IMPACTO DA PANDEMIA COVID-19 NA SAÚDE MENTAL DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11199080


Ester Mariane Severino De Oliveira
Lucas Aparecido Torres Dos Santos
Renata Da Silva Andrade
Orientadora: Prof. Esp. Rosimeire Faria do Carmo


Resumo: Identificar os fatores que contribuíram de forma negativa na saúde mental dos profissionais de saúde, analisar o índice de profissionais afastados por doenças mentais associadas ao período da pandemia COVID-19. Objetivo: identificar o impacto relacionado a saúde mental dos profissionais da saúde que atuaram na linha de frente no combate da COVID-19, mostrar o índice de absenteísmo da equipe multidisciplinar e evidenciar as principais patologias resultantes do período pandêmico, avaliando o nível da assistência prestada, intensidade de trabalho e desgaste mental da equipe durante o período da pandemia. Método: trata-se de uma revisão integrativa da literatura, com artigos pesquisados e publicados nas bases de dados, Scientific Eletronic Librany Online (SciELO), Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), contemplando os anos de 2021 a 2023, sendo mantidos para a escrita 15 artigos. Desenvolvimento: Destaca-se os desafios enfrentados pelos profissionais da saúde durante a pandemia da COVID 19 que resultou no impacto na saúde mental dos profissionais de enfermagem incluindo estresse, ansiedade, entre outros. É necessário reconhecer os desafios e receber apoio adequado para a proteção do bem estar emocional. Conclusão: Os profissionais que atuaram diante ao período da pandemia COVID-19, ficaram adoecidos e até mesmo afastados de suas atividades, associado ao aumento da carga de trabalho, cobrança excessiva e índice de mortalidade aumentado, gerando assim um nível de tensão elevado causando grande desequilíbrio emocional e mental dos profissionais.

Palavras-chave: COVID-19. Saúde Mental. Pandemia.

Abstract: Identify the factors that have contributed negatively to mental health of health professionals, to analyze the rate of professionals on sick leave due to mental illness associated with the COVID-19 pandemic. Objective: The mentioned research aims to identify predictors related to the mental health of healthcare professionals who worked on the front lines in the fight against COVID-19. It seeks to demonstrate the absenteeism rate of the multidisciplinary team, highlight the primary pathologies resulting from the pandemic period, assess the level of provided assistance, and evaluate the intensity of word and mental strain on the team during the pandemic. Method: This involves an integrative literature review, encompassing articles researched and published in the Scientific Electronic Library Online (SciELO) and the Virtual Health Library (BVS) databases, covering the years 2022 to 2023, Fifteen articles were retained for the write-up. Development: Articles with comprehensive competence regarding the mental health of healthcare professionals during the COVID-19 pandemic period were analyzed. Conclusion: Professionals who worked during the COVID-19 pandemic period became ill and, in some cases, were even absent from their activities. This was associated demands, and an elevated mortality rate. Consequently, it generated a high level of tension, causing significant emotional and mental imbalance among the professionals.

Keywords: COVID-19. Mental Health. Pandemic.

1. INTRODUÇÃO

No fim do ano de 2019, o mundo enfrentou uma crise na saúde pública, com o descobrimento de um vírus totalmente novo e ameaçador, no qual não se sabiam muitas informações. O primeiro caso descoberto no Brasil foi em fevereiro de 2020.A COVID-19, pandemia de difícil controle foi motivo de preocupação para toda a população, principalmente para os profissionais que atuaram na linha de frente ao combate da doença. As primeiras manifestações da doença foram identificadasna China, mas meses depois haviam casos confirmados por todo o Brasil (ALMEIDA. et.al., 2023).

De acordo com o Ministério da Saúde (MS) em 2020, o Brasil foi o segundo país com números absolutos de indivíduos contaminados, e com grande percentual no número de óbitos, com isso o país precisou adotar estratégias dinâmicas para conseguir controlar a situação eatender toda a população. A época em que demandou ainda mais de profissionais da saúde pata atuar na linha de frente contra a pandemia COVID-19.

Com o rápido avanço da pandemia COVID-19, consequentemente os profissionais da área da saúde sofreram com sobrecarga de trabalho, horas excessivas trabalhadas, e medo de se contaminarem ou de adquirirem o vírus e levar para seus familiares. Notou-se que esses profissionais vivenciaram dias difíceis, de grande desgaste emocional, onde deixaram-se tomar pela desesperança e pelo medo exacerbado do enfrentamento ao isolamento social que poderiam facilitar o aparecimento de sintomas ansiosos e depressivos, resultando em danos na saúde mental (SILVA et al., 2023).

Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), entende-se como saúde mental um estado de bem-estar do indivíduo, permitindo que este desenvolva as suas ações cotidianas normalmente e enfrentar os seus desafios diários, contribuindo assim com a comunidade (ALCÂNTARA et al.,2022).

De acordo com estatísticas elaboradas em MG (Minas gerais), através de questionários aplicados em ambientes de saúde, o resultado foi 41,8% e 31,6%respectivamente para as patologias citadas acima. Com isso, é essencial priorizar e qualificar os sinais e sintomas psicossociais afim de evitar o adoecimento dos profissionais de saúde que se encontraram na linha de frente ao combate da pandemia (PRATES et al., 2023).

Este trabalho tem como objetivo principal descrever a saúde mental dos profissionais da área de saúde, que atuaram de forma direta e indireta na linha de frente no combate contra a COVID-19 e evidenciar o impacto dos efeitos acarretados pela pandemia na saúde psíquica dos trabalhadores.

2. MATERIAIS E MÉTODOS

Este estudo consiste em uma revisão integrativa da literatura que aborda o conhecimento científico disponível sobre a saúde mental dos profissionais de saúde durante a pandemia COVID-19, destacando a lacuna de informações existente. Essa revisão se fundamenta em uma análise detalhada da literatura, contribuindo com informações e discussões sobre o tema em questão, além de proporcionar reflexões que podem servir como base para futuras pesquisas.

As bases de dados utilizadas para formulação da pesquisa foram: MediLine, Scientific Eletronic Librany Online (SciELO), Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). De acordo com os critérios de inclusão, foram selecionados: Artigos eletrônicos disponíveis nas bases de dados versados, que dissertam sobre o assunto, que dispunham de texto completo com data de publicação prioritariamente entre 2021 a 2023 disponíveis na língua portuguesa. Na pesquisa inicial foram encontrados 25artigos e destes, 15 foram selecionados para análise crítica, pois possuíam os conteúdos de relevância para essa pesquisa.

Foram aplicados como critérios de exclusão: Artigos duplicados, não pertinentes à temática proposta, carentes de conteúdos relevantes para os objetivos propostos, incompletos eletronicamente e artigos que não cumpriam o requisito de serem publicados nos últimos 3 anos.

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

3.1 Impactos da Pandemia na Assistência Hospitalar

Durante a pandemia do coronavírus, os profissionais de saúde estiveram em contato direto com os pacientes suspeitose confirmados pela contaminação do vírus e orientavam a população a permanecer em casa e manter o distanciamento e isolamento social. No entanto permaneceram na linha de frente contra a pandemia, colocando sua própria vida em risco, tornando-se cada vez mais ansiosos e incertos sobre o futuro (SILVA et al.,2021).

Segundo o Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) a atuação da enfermagem na pandemia gerou um grande número de afastamento dos profissionais de suas funções laborais, diante do cenário a assistência se viu prejudicada pelo desfalque de profissionais onde foi necessário a atuação do COREN, que autorizou as inscrições de novos profissionais aos egressos de curso de enfermagem mesmo que não houvessem colado grau, visando reestabelecer o quadro da equipe assistencial que estava lesada (XAVIER et al., 2021).

MS estabeleceu um parecer técnico normativo de número 002/2020 relacionado a parâmetros mínimos de profissionais da enfermagem para um bom atendimento aos pacientes acometidos pela COVID-19 que estavam internados em hospitais gerais, de campanha e UTI´s, com isso, criou-se uma campanha que ficou conhecida como “ Juntos contra o coronavírus” onde o principal lema seria “Proteger a enfermagem é proteger saúde no Brasil”, criando algumas recomendações para melhor execução do serviço de saúde, sendo elas: Criação de escalas, identificando precocemente pessoas com sintomas respiratórios, criação do time de resposta rápida para acolher pacientes com sintomas gripais e suspeita da COVID-19 e melhorar a gestão local e provimento adequado de equipamentos de proteção individual (EPI´s) para os profissionais (MACEDO et al., 2021).

Ainda sobre o papel da enfermagem diante da pandemia, a educação em saúde foi primordial para discriminar informações corretas sobre medidas educativas de prevenção contra o coronavírus, assim orientações como: higiene correta das mãos, procurar atendimento ao início dos sintomas, para que haja acompanhamento e rastreio de sintomas com redução de risco de contaminação (PINHEIRO et al.,2021).

3.2 Prevenção Relacionada a Exposição Ocupacional.

uso de EPI´s foi essencial ao combate e prevenção da contaminação pela COVID-19 no ambiente ocupacional, pois prevenia a infecção cruzada e a potencialização do vírus. Os profissionais contaminados foram afastados de suas funções laborais, causando assim grande efeito econômico, social e consequentemente mental, com isso os hospitais entraram em colapso devido ao grande número de absenteísmo (XAVIER et al., 2021).

Durante a pandemia, os EPI’s foram ainda mais utilizados pela equipe assistencial, pois foram essenciais para proteção individual e coletiva, cuja responsabilidade do empregador era ministrar treinamentos para paramentação e desparamentação correta dos equipamentos, sendo eles: Avental impermeável de manga longa, gorro, óculos de proteção, luvas, máscara N95, propés e a utilização do álcool gel (SOARES et al, 2021).

De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), a ordem de paramentação deveria seguir a seguinte ordem: Higienização das mãos com água e sabão ou álcool a 70%, gorro, avental impermeável e descartável, máscara N95, óculos de proteção e por último, as luvas de procedimento. (ARRUDA, et al, 2021).

A desparamentação correta também deveria seguir um passo a passo, que seria: retirar as luvas evitando tocar em áreas próximas, remoção do avental, óculos de proteção, máscara N95, gorro, e por último, a higienização das mãos com água e sabão (ARRUDA, et al, 2021).

3.3 A relevância da Assistência Psíquica aos Trabalhadores de saúde durante a Pandemia COVID- 19.

O apoio psicológico durante a pandemia foi de extrema importância durante o enfrentamento ao vírus, devido a grande exaustão emocional dos profissionais que atuaram na linha de frente, pois o momento resultou não só em doenças físicas, mas em doenças mentais, onde uma delas foi a síndrome de Burnout, que já haviam casos registrados, porém com baixo índice de casos (SOBRAL, et;al 2023).

A síndrome de Burnout é caracterizada pelo acúmulo de estresse, resultando em exaustão emocional, impessoalização, e baixa produtividade, interferindo na qualidade de vida do profissional. No período da pandemia em específico, aumentaram os casos diagnosticados com a síndrome, pois devido a grande carga de trabalho e condições desfavoráveis no ambiente hospitalar, encontravam-se sobrecarregados e estressados (BORGES, et;al 2021).

Os profissionais de saúde passaram a buscar refúgio em medicações psicotrópicas, a fins de diminuir a tensão e irritabilidade causada pela repercussão psicológica durante a pandemia. Segundo a pesquisa elaborada na farmácia da família do estado da Bahia, houve um aumento significativo na disponibilização e utilização de medicamentos controlados, como por exemplo: Fluoxetina, Clonazepam, Carbamazepina, e Risperidona (DIAS, et;al 2022).

Vale ressaltar que o suicídio foi um fator contribuinte nas consequências desse cenário, após um levantamento realizado após a morte autoprovocada de uma enfermeira que atuava frente a pandemia, foi identificado falhas significativas para tal situação, como por exemplo: Escassez de Epi´s, sobrecarga de trabalho, falta de acomodação e falta de insumos para executar sua atividade de forma acessível e segura (FILHO et,al 2023).

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho tem como objetivo, exploram uma diversidade de pesquisas que elucidam os desafios psicológicos enfrentados pelos profissionais de saúde durante a pandemia, bem como os impactos duradouros dessas questões em suas vidas. Portando, identificamos estratégias que foram desenvolvidas durante esse período a fim de uma nova adaptação.

O presente artigo permite um olhar aprofundado quanto a importância dos profissionais de enfermagem estarem atentos aos sinais de alerta da saúde mental dos profissionais de saúde, saber identificar os gatilhos gerados pelo isolamento social e exposição do vírus no seu ambiente de trabalho, e consequentemente buscar atendimento e apoio psicológico.

A de enfermagem desempenhou um papel fundamental no enfrentamento da pandemia, prevenção, diagnóstico e tratamento precoce da doença. Por meio de incentivo e apoio, mostrando que a saúde mental é tão importante quanto a saúde física.

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