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Dra. Mariana Maia de Oliveira Sunemi (SP) Supervisora do curso de especialização em Fisioterapia Aplicada à Saúde da Mulher – CAISM/Unicamp; Pós-doutorado em Ciências da Saúde – Unicamp.
Contextualização: O câncer de mama é a neoplasia maligna mais frequente entre as mulheres em todo o mundo. A melhoria contínua dos métodos de detecção e diagnóstico precoce e tratamento desta patologia tem contribuído para o aumento na sobrevida e na expectativa de vida. No entanto, o tratamento do câncer de mama está associado a comprometimentos funcionais. Dor e disfunção articular do membro superior são os efeitos colaterais mais frequentes, e podem persistir por meses ou até anos após o diagnóstico, associada a redução da qualidade de vida e disfunção motora.
Desenvolvimento: Estudos mostram prevalência de incapacidade funcional em torno de 23% das mulheres tratadas por câncer de mama, com maior impacto em pacientes mais jovens, usuárias de serviços público de saúde, nas pacientes submetidas a abordagens cirúrgicas mais agressivas e tratamento adjuvante. Além disso, limitações da amplitude de movimento do ombro no pós- operatório, associadas à dor e/ou fraqueza muscular, comprometem a funcionalidade. Muitas mulheres relataram problemas com a escrita, ao abrir ou fechar frascos em atividades diárias e nas tarefas de trabalho que exigem força dos membros superiores, como levantar e transportar objetos. A dor está presente em 25 a 42% das mulheres, mesmo após ano do tratamento do câncer de mama. Esta queixa de ser de origem musculoesquelética, neuropática induzida por drogas ou radioterapia ou dor crônica. Para tratamento da dor musculoesquelética, estudos sugerem, para a fase aguda do pós- operatório, o emprego de técnicas de terapia manual com mobilização articular e tecidual; e no período subagudo, exercícios de fortalecimento seletivo e facilitação neuromuscular proprioceptiva para a restauração do correto ritmo escapulo-umeral. Para a dor neuropática quimioinduzida, exercícios aeróbicos de intensidade moderada e fortalecimento devem ser propostos com a supervisão de um fisioterapeuta, por pelo menos 150 minutos, por semana. O tratamento da dor crônica necessita de abordagem multidisciplinar, incluindo intervenções de Fisioterapia, intervenções farmacológicas, intervenções psicológicas e intervenções de educação da dor. A educação da neurociência da dor pode aumentar a eficácia das modalidades de Fisioterapia. Pois, o conhecimento da capacidade do sistema nervoso para modular a experiência da dor, bem como a potencial influência do sono, pensamentos, sentimentos e cultura, favorece a compreensão do modelo biopsicossocial real de dor e as mulheres podem explorar contribuições mais amplas, estimulando a autogestão ativa.
Considerações finais: Para assistência as mulheres com câncer de mama na perspectiva do cuidado integral, o fisioterapeuta deve considerar a amplitude e repercussões da doença e tratamento, bem como a restauração do estado de saúde da mulher, assim como as características individuais e contextuais de cada mulher. Desta forma, podemos atuar em todas as etapas do tratamento visando à prevenção e/ou tratamento precoce das complicações físico-funcionais, melhora nas condições de vida, saúde e funcionalidade das mulheres.
Leitura complementar: Nascimento de Carvalho F, Bergmann A, Koifman RJ. Functionality in Women with Breast Cancer: The Use of International Classification of Functioning, Disability and Health (ICF) in Clinical Practice. J Phys Ther Sci. 2014;26(5):721-730. doi:10.1589/jpts.26.721
De Groef A, Devoogdt N, Van der Gucht E, et al. EduCan trial: study protocol for a randomised controlled trial on the effectiveness of pain neuroscience education after breast cancer surgery on pain, physical, emotional and work-related functioning. BMJ Open. 2019;9(1):e025742. doi:10.1136/bmjopen-2018-025742
Giacalone A, Alessandria P, Ruberti E. The Physiotherapy Intervention for Shoulder Pain in Patients Treated for Breast Cancer: Systematic Review. Cureus. 2019;11(12):e6416. doi:10.7759/cureus.6416
Dantas de Oliveira NP, Guedes TS, Holanda AM, et al. Functional Disability in Women Submitted to Breast Cancer Treatment. Asian Pac J Cancer Prev. 2017;18(5):1207-1214. doi:10.22034/APJCP.2017.18.5.1207