GUERRA DO PARAGUAI – DA SENZALA AOS CAMPOS DE BATALHA E À LIBERTAÇÃO

PARAGUAY WAR FROM SLAVE QUARTERS TO BATTLEFIELDS AND LIBERATION

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10825147


Felipe Tadeu Alves1


Resumo

A Guerra do Paraguai aconteceu entre os anos de 1864 a 1870. De um lado, Paraguai e de outro Brasil, Uruguai e Argentina. O início do conflito foi em razão de divergências existentes entre os países envolvidos, mas a principal motivação, segundo historiadores paraguaios, se deu pela invasão brasileira ao Uruguai em uma luta contra os blancos. Historiadores brasileiros relatam que o principal motivo para o início do conflito se deu pelo aprisionamento de uma embarcação brasileira pelos paraguaios, a embarcação Marquês de Olinda. No ano de 1864, houve um ataque paraguaio ao estado brasileiro do Mato Grosso, logo em seguida Brasil, Uruguai e Argentina, formando o que ficou conhecido como  “a tríplice aliança”. A guerra chegou ao fim no ano de 1870 com a derrota oficial do Paraguai e a morte de Solano López, militar daquele país. O objetivo geral deste artigo é discutir as causas e consequências da maior guerra da América Latina. A justificativa para a pesquisa reside na transcendência de efeitos que as guerras causam, efeitos que muitas das vezes prolongam-se no tempo e até perpetuam-se. O problema de pesquisa reside na seguinte indagação: “Qual a principal consequência da guerra Brasil e Paraguai para os negros que eram escravos na época do conflito armado?”. A metodologia de pesquisa adotada foi de caráter bibliográfico e também documental. A guerra ocorrida entre o Paraguai e os países das tríplice aliança foi certamente um dos principais eventos do século XIX e marcou as relações entre as nações que participaram do evento.

Palavras-chave: Tríplice Aliança. Escravos. Marinha. Solano López.

Abstract

The Paraguayan War took place between 1864 and 1870. On one side, Paraguay and on the other Brazil, Uruguay and Argentina. The beginning of the conflict was due to differences between the countries involved, but the main motivation, according to Paraguayan historians, was due to the Brazilian invasion of Uruguay in a fight against the Whites. Brazilian historians report that the main reason for the beginning of the conflict was due to the imprisonment of a Brazilian vessel by the Paraguayans, the vessel Marquês de Olinda. In 1864, there was a Paraguayan attack on the Brazilian state of Mato Grosso, followed by Brazil, Uruguay and Argentina, forming what became known as “the triple alliance”. The war came to an end in 1870 with the official defeat of Paraguay and the death of Solano López, a soldier from that country. The general objective of this article is to discuss the causes and consequences of the biggest war in Latin America. The justification for the research lies in the transcendence of the effects that wars cause, effects that often last over time and even perpetuate themselves. The research problem lies in the following question: “What is the main consequence of the war between Brazil and Paraguay for black people who were slaves at the time of the armed conflict?” The research methodology adopted was bibliographic and also documentary in nature. The war between Paraguay and the triple alliance countries was certainly one of the main events of the 19th century and marked the relations between the nations that participated in the event.

Keywords: Triple Alliance. Slaves. Navy. Solano López.

INTRODUÇÃO

A Guerra do Paraguai foi o conflito armado que envolveu diretamente quatro Nações: Paraguai, Argentina, Brasil e Uruguai. De um lado o poderio militar do Paraguai sob o comando ditatorial de Solano López e do outro lado as outras Nações em um formato de aliança na busca de derrubada do governo de López e suas intenções expansionistas para outros territórios latino-americanos.

O conflito teve início no ano de 1864 e perdurou até o ano de 1870, sendo considerado como o maior conflito armado existente América Latina. As razões para a ocorrência do conflito são diversas e listadas pelos historiadores. O ato deflagrador do movimento armado se deu em decorrência do aprisionamento da embarcação brasileira Marquês de Olinda, que em navegação pelo Rio Paraguai em destino à Cuiabá sofreu interceptação dos paraguaios. Esse ato marcava uma resposta à ajuda do governo brasileiro em relação ao movimento de guerra que acontecia internamente no Uruguai entre partidários blancos e colorados.

Este trabalho tem como objetivo geral discutir as causas e consequências da maior guerra da América Latina. Os objetivos específicos podem ser resumidos em: analisar os principais acontecimentos que ocorreram ao longo do conflito armado e investigar de que modo os negros e escravos foram beneficiados ao longo do movimento armado.

A justificativa para a pesquisa reside na transcendência de efeitos que as guerras causam, efeitos que muitas das vezes prolongam-se no tempo e até perpetuam-se. O problema de pesquisa reside na seguinte indagação: “Qual a principal consequência da guerra Brasil e Paraguai para os negros que eram escravos na época do conflito armado?”. A metodologia de pesquisa adotada foi de caráter bibliográfico e também documental. A guerra ocorrida entre o Paraguai e os países das tríplice aliança foi certamente um dos principais eventos do século XIX e marcou as relações entre as nações que participaram do evento.

O desfecho da guerra entre Paraguai e os países da Tríplice Aliança somente aconteceu no ano de 1870. Episódios que deram início à derrota paraguaia foram a rendição ocorrida em Humaitá no ano de 1868 e a invasão perpetrada pelos países aliados em Assunção no ano de 1869. Esses episódios marcaram a derrocada de Solano López que em 1870 foi morto em Cerro Corá, no Rio Grande do Norte, por soldados brasileiros.

AS CAUSAS DA GUERRA

As causas  historicamente relatadas para o início da guerra Paraguai x Tríplice Aliança (Brasil, Argentina e Uruguai) são bastante diversas e podem até mesmo ser diferentes a depender do contexto em que estudadas, pois a visão dos historiadores muda de acordo com o seu país de origem (SILVA, s.d.).. Algumas dessas causas, no entanto, podem ser sistematizadas para o presente estudo e dentre elas estão:

  • Desentendimentos de ordem política entre o governo do Brasil e o governo do Paraguai (SILVA, s.d.);
  •  A posse de Solano López (figura 01) como ditador militar em Paraguai (SALLES, 2015);

Figura 1 – Solano López (ditador do Paraguai)

  • A aproximação do Paraguai com os blancos, ruralistas do Uruguai e integrantes de partido político que apoiava os ideais de Solano López (MINTEGUI, s.d.);
  • Questões envolvendo os direitos de navegação pelo Rio Paraguai (SILVA, s.d.);
  • O apoio do governo brasileiro aos colorados, adversários políticos dos blancos em Uruguai. Como o Paraguai apoiava justamente os blancos e o Brasil decidiu apoiar o grupo rival, a tensão existente entre os dois países aumentou consideravelmente (MINTEGUI, s.d.).

Essas são algumas das possíveis causas do conflito armado entre Paraguai e Brasil. Quando o Brasil ameaçou invadir o território uruguaio em defesa dos colorados, os líderes do Paraguai não ficaram nada satisfeitos com a decisão e ameaçaram dar início ao conflito (SILVA, s.d.). Esse comportamento do governo paraguaio era parte de uma agenda do governo de Solano López na tentativa de colocar seu país como uma potência alternativa da América Latina, fazendo rivalidade ao Brasil e à Argentina (SALLES, 2015).

Não houve, no entanto, por parte do governo brasileiro receio à ameaça sofrida e no ano de 1864, tropas brasileiras deram início à invasão do Uruguai com o objetivo de neutralizar as forças dos blancos e conceder vantagens bélicas aos colorados na guerra (MINTEGUI, s.d.). A incursão do governo brasileiro serviu de forte apoio aos colorados, destituindo os blancos do poder e colocando Venâncio Flores (figura 2), líder do partido colorado como presidente do Uruguai (SILVA, s.d.).

A atuação do governo brasileiro gerou respostas do governo paraguaio, que na data de 11 de novembro do ano de 1864 aprisionou uma embarcação brasileira à vapor de nome Marquês de Olinda que se aproximava da cidade de Assunção sob o argumento de que carregava armas. Essa foi a dura resposta de Solano López à intervenção do Brasil no conflito que acontecia no Uruguai (SILVA, s.d.).

Após a resposta de López e o consequente aprisionamento da embarcação, algumas movimentações do governo brasileira aconteceram  no sentido de criticar a postura do líder paraguaio (SILVA, s.d.). Em seguida López decidiu pelo rompimento das relações diplomáticas entre os dois países e determinou que nenhuma embarcação brasileira poderia trafegar pelos rios que cruzavam o Paraguai (SALLES, 2015). Devido à postura de conflito assumida pelo governo do Paraguai, López esperava que o Brasil respondesse com algum ataque. Esse ataque, entretanto não ocorreu e então foi Solano López quem deu início ao conflito em 1864, atacando o Brasil (MILANESI, 2004).

Naquele ano foram enviados aproximadamente 7700 soldados paraguaios para o estado do Mato Grosso, no Brasil entre os dias 22 e 24 de dezembro. Em 26 de dezembro de 1864 houve um ataque paraguaio ao forte de Coimbra. Dois dias depois houve fuga das tropas brasileiras e com o ataque realizado pelo Paraguai teve início o maior conflito armado de toda a América Latina (SILVA, s.d.).

OS PRINCIPAIS ACONTECIMENTOS APÓS O INÍCIO DO CONFLITO

Com a declaração de guerra feita por López ao Brasil através de suas ações de represália em face do governo brasileiro, alguns países decidiram se aliar e enfrentar as atitudes déspotas que o ditador do Paraguai instituía em seu governo ditatorial. O ataque ao Brasil, em 1864, representou o início de um capítulo catastrófico para os países que participariam da guerra, sobretudo para o Paraguai, que apesar dos esforços, saiu perdedor.

O Tratado da Tríplice Aliança foi assinado entre Brasil, Argentina e Uruguai em primeiro de maio do ano de 1865, alguns meses depois da primeira investida paraguaia. A política de Solano López incomodava os países vizinhos, que decidiram se unir em face aos seus atos despóticos (BEZERRA, s.d.). O Tratado era um documento formal composto de dezenove artigos e cujo propósito era possibilitar a reunião de forças entre os três países signatários e combater a política de viés expansionista que López almejava para o território do Paraguai (BEZERRA, s.d.).

Havia um desejo de conquista dos territórios adjacentes pelo governo do Paraguai, principalmente na busca por mais opções de navegação. Com esse desejo de expansão e conquista, os países participantes da tríplice aliança sentiram-se ameaçados e resolveram unir forças em prol de um objetivo em comum: derrubar Solano López do poder ditatorial estabelecido no Paraguai (BEZERRA, s.d.).

Os principais líderes envolvidos no conflito foram o ditador paraguaio Solano López; o imperador do Brasil, D. Pedro II (figura 03) ao lado de Duque de Caxias e Conde D’Eu, importantes nomes do Exército Brasileiro na época; o presidente da Argentina, Bartolomé Mitre (figura 04), cujo principal objetivo era colocar fim ao sistema federalista que apoiava a ditadura De López e representando o Uruguai, o nome mais importante era Venâncio Flores, presidente daquele país após apoio do Brasil no embate entre blancos e colorados (SILVA, s.d.).

Algumas situações marcaram o início e a continuidade da guerra do Paraguai, dentre as quais podem ser citadas: a invasão do estado do Mato Grosso por tropas paraguaias; o apoio de Solano López aos blancos no Uruguai permaneceu durante o período de guerra, agravando ainda mais a relação entre os conflitantes; o embate em solo argentino em decorrência da negativa de passagem dos paraguaios que desejavam chegar ao Rio Grande do Sul, no Brasil, fato que foi determinante para a assinatura do Tratado da Tríplice Aliança (SILVA, s.d.).

A Batalha Naval de Riachuelo foi uma das mais importantes durante a manutenção do conflito. No embate, a Marinha Brasileira destruiu praticamente toda a Marinha paraguaia, representando essa batalha uma vitória parcial para o Brasil e consequentemente ocasionando o bloqueio dos rios da Bacia Platina ao acesso do Paraguai (PEREIRA, 2018). Outro momento decisivo ocorreu na denominada Batalha de Campo Grande ou Batalha de Acosta Ñú. Os aliados pretendiam capturar Solano López em um embate que durou aproximadamente oito horas. Muitas pessoas morreram no combate de Acosta Ñú, sendo quase a totalidade de mortes do lado paraguaio (SILVA, s.d.).

A guerra teve fim na Batalha de Cerro Corá com a captura de Solano López em março de 1870. O Paraguai sofreu muitas baixas e entrou em profundo endividamento após o desfecho da guerra. Para o Brasil, o fim da guerra também representou o início do período de decadência da Monarquia. Alguns territórios do Paraguai foram tomados pelo Brasil e pela Argentina. Apesar dos números de mortes não ser especificado com certeza, estima-se que o conflito tenha sido responsável pela morte de 300 a 450 mil pessoas, a maioria de origem paraguaia (SILVA, s.d.).

A ESCRAVATURA NO PERÍODO DA GUERRA DO PARAGUAI

Os escravos também participaram da Guerra do Paraguai, tanto do lado do Exército paraguaio como também do lado do Exército brasileiro. Quando o conflito entre os países teve início, não havia ainda sido decretada a abolição da escravatura em nenhum dos países mencionados. No Paraguai havia a chamada Lei do Ventre livre, promulgada no ano de 1842 pelo então Carlos Lopes, pai de Solano López (TORAL, 1995).

Um ano após o início da guerra, o governo paraguaio começou a recrutar soldados negros. A finalidade era que os escravos pudessem preencher os espaços de baixas ocasionados ao longo do conflito. Além das questões relacionadas com a guerra, também era uma época de muitas epidemias e soldados eram abatidos de maneira natural pelo acometimento de doenças (TORAL, 1995).

Os historiadores relatam que o fim da guerra de certo modo colocou também um ponto final à escravidão no Paraguai. No Brasil a abolição da escravatura ocorreu no ano de 1888 e com as investidas de combate e sucessivas vitórias brasileiras sobre o exército do Paraguai, os militares brasileiros representados pelo Conde D’Eu, quando da invasão de Assunção, em 1869, decidiram pela abolição da escravatura também em solo paraguaio (LEAO, 2021; TORAL, 1995).

Este ato realizado pelos militares do Brasil representou, de maneira indireta, o fim da escravidão também no Paraguai. Mas também no Brasil os escravos foram convocados a participar da guerra. Os soldados que sofriam abate do lado brasileiro também precisavam ser substituídos pelo governo. Com isso uma ordem de recrutamento militar compulsório teve início (SILVA, s.d.). Os proprietários de escravos que não desejavam se alistar para o movimento de guerra compravam escravos e os utilizavam como seus substitutos no campo de batalha. O governo, no intuito de conseguir mais soldados, também prometeu libertação para todos os escravos que se apresentassem para a guerra (SILVA, s.d.).

Nas palavras de Moraes (2017):

Foi nesse contexto que, em outubro de 1866, D. Pedro II enviou ao Conselho de Estado três quesitos para consulta. A primeira questão era a de se, caso prosseguisse a guerra, seria “conveniente lançar mão da alforria de escravos para aumentar o número de soldados do Exército”. O Imperador também queria saber quais escravos seriam “preferíveis para o fim de que trata o primeiro quesito, os da Nação, os das Ordens Religiosas ou os de particulares”. Por fim, a última pergunta do monarca era: “como realizar essa medida?” (n.p.).

A alforria, nesse sentido, estava condicionada ao ato de patriotismo do escravo, que deveria se comportar em favor dos interesse da sua Pátria e em troca receberia a sua liberdade. Nessa época, o governo também adquiriu inúmeros escravos para lutarem o combate contra o Paraguai, dentre os escravos estava Manuel Raimundo Querino (figura 05), escravo de Manoel Cruz Pinto. A liberdade negociada pelo império brasileiro em favor de Raimundo apensas mascarava seu real interesse de compra para uso em guerra. Após a alforria, que o escravo supunha funcionar como sua libertação afinal, apenas lhe era imposta nova obrigação: a de proteção e defesa de seu país na guerra. O preço da sua liberdade comprada pelo governo talvez fosse a sua própria morte (MORAES, 2017).

A busca pela vida livre estava condicionada a um ato de quase morte. Moraes (2017) acrescenta que:

A quantia que o governo pagou pelo cativo acabou sendo maior do que a que fora oferecida a princípio. Manoel recebeu um conto e quatrocentos mil réis do Império e o escravo foi então alforriado. A partir dali, Raimundo deixaria o cativeiro indesejado, mas a liberdade, tão almejada, não seria plena afinal. A carta de alforria não lhe garantiu o direito de se deslocar para onde quisesse ou de fazer o que bem entendesse. Como muitos outros escravos do Brasil, Raimundo foi comprado e libertado com um objetivo específico: ingressar na luta contra as forças paraguaias (n.p.).

No Brasil, o alistamento dos escravos acabou por enfraquecer o movimento de alistamento, pois aqueles que possuíam escravos ou posses faziam uso de tais recursos como forma de não ir para a guerra. Em outras palavras, os escravos serviram como escudo de proteção às elites brasileiras que não desejavam ingressar em campo de guerra (TORAL, 1995).

Mas apesar dos limites e das imposições que a liberdade condicionada à guerra causou aos escravos – também vale mencionar que muitos escravos fugiram de seus proprietários, pois tinham medo de ir para o campo de batalha – o período de duração da guerra ofereceu alguma esperança àqueles que viviam enclausurados sob o manto da legalidade monárquica estabelecida. O final da guerra trouxe o benefício da abolição, que embora não fosse exatamente a liberdade em sua versão final, era a construção de um caminho para a sua chegada (TERCI, 2020).

É importante destacar que outros grupos também foram condicionados ao alistamento compulsório. No Brasil, essa compulsoriedade alcançava escravos e pobres. No Paraguai ela alcançava a todos, de maneira indiscriminada. Não havia naquele tempo proteção a direitos individuais, o que havia era somente a vontade de vencer o rival e paralisar as suas intenções de expansionismo territorial. O desfecho da guerra trouxe esperanças de liberdade tanto aos escravos do Paraguai – ainda que de maneira forçada e indireta quando do desfecho do conflito – quanto aos brasileiros, pois os atos de guerra foram suficientes para que os dois países adotassem o regime da abolição da escravatura, ação que já havia acontecido em outros países da América e que sinalizava o final de uma época de sofrimentos (TORAL, 1995).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A guerra do Paraguai foi um conflito importante não só para a destituição do poder ditatorial de Solano López, no Paraguai, mas também serviu de recurso para importantes questões sociais que eram discutidas na época em que o evento teve início. O ano de 1864, ano inaugural da guerra foi decisivo para os anos seguintes e para ações que seriam fundamentadas ao longo do conflito armado.

O chamamento de escravos para o front de batalha foi uma decisão dos governantes da época – Brasil e Paraguai – como recurso de substituição aos soldados mortos durante o conflito ou mesmo pela ocorrência de morte natural, pois havia epidemias no período que ocasionavam mortes e doenças graves. No Brasil, o governo imperial chegou a comprar escravos em substituição aos soldados e em troca da participação na guerra prometia a liberdade ao final do evento.

Pode-se dizer que a abolição da escravatura, no ano de 1888, no Brasil, foi um recurso utilizado pelo país como um incentivo para que os negros fossem livremente se alistar para o enfrentamento dos rivais em guerra. O número de escravos que participou da guerra não é exato, de modo que não se pode apresenta-lo sem possibilidades de incorreção.

Apesar dos benefícios de concessão de alforria, da abolição da escravatura e até mesmo da possibilidade de ser um guerreiro na defesa do seu país, a verdade é que a guerra não deu outra opção aos escravos senão a compulsoriedade de seu alistamento, pois caso não o fizessem, seriam considerados desertores, traidores de seu país, crime que poderia levar à morte. A questão racial também foi suportada pelos escravos combatentes em seus Exércitos.

A guerra do Paraguai foi um evento que contribui para a abolição da escravatura no Brasil e no Paraguai. Apesar das muitas mortes que aconteceram, o evento marcou uma linha divisória entre o que aconteceu antes e o que aconteceu após a guerra, principalmente sobre a questão da escravatura. O tema é abrangente e requer outras pesquisas como forma de discutir e debater as consequências da guerra que ocorreu entre o Paraguai e os países da Tríplice Aliança.

REFERÊNCIAS

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1Curso: Licenciatura em História – Unicesumar / Polo Biguaçu – SC.