos até 31 de março do ano que irá cursar a série, serão matriculados no 1.º ano do ensino fundamental.
Aulas monótonas, não significativas e cansativas, são causas que 03 professores consideram que influenciam na indisciplina na sala de aula. A falta de domínio do conteúdo por parte do professor também foi opção para a indisciplina na sala. 01 professor afirma que professores iniciantes cometem este erro comprometendo o desempenho da aula.
A indisciplina pode estar ligada ao fato dos estudantes não concordarem com a maneira como o professor está transmitindo o saber. Logo, para que se possa ter alunos disciplinados, é necessário intervir a equação. Isso também sugere que os aprendizes até sabem por que estão na escola. No entanto, a didática empregada pelo professor é considerada tão maçante, desmotivadora e sem sentido que não é possível nutrir desejo algum pela aquisição de determinadas informações. (PEDRO-SILVA, 2006, p. 74)
Professores que ministram aulas cansativas geram motivos para a indisciplina também. Conforme o autor, os educadores nas séries iniciais precisam despertar na criança o desejo pela escola, nutrindo um pensamento que o aluno é sujeito a frequentar a instituição escolar. Porém, quando a aula é prazerosa, o aluno gosta e absorve o desejo de estar na sala de aula, e assim, com mais interesse, consequentemente obterá um resultado positivo na sua aprendizagem.
A existência de alunos com problemas familiares é um dos focos principais para a indisciplina. 10 professores concordam que este é o principal motivo pelo qual se tem aluno indisciplinado em uma escola.
Outros foram justificados por 05 professores: 01 professor citou falta de recursos próprios; 03 professores citaram alunos que convivem em ambientes desestruturados; 01 professor citou perfil do próprio aluno.
Uma criança que vive em um ambiente social onde as relações de reciprocidade praticamente não existem, ela dificilmente desenvolverá a capacidade de pensar as relações sociais por meio da cooperação. Imaginemos outra criança que viva em um meio no qual valores como paz, justiça e respeito sejam trocados por outro, como violência, dominação e desrespeito. É bem provável, uma vez que tem a necessidade natural de inserir-se na comunidade que acolhe que tal criança não se desenvolvam oralmente, pois está submetida a figuras de autoridade que proclamam tais valores –a violência, dominação e desrespeito – agem inspiradas por eles. Do ponto de vista efetivo, o mesmo raciocínio impõem-se. Se uma criança vivem um lugar de miséria moral e violência, em um lugar no qual a compaixão é vista como fraqueza, sua tendência natural a simpatia pode ser embotada e dar lugar a uma espécie de couraça afetiva que a torna insensível aos estados afetivos alheios. (La Taille, 2006, p.144)
Uma criança que convive em um ambiente desestruturado tem problemas familiares e a indisciplina acaba tornando-se um perfil do aluno. Normalmente um aluno indisciplinado tem sempre um motivo para explicar seu comportamento. A família é a principal culpada nas situações, visto que, a criança convive com adultos que negligenciam a sua conduta, e desta forma, acaba reproduzindo no ambiente escolar o que vê e o que vive em casa. É lamentável que as figuras de autoridade repassem para a criança valores contraditórios aos que deveriam passar para um indivíduo viver bem em sociedade. Estas acabam crescendo pensando que as situações se resolvem na violência e que compaixão é fraqueza, tornando-se insensíveis à dor próximo.
Reação dos pais quando chamados para tratar da questão da indisciplina de seus filhos
A família é a primeira sociedade na qual a criança é inserida e nessa interação, a mesma começa a desenvolver sua personalidade, sendo que através dessas características, é avaliado o comportamento do indivíduo. Muitas crianças chegam à escola e apresentam uma conduta diferente do esperado pela instituição. A partir de uma investigação, ou seja, a procura dos educadores ou da instituição, na tentativa de entender e encontrar o motivo do comportamento daquela criança, depara-se com a vivência familiar de cada um e percebe-se que a grande maioria dos problemas de alunos indisciplinados das séries iniciais se deve a configuração da estrutura familiar.
A família é um grupo primário e natural de nossa sociedade, no quais o ser humano vive e consegue se desenvolver. Na interação familiar, que é previa e social (porém determinada pelo ambiente), configura-se bem precocemente a personalidade, determinando-se aí as características sociais, éticas, morais e cívicas dos integrantes da comunidade adulta. Por isso, muitos fenômenos sociais podem ser compreendidos analisando as características da família. Muitas das reações individuais que determinam modelos de relacionamentos também podem ser esclarecidos e explicados, de acordo com a configuração familiar do sujeito e da sociedade da qual faz parte. (KNOBEL, 1992, p. 19 apud JARDIM, 2006, p. 16)
A direção escolar ao convidar a família para conversar a respeito do comportamento da criança na escola, se depara com reação divergente, pois existem pais que não aceitam essa atitude, não querem se responsabilizar, acreditando que a escola serve para isso: suprir a falta dos pais na transmissão de valores éticos e morais. Há pais que ficam tristes, mas tentam um diálogo a fim de encontrar uma maneira junto à escola para resolver a situação. Assim como também há pais que nem aparecem na escola, não se importando com o desenvolvimento educacional do seu filho.
Segundo Tiba (2008, p. 35): “Os filhos deveriam, desde já, praticar em casa o que terão que fazer na sociedade. Esta é a verdadeira educação, tendo como uma das suas bases à disciplina”. São louváveis as atitudes dos pais que educam visando o seu a convivência do seu filho em sociedade, pois assim, este aprende a se portar no meio em que vive. Através desses saberes, os problemas com a indisciplina são consideravelmente minimizados, pois fazem parte da educação, cultura e crença repassadas provavelmente entre gerações. No entanto, existem pais que não tem este comprometimento e acabam prejudicando a criança por não se interessar pelo bem estar de seu filho, seja no campo cognitivo ou emocional.
Gráfico 11: Reação dos pais quando chamados para tratar da questão da indisciplina de seus filhos.
Sobre a reação dos pais para tratar da indisciplina do seu filho: 04 professores responderam que os pais colocam a culpa no professor. Para Jardim (2006, p. 68): “Alguns pais, envolvidos com seus afazeres, se ‘esquecem’ ou não se ‘importam’ com a vida escolar de seus filhos”. A autora afirma que os pais transferem a responsabilidade para a escola, culpando o professor pelo mau comportamento do filho. De acordo com 07 professores, os pais reagem de forma indiferente, sem saber como proceder.
“Quando os pais se envolvem na educação de seus filhos em casa, seus filhos se saem melhor na escola”. (HEDERSON E BERLA, 1995 apud SCHARGEL, 2005, p. 15). Porém, se os pais não se interessam pela educação do seu filho, fica difícil apenas a escola ser responsável por esta ação. 02 professores replicaram que os pais são omissos, não comparecem à escola; 04 professores responderam que os pais afirmam que vão trabalhar esse comportamento com os filhos; por fim, 04 professores relataram que os pais ameaçam tirar os filhos da escola.
A relação família – escola é a mais conflitante, porque apesar de ambas terem como objetivo central a educação de uma criança, os papeis de cada uma devem ser diferenciadas durante esse processo. A família, de maneira generalizada, delega algumas obrigações da educação ao filho à escola e ao professor, eximindo-se do seu papel fundamental de parceira da instituição de ensino na educação da criança. Os professores, frente a essa nova obrigação, se vêm forçados a responder pelo comportamento positivo ou negativo do aluno, além de se preocupar com o programa curricular, provas, exercícios e etc. (CECON et al. 2001, s/p apud JARDIM, 2006, p.44)
É muito complicado a escola trabalhar sem o apoio dos pais, e na maioria das escolas públicas, é isso que acontece. Os pais são omissos na educação do filho, não fazendo parte da vida deles ou sendo muito permissivos, desta forma, os educadores tornam-se responsáveis pelo comportamento do aluno. A indisciplina é uma consequência de alguma carência na vida da criança. É como a febre, uma resposta que o corpo dá para algo que não vai bem e que precisa ser investigado a fim de encontrar caminhos para o tratamento.
Motivos ligados ao professor que podem contribuir para que os alunos sejam indisciplinados na sala de aula
Alguns professores também influenciam na indisciplina em sala de aula, de modo que a metodologia é um dos principais problemas existentes. Na atualidade existem várias maneiras de atrair a atenção das crianças. Se tratando do Ensino Fundamental I, as aulas devem ser atrativas para que a criança se interesse em aprender. Aulas sempre do mesmo jeito, em que o professor explica, em seguida repassa as atividades, tornam-se entediantes e o aluno não dá importância, por isso não este costuma não gostar de ir à escola.
Nos concursos públicos, existem nos editais, anexos nos quais consta a síntese de atribuição do cargo para professor de Ensino fundamental I e uma das suas atribuições é desenvolver de forma harmoniosa o aspecto afetivo-social, cognitivo e perceptivo-motor, a fim de fazer crescer na criança a capacidade de investigação, observação, experimentação, curiosidade, para a formação de cidadãos autônomos, capazes de responsabilidade e escolhas próprias. Portanto, além de ensinar conteúdos, se faz necessário que o professor não seja indiferente ao aluno. Procurar saber a causa de atitudes indevidas da criança, através do diálogo, é uma forma de entendê-la, saber a causa da indisciplina e de trabalhar suas habilidades. Filho declara que:
Precisamos deixar de ensinar “o que pensar” para começar a ensinar “como pensar” – como trabalhar em equipe. O que não faltam são ideias criativas e inovadoras para uma reforma escolar. Devemos escolher os programas que funcionam; devemos implementar as estratégias que já provaram sua eficácia. (FILHO; 2009, p.274).
Portanto, sobre a indisciplina, o professor precisa reavaliar seu método pedagógico, bem como averiguar o que outros professores tentaram e provaram a eficácia. Mesmo sendo outras realidades, muitas alternativas surtem efeitos positivos.
A indisciplina é um fenômeno do ser humano, portanto, é incerta. Com isto, devem-se buscar meios de mudança para esta realidade das escolas. É compreensível que o objetivo do âmbito educacional necessita ser um lugar, ao qual favoreça ao educando o prazer em estudar e, o meio para isto, é propiciado pelo professor, na tentativa de alcançar a escola que não apenas este, mas muitos aspiram.
Gráfico 12: Motivos ligados ao professor que podem contribuir para que os alunos sejam indisciplinados na sala de aula.
Perguntados sobre os motivos ligados ao professor que podem contribuir para que os alunos sejam indisciplinados na sala de aula, a falta de método de trabalho foi a opção de 04 professores. Segundo Garcia (2013, p. 95): “ela também é capaz de induzir mudanças em ideias e práticas educacionais insatisfatórias”. Diante disso, quando se encontra a causa da indisciplina, a dificuldade, o erro, tem que servir para o professor buscar mudanças em prol da melhoria de sua prática.
A falta de capacidade de comunicação foi mencionada por 02 professores para a contribuição da indisciplina na sala. A falta de capacidade para motivar os alunos: 04 professores dizem ser um motivo para a indisciplina na sala de aula. A dificuldade de lidar com situações de conflito:09 professores responderam que isto contribui para indisciplina na aula. Sobre o professor facilitador: nenhum professor respondeu ser fator contribuinte para a indisciplina na sala de aula. O professor autoritário: 01 professor respondeu que isto contribui para a indisciplina na aula.
Freire (2008, p. 39) nos aponta que: “é pensando criticamente a prática de hoje ou de ontem que se pode melhorar a próxima prática”. Freire afirma que o professor tem que fazer uma autoavaliação, analisar sua prática na sala de aula, ver o que está dando certo e continuar, perceber o que está dando errado e mudar. Pois, é de um ato anterior que se aperfeiçoa um ato posterior.
A respeito da figura do professor indiferente: 11 professores responderam que esta contribui muito para a indisciplina na sala de aula. Conforme Oliveira (2005, p. 65): “se o professor souber ouvir o aluno sobre suas dificuldades, pessoais ou escolares, já favorecerá em muito o relacionamento e o clima de sala de aula”. Ensinar crianças é uma tarefa que necessita de professores envolvidos diretamente com os seus alunos. A atenção e a preocupação são fundamentais para que haja um vínculo emocional entre professor e aluno. Vasconcellos (2009, p. 159), afirma que: “a criação de vínculos afetivos contribui para a construção da disciplina em sala de aula”. É através da ligação emocional entre educadores e educandos, que se estabelece a disciplina dentro do ambiente educacional.
Situações que geram mais indisciplina
Há algumas situações que podem gerar indisciplina na escola. O professor precisa está atento diante de sua postura na sala de aula referente à sua maneira de ministrar a aula. A segurança e a confiança são garantias de firmeza e certeza que o educador tem que demonstrar perante o educando, em relação ao conteúdo transmitido, para que ele não se sinta solto e, que o mesmo perceba que tem deveres a cumprir na sala de aula.
O professor por possuir muito conhecimento sobre determinados assuntos acaba se tornando a autoridade dentro da sala de aula. A autoridade não usa a força, nem a violência. Esta inclui respeito ao outro. As regras estão presentes, porém não impostas. Na verdade, as regras podem ser construídas, discutidas e consolidadas a partir das necessidades do grupo em questão. Furlani (1997, p.20) declara que: “o exercício da autoridade pressupõe, portanto, a existência de um respeito mútuo à diferença.”. A ausência da autoridade, ou segurança, torna o ambiente mais propício à indisciplina.
De acordo com Arum (2003, p. 14): “legitimidade e autoridade são componentes centrais para disciplina na escola”. O professor não tendo esta característica, qualquer que seja sua maneira metodológica, haverá uma dificuldade para ele, pois mesmo os alunos sendo crianças nas séries iniciais, conseguem perceber a situação. As crianças não têm a maturidade suficiente para entender a falta de autoridade do professor, porém, ficam dispersas e não levam a sério nada daquilo que o professor faz. Portanto, quaisquer que sejam as possibilidades que o educador opte em prol de uma melhor aprendizagem do educando ou de minimizar a indisciplina na sala de aula, tudo dependerá de como ele conduzirá a aula.
Davis e Luna (1991, p. 68) afirmam que: “quando, em educação, se abre mão da autoridade, nega-se ao ser em formação o apoio e o amparo que requer para se tornar adulto”. Assim, os autores deixam claro que a autoridade é imprescindível na vida de uma criança. A falta desta prejudicará e muito o desempenho da criança na sociedade, quando a mesma se tornar adulta.
Gráfico 13: Situações que geram mais indisciplina.
Sobre a situação que gera mais indisciplina na sala de aula, o trabalho em grupo foi citado por 07 professores. Explicações de conteúdo novo, nenhum professor acredita que seja motivo para a indisciplina. Algumas matérias foram citadas por 01 professor como motivo de indisciplina. Atividades curtas que permitem sobrar tempo foi opção de 100% dos professores, ou seja, todos os professores da pesquisa acreditam que este é o principal motivo para haver indisciplina na sala de aula, uma vez que trabalham com crianças e, cada uma tem um ritmo diferente para realizar as atividades. Os alunos mais adiantados sempre terminarão as atividades antes dos demais. A forma como é conduzida a atividade foi opção de 04 professores. Freire afirma que a prática educativa:
[…]deve desenvolver: um caráter formador, propiciar relações, treinar a experiência do ser social que pensa, se comunica, que tem sonhos que tem raiva e que ama. Baseado nessa filosofia, o educador deve dar a devida importância à parte social do aluno, porque é nela que ele vive sua realidade dia-a-dia, é nela que ele desenvolve seus instintos e é a partir dela que a indisciplina poder desabrochar. (FREIRE, 1998b, p. 46)
Para Freire, a prática educativa ajuda a disciplinar o aluno na sala de aula e fortalece uma índole benigna. O professor deve dar muita importância à parte social do aluno, pois conhecendo a realidade da criança, pode chegar à raiz do problema e encontrar possíveis soluções para a indisciplina na sala de aula.
De quem é a responsabilidade da indisciplina na sala de aula?
A responsabilidade da indisciplina na sala de aula é composta por vários componentes, entre eles: a família, os alunos, os professores, a escola, o contexto social e entre outros meios nos quais a criança está inserida. A família, por ser a primeira comunidade que a criança vivencia, constitui o berço, ou seja, o alicerce principal para o desenvolvimento positivo ou negativo da conduta do seu filho.
Os alunos também têm sua contribuição, pois, por mais que comecem a entender o que é certo e errado, muitos não se interessam em mudar e continuam com um mau comportamento, mesmo que por implicância, ou por querer atenção. Alguns professores têm sua parcela de culpa por não buscarem uma transformação da realidade em sua sala de aula, no que diz respeito às melhorias no comportamento do aluno indisciplinado. Estudantes entre o primeiro e quinto ano do ensino fundamental são crianças e, dentro da sala de aula o adulto é o professor.
A escola contribui para a indisciplina na sala de aula quando sabendo dos casos de maus comportamentos de alunos, que acontecem no seu interior, não possibilita ações junto aos coordenadores pedagógicos, supervisores escolares e toda a secretaria de educação, capazes de minimizar esse problema. O contexto social influencia nessa problemática pelo fato do ambiente educacional ser misto, ou seja, valores, culturas, condições econômicas distintas em uma única sala.
Gráfico 14: De quem é a responsabilidade da indisciplina na sala de aula?
Diante da pergunta sobre quem é responsável pela indisciplina na sala de aula, dos alunos: 06 professores responderam que são os alunos, visto que, estes são pouco conscientes. 04 responderam que é responsabilidade dos alunos e 01 professor respondeu que o aluno é muito responsável pela indisciplina na sala de aula.
Dos professores: 04 responderam que os professores não são nada responsáveis pela indisciplina na aula. 03 responderam que os professores têm pouca responsabilidade.03 responderam que é responsabilidade dos professores a indisciplina na sala de aula. 01 respondeu que o professor é muito responsável pela indisciplina na sala de aula.
Da família/pais dos alunos: 02 professores responderam que a família é responsável pela indisciplina na sala de aula. 09 professores responderam que a família é muito responsável pelo comportamento do aluno na sala de aula.
Da escola: 04 professores afirmaram que a escola não é nada responsável pela indisciplina na classe. 05 professores afirmaram que a escola é pouco responsável.02 professores afirmaram que a escola é responsável pela indisciplina na aula.
Contexto social: 01 professor declarou que o contexto social não é responsável pela indisciplina na classe. 03 professores declararam que o contexto social é pouco responsável pela indisciplina na classe. 02 professores declararam que o contexto social é responsável pela indisciplina na sala de aula. 05 professores declararam que o contexto social é muito responsável pela indisciplina na sala de aula.
Espaço físico da escola: 06 professores informaram que o espaço físico da escola não é nada responsável pela indisciplina na aula. 04 professores informaram que o espaço físico da escola é pouco responsável pela indisciplina na sala de aula.01 professor declarou que o espaço físico é responsável pela indisciplina na sala de aula.
Da cultura muito liberal: 01 professor alegou que a cultura muito liberal não é nada responsável pela conduta da criança na aula. 01 professor alegou que a cultura muito liberal é pouco responsável pela indisciplina na sala de aula.06 professores alegaram que a cultura muito liberal é responsável pela indisciplina na sala de aula.03 professores alegaram que a cultura muito liberal é muito responsável pela indisciplina na sala de aula.
Protecionismo do ECA: 01 professor informou que o protecionismo do ECA não é nada responsável. 02 professores informaram que o protecionismo do ECA é pouco responsável pela indisciplina na aula.06 professores informaram que o protecionismo do ECA é responsável pela indisciplina na sala de aula.02 professores informaram que o protecionismo do ECA é muito responsável pela indisciplina na sala de aula.
Existem várias razões para a indisciplina na sala de aula. Segundo Garcia (1999, p.105): “existem vários fatores que contribuem para a indisciplina, cada um com seu grau de importância”. Todos os fatores acima citados têm a sua contribuição em favorecer uma criança indisciplinada no cotidiano escolar, prejudicando assim, a desenvoltura da aula. Desse modo, todas essas partes devem estar envolvidas no combate a indisciplina para um ambiente mais agradável e propício à aprendizagem.
Você percebe se os alunos mais indisciplinados têm mais dificuldade com relação à aprendizagem?
Os alunos mais indisciplinados apresentam mais dificuldade na aprendizagem, pois, por não ficarem quietos e, recusarem as atividades, fazem com que não consigam adquirir o conhecimento daquela aula. Essas atitudes se tornam corriqueiras e o aluno muitas vezes termina o ano letivo e não consolida as habilidades referentes àquela série, dificultando ainda mais o trabalho do professor, ou do professor da série subsequente.
À medida que professores passam a buscar tentativas para minimizar a indisciplina na sua aula, terão também que trabalhar habilidades da série anterior, para depois iniciar as habilidades do ano em curso, quando se trata de um aluno com menos rendimento no processo de ensino aprendizagem. Com isso, a dinâmica em sala se torna um processo desafiador. A aprendizagem escolar é uma norma da escola, ou seja, todos devem aprender os conteúdos determinados, num tempo determinado. Transmitir a aprendizagem para o educando, com todos esses empecilhos, é verdadeiramente um desafio para o educador do momento presente.
Gráfico 15: Você percebe se os alunos mais indisciplinados têm mais dificuldade com relação à aprendizagem
Fonte: Dados da pesquisa, 2019.
Questionados sobre a possibilidade de os alunos mais indisciplinados terem mais dificuldade com relação à aprendizagem, todos os participantes da pesquisa responderam que sim. A indisciplina contribui para que o aluno tenha dificuldade em assimilar o conhecimento, pois, crianças inquietas não têm como prestar atenção na aula e, por isso, não se apropriam do entendimento devido. A dificuldade de aprendizagem e a indisciplina fazem parte do processo ensino aprendizagem há algum tempo. Logo, os professores precisam relembrar aos alunos e a sociedade, de que o objetivo principal de sua função, é prepará-los para exercer a cidadania.
Lembrar e fazer lembrar em alto e bom tom, a seus alunos e a sociedade como um todo, que sua finalidade principal é a preparação para o exercício da cidadania. E, para ser cidadãos, são necessários sólidos conhecimentos, memória, respeito pelo espaço público, um conjunto de normas de relações interpessoais e, diálogo franco entre olhares éticos. (LA TAILLE, 1994, p.49-50)
Portanto, o professor não apenas transmite conhecimentos, mas também facilita a vinculação de ideias, valores e princípios de vida, para a formação da personalidade do educando. A prioridade é que ele utilize o conhecimento para ensinar os direitos e deveres que cada indivíduo terá que exercer na sociedade. Através do diálogo, o professor deve mostrar que é necessário respeito e obediência a um conjunto de normas para viver bem na escola e, por conseguinte, em sociedade. As relações entre quem ensina e quem aprendem, deverão repercutir sempre na aprendizagem.
Relação indisciplina e dificuldade de aprendizagem
A aprendizagem é o processo pelo qual as crianças desenvolvem competências, habilidades, conhecimentos, comportamentos e valores, que são adquiridos ou modificados, com o resultado de estudo. A indisciplina é a falta de respeito às regras, negação às normas e mau comportamento, que compromete a convivência social.
A relação da indisciplina e dificuldade de aprendizagem se faz por uma influenciar a outra. Ou seja, uma criança indisciplinada desenvolve dificuldades na aprendizagem, por não prestar atenção nas aulas. Assim como uma criança com dificuldade na aprendizagem desenvolve indisciplina, por muitas vezes não se sentir capaz de realizar uma atividade na sala de aula e, por isso grita, xinga, empurra as cadeiras e chega até a bater em colegas ou professor.
Gráfico 16: Em relação à indisciplina e dificuldade de aprendizagem, você considera que:
Em relação à indisciplina e dificuldade de aprendizagem, 03 participantes responderam que a indisciplina gera a dificuldade de aprendizagem; 02 participantes responderam que a dificuldade de aprendizagem gera a indisciplina; nenhum participante citou que não existe uma ligação entre indisciplina e dificuldade de aprendizagem; 06 participantes responderam que indisciplina e dificuldade de aprendizagem, estão interligadas.
Os participantes, em sua maioria, acreditam que indisciplina e dificuldade de aprendizagem estão relacionadas entre si e que uma é resultante da outra, deixando o desempenho em sala ainda mais difícil. Por isso, Braga (2003, p. 69) afirma que: “educar exige competência, criatividade, audácia, paixão, arte. Espírito inovador, além do domínio das condições histórico/social, filosófico e psicológico”. Deste modo, os professores precisam desses adjetivos para tentar minimizar os problemas relacionados à indisciplina e dificuldade de aprendizagem dentro da sala de aula. Mendes (2008) declara:
É muito importante ressaltar que informação rápida não é conhecimento. O conhecimento depende de uma base sólida para contrapor ideias e ter senso crítico. Sua construção se dá de forma permanente. O saber é um processo contínuo que exige muita dedicação. (MENDES, 2008, p.4)
Portanto, mesmo buscando diversas formas de inibir a indisciplina e a dificuldade de aprendizagem na sala de aula, o resultado não é obtido de maneira rápida, pois, a solução permanente se faz num processo contínuo e de muito esforço entre as partes interessadas em resolver esta problemática na educação atual.
Medidas preventivo-disciplinares que têm maior efeito
Na atualidade, os professores perdem muito tempo das suas aulas por causa da indisciplina. É uma situação que desgasta o educador pela tensão provocada pelo educando, gerando um clima de desordem na sala de aula, necessitando que o professor aplique medidas disciplinares preventivas em meio a este caos que ocorre na rede educacional de ensino. Santos (2014), alega que:
A motivação e manutenção do interesse do grupo turma, abrange uma multiplicidade de formas: Monitorizar o trabalho, pela observação da forma como executam a tarefa proposta, apoio para superarem dificuldades, feedback(…)uma boa relação professor-aluno é um importante trunfo na gestão da sala de aula, pois os alunos dão uma enorme importância à pessoa do professor e, no campo disciplinar, o “gostar” ou “não gostar” do professor pode fazer a diferença, pode significar “ganhar ou não os alunos”.(…)Estabelecer relações interpessoais positivas implica disponibilidade para ouvir os alunos, para se aproximar deles, ser afetuoso, empático, inspirar confiança, mas também ter humor, ter e ser calmo na abordagem dos problemas, respeitar o aluno, isto é, confiar nele e não o humilhar, tudo isto com a dose de firmeza necessária para fazer cumprir as decisões tomadas.(SANTOS, 2014,pag.8,9,10)
A prevenção frente à indisciplina deverá ser feita para atender ao grupo, ou seja, professores, pais, alunos e escola. A escola deve realizar palestras com todos os envolvidos na comunidade escolar, para construírem juntas as regras da instituição. Por meio do diálogo, a participação e a democracia da ação, todos saberão como se apresenta as regras da escola. Os professores devem ser afetuosos e empáticos, a fim de estabelecerem uma relação amigável com o aluno, principalmente devido a clientela ser do ensino fundamental, ou seja, crianças entre 6 e 10 anos, que estão num processo de crescimento físico e cognitivo e, portanto requer atenção.
A motivação também é recomendada, de modo que o professor oportunize ao aluno o protagonismo do processo educativo, que estimule o seu cognitivo. No entanto, todas essas ações têm que serem efetivadas com a firmeza necessária para concretizar as medidas tomadas. Os pais devem se fazerem presentes e acompanharem de perto o processo educacional do filho. Ações realizadas em conjunto, têm uma probabilidade maior de lograrem êxito, prevenindo desta forma um grande problema que já houve e progride nas escolas brasileiras, que é a indisciplina na sala de aula.
Gráfico 17: Quais as medidas preventivo-disciplinares que têm maior efeito?
De acordo com a pergunta: quais as medidas preventivo-disciplinares que têm maior efeito? Sobre Advertência oral: 11 professores declararam que a advertência oral é sempre opção para prevenir a indisciplina. Advertência a família: 07 professores declararam que utilizam essa prática como medida de prevenção referente à indisciplina. Repreensão registrada: 03 professores declararam que a repreensão registrada é uma forma de prevenir a indisciplina. Chamar a coordenação pedagógica na escola: 04 professores declararam que é uma opção para a prevenção da indisciplina. Trabalhos escolares feitos em casa não foi opção para nenhum professor. Suspensão da escola: 02 professores declararam que suspender o aluno é uma maneira de prevenção à indisciplina na sala de aula. Diálogo: 11 professores declararam que é uma opção de prevenção a indisciplina.
Diante disto, Costa (2005, p.78) afirma que: “a educação para paz consiste por tanto, na construção de uma nova maneira de interagir com o aluno tanto na escola, quanto nas mais diversas instituições”. Os professores buscam diferentes maneiras de prevenir ou diminuir a indisciplina na sala de aula. Usam de diversas estratégias para combater a indisciplina, procurando tentativas para que esta não apareça no ambiente educacional. No entanto, a possibilidade mais conveniente, para prevenir a indisciplina, segundo o autor Costa, é através da interação professor e aluno na sala de aula. O diálogo é uma ferramenta fundamental, principalmente por se tratar de crianças. Já que sua clientela são alunos de 1.º ao 5.º ano, o professor tem mais vantagens de construir um vínculo emocional e de respeito com o aluno e, portanto, ter uma possibilidade maior de inibir a indisciplina na sala de aula.
Os professores usam estratégias didático-pedagógicas visando diminuir a indisciplina em sua sala de aula
Os professores utilizam sempre alguma estratégia didático-pedagógica para minimizar a indisciplina na sala de aula, na atualidade. Mesmo diante de crianças do ensino fundamental I, é recorrente esta prática pelos educadores que atuam nas escolas do país. De acordo com Parrat-Dayan (2008, p.124): “A gestão da classe é parte do problema da disciplina […]”. O primeiro passo para diminuir a indisciplina em sala, é o professor saber gerir sua classe. Professores têm que construir regras, serem flexíveis ao currículo e buscarem mudanças na sua metodologia de ensino para melhorar sua prática, procurando um equilíbrio necessário entre as estratégias para minimizar os conflitos no dia a dia, na sala de aula.
Gráfico 18: Você tem utilizado algumas estratégias didático-pedagógicas visando diminuir a indisciplina em sua sala de aula
Questionados sobre este assunto, todos os professores da pesquisa responderam que utilizam estratégias didático-pedagógicas com o objetivo de melhorar a indisciplina na sala de aula. A experimentação de novas estratégias de trabalho é fundamental para melhorar a indisciplina e promover a aprendizagem. A procura de novas possibilidades de atuação profissional torna a sala de aula uma espécie de laboratório pedagógico, em busca da cura para a causa da indisciplina, porém, são ações necessárias para construir uma boa harmonia e transmitir conhecimento entre os envolvidos no recinto.
O posto de professor não é simples. Este utiliza a realidade do aluno para criar situações de aprendizado, possibilitando que a criança se torne autônoma para resolver seus próprios conflitos. O professor cria situações provocantes a fim de envolver e incentivar a criança a resolver. Além de escutar, conversar e acompanhar o aluno, deixando-o se sentir um protagonista significativo na aula. Portanto, diante da indisciplina existente em sala, essas estratégias são mecanismos que ajudam a diminuir os diversos problemas.
Estratégias didático-pedagógicas utilizadas para inibir a indisciplina na sala de aula
São múltiplas as estratégias didático-pedagógicas que os professores utilizam visando diminuir a indisciplina na sala de aula, e cada vivência, cada realidade, fazem com que se escolha a melhor opção. Aulas lúdicas equivalem à aplicação de brincadeiras e jogos para fixar o conteúdo. Nessas aulas, contemplam-se momentos de descontração e felicidade, os quais amenizam a tensão e melhoram o aprendizado. Aulas práticas permitem que os alunos observem estruturas e acontecimentos conhecidos, muitas vezes, apenas na teoria. Essas aulas atuam como uma forma de vivenciar um conhecimento teórico. O uso de vídeo é utilizado para facilitar o entendimento da criança complementando aquilo que é ensino na aula.
O estabelecimento de regras dentro da sala de aula é imprescindível para ressaltar os direitos e deveres que têm que ser seguidos, ensinando alguns princípios importantes que precisam ser resgatados na nossa sociedade. O diálogo é um processo de partilha e incentivo à investigação. Segundo Abou (2004, p.82): “A relação professor-aluno é horizontal e não deve ser imposta, já que ambos fazem parte do processo de aprendizagem”. Portanto, a relação entre professor e aluno deve ser de igual para igual, com respeito, não um submisso ao outro. O diálogo é muito importante para criar um laço afetivo entre professor e aluno dentro da sala de aula, gerando um elo de confiança entre os sujeitos. Codo (2006) comenta que:
O professor pode imprimir o seu jeito, dar o tom e a cor que melhor lhe pareça à aula ministrada, sabendo que serve como modelo para os alunos e podendo espelhar-se no desenvolvimento dos mesmos. Aqui, a capacidade de empatia não é apenas permitida, ela se faz imprescindível para que o processo de ensino-aprendizagem ocorra com maior qualidade. O professor não consegue ensinar se não fizer um vínculo afetivo com os alunos. (p.119)
A indisciplina é fonte de frustração e desânimo para muitos professores. Por isso, é necessário que o educador tenha muita criatividade para prender a atenção do aluno na sala de aula. A postura do professor é decisiva no processo de inibir a indisciplina da sala de aula, a fim de melhorar o processo de ensino e aprendizagem e favorecer um clima harmonioso com a turma. O vínculo afetivo é uma das melhores escolhas didático-pedagógicas utilizadas pelos professores das séries iniciais, na tentativa de conseguir algum êxito positivo referente ao controle da indisciplina na sala de aula.
Gráfico 19: Caso tenha respondido sim, qual ou quais estratégias didático- pedagógicas você utiliza para inibir a indisciplina na sala de aula
Em relação à pergunta: qual ou quais estratégias didático-pedagógicas você utiliza para inibir a indisciplina na sala de aula? As respostas foram obtidas da seguinte forma: o uso de aulas práticas foi opção de todos os professores envolvidos na pesquisa; o uso de videoaula para ilustrar as explicações foi opção de 08 professores; jogos também foram utilizados por todos os professores; contextualizações com fatos atuais são estratégias utilizadas por 06 professores; o uso de livro didático também foi opção para 06 professores; atividades diferenciadas são estratégias utilizadas por todos os sujeitos participantes; o estabelecimento de regras dentro da sala de aula é estratégia também utilizada por todos os professores; outras estratégias foram opções para 04 professores, 01 professor citou o diálogo como estratégia para diminuir a indisciplina, 01 professor citou o uso das tecnologias para usar a favor dessa problemática; 01 professor citou utilizar metodologias de ensino diversificadas, ou seja, sempre mudar sua prática para sua aula não se tornar monótona e, 01 professor citou ter confiança e otimismo nas capacidades dos alunos para a realização das tarefas escolares, explicando oralmente.
Os professores da pesquisa (1º ao 5º ano) vivem na sala de aula a inquietude que a indisciplina proporciona a grande maioria dos professores que atuam nas escolas, no momento presente. Este é um problema que sempre houve e que se aperfeiçoa com o passar do tempo. Estar em sala de aula, onde tem muitos indivíduos de pensamentos diferentes já é desafiador e, ainda mais, ter que controlar um aluno indisciplinado, torna-se mais difícil ainda.
O educador tem que ministrar as aulas buscando alternativas para inibir a indisciplina do aluno para que o mesmo aprenda e não prejudique o processo de aprendizagem dos demais colegas em sala. No dia a dia da sala de aula, aulas monótonas intensificam esse problema, principalmente nas séries iniciais em que a clientela é composta por crianças. Os professores precisam diversificar suas aulas, ou seja, utilizar várias metodologias, não ficando centrado apenas em uma. Ao mencionar aulas monótonas, não significa dizer que o professor apenas fala e o aluno escuta, até porque em algum momento isto se faz necessário para repassar o conhecimento, mas quando o professor oferece apenas um tipo de método, pois nesta situação o aluno acaba espesso, sem estímulo para o estudo. Aula diferenciada é um meio capaz de despertar na criança a curiosidade de saber como será a aula seguinte. Portanto, os professores que têm alunos indisciplinados, sabendo onde provavelmente está a raiz do problema e não tendo como resolver, terão que buscar meios para a sua aula não deixar de ser produtiva.
As crianças não nascem indisciplinadas, elas se tornam de acordo com sua relação na sociedade. Se a família não tem a responsabilidade, negligencia a conduta da criança, é concentrada na escola, local o qual esta vai para aprender uma série de conteúdos, uma esperança para mudar o comportamento daquele indivíduo. Muitas vezes, a criança necessita de uma atenção, um cuidado, gerando a esperança de se tornar um adulto com a mente saudável para viver em sociedade. Dado que, depois da família, é a escola que tem a maior influência na educação da criança.
O diálogo é fundamental para melhorar a indisciplina, pois no momento em que o professor conversa com o aluno, este já começa a repensar suas atitudes, e é a partir de pequenos atos que se tem oportunidade de chegar até a uma grande resolução de conflitos, uma vez que, “é por meio de uma dinâmica relacional do docente com a turma, e da análise detalhada do que se passa no seio do grupo, que se pode melhorar o ambiente de sala de aula”. (FREIRE; 2006, p.27) Portanto, os professores precisam utilizar o diálogo como ferramenta para melhorar o conflito entre os alunos e entre professor e aluno. Quando isto não acontece, o professor não alcança grandes resultados no que se refere à indisciplina.
O uso das tecnologias também é de grande ajuda quando o problema é indisciplina. Os professores podem utilizar esse mecanismo para prender a atenção das crianças. A escola que possui um laboratório de informática com ou sem internet, tem como trabalhar com este mecanismo. Os professores podem oferecer uma aula diferente aos alunos, principalmente os das séries iniciais que demonstram muito interesse, já que é algo que eles querem ter contato. Mesmo com alunos do 1º ano do ensino fundamental é recomendado usar esta metodologia, primeiro conhecendo o computador e aprendendo a usá-lo. Em seguida, o professor pode iniciar, por exemplo, pedindo para que eles digitem o alfabeto, uma vez que é uma atividade que se trabalha em sala, porém abordada de forma diferente.
Com a utilização das novas tecnologias, a aula se torna mais prazerosa e, com mais possibilidades de despertar o interesse do aluno em aprender o conteúdo e, com isso, gera menos indisciplina. É de grande relevância que os professores agreguem essas ferramentas ao processo de ensino e aprendizagem, pois existem muitas possibilidades didáticas pedagógicas em prol de melhorias relacionadas à indisciplina. Na sala de aula, o professor como formador deve estar atento aos sinais emitidos pelos alunos para procurar a opção mais adequada, podendo assim, encontrar meios para que essa barreira possa ser destruída e com isso uma sala de aula menos conflituosa.
Seus alunos em relação a você
A construção de uma relação positiva entre o professor e o aluno é de suma importância para minimizar os problemas encontrados na sala de aula. A reciprocidade, simpatia e respeito entre educador e educando permite um trabalho positivo, em que o aluno é tratado como pessoa e não como número, ou seja, mais um. Quando o vínculo professor e aluno é benéfico, os momentos de desavenças podem resultar em boas oportunidades de crescimento pessoal e com isto a prevenção da indisciplina dentro da sala de aula.
Gráfico 20: Você acredita que seus alunos em relação a você…
Sobre a pergunta: você acredita que seus alunos em relação a você… Gostam muito de você, por isso respeitam? Foi opção para 05 professores; Têm medo, por isso respeitam? Nenhum professor optou por esta alternativa; Gostam muito de você e às vezes confundem, não respeitando? Foi escolha de 06 professores; Não gostam de você, por isso desrespeitam? Esta alternativa não foi opção para nenhum professor.
Todos os professores mantiveram um sentimento positivo ao responder esta questão, mesmo que, não sabendo lidar com as medidas certas, ocasionou a indisciplina. Pois “é preciso não ter medo do carinho […] Só os mal-amados e as mal-amadas entendem a atividade docente como um fazer de incessíveis, de tal maneira cheio de racionalismo que se esvaziam de vida e de sentimento”. (Freire 2007, p.69-70) Para Freire é essencial ensinar demonstrando sentimentos aos alunos, principalmente às crianças. Assim, os alunos se sentem acolhidos no ambiente escolar e, o afeto pelo professor é a justificativa que motiva o aluno ao aprendizado e faz com que aconteça a diminuição da indisciplina na sala de aula.
Comparando idade, tempo de serviço e formação dos participantes da pesquisa, verificou-se que os educadores mais novos, com menos experiências e apenas com graduação, têm os mesmos problemas e dificuldades para lidar com a indisciplina na sala de aula em relação aos professores com mais idade, mais experiências e maior nível de formação.
Diante do exposto, fica comprovado que a indisciplina na sala de aula é um contratempo recorrente, não estático e que não se aprende em universidades a lidar com tal problemática. Por isso, é preciso que os professores troquem experiências entre si e façam tentativas constantes de diversas metodologias capazes de promover a diminuição da indisciplina na sala de aula.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao termino deste trabalho percebe-se que a indisciplina escolar é a ausência de regras, ou seja, a falta de disciplina no ambiente da escola. Na sala de aula a indisciplina acontece pela quebra de regras da instituição, combinados, ou regras de convivência feitas entre professor e aluno no início do ano letivo. Uma espécie de documento que é construído pela clientela da sala de aula. Diante disso, a quebra dessas regras por parte dos alunos, ocasiona a indisciplina na sala de aula, levando o professor a direcionar a aula novamente no tratado da turma, com o objetivo de conseguir uma reflexão por parte do aluno, fazendo com que o mesmo entenda que infringiu as regras, que se direcione na forma correta para se socializar dentro da escola e, por conseguinte, em meio à sociedade.
Percebe-se também que são vários os fatores internos e externos que contribuem para a problemática da indisciplina na sala de aula. Um dos principais e com mais ênfase é o ambiente familiar, pois é a família que tem o direito e o dever de ministrar a educação de seus filhos, de modo que o professor em sala de aula, apenas contribui para a formação do aluno. Infelizmente vários pais negligenciam esta responsabilidade, sendo indiferente com o filho (a) e, com isso, a criança chega agressiva à escola, sem interesse pelos estudos e perturba a boa harmonia da turma, tornando-se um aluno indisciplinado.
O contexto social também influencia a criança a se tornar indisciplinada na escola, pois estando em meio à marginalização, a violência, falta de atenção, agressão, são fatos que um aluno reproduz na sala de aula, por não ter outra vivência a seguir como exemplo.
O espaço físico é outro fator que vem a propiciar a indisciplina, pois sala de aula pequena e com um número grande de aluno é motivo para estresse, agitação e perca de interesse nas atividades propostas pelos professores nas escolas. O desempenho do professor também é um grande contribuinte para a indisciplina nas séries iniciais, visto que, aulas desinteressantes e monótonas não prendem a atenção do aluno. Os professores ao ministrar aulas para crianças precisam ser mais lúdicos, atrativos, ou seja, ministrar aulas sempre diferenciadas para que a criança tenha interesse pelos estudos. A criança precisa entender que é necessário frequentar a escola para buscar conhecimentos e aprendizados para sua vida estudantil e pessoal.
Verificou-se a ligação entre indisciplina e dificuldade de aprendizagem, de modo que uma influencia a outra. A indisciplina acontece, muitas vezes, devido a criança se sentir inferior ou incapaz de realizar as atividades em sala de aula. A indisciplina aparece como uma maneira da criança chamar atenção do educador, uma forma de dizer que também está presente e que quer receber atenção. Por sua vez, a dificuldade de aprendizagem acontece pelo fato do aluno não prestar atenção nas aulas devido ao seu mau comportamento e sua falta de interesse pelos conteúdos. Essas atitudes evidenciam que o professor necessita procurar estratégias didático-pedagógicas que façam com que a criança indisciplinada realize as atividades e não venha a ter dificuldade na aprendizagem, e que nem a criança com dificuldade de aprendizagem desenvolva a indisciplina na sala de aula.
As estratégias utilizadas pelos professores para inibir a indisciplina na sala de aula são múltiplas e dependem da realidade de cada turma. Aulas diferenciadas são de grande ajuda para melhorar esta problemática na sala de aula, pois jogos, brincadeiras, dinâmicas e aulas em vídeo são maneiras que prendem a atenção da criança e possibilitam o aprendizado mais dinâmico e eficaz. Chamar a atenção do aluno com calma e permanecer ao seu lado do mesmo, também é uma forma mais adequada de não piorar o quadro de indisciplina na sala de aula, evitando assim, ridicularizar a criança em frente às demais.
Atividades diferenciadas também são de grande ajuda para inibir a indisciplina, pois uma atividade com o nível adequado para o aluno faz com que ele perceba que é capaz de realizá-la. O diálogo é fundamental para criar um vínculo emocional entre professor e aluno, é uma maneira do aluno perceber que o professor se importa com ele e com isso, possibilita o respeito mútuo à clientela da turma.
Contudo, fica claro que as escolas precisam e contam significativamente com as famílias e professores capazes de se doar ao máximo a fim de um futuro melhor para o aluno. Constata-se assim, que o elo entre família e escola é o principal pilar para a diminuição da indisciplina escolar e, consequentemente, para uma educação melhor em nossa sociedade.
1PARRAT DAYAN, Sílvia. Como enfrentar a indisciplina na escola. 2º ed. São Paulo: Contexto, 2012.
2PARRAT DAYAN, Sílvia. Como enfrentar a indisciplina na escola. São Paulo: Contexto, 2008.
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APÊNDICE 1
Questionário aos (as) professores (as)
Dados dos entrevistados.
1) Sexo: ( ) Feminino)
( ) Masculino
2) Idade: _______________
3) Há quanto tempo atua na Educação?
( ) 1 a 5 anos
( ) 6 a 10 anos
( ) 11 a 15 anos
( ) Mais de 15 anos
4) Assinale as opções que compreende a sua formação.
( ) Ensino Superior Completo em Pedagogia
( ) Pós Graduação a nível de Especialização
( ) Pós Graduação a nível de Especialização referente a indisciplina na sala de aula ou alguma formação continuada com iniciativa do município sobre o tema
( ) Mestrado
( ) Doutorado
( ) Outros: _______________________________________________
5) Trabalha com o Ensino Fundamental I, em qual série?
( ) 1ºano
( ) 2ºano
( ) 3ºano
( ) 4ºano
( ) 5ºano
Questionário específico.
6) Para você, qual a definição de indisciplina? (Escolha as alternativas que você considera)
CONCEITO | É INDISCIPLINA | NÃO É INDISCIPLINA | É AGRESSÃO |
Não cumprimento de regras | |||
Desobediência ao professor | |||
Conversar com os colegas durante a aula | |||
Usar vocabulário impróprio | |||
Interromper a aula desnecessariamente | |||
Levantar-se do lugar sem pedir licença | |||
Desvalorizar as tarefas solicitadas | |||
Agredir os colegas | |||
Agredir o professor | |||
Fazer ameaças ao(s) colega (s) | |||
Não respeitar o professor | |||
Acatar a chamada de atenção para se calar, mas repete esse comportamento constantemente | |||
Fazer ameaças ao professor | |||
Reagir agressivamente |
7) A indisciplina na sua escola:
( ) Tem aumentado bastante
( ) Tem aumentado, mas não muito
( ) Manteve-se da mesma forma
( ) Tem diminuído
Se você afirmou que tem aumentado bastante, desde que ano você observa que vem aumentando? _______________________
8) Você tem aluno indisciplinado neste ano letivo?
( ) Não
( ) Sim
9) Caso tenhas respondido SIM. Indique o(s) motivo(s)?
( ) Não conseguia estar quieto
( ) Não cooperava com o professor
( ) Estava quase sempre distraído
( ) Trocava mensagens
( ) Atirava papelzinho
( ) Usava o celular
( ) Interrompia as aulas
( ) Tinha atitudes agressivas (verbais) para com o professor
( ) Tinha atitudes agressivas (físicas) para com o professor
( ) Tinha atitudes agressivas (verbais) para com os colegas
( ) Tinha atitudes agressivas (físicas) para com os colegas
( ) Mostrava-se desinteressado
10) O que contribui para a indisciplina em sala de aula?
( ) Alunos com faixas etárias diferentes
( ) Aulas monótonas, não significativas, cansativas
( ) A falta de domínio do conteúdo por parte do professor
( ) Alunos com problemas familiares
( ) Outros: __________________________________________________________
11) Qual a reação dos pais quando chamados para tratar da questão da indisciplina de seus filhos?
( ) Colocam a culpa no professor
( ) Reagem de forma indiferente, sem saber como proceder
( ) São omissos, não comparecendo à escola
( ) Afirmam que vão trabalhar esse comportamento com os filhos
( ) Ameaçam tirar os filhos da escola
12) No seu ponto de vista, quais os motivos ligados ao professor que podem contribuir para que os alunos sejam indisciplinados na sala de aula (Escolha as alternativas que consideras)
( ) Falta de métodos de trabalho
( ) Falta de capacidade de comunicação
( ) Falta de capacidade para motivar os alunos
( ) Dificuldade em lidar com situações de conflito
( ) Professor facilitador
( ) Professor autoritário
( ) Professor indiferente
Outro: Qual?__________________________________________________________
13) Aponte quais as situações que geram mais indisciplina.
( ) Trabalho em grupo
( ) Explicações de conteúdo novo
( ) Algumas matérias
( ) Atividades curtas que permitem sobra de tempo
( ) Outros/ Depende como é conduzida a atividade
14) Segundo a sua opinião, de quem é a responsabilidade da indisciplina na sala de aula?
Nada responsável | Pouco responsável | Responsável | Muito responsável | |
Dos próprios alunos | ||||
Dos professores | ||||
Da família/pais dos alunos | ||||
Da escola | ||||
Contexto social | ||||
Espaço físico da escola | ||||
Da cultura muito liberal | ||||
Protecionismo do ECA |
15) Você percebe se os alunos mais indisciplinados têm mais dificuldade com relação à aprendizagem?
( )Sim
( )Não
16) Em relação a indisciplina e dificuldade de aprendizagem, você considera que:
( ) A indisciplina gera a dificuldade de aprendizagem
( ) A dificuldade de aprendizagem gera a indisciplina
( ) Não existe uma ligação entre indisciplina e dificuldade de aprendizagem
( ) Indisciplina e dificuldade de aprendizagem, ambas estão interligadas
17) No seu entender, qual ou quais as medidas preventivas/disciplinares que têm maior efeito?
( ) Advertência oral
( ) Advertência a família
( ) Repreensão registada
( ) Chamar os encarregados de educação à escola
( ) Retirada do aluno para a diretoria
( ) Trabalhos escolares extra -feitos em casa
( ) Suspensão da escola
18) Você tem utilizado alguma estratégia didático-pedagógica visando diminuir a indisciplina em sua sala de aula?
( )Sim
( )Não
19) Caso tenha respondido sim, qual ou quais estratégias didático-pedagógicas você utiliza para inibir a indisciplina na sala de aula?
( ) Aulas práticas
( ) Uso de vídeo para ilustrar explicações
( ) Jogos
( ) contextualização com fatos atuais
( ) O uso do livro didático em sala de aula
( ) Atividade diferenciadas
( ) Estabelecimentos de regras dentro da sala de aula
Outras:___________________________________________________
20) Você acredita que seus alunos em relação a você:
( ) Gostam muito de você, por isso respeitam
( ) Têm medo, por isso respeitam
( ) Gostam muito de você e as vezes confundem, não respeitando.
( ) Não gostam de você, por isso desrespeitam.