ÍNDICE DE PERMANÊNCIA HOSPITALAR POR PNEUMONIA EM PACIENTES IDOSOS NO HOSPITAL REGIONAL DE GURUPI-TO.

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11201222


Blenda Alves Santana1; Maria Eduarda Pimenta Martins2; Daniella Abreu Silva3; Isaiane Dos Santos Alencar4; Armando Jarib Gonçalves Tavares5; Agrinazio Geraldo Nascimento Neto6; Jonathan Jean Vilhaba7; Geovane Rossone Reis8; Thais Bezerra de Almeida9; Myllena da Silva Ribeiro10


RESUMO

INTRODUÇÃO: A pneumonia trata-se de uma doença de caráter inflamatório e infeccioso das vias aéreas inferiores, sendo a terceira causa de morte em todo o mundo, acomete em sua maioria idosos que estão mais imunodeprimidos. Pode produzir sinais e sintomas respiratórios, como tosse, aumento da frequência respiratória, produção de secreção e dores no peito, dentre outros. OBJETIVO: Identificar os principais fatores que contribuem para a prolongação da internação do público alvo da pesquisa. METODOLOGIA: Trata-se de um estudo observacional descritivo, exploratório e quantitativo, das internações por pneumonia em idosos no Hospital Regional de Gurupi; o período de análise correspondente é o de  2017 a 2022. Os dados serão obtidos a partir do Departamento de informação do sistema único de saúde (DATASUS). RESULTADOS: Para a pesquisa foram coletados dados, que foram tabulados e organizados em quatro tabelas diferenciadas entre as variáveis encontradas sobre cada ano. DISCUSSÕES: De acordo com Diniz et al., (2021), devido ao envelhecimento populacional, em 2019 houveram mais de 2 milhões de internação de idosos de 60 a 69 anos no Brasil. A hospitalização por maior permanência deste público vem se tornando uma das problemáticas que mais afetam o sistema de saúde brasileiro, ocorrendo assim um aumento nos custos e redução da qualidade da assistência prestada pelos profissionais. De acordo com a análise de dados, o índice de permanência hospitalar por pneumonia em idosos no hospital regional de Gurupi vem se apresentando de forma crescente, com elevados números nos anos de 2017 a 2020, reduzindo em 2021 e elevando-se novamente em 2022. CONCLUSÃO:  Conclui-se que os resultados deste estudo ampliam o conhecimento acerca do índice de permanência hospitalar por pneumonia entre a população idosa do sul do Tocantins, contribuindo para o planejamento de ações em saúde que visam melhorar os cuidados, agilizar tratamentos, prevenir hospitalizações, reduzir a quantidade de dias de internações e evitar a mortalidade prematura desta população. 

Palavras-chave: Pneumonia, Idosos, Permanência Hospitalar, Vacina Pneumocócica.

1. Introdução

Piuvezam (2015) aborda que o envelhecimento populacional é um fenômeno mundial, que ocorre em países com vários níveis de desenvolvimento, caracterizado por um aumento da população idosa em relação aos jovens; Decorrente do processo de transição demográfica caracterizado pela redução da taxa de fecundidade e aumento da expectativa de vida da população.

De acordo com Diniz et al., (2021), devido ao envelhecimento populacional, em 2019 houveram mais de 2 milhões de internação de idosos de 60 a 69 anos no Brasil. A hospitalização por maior permanência deste público vem se tornando uma das problemáticas que mais afetam o sistema de saúde brasileiro, ocorrendo assim um aumento nos custos e redução da qualidade da assistência prestada pelos profissionais. Neste âmbito da vida, esta população passa por um declínio de suas funções, os tornando suscetíveis a doenças infecciosas como a pneumonia e a um maior tempo de permanência hospitalar. 

Os idosos em sua maioria são portadores de diversas patologias crônicas, consomem mais serviços de saúde por necessitarem de cuidados prolongados, passam por internações hospitalares com frequência, sendo o tempo de ocupação do leito maior que o de outras faixas etárias, além de intervenções contínuas e maior demanda por leitos de unidades de terapia intensiva (UTI). (Piuvezam, 2015)

A permanência hospitalar apresenta consequências para a saúde e bem-estar do indivíduo, aumentando o risco de morbidade e mortalidade, dado o risco acrescido de desnutrição, depressão, quedas, estados confusos, infecções e complicações iatrogênicas, diminuição da mobilidade e maior nível de dependência. (Modas, 2019). Além disso, o retardo da alta hospitalar pode causar piora no prognóstico do paciente, alto custo para o estado ou unidade hospitalar, bem como impossibilita a admissão de novos indivíduos que podem apresentar quadros mais graves.  

A pneumonia trata-se de uma doença de caráter inflamatório e infeccioso das vias aéreas inferiores, sendo a terceira causa de morte em todo o mundo, acomete em sua maioria idosos que estão mais imunodeprimidos. Pode produzir sinais e sintomas respiratórios, como tosse, aumento da frequência respiratória, produção de secreção e dores no peito, dentre outros. Ao chegar ao pulmão, os microrganismos envolvidos colonizam e invadem a região. Em indivíduos imunocomprometidos, até mesmo bactérias de média e baixa virulência podem estar relacionadas. Assim, levam a um quadro de infecção do parênquima pulmonar, e os bronquíolos e alvéolos serão preenchidos por exsudato inflamatório, dificultando a hematose e levando ao quadro clássico de insuficiência respiratória. (Assunção et al., 2018).

Os fatores de risco para o desenvolvimento de pneumonias incluem: idade superior a 65 anos, comorbilidade, desnutrição, tabagismo, doenças de base, queda do nível de consciência, doenças pulmonares e cardiológicas, aumento da colonização orofaríngea, macro ou micro-aspiração, ventilação mecânica, manipulação do paciente pela equipe hospitalar, uso de sondas ou de cânula nasogástrica, o alcoolismo, risco de alteração da consciência e de convulsões e vômitos com aspiração, intubação ou reintubação orotraqueal, traqueostomia, permanência em posição supina, trauma grave, institucionalização, hospitalização recente e mau estado geral (Amaral et al., 2009). Com isso é perceptível que o idoso abarque vários destes fatores, senão todos.

No Brasil, a pneumonia tem sido a principal causa de internações hospitalares e corresponde a 2,1 milhões de pessoas, com uma média de 960 mil casos por ano, sendo considerada a quinta causa de óbitos. ( Nogueira, 2021).

De acordo com Ribeiro (2018), as principais comorbidades associadas à pneumonia que podem agravar o quadro desta doença, são:  hipertensão  arterial  sistêmica,  diabetes mellitus, insuficiência renal, doenças crônicas do trato respiratório, acidente vascular encefálico e desnutrição. Ademais, é sabido que a população idosa costuma apresentar doenças crônicas, o que pode não só piorar o caso como também causar a morte.

A classificação desta afecção do trato respiratório pode ser realizada de acordo com o local de aquisição (comunitária e hospitalar), tempo de evolução (aguda e crônica), tipo de comprometimento (lobar, infiltrado intersticial, broncopneumonia e derrame pleural) é provável agente causador (infecciosos: fungos, bactérias, vírus, protozoários e helmintos; e não infeccioso: produtos químicos, alergias, neoplasias). (Melo, 2021)

As pneumonias são todas diferentes, até porque todos os indivíduos são diferentes entre si e os microrganismos causadores também são diferentes no seu comportamento e na sua agressividade. Dentre os tipos, tem-se ainda a pneumonia bacteriana, pneumonia viral, pneumonia atípica, pneumonia fúngica, pneumonia comunitária, pneumonia por aspiração, e pneumonia hospitalar (Atlas, 2014).

A forma de transmissão pode ocorrer pelo ar, saliva, secreções, transfusão de sangue ou mudanças bruscas de temperatura, comprometendo a filtragem do ar aspirado, podendo acarretar uma maior exposição aos micro-organismos causadores (Lopes, 2022).

Segundo Aquino (2012), o diagnóstico é realizado através de sinais e sintomas clínicos, através de exames radiológicos do tórax, avaliação da gravidade e detecção de complicações da pneumonia e pelo diagnóstico microbiológico que é fundamental para o cultivo e identificação do patógeno e avaliação da suscetibilidade do patógeno aos diversos antimicrobianos, contribuindo para a decisão terapêutica correta.

Diante dos fatos expostos, nota-se que a identificação do agente etiológico é fundamental para um tratamento precoce e eficaz aos pacientes idosos que sofrem não somente com os sintomas como também com a longa permanência hospitalar que traz diversos declínios funcionais. 

Para Melo (2021), o tratamento das pneumonias depende da gravidade do quadro e do agente infectante. Medidas gerais de suporte, em especial as que estão com uso de ventilação mecânica, para tratamento da hipóxia, podem ser críticas para a sobrevida do paciente. As infecções bacterianas se associam às virais e após análise microbiológica, faz com que os antibióticos, possam estar indicados nesses casos. Ademais, o tratamento deve ser realizado com medidas de suporte, como suplementação de oxigênio, analgésicos, antipiréticos e terapia antiviral em casos selecionados.

As vacinas disponíveis atualmente para imunização dos idosos, são: vacina pneumocócica polissacarídica de 23 valências (PPV23) e a vacina pneumocócica conjugada de 13 valências (PCV13). A PPV23 foi eficaz na prevenção de doença invasiva pneumocócica, e a sua eficácia foi limitada, com curta duração de proteção, sendo inferior nos mais idosos e na presença de comorbilidades. A PCV13, é mais imunogênica, e apresentou maior benefício clínico, por redução da incidência de doença pneumocócica, da colonização do idoso e da resistência ao tratamento médico. Ambas as vacinas apresentaram um bom perfil de segurança, com reações auto-limitadas. A resposta imunológica após a revacinação com PPV23 foi imunogênica, mesmo nos mais idosos. Contudo, a associação de ambas as vacinas demonstrou ser a opção que conferiu maior grau de imunidade, com menos efeitos adversos do que revacinar com PPV23. (Martins et al., 2018) 

Sendo assim, o presente trabalho tem por objetivo identificar os principais fatores que contribuem para a prolongação da internação de idosos e propor estratégias para reduzir o tempo de permanência hospitalar desta população.

2. Metodologia 

Trata-se de um estudo observacional descritivo, exploratório e quantitativo, das internações por pneumonia em idosos no Hospital Regional de Gurupi. O período de análise correspondente é de 2017 a 2022, os dados foram obtidos a partir do Departamento de informação do sistema único de saúde ( DATASUS). A coleta deu-se por meio da sequência: TABNET > Epidemiológicas e Morbidade > Morbidade Hospitalar do SUS (SIH/SUS) > Geral, por local de residência a partir de 2017 > Tocantins, no endereço eletrônico  (http://www.data-sus.gov.br), sendo a coleta realizada no mês de novembro de 2023.

Foram incluídos idosos com idade entre 60 a 69 anos, e 70 a 79 anos, ambos os sexos, internados por pneumonia no Hospital Regional de Gurupi no período de tempo proposto, com ou sem comorbidades pré existentes. O período foi delimitado até 2022, pois era o ano em que os dados estavam completos e atualizados até o momento da pesquisa. As variáveis utilizadas foram: faixa etária, cor/etnia, sexo.

O conjunto de dados foram tabulados através do software Excel Microsoft Office, no qual foram analisados estatisticamente por meio da frequência absoluta, média, e indicadores de porcentagens. 

Esta pesquisa não abrange qualquer tipo de intervenção terapêutica, tampouco contato com paciente, apenas coleta de dados a partir do DATASUS, sendo assim, a mesma não oferece nenhum tipo de risco direto, visto que são dados públicos do DATASUS.

O resultado conclusivo desta pesquisa visa abordar quais os principais tipos de pneumonia e a mais prevalente, o perfil da pneumonia, perfil epidemiológico, quantidade de internações, índice de permanência.  Deste modo, tratando o perfil epidemiológico, fornecendo informações importantes para potencializar o tratamento da pneumonia, reduzindo a quantidade de dias de internações, bem como reduzindo os riscos de morte.

3. Resultados  

Os dados coletados e tabulados foram organizados em quatro tabelas diferenciadas entre as variáveis encontradas. Entre 2017 e 2022, foram registrados 5.903 dias de permanência por pneumonia em idosos no Hospital Regional de Gurupi.  

Ao analisar o quantitativo total do índice de permanência hospitalar (Tabela 1), observa-se uma oscilação anual, iniciando com 592 dias em 2017 e média de 11,8, ocorrendo um aumento de 13,5% em 2018 com 796 dias, 17,5% em 2019 com 1035 dias, 18,5% em 2020 com 1095 dias, diminuindo no ano de 2021 para 732 dias com variação de 12,4% e finalizando com o aumento para 1653 dias em 2022, com variação de 28% e média de 15.

Tabela 1– Índice de permanência hospitalar por pneumonia, nas idades de 60 a 69 anos e 70 a 79 anos, no período de 2017 a 2022.

Tabela 2Indíce de permanência hospitalar por pneumonia, nas idades de 60 a 69 anos / por sexo masculino e feminino. 

Segundo os dados apresentados na tabela 2, é visto que houve um aumento significativo dos casos do ano inicial do estudo 2017 até o final 2022 para ambos sexos da faixa etária de 60 a 69 anos. No entanto, as maiores frequências de permanência foram em idosos do sexo masculino, principalmente, nos anos de 2017, 2019, 2020, 2021 e 2022 com média de 13,9, em relação as mulheres com média de 13,4. 

Tabela 3- Indíce de permanência hospitalarpor pneumonia, nas idades de 70 a 79 anos / por sexo masculino e feminino.

De acordo com a tabela 3, houve um aumento no índice de permanência nos anos de 2017 de 89 para 302 dias em 2020, em pacientes do sexo feminino, reduzindo em 15% em 2021 e aumenantando novamente em 2021. Já no sexo masculino, ocorreu uma elevação no índice nos anos de 2017 de 256 dias para 323 em 2019, reduzindo em 2020 e 2021 e aumentando drasticamente em 2022 para 588 dias com variação de 33%, continuando os homens com maiores frequências em relação as mulheres. 

Tabela 4 Índice de permanência hospitalar por pneumonia, nas raças Parda e Branca. 

Fontes: Dados coletados via DATASUS, Tabela autoria própria (2024)

Segundo os dados apresentados na tabela 4, a raça/cor parda foi a que mais apresentou casos em relação à raça/cor branca que obteve uma prevalência menor. A raça/cor branca apresentou baixo índice, e com permanências apenas nos anos de 2017, 2018, 2020, 2022 e ausência nos anos de 2019 e 2021. Já a raça/cor parda apresentou alto índice de permanência, com aumento significativo de 2017 com 453 dias a 2020 com 1054, reduzindo em 2021 e elevando-se em 2022 em seu maior pico, com variação de 28%. 

4. Discussões

O século XX foi marcado pela transição demográfica que provocou várias mudanças internas no país, entre elas, o aumento da população idosa no Brasil, acarretando assim, em desafios de políticas públicas no contexto  da  assistência  à  saúde  de  qualidade (Ribeiro et al., 2023).

De acordo com Diniz et al., (2021), devido ao envelhecimento populacional, em 2019 houveram mais de 2 milhões de internação de idosos de 60 a 69 anos no Brasil. A hospitalização por maior permanência deste público vem se tornando uma das problemáticas que mais afetam o sistema de saúde brasileiro, ocorrendo assim um aumento nos custos e redução da qualidade da assistência prestada pelos profissionais.

A pneumonia trata-se de uma doença de caráter inflamatório e infeccioso das vias aéreas inferiores, sendo a terceira causa de morte em todo o mundo,  acomete em sua maioria idosos que estão mais imunodeprimidos. (Amaral et al., 2009). Analisa-se, que casos mais graves, caracterizados por uma bacteremia acentuada associada, têm uma propensão a períodos de internação prolongados. Destaca-se ainda que o tempo estendido de hospitalização é identificado como um fator crucial na transmissão de microrganismos super resistentes, o que pode resultar em uma recuperação mais demorada para o paciente e contribuem para um aumento na média de permanência, nos custos hospitalares e, sobretudo, na morbimortalidade. (Megiani et al., 2024) 

Os resultados deste estudo ampliam o conhecimento acerca do índice de permanência hospitalar por pneumonia entre a população idosa do sul do Tocantins, contribuindo para o planejamento de ações em saúde que visam melhorar os cuidados, agilizar tratamentos, prevenir hospitalizações, reduzir a quantidade de dias de internações e evitar a mortalidade prematura desta população. 

De acordo com a análise de dados, o índice de permanência hospitalar por pneumonia em idosos no hospital regional de Gurupi vem se apresentando de forma crescente, com elevados números nos anos de 2017 a 2020, reduzindo em 2021 e elevando-se novamente em 2022. Tais números em alta, podem ser decorrentes da falta de atenção pertinente e efetiva aos problemas de saúde e os obstáculos encontrados para o acesso destes serviços, baixo índice de notificações e mudanças no controle dos dados. Nos anos de 2020-2022, devido a covid-19, a população negligenciou idas a hospitais pelo alto risco de contaminação, nesses respectivos anos também ocorreram fatores que dificultavam o diagnóstico exato da pneumonia, fator este que pode ter contribuído para a baixa notificação em 2021. Silva (2020) aborda que durante o período pandêmico de 2020, aos grupos de risco acima de 65 anos foi recomendado um isolamento social, como método preventivo a exposição e contágio do vírus. Como em 2022, já havia vacinação, consequentemente ocorreu a diminuição dos casos de covid-19, com isso regularizando mais fielmente os resultados. 

Segundo Silveira et al (2013), os homens não possuem o hábito de cuidar da saúde, não procuram assistência nas unidades médicas, o que leva ao aumento de doenças que são diagnosticadas de forma tardia necessitando de tratamentos mais especializados e caros; diferente das mulheres que procuram ajuda cedo, e investem em prevenção e autocuidado.

Em relação ao índice por sexo, nas tabelas 2 e 3, é visto que houve um aumento significativo do índice do ano inicial do estudo de 2017 até o final 2022 para ambos sexos, podendo isto ser decorrente a queda da imunidade durante a pandemia ( 2020-2022), logo após a ressocialização dos idosos em sociedade ou até mesmo devido a mudanças climáticas. Tavares (2019), relata que o clima frio nos meses de inverno e as mudanças bruscas de temperatura levam os indivíduos mais longevos a buscarem atendimento hospitalar devido a infecções respiratórias, em média, sete vezes mais que o esperado.

Logo, quando se compara o sexo masculino e feminino na idade de 60 a 69 anos, observa-se um aumento nos casos do sexo masculino apresentado na tabela 2, onde apresentou um acréscimo de 516 dias a mais para o sexo masculino em relação ao feminino, essa diferença se deve ao fato dos homens cuidarem menos da sua saúde e estão mais expostos aos fatores de risco para a doença. Outros fatores que podem contribuir para essa disparidade são o consumo de álcool, as condições de trabalho e a maior procura das mulheres pelos serviços de saúde. 

Ao analisar as tabelas 2 e 3 em relação às idades de ambos os sexos, percebe-se que houve elevado índice de permanência em idosos com 70 a 79 anos quando comparados a média de idosos de 60 a 69 anos. Isso pode ser explicado devido a susceptibilidade do idoso às infecções respiratórias e suas complicações, pela diminuição progressiva das funções pulmonares no idoso, determinada pela perda da elasticidade pulmonar, da capacidade vital e do volume expiratório forçado, além da diminuição da função ciliar e reflexo de tosse, o que pode aumentar a incidência de internações com o aumento da idade.( Francisco et al., 2003). Um estudo prospectivo de corte em indivíduos com 65 anos ou mais, mostrou uma redução significativa do risco de hospitalização por pneumonia e da taxa global de pneumonia na população vacinada. (Reis, 2015). Sendo assim, a baixa adesão à vacinação por esta população pode ser uma das causas para o aumento do tempo de internação.

Costa et al (2022) afirma que se tratando de dados coletados a partir da variável cor/raça, fica evidente a subnotificação desta característica, pois a mesma não possui caráter obrigatório ao paciente, trazendo ao sistema uma fragilidade dos dados, em que pese ser obrigatoriedade do Estado promover meios para a declaração étnico racial. 

No Brasil, a raça/cor é um marcador de desigualdade social, sendo que os pardos e os pretos são os que apresentam os piores indicadores socioeconômicos e de saúde. Segundo os dados apresentados na tabela 4 a raça/cor parda foi a que mais apresentou casos, já a raça/cor branca teve uma prevalência menor. Há  evidências de um cenário mais favorável ao envelhecimento entre idosos de cor branca, bem como melhores condições de saúde e de uso e acesso a serviços de saúde em comparação com os de cor parda ou preta do mesmo segmento etário (Gomes et al., 2023). Esses dados refletem as disparidades sociais existentes entre os grupos raciais no país, que favorecem a transmissão e a manutenção de doenças entre os mais pobres e excluídos. Além disso, os pardos apresentaram maior chance de abandono do tratamento e menor proporção de cura da doença, o que pode contribuir para a persistência hospitalar e aumento dos casos. 

Vale ressaltar que as informações coletadas a partir do Sistema Único de Saúde, abrangem apenas as hospitalizações em serviços públicos de saúde, excluindo as internações em serviços privados. 

5. Considerações Finais

O estudo acima aborda que a pneumonia, infecção das vias aéreas inferiores, é uma das principais causas de hospitalização, acometendo principalmente a população idosa, sendo uma problemática que afeta o sistema de saúde brasileiro.

De acordo com as variáveis analisadas, verificou-se que o índice de permanência hospitalar nesta população apresentou-se de forma crescente, com elevados números durante os anos propostos. Abordou-se ainda, um aumento significativo para ambos os sexos comparando as tabelas 2 e 3, no entanto, os indivíduos do sexo masculino são os que permanecem hospitalizados por um maior período de tempo em relação as mulheres.  

Quando comparados as idades, percebeu-se um maior índice em idosos de 70 a 79 anos em relação aos de 60 a 69 anos, podendo ser motivados devido a susceptibilidade do idoso às infecções respiratórias e suas complicações, bem como maior morbimortalidade nesta faixa etária. Em se tratando das variáveis cor/raça, observou-se que a população parda foi a que mais prevaleceu em relação a branca, motivada pela não obrigatoriedade da declaração étnico-racial e das disparidades sociais existentes entre os grupos existentes. 

Conclui-se, que o estudo sobre o índice de permanência hospitalar por pneumonia em idosos, auxiliará no planejamento de ações em saúde pelo estado, em um melhor conhecimento e performance dos profissionais de saúde ao enfrentamento desta patologia, contribuindo para melhor cuidados e tratamento que visem reduzir a quantidade de dias de internações, bem como a prevenção de hospitalizações e redução da morbimortalidade destes indivíduos.

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      1Graduanda em Fisioterapia-  Universidade de Gurupi ( UnirG )
      2Graduanda em Fisioterapia- Universidade de Gurupi ( UnirG )
      3Graduanda de Fisioterapia- Universidade de Gurupi ( UnirG )
      4Graduanda de Fisioterapia- Universidade de Gurupi ( UnirG )
      5Graduando de Fisioterapia- Universidade de Gurupi ( UnirG )
      6Fisioterapeuta Mestre em biotecnologia
      7Especialista em fisioterapia intensiva adulta- ASSOBRAFIR 2015
      8Fisioterapeuta- Doutor em desenvolvimento regional – UFT
      9Fisioterapeuta Intensivista
      10Especialista em Fisioterapia Intensiva em UTI adulto