THE IMPORTANCE OF PRIMARY PREVENTION IN CARDIOVASCULAR DISEASES: A LITERATURE REVIEW
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11552903
Cloves José marques neto1
Geraldo Procopio de oliveira neto2
João Marcos Faria Gonçalves3
Vanessa Regina Maciel Uzan de Morais4
RESUMO: Introdução: O artigo aborda a significativa prevalência e impacto das doenças cardiovasculares (DCVs) a nível global, destacando sua posição como uma das principais causas de morte. É enfatizada a importância da prevenção primária na redução da morbidade e mortalidade associadas às DCVs, ressaltando a necessidade de abordagens preventivas eficazes. Metodologia: Foi realizada uma revisão bibliográfica sistemática, com busca de artigos nas bases de dados PubMed, Google Scholar e SciELO, abrangendo o período de 2019 a 2024. Os critérios de inclusão e exclusão foram definidos previamente, focando em estudos relacionados à prevenção primária das DCVs e intervenções de saúde pública. Discussão: A discussão aborda os fatores de risco associados às DCVs, destacando tanto os imutáveis (como sexo e idade) quanto os mutáveis (como sedentarismo e tabagismo). São discutidos programas de prevenção primária, iniciativas governamentais e ferramentas de avaliação de risco cardiovascular, como a Escala de Framingham. Além disso, são explorados os impactos dos hábitos alimentares e da atividade física na saúde cardiovascular, ressaltando a importância de uma abordagem multidisciplinar. Conclusão: A pesquisa ofereceu uma visão abrangente sobre a importância da prevenção primária das DCVs, destacando a necessidade de programas educativos e preventivos eficazes. Os resultados enfatizaram a relevância da educação na conscientização sobre a saúde do coração, bem como a implementação de estratégias integradas de saúde pública. Recomenda-se o fortalecimento dessas iniciativas para reduzir a incidência e o impacto das DCVs, visando melhorar a qualidade de vida da população e diminuir a carga dessas doenças na sociedade.
Palavras-chave: Doenças Cardiovasculares, Prevenção Primária, Fatores de Risco Cardiovascular.
ABSTRACT: Introduction: The article addresses the significant prevalence and impact of cardiovascular diseases (CVDs) globally, highlighting their position as one of the leading causes of death. The importance of primary prevention in reducing morbidity and mortality associated with CVDs is emphasized, underscoring the need for effective preventive approaches. Methodology: A systematic literature review was conducted, searching for articles in PubMed, Google Scholar, and SciELO databases, covering the period from 2019 to 2024. Inclusion and exclusion criteria were defined beforehand, focusing on studies related to primary prevention of CVDs and public health interventions. Discussion: The discussion examines the risk factors associated with CVDs, highlighting both immutable factors (such as sex and age) and mutable factors (such as sedentary lifestyle and smoking). Primary prevention programs, governmental initiatives, and tools for cardiovascular risk assessment, such as the Framingham Risk Score, are discussed. Additionally, the impacts of dietary habits and physical activity on cardiovascular health are explored, emphasizing the importance of a multidisciplinary approach. Conclusion: The research provides a comprehensive insight into the importance of primary prevention of CVDs, emphasizing the need for effective educational and preventive programs. The results underscore the significance of education in raising awareness about heart health, as well as the implementation of integrated public health strategies. Strengthening these initiatives is recommended to reduce the incidence and impact of CVDs, aiming to improve population quality of life and decrease the burden of these diseases on society.
Keywords: Cardiovascular Diseases, Primary Prevention, Cardiovascular Risk Factors.
1 INTRODUÇÃO
De acordo com a OMS, as doenças cardiovasculares (DCV) abrangem um grupo de condições que afetam o coração e os vasos sanguíneos, incluindo doença cardíaca coronária, doença cerebrovascular, doença arterial periférica, doença cardíaca reumática, doenças cardíacas congênitas e trombose venosa profunda. Destaca-se ainda que as DCV são a principal causa de morte em todo o mundo, com estimativas indicando que 17,9 milhões de pessoas morreram em decorrência dessas doenças em 2019, representando 32% de todas as mortes globais. Dessas mortes, 85% foram devido a ataque cardíaco e acidente vascular cerebral (OMS, 2021).
A partir disso, é possível identificar que dentre essas doenças, no topo do ranking de mortes no país por DCV, a doença isquêmica do coração (DIC) é a líder, representando um índice de aproximadamente 12,3% dos óbitos. Em segundo lugar, encontra-se o acidente vascular cerebral (AVC), sendo notório seu acometimento maior nas mulheres (10,39%), quando comparadas aos homens (8,41%) (Oliveira & Wenger, 2022).
Existem três tipos de estratégias de prevenção que podem diminuir os impactos das DVC. A prevenção primária consiste nas medidas adotadas por um indivíduo para evitar o desenvolvimento da doença. Por outro lado, a prevenção secundária concentra-se na redução dos efeitos da doença por meio de um diagnóstico precoce, antes que ocorram danos críticos e irreversíveis, evitando assim complicações graves e até mesmo morte devido a uma condição cardiovascular. Já a prevenção terciária é implementada após o diagnóstico da doença, visando ajudar os pacientes a gerenciar sua condição e minimizar os efeitos adversos a longo prazo (Fiqueiredo,2022).
Como um dos meios mais eficazes de prevenção, a atenção primária se destaca no combate às doenças cardiovasculares visto que preconizar o controle dos principais fatores de risco e pode garantir uma diminuição da taxa de mortalidade nas próximas gerações, além de reduzir os altos custos gerados no SUS. O conhecimento sobre a abrangência das DCNT no Brasil e principalmente em nível municipal faz parte das ações necessárias para o combate mais efetivo dessas doenças, evitando, assim, sobrecarga para os serviços de emergência (Buriol et al., 2020).
Nessa perspectiva, o objetivo do presente estudo é compreender a importância da prevenção primária no diagnóstico das doenças cardiovasculares, reconhecendo sua relevância crucial na redução da morbidade e mortalidade associadas a essas condições.
2 METODOLOGIA
Para realizar esta revisão bibliográfica, foi realizada uma busca sistemática de artigos nas bases de dados PubMed, Google Scholar e SciELO. A busca foi conduzida com foco em estudos publicados nos anos entre 2019 a 2024. Os termos de busca utilizados foram selecionados com o objetivo de abranger todos os aspectos relevantes da prevenção primária das doenças cardiovasculares. Os termos de busca incluíram, mas não se limitaram a: “prevenção primária”, “doenças cardiovasculares”, “fatores de risco cardiovascular”, “intervenções de saúde pública”, entre outros relevantes.
Os critérios de inclusão foram os seguintes: estudos originais, relacionadas à prevenção primária das doenças cardiovasculares; estudos publicados entre 2019 a 2024; estudos com foco em intervenções de saúde pública relacionados a DCVs, estratégias de prevenção primária e fatores de risco cardiovascular. Os critérios de exclusão incluíram: estudos não relacionados à prevenção primária das doenças cardiovasculares, estudos duplicados e estudos com metodologia inadequada ou fora da data da pesquisa.
Após a extração dos dados, os resultados foram sintetizados e analisados qualitativamente. Os achados dos estudos incluídos foram agrupados por temas relevantes, permitindo uma análise abrangente dos tipos e da importância da prevenção primária nas doenças cardiovasculares. Quando apropriado, foram realizadas análises quantitativas para resumir os resultados das intervenções ou fatores de risco cardiovascular.
3 DISCUSSÃO E CONCLUSÃO
3.1 Abordando a Importância da Prevenção Primária das Doenças Cardiovasculares (DCVs)
As doenças cardiovasculares são atualmente uma das principais razões de morte em todo o mundo. No Brasil, essas condições representam graves complicações e são responsáveis por uma proporção significativa de óbitos, chegando a cerca de um terço de todas as mortes. Os principais fatores para DCV podem ser categorizados em dois tipos: fatores de risco imutáveis, como sexo, idade e hereditariedade; e fatores de risco mutáveis, associados aos hábitos de vida, como sedentarismo, obesidade, hipertensão arterial sistêmica, estresse, ansiedade, diabetes mellitus, dislipidemias, tabagismo e alcoolismo (Avelino, et al., 2020).
Os fatores de risco das DCV podem agir isoladamente ou em conjunto, afetando o funcionamento do sistema cardiovascular. Tais fatores podem aumentar a probabilidade de desenvolver uma doença cardiovascular ao longo de uma década. O estilo de vida desempenha um papel fundamental na saúde cardiovascular, e comportamentos de risco, como sedentarismo e consumo excessivo de álcool, merecem atenção. Além dos fatores de risco não modificáveis, como pressão arterial elevada e colesterol alto, existem também os modificáveis, que podem ser controlados por meio de mudanças no estilo de vida, como dieta saudável e prática regular de exercícios físicos. Durante a adolescência, mudanças fisiológicas podem aumentar o risco de problemas cardiovasculares, destacando a importância de programas de saúde pública que desencorajem comportamentos prejudiciais. Incentivar a prática regular de exercícios físicos e hábitos saudáveis é essencial para reduzir o risco de DCV e promover a saúde da população (Macedo & Garcia, 2022).
Os programas de prevenção primária para a saúde do coração buscam reduzir a frequência e a gravidade das doenças cardiovasculares, promovendo estilos de vida e hábitos saudáveis. Um estudo conduzido pelo Programa de Saúde Cardíaca de Minnesota (MHHP) destacou a importância da educação na prevenção de doenças cardiovasculares. Em Mankato, onde o programa foi implementado, houve um aumento significativo na conscientização sobre a saúde do coração. Após três anos, a maioria dos adultos participou de atividades educacionais, como triagens e aulas de saúde. A exposição às mensagens de prevenção também aumentou, sugerindo que o programa teve um impacto positivo na comunidade (Ito, 2024).
Acerca da prevenção primaria, o Ministério da Saúde, afirma que a avaliação do risco cardiovascular realizada na Atenção Primária é fundamental para a prescrição de um cuidado mais adequado, que pode incluir tanto medidas medicamentosas quanto não-medicamentosas. É importante adicionar que, o Ministério da Saúde aderiu à iniciativa HEARTS, que enfoca a prevenção e controle das doenças cardiovasculares (DCV) por meio da atenção primária à saúde. Seus principais pilares incluem protocolos de tratamento simplificados, acesso a medicamentos essenciais, monitoramento e avaliação, aconselhamento sobre mudanças no estilo de vida e gerenciamento de risco cardiovascular baseado na avaliação individual. Essa abordagem busca fortalecer os sistemas de saúde e promover intervenções abrangentes para reduzir a incidência e impacto das DCV (Ministério da saúde, 2022).
A escala de Framingham (EF) é uma ferramenta essencial derivada do estudo de longo prazo iniciado em 1948, conhecido como Framingham Heart Study. Este estudo teve como objetivo identificar os fatores de risco que contribuem para o desenvolvimento de DCV, acompanhando um grupo significativo de participantes antes que eles manifestassem sintomas de DCV ou sofressem um evento cardíaco ou derrame. A EF é uma ferramenta crucial utilizada para estimar a probabilidade de ocorrência de eventos cardiovasculares, como ataques cardíacos, derrames, doença arterial periférica ou insuficiência cardíaca, ao longo de um período de 10 anos. Para determinar o risco cardiovascular de um indivíduo, a Escala de Framingham considera uma série de fatores de risco, como idade, sexo, pressão arterial, colesterol total, colesterol HDL, tabagismo e presença de diabetes. Com base nessas informações, é calculado o escore de risco, que representa a probabilidade estimada de ocorrência de eventos cardiovasculares (Santos; Cunha; Dualibe,2023).
Um estudo recente estudo avaliou o risco cardiovascular em pacientes hipertensos utilizando o ERF, revelando que a maioria apresentou baixo risco (66,67%), enquanto 33,33% demonstraram risco moderado de desenvolver uma DCV em 10 anos. As análises também mostraram que a estratificação do risco cardiovascular foi mais comum no sexo masculino, com 80% classificados como moderado, enquanto no feminino predominou o baixo risco (78,94%). Esses resultados ressaltam a importância da identificação precoce do alto risco cardiovascular nesses pacientes, permitindo intervenções terapêuticas mais assertivas. As DCV representam um desafio global de saúde, com a Hipertensão Arterial (HA) como um dos principais fatores de risco. No entanto, devido à sua natureza muitas vezes assintomática, a detecção precoce é fundamental. Nesse sentido, o ERF permite a avaliação do risco cardiovascular em pacientes hipertensos. Através desse método, é possível determinar prognósticos e orientar o tratamento de forma mais eficaz, promovendo uma abordagem transformadora na prevenção e no controle das DCV facilitando uma intervenção precoce e um diagnóstico oportuno (Silva et al., 2021).
Além disso, os hábitos alimentares exercem uma influência direta na saúde cardiovascular e, representando uma forma primária de prevenir doenças crônicas não transmissíveis (DCNT). Diversos estudos evidenciam que a inclusão regular de certos alimentos na dieta pode reduzir significativamente o risco de doenças cardíacas. Por exemplo, vegetais de folhas verdes, como acelga, agrião e espinafre, são ricos em nutrientes essenciais como vitaminas, minerais e antioxidantes, contribuindo para a saúde das artérias e para a redução da pressão arterial. Além disso, grãos integrais, como arroz integral e quinoa, são fontes importantes de fibras solúveis, que demonstraram reduzir o risco de morte coronariana e de doenças cardíacas. Frutas vermelhas e uvas, devido ao seu alto teor de antioxidantes, também desempenham um papel crucial na saúde cardiovascular, reduzindo fatores de risco como o colesterol LDL. Alimentos como abacates, peixes gordos ricos em ômega-3, nozes, feijões, chocolate amargo, tomates, sementes e alho foram associados a benefícios para a saúde do coração, incluindo a redução do colesterol LDL, melhora da pressão arterial e proteção contra a inflamação. Por outro lado, o consumo de alimentos ricos em sódio e processados, que têm sido associados a um aumento do risco de doenças cardíacas (Lima et al.,2020).
Bem como, bons hábitos alimentares são fundamentais para prevenção das DNV a atividade física também desempenha um papel crucial na proteção da saúde, reduzindo o risco de doenças crônicas e mortalidade prematura por doenças cardiovasculares. No entanto, apesar dos benefícios conhecidos, o nível baixo e a inatividade física continuam sendo preocupantes globalmente, especialmente em sociedades urbanizadas e industrializadas. Diante disso, é essencial identificar práticas adequadas que promovam os efeitos protetores do exercício físico para a saúde. Além disso, o padrão alimentar recomendado, destacado pelo Guia Alimentar para a População Brasileira, ressalta a importância do consumo de alimentos in natura ou minimamente processados, reconhecidos como marcadores de uma alimentação saudável. No entanto, práticas alimentares inadequadas, influenciadas, em parte, pela mídia televisiva, têm contribuído para distúrbios como a obesidade, destacando a necessidade de intervenções educativas e preventivas. A atuação da equipe multidisciplinar, incluindo enfermeiros e farmacêuticos, torna-se fundamental na promoção de hábitos saudáveis e na garantia de acesso a medicamentos e cuidados adequados. No entanto, o desafio persiste, pois, o sedentarismo e a má alimentação continuam sendo problemas de saúde pública, demandando ações eficazes para promover um estilo de vida ativo e uma dieta balanceada (Gomes; Lopes; Alvin, 2021).
4 CONCLUSÃO
A pesquisa realizada ofereceu uma visão abrangente sobre a importância da prevenção primária das doenças cardiovasculares (DCVs) e destacou a relevância de abordagens preventivas eficazes para lidar com esse problema de saúde pública. Ao abordar os fatores de risco modificáveis e não modificáveis associados às DCVs, identificamos a necessidade urgente de promover mudanças no estilo de vida e implementar programas de prevenção eficazes.
Os resultados destacaram a importância da educação na prevenção das DCVs, com programas como o desenvolvido pelo Programa de Saúde Cardíaca de Minnesota, demonstrando um impacto positivo na conscientização e nas práticas de saúde da comunidade. Além disso, a implementação de iniciativas como o Protocolo HEARTS pelo Ministério da Saúde ressalta o compromisso com abordagens integradas e baseadas em evidências para prevenir e controlar as DCVs.
A utilização da Escala de Framingham como ferramenta de avaliação do risco cardiovascular foi discutida, evidenciando sua importância na identificação precoce de pacientes em risco e na orientação de estratégias preventivas personalizadas. Da mesma forma, a influência dos hábitos alimentares e da atividade física na saúde cardiovascular foi enfatizada, destacando a necessidade de promover uma alimentação saudável e a prática regular de exercícios como componentes essenciais da prevenção primária das DCVs.
Em suma, a pesquisa respondeu de forma eficaz ao problema proposto, ampliando a compreensão sobre a importância da prevenção primária das DCVs e fornecendo insights valiosos para lidar com esse desafio de saúde pública. Como sugestão, recomenda-se o fortalecimento de programas educativos e preventivos, a promoção de estilos de vida saudáveis e o desenvolvimento de estratégias integradas de saúde pública para reduzir a incidência e o impacto das DCVs, visando melhorar a qualidade de vida da população e reduzir a carga das doenças cardiovasculares na sociedade.
REFERÊNCIAS
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1 Acadêmico do Curso de medicina – Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos
2 Acadêmico do Curso de medicina – Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos
3 Acadêmico do Curso de medicina – Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos
4Orientadora Vanessa Regina Maciel Uzan de Morais, médica graduada pelo ITPAC-Porto, com graduação em Farmácia-Bioquímica pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas da UNESP- Araraquara, especialista em Farmacologia Clínica e Atenção Farmacêutica pela Universidade de Ribeirão Preto e mestrado em Ciências da Saúde com ênfase em Oncologia pela Fundação Pio Xl – Hospital de Câncer de Barretos (HCB) –Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos