IMPORTÂNCIA DO TRATAMENTO COM FITOTERÁPICOS NO CONTROLE DA ALOPECIA ANDROGENÉTICA: UMA REVISÃO INTEGRATIVA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7371483


Marcelo Siqueira Marreiro1
Prof. Dr. Saulo José Figueiredo Mendes2


RESUMO 

INTRODUÇÃO: A alopecia androgenética (AAG) é uma patologia dermatológica, que se caracteriza como um conjunto de desordens que causam a perda progressiva e gradativa dos cabelos, impactando de sobremaneira a qualidade de vida do acometido. À vista disso, alguns estudos tem demonstrado a eficácia do uso de fitoterápios no tratamento da AAG.  

OBJETIVOS: Estudar a eficiência da fitoterapia no controle da alopecia androgenética.  

MÉTODOS: Tratou-se de uma revisão integrativa de caráter exploratório do tipo bibliográfico e de perspectiva qualitativa. As buscas foram realizadas nas seguintes bases de dados eletrônicas: LILACS e Google Acadêmico, utilizando-se descritores associados previamente consultados nos Descritores em Ciências da Saúde da BIREME (DECS), em língua portuguesa, são estes: alopecia; alopecia androgenética; tratamento com fitoterápicos, datados de 2012 – 2022, em português. 

RESULTADOS: Dos 136 estudos encontrados, apenas 10 foram elencados para esta revisão integrativa. Estudos relacionados ao tratamento da AAG a partir de fitoterápicos tem demonstrado o uso de extrato de plantas que bloqueiam o DHT, como por exemplo a Serenoa repens, Saw palmetto, que também possuem efeitos antimicrobianos e antifúngicos, Além destes, outras plantas como: Camellia sinensis ou chá verde, alecrim, extrato de Panax ginseng, óleo de hortelã-pimenta, que possuem ação inibitória da enzima 5-alfa-redutase, bem como possuem propriedades antioxidantes e vasodilatadoras, que aumentam a circulação sanguínea nos folículos capilares do couro cabeludo resultando no estímulo do crescimento do cabelo. 

CONCLUSÃO: Pode-se observar e concluir que o uso de compostos bioativos naturais apresenta inúmeros benefícios no controle desta doença. Assim, este trabalho apresenta como sugestão de tratamento a partir da literatura estudada: a utilização de óleo essencial de alecrim e hortelã-pimenta, cúrcuma, Saw palmetto, Panex ginseng, Ho-show-wu, Serona rapens. É importante destacar a importância de ampliar os estudos acerca dos ativos dessas plantas no tratamento da AAG, especialmente em relação ao uso prolongado destes.  

Palavras-chave:  Alopecia Androgenética; Fitoterapia; Tratamento com Fitoterápicos.  

ABSTRACT 

INTRODUCTION: Androgenetic alopecia (AGA) is a dermatological pathology, which is characterized as a set of disorders that cause progressive and gradual loss of hair, greatly impacting the quality of life of the affected person. In view of this, some studies have demonstrated the effectiveness of using herbal medicines in the treatment of AG. OBJECTIVES: to study the efficiency of phytotherapy in controlling androgenetic alopecia. 

METHODS: this was an integrative, exploratory review of a bibliographical nature and a qualitative perspective. The searches were carried out in the following electronic databases: LILACS and Google Scholar, using associated descriptors previously consulted in the BIREME Health Sciences Descriptors (DECS), in Portuguese, these are: alopecia; androgenetic alopecia; treatment with herbal medicines, dated 2012 – 2022, in Portuguese. 

RESULTS: Of the 136 studies found, only 10 were included in this integrative review. Studies related to the treatment of AAG from herbal medicines have demonstrated the use of plant extracts that block DHT, such as Serenoa repens, Saw palmetto, which also have antimicrobial and antifungal effects, In addition to these, other plants such as: Camellia sinensis or green tea, rosemary, Panax ginseng extract, peppermint oil, which have an inhibitory action on the 5-alpha-reductase enzyme, as well as antioxidant and vasodilator properties, which increase blood circulation in the hair follicles of the scalp resulting in stimulation of hair growth. 

CONCLUSION: It can be observed and concluded that the use of natural bioactive compounds has numerous benefits in controlling this disease. Thus, this work presents as treatment suggestion from the studied literature: the use of rosemary and peppermint essential oil, turmeric, Saw palmetto, Panex ginseng, Ho-show-wu, Serona rapens. It is important to highlight the importance of expanding studies on the active ingredients of these plants in the treatment of AAG, especially in relation to their prolonged use. 

Keywords: Androgenetic Alopecia; Phytotherapy; Treatment with Herbal Medicines. 

1 INTRODUÇÃO 

A alopecia denominada comumente de calvície, é uma patologia dermatológica, configurada como um conjunto de desordens que causam a perda progressiva e gradativa dos cabelos. Estima-se que 25% do público masculino jovem tem desenvolvido a calvície no Brasil e cerca de 42 milhões de brasileiros sofrem com esta doença, corroborando para o desencadeamento de autoestima baixa, insatisfação e ainda depressão (SBC, 2018).  

Segundo a Sociedade Brasileira de Cabelos – SBC (2018) a alopecia não atinge apenas o público masculino, como popularmente é divulgado e conhecido, o público feminino, em especial, após os 50 anos, tem sido acometida pela doença, estimando 30% dos casos. Nesse sentido, são classificados alguns tipos de calvície: alopecia areata, difusa, androgenética, total e cicatrial, e o surgimento destas está associado à alguns fatores como distúrbios hormonais, psíquicos, nutricionais e uso excessivo de produtos e processos químicos (ZORZETTO, 2007).  

Partindo da temática proposta, a alopecia androgenética – (AAG) é uma patologia inflamatória crônica que afeta diretamente o desenvolvimento e qualidade dos folículos pilosos. Nos homens, suas especificidades se dão através da diminuição do tamanho e espessura do fio, em decorrência da di-hidrotestosterona – (DHT), devido a transformação da testosterona pela enzima 5-alfa-redutase (MACHADO FILHO, 2011).  

Nas mulheres, a AAG caracteriza-se na diminuição da densidade e volume capilar, possibilitando áreas visíveis no couro cabeludo de queda excessiva de cabelo, ocorrendo alterações nas regiões frontais e parietais, decorrente dos níveis elevados de 5-alfa-redutase. Tanto nos homens quanto nas mulheres, a AAG é o resultado de predisposições genéticas em desenvolver esta patologia, causando a miniaturização dos fios e posteriormente, a queda (MOURA; FARIA, 2020).  

Deste modo, tratamentos têm sido desenvolvidos e estudos científicos debruçam-se em identificar métodos e terapias que possam minimizar o processo de perda de cabelo excessivo. No caso desta alopecia e considerando seus desdobramentos hormonais, a dinâmica do tratamento se dá através da redução da atividade androgenética nos folículos capilares, criando um bloqueio de evolução da 5-a-redutase, além de inibir o desenvolvimento da proteína androgenética e ainda, auxiliando na transformação dos andrógenos em estrógenos, uma vez que a AG, na sua origem, ocorre devido  interação de dois fatores: hormônios androgênicos, que as mulheres também possuem, predisposição genética, ou seja, o indivíduo já nasce predisposto a desenvolver esta doença. (AZULAY, 2011).  

Os tratamentos farmacológicos para esta problemática dermatológica, variam entre o uso de espironolactona e flutamida, que são caracterizados por serem antiandrógenos, a finasterida, que é um inibidor da 5-alfa-redutase, o minoxidil, que aumenta o fluxo sanguíneo e o acetato de ciproterona, que se trata de antiandrogênico, ou seja, este tende a diminuir os efeitos de hormônios masculinos no couro cabeludo. Além de terapias imbricadas a carboxiterapia e intradermoterapia, que se apresentam como técnicas de vasodilatação, possibilitando um melhor fluxo sanguíneo cutâneo, além da aplicação de toxina botulínica e uso oral de vitaminas e/ou minerais (GAVAZZONI, 2012).  

Com o avanço de pesquisas farmacológicas, a fitoterapia tem sido uma alternativa de tratamento não somente da AGG, mas de diversas patologias, no que tange a prevenção e tratamento. Trata-se uma terapia associada a ativos vegetais, ou seja, a partir de plantas existentes na biodiversidade mundial. Sua eficácia é revelada mediante os métodos usados em comunidades, sendo uma prática milenarmente usada, ainda, os medicamentos fitoterápicos devem ser avaliados e estudos analíticos etnofarmacológicos necessitam ser levantados, a fim de comprovar e garantir a segurança da população (BRASIL, 2010).  

Considerando os contextos que envolvem a alopecia, em especial, os inúmeros diagnósticos relacionados a esta patologia, este estudo será necessário em analisar a alopecia androgenética sob uma perspectiva de tratamento a partir da fitoterapia. A partir do exposto, o presente artigo terá como problema de pesquisa: As terapias fitoterápicas são eficientes no tratamento da alopecia androgenética?   

Nesse sentido, é imprescindível debater sobre os tratamentos terapêuticos fitoterápicos, compreendendo que seu uso pode ser eficaz no controle da doença, desde que usados de maneira que não ocasionem desdobramentos negativos no corpo humano.   

Assim, discorrer sobre a fitoterapia no tratamento da AAG é pertinente, uma vez que o presente estudo poderá ampliar as pesquisas já existentes, além de possibilitar futuras pesquisas acadêmicas no tocante a temática sugerida. Ainda, percebe-se a carência de estudos que abordam o uso de fitoterápicos no combate a alopecia androgenética. Portanto, debater sobre esta conjuntura é de suma importância, tendo em vista, os efeitos dessa patologia nos aspectos emocionais e/ou psíquicos do acometido. À vista disso, a pesquisa tem como objetivo estudar a eficiência da fitoterapia no controle da alopecia androgenética.  

2 MATERIAIS E MÉTODOS  

2.1 Tipo de estudo 

Este estudo trata-se de uma revisão integrativa de caráter exploratório do tipo bibliográfico e de perspectiva qualitativa.  

2.2 Estratégia de busca  

As buscas foram realizadas nas seguintes bases de dados eletrônicas: LILACS, utilizando-se descritores associados previamente consultados nos Descritores em Ciências da Saúde da BIREME (DECS), em língua portuguesa, são estes: alopecia; alopecia androgenética; tratamento com fitoterápicos. Recorreu-se aos operadores lógicos “AND”, “OR” e “AND NOT” para combinação dos descritores e termos utilizados para rastreamento das publicações. 

No que concerne ao Google Acadêmico, enquanto ferramenta de busca, também foi utilizada na construção desta revisão integrativa, foram utilizados os seguintes descritores: alopecia; alopecia androgenética; tratamento com fitoterápicos. 

O operador utilizado para combinação dos descritores e/ou termos foi o sinal de mais (+).  

Foram considerados como critérios de inclusão: (a) estudos que abordavam sobre alopecia androgenética; tratamento fitoterápico (b) Disponíveis na íntegra e de acesso livre; (c) Publicações no recorte temporal dos últimos dez anos (2012-2022); d) artigo de revisão de literatura e pesquisa pré-clínica. Foram excluídos artigos que não respondiam aos objetivos do estudo. 

2.4 Análise de Dados  

Para a análise de dados foi necessária uma leitura exploratória de todo o material utilizado e posteriormente uma leitura seletiva, além de analisar os registros de informações obtidos nos artigos selecionados, como por exemplo, os resultados e discussões encontrados, destaca-se que a pesquisa foi submetida a uma leitura analítica a partir de uma análise descritiva.  

3 RESULTADOS  

Considerando a metodologia proposta para estudo, inicialmente foi encontrado um total de 136 estudos, e após leitura dos resumos de cada artigo, foram pré-selecionados 22 artigos para uma leitura completa. A partir desta, apenas 10 artigos, foram finalmente selecionados para o desenvolvimento desse estudo (Quadro 1).  

Procedência Título do Trabalho Autores Periódico Considerações relevantes do trabalho 
Google Acadêmico Eficácia da fitoterapia no tratamento da alopecia androgenética MACEDO, JL. et al.,  Res., Soc. Dev. 2019; 8(5). Conclui-se que a utilização da fitoterapia é benéfica 9 e apresenta-se como uma forma de tratamento em casos de alopecia androgenética. Foi observado por meio da revisão que fitoterapia é utilizada no tratamento da alopecia, e foi verificado que esta terapêutica possui efeito no processo de crescimento capilar. 
Google Acadêmico Alopecia androgenética e seus tratamentos alternativos: uma revisão de literatura  BULLOS, BS. et al., Revista Eletrônica Acervo Médico, 6, 2022. Demonstrou-se que tratamentos fitoterápicos tem resultados positivos no tratamento da alopecia androgenética, especialmente no uso de óleos naturais e extrato de plantas. 
LILACS Medicamentos fitoterápicos no tratamento da alopecia androgenética NEIA, BGR. et al., Revista Referências Em Saúde Do Centro Universitário Estácio De Goiás, 2022. Para uso tópico, foi proposto um blend de óleo essencial de alecrim, hortelã-pimenta diluídos em óleo de rícino, sendo utilizado 1 vez ao dia, aplicando no couro cabeludo e massageando, deixando agir por algumas horas. De forma concomitante, o uso oral na forma de extrato seco padronizado de Curcuma aeruginosa, Saw palmeto e Withania somnifera, aliado ao tratamento, utilizar infusão de chá verde e cavalinha. 
Google Acadêmico O contributo da fitoterapia no tratamento da alopecia androgenética BLANCO, BM.  Revista Ibero-Americana De Humanidades, Ciências E Educação,  7(9), 2018. Observou-se a ação de algumas plantas ou dos seus componentes ao nível da AAG, tais como inibição da 5α-redutase tipo II, diminuição do nível de DHT, aporte de nutrientes, aumento do suprimento sanguíneo, ampliação folicular e prolongamento da fase anágena, efeitos antiapoptóticos, produção de IGF-I, alteração da atividade da PKC, indução do crescimento celular e expressão do gene de fatores de crescimento e também aromaterapia, que atuam na inibição da perda de cabelo ou promovem o crescimento deste. 
LILACS Possíveis benefícios do tratamento da alopecia androgenética  LIMA, LTH. SANTOS, FO. BERNANDES, MTC. Revista Científica De Estética E Cosmetologia, 2(1), 2022. A literatura encontrada apresenta tratamentos com uso tópicos de produtos à base de plantas naturais e a utilização de técnicas especificas para o tratamento da alopecia androgenética. Conclui-se que as inúmeras possibilidades de tratamentos para a alopecia androgenética tem apresentado resultados satisfatórios ao público que busca por tratamento contra a patologia 
Google Acadêmico Fitoterapia nos cuidados capilares: segurança e eficácia  PEREIRA, DFS. Monografia realizada no âmbito da unidade Estágio Curricular do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas, apresentada à Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra, 2012. As plantas: Glycine max (L.) Merr. (G.hispida (moench) Mazim.), Serenoa repens (W.Bartram) Small, Cinchona pubescens Vahl (C. succirubra Pavon), Citrus x aurantium L. ssp. amara Eng., Glycyrhiza glabra L., Arctium lappa L., Ruscus aculeatus L., Ginkgo biloba L., Panax ginseng C. A. Mey, Melaleuca alternifolia (Maiden & Betche) Cheel, Pfaffia paniculata (Mart.) Kuntze., Prunus armeniaca L., Mentha x piperita L. e Urtica dioica L., apresentaram resultados positivos na minimização da alopecia androgenética.  
Google AcadêmicoFitoterapia na Alopecia Androgenética. SILVIA, MA. Universidade Federal da Paraíba CNPQ: Ciências da Saúde: Farmácia,2021.Sugere-se que os produtos à base de plantas têm propriedades capazes de interferir em processos relacionados com a patogénese da doença com a vantagem de apresentarem menos efeitos adversos. Na presente monografia, são resumidas as atividades de plantas como Serenoa repens (Bartr.) Small, Cucurbita pepo L., Cuscuta reflexa R., Eclipta alba L., Camellia sinensis (L)., Capsicum annuum L., Ginkgo biloba L.,. e Panax ginseng C.A. Meyer, frequentemente incluídas em formulações utilizadas na terapêutica fitoterápica da AAG. Contudo, os estudos sobre sua eficácia e segurança ainda são limitados. Muitas plantas não foram testadas em ensaios clínicos, tendo apenas evidências in vivo em animais ou in vitro para o crescimento do cabelo. Assim, ainda são necessários mais estudos no âmbito da fitoterapia como terapêutica alternativa na AAG. 
Google AcadêmicoUma análise comparativa sobre as ações do óleo essencial de lavanda e do minoxidil no tratamento da alopecia androgenética masculinaTOUGUINHÓ, CR. SILVA, RF.Revista ibero- americana de humanidades, ciências e educação. V. 8 n. 4 (2022)  O óleo essencial de lavanda apresentou resultados positivos no tratamento da AAG, sem efeitos colaterais. Enquanto, o Minoxidil apesar de apresentar bons resultados, alguns feitos adversos foram descritos durante o tratamento.
Google AcadêmicoPlantas Medicinais no Tratamento da Queda do Cabelo COSTA, DMF. Revista eletrônica Estácio saúde, vol. 5, no 1, 2021. Observou-se que as plantas Panax ginseng e  Rosmarinus officinalis L, apresenta maiores estímulos de crescimento., apresentam uma resposta eficiente no tratamento da AAG. 
LILACSFitoterápicos no tratamento da alopecia androgenéticaDAMARES, MY.Revista Artigos. Com, 29, e7563, 2021Evidenciou-se que os medicamentos e os fitoterápicos atuam inibindo a ação da enzima 5 α redutase ou através de uma vasodilatação com aumento da nutrição do folículo piloso reduzindo a perda de cabelo.
Quadro 1: Artigos utilizados nesta revisão integrativa.

4 DISCUSSÃO  

Nos estudos de Macedo et al., (2019) a Alopecia Androgenética (AAG) caracteriza-se como uma patologia dermatológica de origem multifatorial, poligeneticamente determinada que afeta ambos os sexos. Geralmente a AAG começa a surgir na adolescência e atinge o seu pico sintomatológico aos 50 anos, uma vez que os indivíduos vão apresentando fios menos espessos e pigmentados, decorrência da miniaturização progressiva não cicatrial do folículo piloso.  

De acordo com Silva (2021) a AAG ocorre especialmente pelo excesso da 5αdihidrotestosterona (DHT), produto da conversão irreversível da testosterona pela 5αredutase (5αR), que induz a miniaturização do folículo piloso, contribuindo em alterações no ciclo piloso e, portanto, levando à queda de cabelo. Outros fatores como a influência genética, fatores ambientais, estilo de vida e inflamação estão envolvidos na patogénese da AAG.  

Corroborando com esta concepção, autores afirmam que a natureza hereditária que contribui para a susceptibilidade individual da alopecia androgenética ainda não está totalmente esclarecido, mas sabe-se que a herança poderá ser do pai ou da mãe, pois o sequenciamento do gene do receptor de androgênio (androgen receptor) está localizado no cromossomo X. Estudos sugerem um padrão de herança quantitativo ou poligênico, quando diversos pares de genes interagem para determinar uma característica (NEIA et al., 2022); (PEREIRA, 2012). 

A papila dérmica dos folículos capilares, sob influência dos andrógenos, secreta muitas citocinas (TGF β 1, IL-1 α, e TNF α) que poderão estimular a terminação prematura da fase anágena, potencializado a queda excessiva de cabelos, bem como a diminuição do processo de crescimento dos folículos capilares. Compreendendo que esta patologia afeta de sobremaneira a qualidade de vida do indivíduo, uma vez que interfere em sua autoestima, muitos tratamentos estão/foram desenvolvidos para minimizar os efeitos da AAG (PEREIRA, 2012). 

Deste modo, muitos tratamentos como: Minoxidil, Finasterida e Espironolactona tem sido relatado nas literaturas como tratamentos que previnem a progressão da queda dos cabelos. Contudo, estas alternativas de tratamentos apresentam diversos efeitos colaterais. O uso de Minoxidil no tratamento da AGG está diretamente relacionado ao surgimento de dermatite atópicas (TOUGUINHÓ; SILVA, 2022); (SILVA, 2021).  

Já o uso da Finasterida é recomenda apenas para o sexo masculino e situações de: disfunção erétil, diminuição da libido e do volume da ejaculação, tem sido relacionado ao tratamento com este fármaco. No que tange a Espironolactona, efeitos colaterais têm sido relacionados ao uso deste, tais como: regularidades menstruais, distúrbios eletrolíticos e hipotensão ortostática (LIMA; SANTOS; BERNANDES, 2022). 

Ainda, os fármacos comumente utilizados têm recorrência de retrocesso no tratamento após a interrupção do uso e a utilização destes geram efeitos colaterais adversos como prurido, hirsutíssimo, eritema, disfunção erétil, diminuição da libido, anomalias fetais, irregularidades menstruais, e por estes motivos, alguns pacientes se recusam a aderir ao tratamento. Além desses efeitos colaterais, a eficácia terapêutica dos medicamentos atuais não é abrangente. Desta forma a busca por outras alternativas terapêuticas no tratamento da alopecia androgenética tem estudado as propriedades das plantas medicinais, objetivando encontrar novos agentes terapêuticos com melhor eficácia e menos efeitos colaterais (LIMA; SANTOS; BERNANDES, 2022). 

Estudos relacionados ao tratamento da AAG a partir de fitoterápicos tem demonstrado o uso de extrato de plantas que bloqueiam o DHT, como por exemplo a Serenoa repens, Saw palmetto, que também possuem efeitos antimicrobianos e antifúngicos (BULLOS et al., 2022); (BLANCO, 2018). Além destes, outras plantas como: Camellia sinensis ou chá verde, alecrim, extrato de Panax ginseng, óleo de hortelã-pimenta (PEREIRA, 2012).  

De acordo com Bullos et al., (2022) o óleo essencial da Serenoa rapens atua de forma semelhante ao mecanismo de ação da finasterida, ou seja, inibindo a ação da enzima 5-alfa-redutase. Este processo ocorre devido a presença de ácidos graxos e beta sitosterol, em consequência reduz-se a conversão da testosterona em dihidrotestosterona, processo que ocasiona a alopecia androgenética. Os resultados em seu estudo, demonstraram melhora de 60% na aparência do cabelo, 27% de aumento na quantidade de cabelo, aumento da densidade em 83,3% e uma estabilização da progressão da doença em 52%. O uso deste fitoterápico não apresentou efeitos adversos significativos. 

Nos estudos de Blanco (2018) e Damares (2021) o Saw palmetto e Ho-showwu e apresenta efeito proliferativo e antiapoptótico nas células da papila dérmica e reduz a ação da enzima 5-alfa-redutase. Ainda, a cúrcuma de nome científico Curcuma aeruginosa Roxb., em um estudo in-vitro observou-se que os sesquiterpenos presentes na planta, apresentaram atividade inibitória contra a conversão de testosterona em DHT, com efeito antiandrogênico através da inibição da atividade da 5α-redutase.  

Em relação ao óleo de hortelã-pimenta (Mentha piperita), Damares (2021) realizou um estudo durante quatro semanas para avaliar os efeitos benéficos deste óleo no crescimento do cabelo. Vinte camundongos divididos em quatro grupos receberam diferentes aplicações tópicas. Um grupo utilizou solução salina (SA), outro grupo óleo de jojoba (JO), em outro foi aplicado 3% de minoxidil (MXD), 3% de óleo de hortelã-pimenta (PEO) foi aplicado em um quarto grupo.  

Por um período de 4 semanas, numa frequência de 6 dias por semana, cada composto (100 μl) foi aplicado topicamente na área dorsal raspada dos camundongos. Antes do início da aplicação, todos os folículos capilares foram sincronizados no estágio telógeno. O óleo de hortelã-pimenta, no estudo realizado, mostrou ser mais eficaz em comparação as outras substâncias utilizadas. A aplicação tópica de PEO demonstrou induzir o crescimento do cabelo, aumentou o número e a profundidade dos folículos capilares (DAMARES, 2021). 

Costa (2021) apresentou resultados satisfatórios em relação a extrato do Panex ginseng, a partir dos compostos ginsenosídeos isolados e do minoxidil no crescimento do cabelo usando cultura de células. Os resultados mostraram que este extrato promoveu o crescimento do cabelo por mecanismos semelhantes aos do minoxidil, porém apresentando maiores estímulos de crescimento. 

Ainda, na mesma literatura de Costa (2021) a planta Rosmarinus officinalis L. (alecrim), apresentou um resultado a partir de um estudo durante seis meses em 100 pacientes do sexo masculino, com alopecia androgenética com idades entre 18 e 49 anos. O estudo teve por objetivo avaliar a eficácia e segurança do óleo de alecrim no tratamento da alopecia androgenética em comparação com o minoxidil. Ao final de seis meses, a pesquisa apresentou resultados satisfatórios, uma vez que 15 pacientes apresentaram um aumento da quantidade de cabelo, resultado semelhante ao do minoxidil, mas aqueles que utilizaram o óleo de alecrim não apresentaram efeitos adversos como prurido. O óleo de alecrim possui propriedades antioxidantes e vasodilatadoras, aumentando a circulação sanguínea nos capilares do couro cabeludo resultando no estímulo do crescimento do cabelo. 

No entanto, é pertinente ampliar as abordagens científicas e clínicas que possam garantir, a eficácia da fitoterapia no controle e tratamento da alopecia androgenética, uma vez que o uso excessivo e indiscriminado desses medicamentos tanto em via oral quanto utópica podem corroborar em processos de intoxicação, alergias, dentre outros (NEIA, 2022). 

Dado o exposto, é imprescindível que qualquer método de tratamento para o controle e combate da AAG, sejam prescritos ou destinados de forma responsável aos pacientes, tendo em vista que, apesar de possuírem características naturais, ainda assim, contemplam e compõem aspectos medicamentosos e para que alcancem objetivos positivos de tratamento, devem ser manuseados corretamente, no tocante a dosagem, tempo de uso, dentre outras especificidades, a fim de contribuir para a melhora do paciente, garantindo seu bem estar físico e emocional. 

5 CONCLUSÃO  

A partir da literatura elencada para este estudo, evidenciou-se que a Alopecia Androgenética é um tipo de alopecia de caráter progressivo, sem cura e que acomete homens e mulheres de diferentes faixas etárias. Deste modo, foi pertinente apresentar novos tratamentos para o controle desta doença, uma vez que os medicamentos convencionais disponíveis apresentam efeitos colaterais significativos. Pode-se observar e concluir que o uso de compostos bioativos naturais apresenta inúmeros benefícios no controle desta doença. Assim, este trabalho apresenta como sugestão de tratamento a partir da literatura estudada: a utilização de óleo essencial de alecrim e hortelã-pimenta, cúrcuma, Saw palmetto, Panex ginseng, Ho-show-wu, Serona rapens. É importante destacar a importância de ampliar os estudos acerca dos ativos dessas plantas no tratamento da AAG, especialmente em relação ao uso prolongado destes.  

REFERÊNCIAS  

AZULAY, R. D., Dermatologia, Rio de Janeiro: Ed. Guanabara Koogan, 2011. 

BARSANTI, Luciano. Saiba tudo sobre cabelos: estética, recuperação capilar e prevenção da calvície. São Paulo – SP. Editora Elevação. 2009. 

BLANCO, BM. O contributo da fitoterapia no tratamento da alopecia androgenética. Revista Ibero-Americana De Humanidades, Ciências E Educação, 7(9), 2018. Disponível em: https://estudogeral.sib.uc.pt/bitstream/10316/84716/1/Bruna%20Martins%20Blanco% 20Final.pdf. Acesso em: 01 de nov. de 2022. 

BULLOSB. S., BULLOSB. S., MORAISM. E. F. F., MORAISM. I. F. F., & MAIAL. M. DE O. (2022). Alopecia androgenética e seus tratamentos alternativos: uma revisão de literatura. Revista Eletrônica Acervo Médico, 6, e10053. Disponível em: https://doi.org/10.25248/reamed.e10153.2022. Acesso em: 29 de out. de 2022. 

BRASIL. Ministério da Saúde. Fitoterapia no SUS e o Programa de Pesquisas de Plantas Medicinais da Central de Medicamentos. 2010. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/fitoterapia_no_sus.pdf. Acesso em: 01 de set. de 2022.  

COSTA, DMO. Plantas Medicinais no Tratamento da Queda do Cabelo. 2021. Disponível em: https://estudogeral.sib.uc.pt/handle/10316/98967. Acesso em: 11 de nov. de 2022. 

DAMARES, MY. Fitoterápicos no tratamento da alopecia androgenética. Revista Artigos. Com, 29, e7563, 2021. Disponível em: https://www.draberenicecunhawilke.com.br/post/calv%C3%ADcie-oualop%C3%A9cia-androgen%C3%A9tica-post-16-medicina-integrativa. Acesso em: 12 de nov. de 2022. 

GAVAZZONI, M.F.R. Dermatologia das alopecias e estudos de cabelo. Editora: Clamad. 2012. 

LIMA, LTH. SANTOS, FO. BERNANDES, MTC.. (2022). Possíveis benefícios do tratamento da alopecia androgenética. Revista Científica De Estética E Cosmetologia, 2(1), E048202 – 1. Disponível em: https://doi.org/10.48051/rcec.v2i1.48. Acesso em: 05 de nov. de 2022. 

MACEDO, JL. OLIVEIRA, ASSS. PEREIRA, HC. ASSUNÇÃO, FD. REIS, ER. ASSUNÇÃO, MJ. Eficácia da fitoterapia no tratamento da alopecia androgenética. Res., Soc. Dev. 2019; 8(5):e285868. Disponível em: https://pdfs.semanticscholar.org/e2b0/a60c6367b59e762f91c185640ebe28ab5201.p df. Acesso em: 19 de out. de 2022. 

MACHADO FILHO, C. B. Alopecia androgenética masculina: Revisão e atualização em tratamentos. Tese (Pós-Graduação de Medicina Estética) Universidade Tuiuti do Paraná, Curitiba. 2011. 

MOURA, A.R.A. FARIA, W.J.J. Alopecia androgenética: análise das causas e alguns tratamentos. 2020. Disponível em: http://repositorio.aee.edu.br/handle/aee/9528. Acesso em 02 de set. 2022. 

NEIA, BGR. BARRETO, ELGN. XAVIER, TSB. FUMIERE, M. Medicamentos fitoterápicos no tratamento da alopecia androgenética. 2022. Disponível em: https://multivix.edu.br/wp-content/uploads/2022/08/medicamentos-fitoterapicos-notratamentoda-alopecia-androgenetica.pdf. Acesso em: 30 de out. de 2022. 

PEREIRA, DFS. Fitoterapia nos cuidados capilares: segurança e eficácia. 2015. Disponível em: https://estudogeral.sib.uc.pt/handle/10316/87717. Acesso em: 29 de out. de 2022. 

SBC. Sociedade Brasileira de Cabelo. Alopecia Androgenética. 2018. Disponível em: https://www.sbd.org.br/dermatologia/cabelo/doencas-e-problemas/alopeciaandrogenetica/25/. Acesso em 02 de set. de 2022. 

SILVA, MA. Fitoterapia na Alopecia Androgenética. 2021. Disponível em: https://eg.uc.pt/handle/10316/98997. Acesso em: 10 de nov. de 2022.  

TOUGUINHÓ, C. R. ., & SILVA, R. F. DA . (2022). Uma análise comparativa sobre as ações do óleo essencial de lavanda e do minoxidil no tratamento da alopecia androgenética masculina. Revista Ibero-Americana De Humanidades, Ciências E Educação, 8(4), 375–394. Disponível em: https://doi.org/10.51891/rease.v8i4.5061. Acesso em:  10 de nov. de 2022.  


1Acadêmico do Curso de Farmácia, Universidade CEUMA. Laboratório de Biotecnologia, Universidade CEUMA.
Artigo científico apresentado à Universidade CEUMA, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Farmácia

2Docente do Curso de Farmácia, Universidade CEUMA. Laboratório de Biotecnologia, Universidade CEUMA.