REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ma10202302150752
Fábio Araújo Pereira1
Resumo: A Semântica de Frames é uma teoria presente nos mais diversos campos de conhecimento, como a sociolinguística, psicologia e a linguística cognitiva. Baseia-se no conceito de que as palavras acionam imagens ou esquemas que, por sua vez, trazem à tona outros termos relacionados. Isso demonstra que os vocábulos pertencem a domínios específicos. Ao acionarmos o frame “restaurante”, por exemplo, toda uma cadeia de rituais e procedimentos relativos a esse domínio emergem. Assim, mesmo que se use outros termos como self service ou rodízio, a referência não deixará de ser captada. Um mesmo frame pode ser acionado por termos distintos, ou uma palavra pode ser capaz de fazer referência a frames diversos, uma vez que palavras podem ser emprestadas de um contexto para um outro metaforicamente para melhor ilustração de uma ideia. São inúmeros os exemplos de como os conteúdos dos vocábulos são moldáveis ao uso e apresentam vulnerabilidade nas situações. Goffman (1974) corrobora que frames são eventos que variam a depender do que é incluído na cena. Este é um dos pilares da teoria goffiniana a respeito da Semântica de Frames. Comunidades de fala possuem suas normas, hábitos e linguagens que traduzem seus valores, crenças e ideias, que tendem a permanecer por um longo tempo, mas podem sofrer mudanças. Também podem existir diferentes “mundos” em uma mesma esfera social, causando frequentes choques de realidade entre seus membros. Este trabalho tem, como suporte teórico, os estudos de Fillmore (1982), Lakoff (2006;2012) e Goffman (1974).e a análise realizada teve como objetivo examinar se os frames partem de constructos internos ou externos dos sujeitos falantes, considerando a recorrente dificuldade de definição de frames, diante de seu entendimento como conhecimento interno dos sujeitos ou como algo que emerge diretamente da interação social dos indivíduos. Por meio do estudo realizado, de natureza qualitativa e exploratória, constatamos que os resultados sugerem que é possível afirmar que tanto os constructos internos quanto os mais externos contribuem para uma melhor compreensão do que são Frames Semânticos.
Palavras-chave: Frames Semânticos; Frames Conceptuais; Frames Interacionais
Compreendendo a essência dos Frames
Frames semânticos constituem-se em teorias desenvolvidas desde o início do século XX. Fillmore (1982) compilou uma série de ideias a esse respeito no artigo intitulado “Linguistics in the Morning Calm”, onde o autor demonstra em suas pesquisas, que os vocábulos têm sentidos que variam de acordo com o domínio ao qual pertencem, o autor chama esses enquadramentos de “frames”. Segundo a vertente Filmoriana, os termos fazem sentido na mente dos sujeitos quando eles compartilham do mesmo frame. Esse acionamento ocorre de maneira satisfatória quando os sujeitos compartilham do mesmo background. Ao longo dos anos, a teoria foi se modernizando, e novos conceitos foram sendo atrelados a ela, fazendo com que sua definição fosse cada vez mais problemática.
Fillmore (1982) também acreditava na noção de que frames são palavras que estão relacionadas de tal modo que, para que se assuma a essência de uma, é necessário que se compreenda também toda a estrutura ao qual ela está inserida2. “[…] os frames estruturam o significado das palavras e a palavra evoca o frame”. (FILLMORE, 1982, p. 117, grifo nosso, tradução nossa)3.
Em outras palavras, as palavras são responsáveis pela criação mental de um script, cenário ou um “andaime” de ideias interligadas entre si, com o objetivo de alcançar determinado juízo.
[…] Palavras representam categorizações da experiência e cada uma dessas categorias é sublinhada por uma situação motivação que ocorre ancorado em um background de conhecimento e experiência […]. Semântica de frames pode ser entendida como o esforço para entender o que leva a uma comunidade de fala a ter criado aquela representação e explicar o significado da palavra apresentando e esclarecendo a razão (FILLMORE, 1982, p. 112, grifo nosso, tradução nossa)4.
A informação supracitada, mostra que os frames são responsáveis pela ativação de experiências vividas, em outras palavras, são agentes motivadores da ativação do entendimento dos objetos do mundo. Para o linguista George Lakoff (2004), as palavras evocam frames, e os termos constituintes daquele frame também os evocam. Por exemplo; quando se ouve o termo “elefante” a imagem deste mamífero é ativada na mente, assim como quando se ouve a palavra “tromba”, que por sua vez, também está ligada ao termo elefante, e sua menção também é capaz de trazer ao cérebro a figura do animal.
Fillmore (1982) afirma que um importante quantitativo de termos pode relacionar-se entre si apesar de suas diferenças, pois estes são capazes de evocar a mesma “cena”. Lakoff e Wehling (2012) trazem que cada palavra é processada no intelecto por meio de circuitos de frames, e que estes, por sua vez, não são simplesmente lógicos, pois eles se conectam às emoções e trazem poderosos esquemas imagéticos. Os autores também corroboram que
Você não pode ver ou ouvir frases. Eles são parte do que os cientistas chamam de “inconsciente cognitivo” – estruturas no nosso cérebro a que não temos acesso consciente, mas que delas sabemos por suas consequências: a forma como racionalizamos e o que define senso comum. Nós também reconhecemos frames pela linguagem. Todas as palavras são definidas em relação aos frames conceituais. Quando você escuta uma palavra, o frame dela (ou o grupo de frames) é ativado no seu cérebro (LAKOFF, 2004 apud FELTES; BROILO NETO, 2018, p. 121, grifo nosso).
A teoria foi tomando forma a partir da década de 1970, sobretudo pelo advento da teoria da gramática de casos5, a qual investigava o papel semântico das palavras em várias línguas e a função da gramaticalidade das sentenças. O autor corrobora que a semântica de frames parte da escolha das palavras e de suas regras gramaticais. Essa escolha estaria ligada à visão de mundo dos falantes. “Frame caracterizaria as palavras e expressões que servem de pontos de acesso para o conteúdo semântico ou conceptual”. (CHISHMAN, 2019, p. 5). Até este momento, a noção de frame estava mais ligada à linguagem e não a esquemas imagéticos.
Na década de 1980, após as contribuições de outros teóricos, o frame passou a ser compreendido como uma manifestação de um fluxo de experiências depositados na memória dos falantes, os quais se materializam através da palavra. Fillmore (1982) considerava que as escolhas lexicais são feitas baseadas no conhecimento enciclopédico de cada comunidade de fala, que determinam os conceitos dos vocábulos e a motivação para serem utilizados. Essa é a mesma definição de frame usada por Cienki (2007), para quem o frame provém da ideia de que os termos são estruturas de conhecimento que norteiam o uso da linguagem, enquadrando as experiências humanas, sendo, por esta razão, generalizantes e convencionais. O autor ilustra esse conceito com o seguinte exemplo:
A palavra inglesa write e a palavra japonesa kaku são normalmente consideradas traduções equivalentes, mas como as cenas associadas às palavras em suas respectivas culturas se divergem, a cena associada à palavra em inglês implica algo que é escrito, enquanto à cena ligada a palavra japonesa é menos específica e pode incluir vários tipos de desenho. Assim o frame para responder à pergunta “o que você escreveu?” em inglês se limitaria a uma cena de comunicação linguística, enquanto que em japonês a resposta teria uma gama mais ampla de possibilidades (CINENKI, 2007, p. 172, grifo nosso, tradução nossa)6.
Os enquadres mentais gerados pela escolha de determinado frame também fazem parte do estudo da inteligência artificial. É notório que sistemas de busca da internet, dentre outras tecnologias disponíveis, busquem na semântica de frames um aporte teórico para seu desenvolvimento. De acordo com Minsky (1974), frames são uma estrutura de dados para representar uma situação estereotipada como ir a um “aniversário de criança”. Os frames são percebidos pelo cérebro humano, e cada vez que são acionados também são fortalecidos pelos circuitos neurais (LAKOFF, 2004). Desta forma, um frame é evocado mesmo quando se nega ele, e, ao fazê-lo, ele se torna mais forte na mente7. A flexão dos termos também é capaz de alterar a percepção de um frame.
No que diz respeito à formação de palavras propriamente ditas, os elementos mórficos são responsáveis por colocá-lo em diferentes enquadramentos. Fillmore (1982) compara esses componentes das palavras às ferramentas que os falantes lançam mão para atingir seu objetivo no ato da comunicação. Desta feita, conforme essa analogia feita pelo mencionado autor, os atos de fala são permeados por estas ferramentas, onde se precisa saber os nomes, para que servem e a razão pela qual estão sendo usados em determinado diálogo ou texto. Ele ainda acrescenta que:
[…] É possível pensar num texto linguístico não como uma sucessão de pequenos significados, dando ao intérprete a função de colocá-los em um significado mais amplo (o significado do texto) mas sim como uma sucessão de ferramentas que alguém usou para fazer determinada atividade. A função de interpretar um texto, então, é análoga ao trabalho de entender a que atividade a pessoa se engajou ao organizar as ferramentas naquela ordem (FILLMORE, 1982, p. 112)8.
De acordo com estudos de Goldberg (1995), o significado das sentenças deriva não só do conhecimento que os indivíduos possuem das palavras, como também das cenas e enquadramentos que dizem respeito aos termos gramaticais. Como exemplo, o autor formula a sentença “Sara enviou a fatura para Jeremy por fax”, em que Goldberg (1995) traz que não somente o conhecimento prévio da palavra “fax” seria suficiente para o entendimento da frase, como também a noção de se “enviar algo a alguém”. Isso acaba aproximando a semântica de frames a outras teorias, como a gramática das construções, lexicologia, lexicografia, sintaxe e gramática em geral9.
A logicidade que emerge dos frames semânticos repousa então na construção das palavras, e como consequência, no conhecimento prévio dos interlocutores a seu respeito. Nesse sentido, pode-se entender que a comunicação é orientada pelos cenários evocados pelas palavras, cenários estes que para se efetivarem nas mentes dos falantes, necessitam que eles compartilhem da mesma percepção dos termos. Mas, definir conhecimento, é tarefa tão complexa quanto definir a noção de frame10. Fillmore (1982) afirma que os “frames de caso” são pequenas cenas abstratas, que para se entender sua estrutura semântica é necessário entender também as propriedades das cenas esquematizadas.
Para Morato (2010), a definição de frame poderia estar associada a conceitos cognitivos, que uma vez acionados por determinado termo, mobilizam uma espécie de cascata de outros termos e cenas capazes de definir um dado objeto. A autora utiliza a seguinte analogia para definir os frames semânticos: “Ao retirarmos o frame ‘restaurante’ […] evocamos os modelos de procedimentos, falas, rituais culturais etc. associados a ele, podendo apresentar características variadas e mesmo assim não deixa de ser por nós reconhecido” (MORATO, 2010, p. 97).
Van Dijk (1977) afasta-se um pouco dessa concepção de frame ao afirmar que nem sempre as palavras vão estar relacionadas, ainda que pertençam ao mesmo enquadramento. Para o autor, um termo pode estar associado a uma infinidade de outros termos, e estes podem ter numerosas possibilidades de frames, por isso Van Dijk (1977) prefere relacionar frame à noção de episódios. Ferrari (2011, p. 53, grifo nosso) segue na mesma linha, ao trazer que “[…] o mesmo termo pode apresentar significados distintos, se estiver associado a diferentes frames”. Percebe-se, portanto, que não há um consenso cristalizado entre os autores sobre conceito e significado de do termo em estudo.
A visão de mundo dos falantes também é primordial para o processamento de frames. Ao evocar o frame “órfão”, por exemplo, precisa-se ter em mente que uma criança pequena precisa ter os cuidados dos pais ou responsáveis, e que somente aquela que não desfruta desse privilégio é enquadrada em tal frame. Segundo Van Dijk (1977, p. 18, grifo nosso), “O processamento do discurso em vários níveis depende do nosso conhecimento convencional do mundo, e isso é representado em estruturas chamadas frames”. Tal conceito mostra que os frames surgem de constructos internos dos indivíduos.
Do mesmo modo, Fillmore (1982) assinala que para que não haja uma palavra para cada significado existente, os termos podem ser redimensionados. O autor faz um encadeamento de observações lexicais que trazem essas noções dentro da linguística, como é o caso da polissemia, onde o mesmo termo denota diferentes frames. Ou o contrário, onde diferentes termos expressam o mesmo frame, como no exemplo das palavras “mesquinho” e “econômico”.
O autor também apresenta termos que têm uma espécie de escala de sentidos, como nas palavras “mesquinho”, “econômico” e “generoso”. Em seguida, o autor propõe os empréstimos de frames conceituais como quando palavras de um domínio são usadas em outro, como, por exemplo, a expressão “rebanho de solteiros” para indicar animais que hibernam durante um ano antes de estarem prontos para o acasalamento. A expressão “solteiros” foi emprestada de forma metafórica pela ausência de um termo específico para tal conjuntura. Sobre isso, Ferrari (2011, p. 34, grifo nosso) acrescenta que:
[…] A definição do termo (solteiro) requer referência a um domínio cognitivo específico, denominado frame, que reúne conhecimento compartilhado em relação às expectativas socioculturais relacionadas à idade apropriada para o casamento. É a reativação do termo […] a esse domínio cognitivo específico que explica o fato de que a palavra não é adequada para nomear o Papa, ou um personagem que vive nas selvas como o Tarzan, ainda que esses indivíduos compartilhem os mesmos traços listados.
O que se tem até aqui é que a noção de frame está intimamente vinculada à percepção, cognição e conhecimento prévio. Como a própria palavra sugere, frame é uma moldura, ainda que de forma abstrata e metafórica. Molduras normalmente cercam figuras que trazem algum tipo de informação. Persson (2019) considera uma curiosa analogia, em que os frames são tal qual uma moldura de um quadro branco pendurada em uma parede branca. O que diferencia o conteúdo de dentro do quadro e o de fora dele é necessariamente a moldura que o cerca. Mais ou menos o que se faz no ato de comunicação, onde se enquadra um sentido do conteúdo em detrimento de todos os outros que também são passíveis de enquadramento. Essas escolhas seriam de caráter puramente cognitivo. Diante o exposto, os princípios da noção de frame não fogem da definição que se tem de interação social, pois o frame só pode ser estabelecido quando dois ou mais atores interagem em um ato de intercomunicação. Ainda que essa comunicação tenha como foco um “reframe”. O conceito de interação também não foge da concepção que se tem de contexto ou situação. Por isso Goffman (1974) estabelece as palavras framework/frame/framing quando aborda os padrões de comportamento social que guiam a produção comunicativa e sua interpretação por parte dos falantes.
Frames como resultado da interação entre os indivíduos.
A percepção de frame semântico, como sendo um conhecimento estático dos objetos do mundo, tomou força com as pesquisas de Fillmore (1982) e seus seguidores, como Lakoff, Kay e O’Connor, dentre outros. Mas tal concepção não se afasta do princípio de que toda comunicação emerge da interação, e que estas são de suma importância para a ativação da compreensão humana. Os significados exteriorizam-se por meio dos termos, porém, outras bases também se interpõem no modo como se constrói o sentido das coisas. Não se trata de teorias antagônicas entre si, uma vez que elas se completam. Todo ato comunicativo é permeado por gestos, hábitos culturais e convenções sociais, por isso é necessário entender o frame em concordância com a linguística cognitiva e outras áreas, como a sociolinguística interacionista, que também se preocupa com essa temática. Para Morato (2010, p. 99, grifo nosso):
A orientação teórica dessa posição procura levar em conta os mecanismos de constituição da noção e das práticas de legitimidade dos frames. Aqui, os frames são entendidos como esquemas cognitivos ou knowledge pressupostos, apreendidos pela via da interiorização das experiências sociais, compartilhados (ou não) pelos personagens em interação.
Ao fazer um paralelo entre linguagem e interação, Morato (2002) apresenta conceitos que remontam às teorias de Vygotsky e Bakhtin no campo da enunciação ou expressão exterior. A autora ratifica que “[…] a organização interna da linguagem é fundamentalmente estruturada pelas regularidades enunciativo-discursivas constitutivas das interações humanas”. (MORATO, 2002, p. 63). Em outras palavras, a interação dos indivíduos afeta de forma direta a concepção e o desenvolvimento dos frames.
É a partir da socialização contínua dos usuários da língua, que novos frames vão tomando corpo, ao passo que outros se expandem ou até se extinguem. Sobre isso, Van Dijk (1977, p. 19, grifo nosso) pontua que “frames não possuem apenas dados estáticos, mas também processos dinâmicos que descrevem como agir em determinadas circunstâncias”. O autor não descarta que os frames possuem conceitos estabelecidos via convenções sociais, ou conceptualizações fixas, que não deixam de ser passíveis de intervenções dos sujeitos-falantes. Sobre isso, Fillmore (1982, p. 116, tradução nossa) afirma que:
[…] mas o ponto permanece é que não temos aqui apenas um grupo de palavras individuais, mas um “domínio” de vocabulário cujos elementos de alguma forma pressupõem uma esquematização do julgamento humano e comportamento envolvendo noções de valor, responsabilidade, julgamento, etc., de tal forma que se diria que ninguém pode realmente entender os significados das palavras naquele domínio se não compreender as instituições sociais ou as estruturas de experiência que elas pressupõem11.
O modo como se vê o mundo, determina a compreensão de como os frames são apreendidos por parte dos sujeitos nas interações. Fillmore (1982) também aponta para o fato de que frames não apenas trazem conceitos, mas também noções que dependem da interação. “Quando entendemos uma dada linguagem, fazemos esquematizações do que compõe o ‘mundo’ daquele texto e esquematizamos a situação na qual a linguagem está sendo produzida”. (FILLMORE, 1982, p. 117). Através do termo “frame interativo”, o autor salienta que falante e ouvinte precisam estar acomodados no mesmo enquadramento, para que o ato de intercomunicação aconteça de forma satisfatória. Autores como Ford (2004), Wolfgang (2007), Hopper (2004) e Fisher (2013) também rejeitam de forma categórica a ideia de que o significado e funções da linguagem sejam estáticos. Para eles, a interação é decisiva para a construção dos sentidos.
O modo como se interpreta um frame se ancora nas esquematizações que os indivíduos fazem. Essas pequenas unidades de significação possuem amplas possibilidades de percepção e referência. Sobre isso, Fischer (2013) aponta que embora o background dos participantes em um dado diálogo seja importante, a linguística cognitiva reconhece a função da interação na linguagem. Esses dois conceitos paralelos, background e interação, também fizeram parte dos estudos de Linguística Cognitiva de Langacker (1995). Conforme o autor, a linguagem possui duas funções: “uma função semiológica, permitindo que pensamentos sejam simbolizados através de sons, gestos, ou escrita, é uma função interativa, abraçando a comunicação, expressividade, manipulação e convenção social”. (LANGACKER, 1995, p. 1).
Diante do exposto até aqui, pode-se sair da visão unicamente internalista de frame e passa-se a encará-lo como algo que se constrói e se modifica. A esse respeito, Fischer (2013, p. 199) explica que:
Toda sentença exibe propriedades gramaticais que são sedimentadas na interação em si. Não há como esses aspectos interacionais serem deixados de fora da linguagem. Nossos estudos em linguagem automática mostram que não há enunciado na língua natural que não tenha seus componentes sedimentados na interação social12.
Em suas pesquisas, Fisher (2013) também apresenta um curioso vínculo entre gramática de construções13 e frames. Para ela, a interação é fundamental para se abordar os fenômenos deste tipo de gramática, estando ancorada na noção de sentido que os estudos de semântica de frames abordam. A autora também ratifica que cenários interativos são cruciais para se entender a gramática de construções.
Van Dijk (1977) corrobora com essa ideia sobredita, quando em seus estudos evidencia a relevância dos processos interativos no qual o sentido de frame se ancora. O autor divide a noção de frame em macro e microestruturas, sendo a primeira voltada para os significados mais gerais dos termos, e a última para as características que surgem no ato de comunicação. Tem-se a macroestrutura como os conceitos mais estratificados que se tem dos objetos. O autor compara esta estrutura a fronteiras geográficas. Todos têm a noção dos limites entre territórios, isso é algo que dificilmente é questionado. Quanto às microestruturas, elas estão mais sujeitas a alterações dos indivíduos, uma vez que possuem regras flexíveis e dinâmicas.
Como tais processos se dão nas esferas internas e externas das pessoas, Van Dijk (1977) cunhou o termo “modelo de processamento de informação cognitiva” para se referir a eles de modo geral. Frames são acionados sempre que os indivíduos interagem, e estes obedecem às regras gerais do frame, que são as macroestruturas, mas também as modificam através de microestruturas, um movimento que o autor chama de “coerência”. Van Dijk (1977, p. 6, grifo nosso, tradução nossa) também define que a interação é composta por camadas de conhecimento:
Conhecimento contextual pertence ao campo da situação comunicativa […] conhecimento geral pode ser convencional e envolve conhecimentos compartilhados sobre o mundo, conhecimento convencional contém não apenas fatos, mas “possíveis fatos” compatíveis com o mundo atual. O mundo convencional pode ser pensado como frames14.
A respeito das forças em tensão durante circunstâncias interativas, Goffman (1983b, p. 32, tradução nossa) faz a seguinte indagação: “[…] visto que se tenha algo que se deseja dizer a uma outra pessoa em particular, como você fará para entrar nas circunstâncias que permitirão que você o faça de maneira apropriada?15”. Em outras palavras, para o autor, há um esforço dos indivíduos em estabelecer uma correta aplicabilidade ao frame no ato de intercomunicação.
Todo comportamento social evidente em situação interativa é direcionado por convenções culturais, tanto em elocuções como em gestualidade. A fim de categorizar esses padrões da cultura, precisamos olhar para as definições de framing conforme a sociolinguística interacional e outras áreas em que há menção desse termo com significação similar (FELTES; BROILO NETO, 2018, p. 120, grifo nosso).
Goffman (1974) também chamou a atenção para os espaços de interação dos indivíduos. O que Van Dijk (1977) batizou de “macroestruturas”, Goffman (1974) havia nomeado anos antes de stripes, ou “faixas semânticas”. Van Dijk usou este conceito para demonstrar que frames são “eventos” nos quais os sujeitos se utilizam de códigos semânticos (no campo cognitivo), para produzirem sentidos que se pode chamar de frames. Para Morato (2010), o enquadramento social do falante marcha de mãos dadas com a situação na qual os indivíduos estão imersos. A escritora suscita terminologias como footing ou alinhamento, contexto, atividade, operações de referenciação e categorização social dos falantes (GOFFMAN, 1974; GUMPERZ, 1982-1998 apud MORATO, 2010). A autora ainda ratifica que “[…] estes são parte integrante da orientação dos atos de significação no decurso das interações”. (MORATO, 2010, p. 10). Essas definições demonstram que conceito e função se integram e contribuem para a formulação e reformulação do frame.
A situação é, portanto, o próprio frame, à medida que nela se encontra o alicerce para que os enquadramentos tomem forma. Os indivíduos, antes de se localizarem no que chamam de “realidade”, precisam detectar o quadro em que estão inseridos, para que cognitivamente passem a estabelecer os papéis sociais adequados à situação ou frame. Goffman (1959) cunhou o termo self para designar as pessoas que precisam entrar em funcionamento, a depender do frame captado pelo sujeito-falante. O self não apenas regula o papel dos falantes, como também sinaliza a que nível ele pertence no ato da interação: em outras palavras, indica as diferentes entidades que podem ser assumidas pelo sujeito em uma dada situação.
A respeito desse fato, Nunes (2013, p. 261) reforça que:
Uma situação pode ser caracterizada pelo enquadramento de tipos de conduta socialmente reconhecidos a posições ou atribuições funcionais, num processo interativo. Sob um ponto de vista metodológico, essa caracterização da situação parece similar à que fornece as teorias culturalistas dos papéis e status sociais […]. Contudo, trata-se de uma concepção mais dinâmica, que ressalta o processo de construção dos papéis, tendo em vista as atitudes e o desempenho em situações interativas. A situação é vista como manipulável pelos agentes, por meio de estratégias de representação e condução da aparência; os indivíduos e grupos têm um papel ativo na constituição de suas personalidades e posições de status.
Davis (1975), ao investigar “Frame Analysis”, aponta que para Goffman as instituições moldam a estrutura dos frames, embora isso possa ocorrer em um lapso grande de tempo. Logo, os conceitos e significados também se alteram ao sabor da vontade humana. Para Goffman (1974), mudanças de valores sociais importam para a consolidação dos frames semânticos. Persson (2019) aponta que, para Goffman, frames semânticos se constituem na dinâmica de como os indivíduos lidam com a tarefa de tentar entender e lidar com as situações que compartilham, enquanto leem a situação e os indivíduos com os quais estão interagindo. Assim, infere-se que semântica de frames é um constructo interativo, cognitivo e social.
Segundo Goffman (1974), frames são estruturas totalmente variáveis, pois sua existência depende da vontade dos indivíduos, e ainda sim o autor concorda que os falantes se encontram em sistemas universais que precisam ser obedecidos. Ele chama de “ritualizações” (PERSSON, 2019), os elementos que funcionam como “assoalho” para o frame. Ele diz, porém, que estas não estão livres de vulnerabilidades. Persson (2019, p. 49, grifo nosso) concorda com essa afirmação, ao argumentar que: “[…] essa ritualização deixa a interação fixa e repetitiva […] por esta razão interação social é ao mesmo tempo ritualizada e vulnerável, e o conceito de frame capta bem essa dualidade”. A fragilidade do frame pode ser vista aqui como sua plasticidade inerente. E diversas são as variáveis que contribuem para essa maleabilidade. Para Goffman (1967, p. 139, tradução nossa), interagir é como estar numa arena, e:
Nesta arena o indivíduo constantemente torce, gira, e se contorce, mesmo enquanto se permite ser conduzido pelo conceito que governa a situação. A imagem que emerge do indivíduo é a de um malabarista e sintetizador, um acomodador e apaziguador, que cumpre uma função enquanto aparentemente está ocupado em outra; ele vigia a porta da tenda, mas deixa todos os seus amigos e parentes passarem por baixo do pano16.
Em conformidade com Goffman, Velho (2008) propõe a tese de que os frames dependem de “negociações da realidade”. O autor acentua que as percepções sociais moldam as bases mentais dos indivíduos. Essas bases são formadas por redes de sentidos que controlam as interpretações de diferentes falantes, a partir de inúmeros pontos de vista e concepções acerca dos acontecimentos em progresso. Por esta razão, a noção de sujeito está intimamente atrelada à situação de interação e aos frames forjados cognitivamente dentro do contexto de cada pessoa. “A Sociolinguística Interacional e a Sociologia entendem frame como enquadres […] que envolvem o discernimento de regras sociais, valores, crenças e interpretação dos interesses e expectativas […]”. (FELTES; BROILO NETO, 2018, p. 122, grifo nosso).
Barth (1989) também defende este pensamento ao afirmar que a circulação de diferentes mundos e fronteiras de sentidos coexistem principalmente dentro de culturas mais complexas, formadas por tradições diversificadas e contraditórias entre si. Por consequência, constata-se que não é preciso uma mesma percepção da realidade, para que os falantes interajam entre si dentro de uma mesma esfera social.
Sobre isso, Velho (2008, p. 147, grifo do autor) afirma que:
[…] o risco de falsa percepção é mal-entendido é permanente, pairando como um fantasma sobre toda e qualquer interação. Poder-se-ia dizer que se trata de um risco inerente à vida social como um todo. A noção de performance é fundamental nesta reflexão, remetendo também às de palco (stage) e bastidores (backstage). Creio que a possibilidade de mal-entendido […] estimula grande parte da reflexão goffmaniana sobre performance.
Portanto, os rituais fixos do frame estão sujeitos a nuances que, como já visto, Goffman (1974) chama de “vulnerabilidade” do frame. Esse fenômeno é a chave para a sintonização ou não dos conceitos entre os falantes em dada situação. Ao que os indivíduos possuem suas definições particulares dos frames, tais concepções podem entrar em conflito, pois dependem do que cada um chama de “realidade”, a depender das experiências de vida do falante. De acordo com Nunes (2013, p. 272, grifo nosso), “a teoria do frame privilegia um tipo de percepção […] seletiva do self diante de um estoque cultural compartilhado desigualmente graças às distinções de classe ou posição social”.
A desorientação resultante da má interpretação apresenta-se, inclusive, quando os falantes estão imersos no mesmo contexto ou situação, já que isso, por si só, não estanca a possibilidade de que os interactantes não estejam totalmente sincronizados. Para Tannen e Wallat (1987), a mudança de frame decorre de incompatibilidades de experiências de vida entre participantes durante uma dada interação social. Para as autoras, essa quebra de expectativas é resultado do não entendimento durante a negociação situacional de fala. Assim, Persson (2009, p. 35, tradução nossa) considera que:
Vulnerabilidade no contexto da interação social significa, em princípio, que a interação social é frágil e sujeita a entrar em colapso, a menos que seus diferentes participantes, individualmente e juntos mantenham a ordem de interação – conscientemente, por engano, ou porque eles não podem controlar as impressões de outras pessoas bem o suficiente. Em outras palavras, a ordem de interação está em equilíbrio e não se torna ordenada por conta própria. Concretamente, vulnerabilidade significa várias coisas diferentes na interação social: Os seres humanos são vulneráveis e podem ser prejudicados em suas interações com outras pessoas. As próprias definições de realidade de um indivíduo são vulneráveis. Definições compartilhadas de realidade são vulneráveis porque dependem da interação de indivíduos que definem a realidade mais ou menos da mesma maneira17.
A falta de alinhamento entre participantes inseridos na mesma situação é proveniente de inúmeros fatores. Um deles recai sobre a falta de habilidade que uma das partes possa vir a ter em si fazer entender através de gestos, tons de voz, dentre outras expressões externas. Goffman (1959) aponta para o fato de que tais manifestações fogem do controle do locutor, pois ele não pode dominar como o outro irá decodificá-las.
Tanto expressões verbais quanto não verbais são frágeis, e, portanto, sujeitas a vulnerabilidades. Isto ocorre tanto quando os falantes em interação estão fisicamente próximos uns dos outros, como quando estão distantes, como quando se lê um livro sem saber as expressões não verbais do autor, ou uma mensagem em um dispositivo eletrônico, que pode ser mal interpretada se o locutor não a registrar de forma adequada. Portanto, Velho (2008, p. 147, grifo nosso) assegura que:
Para Goffman, era importante não só reconhecer a definição de situação como real, mas também verificar como se chegou a ela e, sobretudo, identificar os frames que possibilitam ou viabilizam diferentes definições. Creio, assim, que se pode fazer uma aproximação, com as devidas cautelas, entre as noções de frame e de contexto, que permitiria uma compreensão mais completa do processo de construção social da realidade, introduzindo variáveis como poder no seu sentido mais amplo.
A situação se apresenta como sustentáculo do frame, clareando aos falantes o contexto e fornecendo resposta à pergunta “O que está acontecendo aqui?”, à qual Goffman faculta como o questionamento que se faz tão logo se adentra numa dada situação. Ao se colocar na presença uns dos outros, entra-se em um estado de alerta permanente, ajustando-se ao “jogo” interpretativo do frame. Goffman (1974) compara esse ininterrupto estado de alerta a como quando se para o carro no farol e se atenta firmemente às cores, evitando, assim, que um acidente aconteça; da mesma forma os falantes estão sempre preparados para os choques de sentidos e interpretações distorcidas sobre a palavra instaurada.
A linguagem cotidiana tem um aspecto retórico, o que significa que a maneira como nos expressamos pode às vezes ser mais importante do que o que queremos dizer, enquanto, ao mesmo tempo, podemos entender muito bem o contexto por trás de vagas frases de efeito. A questão não é simplesmente ser linguisticamente correto, mas ser situacionalmente correto em igual grau (PERSSON, 2019, p. 36, tradução nossa)18.
A permanente vigilância dos sujeitos-falantes em relação à situação se deve ao fato das inúmeras circunstâncias passíveis de se desenrolarem no decurso da interação. Situações favoráveis ou não, também são constituintes do frame. Persson (2019) salienta que a proximidade física traz riscos de diversos tipos de violência, sejam eles físicos ou não. Isso inclui certas atitudes que apontam para o ultraje, afronta, ataques verbais etc. Grosso modo, os indivíduos também se tornam vulneráveis quando se colocam na presença do outro, como traz Goffman (1967, p. 147, tradução nossa):
Quando as pessoas chegam à presença física imediata umas das outras, elas se tornam acessíveis umas às outras de maneiras únicas. Surgem as possibilidades de agressão física e sexual, de abordar e ser arrastado para estados indesejados de fala, de ofender e importunar com o uso de palavras, de transgredir certos territórios de si mesmo e do próximo, de mostrar desprezo e desrespeito pelo ajuntamento presente e a ocasião social sob cujos auspícios o encontro é realizado19.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As teorias de Goffman (1974) vêm sendo analisadas, criticadas e melhoradas por diversos teóricos ao longo dos últimos anos. Sua visão de cunho mais cognitivo e situacional sobre frame trouxe percepções que servem de aporte teórico para esta e outras pesquisas atuais. Ao longo de sua vasta obra, o autor empregou diversos termos que explicam a dinamicidade dos enquadres semânticos. Em “Frame Analysis”, ele estabelece noções como “fabrication”, para designar as hipóteses que são formuladas dos termos quando não se está situado em um dado contexto. O autor também organiza as noções “Keyed Frames”, que são mecanismos utilizados pelo falante para posicionar o interlocutor dentro do frame desejado. Eles podem ser verbalizados, como, por exemplo, falar a expressão “era uma vez” no início de uma história, ou podem advir de convenções sociais, como cerimônias e eventos.
Por intermédio do que foi exposto neste artigo, apura-se que os frames emergem de práticas cognitivamente dinâmicas. Embora sendo um conhecimento sedimentado dos objetos, seus conceitos podem modificar-se de acordo com inúmeras variáveis ditadas pela situação. Os indivíduos são agentes capazes de modificar a condução do envolvimento interacional (MORATO, 2010). A informação contida no frame nem sempre está completa por parte dos falantes, pois isso depende de fatores, como ter o mesmo conhecimento de mundo e compartilhar o mesmo background. Na ausência de insumos para completar os significados, o cérebro humano se vale de inúmeras táticas:
[…] Na sua ausência, o indivíduo tende a empregar substitutos – dicas, testes, dicas, gestos expressivos, símbolos de status etc. – como dispositivos preditivos. Enfim, visto que a realidade que o indivíduo é tida como imperceptível no momento, as aparências devem ser invocadas em seu lugar (GOFFMAN, 1959, p. 249, tradução nossa)20.
Conclui-se que tanto as noções internalistas e externalistas de frames possuem relevância para as ciências cognitivas, sociolinguísticas, dentre outras. Lakoff (2004), portanto, não entende frame apenas como sendo um construto integrante da ação comunicativa, pois ele o tem como pilar cognitivo que moldura a forma de entendimento dos objetos. Não se pode conceber frames sem mencionar que são construtos enraizados na mente dos sujeitos, como também não se pode furtar da convicção de que os próprios indivíduos podem dimensioná-los e redimensioná-los num sistema cognitivamente situacional. Consequentemente, a interação ocorre à medida que os falantes imersos na situação comunicativa produzem significado, e têm entendimento das regras sociais, valores e expectativas ali presentes. A interpretação situacional realiza-se pelo acionamento cognitivo coerente do frame.
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2Ideia reforçada por Ferrari (2011)
3“Frames structure the meaning of the words and the word evokes the frame”.
4“Words represent categorizations of experience and each of these categories is underlined by a motivational situation that occurs anchored in a background of knowledge and experience […]. Semantics of frames can be understood as the effort to understand what leads to a speech community to have created that representation and explain the meaning of the word by presenting and clarifying the reason”.
5Ideia reforçada por Chishman (2019).
6“The English word write and the Japanese word kaku are commonly considered translation equivalents, but since the overall scenes associated with the words in their respective cultures differ, the linguistic frames within which each word is used also differ coordinately. The scene associated with the English word entails that it is some form of language that is written, while the scene linked to the Japanese word is less specific and could include various kinds of drawing. Thus, the frame for answering the question ‘What did you write?’ would be limited to expressions for a linguistic communication scene, while in Japanese the frame for answering the coordinate question about kaku affords a broader range of possibilities”.
7Ideia reforçada por Lakoff (2004).
8 “It is possible to think of a linguistic text not as a succession of small meanings, giving the interpreter the function of putting them in a broader meaning (the meaning of the text) but rather as a succession of tools that someone used to do a certain activity. The function of interpreting a text, then, is analogous to the work of understanding what activity the person engaged in by arranging the tools in that order”.
9 Ideia reforçada por Petruck (1996).
10Ideia reforçada por Morato (2010).
11 “[…] but the point remains that we have here not just a group of individual words, but a ‘domain’ of vocabulary whose elements somehow presuppose a schematization of human judgment and behavior involving nations of worth, responsibility, judgment, etc., such that one would want to say that nobody can really understand the meanings of the words in that domain who does not understand the social institutions or the structures of experience which they presuppose”.
12“Every sentence exhibits grammatical properties that are grounded in the interaction itself. There is no way these interactional aspects can be left out of language. Our studies in automatic language show that there is no utterance in natural language that does not have its components sedimented in social interaction”.
13“Esse modelo, que foi apresentado ao mundo com o nome de ‘Space Grammar’, acabou sendo batizado de forma definitiva como ‘Cognitive Grammar’, e se transformou na primeira e única variante da GC que não leva a palavra ‘construction’ no nome”. (PINHEIRO; ALONSO, 2018, p. 14).
14“Contextual knowledge belongs to the field of communicative situation […] general knowledge can be conventional and involves shared knowledge about the world, conventional knowledge contains not only facts, but ‘possible facts’ compatible with the current world. The conventional world can be thought of as frames”.
15“Given that you have something that you want to utter to a particular other, how do you go about getting into the circumstances that will allow you appropriately to do so?”.
16“In this arena, the individual constantly twists, turns, and squirms, even while allowing himself to be guided by the concept that governs the situation. The image that emerges of the individual is that of a juggler and synthesizer, an accommodator and appeaser, who fulfills one function while apparently busy in another; he watches over the tent door, but lets all his friends and relatives pass under the cloth”.
17“Vulnerability in the context of social interaction means, in principle, that social interaction is fragile and liable to collapse unless its different participants singly and together maintain the interaction order – consciously, by mistake, or because they cannot control the impressions of other people well enough. In other words, the interaction order is in the balance and does not become ordered on its own. Concretely, vulnerability means several different things in social interaction: Human beings are vulnerable and can be hurt in their interactions with other people. An individual’s own definitions of reality are vulnerable. Shared definitions of reality are vulnerable because they depend on interacting individuals defining reality in roughly the same way”.
18“Everyday language has a rhetorical aspect, which means that the manner in which we express ourselves may sometimes be more important than what we mean, while at the same time we can very well understand the context behind vague turns of phrase. The issue is then not simply to be linguistically correct, but to be situationally correct to an equal degree”.
19“When persons come into one another’s immediate physical presence, they become accessible to each other in unique ways. There arise the possibilities of physical and sexual assault, of accosting and being dragged into unwanted states of talk, of offending and importuning through the use of words, of transgressing certain territories of the self of the other, of showing disregard and disrespeet for the gathering present and the social occasion under whose auspices the gathering is held”.
1Orientador: Profª. Drª. Mônica Carneiro.