INCIDENCE OF MORTALITY RELATED TO SEX DUE TO SEPSIS IN PIAUÍ: ANALYSIS OF SUS DATA FROM 2019 TO 2023
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ar10202411291526
Camila Portela Paz de Oliveira¹;
Mayra Monteiro de Carvalho Nascimento²;
João Luiz Vieira Ribeiro³.
Resumo
A sepse, uma resposta desregulada à infecção, é uma preocupação global de saúde, representando uma grande proporção de mortes em todo o mundo, inclusive no Brasil. Análise da incidência da mortalidade relacionada ao sexo por sepse no Piauí, utilizando dados do SUS entre 2019 e 2023. Foi realizado um estudo epidemiológico exploratório, descritivo e de caráter quantitativo, com o levantamento de dados disponíveis online no Sistema Único de Saúde (SUS), TABNET. Os dados reunidos neste estudo indicam que, entre 2019 e 2023, ocorreu um aumento contínuo na mortalidade por sepse no Piauí, em ambos os sexos, com uma ênfase particular no sexo masculino. É fundamental examinar os elementos que causaram esse aumento no número de óbitos, considerando possíveis diferenças na qualidade dos cuidados, acesso a tratamentos e a influência de fatores externos, como a pandemia de COVID-19.
Palavras-chave: Mielomeningocele. Derivação ventrículo-peritoneal. Tratamento pós-natal. Tratamento intrauterino. Cirurgia fetal
1 INTRODUÇÃO
A definição de sepse evoluiu significativamente com a introdução da definição de Sepsis 3 publicada em 2016 pelo Journal of the American Medical Association (JAMA) que enfatiza a disfunção orgânica resultante de uma resposta desregulada à infecção. Este avanço conceptual não apenas aprimorou a precisão diagnóstica e a abordagem terapêutica para a sepse, como também sublinhou a importância de compreender a interação complexa entre o sistema imunológico do hospedeiro e o agente infeccioso, destacando a necessidade de avaliações objetivas e criteriosas da disfunção orgânica para melhorar os desfechos dos pacientes (Salomão, 2023).
Globalmente, a sepse é responsável por 11 milhões de mortes por ano, ou seja, representa uma em cada cinco mortes, com impacto significativo em regiões com recursos limitados. No Brasil, com 400 mil casos anuais, metade resulta em óbito, com 60% em adultos e 19% em crianças (Brasil, 2023). Assim, a sepse é uma síndrome de risco vital, caracterizada por disfunção de vários órgãos, incluindo os rins, devido a uma resposta desproporcional do corpo à infecção. O rim é frequentemente afetado, ocorrendo lesão renal aguda (LRA) em até 60% dos casos de sepse (Lins et al., 2022).
Homens e mulheres têm diferenças genéticas e hormonais que influenciam a saúde, a manifestação de doenças e a resposta a tratamentos médicos. Essas diferenças resultam em dois sistemas diferentes que podem afetar a suscetibilidade a certas condições e a eficácia de medicamentos. Reconhecer essas variações é crucial para a prática médica, garantindo tratamentos mais precisos e personalizados para cada sexo (Benichel; Meneguin, 2020).
De acordo com Mauvais-Jarvis et al. (2020), a influência sexual diretamente afeta a manifestação das doenças, resposta aos tratamentos e progressão das condições de saúde, ocorrendo como um modificador genético essencial. Além disso, as diferenças de gênero afetam a percepção e o tratamento das doenças, representando modificadores sociais e psicológicos importantes. Essas distinções entre sexo e gênero são cruciais para o desenvolvimento de uma medicina de isolamento eficaz (Cantor et al., 2016).
O foco central deste estudo foi a análise da incidência da mortalidade relacionada ao sexo por sepse no Piauí, utilizando dados do SUS entre 2019 e 2023, apresentada através do questionamento: Como a incidência da mortalidade por sepse no estado do Piauí varia entre homens e mulheres, com base nos dados do SUS de 2019 a 2023? Assim, a hipótese testada é que o sexo exerce um impacto significativo na mortalidade por sepse entre pacientes (Benichel; Meneguin, 2020). Examinar a incidência de mortalidade por sepse em pacientes internados no estado do Piauí, destacando a influência do sexo dos pacientes, com base nos dados do Sistema Único de Saúde (SUS) no período de 2019 a 2023
A sepse é uma das principais causas de mortalidade, apresentando um desafio significativo para os sistemas de saúde. No Brasil, particularmente no Piauí, as taxas de mortalidade por sepse são alarmantes, variando entre 50% e 60% conforme a gravidade do caso (Miquelin; Reis, 2016). Este estudo é justificado pela escassez de pesquisas que examinem o impacto do sexo na mortalidade por sepse nesta região. Ao investigar essa relação, a pesquisa busca preencher uma lacuna no conhecimento existente, contribuindo para a personalização do manejo clínico e das intervenções terapêuticas. Os resultados poderão orientar práticas médicas e políticas de saúde pública, visando reduzir as taxas de mortalidade e melhorar a qualidade do atendimento aos pacientes sépticos. A pesquisa buscou não apenas quantificar a mortalidade, mas também analisar as diferenças de estudos clínicos entre os sexos, contribuindo para uma compreensão mais aprofundada das implicações do sexo na evolução e na mortalidade por sepse.
2 REVISÃO DA LITERATURA
A sepse é uma reação prejudicial do corpo a infecções graves, produzindo um impacto mundial sobre a saúde humana, tendo apresentado mudanças em sua compreensão clínica ao longo do tempo. A relação entre sepse e sexo e a utilização do índice SOFA têm sido pesquisados, trazendo novos conhecimentos no acompanhamento clínico dos pacientes com sepse e modificando seus prognósticos.
2.1 A Sepse
A sepse é definida como uma reação nociva do organismo a diversas infecções significativas, posicionando-se como uma das situações clínicas mais críticas globalmente, resultando em elevados índices de óbito entre pacientes em unidades de terapia intensiva (UTI) (Rudd et al., 2020; Cavaillon et al., 2020). Lima et al. (2020) complementam que a sepse emerge como uma causa significativa de mortalidade em escala global, afetando especialmente países de baixa e média renda, embora as taxas de mortalidade estejam declinando em nações mais desenvolvidas, o fardo total continua substancial, com índices de mortalidade variando entre 30% e 70%. Apesar do impacto persistente da sepse, há sinais de progresso, com uma redução de 37,0% na incidência de sepse e uma diminuição na mortalidade em 52,8% ao longo do período de 1990 a 2017.
Desse modo, em seus estágios iniciais, a sepse era entendida como Síndrome de Resposta Inflamatória Sistêmica (SIRS) à infecção. No entanto, houve desenvolvimentos significativos na sua compreensão desde a última atualização do sepse 3 em 2016, sendo o mais notável a inclusão de disfunção orgânica que representa uma ameaça à vida como resultado da resposta desregulada do hospedeiro à infecção. Atualmente, essa complicação é definida pela presença de pelo menos um critério de SIRS (temperatura > 38ºC ou < 36ºC, frequência cardíaca > 90/minuto, frequência respiratória > 20/minuto (ou PaCo2< 32 mmhg) e contagem de leucócitos > 12.000) combinado com critério para disfunção orgânica (hipoxemia, diminuição do nível de consciência, hipotensão, diminuição do débito urinário, acidose metabólica, coagulopatia, entre outros) (Azevedo et al., 2018; Singer et al., 2016; Levy; Evans; Rhoder, 2018).
Em uma revisão sistemática com meta-análise realizada por Rudd et al. (2016), foi estimado que a sepse grave afeta mais de 19 milhões de pessoas anualmente em todo o mundo, resultando em aproximadamente cinco milhões de óbitos (Rudd et al., 2020 citado por Fleischmann- Struzek et al., 2020). Pesquisas recentes conduzidas pelo Instituto de Métricas e Avaliação de Saúde (IHME) revelaram que, em 2017, cerca de 48,9 milhões de casos novos de sepse foram registrados globalmente, com 11 milhões de mortes atribuídas a esta condição. Para chegar a essas conclusões, o estudo utilizou predominantemente dados do Estudo da Carga Global de Doenças (GBD) de 2017 relacionados a estimativas de causas de morte, complementados por informações de certidões de óbito especificamente relacionadas à sepse de quatro países. O emprego de modelos analíticos complexos foi essencial para a elaboração dessas estimativas em escala mundial (Rudd et al., 2020 citado por Fleischmann-Struzek et al., 2020).
2.2 Relação entre Sepse e sexo
As diferenças de gênero influenciam de maneira notável as respostas imunológicas a patógenos, um fenômeno que pode ser atribuído às características biológicas inerentes ao sexo dos indivíduos, afetando assim a reação do organismo a infecções (Klein; Jedlicka; Pekosz, 2010). De acordo com Jiang et al. (2024), essa variação entre homens e mulheres se estende à prevalência, ao prognóstico e ao tratamento de várias patologias, incluindo as diferenças observadas à Sepse, cuja relação exata com o gênero ainda é uma questão em aberto.
Amaral et al., (2024), corrobora que diversas evoluções relacionadas ao gênero têm sido observadas na maioria das doenças inflamatórias, indicando que os estrogênios podem ter um efeito positivo na recuperação das condições circulatórias. Pesquisas em modelos animais sugerem que as fêmeas apresentam uma vantagem em termos de sobrevivência, especialmente em respostas imunológicas e cardiovasculares. Esse dimorfismo sugere que os hormônios desempenham um papel crucial em pacientes com sepse, influenciando de maneira distinta a resposta a infecções entre homens e mulheres (Amaral et al., 2024).
2.3 O papel do SOFA na avaliação clínica
A priori, o SOFA (Sequential Organ Failure Assessment) é uma ferramenta clínica utilizada para avaliar a extensão do comprometimento orgânico em pacientes criticamente enfermos, proporcionando um indicativo prognóstico de morbidade e mortalidade. Ou seja, deve ser usada à beira do leito na identificação precoce de pacientes com a maior possibilidade de ter resultados clínicos negativos (Cararo et al., 2021).
Desenvolvido inicialmente em 1996, o índice SOFA avalia o estado de seis sistemas orgânicos – respiratório, cardiovascular, hepático, coagulação, renal e neurológico – atribuindo a cada um uma pontuação de 0 a 4 com base na gravidade da disfunção. A pontuação total, que varia de 0 a 24, é calculada pela soma das pontuações individuais, sendo utilizada para monitorar a progressão da doença e guiar decisões terapêuticas (Liu et al., 2022).
Os critérios específicos para a avaliação da SOFA incluem: a razão PaO2/FiO2 para o sistema respiratório; pressão arterial média e a necessidade de agentes vasopressores para o sistema cardiovascular; níveis de bilirrubina para a análise do funcionamento hepático; contagem de plaquetas para avaliar a coagulação; níveis de creatinina ou débito urinário para o sistema renal; e a Escala de Coma de Glasgow para o sistema neurológico (Vincent et al., 1996).
A atualização e a validação desses critérios continuam a ser tema de estudos recentes, que corroboram a eficácia do SOFA como um meio de prever desfechos em UTIs, especialmente em casos de sepse, onde a sua versão simplificada, o qSOFA (quick SOFA), também é aplicada para triagem rápida no ambiente de emergência (Singer et al., 2016).
3 METODOLOGIA
Este é um estudo epidemiológico exploratório, descritivo e de caráter quantitativo. O levantamento foi realizado com dados disponíveis online no Sistema Único de Saúde (SUS), TABNET (Disponível em: https://daatasus.saúde.gov/informações-de-saude-tabnet/), abrangendo informações sobre pacientes que vieram a óbito por sepse no estado do Piauí, destacando o sexo do paciente, no período de 2019 a 2023.
Como os dados foram obtidos de bases públicas e não identificáveis, não foi necessária a análise da pesquisa pelo Sistema CEP-CONEP. Não há riscos de pesquisa, pois não houve possibilidades de que um participante da pesquisa sofresse danos físicos, psíquicos, morais, intelectuais, sociais, culturais ou espirituais. Assim, foram respeitados os princípios éticos relacionados à privacidade e ao sigilo das informações, ficando os resultados disponíveis para futuras pesquisas sobre sepse. A análise dos dados foi realizada através da estatística descritiva, utilizando-se de gráficos e tabelas de frequência e associação, através dos quais os dados coletados foram apresentados. O tratamento dos dados foi realizado por meio de Software Microsoft Excel® 2016.
4 RESULTADOS E ANÁLISE DOS DADOS
Os resultados são apresentados nas tabelas a seguir, com cinco tabelas dedicadas ao sexo masculino e outras cinco ao sexo feminino, na análise dos óbitos por sepse no estado do Piauí. A distribuição dos dados foi realizada por macrorregiões, permitindo observar a quantidade de óbitos em cada uma dessas regiões durante os dois semestres de cada ano, de janeiro de 2019 a dezembro de 2023. Essa abordagem possibilita uma análise detalhada da mortalidade por sepse, evidenciando diferenças regionais e temporais na incidência da doença. Além disso, proporciona subsídios para identificar tendências e áreas críticas que necessitam de intervenções específicas.
Tabela 1: Números de óbitos por sepse no sexo masculino nas macrorregiões de saúde do Piauí em 2019
Lista Morb CID-10: Septicemia | |||||
Sexo: Masculino | |||||
PERÍODO | SEMIÁRIDO | MEIO-NORTE | LITORAL | CERRADO | TOTAL |
Jan – Jun | 0 | 2 | 4 | 6 | 12 |
Jul – Dez | 1 | 7 | 4 | 6 | 18 |
TOTAL GERAL | 30 |
Notas: Dados referentes aos últimos seis meses, sujeitos a atualização
No ano de 2019, a macrorregião Cerrado obteve o maior número de óbitos, 12 no total, ocasionados por sepse, seguida da macrorregião Meio-Norte (9 óbitos), que se destacou no segundo semestre, sendo responsável por 7 notificações (tabela 1). No segundo semestre desse ano, ocorreu a maior parte dos registros de morte por sepse. Destaca-se que a macrorregião Semiárida foi a que menos apresentou falecimentos, com apenas 01 (uma) notificação durante todo o decorrer do ano.
Tabela 2: Números de óbitos por sepse no sexo masculino nas macrorregiões de saúde do Piauí em 2020
Lista Morb CID-10: Septicemia | |||||
Sexo: Masculino | |||||
PERÍODO | SEMIÁRIDO | MEIO-NORTE | LITORAL | CERRADO | TOTAL |
Jan – Jun | 1 | 2 | 0 | 0 | 3 |
Jul – Dez | 0 | 3 | 3 | 0 | 6 |
TOTAL GERAL | 9 |
Notas: Dados referentes aos últimos seis meses, sujeitos a atualização
Na tabela 2, a macrorregião Meio-Norte ainda apresenta elevado número de notificações de óbito, como apresentado no ano anterior, se comparada às demais macrorregiões, totalizando 5 mortes, de um total de óbitos por sepse em todo o Estado de 9 óbitos. Portanto, somente na macrorregião Meio-Norte foi responsável por 55,55% dos óbitos por sepse no sexo masculino em 2020. Destaca-se que houve uma redução no total de óbitos por sepse em relação ao ano anterior, sendo 30 em 2019 e apenas 9 em 2020, com redução de 70% dos óbitos. Ressalta-se que no ano de 2020 ocorreu o início da pandemia de Covid-19 o que pode ter contribuído para subnotificação de casos em meio a essa crise sanitária. .
Tabela 3: Números de óbitos por sepse no sexo masculino nas macrorregiões de saúde do Piauí em 2021
Lista Morb CID-10: Septicemia | |||||
Sexo: Masculino | |||||
PERÍODO | SEMIÁRIDO | MEIO-NORTE | LITORAL | CERRADO | TOTAL |
Jan – Jun | 0 | 10 | 0 | 4 | 14 |
Jul – Dez | 5 | 4 | 1 | 6 | 16 |
TOTAL GERAL | 30 |
Notas: Dados referentes aos últimos seis meses, sujeitos a atualização
A tabela 3 apresenta os dados do ano de 2021, destacando que, mais uma vez, a macrorregião Meio-Norte segue liderando os números de óbitos referentes ao sexo masculino ocasionados pela sepse. Outro ponto é que houve um acréscimo nas notificações com relação ao ano de 2020, voltando a serem notificados 30 óbitos, como em 2019, o que corrobora a dúvida em relação à sub-notificação durante a pandemia de Covid-19.
Tabela 4: Números de óbitos por sepse no sexo masculino nas macrorregiões de saúde do Piauí em 2022
Lista Morb CID-10: Septicemia | |||||
Sexo: Masculino | |||||
PERÍODO | SEMIÁRIDO | MEIO-NORTE | LITORAL | CERRADO | TOTAL |
Jan – Jun | 1 | 21 | 5 | 4 | 31 |
Jul – Dez | 1 | 6 | 5 | 2 | 14 |
TOTAL GERAL | 45 |
Notas: Dados referentes aos últimos seis meses, sujeitos a atualização
No ano de 2022, os óbitos no sexo masculino por sepse, aumentaram de 30 casos para 45 casos, 50% em relação ao ano anterior. Das 45 notificações, de 60% foram da macrorregião Meio-Norte, com 21 casos, enquanto a macrorregião Semiárido registra apenas 1 caso. Destaca-se o aumento contínuo de casos de sepse no sexo masculino ano a ano nesta macrorregião. O Semiárido, ao contrário, continua apresentando menos registros de óbitos por sepse.
A tabela 5 registra os óbitos de indivíduos do sexo masculino por sepse no ano de 2023. Foram contabilizados 53 óbitos ao longo do ano, sendo que 28 ocorreram na macrorregião Meio-Norte, sendo 19 no segundo semestre. Esse crescimento levanta hipóteses para estudos quanto às causas subjacentes ou aos fatores que possam ter contribuído para esse aumento expressivo.
Tabela 5: Números de óbitos por sepse no sexo masculino nas macrorregiões de saúde do Piauí em 2023
Lista Morb CID-10: Septicemia | |||||
Sexo: Masculino | |||||
PERÍODO | SEMIÁRIDO | MEIO-NORTE | LITORAL | CERRADO | TOTAL |
Jan – Jun | 2 | 9 | 4 | 0 | 15 |
Jul – Dez | 4 | 19 | 6 | 9 | 38 |
TOTAL GERAL | 53 |
Notas: Dados referentes aos últimos seis meses, sujeitos a atualização
As próximas 5 tabelas (tabela 6 à tabela 10) expõem os números de óbitos por sepse no sexo feminino que ocorrerão no Estado do Piauí no período estudado, 2019 a 2023, mantendo a divisão por macrorregiões e semestres de cada ano.
Tabela 6: Números de óbitos por sepse no sexo feminino nas macrorregiões de saúde do Piauí em 2019
Lista Morb CID-10: Septicemia | |||||
Sexo: Feminino | |||||
PERÍODO | SEMIÁRIDO | MEIO-NORTE | LITORAL | CERRADO | TOTAL |
Jan – Jun | 0 | 5 | 3 | 5 | 13 |
Jul – Dez | 2 | 6 | 2 | 1 | 11 |
TOTAL GERAL | 24 |
Notas: Dados referentes aos últimos seis meses, sujeitos a atualização
Em 2019, o número de pessoas do sexo feminino que vieram à óbito foi de 24, com destaque à macrorregião Meio-Norte, responsável por 45,83% dos óbitos naquele ano. Em segundo lugar, a macrorregião Cerrado apresenta 25% dos registros. Esse padrão sugere uma concentração significativa de mortalidade por sepse nessas áreas.
Tabela 7: Números de óbitos por sepse no sexo feminino nas macrorregiões de saúde do Piauí em 2020
Lista Morb CID-10: Septicemia | |||||
Sexo: Feminino | |||||
PERÍODO | SEMIÁRIDO | MEIO-NORTE | LITORAL | CERRADO | TOTAL |
Jan – Jun | 0 | 1 | 4 | 1 | 6 |
Jul – Dez | 1 | 2 | 1 | 2 | 6 |
TOTAL GERAL | 12 |
Notas: Dados referentes aos últimos seis meses, sujeitos a atualização
A tabela 7 registra os óbitos por sepse de 2020, na qual os valores estão extremante baixos se comparados com o ano anterior e os subsequentes. Este achado fortalece a tese sobre a subnotificação no banco de dados devido à crise mundial de saúde vivenciada pela Covid-19. Nesse ano, destaca-se a macrorregião Litoral com 5 casos registrados de um total de 12 casos (41,67%)
Tabela 8: Números de óbitos por sepse no sexo feminino nas macrorregiões de saúde do Piauí em 2021
Lista Morb CID-10: Septicemia | |||||
Sexo: Feminino | |||||
PERÍODO | SEMIÁRIDO | MEIO-NORTE | LITORAL | CERRADO | TOTAL |
Jan – Jun | 0 | 4 | 5 | 2 | 11 |
Jul – Dez | 2 | 4 | 3 | 9 | 18 |
TOTAL GERAL | 29 |
Notas: Dados referentes aos últimos seis meses, sujeitos a atualização
A oitava tabela evidencia a macrorregião Cerrado com os maiores registros de óbitos em 2021 (11 óbitos), sendo responsável por 37,93% dos casos nesse ano específico. A macrorregião Semiárido continua com menos registros de ocorrências. A mortalidade por sepse foi maior no segundo semestre, com um total de 18 óbitos em comparação a 11 no primeiro semestre (aumento de 63,63% do primeiro para o segundo semestre).
Tabela 9: Números de óbitos por sepse no sexo feminino nas macrorregiões de saúde do Piauí em 2022
Lista Morb CID-10: Septicemia | |||||
Sexo: Feminino | |||||
PERÍODO | SEMIÁRIDO | MEIO-NORTE | LITORAL | CERRADO | TOTAL |
Jan – Jun | 1 | 15 | 6 | 1 | 23 |
Jul – Dez | 0 | 6 | 4 | 1 | 11 |
TOTAL GERAL | 34 |
Notas: Dados referentes aos últimos seis meses, sujeitos a atualização
Na tabela 9, observa-se que a mortalidade foi significativamente maior no primeiro semestre, com 23 óbitos, em comparação aos 11 no segundo semestre. Houve uma inversão em relação a 2021, visto que, em 2022 houve uma redução de 52,17% dos óbitos do primeiro para o segundo semestre. A macrorregião Meio-Norte voltou a crescer exponencialmente, com 21 casos ao longo do ano.
Tabela 10: Números de óbitos por sepse no sexo feminino nas macrorregiões de saúde do Piauí em 2023
Lista Morb CID-10: Septicemia | |||||
Sexo: Feminino | |||||
PERÍODO | SEMIÁRIDO | MEIO-NORTE | LITORAL | CERRADO | TOTAL |
Jan – Jun | 0 | 8 | 1 | 1 | 10 |
Jul – Dez | 5 | 17 | 9 | 8 | 39 |
TOTAL GERAL | 49 |
Notas: Dados referentes aos últimos seis meses, sujeitos a atualização
Por último, na tabela 10, a macrorregião Meio Norte disparou o número de óbitos registrados, com 25 casos, seguida pela macrorregião Litoral com 10 casos e a macrorregião Cerrados com 9 casos. A macrorregião Semiárido manteve-se com poucos ou quase nenhum caso durante os 5 anos pesquisados (média de 1,5 casos de 2019 a 2022). Ressalta-se que, neste ano de 2023, esta macrorregião apresentou 5 casos, um aumento de mais de 300% dos casos em relação a sua média. Em 2023, a mortalidade por sepse no sexo feminino foi maior no segundo semestre, com 39 óbitos, em comparação aos 10 óbitos no primeiro semestre (aumento de quase 400% do primeiro para o segundo semestre).
Após a apresentação das tabelas que documentam o número de óbitos por sepse no estado do Piauí, discriminados por ambos os sexos no período de janeiro de 2019 a dezembro de 2023, é apresentado o gráfico 1 que registra a totalidade dos óbitos ocorridos anualmente, permitindo a comparação entre os totais dos óbitos por sexo ao longo dos anos. Este gráfico facilita a visualização das tendências e discrepâncias na mortalidade por sepse entre os sexos, proporcionando uma análise mais clara e objetiva dos dados apresentados.
Gráfico 1: Comparação anual de óbitos por sepse quanto ao sexo no Piauí (2019-2023)
Analisando o gráfico 1, observa-se que o número de óbitos por sepse entre os indivíduos do sexo masculino apresentou um aumento progressivo ao longo dos anos, atingindo o ponto máximo em 2023 com 63 mortes. Em relação ao sexo feminino, também houve um aumento, porém com menor inclinação da curva do que a observada no sexo masculino, totalizando 49 óbitos em 2023. No total, a incidência de óbitos por sepse no período de 2019 a 2023 no Estado do Piauí foi maior no sexo masculino, com 167 óbitos, 12,48% a mais que no sexo feminino, com 148 óbitos.
5 CONCLUSÃO
Os dados coletados neste estudo apresentam que, no período de 2019 a 2023, houve um contínuo aumento na mortalidade por sepse no Piauí, em ambos os sexos, com destaque para o sexo masculino. A identificação e o enfrentamento dos fatores que contribuíram para esse aumento são essenciais para reduzir a mortalidade e melhorar os resultados de saúde no Estado do Piauí. Medidas proativas, como revisões de protocolos clínicos, melhorias no atendimento e estratégias específicas de intervenção, são cruciais para combater essa tendência preocupante.
É crucial investigar os fatores que contribuíram para esse aumento nos óbitos, incluindo possíveis variações na qualidade do atendimento, acesso a tratamentos e a influência de fatores externos como a pandemia de COVID-19. O atual conhecimento clínico sobre sepse enfatiza a necessidade de implementar medidas eficazes de prevenção e tratamento de sepse, bem como capacitação contínua dos profissionais de saúde para lidar com essa condição. A disparidade entre os sexos, apresentado neste trabalho, também sugere a necessidade de mais estudos quanto a abordagens específicas para cada grupo.
REFERÊNCIAS
AMARAL, L. M. et al. ASSOCIAÇÃO ENTRE SEXO E MORTALIDADE EM PACIENTES COM DIAGNÓSTICO DE SEPSE INTERNADOS EM UTI DE UM HOSPITAL TERCIÁRIO DO DISTRITO FEDERAL. Revista Contemporânea, v. 4, n. 1, p. 2374-2388, 2024.
AZEVEDO, L. C. P. et al. A sepse é um grave problema de saúde na América Latina: uma chamada à ação. Rev Bras Ter Intensiva. v.30, n.4, p.402-404. 2018.
BENICHEL, C. R.; MENEGUIN, S. Fatores de risco para lesão renal aguda em pacientes clínicos intensivos. Acta Paulista de Enfermagem, v. 33, 2020.
BERTOLLO, D. P.; GOMES, E. C. Z.; EBRAHIM, K. C. ANÁLISE DO PERFIL EPIDEMIOLÓGICO E MORTALIDADE DE PACIENTES QUE DESENVOLVERAM INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA CONCOMITANTE À SEPSE ENQUANTO INTERNADOS EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA. Revista Ibero-Americana de Humanidades, Ciências e Educação, v. 9, n. 12, p. 867–875, 2024. Disponível em: https://periodicorease.pro.br/rease/article/view/12812. Acesso em: 14 abr. 2024.
BRASIL. Ministério da Educação. Dia Mundial da Sepse: Brasil tem alta taxa de mortalidade por sepse entre os países em desenvolvimento. Ministério da Educação.13 set. 2023. Disponível em: https://www.gov.br/ebserh/pt-br/hospitais-universitarios/regiao-sudeste/hu-ufjf/comunicacao/noticias/2023/dia-mundial-da-sepse-brasil-tem-alta-taxa-de-mortalidade-por-sepse-dentre-os-paises-em-desenvolvimento. Acesso em: 12 mai. 2023.
CANTOR, M. et al. As definições do terceiro consenso internacional para sepse e choque séptico (Sepsis-3). Jornal da Associação Médica Americana, v. 8, p.801–810, fevereiro de 2016.
CAVAILLON, J. et al. Terapias para sepse: aprendendo com 30 anos de fracasso da pesquisa translacional para propor novas pistas. Medicina molecular EMBO, v. 4, 2020.
FLEISCHMANN-STRUZEK, C. et al. Incidence and mortality of hospital- and ICU-treated sepsis: results from an updated and expanded systematic review and meta-analysis. Intensive Care Medicine, v. 46, n. 8, p. 1552-1562, ago. 2020. DOI: 10.1007/s00134-020-06151-x.
JIANG, W. et al. The influence of gender on the epidemiology of and outcome from sepsis associated acute kidney injury in ICU: a retrospective propensity-matched cohort study. Jornal Europeu de Pesquisa Médica, v. 29, p. 56, 2024. DOI: https://doi.org/10.1186/s40001-024-01651-8.
KDIGO. Clinical Practice Guideline for Acute Kidney Injury. Kidney Int Suppl. v.2, n.1, p.1-138. 2012.
KLEIN, S. L.; JEDLICKA, A.; PEKOSZ, A. Os Xs e Ys das respostas imunes às vacinas virais. Lancet Infectious Diseases, v. 10, n. 5, p. 338- 349, maio 2010. DOI: 10.1016/S1473-3099(10)70049-9.
LEVY, M. M.; EVANS, L. E.; RHODES, A. The surviving sepsis campaign bundle: 2018 update. Critical Care Medicine. v.46, n.6, p. 997-1000. 2018 doi: 10.1097/CCM.0000000000003119
LINS, A. N. S. et al. Perfil epidemiológico das internações por sepse no Brasil entre 2017 e 2021. Research, Society and Development, v. 11, n. 11, 2022.
LIMA, J. C. C. et al. Sepse e choque séptico: compreensão de enfermeiros de um hospital escola de grande porte. REVISA. v.9, n.2, p.254-61. 2020. DOI: https://doi.org/10.36239/revisa.v9.n2.p254a261
LIU, C. et al. Pontuação SOFA em relação à sepse: implicações clínicas no diagnóstico, tratamento e avaliação prognóstica. Métodos computacionais e matemáticos em medicina. v.2022. agos. 2022.
MAUVAIS-JARVIS, F. et al. Sexo e gênero: modificadores de saúde, doença e medicina. Lanceta, v. 10250, pág. 565-582, 22 atrás. 2020. Errata em: Lancet, v. 10252, pág. 668, 5 conjuntos. 2020. PMID: 32828189
RUDD, K. E. et al. Incidência e mortalidade global, regional e nacional por sepse, 1990-2017: análise para o Global Burden of Disease Study. Lancet, p. 200-211, 2020.
SALOMÃO, R. Infectologia: Bases Clínicas e Tratamento. Rio de Janeiro: Grupo GEN, Guanabara Koogan. 2023. ISBN 9788527739849. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788527739849/.Acesso em: 23 mar. 2024.
SINGER, M. et al. The Third International Consensus Definitions for Sepsis and Septic Shock (Sepsis-3). JAMA, v. 315, n. 8, p. 801–810, feb. 2016.
VINCENT, J.-L. et al. The SOFA (Sepsis-related Organ Failure Assessment) score to describe organ dysfunction/failure. Intensive Care Medicine, v. 22, n. 7, p. 707–710, 1996.
¹Discente do Curso Superior de Medicina da Faculdade Tecnológica de Teresina. E-mail: camilappazo@gmail.com.
²Discente do Curso Superior de Medicina da Faculdade Tecnológica de Teresina. E-mail: mayramonteirofono@gmail.com.
³Docente do Curso Superior de Medicina da Faculdade Tecnológica de Teresina. Especialista em Bioética pelo Instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero (2005). E-mail: jlvribeiro@gmail.com.