HISTÓRIA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E O PAPEL DO GESTOR PÚBLICO: PERCEPÇÕES E APONTAMENTOS

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8144311


Caio Felipe Borges Rezende1
Givanildo Silva de Oliveira2
Jennifer Karine dos Santos Bezerra3
Manoel Rodrigues dos Santos Júnior4
Natalia Franco da Silva Almeida5
Renato Alves de Oliveira6


RESUMO- O objetivo geral deste artigo é de realizar uma breve discussão sobre a história da Administração Pública, seu conceito atual e também sobre o papel do Gestor Público. A metodologia utilizada foi de Revisão Bibliográfica, com levantamento de informações de outras pesquisas realizadas por outros autores. O resultado da pesquisa bibliográfica aponta que a Administração Pública sofreu mudanças e avanços ao longo da história, especialmente após a Revolução Industrial. Chegou nos tempos atuais como um poder do Estado que deve contar com a eficiência e qualidade dos serviços prestados à população, bem como, ter a responsabilidade de formular e implementar políticas públicas efetivas. Está em uma composição conjunta entre união, estados e municípios, que alcança a sociedade por meio de órgãos, empresas públicas e agentes públicos. Conclui-se que é de vital importância uma Administração Pública alinhada às necessidades e demandas da população atual.   

PALAVRAS-CHAVE: Eficiência. Gestão Pública. Políticas Públicas. 

1 INTRODUÇÃO

O tema deste artigo trata de um assunto relevante na historicidade e na contemporaneidade, especialmente desde a pioneira Revolução Industrial na Inglaterra no século XVIII, sendo uma breve discussão teórica sobre a Administração Pública e o papel de seu principal servidor, o administrador público. Há diversas percepções e apontamentos que podem ser colocados em perspectiva e se apresentam relevantes para a compreensão da importância da Administração Pública e o Gestor Público. 

A compreensão do contexto em que o serviço público está inserido e se torna fundamental para que se concretizem os objetivos das políticas públicas e atender aos interesses da população na perspectiva da condição dos serviços ofertados, melhoria das condições de vida e o desenvolvimento do país, visando o bem estar de todos. O papel do gestor público norteia o direcionamento para a efetivação dos serviços ofertados por meio das políticas públicas e direitos sociais de diversos setores, em que se foca na primazia da garantia dos direitos previstos na Constituição Federal, assim como outras legislações referentes às normas que regem a cidadania e a democracia, assim como a organização da sociedade brasileira.

O problema de pesquisa se apresenta pela seguinte pergunta: Na história, a Administração Pública se apresenta sob diversas teorias, aplicadas em diferentes períodos e sob a égide dos princípios constitucionais ou leis e normas desses períodos, mas na atualidade, como a Administração Pública é entendida e qual o papel do Gestor Público?

A história apresenta a Administração Pública como um campo ampliado à medida que a sociedade avançou em suas concepções políticas, especialmente ao que tange as relações entre governo e sociedade, entendendo que a Administração Pública só existe em decorrência das demandas e necessidades do povo nas mais diversas áreas, como política, economia, educação, saúde, dentre outras. Na contemporaneidade, a Administração Pública se configura como um campo que requer eficiência e qualidade em seus serviços públicos, com políticas públicas que os viabilizem, respeitando princípios expressos e implícitos nas diversas situações que envolvem a Administração pública ou serviços de natureza pública. 

Assim, o objetivo geral deste artigo é de realizar uma breve discussão sobre a história da Administração Pública, seu conceito atual e também sobre o papel do Gestor Público. Para tanto, especificamente os seguintes objetivos: apresentar breve contexto histórico sobre Administração e Administração Pública, bem como, seus tipos na história; interpretar sobre aspectos inerentes a Administração Pública, como suas principais características e como é entendida na contemporaneidade; descrever sobre o papel do Gestor Público.

O tema proposto é relevante do ponto vista acadêmico, social, político e também tange outras diversas áreas. É importante no âmbito acadêmico, pois incita o rompimento com a ausência de compreensão sobre a importância da Administração Pública e o que ela representa na atualidade. Do ponto de vista social e político importa para ampliar a discussão acerca do papel da Administração Pública e do Gestor Público ao que diz respeito sobre seu peso na concretização de políticas públicas que visam a melhoria e qualidade dos serviços para sociedade.

A metodologia utilizada foi de Revisão Bibliográfica, com levantamento de informações de outras pesquisas realizadas por outros autores. Trata-se do estado da arte sobre a temática, e mostra-se importante para lançar luz ao que está sendo discutido atualmente.

2 DESENVOLVIMENTO

2.1 CONTEXTO HISTÓRICO SOBRE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

No início do século XX, a área da administração teve uma evolução lenta. O surgimento e a consolidação da economia capitalista industrial sobreviveram de forma bem gradual. Com o declínio das bases do sistema feudal, seguido do surgimento da produção de manufaturas e das corporações de ofício que gerou uma consequente emergência da burguesia mercantil como classe dominante e a consolidação do Estado Absolutista apoiado por ela. Percebendo que o poder real e absoluto dos monarcas emperrava seu crescimento, essa mesma burguesia passou a defender teorias do liberalismo econômico e até conseguir consolidar seu poder (BEZERRA, 2017).

Progressivamente, as corporações de ofício passaram a ser substituídas pelo trabalho assalariado entre os séculos XVI e XVIII. Foi somente após uma maior modernização da sociedade através da Revolução Industrial que o pensamento administrativo teve início. No contexto entre os séculos XIX e XX que os Estados Unidos se tornaram a principal potência industrial do planeta. Simultaneamente, tornaram-se o berço para o surgimento uma das primeiras Teorias da Administração: a Administração Científica (Taylorismo) (BEZERRA, 2017).

Nesse contexto, o modelo de organização ganhou roupagem de luta de classes, onde Henry Ford e posteriormente F. Taylor desenvolveram métodos de produção e abastecimento em massa de carros, esses modelos de organização ganharam nomes e definições, respectivamente denominados com Fordismo e Taylorismo, mas as rupturas entre esses modelos ocorreram ao passo que seus criadores entenderam que os aspectos se mostravam diferentes e modificavam os objetivos (BATISTA, 2008). 

Pois bem, ao surgir o modelo Toyotista algumas características já se apresentavam em Ford, nesse momento histórico as rupturas com Taylorismo criaram um cenário expansionista do capitalismo, constantes revoluções dos meios de produção, transformando em um processo permanente as relações de produção e as formas de trabalho, reverberando-se nas relações sociais (BATISTA, 2008).

Dentro do enfoque de estabelecimento do comportamento dos gestores e os princípios constitucionais da administração pública, conforme estabelece o art. 37, da Constituição Federal de 1988, destacam-se os princípios da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da publicidade, da eficiência (BRASIL, 1988). 

Há diversas teorias sobre administração, das quais algumas se destacam na história. Administração Científica (Taylorismo): com ênfase nas tarefas, buscava a racionalização do trabalho no nível operacional, ou seja, o foco era no empregado. Apesar de apresentar como vantagens a produtividade e a eficiência, não levava em consideração as necessidades sociais dos funcionários.

Morgan (1996) ressalta que Taylor estabeleceu a gênese dos princípios da Administração Científica, obsessivamente o criador do Taylorismo queria implantá-lo a qualquer custo. Nesse contexto, Taylor acreditava que a boa administração deve ser estudada e ter tratamento científico e não empírico, cedendo a improvisação lugar ao planejamento e a ciência. A principal contribuição de Taylor foi a sistemática ao que se refere sobre o estudo da organização.

O modelo de Weber também se trata de um Teoria Tradicional, apresentando-se também como um modelo clássico, muitos autores definem a organização burocrática como ritualista e apegado às regras, instituem sua lógica ao sistema fechado de certeza e previsão. Chiavenato (2003) em sua obra “Introdução à teoria geral da administração” fala sobre a lógica do sistema burocrático, definido também como fechado fundado por Weber, e a lógica do sistema aberto, ou modelo natural, onde influências ocorrem sem previsão ou certeza.

A abordagem burocrática apresenta vantagem no sentido do conhecimento aprofundado sobre o que se estuda, e possui características como legalidade, formalidade e racionalidade, impessoalidade, hierarquia, ações rotineiras, procedimentos padrões, meritocracia e competência tecnicista, profissionalização especializada e funcionamento previsível. Essas características geram consequências ironicamente imprevisíveis, como resistência a mudanças, apego às regras e montanhas de papelórios, conformismo, autoritarismo, conflitos com o público entre outros (CHIAVENATO, 2003).

Teoria Clássica (Fayol): também apresentava ênfase na estrutura. No entanto, o foco estava no gerente (visão de cima para baixo). Defendia o planejamento como uma das funções principais do administrador, o qual teve a profissionalização de seu papel como gerente.

Chiavenato (2003) também discute sobre a Teoria de Fayol, destaca que a Teoria Clássica de Henri Fayol parte do todo organizacional e da estruturação desse todo em nome da eficiência de todas as partes envolvidas, sendo órgãos ou pessoas. O autor ainda destaca as funções que toda empresa apresenta, seis na visão de Fayol, segue: funções técnicas; funções comerciais; funções financeiras; funções de segurança; funções contábeis; funções administrativas.

As funções supracitadas, especialmente as funções inerentes à administração, são trazidas por Fayol em sua teoria como elementos do processo administrativo e são aplicáveis, em níveis diferentes, a qualquer pessoa ou órgão com papel administrativo e qualquer área de atividade da empresa, podendo ser representadas pelo chefe, gerente, supervisor, diretor e outros. 

Teoria das Relações Humanas: como o próprio nome já indica, sua ênfase estava nas pessoas. Iniciada a partir da experiência de Hawthorne (análise das relações da produtividade com a iluminação da fábrica de equipamentos eletrônicos de Hawthorne), defendia um enfoque na organização informal, na comunicação, liderança, motivação e dinâmicas de grupo.

A Teoria das Relações Humanas tem a ver com estado de espírito e reconhece que as pessoas são possuidoras de personalidade influida por sua subjetividade, refere-se ao que cada indivíduo traz relativo às suas necessidades materiais, psíquicas e sociais, aspectos que motivam e direcionam comportamentos. A partir de certo ponto da história humana, ao que se refere aos mecanismos de produção e funções administrativas, alguns fatores e novos conceitos que surgiram influenciaram na dinâmica organizacional, levando a necessidade de uma administração mais humana e democrática (CHIAVENATO, 2004).

Embora a Teoria Humanística tenha uma boa vista a quem entre em contato com sua parte teórica, sua aplicação trouxe séries de acometimentos às organizações. Chiavenato (2004) fala como conflitos entre os interesses das organizações e funcionários de tal forma que as situações se tornaram insustentáveis e distorcidas, entrando a Teoria das Relações Humanas em declínio ao final da década de 50.

Teoria Estruturalista: apresenta ênfase tanto na estrutura como no ambiente. Sendo assim, ela tem uma abordagem plural que observa a organização, tanto no seu aspecto formal quanto informal, e também o ambiente e como a organização interage e aprende com ele.

Max Weber foi o pioneiro na teoria das organizações que implantou uma visão estruturalista e racional, relacionando os meios, os recursos e objetivos propostos, sendo assim, a burocracia tornou possível o domínio da abordagem estruturalista sobre a Teoria Clássica e Humanística (CHIAVENATO, 2002).

Assim com as demais abordagens, a Teoria Estruturalista não deixou de apresentar desafios, mas em certo ponto passou a ser a abordagem mais utilizada, estando intimamente ligada a abordagem burocrática, mas apresentando algumas variações, pois lida com o aspecto de autoridade linear e racional, com a impessoalidade (CHIAVENATO, 2004).

O trecho supracitado de Chiavenato reverbera as características de autoridade hierarquizada, e refere-se aos graus de burocracia dentro das organizações e tipos de burocracia em seus setores, sendo a Teoria Estruturalista um desdobramento da Teoria Burocrática, mas apresentando leve direção em sentido a Teoria das Relações Humanas, onde sociólogos trouxeram a representação crítica da organização formal. A Teoria Estruturalista surge da necessidade de uma visão organizacional como unidade social complexa, onde grupos compartilham objetivos da organização, mas podem surgir divergências entre grupos.

Outros teóricos como Lévi-Strauss, Karl Marx e Gurwitch e Radcliff-Brown admitiram outras concepções baseadas na Teoria Estruturalista, assim como Weber, sendo concepções focadas na estruturação direcionada dos elementos para a totalidade.

Teoria Neoclássica: ênfase na estrutura. Sustenta-se na prática da Administração, na reafirmação dos princípios da Teoria Clássica e gerais da Administração, porém de forma redimensionada.

Também conhecida como Escola do Processo Administrativo, essa nova constituição administrativa se vale de características das várias outras teorias, especialmente a Clássica e a Humanística, mas a característica principal dessa abordagem é o foco em resultados, onde a administração ocorre em função dos objetivos, como Chiavenato (2005) explica que a Teoria Neoclássica aborda temas importantes sobre as organizações:

A Teoria Neoclássica mantém sua ênfase nas pessoas, mas com o tempo mudanças ocorreram nas abordagens, dando origem a teoria moderna das Relações Humanas, a Teoria Comportamental.

Teoria Comportamental: ênfase nas pessoas. Apresenta um enfoque behavorista. Apesar de ela ser decorrente da Teoria das Relações Humanas, ela oferece uma visão do comportamento inserido no contexto organizacional.

A Teoria Comportamental marca a mais forte influência da psicologia organizacional sobre a teoria administrativa. Hoje, a abordagem comportamental é uma das mais populares versões da teoria administrativa. […] A Teoria Comportamental trouxe novos conceitos sobre motivação, liderança, comunicação, dinâmica de grupos, processo decisório, comportamento organizacional, estilos administrativos, que alteraram completamente os rumos da teoria administrativa, tornando-a mais humana e amigável (CHIAVENATO, 2005).

O comportamento volta a ser tratado na Teoria Comportamental, assim como era na Teoria das Relações Humanas, porém, o tratamento individual agora tornou-se tratamento de grupo ou organizacional. O behaviorismo foi bem absorvido na teoria da administração, originando uma nova visão sobre o comportamento organizacional, advindo dos processos decisórios inerentes à organização

Teoria Contingencial: ênfase no ambiente e na tecnologia. Defende tanto que não há uma melhor maneira de organizar, como também que uma forma de organizar pode não ser eficaz da mesma forma em todas as situações. Nesse contexto, a Teoria da Contingência mostra sua relatividade, enfatizando que existem relações condicionadas ao meio e ambiente, as técnicas e demais aspectos elencados ao alcance dos objetivos.

Nesse viés, a organização deve servir como ferramenta na realização das operações e efetuadas pelos funcionários e não como meio dominador e repressivo, além de fontes de coações e imposições, sendo o nível de saberes e conhecimentos por parte dos colaboradores que agregam aspectos diferenciais na organização, sendo os serviços mecânicos e orgânicos duas necessidades nas empresas, porém, os serviços mais orgânicos, que utilizam a inteligência podem ser aplicados em todos os setores e reduzir ou mesmo eliminar esforços demasiados.

2.2 SOBRE GESTÃO PÚBLICA

Na prática, há pressões que impelem a oferta de serviços pela administração pública em perspectiva de soluções mais imediatas para os problemas, especialmente de caráter mais urgentes. O que o público espera de sua administração é atendimento melhor frente às demandas sociais, além de uso mais responsável e transparente dos recursos e atos (MOTTA, 2013).   

A ideia de uma administração pública mais eficiente avançou com a Revolução Industrial e a perda de força dos regimes absolutistas e aristocratas. No século XIX, problemas de ordem social, econômica e política cresciam fortemente na Europa, acentuando a necessidade de uma administração baseada em práticas democráticas e eficientes no setor público. As demandas levaram a reformas administrativas, no entanto, não surtiram tantos efeitos, sendo reflexo do pouco conhecimento sistemático sobre administração (MOTTA, 2013).

A gestão pública precisa fazer parte de um projeto mais amplo para desenvolvimento, como explica Nascimento (2017). Deve-se ter em foco a melhoria das organizações e também dos métodos, bem como, do gerenciamento de informações, capacitação de pessoal, perfazendo uma administração com sentido estratégico. 

Atualmente, o termo Gestão Pública, em permuta ao conceito de administração pública, vem sendo empregado de maneira intensa, no entanto, esse termo tornou-se um termo polissêmico, como explica Reis (2012). E, segundo Carneiro (2013), gestão significa assumir a responsabilidade sobre a ação de um aparato, o que remete a noção de um espaço em que se articulam relações e negociações. 

As transformações econômicas e sociais levaram o Estado a uma configuração reformista, bem como de sua administração, tornando-se centro de agendas políticas, porém, equilibrar essa agenda, ao que se refere às práticas administrativas direcionados a políticas públicas e para o público, ainda se define como desafio (DE PAULA, 2015).

Na sociedade do século XXI, as demandas são diferenciadas, relacionadas a cada perfil de grupo social, e o marco constitucional atuante é do Estado que entrega serviços, acordando ainda com a drástica mudança da composição demográfica nas últimas décadas. No Brasil, muitos fatores influenciam no trabalho da administração pública e estão inerentes à população, como o avanço para uma política digital. Na atualidade, não somente os interlocutores do Estado precisam entender sua estrutura, mas também o próprio Estado, o que influencia no entendimento deste sobre as necessidades de seus interlocutores (FERRER, 2019).

O perfil da gestão pública busca a visão de futuro, percebendo o recente ambiente, novas variáveis, traçar novos objetivos estratégicos, foco em resultados, expressando uma orientação com planejamento, instrumentos bem definidos, meios de mensurar tal desempenho e avaliando-o. Uma gestão pública mais eficiente baseia-se na percepção da complexidade do ambiente e dos problemas a serem enfrentados. Para tanto, é necessária uma abordagem interdisciplinar e multissetorial (NASCIMENTO, 2017).

O foco sobre Gestão Pública está em processos que são excepcionais ao setor público e se referem à gestão de um conjunto de organizações, e não a apenas uma, e a necessidade de se ajustar ao sistema completo da governança pública (CARNEIRO, 2013). 

Trata-se da gestão integrada entre organizações públicas para uma cultura colaborativa que resulta na estruturação de relacionamentos, objetivos e também melhor gerenciamento de recursos. A logística é importante e está relacionada à Gestão Pública, tendo a ver com os diversos setores.

Almeida e Martins (2017) avultam sobre a essencialidade de vincular Gestão Pública à movimentação de pessoas, materiais, documentos, dentre outros em uma estrutura que a coloca como elo entre estratégias e resultados, gerenciando simultaneamente cadeias diversas, otimizando esforços em função de soluções de problemas. 

Para Campos (2013), a gestão pública agrupa temas como democracia e responsabilidade, e valores como equidade, igualdade e probidade, da orientação instrumental, aceita que o setor público reparte com o setor privado a necessidade de alcançar seus objetivos de forma mais econômica e mais eficiente.

Uma metodologia compatível com o tipo de administração que as pessoas e o ambiente precisam é importante também para o levantamento de informações estratégicas que orientam nas decisões e permitem projetar melhor distribuição de recursos, refletindo nos cofres públicos e privados (FERRER, 2019).

Outra concepção mais ampla e não limitada a processos que definem administração pública e não usar o termo gestão pública, como de modo geral o fazem os franceses como o principal resultado da ligação entre Estado e sociedade civil, a qual se caracteriza por incluir a implementação de políticas públicas e as demandas dos sujeitos ou atores sociais privados sobre as autoridades estatais.

Assume-se aqui a concepção de que gestão e um ato complexo que nos aproxima do mundo da política. Diferentemente da gestão privada, a gestão pública deve permitir a expressão de valores que não são apenas instrumentais, mas políticos. Nesse sentido, não se limita aos meios, mas incorpora também os objetivos, sua definição e sua articulação operativa, orientando-se a partir de valores sociais. Remete a necessidade de articular a concorrência entre objetivos alternativos e a necessidade de gerir a interdependência e a cooperação organizativa para o alcance dos objetivos políticos. Dentro da lógica política, a gestão pública deve facilitar a expressão de vontades, mediar entre elas e encontrar valores para conduzir as ações. (MINUCCI, 2013 p.136). 

Portanto, há a necessidade de articular a concorrência entre objetivos alternativos e a necessidade de gerir a interdependência e a cooperação organizativa para o alcance dos objetivos políticos. Dentro da lógica política, a Gestão Pública deve facilitar a expressão de vontades, mediar entre elas e encontrar valores para conduzir as ações, tanto dos interesses do Estado quanto da população. 

Nessa perspectiva, Campos; Rosadas e Pires (2013) afirmam que a análise da gestão pública é indissociável da análise do Estado e sua configuração, o que remete ao papel por ele assumido historicamente em diferentes contextos. 

Nesse ínterim, podemos elencar a Gestão Pública ao conceito de Gestão Social, sendo os dois conceitos muito próximos e provavelmente o desenrolar nas buscas de seus objetivos, o resultado final pode se demonstrar, ao menos, semelhante. 

Tenório (2015) fala do conceito de Gestão Social que traz em sua obra “Gestão social: metodologia, casos e práticas”, destacando que o processo de gestão que envolve o âmbito público se desenvolve por ações negociadas entre seus atores, ou seja, Estado e sociedade, a saber:

[…] perdendo o caráter burocrático em função da relação direta entre o processo administrativo e a múltipla participação social e política. O que se busca, dessa forma, é o atendimento das atuais necessidades e desafios da administração quanto à democracia e a cidadania participativa, aplicando-se técnicas de gestão que consideram o intercâmbio dos vários atores envolvidos nos processos gerenciais, estimulando o convívio e o respeito às diferenças […]. O adjetivo social junto ao substantivo gestão será entendido como o espaço privilegiado de relações sociais onde todos têm o direito à fala, sem nenhum tipo de coação (TENÓRIO, 2015, p. 23).

 Faz-se necessário pensar a evolução histórica da Gestão Pública bem como, de forma prospectiva, as intenções ou possibilidades de seu desenvolvimento futuro remetendo a uma reflexão sobre o papel esperado do Estado no momento atual. É importante compreender que a gestão conta com seus órgãos, secretarias, e outras instituições e entidades que possam articular-se em um serviço de gestão efetivas.

2.3 A IMPORTÂNCIA DO GESTOR NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Para Matos (2012), de acordo com o que pode ser visto na Constituição Federal (1988), no art.37, a Administração Pública se divide em duas bases, ou seja, direta e centralizada e indireta e descentralizada como são os casos das autarquias, empresas públicas, sociedades de economia mista e fundação pública. Com isso, os profissionais gestores públicos podem adotar funções técnicas, de direção, liderança e coordenação, a fim de fomentar estratégias de participação política para excitar o controle público e aperfeiçoar a capacidade de atuação.

A função primordial do Estado é prestar um serviço eficiente, descentralizado, eficaz e eficiente, como preceituam as premissas básicas da administração pública moderna.  O gestor público utilizará de estratégias que possam instigar o aparato produtivo e fortalecer a relação oferta-procura de bens e serviços para a sociedade.

Uma boa metodologia de administração facilita o trabalho do gestor com a oferta de informações estratégicas, orientando suas decisões, como já vislumbrado no texto da seção acima, e destacado em Ferrer (2019). O objetivo do bom governo é prestar serviços de qualidade e que atendam as demandas da população. O gestor precisa se ater e conseguir conciliar aspectos de equilíbrio orçamentário, eficácia e condições necessárias para desenvolvimento e crescimento de todos os atores sociais

O gestor público tem como atribuição assessorar, planejar, tramitar nos processos deliberativos e decisórios, coordenar ações e avaliar programas e políticas públicas em organizações estatais e não estatais, ou nacionais ou internacionais. Sua atuação é vista em todos os níveis governamentais por meio da União, estados e municípios, utilizando os recursos empenhados para a produção de bens públicos (CAMPOS; ROSADAS; PIRES, 2013). 

Em empresas públicas, o gestor deve realizar seu trabalho com avidez e dentro dos princípios que delimitam uma atuação como agente de transformação. Alves (2018) lista alguns desses princípios: o gestor é agente de transformação e está à serviço da cidadania; alinhado com a ética e princípios constitucionais; permanente atualização e desenvolvendo novas competências; saber lidar com as diferenças e diversidade; atuar em contextos diversos e diferentes comandos; saber administrar o que é de todos, configurando esse o principal diferencial inerente ao gestor/servidor público.

Princípios na Administração Pública são alicerces dentro do direito público, ramo que abrange esse tipo de administração. Na Constituição da República Federativa de 1988, como já destacado, o artigo 37 traz expresso sobre os princípios constitucionais que se inserem na Administração Pública, concretos com a legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência (BRASIL, 1988).

O papel do gestor público norteia o direcionamento para a efetivação dos serviços ofertados por meio das políticas públicas e direitos sociais de diversos setores, em que se foca na primazia da garantia dos direitos previstos na Constituição Federal, assim como outras legislações referentes às normas que regem a cidadania e a democracia, assim como a organização da sociedade brasileira.

Os relatos e as imagens sobre a ineficiência administrativa espalham a crença de dirigentes públicos como incompetentes por falta de bom senso e por desconhecimento de princípios elementares de gerência moderna. São demasiadamente simplistas para a gestão pública: desconsiderar as dimensões políticas e as condições de trabalho nas organizações públicas (MOTA, 2013, p. 86). 

Para que a gestão pública se efetive com qualidade no serviço público faz-se necessário investir na formação dos servidores que estão à frente da execução dos serviços, por meio de palestras, oficinas, seminários, cursos de extensão e debates relacionados à temática. 

Portanto, com a finalidade de trazer à luz a reflexão sobre a ética no serviço público, este artigo visa contribuir com a difusão da temática, para que todos possam gozar de um serviço público de qualidade em que atenda a todos, amenizando as mazelas que este enfrenta cotidianamente afetando toda sociedade (REIS, 2012).

Devido ao fato de estar inserido em todos os setores da esfera pública de atuação e intervenção dos governos, com órgãos e funções especializadas, cresce a demanda por esse profissional qualificado que perceba a estrutura do Estado, suas características políticas e seu papel como provedor de serviços públicos.

Na época atual, as justificativas são, ainda, de medidas temporárias e pontuais, baseadas na necessidade de enfrentar crises econômicas. Porém, permanece a expectativa de essas medidas possuírem o vigor de ultrapassar as crises e configurar uma nova reconstrução da Administração pública (MOTA, 2013, p. 88).

A compreensão do contexto em que o serviço público está inserido e se torna fundamental para que se concretizem os objetivos das políticas públicas e atender aos interesses da população na perspectiva da condição dos serviços ofertados, melhoria das condições de vida e o desenvolvimento do país, visando o bem estar de todos. 

Mota (2013), afirma que pensar num novo modelo de gestão necessitando de se revestir de insumos humanos, tais como administradores ou gerentes que devem desenvolver a habilidade de lidar com as pessoas como um modo de administrar para alcançar objetivos organizacionais.

Assim a mudança que se deseja no âmbito da administração pública, requer uma transformação cultural dos indivíduos, priorizando a acessibilidade, igualdade, justiça e democracia, tendo um olhar voltado para o respeito dos interesses da coletividade, rompendo com toda ação corrupta, descompromissada e opressora de negação de direitos.

3 CONCLUSÃO

Sendo assim, as Teorias da Administração podem ser agrupadas segundo suas ênfases (nas tarefas, na estrutura, nas pessoas, no ambiente e na tecnologia). É importante destacar que as teorias não são contrárias umas às outras, mas antes, se complementam. 

Pode haver uma crítica aos conceitos defendidos por uma teoria anterior. No entanto, essa crítica vai gerar o desenvolvimento de proposições mais complexas, mas que ainda integram muito o defendido anteriormente, porém de forma mais aperfeiçoada. 

Um olhar histórico lança luz à importância do conhecimento sobre administração, pois sua aplicação requer compreender sobre seus pontos positivos e negativos. Na historicidade é percebido que houve acertos e erros, novas teorias e aplicações diversas de administração. A ideia de uma administração pública mais eficiente avançou com a Revolução Industrial e a perda de força dos regimes absolutistas e aristocratas.

São diferentes as demandas e necessidades da sociedade do século XXI. O perfil social sofreu transformações, impelindo a mudanças no marco constitucional, colocando o Estado como o responsável pela entrega de serviços, compatíveis com as drásticas mudanças demográficas. O impacto das políticas públicas depende de uma administração eficiente e voltada para uma metodologia que capta e mensura os benefícios que essas políticas refletem, um dos pontos mais sensíveis é de investimentos públicos.

Faz parte do papel do Gestor Público atuar em todas as esferas de governo, personificado na imagem dos gestores governamentais, ou que gerenciam empresas e instituições públicas, atuando ainda na formulação e implementação de políticas públicas. Portanto, o que pode ser concluído é que para a Administração Pública na atualidade a característica de eficiência é almejada e indispensável, pois os tempos exigem uma atuação de gestão nova para atender as necessidades da sociedade contemporânea.  

4 REFERÊNCIAS

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TENÓRIO, Fernando Guilherme. Gestão social: metodologia, casos e práticas. São Paulo – SP: Editora FGV, 2015.


1Bacharel em Administração, caiorezende1990@gmail.com
2Bacharel em Administração, givanildoo.gil@gmail.com
3Bacharel em Administração, jenniferkarinebezerra@gmail.com
4Bacharel em Administração, jr.mrodriguess@gmail.com
5Tecnólogo em Gestão de Recursos Humanos, natthy_22@yahoo.com.br
6Tecnólogo em Gestão Pública, renato_qr321@hotmail.com