GUERRA AO TERROR: IMPLICAÇÕES DECORRENTES NA PRÁTICA DO COMÉRCIO EXTERIOR E LOGÍSTICA INTERNACIONAL

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8006750


Arthur Alves Martins
Lea Paz da Silva


RESUMO

As políticas de relações internacionais implementadas após os atentados terroristas sucedidos em 11 de Setembro de 2001 nos Estados Unidos da América decorreram diversos efeitos no comércio exterior, logística e diplomacia internacionais. Este estudo de caso tem como objetivo contemplar tais impactos através de análise e comparativos de mercados, produtos e medidas políticas, selecionados via amostragem estratificada uniforme.

PALAVRAS-CHAVE: Política, internacional, econômico, social.

ABSTRACT

The international relations policies implemented after the terrorist attacks that occurred on September 11, 2001 in the United States have resulted in various effects on international trade, logistics, and diplomacy. This case study aims to contemplate these impacts through analysis and comparisons of markets, products, and political measures, selected through stratified uniform sampling. The study seeks to identify changes in trade patterns, alterations in logistical flows, and diplomatic consequences of the measures adopted by countries after the terrorist attacks. The results obtained may provide a deeper understanding of the impacts of the War on Terror on the global economy and international relations.

Keywords: Politics, international, economic, social.

1.     INTRODUÇÃO

É de substancial importância analisar a extensão do corolário do fenômeno comumente conotado como Guerra ao Terror perante suas subsequências à práxis atual do Comércio Exterior e Logística Internacional.

Analisar com diligência acerca da base prática atual do Comércio Exterior e Logística Internacional e sua fundamentação em modificações resultantes do período político-social conceituado como Guerra ao Terror e seus subsequentes desenlaces.

O alicerce das relações internacionais é construído a partir da dinâmica de contraste entre as políticas individuais de nações singulares, e como tal contraste é manejado perante incógnitas e eventos pontuais. Um extenso período de situações políticas excepcionais e permutações executivas subsequentes, decorrentes durante a atualidade moderna do século XXI, foi e é um campo de estudo rico em fatores determinantes para inúmeros aspectos operacionais, políticos, sociais e intelectuais na atualidade, vide em evidência o praticado comércio exterior no mundo.

É importante estudar o impacto da guerra ao terrorismo no comércio exterior, pois as políticas econômicas e de segurança adotadas pelos países afetam diretamente as relações comerciais entre eles. Dados da OMC mostram que, de 1995 a 2019, o comércio mundial de mercadorias cresceu em média 3,5% ao ano, mas a guerra contra o terrorismo teve um grande impacto nesse crescimento em alguns países, afetando importações e exportações.

Além disso, a guerra contra o terrorismo afetou a infraestrutura logística e as rotas comerciais, aumentando os custos operacionais e atrasando a entrega de mercadorias. Entender esses impactos é fundamental para entender como os mercados se adaptam a essas mudanças e garantir a eficiência e a segurança das operações de negócios em cenários globais complexos.

2.     EMBASAMENTO TEÓRICO
2.1 A base prática

De acordo com dados do Ministério da Economia, em 2021 as exportações brasileiras somaram US$ 256,8 bilhões, com destaque para as vendas de soja, minério de ferro e açúcar. O processo de exportação envolve uma série de etapas, desde a negociação do contrato até o transporte da mercadoria. Para auxiliar com o processo, o Brasil e empresas residentes possuem facilitação do acesso ao crédito através de contas com linhas de financiamento específicas para o setor, como o Proex e o BNDES Exim, o que incentiva as exportações.

Com o grande aumento do comércio exterior, a tecnologia para esse processo também aumentou. Entre 2005 e 2015, a tecnologia dos navios de carga evoluiu significativamente, tornando-os mais eficientes e sustentáveis. Segundo a UNCTAD, o tamanho médio dos porta-contêineres aumentou cerca de 60% nesse período, passando de 3.800 TEU em 2005 para 6.200 TEU em 2015.[1] 

Além disso, houve avanços na tecnologia de propulsão com a introdução de navios de GNL e em sistemas de gerenciamento de energia, como sistemas de recuperação de energia de calor residual. Esses avanços levaram à redução das emissões de gases poluentes no transporte marítimo, trazendo maior sustentabilidade ao processo de transporte do meio de transporte mais popular do mundo, além de aumentar a eficiência.

A otimização e inovação dos padrões e protocolos de transporte também se caracteriza em função dos novos tratados, acordos e organizações comerciais, principalmente em função da aproximação comercial e diplomática entre países vizinhos no período de 2000 a 2010, período em que as crises políticas estavam seu maior momento de agravação. 

2.2 A Guerra ao Terror

De acordo com um estudo da Universidade de Stanford (2018), mais de 480 mil pessoas morreram em decorrência da Guerra ao Terror, que também resultou em gastos de mais de US$ 6 trilhões pelos EUA. Além disso, a guerra teve impactos significativos na política internacional[2] , afetando as relações entre países e a percepção global dos Estados Unidos. Portanto, compreender os reflexos da Guerra ao Terror é fundamental para entender a política internacional contemporânea e as consequências das ações de combate ao terrorismo no mundo.

O estudo da guerra ao terror é importante para entender seus impactos não apenas na política internacional, mas também no comércio exterior. A guerra afetou a logística global e a demanda por certos produtos, além de ter gerado mudanças nas políticas comerciais de diversos países. Compreender esses efeitos é fundamental para uma visão ampla das consequências da guerra e para a tomada de decisões no cenário internacional.

Grande parte dos cidadãos dos Estados Unidos da América acreditam que a ameaça do terrorismo[3]  continua a ser um problema importante para os Estados Unidos. Ademais, a atual administração dos EUA continua a implementar medidas de segurança nacional, incluindo restrições à imigração de países considerados de alto risco, como parte dos esforços contínuos para prevenir o terrorismo doméstico e internacional. A política externa dos EUA também continua a ser influenciada pela guerra ao terror, com a manutenção de presença militar em várias regiões do mundo.

O período de conflitos teve um impacto significativo na sustentabilidade, especialmente em relação à emissão de gases de efeito estufa (GEE). De acordo com um relatório da Universidade Brown, o Departamento de Defesa dos EUA é o maior emissor institucional de GEE do mundo, sendo responsável por 1,2% das emissões globais. Além disso, as guerras no Iraque e no Afeganistão resultaram em enormes danos ambientais, como contaminação por produtos químicos e uso excessivo de combustíveis fósseis. (“Pentagon Fuel Use, Climate Change, and the Costs of War” – Universidade Brown, 2019[4] )

A análise dos reflexos da guerra ao terror na sociedade é essencial para compreender os impactos econômicos, políticos e sociais que o conflito trouxe para o mundo. Um estudo da Universidade de Brown sobre o Pentágono e o uso de combustíveis fósseis durante as guerras no Oriente Médio mostra que a queima de combustíveis fósseis teve impactos significativos na mudança climática. Além disso, os custos financeiros e humanos da guerra ao terror continuam a ser sentidos em todo o mundo. É importante continuar a estudar e avaliar os efeitos desse conflito para avançarmos em direção a um futuro mais pacífico e sustentável.

2.3 Base Prática e Guerra ao Terror.

A conexão entre o crescimento do comércio exterior e a globalização durante a primeira década do século 21 é necessária e profundamente conectada por meio de dados. Entre 2003 e 2011, a logística internacional passou por mudanças significativas. Segundo a OMC, o comércio mundial cresceu 71% nesse período, chegando a US$ 18,2 trilhões em 2011. Esses e outros dados sobre o período marcado pelo início e fim da guerra do Iraque resgatam o padrão histórico de crescimento do comércio aliado ao dinamismo.

Um exemplo da ligação entre os dois é o fato de a globalização ter aumentado 5% entre 2008 e 2011, último período de conflito em que o mundo observou os resultados desse período. Embora de acordo com a UNCTAD, o comércio internacional tenha diminuído 12% em 2009, ele se recuperou rapidamente e atingiu o indicador acima mencionado acima de 18,2 trilhões de dólares americanos (DHL Global Connectedness Index, 2011).

Um dos precursores deste crescimento na globalização é o fato de que o desenvolvimento e uso de tecnologias de informação e comunicação tornaram-se essenciais para a eficiência da cadeia de suprimentos. O Relatório Global de Logística 2011 [5] indicou que 81% das empresas pesquisadas consideram a tecnologia da informação a principal fonte de melhoria em suas operações logísticas[6] .

De acordo com a Organização Mundial do Comércio (OMC), o comércio exterior árabe aumentou entre 2011 e 2015. O valor total das exportações árabes aumentou de US$ 765 bilhões em 2011 para US$ 937 bilhões em 2015, um aumento de cerca de 22 por cento. O sector petrolífero continuou a ser o produto de exportação mais importante da região, mas também aumentou a exportação de produtos industriais e serviços. Os destinos mais importantes das exportações árabes foram China, União Europeia e Estados Unidos.

Devido ao grande volume de reincidências de fatores decorrentes de incidentes, ainda considerando o cessar dos efeitos colaterais dos mesmos, é possível denotar o empenho de diversas nações para inovar diante de suas interdependências, onde cada nação e/ou bloco econômico buscou alternativas para os suprimentos dos quais necessitava.

3.     Dados econômicos

Com o andamento dos conflitos e processos derivados dos acontecimentos no intervalo de tempo em questão, houve variações drásticas nos valores das commodities em determinados períodos. Consequentemente, tais variações aconteceram também ao petróleo, mercadoria extremamente valiosa e essencial, especialmente para Estados Unidos e países da Europa que dependiam do mesmo para indústria, abastecimento de suprimentos e demais fatores. Observa-se na figura a seguir as variações da cotação do barril de petróleo de 1950 a 2022.

Fonte: Macrotrends

Com a ascensão das alternativas ao petróleo, surgiram e desenvolveram-se alternativas de energia limpa. Segundo a IEA, “política de prazos na China, Estados Unidos e Vietnã acarretaram uma explosão sem precedentes na capacidade de energia renovável em 2020, e a China, sozinha, foi responsável por mais de 80% do aumento nas instalações anuais de 2019 a 2020” (Renewable Energy Market Update – Outlook for 2021 and 2022, 2022, pg. 7). Considerando também os investimentos em tecnologia da China, é possível observar o comportamento econômico da China em relação aos Estados Unidos da América neste século.

Fonte: United States Census Bureau

4.     resultados e discussão

A utilidade do estudo do formato atual da prática do comércio exterior se torna cristalinamente visível ao analisar, ponto a ponto, o contraste entre a mesma e a ramificação de dados decorrentes. Para exemplificar tais reflexos, propõe-se analisar um exemplo de exportação de painéis solares, tecnologias que saltaram em desenvolvimento em dez vezes de 2011 a 2020. (IRENA, 2021)

Alguns procedimentos devem ser seguidos para exportar 100 painéis solares de fabricação brasileira para os Estados Unidos com isenção de impostos, importando os componentes da Inglaterra. Primeiramente, o exportador brasileiro precisa reunir as informações necessárias sobre as exigências do mercado americano em termos de painéis solares, para que haja informação acerca de barreiras não-tarifárias, comportamento do consumidor, mercado interno e demais informações críticas.

Além disso, deve-se apresentar os documentos solicitados para exportação, como notas fiscais, faturas comerciais, certificados de origem e outros documentos solicitados pelas leis de comércio exterior. A importadora inglesa precisa então enviar as peças necessários para fabricar os paineis solares para o Brasil. Essa importação também deve ser regularizada com os documentos necessários, como fatura comercial, packing list e demais barreiras tarifárias e não-tarifárias.

Após a fabricação dos paineis solares, a empresa brasileira deve declará-los para exportação e cuidar do desembaraço aduaneiro, que é a autorização para a saída da mercadoria do país. No metodo de Drawback Aduaneiro, é possível obter reembolso ou isenção de impostos para componentes importados dos Estados Unidos da América, que foram usados ​​para fabricar painéis solares.

Exemplificando: Utilizando o silício importado dos Estados Unidos da América, é possível conseguir isenção dos impostos no ato da exportação. Porém, considerando o ato de isenção de todos os encargos tributários decorrentes da exportação de painéis solares, publicado no Diário Oficial da União, os encargos e custos da exportação ao final da operação se reduzem significantemente.

Por exemplo: Ao utilizar o Incoterms FCA (Free Carrier), os encargos da operação se reduzem ao frete, cambiais e seguros pontuais deliberados pelo fornecedor ou comprador. Assim, supondo-se o custo base de R$ 500,00/unidade, na exportação de mil unidades, soma-se apenas o valor do frete rodoviário ao local designado.

5.     CONSIDERAÇÕES FINAIS

Historicamente, conflitos e eventos extraordinários podem desencadear diversos efeitos em cadeia, desde a adulterar métodos como provocar revoluções em determinados mercados em prol do abastecimento de recursos, zelo, economia interna e demais fatores que realçam as características individuais das nações.

Como apresentado neste estudo, tais efeitos se apresentam, em grande proporção, ligações sólidas com eventos relacionados à Guerra ao Terror. O período, predominantemente, é um conjunto de incidentes diplomáticos e políticos decorrentes, e em alguns casos simultâneos, em relação a conflitos armados. Deve-se destacar a importância das manutenções dos canais de diplomacia e a inovação constante dos métodos para a mesma.

Aberto o paralelo direcionado à prática do comércio exterior e logística internacional, conclui-se que, devido ao centrismo e essencialidade de ambas as atividades para a manutenção do sistema coletivo mundial e para a mesma relacionada individualmente às nações, grande parcela das mudanças em tais segmentos realizaram-se precedendo anomalias no mercado, e/ou reagindo em função das mesmas, com o principal critério de diferenciação sendo a natureza política das nações envolvidas no caso determinado a ser analisado em questão.

REFERÊNCIAS

BROWN UNIVERSITY. Pentagon Fuel Use, Climate Change, and the Costs of War. Disponível em: <https://watson.brown.edu/costsofwar/papers/ClimateChangeandCostofWar> Acesso em: 11 abr. 2023. 18:55.

DHL. Global Connectedness Index 2011. Disponível em: <https://ghemawat.com/wordpress/wp-content/uploads/2016/07/DHL-Global-Connectedness-Index-2011.pdf> Acesso em 12 abr. 2023. 21:02

MOSADDEQ AHMED, NAFEEZ. The International Relations of Crisis and the Crisis of International Relations: From the Securitisation of Scarcity to the Militarisation of Society”, Global Change, Peace & Security. Disponível em: <https://www.academia.edu/1608098/The_International_Relations_of_Crisis_and_the_Crisis_of_International_Relations_From_the_Securitisation_of_Scarcity_to_the_Militarisation_of_Society>. Acesso em: 15 abr. 2023. 20:18.

MOSADDEQ AHMED, NAFEEZ. Failing States, Collapsing Systems: BioPhysical Triggers of Political Violence (SPRINGER BRIEFS IN ENERGY). Disponível em: < https://www.academia.edu/34816514/Failing_States_Collapsing_Systems_BioPhysical_Triggers_of_Political_Violence_SPRINGER_BRIEFS_IN_ENERGY_> Acesso em: 15 abr. 2023. 20:50.

OMC. Trade Policy Review: Arab Republic Of Egypt 2016. Disponível em: <https://www.wto.org/english/tratop_e/tpr_e/tp_rep_e.html>. Acesso em: 16 abr. 2023. 18:12.

IEA. Renewable Energy Market Update – Outlook for 2021 and 2022. Disponível em: <https://iea.blob.core.windows.net/assets/18a6041d-bf13-4667-a4c2-8fc008974008/RenewableEnergyMarketUpdate-Outlookfor2021and2022.pdf>. Acesso em: 16 abr. 2023. 19:38

IRENA. Renewable Power Generation Costs in 2020. Disponível em: <https://www.irena.org/publications/2021/Jun/Renewable-Power-Costs-in-2020>. Acesso em: 19 abr. 2023. 23:17.

United States Census Bureau. Trade in Goods With China. Disponível em: <https://www.census.gov/foreign-trade/balance/c5700.html>. Acesso em: 20 abr. 2023. 01:41.

Macrotrends. Crude Oil Price History Chart. Disponível em: <https://www.macrotrends.net/1369/crude-oil-price-history-chart>. Acesso em: 20 abr. 2023. 20:11.