FORTALECENDO A COMUNICAÇÃO NA PMPR: UMA PROPOSTA DE ACESSO REMOTO À FERRAMENTAS DA INTRANET

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/pa10202411201234


Karine Bittencourt da Silva


RESUMO

Este estudo explora a importância da comunicação interna na Polícia Militar do Paraná (PMPR) e propõe o desenvolvimento de um aplicativo que permita o acesso remoto à intranet da corporação. A pesquisa identifica funcionalidades relevantes já existentes na intranet, como modelos de documentos, escalas, comunicados e inscrições para cursos, que poderiam ser otimizadas através de um canal digital. A proposta visa melhorar a comunicação e a eficiência operacional, especialmente para o efetivo em serviço operacional, que frequentemente não tem acesso às informações disponíveis apenas no ambiente do quartel. Além disso, a análise dos desafios relacionados à segurança e à personalização da comunicação destaca a necessidade de um sistema que valorize os policiais e fortaleça a cultura organizacional da PMPR.

Palavras-chave: Comunicação interna; Intranet; Polícia Militar; Tecnologia da informação; Acesso remoto; Valorização do policial; Gestão da informação.

ABSTRACT

This study explores the significance of internal communication within the Paraná Military Police (PMPR) and proposes the development of an application that enables remote access to the corporation’s intranet. The research identifies relevant functionalities already available on the intranet, such as document templates, schedules, announcements, and course registrations, which could be optimized through a digital channel. The proposal aims to enhance communication and operational efficiency, particularly for operational personnel who often lack access to information available solely within the barracks. Furthermore, the analysis of challenges related to security and communication personalization emphasizes the need for a system that values police officers and strengthens the organizational culture of the PMPR.

Keywords: Internal communication; Intranet; Military Police; Information technology; Remote access; Police officer empowerment; Information management.

1. INTRODUÇÃO

A comunicação interna é fator primordial ao aprimoramento das instituições. Como veremos no presente estudo, um clima organizacional positivo, onde o servidor sente-se parte relevante da estrutura, pode gerar efeitos benéficos que refletem diretamente na qualidade dos serviços prestados e, consequentemente, na imagem institucional.

Uma ferramenta importante, já existente hoje na Polícia Militar do Paraná, refere-se ao ambiente virtual denominado intranet, o qual disponibiliza relevantes informações corporativas e pessoais, contudo tem acesso limitado às estruturas físicas militares, ou seja, o policial militar apenas pode acessá-lo enquanto nos quartéis, utilizando-se de computadores institucionais, com algumas exceções pontuais. O aprimoramento desta ferramenta, por meio da transferência de parte de seu conteúdo a um aplicativo voltado à aparelhos celulares, poderia conduzir à melhoria da comunicação entre o comando da corporação e o efetivo como um todo, além de facilitar o dia-a-dia do militar estadual.

Exemplos de como o acesso remoto poderia impactar a atividade e valorização do policial militar serão tratados no presente estudo, evidenciando-se ainda a relevância da proposta no que tange aos anseios da própria corporação.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1. Comunicação interna institucional

“A comunicação e a cultura cooperam com o fomento de um clima organizacional positivo e a forma com a qual os colaboradores percebem a empresa em que trabalham”. Com base neste trecho extraído do artigo publicado por Da Silva et al (2024)1, na Revista Caderno Pedagógico, iniciamos uma explanação quanto à importância da comunicação interna nas instituições e o reflexo dela no comportamento do efetivo.

O conceito de comunicação interna, também conhecido como comunicação organizacional, abrange todos os meios utilizados pela instituição para alcançar seus colaboradores e é tido como uma das maneiras pelas quais ela atinge seus objetivos. Para tanto, é necessário que seja planejada conforme os propósitos vislumbrados e aplicada de forma participativa, beneficiando todas as partes2.

Diminuir a distância entre os colaboradores e a gestão da instituição é um dos reflexos de tal administração, onde cada membro do processo relacionado ao trabalho exercido sente-se parte relevante na construção da imagem institucional e torna-se também responsável por ela. O colaborador é o primeiro cliente da organização e o engajamento deste reflete diretamente na satisfação dos demais públicos2.

De acordo com Tiburcio e Santana (2014), referenciados por Carina Jesus Costa (2023)3, manter uma equipe informada e bem alinhada potencializa a força humana da corporação. Isto porque a comunicação é tida como uma referência de valores e cultura, que precisa ser reforçada e pautada a cada dia. Desta forma, a preocupação que anteriormente voltava-se apenas para a opinião do público externo, hoje fundamentalmente atua no âmbito interno, por ser a satisfação pessoal fator crucial na imagem e resultados alcançados pela instituição.

2.2. Fraquezas elencadas pela PMPR em seu Plano Estratégico

No ano de 2020, a Polícia Militar do Paraná concentrou esforços na aplicação de um questionário, voltado aos Oficiais Superiores e Intermediários – os quais possuem função afeta à gestão da instituição em diferentes níveis estruturais – com o objetivo de construir um Plano Estratégico Institucional, desenvolvido e tornado público por meio da Portaria do Comando-Geral nº 273, de 8 de março de 20224. A análise dos questionários resultou no apontamento de uma série de problemas para os quais a instituição buscaria preparo e aperfeiçoamento a curto e longo prazo. O problema elencado com maior frequência pelos Oficiais participantes referia-se à “Gestão de Efetivo”, com 158 citações dentre as 669 recebidas.

A análise do cenário corporativo foi realizada por meio da aplicação da Matriz SWOT, que identificou forças, oportunidades, fraquezas e ameaças que atuam sobre a instituição. Dentre as fraquezas apontadas neste estudo, foram selecionadas 15 (quinze) que, aparentemente, poderiam ser influenciadas de forma positiva pela implementação de uma ferramenta que permitisse melhor comunicação entre instituição e servidor, como observa-se na sequência:

3 – Falta de clareza no direcionamento estratégico; (…)
4 – Falta da definição de um modelo de gestão estratégica para a PMPR;
5 – Necessidade de alinhamento entre as atividades das Unidades Operacionais e o planejamento do comando;
6 – Falta de divulgação de objetivos organizacionais;
7 – Falta de definição clara das prioridades institucionais; (…)
9 – Necessidade de implantação de um processo de avaliação de desempenho institucional e pessoal;
10 – Necessidade de fortalecimento da imagem institucional; (…) 16 – Falta de reconhecimento e valorização profissional; (…)
24 – Falta de avaliação de desempenho e valorização daqueles que atingem as metas; (…)
35 – Deficiência na Gestão de pessoas, em todos os aspectos;
36 – Necessidade de desenvolver no militar o sentimento de pertencimento à Corporação com ações mais efetivas de liderança; (…)
54 – Necessidade de uma plataforma de ensino a distância que atenda a demanda institucional;
55 – Sistema de EAD mais completo com autonomia pelas OPM de área para incentivar a formação continuada; (…)
62 – Falta de integração nos sistemas informatizados da corporação;
Portaria nº 273 do Comando-Geral da PMPR (grifo nosso)4.

As fraquezas apontadas acima, fruto da percepção dos próprios gestores institucionais, em diversos pontos demonstram que os esforços de organização, gestão e planejamento do comando podem não estar sendo satisfatoriamente percebidos pelas estruturas subordinadas. O item 3, por exemplo, trata da falta de clareza no direcionamento estratégico, o que não implica, necessariamente, na ausência de estratégias de comando, mas, talvez, em uma falha na transmissão dos objetivos da instituição ao seu público interno. O mesmo se aplica aos itens 4, 5, 6 e 7.

O item 10 aborda a necessidade de fortalecimento da imagem institucional. Segundo Pedro (2024)5, uma imagem institucional positiva agrega benefícios no ambiente interno, pela maior coesão e promoção da cultura organizacional, além de refletir na percepção dos agentes externos, como se protegesse a instituição. É neste ponto que a comunicação corporativa atua, ela coaduna a tríade: identidade, imagem e reputação institucionais.

Já os itens 9, 16, 24, 35 e 36, referem-se à necessidade de valorização dos profissionais que integram a corporação. Sendo que o 36 traz, especificamente, a necessidade de desenvolver no militar o sentimento de pertencimento. Para Pedro (2024)5, a comunicação eficaz contribui para a criação de um ambiente profissional coeso e produtivo, além de melhorar o relacionamento entre os colaboradores e aumentar o sentimento de pertencimento. Ana Luisa Dias Barroso (2024)6, afirma ainda que “a base de toda empresa é a união de seus colaboradores em prol do objeto criado pelos seus gestores”, ou seja, é necessário, para que os servidores trabalhem por uma causa, que estes compreendam e sintam-se motivados pelos gestores, o que torna imprescindível a implementação de uma comunicação clara que os alcance e que seja apropriada a sua compreensão.

Para finalizar a breve análise dos itens elencados como fraquezas na pesquisa institucional, podemos citar os de números 54, 55 e 62, que trazem à tona a busca por conhecimento de forma prática e aplicada à realidade vivenciada no trabalho. Além da valorização pessoal buscada nos demais itens listados, o investimento no profissional e em suas capacidades também consiste em uma forma de o valorizar.

2.3. Intranet x realidade do policial operacional

A busca por uma comunicação interna aprimorada e que difunda os reais objetivos e interesses da instituição pode ser alcançada por meio de ferramentas tecnológicas e de fácil aplicação. Atualmente, o número de ferramentas aplicáveis à comunicação interna vem se multiplicando com o avanço da tecnologia e o uso do smartphone, tendo se aprimorado, principalmente, com o contexto gerado pela pandemia do COVID-19, onde o ambiente virtual tornou-se o principal cenário de atuação das empresas. Dentre essas ferramentas, podemos destacar uma, no contexto de comunicação digital, citada por diferentes autores, e que já existe no âmbito da Polícia Militar do Paraná: a intranet 7, 3.

O termo intranet pode ser compreendido como a utilização da tecnologia de internet aplicada ao ambiente interno da corporação. A depender da instituição e seus intuitos, ela será empregada na divulgação de informações, na colaboração entre os usuários e como direcionador para outras páginas de interesse, difundindo desta forma informação, conhecimento e proporcionando comunicação8.

De acordo com Golner (2024)7, dentre as possíveis ferramentas avaliadas em seu estudo, “a intranet seria a mais completa e personalizada às necessidades de cada empresa. Traz todas as funcionalidades da internet, mas restrita aos usuários das redes internas”, já que apresenta diversas funcionalidades, facilidade de acesso à informação e outras soluções integradas, com segurança e monitoramento.

A Polícia Militar do Paraná utiliza a intranet como importantíssima ferramenta de gestão, reunindo no ambiente virtual corporativo diversos recursos, dentre os quais: publicação de documentos, convocações e orientações; divulgação de notícias de ocorrências e boas práticas institucionais; disseminação de oportunidades, como cursos internos e externos; sistemas de consulta voltados à prática e administração policial militar; legislações atinentes ao emprego do efetivo da corporação; e diversas outras funcionalidades imprescindíveis à informação do policial militar e ao adequado funcionamento da instituição.

Entretanto, o acesso à rede intranet é projetado para conectar computadores dentro da própria instituição e a PMPR é um exemplo disso. Na instituição, a página apenas pode ser acessada quando o policial militar encontra-se nas dependências dos quartéis e similares. Sobre este tema, o artigo “O que é intranet? Saiba para que serve e como funciona uma rede interna”, de Charleaux e Toledo (2024)9, afirma que a acessibilidade limitada – que ocorre quando a intranet não é adaptada para dispositivos móveis – é tida como um dificultador do acesso, principalmente quando parte dos colaboradores não usam o computador em seu dia-a-dia.

Neste contexto, cabe lembrar a natureza dos serviços prestados pela Polícia Militar que, de acordo com o Artigo 144 da Constituição Federal de 198810, é responsável por “realizar o policiamento ostensivo e a preservação da ordem pública”, ou seja, fundamentalmente, a maior parte do seu efetivo estará voltado à atuação operacional que, por conseguinte, ocorre externamente aos muros dos quartéis.

De acordo com dados fornecidos pela Diretoria de Pessoal da PMPR, em resposta ao protocolo eletrônico de número 22.709.018-911, “pode se estimar que, dentre os órgãos e unidades de execução, um percentual aproximado entre 12,5 A 15% do efetivo, exerce na maior parte do tempo de trabalho mensal, funções administrativas”. Esta afirmação infere que um percentual de 85 a 87,5% do efetivo das Unidades encontra-se distante dos computadores com acesso à rede intranet corporativa.

Ainda que o militar, obrigatoriamente, adentre o quartel para assunção e passagem de serviço, muitas vezes este não oferece estrutura disponível à consulta, principalmente se considerarmos o uso por todo o efetivo operacional. A dinamicidade também é um obstáculo nesta tarefa, já que o volume de ocorrências a serem atendidas, em um turno de serviço, pode não proporcionar intervalos que permitam o acesso.

Ao considerarmos a escala de serviço, outra adversidade pode ser observada, dada a característica permanente da atividade, ou seja, o fato de ser mantida por 24 horas consecutivas e por todos os dias da semana, a maior parte das unidades operacionais adotam a escala de 12 horas trabalhadas (dia) x 24 horas de folga, seguidas de 12 horas trabalhadas (noite) x 48 horas de folga. Neste cenário, podemos concluir que, para acessar o ambiente virtual interno diariamente, o militar estadual precisaria visitar a unidade durante o período de folga, o que não ocorre na prática.

Ao deixar de acessar a intranet, o policial militar estará desatualizado quanto às notícias publicadas, pode não ser informado de assuntos do seu interesse, não acompanhará as políticas do comando e tampouco será abrangido pelas estratégias de comunicação adotadas pela corporação. Desta maneira, ainda que sejam envidados esforços na confecção de conteúdo direcionado aos colaboradores, se este for publicado por meio de uma ferramenta cujo uso seja improvável, possivelmente não alcançará o público alvo, deixando de surtir os efeitos positivos de uma comunicação efetiva.

2.4 Interface da intranet e suas funcionalidades

Dentre as funcionalidades oferecidas na intranet, cabe destacar que, do ponto de vista da melhoria da comunicação com o efetivo, nem todas seriam imprescindíveis ao acesso remoto. Apenas aquelas que possam contribuir para uma melhor transmissão da informação ou que disponham de dados, conteúdos e oportunidades que impactem pessoalmente o colaborador interessam neste contexto. Certamente, dada a natureza da atividade, parte dos sistemas, que possuem conteúdo restrito a um efetivo específico, não interessa a toda a instituição e, por conseguinte, não precisaria ser exposto em uma interface de acesso remoto, tampouco serão discutidas neste estudo, a fim de que não constituam sensibilidades do ponto de vista da segurança.

De acordo com Pernice (2019)12, no artigo intitulado “O que toda intranet precisa: 20 anos do design anual de intranet”, que traz uma revisão dos recursos e temas que tornam uma intranet interessante, as intranets mais bem-sucedidas compartilham algumas características fundamentais, as quais seguem:

  • Comunicações corporativas e de liderança;
  • Informações e suporte de funções principais;
  • Repositório de recursos necessários;
  • Ferramentas e aplicação em um local central;
  • Informações sobre outras equipes e indivíduos;
  • Design consistente;
  • Conteúdo confiável.

Partindo desta premissa, uma avaliação dos serviços disponíveis na intranet da Polícia Militar do Paraná e que poderiam ser explorados em um aplicativo para acesso remoto foram avaliados neste estudo.

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Dentre os sistemas e funcionalidades disponíveis na intranet, salientamos aqueles cujo acesso remoto poderia contribuir para a melhoria da comunicação interna e facilitar a atuação diária do policial, valorizando-o. As ferramentas foram reunidas na Tabela 1, que traz na primeira coluna o título do link, como disponível na intranet, seguido da descrição da sua funcionalidade.

Tabela 1. Links e funcionalidades contidas na Intranet da PMPR que poderiam ser reunidos em um aplicativo para acesso remoto.

LinkFuncionalidade
BoletinsPermite a consulta de boletins-gerais publicados na instituição. Tais documentos reúnem decisões do comando e atos da administração referentes à gestão, inclusive de pessoal, e que são públicas ao efetivo. Acessíveis apenas por meio da intranet.
CEFIDConsulta às normativas referentes à aplicação da educação física na PMPR, bem como disponibilidade de instalações e outros informativos.
COGEREncaminhamento à página da Corregedoria da PMPR.
Comparecimentos em JuízoIndica ao policial militar as datas de audiências nas quais ele precisa comparecer, a fim de ser ouvido em função de ocorrências em que figura como parte/testemunha. Acessível apenas por meio da intranet.
Comunicados AdministrativosAtos da administração relacionados ao efetivo, como: orientações, determinações, convocações, convites, editais de concursos e outras oportunidades voltadas aos militares estaduais.
Concursos internosPublicação de editais de abertura e andamento de concursos aos cursos de âmbito interno e que agregam à formação profissional.
Consulta EfetivoPossibilita encontrar dados referentes à policiais militares da ativa, bem como sua lotação atual. Acessível apenas por meio da intranet.
ContrachequeDirecionamento para o portal do servidor do Paraná, onde estão armazenados os contracheques mensais e comprovantes de rendimentos anuais dos servidores. Acessível em ambiente externo, por meio do navegador da internet.
CPO AcessoDocumentos referentes à promoção dos Oficiais da instituição, tais como almanaque de classificação, atas de promoção, modelos de documentos, dentre outros.
CPP AcessoDocumentos referentes à promoção das Praças da instituição, tais como almanaque de classificação, atas de promoção, modelos de documentos, dentre outros.
E-protocoloReúne a tramitação de protocolos eletrônicos em um só lugar e, atualmente, é acessível no ambiente externo, por meio do navegador da internet.
EAD PMPRPlataforma de ensino à distância que oferece cursos e atualizações ao militar estadual para o melhor desempenho de sua função.
Legis ONEPágina de consulta às legislações atinentes à atuação policial militar.
Modelos de documentos e orientaçõesDocumentos disponibilizados pelos diversos setores da Polícia Militar (Comando-Geral, Subcomando-Geral, Estado Maior, Diretorias, Assessorias) a fim de instruir, padronizar e facilitar o trâmite interno.
Notícias e ações comunitáriasDivulga e armazena as notícias advindas da atividade policial, proporcionando a propagação de boas práticas e resultados obtidos em todo o Estado.
Operação VerãoEspaço destinado à manifestação de interesse de voluntários para trabalhar na Operação Verão, no litoral paranaense.
PermutasVoltado à manifestação de interesse na realização de permutas entre policiais militares de diferentes unidades.
SESP IntranetFerramenta de pesquisa de informações referentes a indivíduos, veículos, boletins de ocorrência registrados, dentre outros.
SISFONESistema de consulta dos contatos telefônicos das Unidades. Acessível apenas por meio da intranet.
TAFConsulta da condição do militar estadual em relação à inspeção anual de aptidão física.

3.1. Conteúdos relevantes ao acesso remoto

Como pode-se observar, pela exposição das ferramentas abordadas na Tabela 1, muitas das já existentes constituem interesse pessoal ou seriam úteis ao policial militar no que tange à sua função, ainda que no período de folga/férias. Cabe, nesta conjuntura, citarmos algumas possibilidades de utilização da intranet para melhoria do trabalho e valorização do policial militar, principalmente daquele cujo acesso é limitado, como segue:

  • modelos de documentos: seja um documento de tramitação protocolar interna (parte, ofício) ou de identidade visual (apresentação de slides, cartões de visita), por exemplo, muitos deles estão disponíveis na aba administração e poderiam ser acessados de forma remota, principalmente por aqueles que não atuam no ambiente administrativo;
  • decisões/escalas/convocações: grande parte dos comunicados e decisões dos comandantes constam em boletins. Tais documentos, uma vez publicados, poderiam ser acompanhados pelo militar estadual em tempo real. O mesmo ocorre com as publicações do campo “comunicados administrativos”, que atualmente precisam ser repassadas, uma a uma, a quem de interesse pela seção de pessoal das Unidades (P1);
  • inscrições para cursos/concursos: com o lançamento de um novo edital referente a curso ou concurso interno, o setor de P1 da unidade é responsável por informar cada militar que possa ser alcançado pela oportunidade e que não tenha acesso a intranet em virtude da função exercida. A informação poderia ser direcionada aos policiais automaticamente, caso todos tivessem amplo acesso à ferramenta;
  • campanhas e comunicados do Comandante-Geral: a comunicação do comandante com a tropa, como descrito anteriormente, é fundamental para a construção de uma gestão participativa. O planejamento adequado de conteúdos, alinhados à linguagem apropriada, são fundamentais para que sejam geradas proximidade e representatividade;
  • orientações gerais: a possibilidade de acesso à informação em qualquer horário, fará com que o efetivo se mantenha informado e instruído, sanando possíveis dúvidas em um ambiente de credibilidade;
  • atualizações: as notícias divulgadas em âmbito interno, por meio da intranet, possivelmente teriam maior cobertura se estivessem ao alcance de toda a tropa, além disso constituem fonte confiável para informação acerca do que ocorre na instituição. A credibilidade é primordial, principalmente em um contexto em que notícias falsas e ataques à PM são frequentes. Atualizações também poderiam ser oferecidas no que tange à legislação pertinente ao serviço;
  • ensino à distância: a plataforma de ensino à distância, que no presente já pode ser acessada por meio da internet, poderia ser integrada à ferramenta de acesso remoto, comunicando-se com o usuário e permitindo-lhe acesso em um layout unificado;
  • e-protocolo: a ferramenta de tramitação de protocolos eletrônicos já representa um grande avanço tecnológico na Polícia Militar do Paraná. O que pode ser afirmado não apenas pela característica digital, mas também pela facilidade de acesso remoto, por meio da internet;
  • cuidados com a saúde física e mental: direcionamento de recomendações voltadas ao preparo para Testes de Aptidão Física e prática de atividades físicas em geral, boa alimentação, redução do estresse, dentre outros;
  • enquetes: o aplicativo poderia ser utilizado visando maior participação da tropa em pesquisas e enquetes que contribuam para o assessoramento do comandante nas tomadas de decisão.

Todas as possibilidades listadas acima referem-se e reforçam funcionalidades que já existem no sistema atual e que poderiam ser disponibilizadas ao acesso remoto, pelo desenvolvimento de um aplicativo capaz de unificar o ambiente de acesso.

Ademais, podem ser reunidas várias outras funcionalidades, já utilizadas em aplicativos renomados, que contribuíram para a modernização dos serviços de inúmeros segmentos, por meio do avanço da tecnologia. Desde a implantação de um simples toque de notificação, até o desenvolvimento de sistemas complexos de gestão empresarial, muitos exemplos podem ser tomados como base para o aprimoramento institucional.

3.2. Soluções agregadoras de praticidade ao dia-a-dia

Na atualidade, a tecnologia encontra-se tão permeada em nossa rotina que, por vezes, sequer percebemos o quanto iniciativas simples e pequenas mudanças facilitam o dia-a-dia, isso porque a automatização diminui as tarefas, minimiza falhas e evita o retrabalho. Vamos a um exemplo.

Hoje, a PMPR oferece cursos de especialização, com delimitação de público (de acordo com postos, graduações e finalidades), que constituem, além de uma grande oportunidade de atualização e aprendizagem, uma forma de atribuir ao currículo do policial militar pontuação que agregue para ascensão em sua carreira. Porém, a divulgação dos editais, bem como inscrições para o processo seletivo, são feitas apenas por meio da intranet.

A fim de alcançar a totalidade do público alvo, os editais trazem nas prescrições diversas os trechos como seguem:

“Os Oficiais P/1 das Organizações Policiais Militares (OPMs) ou aqueles equivalentes com suas atribuições junto às Diretorias, Seções, Assessorias, etc, após a divulgação do presente Edital, deverão adotar medidas no sentido de divulgar a todos (os postos/graduações alcançados pelo edital) da sua Unidade, da abertura do presente certame, inclusive aqueles que se encontram em afastamento temporário(Grifo nosso).

“É obrigação do candidato acompanhar os editais e atos do concurso os quais serão publicados na intranet PMPR, desta forma, além das instruções previstas neste edital e seus anexos, os candidatos deverão cumprir o que for estabelecido pelo Diretor de Ensino e Pesquisa em editais e atos posteriores, referentes ao presente processo seletivo, não podendo ser alegado qualquer tipo de desconhecimento, sob pena de desclassificação do certame” (Grifo nosso).

No primeiro trecho, observamos a instrução aos Oficiais P/1 para que divulguem a todos, mesmo aos que estiverem em afastamento temporário – férias, licença, atestado médico, dentre outras – o Edital lançado, o que é feito individualmente. No seguinte, temos a possibilidade de responsabilização do candidato não acompanhar os editais e atos do concurso, não podendo este alegar desconhecimento, sob pena de ser desclassificado. Entretanto, tal conjectura pode conduzir a prejuízos irreparáveis caso, por exemplo, o militar esteja afastado, no gozo de seus direitos, e não seja cientificado pela seção P/1 da Unidade quanto à abertura do processo seletivo ou publicação de qualquer ato derivado. Neste caso, ainda que sejam adotadas providências no sentido de punir aquele cujo lapso conduziu à não realização da inscrição, o candidato terá suas expectativas frustradas e será tolhido do processo seletivo. O mesmo se aplica aos demais editais do concurso.

O desenvolvimento de um aplicativo para intranet poderia facilmente suprir esta lacuna. No exemplo supracitado, em um ambiente virtual personalizado, após identificação por login e etapas de segurança (senha/biometria), um filtro poderia direcionar, automaticamente, aos militares cujos postos/graduações fossem alvo do edital do concurso, informativos a respeito da abertura do processo seletivo, prazos para inscrição e demais etapas dele advindas, emitindo inclusive lembretes conforme aproximam-se as datas limites. A inscrição poderia ser feita pelo mesmo canal de comunicação e, a partir desta fase, apenas os candidatos inscritos passariam a ser cientificados dos atos que lhes interessassem.

Apenas por meio desta iniciativa: seriam diminuídos os serviços atribuídos à P/1 da Unidade e, consequentemente, as falhas relacionadas a este processo, com a automatização da cadeia de informações; o número de desclassificações poderia ser reduzido, com o auxílio das notificações relativas aos prazos; o policial militar teria mais autonomia e tranquilidade quanto aos atos do processo seletivo, fator que poderia atuar como agente motivador de novas inscrições; a imagem da instituição perante o colaborador seria fortalecida; e a comunicação seria aprimorada, valorizando o público interno.

O mesmo sistema de notificações poderia ser aplicado à publicação de escalas e convocações, comparecimentos em juízo e oitivas na própria Unidade, prazos relativos a procedimentos administrativos sob sua responsabilidade, recebimento de protocolos, decisões que alcancem o militar estadual especificamente, agendamentos de consultas e exames nas unidades de saúde da instituição, informações relativas à testes de aptidão física (convocações e orientações) e quaisquer outras demandas com efeitos pessoais.

Um exemplo aplicado atualmente e que assemelha-se ao exposto, ocorre quando o policial militar, caso solicite, recebe um e-mail, pelo e-mail expresso – adotado como canal de comunicação institucional – sempre que seu nome consta em Boletim Geral. Entretanto, como o e-mail expresso não é um aplicativo, não possibilita notificações diretamente no aparelho celular a cada e-mail recebido, sendo necessário acessar o endereço eletrônico, por meio do navegador, para então verificar se existem novas mensagens.

Outro exemplo a ser citado é o canal de comunicação do Hospital da Polícia Militar (HPM), que envia mensagens de texto (SMS) para o celular do paciente, sempre que uma consulta é agendada e também solicitando a confirmação da presença na consulta. Em um aplicativo que integre as funções com base no indivíduo, todos estes serviços poderiam ser centralizados.

3.3. Extensão do canal de comunicação

Retomando o Plano Estratégico Institucional, diversas fraquezas apontadas pelos comandantes fazem referência à deficiência na comunicação e transmissão dos objetivos corporativos.

Assim como vem se expandindo a comunicação externa por meio das redes sociais, internamente é necessário que sejam confeccionadas campanhas e orientações a fim de alinhar os propósitos pelos quais as unidades trabalham. Neste contexto, existem diferentes linguagens a serem aplicadas, por exemplo, à diferentes níveis hierárquicos. Certamente, alguns conteúdos são de interesse apenas dos superiores, outros devem ser direcionados a toda a tropa, sendo assim, existindo uma ferramenta que personalize a experiência do policial militar em questão, tais conteúdos podem ser transmitidos especificamente a cada um deles.

Campanhas do Comando-Geral, ou outras esferas de comando, podem ser planejadas de modo a orientar e explicar a relevância de determinadas ações, para que seja alcançada a compreensão da tropa e, consequentemente, seu apoio. Desta forma, além de evitar más interpretações das ações tomadas, a corporação une esforços em prol de seus interesses, fortalecendo-se.

A divulgação e o incentivo de boas práticas e de atualizações legais que impactem no serviço policial também podem ser tidas como um acessório que conduz à mudança e ao estabelecimento de uma cultura policial militar que represente os reais interesses corporativos. O aprimoramento da comunicação pode proporcionar tal experiência.

Além do exposto, podemos afirmar que um servidor que se sinta impactado positivamente pelas ações da instituição e a perceba como um auxílio à execução do seu trabalho, expressará maior sentimento de representatividade, tornando-se mais assertivo em suas ações.

3.4. Desafios a serem superados

Como citado anteriormente, o conceito de intranet volta-se ao de uma rede cujo acesso seja realizado apenas no ambiente interno da empresa/corporação, como podemos observar na definição que consta no Artigo 2º, Inciso XIII, da Portaria do Comando-Geral nº 131, de 2 de fevereiro de 202413:

“XIII – intranet : rede local/privada de computadores baseada em protocolos TCP/IP, circunscrita aos limites de uma instituição, na qual são utilizados os mesmos programas e protocolos da internet, cujo acesso é restrito aos funcionários e liberado somente no ambiente de trabalho e em computadores registrados”

Na PMPR, tal rede possui inúmeros pontos que poderiam ser considerados sensíveis, do ponto de vista da segurança, em casos de invasões ou fornecimento de dados.

Um dos desafios que poderiam ser elencados neste trabalho, trata-se da segurança quanto ao acesso, garantindo que apenas o policial militar pudesse fazê-lo, de modo a proteger os dados fornecidos, bem como a conscientização e fiscalização quanto ao uso correto da ferramenta, para que seja utilizada com responsabilidade. Além disso, a intranet não precisaria ser disponibilizada em sua totalidade, da maneira como se tem no desktop, ela apenas proporia aos servidores que a utilizam um ambiente de praticidade e endomarketing digital, entregando funcionalidades de baixo risco.

4. CONCLUSÃO

De acordo com Chiavenato (2014)14, apenas o estabelecimento de uma hierarquia de autoridade não é o bastante à manutenção de uma instituição. É necessário que uma base de informação e comunicação consistente seja aplicada a todos os níveis da administração.

Com base nas informações demonstradas, o desenvolvimento de um aplicativo que reúna ferramentas já disponíveis na intranet da Polícia Militar do Paraná, atrelado a outras funcionalidades de atualização, a exemplo de notificações, poderia facilitar o dia-a-dia do policial militar, atender de maneira uniforme aqueles que atuam nos setores administrativos e operacionais, desonerar os setores de P1 das unidades, minimizar falhas e retrabalhos, tornar mais efetivo o canal de comando, potencializar a comunicação interna, incentivando a maior participação da tropa nos assuntos da instituição, reavivar o sentimento de pertencimento e reafirmar a cultura policial militar.

Ademais, a iniciativa estaria atrelada ao Planejamento Estratégico da PMPR, podendo contribuir de forma inovadora com os objetivos do Comando-Geral e a imagem da corporação.

REFERÊNCIAS

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3 – COSTA, Carina Jesus. Guia prático de como ter colaboradores felizes: influência do marketing interno e da comunicação interna. 2023. Apud TIBURCIO, S. J.; SANTANA, L. C. A comunicação interna como estratégia organizacional. Revista de Iniciação Científica Cairu, n. 0, 1, 2014.

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7 – GOLLNER, André Petris. Comunicação interna e comunicação administrativa: o emprego de meios analógicos e digitais no pós-pandemia. Latin American Journal of Business Management, Taubaté, SP, v. 15, n. 1, jan.-jun. 2024. ISSN 2178-4833.

8 – DAHER, Daniel. Homepage da Intranet da Polícia Federal: uma proposta de instrumento (checklist) para avaliação de usabilidade. 2023. Trabalho de Conclusão de Curso (Pós-Graduação) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2023.

9 – CHARLEAUX, Lupa; TOLEDO, Victor. O que é Intranet? Saiba para que serve e como funciona uma rede interna. Tecnoblog, 2021. Disponível em: https://tecnoblog.net/responde/o-que-e-intranet/. Acesso em: 22 out. 2024.

10 – BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Art. 144, §5º. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 16 out. 2024.

11 – PMPR. Protocolo nº 22.709.018-9, de 20 de setembro de 2024. Solicitação de dados para viabilização de estudo referente ao acesso remoto à intranet. Curitiba, 2024.

12 – PERNICE, Kara. What Every Intranet Needs: Reflections After 20 Years of the Intranet Design Annual. Nielsen Norman Group, 17 de novembro de 2019. Disponível em: https://www.nngroup.com/articles/every-intranet-needs/#:~:text=What%20Every%20Intranet%20Need s%3A%20Reflections%20After%2020%20Years%20of%20the,the%20marks%20of%20successful%2 0intranets. Acesso em: 22 out. 2024.

13 – PMPR. Portaria do Comando-Geral nº 131, de 2 de fevereiro de 2024. Disciplina procedimentos relativos à Tecnologia da Informação e Comunicação, estabelecendo normas e regulamentações para segurança e proteção do ambiente tecnológico, para o melhor emprego de recursos, no âmbito da Polícia Militar do Paraná. Curitiba, 2024.

14 – CHIAVENTO. I. Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações. 4. ed. Barueri, SP: Manole, 2014.