HIPOTIREOIDISMO EM MULHERES JOVENS: UMA REVISÃO INTEGRATIVA DA EPIDEMIOLOGIA, DIAGNÓSTICO, TRATAMENTO E IMPACTO NA SAÚDE MATERNA E FETAL

HYPOTHYROIDISM IN YOUNG WOMEN: AN INTEGRATIVE REVIEW OF EPIDEMIOLOGY, DIAGNOSIS, TREATMENT AND IMPACT ON MATERNAL AND FETAL HEALTH

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11161443

Graduação em Bacharelado em Medicina – Universidade Brasil – Fernandópolis/SP


Adrián Alberti¹; Amanda Carolina Morelli Carnelós Koch2; Amanda Romera3; Cassiane Martinhak Pinheiro4; Felipe Gomes Pereira5; José Emanuel Pereira Araújo6; Karina Maria de Almeida Salviini7; Leonardo Cocharro Preto8; Mariele Rasio Brigatti9; Rosemary Aparecida de Oliveira Machado10


RESUMO

Este artigo apresenta uma revisão integrativa dos estudos disponíveis sobre o hipotireoidismo em mulheres jovens, abordando diversas áreas relacionadas à condição. Inicialmente, é realizada uma contextualização do hipotireoidismo, destacando sua importância, especialmente em mulheres jovens, e a necessidade de diagnóstico precoce e tratamento adequado. A epidemiologia e os fatores de risco são discutidos, com ênfase na incidência e prevalência do hipotireoidismo e na influência de fatores genéticos, familiares, étnicos e ambientais. Aspectos genéticos e moleculares são revisados, destacando estudos que exploram mutações genéticas relacionadas ao hipotireoidismo congênito. O diagnóstico e a triagem neonatal são abordados em detalhes, incluindo métodos utilizados e desafios associados à detecção precoce. A importância da triagem neonatal para iniciar o tratamento adequado precocemente é enfatizada.O impacto do hipotireoidismo na qualidade de vida das mulheres jovens é discutido, considerando aspectos físicos, emocionais e sociais. Além disso, são apresentadas opções de tratamento, com destaque para a terapia hormonal com levotiroxina, e uma análise dos estudos que avaliam sua eficácia e segurança. Por fim, são discutidas as implicações clínicas e práticas para o manejo do hipotireoidismo em mulheres jovens, enfatizando a importância de uma abordagem holística que leve em consideração não apenas os aspectos clínicos, mas também os efeitos na qualidade de vida dos pacientes.

Palavras-chave: Hipotireoidismo, mulheres jovens, diagnóstico, tratamento, qualidade de vida.

ABSTRACT

This article presents an integrative review of the available studies on hypothyroidism in young women, addressing various areas related to the condition. Initially, a contextualization of hypothyroidism is performed, highlighting its importance, especially in young women, and the need for early diagnosis and adequate treatment. Epidemiology and risk factors are discussed, with an emphasis on the incidence and prevalence of hypothyroidism and the influence of genetic, familial, ethnic, and environmental factors. Genetic and molecular aspects are reviewed, highlighting studies exploring genetic mutations related to congenital hypothyroidism. Diagnosis and neonatal screening are addressed in detail, including methods used and challenges associated with early detection. The importance of neonatal screening to initiate early adequate treatment is emphasized. The impact of hypothyroidism on the quality of life of young women is discussed, considering physical, emotional, and social aspects. In addition, treatment options are presented, with a focus on hormonal therapy with levothyroxine, and an analysis of studies evaluating its efficacy and safety. Finally, clinical and practical implications for the management of hypothyroidism in young women are discussed, emphasizing the importance of a holistic approach that takes into account not only clinical aspects but also the effects on patients’ quality of life.

Keywords: Hypothyroidism, young women, diagnosis, treatment, quality of life

1. INTRODUÇÃO

O hipotireoidismo é uma condição endócrina caracterizada pela produção insuficiente de hormônios tireoidianos pela glândula tireoide, afetando uma ampla gama de indivíduos em todo o mundo. Entre os grupos mais suscetíveis a essa disfunção hormonal, destacam-se as mulheres jovens, cujo metabolismo e saúde reprodutiva podem ser significativamente afetados pela condição. Estudos epidemiológicos têm revelado uma crescente preocupação com a incidência e os fatores de risco associados ao hipotireoidismo em mulheres jovens, demandando uma análise aprofundada e uma abordagem ampla para entender e enfrentar essa questão de saúde pública.

Mulheres jovens são particularmente vulneráveis ao hipotireoidismo devido à interação complexa entre os hormônios tireoidianos e o ciclo menstrual, fertilidade, gestação e menopausa. A disfunção tireoidiana pode ter impactos significativos na saúde reprodutiva, desde distúrbios menstruais e infertilidade até complicações durante a gravidez e no desenvolvimento fetal. Além disso, o hipotireoidismo não tratado ou mal controlado em mulheres jovens está associado a uma série de consequências adversas para a saúde, incluindo aumento do risco de doenças cardiovasculares, distúrbios metabólicos e comprometimento da qualidade de vida.

O diagnóstico precoce e o tratamento adequado do hipotireoidismo em mulheres jovens são cruciais para prevenir complicações a longo prazo e garantir uma qualidade de vida ótima. A detecção precoce da disfunção tireoidiana pode ser desafiadora devido à sua apresentação clínica variável e inespecífica, ressaltando a importância da triagem neonatal e da vigilância clínica regular em mulheres jovens. O tratamento com reposição hormonal, principalmente com levotiroxina, é eficaz na restauração dos níveis hormonais normais e no controle dos sintomas associados ao hipotireoidismo.

O presente artigo busca realizar uma revisão integrativa dos estudos disponíveis sobre o hipotireoidismo em mulheres jovens. Utilizando uma abordagem abrangente e multidisciplinar, pretendemos analisar os principais aspectos epidemiológicos, fisiopatológicos, diagnósticos, terapêuticos e de impacto na saúde materna associados ao hipotireoidismo nesse grupo.

2. EPIDEMIOLOGIA E FATORES DE RISCO

O hipotireoidismo em mulheres jovens é uma condição de saúde pública significativa, com implicações para a qualidade de vida e saúde reprodutiva. Nesta seção, discutiremos a epidemiologia do hipotireoidismo em mulheres jovens, explorando a incidência, prevalência e os fatores de risco associados, com base em estudos relevantes da literatura revisada.

Os estudos de Harris e Pass (2007) e Shapira et al. (2010) oferecem diferentes perspectivas sobre os fatores contribuintes para o hipotireoidismo em mulheres jovens, enfatizando aspectos variados da complexidade dessa condição endócrina.

Por um lado, Harris e Pass (2007) destacam o aumento na incidência de hipotireoidismo congênito em Nova York e nos Estados Unidos, sugerindo uma tendência preocupante que pode estar relacionada a mudanças nos métodos de triagem neonatal e diagnóstico. Eles enfatizam a importância de monitorar de perto essa tendência e investigar possíveis fatores de risco, incluindo história familiar, etnia e gênero.

Por outro lado, Shapira et al. (2010) oferecem uma perspectiva mais ampla sobre as causas do aumento na taxa de incidência de hipotireoidismo congênito nos Estados Unidos. Eles apontam para a necessidade de investigar não apenas fatores genéticos e familiares, mas também fatores ambientais e de estilo de vida que podem estar contribuindo para essa tendência. Além disso, eles ressaltam a importância de melhorar os métodos de triagem neonatal e diagnóstico para garantir uma detecção precoce e um manejo adequado do hipotireoidismo congênito.

Enquanto alguns estudos, como o de Harris e Pass (2007), enfatizam o papel dos fatores genéticos e familiares na predisposição ao hipotireoidismo em mulheres jovens, outros, como o de Shapira et al. (2010), destacam a importância dos fatores ambientais e de estilo de vida. Essas diferenças de ênfase refletem a complexidade do hipotireoidismo como uma condição multifatorial, influenciada pela interação entre predisposição genética e exposições ambientais.

Ambos os estudos ressaltam a importância de uma abordagem integrada para a prevenção, diagnóstico e tratamento do hipotireoidismo em mulheres jovens. Isso inclui a vigilância contínua das tendências epidemiológicas, a investigação de fatores de risco potenciais e a implementação de estratégias de triagem e intervenção eficazes. Uma abordagem holística e multidisciplinar é essencial para abordar a complexidade do hipotireoidismo e garantir a saúde e o bem-estar das mulheres jovens afetadas por essa condição.

Essa comparação e contraste das diferentes perspectivas e teorias destacam a complexidade do hipotireoidismo em mulheres jovens e a necessidade de uma abordagem integrada para sua prevenção, diagnóstico e tratamento. As evidências apresentadas pelos estudos de Harris e Pass (2007) e Shapira et al. (2010) fornecem uma visão abrangente das diversas facetas dessa condição endócrina.

3. ASPECTOS GENÉTICOS E MOLECULARES

A compreensão dos aspectos genéticos e moleculares do hipotireoidismo é fundamental para elucidar os mecanismos subjacentes à condição e identificar possíveis alvos terapêuticos. Nesta seção, revisaremos os estudos de Ramos et al. (2008) e Al Taji et al. (2007), que exploram diferentes aspectos genéticos e moleculares do hipotireoidismo, incluindo mutações genéticas relacionadas e sua associação com a condição.

Ramos et al. (2008) abordam novos aspectos da genética e dos mecanismos moleculares na morfogênese tireoidiana para a compreensão da disgenesia tireoidiana. O estudo destaca a importância de investigar os processos genéticos e moleculares envolvidos na formação da tireoide durante o desenvolvimento embrionário, bem como as alterações que podem levar a distúrbios na morfologia e função tireoidiana.

Por outro lado, Al Taji et al. (2007) realizaram um estudo de triagem de mutações em fatores de transcrição em uma coorte tcheca de 170 pacientes com hipotireoidismo congênito e de início precoce. O estudo identificou uma nova mutação no gene PAX8 associada a hipotireoidismo não autoimune de início precoce de herança dominante. Essa descoberta ressalta a importância de investigar mutações em genes específicos que desempenham um papel crucial na regulação da função tireoidiana.

Ambos os estudos destacam a complexidade do hipotireoidismo em relação à sua base genética e molecular. As mutações genéticas em diferentes genes, como PAX8, estão associadas ao desenvolvimento de hipotireoidismo congênito e de início precoce, enfatizando a heterogeneidade genética dessa condição. Essas descobertas ressaltam a importância da avaliação genética em pacientes com hipotireoidismo, especialmente em casos de início precoce e formas graves da doença. Uma compreensão mais profunda dos aspectos genéticos e moleculares do hipotireoidismo pode levar a avanços no diagnóstico, prognóstico e tratamento da condição.

A compreensão dos aspectos genéticos e moleculares do hipotireoidismo é essencial para uma melhor caracterização da doença, identificação de subgrupos de pacientes e desenvolvimento de estratégias terapêuticas direcionadas. Essa revisão dos estudos de Ramos et al. (2008) e Al Taji et al. (2007) destaca a importância das mutações genéticas na patogênese do hipotireoidismo e ressalta a necessidade de uma abordagem integrada que leve em consideração tanto os aspectos genéticos quanto os ambientais e de estilo de vida na gestão dessa condição endócrina.

4. DIAGNÓSTICO E TRIAGEM NEONATAL PARA HIPOTIREOIDISMO

O diagnóstico precoce do hipotireoidismo em recém-nascidos é crucial para evitar complicações graves e iniciar o tratamento adequado. Nesta seção, descreveremos os métodos utilizados para o diagnóstico e triagem neonatal do hipotireoidismo, além de avaliar a eficácia e os desafios associados a esses programas de triagem.

Os programas de triagem neonatal são amplamente utilizados para detectar o hipotireoidismo em recém-nascidos. O teste de triagem mais comum é a dosagem do hormônio tireoidiano estimulante (TSH) no sangue do recém-nascido. Níveis elevados de TSH podem indicar hipotireoidismo primário, o que leva à realização de testes adicionais para confirmar o diagnóstico, como a dosagem de hormônios tireoidianos (T4 livre ou total).

Além da triagem neonatal, o diagnóstico definitivo do hipotireoidismo envolve a avaliação clínica, incluindo história clínica detalhada, exame físico e testes laboratoriais adicionais, como dosagem de anticorpos tireoidianos para excluir causas autoimunes. Os estudos revisados por Magalhães et al. (2009) e Olney et al. (2010) fornecem informações valiosas sobre os programas de triagem neonatal e o panorama atual do hipotireoidismo congênito.

Magalhães et al. (2009) descreveram o programa de triagem neonatal realizado no Hospital Universitário da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo, no Brasil. Eles forneceram dados sobre a implementação e eficácia do programa, destacando a importância da triagem neonatal para identificar casos de hipotireoidismo congênito e iniciar o tratamento adequado precocemente, que é crucial para identificar precocemente casos de hipotireoidismo congênito. Esses programas permitem a detecção precoce de níveis elevados de hormônio tireoidiano estimulante (TSH) em recém-nascidos, indicativo de hipotireoidismo primário. Ao identificar esses casos precocemente, o tratamento adequado pode ser iniciado rapidamente, ajudando a prevenir complicações graves associadas ao hipotireoidismo não tratado, como retardo no desenvolvimento neuropsicomotor e comprometimento cognitivo. Assim, a triagem neonatal desempenha um papel fundamental na garantia de que os recém-nascidos afetados recebam o tratamento necessário para um desenvolvimento saudável e uma qualidade de vida adequada. .

Olney et al. (2010) apresentaram um resumo de um workshop sobre a prevalência atual e tendências futuras do hipotireoidismo congênito. Eles discutiram os desafios e oportunidades associados aos programas de triagem neonatal, bem como as áreas de pesquisa futura para melhorar a detecção e gestão do hipotireoidismo congênito.

Os programas de triagem neonatal enfrentaram diversos desafios, como a variação na sensibilidade e especificidade dos testes de triagem, que podem resultar em falsos positivos ou falsos negativos. Além disso, a necessidade de protocolos de acompanhamento claros para os casos identificados na triagem e a disponibilidade de recursos para a avaliação diagnóstica completa são desafios importantes a serem superados. No entanto, esses programas também apresentam oportunidades significativas para melhorar a detecção e gestão do hipotireoidismo congênito. Isso inclui o desenvolvimento de novas tecnologias e métodos de triagem mais sensíveis e específicos, bem como a implementação de estratégias de acompanhamento mais eficazes para os casos identificados na triagem. Além disso, a pesquisa futura pode se concentrar em identificar biomarcadores adicionais para o hipotireoidismo congênito e investigar abordagens terapêuticas inovadoras para melhorar os resultados clínicos.

Em suma, apesar dos desafios, os programas de triagem neonatal oferecem oportunidades significativas para melhorar a detecção e gestão do hipotireoidismo congênito. Investimentos contínuos em pesquisa e desenvolvimento são essenciais para garantir que esses programas atendam adequadamente às necessidades dos recém-nascidos afetados e contribuam para melhor resultados de saúde a longo prazo.

5. IMPACTO DO HIPOTIREOIDISMO NA SAÚDE MATERNA E FETAL

O hipotireoidismo durante a gravidez pode ter consequências significativas para a saúde da mãe e do feto. Nesta seção, discutiremos os efeitos do hipotireoidismo não tratado ou mal controlado durante a gestação e revisaremos os estudos que investigam os desfechos adversos associados ao hipotireoidismo gestacional.

O hipotireoidismo não tratado ou mal controlado durante a gravidez pode aumentar o risco de complicações para a mãe, como pré-eclâmpsia, parto prematuro, anemia e depressão pós-parto. Além disso, pode ter impactos negativos no desenvolvimento fetal, aumentando o risco de aborto espontâneo, restrição do crescimento intrauterino, baixo peso ao nascer, e comprometimento do desenvolvimento neuropsicomotor do bebê.

O estudo de Parks et al. (2010) investigou o impacto do hipotireoidismo transitório na taxa crescente de hipotireoidismo congênito nos Estados Unidos. Eles examinaram os efeitos do hipotireoidismo materno não tratado durante a gravidez e sua relação com o aumento da incidência de hipotireoidismo congênito em recém-nascidos. Esta pesquisa destaca a importância do controle adequado do hipotireoidismo durante a gestação para prevenir complicações no recém-nascido.

Já o estudo de Park et al. (2005) explorou os aspectos genéticos do hipotireoidismo congênito e seu potencial impacto na gravidez. Eles investigaram mutações genéticas relacionadas ao hipotireoidismo congênito e sua associação com desfechos adversos para a mãe e o feto durante a gestação. Os resultados deste estudo ressaltam a importância da compreensão dos mecanismos genéticos subjacentes ao hipotireoidismo congênito para orientar estratégias de prevenção e intervenção durante a gravidez.

Ao interpretar os resultados dos estudos conduzidos por Parks et al. (2010) e Park et al. (2005) em relação aos objetivos desta revisão, torna-se evidente a importância crítica do diagnóstico e tratamento adequado do hipotireoidismo gestacional para a saúde materna e fetal.

Os achados de Parks et al. (2010) destacam a necessidade de uma triagem neonatal eficaz para identificar casos de hipotireoidismo congênito, permitindo um tratamento precoce e adequado. Isso sugere uma implicação prática significativa para a implementação e manutenção de programas de triagem neonatal abrangentes em todo o mundo, visando a detecção precoce e o manejo adequado do hipotireoidismo congênito.

Por outro lado, o estudo de Park et al. (2005) fornece insights valiosos sobre os aspectos genéticos do hipotireoidismo congênito, enfatizando a importância da compreensão dos mecanismos genéticos subjacentes para orientar estratégias de intervenção durante a gestação. Isso sugere implicações teóricas importantes para a pesquisa em genética médica, destacando a necessidade de investigações adicionais sobre as bases genéticas do hipotireoidismo congênito e seu impacto na saúde materna e fetal.

Ao relacionar esses achados com a literatura revisada, fica claro que o hipotireoidismo gestacional representa um importante desafio clínico e de saúde pública. A integração dos resultados desses estudos com os conhecimentos existentes sobre o tema destaca a necessidade contínua de aprimoramento das estratégias de triagem, diagnóstico e tratamento do hipotireoidismo gestacional.

Além disso, as lacunas identificadas durante esta revisão, como a necessidade de pesquisas adicionais sobre os mecanismos genéticos do hipotireoidismo congênito e a otimização das abordagens de triagem neonatal, sugerem possíveis direções para pesquisas futuras. 

Em resumo, os estudos revisados destacam a importância crítica do diagnóstico precoce e tratamento adequado do hipotireoidismo gestacional, ao mesmo tempo em que identificam áreas-chave para pesquisas futuras visando aprimorar as estratégias de prevenção e manejo dessa condição clínica complexa.

6. TRATAMENTO E MANEJO CLÍNICO

Uma visão geral das opções de tratamento para o hipotireoidismo em mulheres jovens inclui terapia hormonal com levotiroxina, que é o tratamento padrão para restaurar os níveis normais de hormônios tireoidianos no organismo.

O estudo de Castanet et al. (2002) destaca a importância da identificação de mutações genéticas associadas ao hipotireoidismo congênito, o que pode orientar o manejo clínico e terapêutico dessa condição. Embora o foco deste estudo esteja na detecção precoce e diagnóstico do hipotireoidismo congênito, ele fornece informações valiosas sobre as bases genéticas da doença, que podem influenciar as estratégias de tratamento.

Por outro lado, o estudo de Hanna et al. (1986) oferece uma visão prática da detecção e manejo do hipotireoidismo congênito em um contexto clínico. A experiência de 10 anos do programa de triagem regional destacada neste estudo ajuda a elucidar os desafios e sucessos do tratamento hormonal em mulheres jovens, fornecendo insights sobre a eficácia do tratamento a longo prazo e a importância da monitorização regular.

Ao relacionar esses achados com a literatura existente, é possível reconhecer a importância da terapia hormonal com levotiroxina no tratamento do hipotireoidismo em mulheres jovens. Além disso, a identificação de mutações genéticas associadas à condição pode auxiliar na personalização do tratamento e no manejo adequado de casos mais complexos.

No entanto, apesar dos avanços no tratamento e manejo do hipotireoidismo, ainda há desafios a serem superados, como a otimização da dose de levotiroxina, a prevenção de efeitos colaterais e a garantia de adesão ao tratamento a longo prazo.

7. IMPACTO DO HIPOTIREOIDISMO NA QUALIDADE DE VIDA

Ao explorar os estudos sobre o impacto do hipotireoidismo na qualidade de vida das mulheres jovens, é evidente a complexidade e a abrangência dos efeitos dessa condição.

O estudo de LaFranchi et al. (1979) revela a importância do diagnóstico precoce através de programas de triagem neonatal, ressaltando como o tratamento iniciado logo nos primeiros dias de vida pode evitar complicações graves e melhorar significativamente a qualidade de vida a longo prazo. Por outro lado, o trabalho de Selva et al. (2002) destaca a relevância da dose inicial de L-tiroxina no manejo do hipotireoidismo congênito, enfatizando a importância da adequação da terapia hormonal para otimizar os resultados clínicos e a qualidade de vida.

Além disso, o estudo de Alberti et al. (2002) aborda as implicações das mutações genéticas no receptor de TSH na manifestação do hipotireoidismo, ressaltando como os aspectos genéticos podem influenciar não apenas a gravidade da condição, mas também sua resposta ao tratamento e, consequentemente, sua qualidade de vida.

Por fim, o trabalho de Persani (2012) aborda os desafios do diagnóstico e manejo do hipotireoidismo central, destacando como essa forma particular da condição pode impactar não apenas os aspectos físicos, mas também emocionais e sociais da vida dos pacientes.

Esses estudos, ao serem analisados em conjunto, ressaltam a importância de uma abordagem holística no manejo do hipotireoidismo, que leve em consideração não apenas os aspectos clínicos da condição, mas também seus efeitos na qualidade de vida dos pacientes. Uma compreensão abrangente dos fatores genéticos, moleculares e clínicos associados ao hipotireoidismo é essencial para oferecer um tratamento personalizado e eficaz, visando não apenas a normalização dos parâmetros bioquímicos, mas também o bem-estar geral e a qualidade de vida dos pacientes afetados.

Ao relacionar esses estudos, é possível reconhecer a complexidade do impacto do hipotireoidismo na qualidade de vida, abrangendo aspectos físicos, emocionais e sociais. Além disso, destaca a importância de uma abordagem holística no manejo do hipotireoidismo, que leve em consideração não apenas os aspectos clínicos, mas também os efeitos na qualidade de vida dos pacientes.

Dessa forma, os estudos revisados oferecem uma compreensão aprofundada do impacto do hipotireoidismo na qualidade de vida das mulheres jovens, destacando a necessidade de uma abordagem integrada para o diagnóstico, tratamento e manejo clínico da condição, visando melhorar os resultados e a satisfação do paciente.

8. CONCLUSÃO

Os estudos analisados revelam a complexidade do hipotireoidismo, desde os fatores de risco e genéticos até o impacto na qualidade de vida das pacientes. Através da triagem neonatal, é possível identificar precocemente casos de hipotireoidismo congênito, permitindo o início imediato do tratamento e, assim, prevenindo complicações graves. No entanto, ainda existem desafios significativos na determinação da dose inicial adequada de hormônio tireoidiano e no manejo do hipotireoidismo central.

Uma lacuna na pesquisa é a necessidade de estudos mais abrangentes sobre os fatores de risco e genéticos associados ao hipotireoidismo em mulheres jovens, bem como investigações mais detalhadas sobre o impacto do tratamento hormonal na qualidade de vida a longo prazo. Além disso, há uma necessidade premente de entender melhor o hipotireoidismo central e desenvolver estratégias de diagnóstico e tratamento mais eficazes para essa população específica.

Em termos de implicações clínicas e práticas, os resultados destacam a importância da triagem neonatal para identificar casos de hipotireoidismo congênito e iniciar o tratamento precoce. Além disso, enfatizam a necessidade de uma abordagem holística no manejo do hipotireoidismo, levando em consideração não apenas os aspectos clínicos, mas também os efeitos na qualidade de vida das pacientes. Isso inclui a personalização do tratamento de acordo com os fatores genéticos e individuais de cada paciente, visando não apenas a normalização dos parâmetros bioquímicos, mas também o bem-estar geral e a qualidade de vida.

Em suma, os estudos revisados fornecem uma base sólida para a compreensão do hipotireoidismo em mulheres jovens e destacam a necessidade contínua de pesquisa para melhorar o diagnóstico, tratamento e manejo dessa condição, visando melhorar os resultados clínicos e a qualidade de vida das pacientes afetadas.

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1Graduanda em Medicina pela Universidade Brasil;
2Graduanda em Medicina pela Universidade Brasil;
3Graduanda em Medicina pela Universidade Brasil;
4Graduanda em Medicina pela Universidade Brasil;
5Graduando em Medicina pela Universidade Brasil;
6Graduanda em Medicina pela Universidade Brasil;
7Graduando em Medicina pela Universidade Brasil;
8Graduando em Medicina pela Universidade Brasil;
9Graduanda em Medicina pela Universidade Brasil;
10Graduando em Medicina pela Universidade Brasil