REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th102503040926
Adriana Monteiro da Silva
Carlos Alberto Martins Carvalho
Elaine Nogueira da Silva
Jaqueline Soares [1]
RESUMO
Este artigo faz um recorte nas dificuldades que podem afetar o desempenho dos estudantes na escola e foca em um problema específico: o TDAH. Que é uma questão que existe o comprometimento e a articulação de todos os envolvidos, a fim de ofertar um cuidado multidisciplinar adequado, por meio de abordagens individuais e coletivas. Este artigo também apresenta a utilização das tecnologias de informação e comunicação (TIC) como instrumentos que vão privilegiar as necessidades e o desenvolvimento da criatividade e autoconfiança de todos os estudantes. E trata também acerca da avaliação que deve ser contínua, sistêmica e inclusiva, formal e informalmente, de modo a alcançar a total dimensão da capacidade de participar e produzir de cada estudante, observando as peculiaridades individuais inerentes a cada ser aprendiz. Considerando a realidade do sistema educacional brasileiro, delimitamos como problema deste estudo a questão da deficiência na inclusão e sócio-interação de alunos. Portanto, esta pesquisa tem por objetivo apresentar alternativas de atividade e avaliação que contemple todos os alunos, inclusive aqueles que são acometidos por algum distúrbio neuropsicológico e cognitivo. Para implementar o presente trabalho, foram realizadas pesquisas bibliográficas em artigos científicos e revistas especializadas nas áreas de neurociência, psicopedagogia e educação.
PALAVRAS-CHAVE: Transtornos de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH); Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC); Atividades Inclusivas; Avaliação.
RESUMEN
Este artículo se centra en las dificultades que pueden afectar el rendimiento de los estudiantes en la escuela y se enfoca en un problema específico: el TDAH. Esta cuestión requiere el compromiso y la articulación de todos los involucrados para ofrecer una atención multidisciplinaria adecuada, mediante enfoques individuales y colectivos. Este artículo también presenta la utilización de las tecnologías de la información y la comunicación (TIC) como instrumentos que priorizan las necesidades y el desarrollo de la creatividad y la autoconfianza de todos los estudiantes. Además, aborda la evaluación que debe ser continua, sistemática e inclusiva, tanto formal como informalmente, para alcanzar la dimensión total de la capacidad de participar y producir de cada estudiante, observando las peculiaridades individuales inherentes a cada ser aprendiz. Considerando la realidad del sistema educativo brasileño, delimitamos como problema de este estudio la cuestión de la deficiencia en la inclusión y la interacción social de los alumnos. Por lo tanto, esta investigación tiene como objetivo presentar alternativas de actividad y evaluación que contemplen a todos los alumnos, incluyendo aquellos que son afectados por algún trastorno neuropsicológico y cognitivo. Para implementar este trabajo, se realizaron investigaciones bibliográficas en artículos científicos y revistas especializadas en las áreas de neurociencia, psicopedagogía y educación.
PALABRAS CLAVE: Trastornos de Déficit de Atención e Hiperactividad (TDAH); Tecnologías de la Información y la Comunicación (TIC); Actividades Inclusivas; Evaluación.
ABSTRACT
This article focuses on the difficulties that can affect students’ performance in school, specifically addressing Attention Deficit Hyperactivity Disorder (ADHD). This issue requires commitment and articulation among all stakeholders to provide multidisciplinary care through individual and collective approaches. This article also presents the use of Information and Communication Technologies (ICT) as tools to prioritize students’ needs and develop creativity and self-confidence. Additionally, it addresses the importance of continuous, systemic, and inclusive assessment, both formally and informally, to reach the full dimension of each student’s capacity to participate and produce, considering individual peculiarities. Given the Brazilian educational system’s reality, this study identifies the problem of deficiency in inclusion and socio-interaction among students. Therefore, this research aims to present alternative activities and assessments that cater to all students, including those affected by neuropsychological and cognitive disorders. To implement this study, bibliographic research was conducted using scientific articles and specialized journals in neuroscience, psychopedagogy, and education.
KEYWORDS: Attention Deficit Hyperactivity Disorder (ADHD); Information and Communication Technologies (ICT); Inclusive Activities; Assessment.
INTRODUÇÃO
Um dos propósitos da existência humana é atravessar sua trajetória vivenciando cada etapa e se desenvolvendo ao longo do tempo e do espaço percorrido do início ao fim. O que se espera para um desenvolvimento adequado do ser humano é que ele tenha as condições mínimas imprescindíveis para atender suas necessidades básicas, tanto cognitivas e emocionais, quanto psicológicas e fisiológicas, principalmente durante sua infância, visto que será fator determinante para estabelecer o ritmo e a qualidade de seu desenvolvimento nas fases posteriores de sua existência.
Pensando em estudantes com necessidades educacionais específicas, é inevitável lembrar de diversas teorias relacionadas à aprendizagem, à neurociência e à psicopedagogia, em face de suas contribuições na prática pedagógica. De forma a explicitar que a missão do educador comprometido, com a inclusão e a diversidade, deveria passar por entender que aquele que aprende é um ser biologicamente funcional com infinitas possibilidades de aprendizagem, mesmo encontrando certas limitações, de tal forma a compreender o aprendiz em toda sua plenitude. Aprender é essencial para todo ser humano se desenvolver e encontrar seu propósito de vida, sua felicidade. Aprendizado se refere a uma mudança no comportamento que resulta da aquisição de conhecimento acerca do mundo, e a memória é o processo pelo qual esse conhecimento é codificado, armazenado e posteriormente evocado (Kandel, 2014).
Uma vez que o educador comprometido é elemento fundamental para identificar a necessidade de suporte a questões de ensino e aprendizagem escolar e para buscar parceria estratégica que agregue valor que promova a restauração ou desenvolvimento de habilidades cognitivas do aprendiz. E lidar com um aprendiz portador de necessidades educacionais específicas requer um mínimo conhecimento da importância da neurociência em meio à educação, bem como de sua contribuição para o sistema de ensino convencional. Sabendo que este sistema de educação tradicional, por vezes, demonstra certa fragilidade para ensinar aos alunos que apresentam alguma dificuldade ou transtornos de aprendizagem.
Por isso, é de extrema importância abrir espaço para que o profissional que atua na educação busque ferramentas e recursos alternativos para reformular sua prática pedagógica. Proporcionando, desta forma, novas oportunidades ao aluno de aprender, e criando estratégias que favoreçam os processos de ensino e aprendizagem. Não obstante, o educador comprometido deve ajustar seu modo de ensinar de acordo com o educando, pensando nesse indivíduo de maneira particular. A área que traz o conhecimento necessário para identificar as melhores práticas é a neurociência, que todo educador comprometido deveria ter domínio e especialização.
Para efeitos didáticos, o desenvolvimento humano pode ser estudado de forma subdividida em questões básicas essenciais que melhor estabelecem relação com o entendimento do todo, questões envolvendo a estrutura emocional e sentimentos cotidianos; a capacidade intelectual e cognitiva; o crescimento físico e a maturidade neurofisiológica; o relacionamento interpessoal na convivência social. A aprendizagem é um processo contínuo que vai desde o nascer até o fim da vida do ser humano. Sempre haverá algo a ensinar e a aprender, há um contínuo desenvolvimento equacionado em todas as fases da vida. Desde os estímulos adequados a necessidades da primeira infância do ponto de vista sensorial, cognitivo e afetivos, até as questões de atividades intelectuais e socioemocionais na adolescência e a manutenção das funções executivas na fase adulta.
Porquanto, não vai muito longe o tempo em que o sistema educacional brasileiro tradicional era pautado por práticas pedagógicas que privilegiavam o conteudismo em prejuízo da reflexão; a memorização em detrimento da compreensão, o que não trazia uma consciência de construção sólida do todo, visto que o conhecimento era fragmentado. O estudante estava ali despersonalizado, apenas como um receptáculo das benditas informações daquele que dominava a cátedra, o “todo conhecedor” professor. Hoje, com o advento de novas tecnologias e novos paradigmas educacionais, o foco ganha nova direção, e a reflexão acerca da formação do aluno está intrinsicamente ligada à dinâmica de como se dá tal formação.
Dessa forma, foi preciso encontrar uma alternativa que pudesse trazer inovação necessária para acompanhar a evolução onde a web dita regras, hábitos e costumes à sociedade globalizada que, invariavelmente, se vê refém da tecnologia que se alastra por todos os sistemas que envolvem a rotina das pessoas. Desde interações sociais à comunicação de massa; de networks a grandes negociações corporativas; de movimentações financeiras mais populares a dispendiosas transações bancárias internacionais; de organização política às pesquisas acadêmicas e científicas; de procedimentos segurança a embates judiciais; de planos de saúde à previdência social ou privada; tudo está concatenado e subjugado ao mega sistema de rede de internet. Então fica evidente que é impossível conduzir o processo de ensino aprendizagem sem que a educação esteja interconectada com a tecnologia de informação e comunicação. Conforme afirma Barreto, (2001, p. 274):
No presente momento, é possível afirmar que, nos mais diferentes espaços, os mais diversos textos sobre educação têm, em comum, algum tipo de referência à utilização das TIC nas situações de ensino. Das salas de aula tradicionais aos mais sofisticados ambientes de aprendizagem, as tecnologias estão postas como presença obrigatória.
Não obstante, as tecnologias de informação e comunicação (TIC) se popularizaram de tal modo que se viu neste fenômeno a oportunidade de trabalhar com estas ferramentas, também, no âmbito educacional. Surgem, então, as tecnologias de aprendizagem e do conhecimento (TAC) com as quais professores e alunos podem se utilizar de hardwares e softwares para fins pedagógicos. E como a educação e as ferramentas de aprendizagem também são influenciadas pelas transformações sociais e pelos avanços tecnológicos, é notório que os estudantes de hoje são adeptos do mundo digital e usuários assíduos de diversos dispositivos móveis. Neste contexto há uma tecnologia emergente, com potencial para transformar a educação, é a aprendizagem baseada em jogos, conhecida como ‘gamificação’. Para Orlandi et al. (2018, p.18), este recurso surge como uma possibilidade de “agregar diversos modos para a captação de interesse dos alunos, de modo a despertar a curiosidade, levando a elementos que conduzem à participação e ao engajamento, resultando na reinvenção do aprendizado”.
Diante do exposto, e levando em conta a realidade do sistema educacional brasileiro, delimitamos como problema deste estudo a questão da deficiência na inclusão e sócio-interação de alunos. Então, o objetivo primeiro deste trabalho é trazer alternativa de atividade e avaliação que contemple todos os alunos, inclusive aqueles que são acometidos por algum distúrbio neuropsicológico e cognitivo. E para executar o presente trabalho, foram realizadas pesquisas bibliográficas em artigos científicos e revistas especializadas nas áreas de neurociência, psicopedagogia e educação.
- A INCLUSÃO E O TRANSTORNO NEUROLÓGICO
Quando se fala em aprendizagem não há como dissociá-la do ambiente escolar. O professor é o primeiro a detectar questões relacionadas a dificuldades de aprendizagem e de socialização entre os discentes. Além do docente, todos os envolvidos, direta ou indiretamente, nos processos de ensinar e aprender podem e devem se atentar aos sinais de problemas relacionados à aprendizagem. A partir disso, se posicionar e tomar as providências cabíveis para amenizar ou buscar uma solução. Considerando o tipo de dificuldade, a intensidade e a constância, existem determinados encaminhamentos, entre eles o auxílio da neurociência.
Uma vez que, em qualquer fase da vida, o desenvolvimento cognitivo visa aprimorar as habilidades de funções cognitivas e estimular as capacidades individuais para que cada indivíduo consiga superar dificuldades futuras e realizar sua trajetória com sucesso. Os estímulos das funções de habilidades cognitivas requerem persistência e continuidade, visto que não é possível perceber resultados significativos a curto prazo.
Então, é importante que os protagonistas do processo avaliativo estejam conscientes de que os estímulos de habilidades cognitivas, embora sejam importantíssimos, não apresentarão resultados imediatos na aprendizagem escolar, no domínio da linguagem e nem no controle do comportamento. Aí está posta a necessidade de reabilitação, que é restaurar as funções e habilidades cognitivas; é estimular a pessoa a resgatar a autoestima e a autoconfiança em si mesma. É dar as condições necessárias para que aquele ser humano acredite que tem potencial para alcançar sua autonomia e ser capaz de se desenvolver. Assim afirma Ardila:
Caso o paciente não consiga seguir os passos exigidos para sua solução, será necessário abordar questões específicas para chegar a uma solução bem-sucedida. Pacientes com lesões pré-frontais podem se beneficiar verbalizando o problema. Antes de resolvê-lo, devem repetir o problema, indicando quais são suas condições e quais procedimentos são viáveis. Esses pacientes costumam apresentar respostas impulsivas, o que os impede de analisar corretamente as condições e chegar a uma solução adequada. (Ardila, 2007, p.293).
Haja vista que o caminho de todo o processo de aprendizagem passa, necessariamente, pelo cérebro, daí a importância da conexão entre neurociência e a educação para promover o sucesso escolar. Então, para compreender o processo da aprendizagem é fundamental conhecer o funcionamento do órgão onde tudo acontece, o cérebro.
Quando se verifica determinada dificuldade ou limitação da disposição mental para assimilar informações, acontece o que pode se chamar de déficit cognitivo. Este déficit evidencia embaraços diversificados que interferem na capacidade concentração, de comunicação, de raciocínio lógico e de aprendizagem.
Todavia, o transtorno neurológico é uma anormalidade cerebral que impacta na forma como o indivíduo pensa, sente e age. As doenças neurológicas em crianças abrangem uma ampla gama de condições que podem afetar o sistema nervoso central e periférico. Essas doenças podem ter implicações significativas no desenvolvimento, na qualidade de vida e na capacidade da criança de realizar atividades diárias. Dentre esses transtornos, vale ressaltar o TEA (Transtorno do Espectro Autista) e TDAH (Transtornos de Déficit de Atenção e Hiperatividade), que estão deveras associados ao comprometimento da aprendizagem e bem difundidos no ambiente escolar atualmente.
Do ponto de vista neurológico, o TDAH é uma condição neuropsiquiátrica complexa que afeta significativamente a vida de indivíduos em diferentes faixas etárias. Esse transtorno é caracterizado por alterações na estrutura e na função cerebral, na maturação do córtex, mudanças na matéria branca e cinzenta do cérebro e disfunções nos circuitos neurotransmissores. Tais mudanças estão ligadas aos sintomas cognitivos e comportamentais. O transtorno se manifesta de maneiras diferentes entre uma pessoa e outra. Os sintomas que definem o TDAH dividem-se em dois grupos principais: desatenção e hiperatividade-impulsividade.
Então, para facilitar o entendimento e trazer um diagnóstico preciso, a escola precisa contar com o apoio da equipe multidisciplinar que trabalha em estreita colaboração com os educadores para adaptar o ambiente de aprendizado, desenvolver planos de suporte comportamental e promover uma abordagem inclusiva e acolhedora. Essa parceria permite que os profissionais atuem de forma complementar, levando em consideração as diferentes necessidades do aluno, resultando em um suporte personalizado e abrangente que promove o desenvolvimento global e inclusivo dos alunos com transtornos. Cada profissional que compõe a equipe traz consigo conhecimentos e habilidades específicas que contribuem para a criação de um ambiente inclusivo.
A princípio é realizada uma avaliação diagnóstica, em seguida o desenvolvimento de planos individualizados, após isso, a equipe dá suporte, faz intervenção direta, monitorando e fazendo ajustes contínuos em colaboração com a equipe escolar e finaliza com a elaboração do relatório descritivo sobre a criança em acompanhamento. Essa abordagem integrada garante que todas as necessidades dos alunos com TDAH sejam consideradas e atendidas de maneira adequada, promovendo uma experiência educacional inclusiva e de qualidade.
Na medida em que a dificuldade na comunicação, para entender e se fazer entender, e/ou distúrbio na interação, são consequências de diversos fatores, entre eles há as deficiências neurológicas que comprometem o desempenho cognitivo do aluno. No ambiente escolar os desafios são ainda mais complexos, visto que em uma sala de aula há ampla diversidade de pessoas, cada um com suas características individuais que requer a atenção especializada e adequada.
Assim, em face da complexidade que circunda a problemática de saúde do TDAH, são necessários o comprometimento a articulação de todos os educadores envolvidos, a fim de ofertar um cuidado multidisciplinar adequado, por meio de abordagens individuais e coletivas. Essas abordagens devem envolver ações direcionadas tanto para o aluno, quanto para a família, não só na escola, mas também nas instituições participantes da rede de apoio.
Portanto, o TDAH requer, da escola, uma abordagem multidisciplinar e personalizada, que leve em consideração as necessidades individuais de cada um. A continuidade da pesquisa e o avanço nas técnicas de diagnóstico e tratamento são essenciais para melhorar os resultados daqueles que convivem com esse transtorno, promovendo uma vida mais equilibrada e produtiva. Daí a importância de atividades instrutivas e avaliativas apresentarem um padrão sistêmico e inclusivo, para que o processo ensino-aprendizagem seja, de fato, produtivo e eficaz.
2. ANÁLISE MULTIDISCIPLINAR PARA O DIAGNÓSTIDO DE TDAH
2.1 Contextualização
A escola Franciscana Alves[2], não possui criança com deficiência física aparente, mas a coordenadora pedagógica observou que alguns professores relatavam situações bem específicas sobre seus alunos e que careciam de observação assistencial. Sem demora, ela realizou um levantamento pormenorizado e pediu para que os educadores respondessem ao questionário que obtinha perguntas focadas na detecção do nível comportamental e outras particularidades dessas crianças no ambiente escolar. Ao todo, foram preenchidos 12 formulários, os quais foram primordiais para acionar a visita da Equipe Multiprofissional disponibilizada pela Secretaria de Educação do município.
A partir daí, iniciou-se um acompanhamento das crianças, juntamente à família e ao professor responsável. As doze crianças, durante um dia inteiro, receberam atendimento de psicopedagoga, fonoaudióloga, psicóloga e psiquiatra que fizeram seus apontamentos e encaminhamentos às devidas especificidades profissionais.
Então, as informações coletadas previamente serviram de embasamento para que os profissionais associassem ao momento presencial do atendimento. As suspeitas de alguns professores estavam acerca da presença do TEA – Transtorno do Espectro Autista, discalculia, dislexia e TDAH – Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade. A Lei Federal 12.764/12 (BRASIL, 2012) determinou que a pessoa com transtorno do espectro autista é considerada pessoa com deficiência para todos os efeitos legais. Nas informações pertinentes ao formulário de atendimento há indicativos do desenvolvimento da criança. Uma parte deste documento foi preenchida pelo docente e parte pelo profissional da equipe multidisciplinar junto à família.
Contudo, a finalidade desta ação consiste em difundir o entendimento sobre as deficiências não físicas existentes no meio educacional e que podem gerar intercorrências na qualidade de ensino. Portanto, as diligências para uma criança que se enquadra nessa situação devem ser específicas para atender suas necessidades. Diante disto, busca-se a implementação de meios pedagógicos e estratégicos que facilitem o processo para o desenvolvimento integral dessas crianças.
2.2 Metodologia Aplicada
Para a coleta das informações necessárias para a realização de análise, diagnóstico e propostas de intervenção, foi disponibilizada uma ficha diagnóstica à professora que a preencheu com os dados que sabia sobre a criança. Posteriormente, a psicóloga da escola realizou uma entrevista com os responsáveis pela discente. Os elementos coletados no formulário visam reunir dados informativos sobre a rotina da criança e relacionar seu desenvolvimento à suas condições familiares, bem como compreender quais particularidades poderiam estar associadas ao seu desenvolvimento psicológico (anexo 1).
2.3 O diagnóstico
Dentre os diversos diagnósticos, estará em destaque nesta pesquisa o caso da aluna Belinha[3], que está cursando o 1º período da Educação Infantil. Algumas informações contidas em sua ficha de acompanhamento serão utilizadas para entendimento do caso. Segundo informações precedentes da professora, Belinha é uma criança assídua na escola, comunicativa e que possui fases comportamentais intercorrentes em sala de aula. Ora está abraçando seus colegas, ora está empurrando ou machucando-os. A criança possui dificuldade em manter uma interação saudável, em atender aos comandos da professora e na realização de algumas atividades propostas pela docente.
Inicialmente, a professora acreditava que o comportamento da criança estava associado ao período de adaptação na escola, pois é seu primeiro ano letivo. Com o passar dos meses, as demais crianças da turma conseguiram consolidar sua adaptação, obedecendo às regras, socializando, descobrindo valores e sentimentos, sabendo respeitar a hora de cada ação. Porém, Belinha esteve privada desses atributos. A maneira que ela se comportava na sala de aula comprometia a aquisição de saberes dos demais à medida em que ela persuadia os colegas a gritar, pular e correr em momentos inoportunos. A professora achou necessária a presença de um profissional que pudesse acompanhá-la exclusivamente na empreitada escolar, visto que não conseguiu conciliar seu fazer pedagógico à rotina desregulada da criança.
Ressalta-se que, Belinha apresenta momentos de quietude e proveitosa participação em atividades de trabalho com as cores, pinturas, recortes e desenhos educativos. Logo, isso deve ser considerado para o desenvolvimento de recursos pedagógicos que chamem sua atenção e a façam ter foco nas atividades.
De acordo com as informações fornecidas por todos os profissionais, esta aluna apresenta fortes indícios de hiperatividade. Precisamente, seu diagnóstico acusou que se trata de uma criança com TDAH. Para seu diagnóstico foi necessário o acompanhamento da equipe multiprofissional, associado a relatos da família e da professora, que puderam contribuir e registrar seus apontamentos no formulário de atendimento.
2.4 A intervenção
Embora os professores sejam os que mais interagem com a aluna, todos os demais agentes escolares fazem parte de seu dia a dia, portanto, também têm responsabilidade em seu desenvolvimento pedagógico e devem atentar-se às intervenções e adaptações necessárias e que venham a corroborar com seu processo cognitivo. No caso de Belinha2 é importante estabelecer as regras de convívio de forma clara, pois desta forma, ela compreenderá a importância de segui-las e, consequentemente, melhorará suas relações interpessoais. Realizar atividades e brincadeiras com ‘combinados’ podem proporcionar à aluna um senso de organização por meio do estabelecimento de regras e limites.
Inclusive seu sexo deve ser considerado ao se pensar nas futuras interações com a discente, pois, segundo Oliveira e Rodrigues, (2021, p.912):
As meninas apresentam sintomas de Hiperatividade e Impulsividade mais marcantes, expressa de forma diferente da dos meninos. São menos rebeldes, menos opositivas, e a Hiperatividade se expressa através da fala e da ação. Como a comorbidade com os Transtornos de Ansiedade e Depressão são os mais presentes, costumam ter uma instabilidade emocional importante, com constantes mudanças de humor.
Tendo em vista estas características, é fundamental que a equipe multidisciplinar conheça a criança, estabeleça com ela diálogos produtivos nos quais se descubram seus interesses a fim de introduzi-los em sua rotina de forma que ela tenha experiências positivas e prazerosas não só na sala de aula, mas em todo ambiente escolar.
Já em sala de aula, como se trata de uma criança não-alfabetizada, é possível adaptar os materiais didáticos focando na utilização de recursos visuais. Um material com bastante imagens e desenhos – sobretudo os coloridos que chamam a atenção da aluna – podem facilitar sua aprendizagem, bem como o uso de objetos ao se trabalhar com temas mais abstratos, nestes momentos, a cinestesia pode facilitar sua compreensão de mundo e ainda proporcionar momentos nos quais ela se movimente e sinta que participa do processo.
Portanto, adotar metodologias ativas nas quais a aluna interaja de forma participativa e colaborativa como, por exemplo, por meio de jogos, também é uma excelente estratégia. Para Santiago (2021), as metodologias ativas são vantajosas no processo de ensino-aprendizagem para crianças com TDAH uma vez que melhoram a comunicação e a qualidade de ensino, permitem o desenvolvimento de trabalhos em equipe, e trabalham com as noções de responsabilidade e autonomia, além de desenvolver a criatividade, a criticidade e a busca pela resolução de problemas.
Como é comum que pessoas com TDAH tenham dificuldade em finalizar tarefas, pois perdem o foco com facilidade, outra estratégia interessante para intervir é fragmentar as atividades ou comandos à aluna em partes menores, deste modo, é possível diminuir comportamentos de oposição já que orientações complexas ou excesso de demandas podem desmotivá-la. A cada orientação, também se faz necessário ressaltar a ela a importância de finalizar tais tarefas, bem como, estabelecer prazos de conclusão e sempre elogiá-la quando alcançar estes objetivos.
Além da clareza no diálogo que ajuda na diminuição dos ruídos de comunicação, os fatores externos também devem ser considerados. Uma vez que a aluna se distrai com facilidade e, por consequência, prejudica os demais colegas com suas intervenções impertinentes, é ponto de atenção, inclusive, o local que a aluna ocupa. Este não deve estar próximo a janelas ou portas a fim de evitar devaneios, além disto, motivá-la a pedir ajuda e também a auxiliar os colegas pode proporcionar a ela um sentimento de pertença ao grupo de modo que, cada vez mais, busque respeitar o desenvolvimento do grupo e os turnos de fala.
É essencial a realizar feedbacks não só a aluna – para que receba, frente às suas atitudes, reforços diante dos comportamentos positivos, como também a todos os profissionais que participam de seu processo de desenvolvimento pedagógico a fim de dar e receber orientação e auxílio quando necessários. Por fim, é importante destacar que tais intervenções não devem ser padronizadas a outros alunos, ainda que diagnosticados com o mesmo transtorno que Belinha2, pois cada aluno possui uma necessidade específica. Assim como não é suficiente padronizar as adaptações realizadas com a aluna aplicando-as aos próximos anos letivos, pelo contrário. É necessário um trabalho de observação diária das dificuldades e da evolução da aluna e, a partir destas percepções, traçar as próximas ações.
3. A GAMIFICAÇÃO COMO ATIVIDADE DIDÁTICA INCLUSIVA
Considerando todas as reflexões desenvolvidas até então, entendemos que só vale a pena construir conhecimentos se for aderido em um espaço que privilegie a necessidade de autonomia, criatividade e autoconfiança dos educandos. Apresentaremos a seguir, um exemplar de atividade que está configurada para atender estas necessidades que são imperativas nas novas demandas que se apresentam na educação contemporânea.
Trata-se de um plano de aula que enfatiza a gamificação, a qual é uma metodologia ativa que ajuda a aumentar a motivação, tornar a aprendizagem mais divertida e vivenciar novas experiências de aprendizagem.
No entanto, algumas recomendações precisam ser abordadas para que a execução do jogo seja realizada com sucesso. Ter o objetivo, uma narrativa, uma dinâmica clara e saber como queremos que os alunos aprendam junto à exploração da participação dos estudantes implicará em uma experiência positiva com a gamificação.
3.1 PLANO DE AULA
TEMA: Figuras de Linguagem.
DISCIPLINA: Língua Portuguesa
PÚBLICO-ALVO: Ensino Médio
EMENTA: Aprimoramento do estudo das estruturas linguísticas por meio das habilidades léxicas e sintáticas. Abordagem de recursos linguístico-comunicativos e gamificação.
DURAÇÃO: 6 aulas de 50 minutos
OBJETIVO GERAL
Analisar efeitos de sentido decorrentes de usos expressivos da linguagem, da escolha de determinadas palavras ou expressões e da ordenação, combinação e contraposição de palavras, dentre outros, para ampliar as possibilidades de construção de sentidos e de uso crítico da língua. (BNCC EM13LP06)
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
CONCEITUAIS
O aluno deverá ser capaz de reconhecer figuras de linguagem baseadas nas ideias de: semelhança (metáfora, comparação, catacrese, sinestesia e prosopopeia), contiguidade (metonímia e sinédoque), repetição (polissíndeto, anáfora, pleonasmo e quiasmo), oposição (antítese, paradoxo, oximoro, ironia e preterição), descontinuidade (hipérbato e anacoluto), apagamentos (elipse, zeugma e assíndeto), tensividade (eufemismo, hipérbole, gradação e apóstrofe) e recursos sonoros (aliteração, assonância, onomatopeia e paronomásia).
PROCEDIMENTAIS: O aluno deverá ser capaz de analisar como foram construídos os efeitos das figuras de linguagem e analisar o(s) termo(s) que foram substituídos pelas figuras e quais são os seus efeitos.
ATITUDINAIS: O aluno deverá entrar em contato com as figuras de linguagem por meio de recortes de textos midiáticos e, a partir destes materiais que circundam o dia a dia do estudante, explicitar seus procedimentos de elaboração e efeitos de sentido a fim de solucionar questionários simulacros de processos seletivos e produzir gêneros textuais utilizando-se de tais figuras como, geralmente, ocorre nos textos conativos.
CONTEÚDOS
- Metáfora, comparação, catacrese, sinestesia e prosopopeia;
- Metonímia e sinédoque;
- Polissíndeto, anáfora, pleonasmo e quiasmo;
- Antítese, paradoxo, oximoro, ironia e preterição;
- Elipse, zeugma e assíndeto;
- Eufemismo, hipérbole, gradação e apóstrofe;
- Aliteração, assonância, onomatopeia e paronomásia.
ESTRATÉGIAS
- Promover a prática de Metodologia Ativa por meio da sala de aula invertida: cada aluno explicará aos colegas a definição de uma figura de linguagem e apresentará um exemplo de tal figura (por meio de aplicação em frases ou cartazes de campanhas publicitárias);
- Estimular a busca pelo conhecimento e solicitar o registro da própria apresentação e das apresentações dos colegas para que o discente estude e possua um material de apoio para as futuras atividades avaliativas.
- Promover a prática de Metodologia Ativa por meio da gamificação: mediar a participação dos grupos em um jogo no qual as equipes deverão analisar e categorizar as figuras de linguagem (anexos);
- Promover, a partir do uso das figuras de linguagem, a elaboração de cartazes (com campanhas publicitárias ou de conscientização) a fim de que o aluno desenvolva sua criatividade e produza textos autênticos.
ETAPAS DE APLICAÇÃO DA PROPOSTA (ATIVIDADES)
- PRÉ-AULA: Na semana anterior, o(a) docente mediará o sorteio dos alunos e suas respectivas figuras de linguagem, bem como a sequência das apresentações, tempo estipulado e rubrica dos itens obrigatórios.
- AULA 1 A 3: Conforme organização realizada na semana anterior. Cada aluno apresentará uma figura de linguagem (utilizando-se dos recursos que preferir: retroprojetor/Datashow, quadro branco, fotocópias, cartaz etc.) descrevendo seu conceito e realizando a aplicação em textos.
- AULA 4: Os alunos serão divididos em grupos de estudos e os primeiros 15 minutos de aula serão destinados a uma rápida revisão sobre as figuras de linguagem consultando e compartilhando com seus pares os registros realizados nos cadernos; No segundo momento da aula, a turma será dividida em duas equipes e estas deverão responder a questões e reconhecer as definições ou exemplificações de cada figura de linguagem. Ganhará a equipe que obtiver mais pontos ao final da rodada.
- AULA 5: Nesta aula, serão necessários recursos como internet e computador ou celulares, pois os alunos jogarão de forma individual ou em pares por meio de eletrônicos e responderão a um Quiz no qual devem avaliar e classificar qual é a figura de linguagem presente na letra de canções nacionais.
- AULA 6: Os alunos produzirão cartazes de campanhas publicitárias ou de conscientização social (sobre assuntos da preferência dos discentes) utilizando-se de editores ou programas disponíveis na sala de informática como Word, PowerPoint, Canva, entre outros. Nestes textos, a função apelativa deve ser explorada junto ao uso das figuras de linguagem. Ao completar as confecções dos cartazes, cada grupo deve fixar sua produção no espaço escolar estratégico para alcançar seu público-alvo.
MEIOS PARA AVALIAÇÃO
- Apresentação individual (onde deverão seguir algumas rubricas como: tempo mínimo e máximo de apresentação; comunicação assertiva; exemplificação e aplicação de uma questão-teste aos colegas); Participação adequada nas atividades gamificadas nas quais serão observados o desempenho de cada estudante e suas atitudes como: segmento das regras pré-estabelecidas, demonstração de respeito e teor desportivo;
- Produção de cartaz conforme rubricas apresentadas: layout característico do gênero cartaz; uso de textos verbais e não-verbais, uso de figura de linguagem e criatividade;
- Realização de autoavaliação sobre a participação e o desempenho de cada participante nas atividades grupais e individuais.
RECURSOS UTILIZADOS: Sala de aula, laboratório de informática, quadro branco; Datashow; celular ou computador; Internet, cartazes, papel A3, entre outros.
A utilização de recursos que beneficiam a aprendizagem e trazem incentivos aos estudantes para haver conexão a novos conhecimentos é o fator primordial que torna o educador um profissional de caráter inovador. Sabe-se que a função docente é especuladora e desafiadora, portanto, a execução de atividades que envolvam a gamificação, apesar de exigirem uma boa e prévia estruturação, traz à tona a realidade da maioria dos alunos, que possuem cada vez mais o acesso a jogos eletrônicos. Afinal, esses games, também podem e devem ser utilizados a favor da educação.
Por conseguinte, na aprendizagem, a gamificação vem sendo conquistada no contexto educacional como uma maneira de aprimorar o engajamento discente, equitativamente, fazer manifestar a motivação de alunos de um jeito diferente, ocasionada pelos desafios propostos, missões a cumprir, disputa entre equipes, premiações e pontuações, configurando-se, assim, em uma estratégia pedagógica que possui uma série de fatores determinantes ao sucesso da atividade.
4. AVALIAÇÃO SISTÊMICA, INTEGRATIVA E ACOLHEDORA
As sociedades humanas estão sempre em evolução em todos os segmentos, por exemplo, na política, na economia, na ciência e na tecnologia. E essa evolução está intrinsecamente relacionada à produção, aquisição e transmissão de conhecimento. De forma que a educação também tem papel imprescindível no desenvolvimento humano. Assim, a educação desempenha o nobre papel, não só de construir e disseminar conhecimento científico, mas de formar cidadãos integralmente, com habilidades socioemocionais que lhes permitam desenvolver a capacidade crítica e de discernimento, senso de responsabilidade e colaboração e a prática da empatia e da tolerância.
Eis que hoje, em meio ao Século XXI, considerando o desenvolvimento científico, tecnológico e cultural, a educação está inserida nesse novo paradigma que requer um comprometimento mais apurado quanto ao desenvolvimento integral dos educandos, daí a importância da Avaliação de Aprendizagem.
Entretanto, a Avaliação da Aprendizagem demanda certa qualificação técnica dos educadores e que esses devem dispor de refinado senso de observação, visto que o ato de ensinar e aprender, em algum momento, não poderá prescindir da avaliação. Até porque, as formas de ensinar e aprender não são estatísticas, elas também evoluem conforme as expectativas e demandas da sociedade.
É preciso avaliar e levar em conta as mais diversas fontes, que apontem as competências e as habilidades e que, na maior parte, estão ausentes dos processos de aprendizagem atuais. (Funiber, 2020, p.12)
Portanto, através da observação, em meio à interação suscitada no processo pedagógico cotidiano, o professor apreende a expertise para avaliar, não só formal quanto informalmente, de forma contínua, o desempenho participativo e produtivo de cada aluno. E para orientar os educadores acerca do desenvolvimento cognitivo dos educandos, existem diversas opções de avaliação da aprendizagem, com características próprias, para atender aos mais variados objetivos pedagógicos.
Daí a importância de o docente conhecer e dominar o emprego de cada uma delas para decidir qual a opção mais adequada a ser aplicada em cada fase do processo de ensino-aprendizagem.
Um educador pode realizar a avaliação para analisar os conhecimentos anteriores trazidos por seu novo grupo de alunos; o professor avalia o progresso nas aulas de uma determinada série, a fim de determinar o que resta para alcançar os objetivos do conteúdo do ano letivo; avalia após a conclusão de um projeto, o professor desenvolve técnicas de avaliação para as crianças da educação Infantil, etc., a fim de obter dados sobre os objetivos propostos. (Funiber, 2020, p. 14)
4.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DE AVALIAÇÃO (Se fizer parte do item 4, colocar 4.1, caso contrário inserir número 5 – verificar Norma Técnica)
Para relacionar alguns dos principais tipos de avaliação da aprendizagem, evidencia-se a Avaliação Formativa que se dá durante o processo de ensino-aprendizagem, com o intuito de delimitar os obstáculos e progressos experimentados pelos educandos, e também, averiguar quais os reparos se fazem necessários nos procedimentos didáticos e metodológicos e até mesmo no conteúdo curricular ministrado. Uma ferramenta imprescindível, que auxilia o professor a monitorar e orientar o aluno de forma personalizada. Embora não considere as diferenças individuais dos educandos, a Avaliação Somativa pressupõe averiguar o quanto os alunos estão dominando os conteúdos ministrados, ao término de determinado período de ensino. Essa pode ser realizada com trabalhos e/ou provas, que vão se somando as notas para alcançar a média final mínima preestabelecida pela instituição educacional. Ou seja, é uma forma objetiva e quantitativa que visa mensurar a evolução acadêmica dos alunos. Já, para averiguar o desempenho dos estudantes durante todo o processo educativo, tem-se a Avaliação Diagnóstica. Ela é aplicada no princípio do processo ensino-aprendizagem para diagnosticar os conhecimentos prévios, as necessidades e as dificuldades que cada educando traz consigo. Aqui o mais importante não é o instrumento utilizado para a avaliação, mas sim oportunizar aos alunos a liberdade irrestrita para demonstrar o que tem em mente e expressar sua capacidade de compreende o assunto que é objeto da avaliação. O foco deste tipo de avaliação não é pontuar ou classificar o aluno, mas formar e orientar, o que permite identificar o perfil de cada aluno e canalizar as atividades didáticas segundo as necessidades deles, por exemplo,
No Brasil, estão sendo realizadas atividades de avaliação que não têm o objetivo de punir ou recompensar grandes pontuações, mas levam em consideração os diferentes ritmos e processos de aprendizagem dos alunos. O professor diversifica a maneira de avaliar de forma a contemplar toda essa variação encontrada na sala de aula. (Funiber, 2020, p. 104).
A realização de atividades que propiciem a aquisição de conhecimento através de ações inovadoras é uma estratégia fundamentada, eficiente e que visa fugir do modo convencional de avaliar aos discentes. Como exemplo tem-se: a roda de leitura dinamizada e lúdica, sequência didática de livros infantis que incentivam a leitura e encenação, apresentações que evidenciem o talento/ a aptidão de alunos, a utilização de tecnologias digitais como ferramentas avaliativas e a Pedagogia de Projetos, que, para Santos e Leal (2018) é uma metodologia que pode inovar a práxis pedagógica e como instrumento de avaliação da aprendizagem pode promover o conhecimento.
De modo que, no decorrer de um curso, nos processos avaliativos, se o professor utiliza apenas um modelo de avaliação, a somativa, por exemplo, deixa de contemplar habilidades e competências sociais que não são percebidas em avaliações tradicionais. Por outro lado, ao fazer uso de ferramentas de avaliação escolar não convencional, é possível avaliar o desempenho de seus alunos de forma equitativa visto que há, em um mesmo grupo de estudantes, diferentes estilos de aprendizagem. É válido esclarecer que os conceitos sobre estilos de aprendizagem são amplos e foram explorados por diversos autores. A título de exemplo, Dunn e Dunn (1978) associa tais estilos às preferências e necessidades de aprendizado de cada estudante.
Para Fleming (1992), os estilos de aprendizagem dos estudantes dividem-se em três perfis: aluno visual – retêm informações com maior facilidade por meio de imagens e outros recursos visuais; aluno auditivo – retêm informações com maior facilidade ao ouvir explicações ou outros áudios; e aluno cinestésico – retêm informações com maior facilidade por meio de atividades práticas, movimentos e experiências físicas.
Gardner (1983), por sua vez, entende que ‘visual’, ‘auditivo’ e ‘cinestésico’ são apenas alguns dos estilos de aprendizagem que surgem das múltiplas inteligências e habilidades percebidas em cada estudante e, portanto, no mesmo indivíduo se pode encontrar diferentes estilos de aprendizagem e inteligências. Em sua teoria, o autor as divide nas seguintes categorias: linguística, matemática, musical, espacial, corporal, intrapessoal, interpessoal, naturalista e espiritual.
Assim, Gardner, em consonância com Fleming e Dunn e Dunn, entende que é necessário identificar as preferências dos estudantes e adaptar estratégias de ensino para atender a esses variados estilos de aprendizagem, visto que o aluno aprenderá de forma mais eficaz se o ambiente e os métodos de ensino estiverem adaptados às suas necessidades e características pessoais. (Lemes, 2024).
Não obstante, seguindo estas linhas de raciocínio, apresentar-se-á, a seguir, uma proposta de avaliação para uma turma de Ensino de Espanhol como Língua Estrangeira pautada na concepção de inteligência musical de Gardner, na qual o aluno aprende por meio do ritmo, da melodia, da música.
4.2 PLANO DE AVALIAÇÃO
Show de Talentos “La voz” Atividade avaliativa por meio de apresentação musical |
Objetivo Geral: Avaliar a pronúncia dos alunos de Espanhol por meio de uma apresentação musical. |
Duração: 2 aulas (de 50 minutos) |
Público alvo/Nível escolar: Alunos de Ensino Fundamental – Anos Finais |
Conteúdos: Musicalidade e Linguagens (Espanhol) |
Tipo de avaliação: Formativa participativa. |
Descrição/Procedimentos/Atividades: O professor deve criar uma rubrica detalhando os critérios de avaliação e apresentá-los à turma antes da apresentação.Em duplas ou trios, os alunos apresentarão, em formato de karaokê, uma canção em espanhol à escolha do grupo. O professor avaliará a pronúncia adequada das palavras, bem como entonação e clareza durante a apresentação.Ao final das apresentações, o professor deve fornecer um feedback, individual e/ou coletivo, sobre os pontos fortes e limitantes de cada apresentação. Para encerrar a atividade, pode realizar-se uma confraternização entre os estudantes com comidas típicas da cultura latino-americana. |
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Acredita-se que o diagnóstico precoce e a intervenção adequada são primordiais para amenizar os efeitos negativos do referido transtorno. Estratégias de tratamento, como terapias, intervenções e medicamentos, se necessário, podem ser eficazes na melhoria dos sintomas e na qualidade de vida dos estudantes. Além disso, o papel da família, da escola e da comunidade é fundamental no suporte e na implementação de metodologias que promovam o desenvolvimento e a inclusão dos indivíduos com TDAH. A sensibilização e a educação sobre o transtorno também são essenciais para reduzir o estigma e promover um ambiente mais compreensivo e acolhedor, sendo que é essencial ter sempre o acompanhamento contínuo.
Diante da implementação desta estratégia, busca-se fazer uso da gamificação e incorporá-la ao estudo da estrutura linguística, destacando as figuras de linguagens existentes, cujo alvitre é estabelecer elementos necessários para desenvolvimento de competências e habilidades linguístico-comunicativas e expressivas dos estudantes, neste caso, do ensino médio. Em sua estrutura constam os elementos fundamentais para sua execução. Os resultados esperados são que os estudantes sejam capazes de entender e reconhecer as distintas figuras de linguagens e identificá-las no seu meio social. O emprego de recursos pedagógicos eletrônicos no decorrer das atividades faz somar ao conteúdo ministrado para que os objetivos sejam apreendidos com eficácia.
Logo, tantos conhecimentos são transmitidos de gerações em gerações, tanto de forma empírica nas entranhas da sociedade, como de forma científica nos bancos escolares e estudos acadêmicos. Esses conhecimentos seguem sua trajetória e, constantemente, rever a direção para onde se está indo, é preciso. Quando se fala em transmissão de conhecimentos acadêmico sempre será necessário verificar em qual nível, qual a quantidade e a qualidade esse processo está se dando. No campo acadêmico, é preciso uma parada estratégica para averiguar a construção de conhecimento através da avaliação da aprendizagem no âmbito do processo ensino-aprendizagem.
Por fim, falar em Avaliação da Aprendizagem é observar as circunstâncias, fazer ajustes e reestabelecer a direção a seguir, pois ao se propor a ensinar, evidentemente que o professor terá objetivos a alcançar. E essas metas devem ser atingidas à medida que a avaliação acontece. Existem diversas maneiras para avaliar. Porém, sabe-se que, por exigências contemporâneas, a avaliação deve ser bem elaborada, distinta do convencional e inovadora. E o feedback emitido aos alunos também ajuda na estruturação avaliativa.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: (Verificar NT)
ARDILA, A., & ROSSELLI, M. Neuropsicología clínica. Editorial El Manual Moderno. (p.293) 2007
BARRETO, Raquel G. Org. Tecnologias educacionais e educação a distância: avaliando políticas e práticas. Rio de Janeiro: Quartet. 2001
DÍAZ, C. J. Vista de Experiencias de los estudiantes de idiomas extranjeros en relación con su estilo de aprendizaje en Educación Superior. (p.20) 2020
DUNN, R., & DUNN, K. J. Teaching students through their individual learning styles: A practical approach. Reston, 1978
FLEMING, N. D., & Mills, C. Not another inventory, rather a catalyst for reflection. To improve the academy, 11(1), 137-155. 1992
FUNIBER. As TIC na sala de aula. Aplicações didáticas e utilização de recursos. In: A aula conectada: educar na vida. (p.18 – 19). Barcelona. Espanha.2020
FUNIBER. Avaliação de Aprendizagem (p. 12,14,104). Barcelona, Espanha.2020
GARDNER, H. Frames of mind: The theory of multiple intelligences. Basic Books. 1983
KANDEL, E., Schwartz, J., Jessell, T., Siegelbaum, S., & Hudspeth, A. J. Princípios de neurociências-5. AMGH Editora. 2014
LEMES, R. S. Vista do Estratégias de Ensino Adaptativas para Diversos Estilos de Aprendizagem na Educação Infantil. Revista Primeira Evolução. https://doi.org/10.52078/2675-2573.rpe.50.2024, março
ORLANDI, T. R. C., Duque, C. G., Mori, A. M., & Orlandi, M. T. de A. L. Ludificación: un nuevo abordaje multimodal para la educación. Biblios Journal of Librarianship and Information Science, (70), 17–30. Disponível em: <https://doi.org/10.5195/biblios.2018.447>
OLIVEIRA, D. & Rodrigues, A. Transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH): neuro psicopedagogia como uma aliada para meninas na educação infantil. Revista Ibero-Americana de Humanidades, Ciências e Educação. São Paulo, v.7.n.9. set. 2021.ISSN -2675 –3375.2021
PRETTE Almir Del, Zilda A. P. Del Prette, (orgs.), Habilidades sociais, desenvolvimento e aprendizagem: questões conceituais, avaliação e intervenção, Campinas, SP: Editora Alínea. 2003
SANTIAGO, Beatriz. BNCC: seis metodologias ativas para engajar os alunos. 2021. Disponível em: https://www.letrus.com.br/bncc-metodologias-ativas-para-engajar-seus-alunos/. Acesso em: 18 de maio de 2024.
SANTOS, D. M., & Leal, N. M. A pedagogia de projetos e sua relevância como práxis pedagógica e instrumento de avaliação inovadora no processo de ensino aprendizagem. 2018
ANEXOS
Anexo 1
FICHA PARA ATENDIMENTO MULTIPROFISSIONAL | |
DADOS DA ESCOLA | |
1.Escola: | |
2.Endereço: | |
3.Turno: | ( ) Matutino ( ) Vespertino ( ) Noturno |
4.Gestor: | |
5.Professor titular: | |
6.Telefone da Escola | |
7.Possui sala de recursos? | ( ) sim ( ) não |
DADOS DO ALUNO | |
8.Nome: | |
9.Endereço: | |
10.Data de Nascimento: | Idade: |
11.Nome do pai: | |
12.Nome da mãe: | |
13.Tem irmãos? | Quantos? |
14.Frequenta sala de recursos? | ( ) sim ( ) não Há quanto tempo? ______ |
15.Ensino Regular? | ( ) sim ( ) não |
16.Aluno Repetente? | ( ) sim ( ) não |
17.Telelefone do Responsável: | |
18.Descreva o motivo para o atendimento: ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ | |
19. Sinalize os tópicos que justifiquem os motivos do atendimento: | |
( ) Dificuldade para acompanhar os conteúdos. Exemplo: | |
( ) Dificuldade na elaboração de raciocínio frente a solução de tarefas; | |
( ) Não realiza as atividades: ( ) na sala; ( ) em casa; | |
( ) Assiduidade Escolar: ( ) boa ( ) regular ( ) insuficiente | |
( ) Não participa das atividades em sala de aula; | |
( ) Apresenta atitudes desafiadoras. Exemplo: | |
( ) Se isola dos colegas; | |
( ) Não participa das atividades em grupo; | |
( ) Agressões verbais e/ou físicas; | |
( ) Resistência a regras sociais e de conduta; | |
( ) Demonstra medo diante de algumas situações; | |
( ) Gosta de chamar a atenção dos colegas e professor. Exemplo: | |
( ) Apresenta atitudes inadequadas em relação a objetos alheios. Exemplo: | |
( ) Demonstra inquietação na sala de aula, conversa com os colegas. Exemplo: | |
( ) Pede várias vezes para ir ao banheiro; | |
( ) Riso desmotivado frequente; | |
( ) Nas situações de conflito costuma mentir ou chorar; | |
( ) Apresenta movimentos repetitivos. Quais? | |
( ) Apresenta irritabilidade ao ambiente. Exemplo: | |
( ) Pede sempre para repetir o que já foi falado; | |
( ) Omissão ou troca de fonemas na fala; | |
( ) Fala de forma incompreensível; | |
( ) Apresenta gagueira; | |
( ) Não se comunica verbalmente; | |
( ) Atende a ordens simples; | |
( ) Atende pelo nome; | |
( ) Se comunica através de libras; | |
20.Já foi avaliado pelo: | |
( ) pediatra ( ) neurologista ( ) psiquiatra ( ) Otorrinolaringologista | |
( ) Oftalmologista ( ) Pedagogo ( ) psicopedagogo ( ) Psicólogo | |
( ) Fonoaudiólogo ( ) Fisioterapeuta ( ) Outro: | |
21.Faz acompanhamento médico regularmente? ( ) sim ( ) não | |
22.Se sim, qual a especialidade médica? | |
23.Possui laudo médico? ( ) sim ( ) não Se sim, qual o CID: | |
24.Está tomando remédio controlado? ( ) sim ( ) não Qual? | |
25.Há quanto tempo toma o remédio? | |
26.Identifica negligência familiar? ( ) sim ( ) não Qual? | |
27.Observa Conflito familiar? ( ) sim ( ) não Qual? | |
28.O cartão de vacina está em dia? ( ) sim ( ) não | |
29.Realiza exames de rotina? ( ) sim ( ) não | |
30.Higiene Pessoal é satisfatória? ( ) sim ( ) não | |
31.Procedimentos realizados (para a equipe multiprofissional): | |
_________________, _______ /________ / _________ ______________________________ _______________________________ Professor (a) Coordenador(a) pedagógico _________________________________ Gestor (a) _________________________________ Técnico responsável |
Tabela 1 – Ficha de atendimento
Fonte: escola da pesquisa, adaptada pelos autores.
Anexo 2
Figura 1: Jogo Figuras de Linguagem. Fonte: Português Encantado (2023) [i]
Figura 2: Questão Figuras de Linguagem. Fonte Português Encantado (2023)
Figura 3: Regras do jogo Figuras de Linguagem. Fonte Português Encantado (2023)
Figura 4: Kahoot – Jogo “Figuras de Linguagem nas Canções”. Fonte: dos autores (2023)
Figura 5: Kahoot – Resposta incorreta jogo Figuras de Linguagem nas Canções. Fonte: dos autores (2023
Figura 6: Resposta correta jogo Figuras de Linguagem nas Canções. Fonte: dos autores (2023)
Figura 7: Kahoot – Classificação final jogo Figuras de Linguagem nas Canções. Fonte: dos autores (2023)i
[1] Mestrandos em Educação-Formação de Professores, Fundación Universitaria Iberoamericana,2024
[2] Nome fantasia adotado para preservação da verdadeira identidade da escola. Trata-se de uma pequena escola da rede pública municipal, localizada às margens de um lago e que atende alunos da Educação Infantil, Ensino Fundamental e EJA (Educação de Jovens e Adultos). Esta possui um quadro de funcionários sucinto e quantidade pouco expressiva de alunos matriculados.
[3] Nome fictício adotado para preservação da verdadeira identidade da criança.
[i] Disponível em:
Jogo das figuras de linguagem